relatório do estágio supervisionado ii - curso letras

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9 1 – INTRODUÇÃO Este relatório tem, entre outras finalidades, expor a experiência do Estágio Supervisionado II, realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Padre Paolino Maria Baldassari, com alunos do 1º ano – turmas B –, do turno Noturno, em Santa Rosa do Purus - AC. O estágio foi orientado pela professora Maria de Fátima Barroso de Araújo e pela professora Maria do Socorro Barroso, com a duração de 135 horas-aula O Estágio de Licenciatura é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9394/96). O estágio é necessário à formação profissional a fim de adequar essa formação às expectativas do mercado de trabalho onde o licenciado irá atuar. Assim o estágio dá oportunidade de aliar a teoria à prática. Para Francisco e Pereira (2004) o estágio surge como processo fundamental na formação do aluno estagiário, pois é a forma de fazer a transição de aluno para professor “aluno de tantos anos descobre-se no lugar de professor”. Este é um momento da formação em que o graduando pode vivenciar experiências, conhecendo melhor sua área de atuação. “O Estágio Supervisionado consiste em teoria e prática tendo em vista uma busca constante da realidade para uma elaboração conjunta do programa de trabalho na formação do educador (GUERRA, 1995)”. Este “possibilita ao graduando desenvolver a postura de pesquisador, despertar a observação, ter uma boa reflexão crítica, facilidade de reorganizar as ações para

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Relatório do Estágio Supervisionado II do Curso de Letras, realizado na EEM. Pe. Paolino Maria Baldassari em Santa Rosa do Purus - AC

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Page 1: Relatório do Estágio Supervisionado II - Curso Letras

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1 – INTRODUÇÃO

Este relatório tem, entre outras finalidades, expor a experiência do

Estágio Supervisionado II, realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Padre

Paolino Maria Baldassari, com alunos do 1º ano – turmas B –, do turno Noturno, em

Santa Rosa do Purus - AC. O estágio foi orientado pela professora Maria de Fátima

Barroso de Araújo e pela professora Maria do Socorro Barroso, com a duração de

135 horas-aula

O Estágio de Licenciatura é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (nº 9394/96). O estágio é necessário à formação profissional

a fim de adequar essa formação às expectativas do mercado de trabalho onde o

licenciado irá atuar. Assim o estágio dá oportunidade de aliar a teoria à prática.

Para Francisco e Pereira (2004) o estágio surge como processo

fundamental na formação do aluno estagiário, pois é a forma de fazer a transição de

aluno para professor “aluno de tantos anos descobre-se no lugar de professor”. Este

é um momento da formação em que o graduando pode vivenciar experiências,

conhecendo melhor sua área de atuação. “O Estágio Supervisionado consiste em

teoria e prática tendo em vista uma busca constante da realidade para uma

elaboração conjunta do programa de trabalho na formação do educador (GUERRA,

1995)”. Este “possibilita ao graduando desenvolver a postura de pesquisador,

despertar a observação, ter uma boa reflexão crítica, facilidade de reorganizar as

ações para poder reorientar a prática quando necessário (KENSKI, 1994:11 citado

por LOMBARDI, 2005)”.

O Estágio Supervisionado visa fortalecer a relação teoria e prática

baseado no princípio metodológico de que o desenvolvimento de competências

profissionais implica em utilizar conhecimentos adquiridos, quer na vida acadêmica

quer na vida profissional e pessoal. Sendo assim, o estágio constitui-se em

importante instrumento de conhecimento e de integração do aluno na realidade

social, econômica e do trabalho em sua área profissional.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA

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O estágio foi realizado na EEEM Padre Paolino Maria Baldassari,

localizada à Rua Francisco de Queiroz, s/nº, Bairro Cidade Nova, s/nº, Santa Rosa

do Purus, CEP: 69955-000. Foi fundada em 19 de Julho de 2007, com autorização

de funcionamento estabelecida pela Portaria Nº 6125 da Secretaria de Estado e

Educação Acre, Decreto de Nº 3557de 18/11 de 2008. Atualmente é dirigida pela

professora Maria do Socorro de Siqueira Moura. A instituição funciona no período

noturno e oferece curso de nível médio (1º a 3º ano), última etapa da educação

básica. Nos turno matutino e vespertino a escola funciona apenas com o curso

técnico de saúde do Instituto Dom Moacir e atendimento na biblioteca e no

laboratório de informática.

