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Herpetofauna Introdução Novas espécies, principalmente para o grupo dos anfíbios, são anualmente descritas ao longo do território brasileiro, com destaque para espécies encontradas no bioma Mata Atlântica, um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica (Pombal et al., 1998; Myers et al., 2000). No entanto, ainda há a carência de estudos a respeito da biologia e distribuição das espécies em diversas áreas do território brasileiro. As supressões vegetacionais e modificações ocasionadas nos ambientes, que resultam da eliminação parcial ou completa de substratos específicos, afetam diretamente a diversidade e a distribuição das espécies da fauna (Primack e Rodrigues, 2001). Devido ao fato de os anfíbios anuros apresentarem pele úmida e permeável, sendo considerados sensíveis e indicadores das mudanças ambientais (Blaustein, 1994). Declínios populacionais de répteis, semelhante ao visto para os anfíbios, representam uma crise na biodiversidade. As principais ameaças são também a diminuição e a degradação de hábitats, a introdução de espécies exóticas e de patógenos, a superexploração e mudanças climáticas globais (Gibbons et al., 2000). Os impactos sobre os lagartos e as cobras, por serem terrestres, são observados mais facilmente, contudo, espécies florestais podem ser ainda mais vulneráveis por serem incapazes de suportar as altas temperaturas das formações abertas (Rodrigues, 2005). Juntamente com o desmatamento, podem ocorrer alterações nos sistemas sucessionais, edafológicos e hídricos, (e.g. efeitos de borda, assoreamento e mudanças de cursos em corpos d’água, voçorocas, etc), acarretando na perda de hábitats essenciais para a reprodução, abrigo e forrageio das espécies. Neste contexto, podem ficar mais expostos à insolação e assim, vulneráveis ao ressecamento de sua pele, impossibilitando a manutenção dos processos fisiológicos essencialmente dependentes da umidade e temperatura corpórea, podendo levar suas populações ao declínio e até mesmo à extinções locais. No caso dos répteis, o comportamento críptico apresentado pela maioria das espécies, confere uma imprecisão acerca de

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Herpetofauna

Introdução

Novas espécies, principalmente para o grupo dos anfíbios, são anualmente descritas ao longo do território brasileiro, com destaque para espécies encontradas no bioma Mata Atlântica, um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica (Pombal et al., 1998; Myers et al., 2000). No entanto, ainda há a carência de estudos a respeito da biologia e distribuição das espécies em diversas áreas do território brasileiro. As supressões vegetacionais e modificações ocasionadas nos ambientes, que resultam da eliminação parcial ou completa de substratos específicos, afetam diretamente a diversidade e a distribuição das espécies da fauna (Primack e Rodrigues, 2001). Devido ao fato de os anfíbios anuros apresentarem pele úmida e permeável, sendo considerados sensíveis e indicadores das mudanças ambientais (Blaustein, 1994).Declínios populacionais de répteis, semelhante ao visto para os anfíbios, representam uma crise na biodiversidade. As principais ameaças são também a diminuição e a degradação de hábitats, a introdução de espécies exóticas e de patógenos, a superexploração e mudanças climáticas globais (Gibbons et al., 2000). Os impactos sobre os lagartos e as cobras, por serem terrestres, são observados mais facilmente, contudo, espécies florestais podem ser ainda mais vulneráveis por serem incapazes de suportar as altas temperaturas das formações abertas (Rodrigues, 2005). Juntamente com o desmatamento, podem ocorrer alterações nos sistemas sucessionais, edafológicos e hídricos, (e.g. efeitos de borda, assoreamento e mudanças de cursos em corpos d’água, voçorocas, etc), acarretando na perda de hábitats essenciais para a reprodução, abrigo e forrageio das espécies. Neste contexto, podem ficar mais expostos à insolação e assim, vulneráveis ao ressecamento de sua pele, impossibilitando a manutenção dos processos fisiológicos essencialmente dependentes da umidade e temperatura corpórea, podendo levar suas populações ao declínio e até mesmo à extinções locais.No caso dos répteis, o comportamento críptico apresentado pela maioria das espécies, confere uma imprecisão acerca de sua real sensibilidade às modificações ambientais, que somente se revela quando as mesmas se tornam ausentes dos ambientes de ocorrência originais.

Histórico do conhecimento

O Brasil é o país com a maior riqueza de espécies de anfíbios atualmente considerado, apresentando 877 espécies, sendo que também apresenta uma elevada diversidade de répteis, com 721 espécies catalogadas (SBH 2011).A Mata Atlântica é considerada um dos biomas mais ameaçados do planeta, possuindo uma elevada diversidade de espécies e altos níveis de endemismos (Myers et al., 2000). No entanto, a fragmentação da Mata Atlântica, resultado da transformação da paisagem, torna cada vez mais difícil a conservação da rica biodiversidade deste bioma (Zaú, 1998). Seu elevado grau de diversidade e endemismo por unidade de área, combinado com à elevada pressão antrópica garantiram a Mata Atlântica a colocação entre os 5 primeiros Hotspots mundiais, considerado pela “Conservation International” como uma

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região de conservação prioritária (Mittermeier et al., 1999). São conhecidas cerca de 400 espécies de anfíbios anuros para esse bioma, que aparentemente possui sua maior riqueza nas florestas ombrófilas densas (Haddad et al., 2008). Deste total de espécies, cerca de 340 delas podem ser consideradas endêmicas da Mata Atlântica (Gonçalves e Feio, 2007). No caso dos répteis, aproximadamente 60 das 200 espécies conhecidas para esse bioma podem também ser consideradas endêmicas (Myers et al., 2000).O estado de São Paulo possui 13,24% de seu território sob domínio atlântico, dos quais 14,41% correspondem às florestas da Mata Atlântica propriamente dita, 1,22% à vegetação de “Restinga” e 0,15% aos Manguezais, sendo o restante caracterizado por áreas antropizadas e alteradas (SOSMA/INPE, 2011).Nesse estado, se reconhece até o momento 236 espécies de anfíbios, dos quais 230 são de anfíbios anuros, e seis de gymnophionas (cobras-cegas) (Rossa-Feres et al., 2011). Para os répteis 97 espécies são conhecidas, sendo dois quelônios, um crocodiliano, 19 lagartos, sete anfisbenídeos e 68 serpentes. Aproximadamente 70% da fauna de lagartos e 40% das serpentes é composta por espécies típicas de ambientes florestais e ocorrem na Serra do Mar (Marques et al., 2009). Algumas dessas espécies conhecidas podem tanto estar aliadas ao bioma de Mata Atlântica, como também possuir distribuição ampla com mais de um bioma de ocorrência.A anurofauna da região do Planalto Atlântico Paulista é considerada originalmente muito diversa e composta por muitas espécies endêmicas. Estudos próximos à capital do estado apontam para essa elevada diversidade de espécies, sendo que ainda há algumas áreas consideradas como conservadas (e.g. Dixo e Verdade, 2006; Haddad e Sazima, 1992; Heyer et al, 1990).

