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  • 5/21/2018 Relat rio Do Diagn stico Participativo s

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    Diagnstico pcomunidades d

    I

    REALIZAO: GrCons

    Relatriorticipativo sobre o usoentorno das Florestas

    taituba I, II e Trairo

    Agosto de 2011

    po de Trabalho sobre manejo de aaltivos das Flonas Itaituba I e Trairo

    o aa emacionais de

    os Conselhos

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    Equipe Tcnica de PlanejamentoAline Kellermann (M. Veterinria/ICMBio)Aline Lopes De Oliveira (Eng. Florestal/ICMBio)

    ureo Brianezi (Eng. Agrnomo/Vice-Presidente do Conselho da Flona de ItaitubaI/Coopancol)Bernadet Weiss (Consultora/GIZ)Cristina Sosninsk (Antroploga /SFB)Daniela Pauletto (Eng. Florestal/SFB)Edivan Carvalho (Tcnico Agrcola/IPAM)Genice Vieira (Eng. Florestal/ICMBio)Maria Jocilia Soares Da Silva (Eng. Florestal/ICMBio)

    Equipe Tcnica de ExecuoAline KellermannAline Lopes De Oliveiraureo BrianeziDaniela PaulettoMaria Jocilia Soares Da Silva

    Equipe de apoio para mobilizao, divulgao e logsticaEdilson Clemente (Conselheiro da Flona Itaituba I e Trairo/Coopancol)

    Edivan Carvalho (Tcnico Agrcola/IPAM)Pe. Arno Longo (Igreja Catlica Comunidade Campo Verde)Raimundo Gutierrez (Conselheiro da Flona Itaituba I e Trairo/Associao Comunitria TrsBueiras)Silvia Simarcuzzo (Jornalista/Projeto BR 163)

    RelatorasMaria Jocilia Soares Da SilvaDaniela PaulettoAline Lopes De OliveiraAline Kellermann

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    SUMRIO1. APRESENTAO .................................................................................................................. 1

    1.1 .................................................................................................................................... 2

    2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 23. OBJETIVO .............................................................................................................................. 2

    3.1 ........................................................................................................................... 2

    4. METODOLOGIA .................................................................................................................... 3

    4.1 ............................................................................................. 3

    4.2 .................................................................................................................................. 4

    5. RESULTADOS ....................................................................................................................... 4

    5.1 ................................................................................................................... 4

    5.1.1 .......................................................................... 9

    5.1.2 ..........................................................................10

    5.1.3 ....................................................................................10

    5.2 .......................................................................................................................................11

    5.2.1. .............................................................................................................................12

    5.2.2 ................................................................................................................................16

    5.2.3 .....................................................................................17

    5.3 ...................................................................................................19

    5.3.1 ..............................................................................................................................20

    5.3.2 ................................................................................................................................21

    5.4 ...............................................................................................................23

    5.4.1 ..............................................................................................................................24

    5.4.2 ......................................................................................26

    5.4.3 ................................................................................................................................29

    5.4.4 .......................................................................29

    5.5 ...........................................................................................................31

    5.5.1 ..............................................................................................................................31

    5.5.2 ................................................................................................................................33

    5.6 ...............................................................................................35

    6. ANLISE E DISCUSSES .................................................................................................. 39

    6.1 ...........................................................41

    6.2 ......................................................................................42

    7. CONCLUSES ..................................................................................................................... 43

    8. RECOMENDAES ............................................................................................................ 43

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    8.1 ....................................................................................................................43

    8.2 ......................................................................................................................................44

    8.3 ....................................................................................................................................44

    8.4 ..........................................................................................449. AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 4410. REFERNCIA BIBLIOGRFICA ....................................................................................... 4511. ANEXO ................................................................................................................................. 46

    ..................................................................................................................46

    ...............................................................................................................47

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Cartaz utilizado para divulgao das reunies do diagnstico nas comunidades ............ 4Figura 2. ureo Brianezi, Vice-presidente do conselho consultivo da Floresta Nacional deItaituba I fazendo a abertura do evento na comunidade de Trs Bueiras. ....................................... 5Figura 3. Daniela Pauletto, facilitadora, orientando o grupo que trabalha com a polpa do aa nacomunidade Trs Boeiras. ............................................................................................................... 6Figura 4. Cartaz com perguntas norteadoras para construo do desenho do ciclo do trabalhocom o aa . ...................................................................................................................................... 6

    Figura 5. Grupo dos consumidores construindo e apresentando o desenho do ciclo de trabalhocom o aa na comunidade Trs Boeiras. ........................................................................................ 6Figura 6. Desenho do ciclo de trabalho com o aa produzido pelo grupo denominadoconsumidores de aa na comunidade Trs Boeiras. ....................................................................... 7Figura 7. Apresentao do grupo que trabalha com a polpa do aa na comunidade Trs Boeiras.7 Figura 8. Cartaz do grupo que trabalha com a polpa do aa na comunidade Trs Boeiras. .......... 8Figura 9. Apresentao da equipe que trabalha com o palmito na comunidade Trs Boeiras. ....... 8Figura 10. Comunitrios observam mapas expostos nas paredes na comunidade Trs Boeiras. .. 11Figura 11. Moradores da Vila Planalto, em atividade de grupo, constroem a Linha da Vida dotrabalho da comunidade com o aa. ............................................................................................. 12