A escola possui atualmente 115 alunos, matriculados no turno da noite,

funcionando com 06 professores, 07 funcionários administrativos, englobando

secretários e auxiliares, 04 funcionários de manutenção e limpeza (serventes) e 04

vigias. Estão em fase final de elaboração os seguintes documentos: Regimento

Interno; Projeto político pedagógico; Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE);

Conselho escolar; Estatuto do Conselho; Regimento interno do conselho escolar. A

avaliação da aprendizagem dos alunos da Escola Padre Paolino Maria Baldassari

dar-se de forma é quantitativa e qualitativa.

A professora titular que deveria acompanhar o estágio era a Professora

Joelma Patrícia. É formada em Psicologia e atua a 01 ano na área, porém por

motivos particulares encontrava-se viajando e não houve a possibilidade de

acompanharmos a sua regência.

2.2ESTRUTURA FÍSICA E ORGANIZACIONAL DA ESCOLA

A estrutura física da escola é excelente, as salas são amplas, com

mesas e carteiras apropriadas, ventiladores e quadro verde. O material necessário

para o andamento das aulas parece ser suficiente e adequado, a direção da escola

procura sempre suprir as necessidades materiais da escola, Existem várias

dependências para realização de atividades tais como: laboratório de ciências,

laboratório de informática equipado com vários computadores, ampla biblioteca, sala

de educadores, salas administrativas (secretaria, sala da direção, coordenação,

orientação, almoxarifado) amplo refeitório, cozinha com todos os equipamentos e

utensílios necessários.

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2.3CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO ADOTADA PELA ESCOLA

De acordo com informações da Direção, é uma escola identificada com

o processo de construção de uma sociedade mais justa, com um espaço em que a

prática pedagógica é entendida como uma prática de vida, de todos e com todos, na

perspectiva de formar cidadãos e cidadãs que integrem e contribuam para sua

comunidade. Uma escola democrática, competente e comprometida com a

aprendizagem significativa do aluno, buscando transformar informações em saberes

necessários à vida dos alunos. Entretanto, percebe-se que alguns alunos estão

desmotivados, talvez reflexos do ensino transmitido por alguns professores que

estão preocupados apenas em cumprir cronogramas e repassar conteúdos.

A direção da Escola desenvolve um trabalho partido da observação dos

problemas sociais como um todo, buscando novos caminhos para a educação,

através de uma atividade reflexiva, com uma administração escolar voltada para as

necessidades básicas e a realização do ser humano, tendo como base Dermeval

Savianni que diz:

Entendo, pois que o processo educativo é a passagem da desigualdade à igualdade. Portanto, só é possível o processo educativo em seu conjunto como democrático sob a condição de se distinguir a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade do nosso ponto de chegada.

2.4CARACTERIZAÇÃO DA CLIENTELA DO ESTÁGIO

A clientela atendida pela escola é bastante diversificada,

principalmente na idade que começa com 15 anos até aproximadamente 65 anos

(alunos provenientes da EJA). A maioria dos alunos é oriunda de famílias de baixa

renda, filhos de pais com pouca escolaridade e empregos de mão-de-obra não

qualificada; tem renda familiar em média de um a três salários mínimos; moram em

casas pequenas; 100% utilizam-se do sistema público de saúde; como meio de

comunicação tem acesso a internet pública (GESAC) e a televisão.

Quanto às atitudes em sala de aula, os problemas são comuns como

em todas as escolas, desatenção e desinteresse, para tentar resolver estes

problemas, a escola usa de todos os meios que dispõe, na maioria das vezes com

poucos resultados positivos, pois geralmente os problemas começam na família,

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pois parte dos alunos vivem em um meio onde não há participação efetiva dos pais

no desenvolvimento escolar dos filhos, ou mesmo na falta de perspectiva para o

futuro, pois a cidade não possui emprego para atender a grande demanda de jovens

que se formam todos os anos.

2.5REGÊNCIA – MARIA DE JESUS BARROS

Minha regência foi realizada no dia 01 de Dezembro de 2009, teve

início às 18h30min, inicialmente apresentei-me a turma, disse que estávamos ali

para a realização do Estágio Supervisionado II, e que teríamos como observadora a

professora Fátima Barroso, disse que o tema que havia sorteado para nossa dupla

era período, sujeito e predicado, que eu iria trabalhar período e a professora

Giovanna trabalharia sujeito e predicado. Expliquei para os alunos que esses

conteúdos haviam sido nos passado pela professora regente Joelma, que não tinha

sido nós que havíamos escolhidos.