Outras áreas florestais estudadas em torno da capital mostram o quão diverso poderia ter sido a fauna de anfíbios das regiões atualmente desmatadas, como a Reserva de Morro Grande e a Serra do Japi, respectivamente, a oeste e a norte da capital (i.e. Dixo e Verdade, 2006; Haddad e Sazima, 1992).

Um estudo de monitoramento da herpetofauna realizado ao lado da área em questão, situada noo município de Paulínia (ESTRE Ambiental S/A) demonstrou uma alta abundância de anuros na região, devido principalmente à presença das áreas de várzea, que propiciam condições úmidas favoráveis à sobrevivência e reprodução dos animais (Biophilium,, 2011). Os répteis encontrados em sua maioria, estiveram associados às áreas de mata ciliar, próximos ao Centro de Gerenciamento de Resíduos (ESTRE Ambiental S/A CGR – Paulínia).

Área de estudo

O município de Paulínia pertence à mesorregião e microrregião de Campinas, e localiza-se na região centro-leste do estado de São Paulo, entre os rios Atibaia, Jaguari e os ribeirões do Quilombo e Anhumas. O município situa-se na Depressão Periférica Paulista (entre os planaltos ocidental e atlântico -Serra do Mar e Serra da Mantiqueira), fazendo divisa com Cosmópolis (ao

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norte), Campinas (a sudeste), Sumaré (ao sul), Nova Odessa (a sudoeste), Jaguariúna (a leste), Holambra (a nordeste) e Americana (a oeste) (ver Figura 1).

Figura 1: Localização do município de Paulínia no estado de São Paulo. Foto

extraída e modificada da internet> http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/65/SaoPaulo_Municip_Paulinia.svg<

O clima caracteriza-se como sendo do tipo Cwa, segundo Koeppen, considerado como tropical de altitude, possuindo média anual das temperaturas em torno de 21 °C. Por se tratar de uma cidade localizada em altitudes elevadas, sua amplitude térmica também sofre uma grande variação.

A região de Paulínia possui vegetação típica original de Mata Atlântica, que atualmente se encontra bem devastada, com pouquíssimas áreas de vegetação florestal.

A Área de Influência Indireta (AII) no presente estudo foi considerada como sendo correspondente ao município de Paulínia.A Área Diretamente Afetada (ADA)- Corresponde às áreas de intervenção direta do empreendimento (expansão do aterro), incluindo as áreas de supressões vegetacionais, impermeabilizações do solo e quaisquer outras intervenções que resultem em modificações do ambiente. Essa área inicia-se adjunta ao Instituto Estre e da empresa Resicontrol, do lado oposto da estrada PLN 190 da entrada principal do aterro da CGR - Centro de Gerenciamento de Resíduos- ESTRE Ambiental S/A. A Área de Influência Direta (AID) – Corresponde às áreas de entorno direto à expansão do aterro sanitário Estre.

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Material e métodos

A metodologia adotada foi a de censo visual por meio de busca ativa e buscas nos principais sítios de reprodução e forrageamento (ver Figura 2).

Figura 2: Busca ativa em sítio reprodutivo

Esse método consistiu no deslocamento a pé em trilhas e caminhos (pré)estabelecidos, sendo percorridos lentamente, buscando os animais na serapilheira e sob materiais presentes nela (e.g. Heyer et al., 1994), analisando-se também o entorno imediato na busca dos indivíduos. As buscas não foram sistematizadas e priorizou-se os locais de maior probabilidade de ocorrência das espécies.Encontros ocasionais, como animais encontrados no percurso de carro nas redondezas, e registros vestigiais (e.g. mudas de pele, pegadas, ovos, carcaças) também foram considerados.Os animais encontrados foram identificados, reconhecidos com relação à sua ontogenia (adultos e jovens), registrando-se o ambiente e microhabitat de ocorrência. As buscas ativas nos sítios reprodutivos foram realizadas conjuntamente às buscas ativas, e ocorreram tanto no período da manhã, tarde, crepuscular e noturno. Foram priorizados os sítios de prováveis reprodução, tanto para répteis como para anfíbios, e esconderijos como troncos, pedras, tocas e interior de bromélias (e.g. Ramos e Gasparini, 2004).Os principais registros foram georreferenciados através de um gps (“Global Position System”) no “datum wgs 84” em UTM (“Universal Transverse Mercator”). Os animais quando possível foram fotografados com câmera digital Sony HX1; e gravados (quando em atividade de canto para o caso dos anfíbios anuros) por meio de um gravador cassete RQ-L31, acoplado à um microfone unidirecional Yoga.

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Coleta dos dados

A amostragem da herpetofauna foi realizada em uma única campanha de campo no início da estação úmida, com duração efetiva de cinco dias não consecutivos, compreendendo os dias 16, 20, 29 e 30 de outubro, e dia 02 de novembro de 2011.As saídas de campo foram realizadas no período da tarde e da noite dos dias considerados, perfazendo uma amostragem diária de 8 horas.Foram realizadas entrevistas com trabalhadores locais a fim de obter registros adicionais de animais de fácil reconhecimento e identificação. Esses dados foram comentados e considerados com cautela, e não foram retratados como dados primários coletados em campo.Não houve coleta nem manipulação de espécies.

Dados primários

Foram percorridos todos os locais pré-definidos como AID e ADA do empreendimento, sendo que os pontos de maior relevância para a herpetofauna foram priorizados na amostragem. A tabela 1 a seguir mostra as coordenadas desses principais pontos considerados.

Tabela1: Local e coordenadas geográficas (em UTM) dos principais pontos amostrais, e sua breve descrição.

Ponto Amostral Local Coordenadas

Geográficas em UTM Breve Descrição

I ADA 23K 273536 7479193 Campo antrópicoII ADA 23K 273693 7479491 Lagoa temporária em área terraplanada

III ADA 23K 273174 7479079 Pasto, onde ocorre acúmulo de água de chuvas em buracos de pegadas de boi

IV AID 23K 273048 7479320 Lagoa represadaV AID 23K 273011 7479180 Lagoa represada com oxigenação mecanizadaVI AID 23K 273093 7478943 Rio com estreita mata ciliarVII AID 23K 273096 7479014 Lagoa temporária no interior de mata ciliar

VIII AID 23K 273122 7479083Borda de mata com pasto, onde ocorre

acúmulo de água de chuva nos buracos de pegadas de boi

Área Diretamente Afetada- ADA

A ADA apresenta-se já bem antropizada, caracterizada por paisagens como pastos abandonados, eucaliptos e bambuzal pouco frequentes, e até mesmo de área terraplanada (ver Figura 3).

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Em geral, os pontos visitados de ADA constituem-se de ambientes bem abertos, em alguns locais com presença de eucaliptos e regenerantes esparsos, e pastagem em regeneração de arbustivas.

Figura 3- Áreas amostradas de ADA; em (A)- Campo antropizado; em (B)- Campo antropizado com eucaliptal; em (C)- Local terraplanado com presença de lagoa temporária formada com a água das chuvas; em (D)- Campo antrópico limite com a mata ciliar da AID.