    Figura 12. Apresentao do grupo agropecuaristas (consumidores do aa) na Vila Planalto ..... 13Figura 13. Grupo que trabalha com a extrao e beneficiamento do aa na comunidade VilaPlanalto .......................................................................................................................................... 14Figura 14. Crianas da comunidade Vila Planalto apresentando seus desenhos sobre o aa. ..... 15Figura 15. Desenhos produzidos pelas crianas da Vila Planalto durante a oficina. .................... 15Figura 16. Desenho do grupo que trabalha com a extrao e beneficiamento do palmito na VilaPlanalto. ......................................................................................................................................... 18Figura 17. Apresentao do desenho do ciclo de trabalho com o aa na comunidade de VilaPlanalto. ......................................................................................................................................... 18Figura 18. Grupo que participou da oficina na Vila Planalto ........................................................ 19

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    Figura 19. Participantes do diagnstico na comunidade Bela Vista do Caracol ........................... 20Figura 20. Viveiro de aa na comunidade Bela Vista do Caracol. .............................................. 23Figura 21. Abertura do evento na comunidade Campo Verde ...................................................... 23Figura 22. Dinmica de apresentao dos participantes na comunidade Campo Verde ............... 24

    Figura 23. Comunitrios discutem e constroem a Linha da Vida na comunidade Campo Verde 24 Figura 24. Apresentao da Linha da Vida registrando os principais acontecimentos do trabalhocom o aa na comunidade Campo Verde ..................................................................................... 25Figura 25. Construo coletiva do desenho do ciclo de trabalho pelos grupos de trabalho nacomunidade Campo Verde ............................................................................................................ 27Figura 26. Grupos fazem apresentao do desenho coletivo do ciclo do trabalho com o aa nacomunidade Campo Verde ............................................................................................................ 27Figura 27. Desenhos do ciclo do trabalho com o aa na comunidade Campo Verde .................. 28Figura 28. Instalaes e vidros com palmito da Indstria de Alimentos k30, na ComunidadeCampo Verde, Itaituba. ................................................................................................................. 30

    Figura 29. Mudas de aa e sementes germinadas para produo no viveiro do Sr. Beloni,comunidade campo Verde, Itaituba. .............................................................................................. 30Figura 30. Participantes da oficina na comunidade campo Verde, Itaituba. ................................. 30Figura 31. Comunitrios da Vicinal do Cacau construindo a Linha da Vida ................................ 31Figura 32. Apresentao do desenho coletivo do trabalho com o aa na comunidade MonteDourado ......................................................................................................................................... 34Figura 33. Apresentao do desenho coletivo do trabalho com o aa na comunidade MonteDourado. ........................................................................................................................................ 35Figura 34. Grupo de participantes da oficina na Comunidade Monte Dourado ........................... 35 Figura 35. Matria divulgada no Boletim Interno do ICMBio, no 142, Ano IV, Braslia20/04/2011 ..................................................................................................................................... 36Figura 36. Matria divulgada no Boletim Interno do ICMBio, no 142, Ano IV, Braslia20/04/2011 ..................................................................................................................................... 37Figura 37. Matria divulgada no Boletim Interno do ICMBio, no 142, Ano IV, Braslia20/04/2011 ..................................................................................................................................... 38

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo extratores de palmito naComunidade Trs Bueiras ............................................................................................................... 9

    Tabela 2. Fraquezas e Ameaas pelo Grupo extratores de palmito na Comunidade Trs Bueiras . 9Tabela 3. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo Produtores de polpa de aa naComunidade Trs Bueiras ............................................................................................................. 10Tabela 4. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo Produtores de polpa de aa naComunidade Trs Bueiras ............................................................................................................. 10Tabela 5. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo Consumidores de aa. .................. 10Tabela 6. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo denominado Produtores de polpa de aana Comunidade Trs Bueiras ........................................................................................................ 11Tabela 7. Fatos histricos positivos apontados pelo grupo agropecuaristas (consumidores doaa) na Vila Planalto .................................................................................................................... 13

    Tabela 8. Fatos histricos negativos apontados pelo grupo agropecuaristas (consumidores doaa) na Vila Planalto .................................................................................................................... 13Tabela 9. Linha da Vida construda por grupo que trabalha coma extrao e beneficiamento dopalmito na Vila Planalto ................................................................................................................ 14Tabela 10. Linha da Vida construda por grupo que trabalha coma extrao e beneficiamento dopalmito na Vila Planalto ................................................................................................................ 14Tabela 11. Vantagens e oportunidades apontadas pelo grupo agropecuaristas na Vila Planalto. . 16 Tabela 12. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo agropecuaristas na Vila Planalto. ......... 16Tabela 13. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo de pessoas envolvidas com aextrao e beneficiamento do palmito na Vila Planalto ................................................................ 17Tabela 14. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo de pessoas envolvidas com a extrao ebeneficiamento do palmito na Vila Planalto ................................................................................. 17Tabela 15. Linha da Vida construda pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar . 20Tabela 16. Linha da Vida construda pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar. 21Tabela 17. Vantagens apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar. ....... 21Tabela 18. Oportunidades apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar. 21 Tabela 19. Fraquezas apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar. ........ 22Tabela 20. Ameaas apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar. ......... 22Tabela 21. Linha da Vida construda na comunidade Campo Verde ............................................ 25