Iniciei a aula dizendo que eles estavam recebendo uma folha com

ilustrações, nesta folha eles deveriam analisar e escrever frases com período

simples e período composto, ao receber as folhas percebi que estavam bastante

curiosos, fizeram muitas perguntas quanto aos desenhos e após 10 minutos todos já

estavam com suas frases prontas, recolhi as folhas e foram fixadas no mural de

recados da própria escola. Após o recolhimento das folhas, foi passado um vídeo

com imagens de crianças abandonadas ou em situações de trabalho infantil em

diversos lugares do mundo, apesar da dificuldade da leitura porque as letras eram

muito pequenas, quase todos os alunos realizaram pequenos trechos da leitura,

quando terminamos a leitura começamos a contextualizar o vídeo, por um breve

período todos participaram, fiz algumas perguntas e eles respondiam.

Passamos para a leitura do texto “Os direitos da criança”, todos tinham

uma cópia em mãos e fizemos uma leitura compartilhada, cada um dos alunos

deveria realizar a leitura de pequenos parágrafos, porém a grande maioria dos

alunos permaneceram calados. Após a leitura começamos a fazer comparações

entre o vídeo assistido e os parágrafos do texto lido, nesse momento houve uma

grande participação dos alunos, quase todos expuseram suas opiniões, aproveitei o

momento e fazia perguntas quanto ao texto lido, buscava observar se realmente eles

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tinham entendido a mensagem do texto que falava sobre os direitos das crianças,

enquanto que o vídeo mostrava o oposto.

Depois de algum tempo conversando sobre o texto, foi passado em

slide conceitos de frase, oração e período. Expliquei que o período não caminha

sozinho, está sempre dentro de uma frase ou oração, então conceituei período

simples e composto e pedi para que pudéssemos identificar os tipos de período

dentro do texto que havíamos lido. Todos se esforçaram muito para fazer essas

identificações, houve um momento de questionamento de alguns alunos sobre um

período que ficou confuso, nesse momento enquanto eu atendia outros alunos a

professora Giovanna explicou para esses alunos toda a problemática que havia

surgido. Quando lembrei-me das frases que os alunos haviam escrito no início da

aula, rapidamente fui e recolhi duas e fiz as leituras, dizendo qual era simples e qual

era composta, mas a sineta da escola já batia e indicava que a aula havia terminado,

já era momento do intervalo. Agradeci a todos e encerrei a aula.

Enfim, o momento de minha regência posso pontuar como positivo o

fato de não está nervosa, além de ter realizado todas as atividades como havia

planejado, e descobri que sou capaz de assumir uma sala de aula, que tudo só

depende de minha força de vontade. Quanto aos pontos negativos, posso dizer que

esperava bem mais participação dos alunos, descobri que existe um grave problema

de participação, ou melhor, falta de interesse de alguns alunos, além da timidez de

alguns, acredito que tudo isso é decorrente da metodologia ou falta de metodologia

para trabalhar com alunos provenientes da EJA.

2.6– CO-PARTICIPAÇÃO – MARIA DE JESUS BARROS

O momento de co-participação veio logo após minha aula, já estava

conhecendo melhor a turma e já sabia quais os alunos mais participativos, e os mais

quietos, calados. A estagiária Giovanna apresentou-se aos alunos e disse que

trabalharia sujeito e predicado. Fiquei com a responsabilidade de distribuir os textos,

ajudar os alunos no que fosse possível, apagar e acender as luzes no momento de

apresentação dos slides e lembrar à estagiária Giovanna quanto ao horário e

minutos para a realização das atividades.

Foi um momento calmo, todos já estavam mais adaptados, e não

houve nenhum contratempo, com exceção de um aluno que não retornou para a

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sala de aula após o intervalo, no mais tudo correu normal, com alguns alunos

participando dos questionamentos e outros calados e quietos como desde o início da

aula.