Área de Influência Direta- AID

Já as áreas de AID caracterizam-se tanto por ambientes totalmente antropizados (como lagoas represadas, áreas de pastos em regeneração e áreas rurais) como também por ambientes florestados, áreas de várzea e mata ciliar (ver Figura 4).

Nas áreas de AID encontram-se os ambientes mais diversificados, com maior heterogeneidade ambiental, apresentando desde áreas secas que se alagam em épocas chuvosas, como ambientes permanentes de várzea e lacustres.

BA

D

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Figura 4- Algumas das áreas amostradas de AID; em (A)- Lagoa represada com uma casa abandonada; em (B)- Lagoa represada com sistema mecanizado de oxigenação; em (C)- Riozinho acompanhado por vegetação ciliar; em (D)- Mata seca ciliar de um curso de água que se forma em época chuvosa, adjacente ao campo antrópico; (E)- Lagoa temporária formada pela água da chuva no interior de mata ciliar.

Dados secundários

Como estudos herpetofaunísticos na região de Paulínia são escassos, e como a Área de Influência Indireta (AII) do empreendimento restringiu-se à este município, foram compiladas informações acerca das espécies de prováveis ocorrências, a partir de um estudo de monitoramento que vem sendo realizado desde 2004 na região. Esse estudo envolve uma área de várzea e mata ciliar circunvizinha ao Centro de Gerenciamento de Resíduos- Estre Ambiental S/A- Unidade de Paulínia (Biophilium, 2011).

A B

D

C E

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Adicionalmente utilizou-se o banco de dados do Centro de Referência em Informação Ambiental – CRIA (Specieslink, 2011), para os animais outrora coletados e depositados em museus de coleções científicas; com a finalidade de auxiliar a caracterização da fauna de anfíbios e répteis para as áreas de Influência do empreendimento.

Análise dos dados

A identificação das espécies obtidas através dos dados primários ocorreu principalmente pelo reconhecimento sonoro e visual das espécies. Guias de identificação específicos de cada grupo foram consultados, como por exemplo: guias de serpentes de Marques e colaboradores (2001, 2005) e guia de anuros da Mata Atlântica de Haddad e colaboradores (2008). A nomenclatura de anuros utilizada foi a mesma proposta por Faivovich e colaboradores (2006), Frost (1985) e Frost e colaboradores (2006); e também de acordo com a Lista de Anfíbios e de Répteis da Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH 2011). As espécies encontradas em campo tiveram seu “status de conservação” checadas com as listas de espécies consideradas ameaçadas pela legislação estadual (BRESSAN et al. 2009) (Lista de Fauna Silvestre Ameaçada do Estado de São Paulo - Decreto 53.031/10) e federal (Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção - Instrução Normativa MMA 3/03) (Biodiversitas, 2011; Machado et al. 2008), bem como conferido seu “status” global de ameaça através dos critérios propostos pela IUCN (2011) e adequados à Instrução Normativa de 1/09/2010 (MMA, 2010).Tendo em vista o pequeno tamanho das áreas consideradas, foi adotado um critério arbitrário de abundância das espécies baseado no dia com o maior número de registros/detecção realizado, considerando-se na amostragem: espécie rara – com um único indivíduo detectado/observado; espécie pouco freqüente – de dois à oito indivíduos detectados/observados; espécie freqüente - de oito à 20 indivíduos detectados/observados; espécie abundante – Com mais de 21 indivíduos detectados/observados.

Esforço amostral

Ao todo, foram realizadas aproximadamente 40 horas de busca ativa ao longo dos cinco dias de amostragem no início da estação úmida do ano. Do total, cerca de 17 horas se deram em áreas de ADA e as 23 restantes em áreas de AID.A amostragem priorizou as buscas nos períodos da tarde, crepuscular e noturno, que coincidem com o período de maior atividade da herpetofauna. Com os dados de registros observados em campo, gerou-se a curva de acúmulo de espécies ao longo da amostragem de cinco dias, com 200 randomizações, baseada na média do estimador Mao Tau (COLWELL & CODDINGTON 1994), através do programa Estimates 8.0, para as áreas de ADA e AID conjuntamente e em separado. Baseado nesses dados gerou-se também a curva do número de espécies esperadas, sugerida pelo índice de riqueza de Jacknife de primeira ordem (COLWELL & CODDINGTON 1994), através do programa Estimates 8.0. com

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1.000 aleatorizações. Esse estimador de riqueza baseia-se na proporção de espécies raras incidentes, que aparecem apenas uma ou duas vezes nas amostras (COLWELL & CODDINGTON 1994; COLWELL 1997). Resultados e Discussão

Caracterização da fauna de répteis e anfíbios na AII

As consultas em bases científicas digitais não apontaram registro de espécies da herpetofauna para o município de Paulínia, restringindo-se ao trabalho de monitoramento que vem sendo realizado nas áreas da CGR- Centro de Gerenciamento de Resíduos- ESTRE Paulínia S/A, no ano de referencia de 2011 (Biophilium, 2011).

Os dados secundários apontam para 16 espécies de anfíbios anuros, pertencentes a oito gêneros e cinco famílias: Hylidae (nove espécies.), Leiuperidae (uma espécie), Leptodactylidae (três espécies), Bufonidae (duas espécies) e Microhylidae (uma espécie). Quanto aos répteis, foram levantadas oito espécies de serpentes pertencentes às famílias: Boidae (uma espécie); Dipsadidae (sete espécies) e uma de lagarto da família Teiidae (ver Tabela 2).

Tabela 2: Relação das famílias com as espécies e seus respectivos nomes populares para a AII, juntamente com seu habitat preferencial, critérios de ameaça e presença de endemismo para o Bioma de Mata Atlântica.

Família/Espécie Nome popular HabitatC

ritér

ios

de

Am

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Ende

mis

mo

para

a M

ata

Atlâ

ntic

a

AMPHIBIA - ANURA

Bufonidae

Rhinella ornata sapo-cururuzinho Aberto/Florestal _ _

Rhinella schneideri sapo-cururu Aberto _ _

Hylidae

Dendropsophus elianeae perereca Aberto _ _

Dendropsophus minutus pererequinha-do-brejo Aberto _ _

Dendropsophus nanus pererequinha-do-brejo Aberto _ _

Dendropsophus sanborni pererequinha-do-brejo Aberto _ _

Hypsiboas albopunctatus Perereca- Aberto _ _

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Família/Espécie Nome popular Habitat