    Tabela 22. Linha da Vida construda na comunidade Campo Verde ............................................ 26Tabela 23. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo da comunidade Campo Verde ..... 29Tabela 24. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo da comunidade Campo Verde .............. 29Tabela 25. Linha da Vida construda na comunidade Monte Dourado ......................................... 32Tabela 26. Linha da Vida construda na comunidade Monte Dourado ......................................... 32Tabela 27. Vantagens e oportunidades apontados pelo Grupo da comunidade Monte Dourado .. 33Tabela 28. Fraquezas e ameaas apontadas pelo Grupo da comunidade Monte Dourado ............ 33

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    1.APRESENTAO

    O presente relatrio apresenta os resultados do diagnstico participativo realizado emcinco comunidades localizadas ao longo da BR 163 que fazem parte do entorno das FlorestasNacionais (Flonas) de Itaituba I, II e Trairo. As comunidades que participaram das atividadesforam: Trs Bueiras, Vila Planalto, Bela Vista do Caracol, Monte Dourado e Campo Verdelocalizadas nos municpios de Itaituba e Trairo. Ao todo participaram 124 pessoas nas diferenteslocalidades.

    Durante os dias 12 a 16 de abril do ano de 2011 a equipe tcnica aplicou trsferramentas da metodologia DOP (Desenvolvimento Organizacional Participativo). DOP umconjunto de instrumentos que refora processos de mudana organizacional e foi elaborado apartir da demanda da GTZ (hoje GIZ) em 2000 para apoiar processos de desenvolvimento e

    fortalecimento das organizaes de base como comunidades, associaes, cooperativas e afins.A discusso sobre essa atividade iniciou nas reunies do Conselho Consultivo da

    Floresta Nacional de Itaituba I onde foi elaborado um plano de trabalho, juntamente com osconselheiros, com as aes e os responsveis para desenvolv-las ao longo do ano de 2011. OGrupo de Trabalho (GT) composto pelo Instituto Chico Mendes de Conservao daBiodiversidade (ICMBio), o Servio Florestal Brasileiro (SFB) e o Instituto de Pesquisa daAmaznia (IPAM) ficaro responsveis por realizar oficinas sobre manejo do aa. O grupo detrabalho em discusso com o vice-presidente do conselho, Senhor ureo Brianezi, entendeu queantes de planejar as oficinas seria interessante ouvir as demandas das comunidades atravs de umdiagnstico participativo. Assim, duas integrantes do GT (Daniela e Maria Jocilia) participaramde uma capacitao em Diagnstico Organizacional Participativo para conhecer ferramentas quepossibilitem diagnsticos participativos junto comunidades de base.

    As comunidades ao longo da BR 163 utilizam o aa nativo da regio, masultimamente est plantando a variedade do aa precoce (BRS Par), desenvolvida pela EmbrapaAmaznia Oriental. As sementes dessa variedade foram distribudas pela SAGRI (Secretaria daAgricultura do Estado do Par) e Secretaria da Agricultura do municpio de Itaituba. Valeressaltar ainda que na Amaznia ocorrem duas espcies de aa:Euterpe oleracea Mart. (aa detouceira) e Euterpe precatoria Mart. (aa solteiro) distribudas pelos estados do Par,Amazonas, Acre, Rondnia, Amap, Tocantins e Maranho (Leitman et al., 2010). SegundoNogueira e colaboradores (2006) a espcieEuterpe oleraceaMart. nativa da regio e o Estadodo Par o principal centro de disperso natural dessa palmcea.

    O aa uma espcie que vem sendo amplamente utilizada no s na Amaznia comem todo o pas. De acordo com os dados do SFB (2010) o segundo produto no madeireiroextrado das florestas naturais com aproximadamente 115,9 mil toneladas/ano. A espcie estinserida na lista de Produtos da Sociobiodiversidade e a polpa tem garantia de preo mnimo emprogramas governamentais. O aa vem ganhando diversos incentivos do governo na produo ecomercializao. Neste sentido e considerando a importncia social e econmica da espcie paraa regio da BR 163 realizou-se um diagnstico participativo sobre o uso do aa.

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    1.1 Contexto Social

    O IDH dos municpios foco deste estudo, de acordo com PNUD (2000), estclassificado como mdio-baixo, com exceo de Itaituba que alcana o nvel mdio-alto. A

    economia do local versa sobre atividades relacionadas agricultura familiar, pecuria eextrativismo madeireiro, sendo que o no-madeireiro necessita de fomento para a realizao deatividades sustentveis, principalmente no que se refere ao produto palmito de aa. A populaoresidente nas proximidades das Flonas oriunda, em geral, da regio norte e nordeste. O pblicoalvo do diagnstico foram agricultores familiares residentes em comunidades do entorno dasFlonas de Itaituba I, Itaituba II e Trairo que tem uma relao histrica com o uso do aa.

    2.JUSTIFICATIVA

    O aa vem sendo amplamente utilizado em todo pas, tanto a polpa do fruto como opalmito. Ao longo da BR163, em especial nos municpios de Trairo, Itaituba e Rurpolis huma produo significativa de palmito em conserva, que vem gerando renda para a populaolocal. No entanto, grande parte da produo desta regio no atende as normas legais pordiversos fatores.