2.7CO- PARTICIPAÇÃO - GIOVANNA MARIA DE MATOS SOUZA

A fase de co-participação ocorreu dia 01 de Dezembro de 2009 e

totalizou 02 horas/aula. A estagiária Maria de Jesus Barros estava como regente, eu

tinha a função de ajudá-la na distribuição e recolhimento das atividades, manusear

os equipamentos informáticos e assessorá-la no que fosse possível para o bom

desenrolar de sua aula. Logo após o início da aula percebi que não seria tão fácil,

logo que os alunos não eram muito participativos, e tinham graves problemas de

leitura, muitas vezes tive que expor opiniões tentando estimulá-los a participar da

aula.

Foi um período muito importante no estágio, porque foi a partir desse

momento que percebi uma grande deficiência na aprendizagem dos alunos, vi que

muitos destes não apresentavam pré-requisitos necessários àquela série, e desta

forma já comecei a preocupar-me como seria o meu momento de regência.

Mesmo com todos os problemas, a aula seguiu seu ritmo monótono,

com exceção de uma atividade em que os alunos receberam folhas ilustradas, e

demonstraram bastante interesse na realização da atividade, no restante da aula os

alunos estavam lá, porém sem muito entusiasmo.

2.8REGÊNCIA – GIOVANNA MARIA DE MATOS SOUZA

Logo após o intervalo, exatamente as 08h20min teve início a minha

regência, confesso que estava nervosa, pois já tinha visto como era a participação

dos alunos na aula anterior. Sobre o olhar atento da professora Maria de Fátima

Barroso, apresentei-me para os alunos, fiz a leitura do tema a ser trabalhado (sujeito

e predicado) realizei ainda a leitura dos objetivos que era: Levar os alunos a

identificar os termos essenciais da oração; Reconhecer o sujeito e o predicado de

uma oração; Reconhecer os princípios de concordância que rege sujeito e

predicado; Classificar e reconhecer os tipos de sujeito e tipos de predicado. Iniciei a

aula contando uma história para que levassem os alunos a reflexão, o objetivo

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principal era despertá-los, tirá-los do comodismo, após o termino da história houve

um momento de contextualização, pelo menos nesse momento houve uma interação

da turma, logo que alguns disseram identificar-se com os personagens da história.

No segundo momento coloquei o áudio de uma paródia da música “A

raposa e as uvas” de Reginaldo Rossi, a paródia era intitulada “Sujeito e predicado”,

depois que a música terminou convidei-os para cantá-la, disse que colocaria o áudio

outra vez e passaria novamente a letra para que todos pudessem cantar, mas com

exceção de uma jovem que estava ao meu lado e tentou cantarolar uns pedacinhos

da música, os demais ficaram calados. Mesmo com todo o silêncio da turma

explique que a música falava sobre os tipos de sujeito e tipos de predicados, e que

esses seriam os assuntos que iríamos estudar a partir daquele momento.

A professora Maria de Jesus Barros (co-participação) distribuiu folhas

com o texto “Sujeito Predicado” de Marcelo Nocelli, enquanto isso eu explicava para

os alunos que através do texto poderíamos estudar a classificação do sujeito e do

predicado. Para iniciar os estudos solicitei a ajuda dos alunos para a realização da

leitura do texto e foi aí que realmente constatei a triste situação quanto ao nível de

leitura daqueles alunos. A razão de solicitar dos alunos a participação na leitura dos

textos, foi pela razão de fazer com que estes participassem da aula, além de

observar como estava o nível de leitura dos alunos. Mesmo com todas as

dificuldades, apenas um aluno não realizou a leitura, porém como alguns leram

muito baixo, refiz a leitura e comecei a fazer questionamentos sobre o título do texto,

após muita instigação alguns alunos começaram a dar opiniões, falar sobre o que

entenderam, nesse momento tive uma leve sensação de relaxamento, pensei

comigo mesma “até que em fim alguns alunos estão começando a reagir”.

Passamos para a leitura dos slides com conceitos e explicações do

tema “sujeito e predicado”, a cada conceito e explicação de um tipo de sujeito

solicitava dos alunos a identificação desse sujeito no texto que tinham em mãos,

como percebi que não localizavam com facilidade, eu mesma fazia a leitura de um

parágrafo onde estava localizado o sujeito que desejávamos e esperava que eles

me dissessem, alguns alunos começaram a participar mais efetivamente, mas como

sempre tinha um grupo que permanecia calado, e por mais que solicitasse a

participação destes, permaneciam calados.