Crit

ério

s de

A

mea

ça

Ende

mis

mo

para

a M

ata

Atlâ

ntic

a

cabrinha

Hypsiboas faber sapo-ferreiro Aberto /Florestal _ _

Hypsiboas lundii perereca Florestal _ _

Hypsiboas prasinus perereca Aberto/Florestal _ _

Scinax fuscomarginatus pererequinha-do-brejo Aberto/Florestal _ _

Scinax fuscovarius perereca-de-banheiro Aberto/ Florestal _ _

Leiuperidae

Eupemphix nattereri rã-quatro-olhos Aberto _ _

Physalaemus cuvieri rã-cachorro Aberto/Florestal _ _

Leptodactylidae

Leptodactylus fuscus rã-assoviadeira Aberto _ _

Leptodactylus podicipinus rãzinha Aberto _ _

Leptodactylus mystacinus rã-marrom Aberto _ _

Leptodactylus latrans (=ocellatus) rã-manteiga Aberto _ _

MIcrohylidae

Elachistocleis cf. ovalis* sapo-guarda Aberto/Florestal _ _

SQUAMATA - LAGARTOS

Teiidae

Tupinambis merianae teiú Aberto/Florestal _ _

SQUAMATA - SERPENTES

Boidae

Boa constrictor jibóia Florestal _ _

Dipsadidae

Dipsas indicacome-lesma /

dormideira Florestal _ X

Helicops modestus cobra-d'água Aberto/Florestal _ X

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Família/Espécie Nome popular Habitat

Crit

ério

s de

A

mea

ça

Ende

mis

mo

para

a M

ata

Atlâ

ntic

a

Liophis miliaris cobra-d'água Aberto/Florestal _ _

Oxyrhopus guibei cobra-coral Florestal _ X

Philodryas aestivus cobra-verde Florestal _ _

Philodryas olfersii cobra-verde Florestal _ _

Philodryas patagoniensis cobra-cipó Aberto/Florestal _ _

Viperidae

Caudisona durissa (=Crotalus durissus) cascavel Aberto _ _

Legenda: As linhas hachuradas correspondem às espécies que também foram detectadas em campo (dados primários) no presente estudo. *- Provavelmente trata-se da mesma espécie (correlata) detectada nos dados em campo do presente estudo.

Dos registros obtidos para a herpetofauna temos que 66% deles se deram para os anfíbios anuros, 31% para as serpentes e somente 3% da amostragem correspondeu ao grupo dos lagartos (ver Figura 5).

Figura 5: Porcentagem de ocorrência das espécies, dos três diferentes grupos (anuros, lagartos e serpentes) que ocorrem na AII.

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Os animais registrados que habitam preferencialmente áreas abertas são, no caso dos anuros a pererequinha Dendropsophus elianae, as pererequinhas-do-brejo D. minutus, D. nanus, e D. sanborni, a perereca-cabrinha Hypsiboas albopuntactus, a rã-quatro-olhos Eupemphix nattereri, a rã-assoviadeira Leptodactylus fuscus, a rãzinha L. podicipinus, a rã-marrom L. mystacinus, a rã-manteiga L. latrans, e o sapo-cururu Rhinella schneideri, enquanto que entre os répteis, reconhecemos como espécie de áreas abertas a cascavel (Caudisona durissa).As espécies consideradas como preferencialmente florestais são: a perereca Hypsiboas lundii, a jibóia Boa constrictor, a dormideira Dipsas indica, Oxyrhopus guibei, e as cobras-verdes Philodryas aestivus e P. olfersii. As demais espécies são consideradas espécies que podem ocorrer tanto em áreas florestadas como em ambientes abertos.Das espécies de anfíbios, 53% delas ocupam tanto ambientes florestados como ambientes de áreas abertas, 42% ocupam preferencialmente áreas abertas e somente 5 % são de áreas estritamente florestais. Em contrapartida, no caso dos répteis a maioria (56%) ocupam ambientes florestais, 33% ocupam áreas abertas e somente 11% podem ocupar os dois ambientes (ver Figuras 6 e 7).A presença destas espécies florestais na região está diretamente relacionada aos remanescentes de matas semideciduais e de mata ciliar, que são ambientes pouco representativos em meio à paisagem regional. Apesar de serem pouco expressivas, essas áreas remanescentes se tornam essenciais na conservação e manutenção das mesmas.

A herpetofauna registrada no Centro de Gerenciamento de Resíduos (ESTRE Ambiental S/A CGR Paulínia) apresenta muitas espécies em comum com estudos realizados no Cerrado (Brasileiro et al., 2005; Sawaya, 2003; Vanzolini et al.,1948) e com as Florestas Semidecíduais (Sazima e Manzani, 1995).

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Figura 6: Porcentagem de principal ambiente de ocorrência das espécies de répteis registradas para as áreas de AII.

Figura 7: Porcentagem de principal ambiente de ocorrência das espécies de anfíbios registradas para as áreas de AII.

Espécies indicadoras, endêmicas e/ou ameaçadas presentes nas áreas de ADA e AID.

De acordo com as listas vermelhas propostas considerando animais em perigo, ameaçados e/ou vulneráveis, nenhuma das espécies citadas aqui estão categorizadas como ameaçadas pela legislação estadual (Bressan et al. 2009) (Lista de Fauna Silvestre Ameaçada do Estado de São Paulo - Decreto 53.031/10), federal (Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção - Instrução Normativa MMA 3/03) (Biodiversitas, 2011; Machado et al. 2008), sendo consideradas como espécies de pouca ou nenhuma preocupação (Least Concern) de acordo com os critérios propostos pela IUCN (2011) e adequados à Instrução Normativa de 1/09/2010 (MMA 2010). As espécies consideradas como raras e indicadoras são aquelas supracitadas que se mostraram estritamente florestais, dependendo desses ambientes para se reproduzirem, se abrigarem e assim completarem seu ciclo biológico ( como é o caso da. perereca Hypsiboas lundii, a jibóia Boa constrictor, a dormideira Dipsas indica, Oxyrhopus guibei, e as cobras-verdes Philodryas aestivus e P. olfersii).Das espécies consideradas endêmicas do bioma de mata Atlântica, somente três espécies de serpentes se enquadram, sendo elas a dormideira Dipsas indica, a cobra d’água Helicops modestus e a falsa-coral Oxyrhopus guibei.O conhecimento atual sobre a biologia, distribuição, composição e conservação das espécies de répteis e anfíbios no estado de São Paulo ainda é escasso, existindo algumas lacunas acerca da distribuição e biologia reprodutiva das

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mesmas. Isso é mais evidente dentro de biomas bem ameaçados como é o caso da Mata Atlântica, considerada como prioritária em decorrência do elevado grau de pressão antrópica, e desmatamento. Esforços imediatos voltados à preservação das poucas áreas de mata são fundamentais, dada a velocidade de degradação de seus remanescentes florestais, incluindo a região de estudo.

Dados primários

A herpetofauna levantada pelo presente estudo de campo apontou 17 espécies componentes, das quais 15 correspondem a anfíbios anuros, e duas correspondem à répteis, sendo uma de lagarto e uma de serpente.As espécies de anfíbios anuros se distribuíram em cinco Famílias, sendo elas Bufonidae (com duas espécies), Hylidae (com sete espécies), Leiuperidae (com três espécies), Leptodactylidae (com duas espécies) e Microhylidae (com uma espécie). Já o lagarto encontrado é da Família Teiidae, e a serpente é da Família Dipsadidae (ver Tabela 3e Figuras 8 e 9).