    Apesar do uso intensivo desta espcie na regio existem evidentes limitaes defomento e capacitao que impedem o desenvolvimento da atividade atendendo os princpiosecolgicos e legais. A falta de conhecimento de prticas adequadas poder causar o usodesordenado deste recurso resultando em impactos em reas com grande sensibilidade ecolgicacomo as reas de preservao permanente.

    O uso adequado desta espcie poder significar melhoria qualidade de vida dascomunidades atravs do incremento da renda familiar e na qualidade nutricional da alimentao. necessrio que se promova alternativas de gerao de renda a partir dos recursos naturais noentorno das Florestas Nacionais, inseridas no Distrito Florestal Sustentvel da BR 163, comoforma de controle e consolidao destas unidades.

    3.OBJETIVO

    Levantamento de informaes sobre uso, manejo, tcnicas, limitaes e demaisaspectos relevantes em relao ao uso do aa (nativo e plantado) no entorno das Flonas Itaituba

    I, Itaituba II e Trairo.

    3.1 Objetivos Especficos

    a) Levantar informaes sobre a explorao, intensidade, tcnicas de manejo, produtosderivados, comercializao e rea utilizada para a explorao ou plantio do aa;

    b) Identificar as demandas (capacitao/fomento/treinamento) no tema;

    c) Identificar as dificuldades para legalizao da produo, armazenamento, transporte,beneficiamento, assistncia tcnicas entre outros

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    d) Levantar informaes sobre os benefcios resultantes do uso da espcie;

    e) Identificar as potencialidades/oportunidades/expectativas de uso da espcie;

    f) Levantar dados sobre o plantio de aa (nativo e Precoce) como vantagens, dificuldades e

    disponibilidade de mudas;g) Buscar informaes sobre os custos de produo;

    h) Levantar informaes sobre o recurso humano envolvido com a explorao da espcie.

    4.METODOLOGIA

    O diagnstico foi realizado atravs de ferramentas preconizadas pelo DOP divulgadoatravs da ORGANIPOOL (Pool de Organizadores no Contexto de Cooperao Internacional).Essa metodologia visa apoiar projetos de desenvolvimento e fortalecimento das organizaes de

    base como comunidades, associaes, cooperativas e afins. Utiliza-se de mtodo participativoonde considerada a percepo do pblico alvo. As ferramentas utilizadas na atividade foram:

    a) Linha da vida, visando identificar a convivncia ou histrico da comunidade com oaa (tempo que trabalham, pontos marcantes no trabalho, fatos que atrapalharam ou ajudaram aatividade);

    b) Desenho coletivo de todo ciclo de trabalho com o aa (Subgrupos);

    c) Matriz FOFA, que permite identificar os pontos fortes, as oportunidades, pontosfracos e ameaas apontados pela comunidade em relao ao tema abordado.

    Para atender as expectativas e alcanar os objetivos definidos foi necessrio direcionar

    perguntas bsicas para a conduo das ferramentas, apresentadas a seguir:Linha da vida (tempo): Quando comeou o trabalho ou uso do aa?; Quais os

    acontecimentos (positivos e negativos) que influenciaram direta ou indiretamente a produo oucoleta de aa?; Quais os acontecimento (positivos e negativos) na produo ou coleta de aateve uma influncia direta na vida da comunidade? e Existem fatos que atrapalharam ouajudaram a atividade e convivncia da comunidade?.

    Desenho coletivo do ciclo de trabalho: Qual a poca de produo? Quantas pessoasesto envolvidas? Trabalha pra fora comaa? feito mutiro em algum momento? Produtosextrados? Quantidade? Como feita a extrao? Como feita a comercializao? Quanto custaa produo? Qual o tamanho da rea utilizada? e na sua propriedade ou de terceiros?.

    Matriz FOFA: Hoje em dia, quais as principais vantagens (pontos positivos) dautilizao/explorao do aa para comunidade?; Hoje em dia, quais as principais dificuldades(fraquezas) para utilizao/explorao para a comunidade?; Quais as oportunidades oupossibilidades que o uso do aa poder trazer para a comunidade? e Quais as ameaas que o usodo aa poder trazer para a comunidade?.

    4.1 Estratgias de divulgao e mobilizao

    Alm da confeco de cartazes (Figura 1), que foram distribudos e fixados em pontos

    estratgicos nas comunidades (postos de sades, comrcios alimentcios, escolas, rodovirias,

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    etc.), o GT contou ainda com a mobilizao realizada pelos conselheiros da Flona Itaituba I eTrairo em suas cidades e comunidades no sentido de avisar o pblico-alvo e viabilizar espaopara a realizao do trabalho. Alm disso, foram envolvidas instituies locais para divulgao emobilizao das comunidades como o IPAM e Cooperativa Mista Agroextrativista do Caracol

    (COOPANCOL).

    Figura 1. Cartaz utilizado para divulgao das reunies do diagnstico nas comunidades

    4.2 Apoio financeiro

    Para viabilizar a atividade foram captados recursos para alimentao e dirias junto Coordenao de Produo do ICMBio.

    5.RESULTADOS

    5.1 Comunidade Trs Bueiras

    Na comunidade de Trs Bueiras, localizada as margens da BR 163, no municpio deTrairo, as atividades iniciaram a partir das 14:00 horas do dia 12 de abril de 2011 no barracocomunitrio. O senhor ureo Brianezi, vice-presidente do conselho consultivo da FlorestaNacional de Itaituba I, abriu o espao e solicitou que cada um se apresentasse (Figura 2).Explicou o que seria a atividade e apresentou os objetivos do diagnstico.