Estava tão envolvida naquela tentativa de participação dos alunos que

não vi que as horas haviam se passado, nesse momento a colega estagiária Maria

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de Jesus Barros, avisou-me que acelerasse porque faltavam poucos mais de 20

minutos para o fim da aula, então tive que apressar a passagem dos slides e dar

apenas uma leve pincelada sobre os conceitos e exemplos dos tipos de predicados.

Entreguei uma folha com uma atividade de identificação do sujeito e predicado das

orações, e rapidamente alguns resolveram a atividade, outros, porém necessitaram

que eu os ajudasse, mais no fim todos fizeram corretamente. Como encerramento

da aula passei o vídeo motivacional “Nessum Dorma” e mesmo na ânsia de ir

embora pude perceber que todos ficaram emocionados, agradeci a presença,

paciência e colaboração de todos e encerrei a minha aula.

Quando todos saíram pude expor para a professora orientadora Maria

de Fátima Barroso, toda a minha frustração por causa desta aula, onde pude ter

certeza de todas as dificuldades que aqueles alunos possuem, observei alunos

apáticos, desmotivados, com sérios problemas de leitura, escrita e interpretação de

textos, mas pude perceber que o grande problema desses alunos é o tipo de ensino

que lhes foram transmitido, não houve uma preocupação com o que realmente

esses alunos proveniente da EJA necessitam. Mesmo com todos os problemas que

vislumbrei em sala de aula, não posso deixar de dizer que os objetivos foram

alcançados, tendo em vista que fizeram todas as atividades corretamente e pude

perceber que houve uma compreensão e entendimento quanto ao conteúdo

trabalhado.

Com base nas dificuldades encontradas nesta regência, pude fazer

uma reflexão sobre minha prática pedagógica ao logo dos anos como educadora, e

reconhecer que somos responsáveis por tão precários níveis de desenvolvimento

escolar, e se nós educadores não repensarmos nossas práticas pedagógicas,

dificilmente esses alunos conseguiram realizar leituras onde exista confronto de

informações, onde os poderão avaliá-las criticamente e tomar decisões cada vez

mais acertadas.

Para que o ensino de leitura possa acontecer de forma adequada, seria

interessante o atuar, por parte do professor, como mediador entre o texto, o autor e

os alunos, favorecendo a circulação de informações entre eles. Para aprender a ler,

é necessário interagir com uma diversidade de textos escritos, negociar o

conhecimento que já se tem e o que é apresentado pelo texto, recebendo incentivo e

ajuda de leitores experientes, e infelizmente pude constatar que esses alunos estão

longe de receber essas informações necessárias. Chamou-me atenção o fato dos

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alunos portarem-se apenas como ouvintes, enquanto que os Parâmetros

Curriculares Nacionais, afirmam que trabalhar com leitura, formar leitor competente

é:

Uma resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal. Fora da escola, não se lê só para aprender a ler, não se lê de uma única forma, não se decodifica palavra por palavra, não se responde a perguntas de verificação do entendimento preenchendo fichas exaustivas, não se faz desenho sobre o que mais gostou e raramente se lê em voz alta. Isso não significa que na escola não se possa eventualmente responder a perguntas sobre a leitura, de vez em quando desenhar o que o texto lido sugere, ou ler em voz alta quando necessário. No entanto, uma prática constante de leitura não significa a repetição infindável dessas atividades escolares. (Brasil, 1998, p. 69 -70).

Para concluir, chamo a atenção para a necessidade de se utilizar uma

diversidade de textos em sala de aula e, sobretudo, com os textos que circulam no

contexto social dos alunos. Considerando que a leitura deve ser mediada, acredito

que não há outra maneira de mediá-la, senão com a própria leitura.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio foi um período em que buscamos vincular aspectos teóricos

com aspectos práticos. Foi um momento em que a teoria e a prática se mesclaram

para que fosse possível apresentar um bom resultado. E, sobretudo perceber a

necessidade em assumir uma postura não só crítica, mas também reflexiva da

nossa prática educativa diante da realidade e a partir dela, para que possamos

buscar uma educação de qualidade, que é garantido em lei (LDB - Lei nº 9394/96).