Tabela 3- Relação das espécies com sua família e classificação, o tipo de registro/detecção e o local onde foram registrados no estudo.

Família Espécie Nome popular Tipo de registro LocalVisual Auditivo ADA AID

AMPHIBIA- ANUROSBufonidae Rhinella schneideri sapo-cururu X X X X

Rhinella ornata sapo-cururuzinho X X XHylidae Dendrosophus nanus perequinha-do-brejo X X X

Dendropsophus minutus perequinha-do-brejo X X X XHypsiboas albopunctatus perereca-cabrinha X X X

Hypsiboas faber sapo-ferreiro X XHypsiboas lundii perereca X X X

Hypsiboas prasinus perereca X X X

Scinax fuscovarius perereca-de-banheiro X X X X

Leiuperidae Eupemphix nattereri rã-quatro-olhos X X XPhysalaemus cuvieri rã-cachorro X X X X

Physalaemus marmoratus rã-chorona X X X XLeptodactylidae Leptodactylus fuscus rã-assoviadeira X X X X

Leptodactylus labyrinthicus rã-pimenta X X X XMicrohylidae Elachistocleis ovalis sapo-guarda X X X X

REPTILIA- LAGARTOSTeiidae Tupinambis merianae teiú X X

REPTILIA- SERPENTESDipsadidae Helicops modestus cobra-dágua X X

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Figura 8: Espécies avistadas em campo. Família Bufonidae: (A)- sapo-cururu Rhinella schneideri; (B)- sapo-cururuzinho Rhinella ornata; Família Hylidae: (C)- pererequinhas-do-brejo Dendropsophus nanus, e (D)- Dendropsophus minutus; (E) perereca-cabrinha Hypsiboas albopunctatus; (F)- sapo-ferreiro Hypsiboas faber; (G)- perereca Hypsiboas lundii; (H) perereca Hypsiboas prasinus; (I) perereca-de-banheiro Scinax fuscovarius; Família Leiuperidae: (J) rã-quatro-olhos Eupemphix nattereri; (K) rã-cahorro

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OM

A B C

D E F

G H I

J K

N

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Physalemus cuvieri; (L) rãzinha-chorona Physalaemus marmoratus; Família Leptodactylidae: (M) rã-assoviadeira Leptodactylus fuscus; (N) rã-pimenta Leptodactylus labyrinthicus; Família Microhylidae: (O) sapo-guarda Elachistocleis ovalis.

Figura 9- Indivíduo adulto de teiú Tupinambis merianae, registrado através de câmera trap em área de AID.

Na presente amostragem, 6% das ocorrências dos registros se deram tanto para o grupo das serpentes, como para o grupo dos lagartos, sendo sua maioria composta por espécies da anurofauna (88% da composição específica) (ver Figura 10).

Figura 10: porcentagem das espécies amostradas através dos dados primários (coleta em campo).

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Dentre os répteis amostrados, a única espécie de serpente avistada possui hábito aquático (cobra-d’água Helicops modestus), e o teiú (Tupinambis merianae) com hábitos generalistas, ocupando tanto ambientes florestados como ambientes abertos.Já no caso dos anfíbios anuros, 46,5% das espécies podem tanto habitar áreas florestadas como abertas, e 46,5% habitam preferencialmente áreas abertas, e somente 7% é estritamente florestal (somente um registro para a perereca Hypsiboas lundii) (ver Figura 11).

Figura 11: Porcentagem das espécies associadas com seu habitat principal de ocorrência.

O fato de algumas espécies serem encontradas principalmente em áreas abertas não significa que as mesmas não utilizem dos ambientes florestados para se refugiarem ou exercerem atividades de forrageamento, devido à maior disponibilidade de alimentos e abrigos disponíveis.

Além dos indivíduos adultos, foram encontrados também indivíduos jovens da rã-cachorro Physalaemus cuvieri, do sapinho-cururu Rhinella ornata e da perereca Hypsiboas lundii; bem como desovas em ninho de espuma da rã-cachorro Physalaemus cuvieri, e da rãzinha-chorona Physalaemus marmoratus girinos da perereca Hypsiboas lundii, do sapo-cururu Rhinella schneideri e do sapo-cururuzinho Rhinella ornata (ver Figuras 12 e 13).

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Figura 12- Indivíduos jovens encontrados em áreas de AID; em (A)- Jovens recém-metamorfoseados de sapo-cururuzinho Rhinella ornata; em (B)- Indivíduo em fase final de metamorfose do sapo-cururu Rhinella schneideri.

Figura 13- Em (A) desova da rã-cachorro Physaemus cuvieri; e em (B) desova da rãzinha-chorona Physalaemus marmoratus; em (C) desova de sapo-cururu Rhinella schneideri na beira de lagoa temporária; em (D) girinos em detalhe do sapo-cururu Rhinella schneideri.

A B

BA

C D

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As espécies que se mostraram mais abundantes ao longo da amostragem foram o sapo-cururu Rhinella schneideri, a rã-assoviadeira Leptodactylus fuscus, a rã-cachorro Physalaemus cuvieri e a perereca-de-banheiro Scinax fuscovarius, sendo detectadas em todos os locais amostrados. Do total das espécies de anfíbios anuros levantadas (15), 14 delas foram registradas em atividade de canto (atividade reprodutiva). Esse fato pode ter sido fortemente influenciado pelos dias de chuva que acompanharam o primeiro e o quarto dia da amostragem.

Fêmeas ovadas das espécies da rã-cachorro Physalaemus cuvieri, da rãzinha-chorona Physalaemus marmoratus, do sapo-guarda Elachistocleis ovalis, do sapo-cururu Rinella schneideri e da pererequinha-do-brejo Dendropsophus nanus também foram observadas.

Herpetofauna na AID

Para as áreas de AID foram levantadas 16 das 17 espécies totais. Isso pode ser explicado pela variedade de habitats que compõe essas áreas.

Dessas espécies, oito delas se mostraram exclusivas das áeas de AID, sendo elas: o sapo-cururuzinho Rhinella ornata, a pererequinha Dendropsophus nanus, a perereca-cabrinha Hypsiboas albopunctatus, o sapo-ferreiro Hypsiboas faber, as pererecas Hypsiboas lundii e Hypsiboas prasinus, o teiú Tupinambis merianae e a cobra d’água Helicops modestus (como pode ser observado na Tabela 2).

É interessante ressaltar que as espécies de hábito florestal só foram encontradas nas áreas de AID com vegetação ciliar (como as áreas de entorno das lagoas represadas e ao longo do rio), mesmo apresentando elevado grau de antropização. Nas áreas de pasto e de eucaliptal somente foram encontradas as espécies terrestres vágeis (e.g. sapo-cururu Rhinella schneideri, a rã-assoviadeira Leptodactylus fuscus), e eventualmente a rã-cachorro Physalaemus cuvieri e a perereca-de-banheiro Scinax fuscovarius.