    Em seguida passou a palavra para Daniela Pauletto (SFB), facilitadora do grupo, que

    solicitou a diviso do grupo em trs subgrupos, de acordo com as atividades desenvolvidas

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    (extrao de palmito, produo da polpa do aa e consumidores de aa). A ferramenta utilizadanesse momento foi o desenho coletivo do ciclo do trabalho.

    Figura 2. ureo Brianezi, Vice-presidente do conselho consultivo da Floresta Nacional de Itaituba I fazendo aabertura do evento na comunidade de Trs Bueiras.

    As facilitadoras dos grupos orientaram e acompanharam a construo do desenho (Figura3). Os grupos utilizaram cartazes com perguntas norteadoras para elaborao do desenhocoletivo do ciclo do trabalho com o aa (Figura 4).

    Cada subgrupo apresentou seus trabalhos e pode-se observar toda a cadeia deproduo, o recurso humano envolvido e as tcnicas de manejo do aa.

    O primeiro grupo que apresentou o desenho foi o grupo dos consumidores (Figura 5).Observou-se no desenho o processo de colheita nos aaizais nativos e as ms condies dosvicinais (estradas que do acesso aos lotes) que dificultam o transporte do produto at a casa docomunitrio (Figura 6).

    O grupo informou que cada um trabalha por si, geralmente em uma rea de um a dois

    hectares e utilizam a extrao manual. Consomem tanto o palmito quanto o fruto, masinformaram que a poca de maior produo da polpa entre os meses de fevereiro a abril,perodo que realizada a colheita.

    O palmito do aaizeiro colhido o ano inteiro e a remunerao para o trabalho daextrao do produto de R$30,00 por dia. A comercializao do produto feita boca a boca.

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    Figura 3. Daniela Pauletto, facilitadora, orientando o grupo que trabalha com a polpa do aa na comunidade TrsBueiras.

    Figura 4. Cartaz com perguntas norteadoras para construo do desenho do ciclo do trabalho com o aa .

    Figura 5. Grupo dos consumidores construindo e apresentando o desenho do ciclo de trabalho com o aa na

    comunidade Trs Bueiras.

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    Figura 6. Desenho do ciclo de trabalho com o aa produzido pelo grupo denominado consumidores de aa nacomunidade Trs Bueiras.

    O segundo grupo, que trabalha com a polpa do aa, apresentou o processo deproduo da polpa (Figura 7). Este grupo foi mais sucinto nas consideraes. Relataram que aextrao do fruto realizada de forma manual, entre os meses de fevereiro a abril, sendonecessrias duas pessoas para a coleta.

    O material coletado transportado nas costas, dentro de cestos de cip, chamados de

    jamanxim. O grupo apontou como materiais bsicos para a produo da polpa, o pilo e apeneira. Ressaltaram que a falta de energia eltrica limita o trabalho da comunidade. Na figura 8observa-se com mais detalhes o desenho do grupo.

    Figura 7. Apresentao do grupo que trabalha com a polpa do aa na comunidade Trs Bueiras.

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    Figura 8. Cartaz do grupo que trabalha com a polpa do aa na comunidade Trs Bueiras.

    O terceiro grupo, que trabalha com a extrao de palmito, apresentou os principaispontos que envolvem a extrao (Figura 9). Os componentes deste grupo informaram queprimeiramente feito a extrao do fruto do aaizeiro e depois a extrao do palmito.

    A extrao quando o aaizeiro est na idade de trs a quatro anos. Ressaltaram tambm

    que h um cuidado no momento da extrao para que no sejam quebradas os estipes menores(aaizeiro pequenos) a fim de garantir a prxima extrao aps quatro anos. O trabalho feitoem mutiro (8 a 10 pessoas) que corta em mdia 800 cabeas de palmito por dia.

    Figura 9. Apresentao da equipe que trabalha com o palmito na comunidade Trs Bueiras.

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    As ferramentas utilizadas para a extrao so: faco, machado, jamanxim e para alocomoo utilizam preferencialmente motocicletas. A produtividade mdia de uma pessoa naextrao de 100 palmitos/dia. O extrator ganha R$60,00/dia pelo trabalho, porm com osdescontos pertinentes a execuo do trabalho (alimentao, materiais e transporte) o valor

    lquido restante R$ 30,00. O grupo ressaltou tambm que o valor da muda do aa custa emmdia R$ 2,20.

    A equipe relatou que h a necessidade de assistncia tcnica e de legalizao daproduo do palmito.

    Aps o intervalo os mesmos grupos formados no incio da atividade (consumidores,palmiteiros e produtores de polpa) construram a Matriz FOFA apresentando as vantagens(fortalezas ou pontos positivos), as oportunidades, as fraquezas (dificuldades ou pontosnegativos) e as ameaas do trabalho com o aa. Os principais pontos abordados pelos trsgrupos esto listados nas tabelas 1 a 6.