Realmente não foi fácil esse estágio, encontramos diversas

dificuldades, começando pela falta da professora regente na cidade, nos impedindo

de realizar as observações necessárias para conhecermos as turmas, outro

problema foi o fato de alguns alunos não acreditar no trabalho dos estagiários,

tinham uma idéia de que estagiário não ensina, está lá apenas para adquirir nota.

Buscamos na medida do possível dar aulas dinâmicas, e passar para os alunos

através de conversas informais sobre a importância do estágio e do estagiário

Precisamos ter uma postura efetiva de um profissional que se preocupa

verdadeiramente com o aprendizado, que deve exercer o papel de um mediador

entre a sociedade e a particularidade do educando. Para Paulo Freire, devemos

despertar no educando a consciência de que ele não está pronto, aguçando nele o

desejo de se complementar, capacitá-lo ao exercício de uma consciência crítica de

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si mesmo, do outro e do mundo. Mas como fazer isso é o grande desafio que o

educador encontra, no estágio não foi diferente e busquei a cada momento ser mais

que professora ser uma educadora.

Mas sem dúvida alguma nosso aprendizado foi imenso, mesmo

terminando a aula com a cabeça doendo, exaustas e chateadas por causa da falta

de disposição de alguns alunos em participar dos debates, seja pelos pontos

positivos como, por exemplo, quando um aluno proveniente do Peru diversas vezes

nos chamou e fazia questionamentos quanto a como se escreviam determinadas

palavras em português, e também pelos negativos, como a fuga de um aluno na

hora do intervalo, a falta de participação de alguns alunos, mesmo assim, foi uma

experiência inesquecível, logo que foi através dessa experiência que pudemos

sentar conversar e nos questionar sobre nossos objetivos principais enquanto

educadora que somos, e mais do que nunca tivemos certeza do quanto à troca de

informações entre professores é essencial. Tivemos certeza de uma coisa: a cada

dia que passa adquirimos novas formas de ensinar e aprender, um desafio diário

que devemos aproveitá-los e transformá-los em oportunidades e desta forma o

faremos. Somente após a realização deste estágio conseguimos compreender

Sandra Azzi quando diz:

(É) muito difícil ao professor, sem condições de uma reflexão quer com outros professores, quer com autores, captar a essência de seu trabalho. A percepção que ele tem de seu trabalho, muitas vezes superficial, é afetada pelo conhecimento que apresenta sobre este, pela capacidade de usar este conhecimento e pela participação, consciente ou não, no processo de produção coletivo do saber pedagógico.

No decorrer das atividades para a realização do estágio, aprendemos

também que os professores, principalmente os de língua materna, precisam

considerar a linguagem como um fenômeno social, portanto, devem adequar suas

metodologias, numa análise crítica, através do uso da linguagem, para, a partir do

discurso, construir ou desconstruir a sua realidade, a sociedade à sua volta e o

mundo em que ele vive. É preciso refletir e reavaliar as práticas e os conteúdos.

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4. REFERENCIAIS

AZZI, Sandra. Trabalho docente: autonomia didática e construção do saber pedagógico. In: PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2000.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa.

Brasília: MEC/SEF, 1998.

___. Lei de diretrizes e bases da educação nacional (Lei nº 9.394/96: nova LDB. Rio de Janeiro: Dunya/Qualitymark, 1997.

FRANCISCO, C. M. e PEREIRA, A.S. Supervisão e Sucesso do desempenho do aluno no estágio, 2004. Disponível em internet. http://www.efdeportes.com/efd69/aluno.htm. Acesso em 08 Dez. 2009.

FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, Adriano. Que Fazer, Teoria e prática em educação popular, Petrópolis RJ: Vozes, Ed. 1989.

GUERRA, Miriam Darlete Seade. Reflexões sobre um processo vivido em estágio supervisionado: Dos limites às possibilidades, 1995. Disponível em internet. http://www.anped.org.br/23/textos/0839t.PDF. Acesso em 08 Dez. 2009.

LOMBARDI, Roseli Ferreira. Formação Inicial: Uma observação da prática docente por discurso de alunos estagiários do curso de Letra, 2005. Disponível em internet. http://www.congresso/ed2005.puc.c/pdf/ferreira%20lombardi.pdf. Acesso em 08 Dez. 2009.

SAVIANE, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo, Ed. Campinas-SP 1999.

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8. ANEXOS