Os registros de répteis também foram exclusivos das áreas de AID, sendo o teiú Tupinambis merianae registrado através de fotografia de armadilha fotográfica (câmera trap) na borda florestal na beira do ponto amostral VI; e a cobra-d’água foi registrada duas vezes, sendo uma na borda da lagoa do ponto amostral VI, que já encontrava-se em fuga, e o outro indivíduo foi encontrado na borda florestal, com acúmulo de água no solo, no ponto amostral VIII.

Os ambientes que possuíram o maior número de espécies foram as lagoas represadas (pontos amostrais V e VI) , abrigando a maior parte das espécies de ambiente aberto e aberto/florestal, possuindo espécies de ambientes florestais nas matas dos corpos dágua que alimentavam as mesmas, como pode-se observar na Tabela 4.

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Tabela 4: Riqueza e espécies detectadas em campo nos pontos amostrais mais relevantes apontados na Tabela 1 localizados na AID, juntamente com sua coordenada geográfica em UTM.

Ponto Amostral

Coordenada Geográfica em UTM Espécies detectadas Riqueza

IV 23K 273048 7479320

R.schneideri, R.ornata, H.albopunctatus,

H.lundii, P.marmoratus,D.nanus, D.minutus,S.fuscovarius,

L.fuscus

9

V 23K 273011 7479180

R.schneideri, R.ornata, H.faber, H.lundii,

P.marmoratus,D.nanus, S.fuscovarius, L.fuscus, L.labyrinthicus, P.cuvieri, T.merianae, H.modestus

12

VI 23K 273093 7478943P.cuvieri, H.lundii,

H.faber, H.prasinus, S.fuscovarius

5

VII 23K 273096 7479014 P.cuvieri, S.fuscovarius 2

VIII 23K 273122 7479083

R.schneideri, R.ornata, P.cuvieri,P.marmoratus,

L.fuscus, D.minutus, E.ovalis

7

Herpetofauna da ADA

Das 17 espécies totais, somente nove delas foram detectadas nas áreas componentes da ADA, sendo que destas somente uma se mostrou exclusiva: a rã-quatro-olhos Eupemphix nattereri, tratando-se de uma espécie que habita áreas abertas (principalmente áreas de Cerrado). Essa espécie foi detectada em canto num único dia da amostragem, após forte chuva, em lagoa temporária formada pelo acúmulo das águas da chuva (ver Figura 3C) em área terraplanada.

Das nove espécies presentes, todas possuem elevada plasticidade ambiental e de hábitos generalistas. A única espécie que foi comum à todos os pontos visitados da ADA foi a rã-assoviadeira Leptodactylus fuscus. E o ambiente que se mostrou mais diverso foi o que fazia limite com as áreas de AID (ponto amostral III), possuindo sete espécies no total (ver Tabela 5).

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Tabela 5: Riqueza e espécies detectadas em campo nos pontos amostrais mais relevantes apontados na Tabela 1 localizados na ADA, juntamente com sua coordenada geográfica em UTM.

Ponto Amostral

Coordenada Geográfica em UTM Espécies detectadas Riqueza

I 23K 273536 7479193 R. schneideri, L.fuscus, S.fuscovarius 3

II 23K 273693 7479491 R. schneideri, L.fuscus, E.nattereri, P.cuvieri 4

III 23K 273174 7479079

D.minutus, S.fuscovarius, P.cuvieri, P.marmoratus, L.fuscus, L.labyrinthicus,

E.ovalis

7

Comparação com os dados secundários

Com excessão da espécie rãzinha-chorona Physalaemus marmoratus, e da rã-pimenta todas as outras espécies aqui amostradas estiveram presentes nos dados secundários (ver Figura 14).

Figura 14: Número de espécies encontradas (eixo y) para cada grupo de animais em cada local (AII, AID e ADA, no eixo x), sendo considerados os dados primários para ADA e AID, e dados secundários para AII.

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Com relação ao potencial de provável ocorrência das espécies para as áreas aqui amostradas, todas as espécies presentes no monitoramento realizado pela Biophilium (2011) são possíveis, sendo elas: a perereca Dendropsophus elianae, as pererequinhas-do-brejo Dendropsophus sanborni e Scinax fuscomarginatus, a rãzinha Leptodactylus podicipinus, a rã-marrom L.mystacinus, a rã-manteiga L.latrans, e as serpentes jibóia Boa constrictor, dormideira Dipsas indica, a cobra-d’água Liophis miliaris, a falsa-coral Oxyrhopus guibei, as cobras-verdes Phylodryas aestivus, P. olfersii e P.patagoniensis , por fim a cascavel Caudisona durissa.

A cascavel Caudisona durissa foi relatada em entrevista com os trabalhadores locais como um animal que antigamente era freqüente, e que há alguns meses não se vê mais. Outra espécie muito comum nas entrevistas foi o lagarto de grande porte teiú Tupinambis merianae que segundo os relatos ocorre “por todo o canto” das áreas em questão.

Aspectos da história natural dos anfíbios e répteis verificados na ADA e AID.

ANFÍBIOS

Família Bufonidae

Rhinella ornata – sapo-cururuzinho (Figura 8B). É uma espécie de anfíbio muito comum no Sudeste brasileiro (Baldissera et al. 2004), mas pode ser encontrada no norte do Estado do Paraná e também na Argentina (IUCN, 2011). Apesar de abundante, poucos estudos enfatizam seu papel ecológico. Os sapos deste gênero apresentam, na maioria das vezes, grande porte possuindo membros curtos e coloração que varia de castanho-claro a escuro. São terrestres e noturnos. Reproduzem-se em corpos de água parada ou baixa correnteza, permanentes ou temporários, geralmente na borda ou em espaços abertos na mata, especialmente próximo às margens de rios. Os ovos são pequenos e de coloração negra, assim como os girinos, que foram cardumes (Guix et al, 1998).

Rhinella schneideri - sapo-cururu (Figura 8 A). São animais de grande porte e membros curtos. Atrás dos olhos apresentam duas glândulas chamadas paratóides e atrás da tíbia estão as glândulas paracnemis (RAN/IBAMA, 2011). Quando espremidas, tais glândulas liberam veneno através de grandes poros, que escorre pela pele do animal. O veneno possui bufotoxinas, causando apenas pequenas irritações cutâneas em pessoas sensíveis, mas se ingerido, geralmente por cães, pode causar sérias complicações envolvendo o sistema nervoso e circulatório (Cardoso et.al., 2003). Apresenta ampla distribuição, podendo ser encontrada na Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil (IUCN, 2011).

Família Hylidae

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Dendropsophus nanus – pererequinha-do-brejo (Figura 8C). É uma espécie de pequeno porte que ocorre do noroeste do Brasil, Paraguai do Paraguai, norteste da Argentina e oeste da Bolívia, extremo sudeste do Brasil, Uruguai e Bacia da Prata na Argentina (Frost, 2000). Os machos desta espécie podem atingir no máximo 23 mm e vocalizam sobre a vegetação arbustiva ou herbácea às margens de lagoas e brejos, preferencialmente em áreas abertas (Haddad et al., 2008).