    5.1.1 Matriz FOFA - Grupo dos Extratores de Palmito

    Tabela 1. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo extratores de palmito naComunidade Trs Bueiras

    Vantagens (Fortalezas) Oportunidades

    O aa se recupera rpido e dobra aproduo com o rebroto

    Instalao de uma fbrica de palmito

    Aps 4 anos do corte de um palmital(aaizal) velho a produo dobra

    Obteno de mquinas despolpadeiras para obeneficiamento do fruto

    O palmito e o aa geram renda e ajuda nasubsistncia familiar

    A fbrica de palmito (indstria) gerar empregopara as pessoas da comunidade

    Transformao em adubo dos resduos doaaizeiro cortado

    Assistncia tcnica para o plantio e para acolheita

    Garantia de produo de 4 em 4 anos

    Incentivo do governo para o plantio do aa

    Tabela 2. Fraquezas e Ameaas pelo Grupo extratores de palmito na Comunidade Trs Bueiras

    Fraquezas (Dificuldades) Ameaas

    No ter liberao (legalizao) do palmitoSe tirar o palmito de 4 em 4 anos noaltera os palmitais (aaizais)

    Falta de estradas para o escoamento da produo Falta de conscincia na colheitaFalta de terra prpria Manejo incorretoNecessidade de recurso (ajuda do governo) para o cultivodo aa

    Risco de ser preso pela fiscalizaoambiental

    Necessidade de orientao para o reflorestamento(cultivo) com aaDificuldade de transporte devido fiscalizao doIBAMA, por isso o trfego feito escondido ou a noiteFalta de energia eltrica o que dificulta a utilizao demquinas (despolpadeira)

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    5.1.2 Matriz FOFA - Grupo dos Produtores de polpa

    Tabela 3. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo Produtores de polpa de aa naComunidade Trs Bueiras

    Vantagens (Fortalezas) Oportunidades

    Os aaizais nativos encontram-se em local de fcil acesso Melhora a renda na comunidade

    H em grande abundncia do produto in natura LegalidadeO produto possui tima qualidadeMo de obra disponvelRenda comunitria

    Manejo Sustentvel

    Tabela 4. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo Produtores de polpa de aa naComunidade Trs Bueiras

    Fraquezas (Dificuldades) Ameaas

    A falta da documentao legalizada daterra

    A ilegalidade

    A falta de um mercado local que dsuporte a produo

    Desrespeito a rea de Proteo Permanente - APP

    Falta de energia eltrica O furto do aa das propriedades

    Burocracia A falta de trafegabilidade das estradas, em especialpelo uso dos tratores

    Entrave na liberao dos planos demanejo Estradas alagadas

    Dependncia do atravessador e dos donosdos lotes

    5.1.3 Matriz FOFA - Grupo dos Consumidores

    Tabela 5. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo Consumidores de aa.Vantagens (Fortalezas) Oportunidades

    Gerao de rendaAuto-estima da comunidade com a melhoria daqualidade de vida

    Aperfeioamento das tcnicas, no emprego domanejo correto

    Trabalho em grupo

    Melhoria da sade/nutrio pessoal Renda familiarDesenvolvimento social e econmico Reflorestamento com o plantio do aaizeiroO advindo de eltrica nas comunidades

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    Tabela 6. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo denominado Produtores de polpa de aana Comunidade Trs Bueiras

    Fraquezas (Dificuldades) Ameaas

    Vicinal mal conservadaA possibilidade de contrair doena dechagas

    Continuidade na abertura de ramais para a retiradailegal

    Escassez da palmeira

    ArmazenamentoDanos ao meio ambiente devido extrao predatria

    Falta de apoio

    A falta de energia eltrica dificulta o processo dearmazenagem dos produtos

    No h transportes adequados (utilizam o jamanxim)

    Falta de logsticaFalta de assistncia tcnica

    Todos os grupos explicaram detalhadamente cada ponto apresentado e para finalizar asatividades na comunidade de Trs Bueiras a facilitadora Maria Jocilia Soares (ICMBIO)explicou ao grupo como seria feito a avaliao do evento e distribuiu fichas de avaliao. Emseguida deu oportunidade para a fala dos participantes. O senhor ureo Brianezi finalizouagradecendo a participao de todos.

    As Oficinas serviram de divulgao de informaes sobre polticas pblicas e unidades

    de conservao pois os participantes receberam materiais de divulgao e puderam discutir etirar dvidas baseados nos mapas expostos (Figura 10).

    Figura 10. Comunitrios observam mapas expostos nas paredes na comunidade Trs Bueiras.

    5.2 Vila Planalto

    As atividades nessa comunidade iniciaram s 9 horas do dia 13 de abril de 2011 nobarraco comunitrio. O senhor ureo iniciou a oficina dando boas vindas e pediu para que

    todos se apresentassem dizendo seu nome e qual era seu Estado de origem ressaltando, ao final,

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    que apenas 3 participantes eram do Estado do Par.

    Deu seqncia falando da importncia do aa e do palmito, falou sobre a possibilidadede fornecer aa e palmito para a merenda escolar e repassou o objetivo da oficina de fazer umdiagnstico. Ressaltou que esta era uma demanda do Conselho Consultivo da Floresta NacionalItaituba I.

    Maria Jocilia Soares (ICMBio) iniciou apresentando-se e orientando para a primeiradinmica de apresentao onde cada dupla apresenta seu colega. Aps as apresentaes DanielaPauletto (SFB) ressaltou que hoje seria feito um diagnstico e que o objetivo seria entender quaisas dificuldades que eles encontram com o aa e palmito para a partir disso poder buscarcapacitaes apropriadas ao momento em que a comunidade se encontra.

    5.2.1. Linha da Vida

    Maria Jocilia Soares solicitou que o grupo se dividisse em dois, sendo um grupo dosque trabalham com a extrao e beneficiamento do palmito e outro dos envolvidos com outrasatividades que neste caso se denominou agropecuaristas (consumidores de aa). Explicou comoseria construda a Linha da Vida onde a comunidade representaria os acontecimentos que aolongo do tempo que influenciaram no uso do aa (Figura 11).

    Para a construo da Linha da Vida utilizou-se perguntas norteadoras para facilitar acompreenso do grupo.

    Figura 11. Moradores da Vila Planalto, em atividade de grupo, constroem a Linha da Vida do trabalho da

    comunidade com o aa.

    O grupo dos agropecuaristas (consumidores do aa) iniciou a apresentao mostrandoo histrico da comunidade envolvendo o trabalho com o aa (Figura 12).

    Os fatos relatados pelo grupo foram divididos em coisas boas (pontos positivos) ecoisas ruins (pontos negativos) e foram elencados de acordo com o ano do acontecimento. Astabelas abaixo (7 e 8) resumem o trabalho do grupo.

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    Tabela 7. Fatos histricos positivos apontados pelo grupo agropecuaristas (consumidores doaa) na Vila Planalto

    Fatos histricos positivos

    1985Registro da comunidade Vila Planalto

    1992 Incio da extrao de palmito que trouxe benefcio para populao

    2008 Surgiu a idia de construir uma palmiteira para trazer trabalho para a comunidade2010 Abertura da fbrica de palmito que garantiu emprego para populao. Mesmo com a falta

    da documentao dos produtores a atividade ainda gera benefcios para a populao.

    Tabela 8. Fatos histricos negativos apontados pelo grupo agropecuaristas (consumidores doaa) na Vila Planalto

    Fatos histricos negativos

    Desde1992

    Mau aproveitamento da matria prima, principalmente na extrao do palmitoDificuldades para o fornecedor transportar o palmito at a fbricaProblemas com a documentao de terrasQueda do setor madeireiro trouxe pessoas para a extrao de palmito

    AtualmenteFalta de incentivo para extrao da polpa do aaFalta de energia eltrica dificulta a conservao da polpa

    Figura 12. Apresentao do grupo agropecuaristas (consumidores do aa) na Vila Planalto

    O segundo grupo, que trabalha coma extrao e beneficiamento do palmito, apresentoua Linha da Vida que foi dividida em pontos negativos e positivos (Figura 13). Os fatos maisimportantes apresentados esto listados nas tabelas 9 e 10.

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    Tabela 9. Linha da Vida construda por grupo que trabalha coma extrao e beneficiamento dopalmito na Vila Planalto

    Fatos histricos positivos

    1991 a 2011Incio da extrao do palmito

    2005 Instalao da fbrica gerando emprego para a comunidade.

    Tabela 10. Linha da Vida construda por grupo que trabalha coma extrao e beneficiamento dopalmito na Vila Planalto

    Fatos histricos negativos

    1991 a 2011Falta de regularizao fundiriaDificuldade para o escoamento do produto

    2005 Fiscalizao do IBAMA

    Figura 13. Grupo que trabalha com a extrao e beneficiamento do aa na comunidade Vila Planalto

    Segundo Seu Tonho h na Comunidade Vila Planalto em torno de 20 famlias e seconsiderando o entorno se estima em torno de 60. H uma escola municipal com ensinofundamental (E.M.E Fundamental Planalto) com cerca de 50 alunos. Falou da importncia dessaoficina e do ICMBio e o SFB estarem aqui para tambm dialogar com a comunidade e que afiscalizao s ruim para quem est ilegal. Um comunitrio chamado ndio disse que ogrande problema a falta de regularizao de terras e a fiscalizao que prejudica o trabalho.

    Seu ureo falou que esta discusso sobre a legalizao da extrao do palmito j estem andamento no ICMBio h uns 3 anos. Disse que ainda falta acertar os detalhes com a SEMApara essa questo da legalizao e que em breve eles sero informados. As discusses foramencerradas s 12:00 horas e os participantes convidados para almoar na casa do Seu Tonho.

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    As atividades da tarde iniciaram s 14:00 horas com a dinmica de grupo denominadan que foi orientada pela facilitadora Daniela Pauletto. Ao final da dinmica a facilitadora fezuma analogia da dinmica com a comunidade, onde quando todos esto dispostos a arranjar umasoluo, nesse caso desarmar o n, fica mais fcil resolver os problemas. Em seguida, explicou

    como seria a construo da Matriz FOFA pelos mesmos grupos formados pela parte da manh(agropecuaristas e trabalhadores na extrao e beneficiamento do aa). Utilizou perguntasnorteadoras para facilitar a compreenso dos grupos.

    Vale ressaltar que as crianas da comunidade tambm participaram das atividades,desenhando vrios cenrios do trabalho com o aa (Figura 14 e 15), de forma espontnea edivertida o que trouxe satisfao para a equipe executora da oficina.

    Figura 14. Crianas da comunidade Vila Planalto apresentando seus desenhos sobre o aa.

    Figura 15. Desenhos produzidos pelas crianas da Vila Planalto durante a oficina.

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    5.2.2 Matriz FOFA

    O grupo dos agropecuaristas apresentou a Matriz FOFA com os pontos expostos nastabelas 11 e 12.

    Tabela 11. Vantagens e oportunidades apontadas pelo grupo agropecuaristas na Vila Planalto.