Dendropsophus minutus– pererequinha-do-brejo (Figura 8D). É uma perereca, com cerca de 2 cm, mais comum da América do Sul, podendo ser encontrada em qualquer região do leste do Andes (Frost et al., 2006). Habitam particularmente florestas tropicais úmidas, áreas pantanosas e bordas de florestas. Vive sobre a vegetação herbácea e se reproduz em ambientes aquáticos de vários tamanhos e profundidades, de origem natural ou artificial, desde que não possuam correnteza. No período reprodutivo, vários exemplares desta espécie formam agregados bastante numerosos.

Hypsiboas albopunctatus – perereca-cabrinha (Figura 8E). De porte médio a grande para o gênero (Bastos et al., 2003), sua coloração vai de amarelada a marrom, possuindo manchas arredondadas amarelas na parte interna do fêmur e nas laterais do abdômen. Ocorre no centro e sudeste do Brasil, nordeste da Argentina e leste do Paraguai. Ocupa variados tipos de ambientes, desde corpos d’água permanentes, junto à mata, até poças temporárias e permanentes em áreas abertas (Haddad et al., 2008).

Hypsiboas faber – sapo-ferreiro (Figura 8F). Trata-se de uma perereca de porte grande, com o dorso amarelo-castanho. Com ampla distribuição, é uma espécie frequente que ocorre no sul e sudeste do Brasil nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e no nordeste no estado da Bahia, encontrada também no Paraguai e nordeste da Argentina (Haddad et al., 2008). No Brasil distribui-se desde regiões de baixada a regiões serranas, ocorrendo na Mata Atlântica e nos Cerrados. É uma espécie que se adapta a regiões alteradas com facilidade podendo estar, devido a ações antrópicas, ampliando sua distribuição geográfica (Feio et al., 1998; Haddad, 1998; Frost, 2002).

Hypsiboas lundii – perereca (Figura 8G). Essa espécie se distribui desde o Distrito Federal no Estado de Goiás, à Minas e São Paulo, no Cerrado e sudeste do Brasil. Ocorre na vegetação próxima à córregos em florestas primárias e secundárias e também em áreas de bordas. Reproduzem-se em córregos permanentes, mas também podem ser encontradas em plantações (IUCN, 2011).

Hypsiboas prasinus – perereca (Figura 8H). É um hilídeo generalista, podendo ocupar sítios de reprodução em áreas de mata, de borda de mata e abertas. Possui hábito noturno e sua atividade de vocalização ocorre ao longo de todo o ano. Vive em hábitats florestais e em pastagens, normalmente encontradas perto de lagoas e corpos d’água permanentes e pequenos riachos, onde se reproduzem (IUCN, 2011).

Scinax fuscovarius – perereca-de-banheiro (Figura 8I). Ocorre em habitats abertos, como pastagens. Durante a estação reprodutiva pode ser

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encontrada em corpos d'água permanentes, tais como lagoas. A desova está relacionada com a vegetação aquática e os girinos se desenvolvem na água. É muito comum em áreas urbanas,e casas no interior (IUCN, 2011). Ocorre na Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Família Leiuperidae

Eupemphix nattereri – rã-quatro-olhos (Figura 8J). É tipicamente fossorial com hábito sazonal. Pode ser encontrado em áreas de Cerrado. Habita corpos d’água temporários, tais como lagoas e pântanos. Não se adaptam bem à perturbações antrópicas (IUCN, 2011). Ocorrem na Bolívia, Brasil e Paraguai.

Physalaemus cuvieri – rã-cachorro (Figura 8K). Espécie noturna e generalista, que ocorre em muitos habitats, incluindo áreas abertas, savanas inundadas e pastagens. Reproduz-se em lagoas permanentes ou corpos d'água temporários. Os ovos são depositados em ninhos de espuma, ligado a hastes de grama na margem das lagoas (IUCN, 2011). Ocorre na Argentina, Brasil e Paraguai.

Physalaemus marmoratus – rãzinha-chorona (Figura 8L). É uma rã de pequeno porte que deposita seus ovos em ninhos de espuma dentro de empoçados temporários ou permanentes. Seu canto lembra uma lástima ou um choro, caracterizando seu nome popular. Essa espécie ocorre em áreas abertas dos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e em áreas adjacentes do Paraguai e Bolívia (Frost 2011).

Família Leptodactylidae

Leptodactylus fuscus – rã-assoviadeira (Figura 8M). Este é um sapo terrestre e noturno encontrado em campo aberto, savanas, pastagens, áreas pantanosas, florestas degradadas e habitats urbanos e com ampla distribuição geográfica. A reprodução ocorre em pequenos buracos em corpos d’água rasos temporários e lagoas permanentes. Os ovos das espécies são colocados em ninhos de espuma dentro de tocas,  onde os girinos se desenvolvem (IUCN, 2011). 

Leptodactylus labyrinthicus: Rã-pimenta (Figura 8N). Trata-se de um sapo terrestre de grande porte amplamente distribuído pelo Brasil. É uma espécie bastante visada para o consumo humano. O casal em amplexo deposita os ovos em ninhos de espumas grandes na borda de lagoas temporárias, quase sempre cobertos ou circundados pela vegetação (Zina & Haddad 2005). Essa espécie pode ser encontrada nos cerrados e caatingas de Roraima, Rondônia, Amapá, Pará, regiões nordeste, sudeste e central do Brasil, costa da Venezuela, parte oriental do Paraguai, Bolívia e norte da Argentina (IUCN 2011).

Família Microhylidae

Elachistocleis ovalis – sapo-guarda (Figura 8O). Vive na serapilheira e em buracos de árvores em florestas tropicais e na borda de florestas, bem como em campos. A reprodução ocorre em lagoas. Apresentam ampla distribuição geográfica (IUCN, 2011).

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RÉPTEIS

Família Teiidae

Tupinambis merianae –teiú (Figura 9). São animais terrestres e diurnos com hábitat e dieta generalistas. Sua reprodução ocorre no final da estação seca e ninhadas variando entre 13 e 29 ovos (Sazima e Haddad, 1992). Encontrados em clareiras de floresta primária, floresta secundária, incluindo habitats perturbados, bordas de estradas e áreas agrícolas. Pode desempenhar um papel importante na dispersão de sementes (de Castro e Galetti, 2004).

Família Dipsadidae

Helicops modestus – cobra-d’água. Serpente de hábito aquático e por isso recebe o nome popular de cobrad’água. Possui olhos e narinas posicionados no topo da cabeça, o que favorece a vida dentro d’água. Causa muitos acidentes, mordidas sem gravidade, principalmente aos pescadores de água doce (Butantan, 2011).

Dentre as espécies componentes da herpetofauna local, uma grande parte delas constitui-se principalmente por espécies de áreas abertas. Com o desmatamento, estas espécies, que originalmente habitavam áreas de campos e cerrado, têm expandido sua área de distribuição, colonizando regiões anteriormente ocupadas por áreas florestadas (Haddad, 1998; Marques et al., 2001). Isso pôde ser evidenciado a partir das espécies aqui amostradas que se mostraram presentes em áreas abertas e antropizadas e também de espécies típicas do bioma de Cerrado (e.g. Eupemphix nattereri- rã-quatro-olhos e Leptodactylus labyrinthicus- rã-pimenta).

Espécies indicadoras, endêmicas e/ou ameaçadas, presentes nas áreas de ADA e AID.

Como mencionado anteriormente para as áreas de AII, nenhuma das espécies registradas em campo estão categorizadas como ameaçadas pela legislação estadual (Bressan et al. 2009) (Lista de Fauna Silvestre Ameaçada do Estado de São Paulo - Decreto 53.031/10), e federal (Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção - Instrução Normativa MMA 3/03) (Biodiversitas 2011; Machado et al. 2008), sendo consideradas como espécies de pouca ou nenhuma preocupação (Least Concern) de acordo com os critérios propostos pela IUCN (2011) e adequados à Instrução Normativa de 1/09/2010 (MMA 2010).

A maioria das espécies aqui apresentadas possuem uma ampla distribuição geográfica, e uma boa parte delas possuem hábitos generalistas (ocorrendo tanto em ambientes florestados como em ambientes abertos). Algumas das espécies de anfíbios encontradas, como: Rhinella schneideri (sapo-cururu) e R. ornata (sapo-cururuzinho), Hypsiboas faber (sapo-ferreiro), Leptodactylus fuscus (rã-assoviadeira) e Physalaemus cuvieri (rã-cachorro); bem como os

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répteis: Tupinambis merianae (teiú) e Helicops modestus (cobra-dágua), apresentam a capacidade de invadir e/ou colonizar, com relativo sucesso, ambientes antropizados e/ou com algum grau de alteração. Apesar de ter sofrido uma forte pressão de caça nas décadas passadas, atualmente a espécie Tupinambis merianae (teiú) pode ser vista com facilidade em diversas regiões brasileiras sem correr sérios riscos (Machado et al., 2008), sendo apontada por trabalhadores locais como uma espécie bem comum na região do estudo. A única espécie endêmica para o bioma de Mata Atlântica registrada de modo direto aqui no estudo foi a cobra-d’água Helicops modestus, que pode ser considerada uma espécie comum e de ampla abrangência dentro desse bioma.

Suficiência amostralPara as duas áreas conjuntamente, a curva do esforço amostral para a herpetofauna se mostrou com uma leve tendência ao acréscimo no número de espécies presentes (ver Figura 15).

Figura 15: Curva de acúmulo de espécies da herpetofauna, juntamente com o intervalo de 95% de confiança dos dados e o desvio padrão associado; baseado na média do estimador Mao Tau de riqueza, para os dados de presença e ausência das espécies para as duas áreas em conjunto (ADA e AID).

O estimador Jacknife de primeira ordem sugere um acréscimo de até três espécies na amostragem (Jacknife1= 19,4) para as duas áreas conjuntamente (Figura 16).

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Figura 16: Curva baseada na média do estimador de riqueza Jacknife de primeira ordem, juntamente com seu desvio-padrão; para a herpetofauna das duas áreas em conjunto (ADA e AID).

Área Diretamente Afetada- ADAPara a ADA como não houve registro de répteis, a curva de acúmulo de espécies foi realizada para o grupo dos anfíbios, e apontou para uma tendência sutil ao acréscimo de espécies para essa área (Figura 17); sendo que o estimador de riqueza Jacknife de primeira ordem sugere acréscimo de até duas espécies para a amostragem (Jacknife1= 10,6) (Figura 18).

Figura 17: Curva de acúmulo de espécies da anurofauna, juntamente com o intervalo de 95% de confiança dos dados e o desvio padrão associado; baseado na média do

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estimador Mao Tau de riqueza, para os dados de presença e ausência das espécies para a área de ADA.

Figura 18: Curva baseada na média do estimador de riqueza Jacknife de primeira ordem, juntamente com seu desvio-padrão; para a anurofauna da área de ADA.

Área de Influência Direta- AIDPara herpetofauna das áreas de AID, a curva de espécies acumuladas ao longo da amostragem aponta para uma tendência à assíntota da curva do número de espécies esperadas na amostragem (Figura 19), sendo que o estimador de riqueza Jacknife de primeira ordem sugere um aumento de somente uma espécie na amostragem (Jacknife1= 17,6) (Figura 20).

Figura 19: Curva de acúmulo de espécies da herpetofauna, juntamente com o intervalo de 95% de confiança dos dados e o desvio padrão associado; baseado na média do estimador Mao Tau de riqueza, para os dados de presença e ausência das espécies para a área de AID.

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Figura 20: Curva baseada na média do estimador de riqueza Jacknife de primeira ordem, juntamente com seu desvio-padrão; para a herpetofauna da área de AID.

Considerações gerais

O fato de algumas espécies encontradas em áreas de AID não terem sido observadas em áreas da ADA não excluem a probabilidade de elas ocorrerem na mesma, já que o período de amostragem se restringe à poucos dias e somente com a metodologia de busca ativa há a possibilidade de não detecção das espécies mais crípticas, e de comportamento reprodutivo explosivo.

Os dados secundários, juntamente com as curvas de esforço amostral apontam para um acréscimo na riqueza de espécies dos locais estudados. Isso é corroborado pelo fato de os dados secundários corresponderem à áreas muito próximas (praticamente circunvizinhas) ao empreendimento em questão, aliando-se ao fato de os répteis possuírem em geral um comportamento críptico, solitário e arisco. O fato de algumas espécies de anfíbios anuros não ter apresentado comportamento reprodutivo nos dias de coleta dos dados também dificulta sua detecção, uma vez que encontros casuais devido ao hábito de forrageio são menos freqüentes.

A permeabilidade de matrizes monocultoras e pastagens abandonadas (capoeiras) podem funcionar como corredores na utilização de locais para forrageio, deslocamento, abrigo, e até mesmo para reprodução da fauna (no caso das espécies mais generalistas), porém não garante a manutenção das espécies florestais sensíveis à fragmentação e à antropização.A devastação da vegetação original de floresta ocasionando transformações na paisagem original da região de estudo, descaracterizou a diversidade e composição de espécies inicialmente habitantes da região. Contudo a presença de ambientes fragmentados relictuais ainda abrange uma taxocenose de

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espécies (tanto colonizadoras provenientes de áreas abertas, como das espécies mais persistentes) garantindo certa riqueza e diversidade ambiental. Contudo medidas mitigadoras de impacto podem auxiliar na conservação, manutenção e sucessão de espécies, tendo em vista um enriquecimento ambiental, como áreas de enriquecimento e compensação ambiental (e.g. plantios de mudas nativas) e manejo das espécies invasoras (e.g. braquiárias e bambuzais de espécies exóticas). Pequenos fragmentos de mata podem abrigar espécies raras, bem como garantir a manutenção das espécies relictuais ao desmatamento, podendo ainda abrigar uma elevada riqueza de espécies, demonstrando a importância e a necessidade de conservar estes locais

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