    Vantagens (Fortalezas) Oportunidades

    Na maioria das terras (lotes) tem palmito (aaizal) Cursos de artesanato

    Aproveitamento de resduos para o tratamento deanimais

    Gerao de mais emprego

    Lugar rico em adubo orgnico para o plantio de hortas(agricultura)

    Unio para comercializao

    Procura (mercado) por palmito e polpa de aa Polpa de aa na merenda escolar

    Gerao de emprego na comunidade Reflorestamento com o plantio deaa

    Conscientizao do produtor para oplantio

    Tabela 12. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo agropecuaristas na Vila Planalto.

    Fraquezas (Dificuldades) Ameaas

    Dificuldade por falta de manuteno das estradas evicinais, falta de energia eltrica e comunicao

    Ficar escasso com a falta deaproveitamento

    Falta de recursos financeiros para beneficiar oaproveitamento do aa

    Invaso dos lotes para retirada de palmitopode gerar conflitos futuramente

    A entrega do produto depende do atravessador A falta de formao nos palmitais(aaizais) uma ameaa no futuro

    Falta de organizao da comunidade

    Dificuldade de comercializao

    Perda pela no utilizao da polpa e somente dopalmito

    Ningum planta e s corta (falta de plantio)

    Invaso dos lotes para extrao ilegal do palmito

    Um dos pontos destacados pelo grupo foi a falta de cooperao na comunidade,reclamaram da falta de uma liderana na comunidade para reivindicar solues e que acomunidade tem que ser mais ativa. Ressaltaram que os pecuaristas deveriam deixar pelo menos100 metros de aaizal para segurar a gua, alm de enfatizar que as aes de promoo dalegalizao deveriam anteceder as de fiscalizao.

    O grupo dos que trabalham com a extrao e beneficiamento do palmito apresentarama seguinte Matriz contida nas tabelas 13 e 14.

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    Tabela 13. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo de pessoas envolvidas com aextrao e beneficiamento do palmito na Vila PlanaltoVantagens (Fortalezas) Oportunidades

    Utilizao de mo de obra femininaGerao de empregos e mais desenvolvimento paraa comunidade

    Melhoria da qualidade de vidaMelhoria da comunicao, das estradas e acesso aenergia eltrica e a financiamentos

    Garantia de alimentao e mais conforto,diverso e lazer para as famlias

    Instalao de novas indstrias palmiteiras

    Homem no campo e gerao de empregoMelhora a auto-estima das pessoas dacomunidadeGerao de renda

    Tabela 14. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo de pessoas envolvidas com a extrao ebeneficiamento do palmito na Vila Planalto

    Fraquezas (Dificuldades) Ameaas

    Condies de trabalho ruim (os extratores ficam vrios dias morandoem barracas de lona)

    Extrao incorreta

    Dificuldade para o transporte, manuteno das estradas e vicinaisDoenas de barbeiro(Chagas)

    Falta de organizao na educao, administrao e cooperao na

    comunidadePecuria

    Falta de legalizao e documentao da terra Enxurradas

    Falta de assistncia mdica Aterros.

    Fiscalizao

    5.2.3 Desenho do Ciclo Coletivo de Trabalho

    Daniela Pauletto (SFB) prosseguiu orientando para a prxima atividade que seria odesenho do ciclo coletivo do trabalho com o aa e palmito. Perguntou se a comunidade estavadisposta a continuar os trabalhos ou se achava melhor encerrar as atividades. A comunidademanifestou-se a favor da realizao da atividade proposta.

    O grupo que trabalhava com a extrao e beneficiamento apresentou o desenho dociclo coletivo do trabalho com o aa (Figura 16). Este grupo informou que o processo de corte artesanal, onde 1 cortador corta de 100 a 300 cabeas de palmito por dia e ganha em torno de R$0,50 por cada cabea. O dono do lote ganha R$ 0,25 por cabea de palmito cortado. A palmiteirada comunidade produz cerca de 80 mil vidros de 300gr de palmito por ms e ainda poderiaproduzir muito mais, mas falta mo de obra. Segundo comunitrios, os melhores cortadores depalmito so da Ilha do Maraj e Macap.

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    Figura 16. Desenho do grupo que trabalha com a extrao e beneficiamento do palmito na Vila Planalto.

    O segundo grupo representou no desenho onde o dono do lote ganha R$ 0,10 porcabea de palmito cortada e o cortador recebe cerca de R$ 0,60 por cabea de palmito (Figura17). Informaram que na fbrica de palmito da comunidade, atualmente trabalham sete mulheresna rea de envase (embalagem) e quatro homens no descasque do palmito. O salrio pagomensalmente independente da demanda de trabalho, tendo dias que ficam na fbrica s paracumprir horrio.

    Figura 17. Apresentao do desenho do ciclo de trabalho com o aa na comunidade de Vila Planalto.

    Maria Jocilia Soares (ICMBio) orientou sobre a ltima atividade que seria a avaliaoda oficina, distribuiu fichas e em seguida cada participante fez sua avaliao. Foi aberto espaopara os participantes manifestarem-se sobre suas percepes em relao oficina. O gerente da

    palmiteira da comunidade ressaltou que importante que todos possam crescer juntos. A oficina

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    na Vila Planalto contou tambm com a presena de moradores da Vila Jamanxim.

    Figura 18. Grupo que participou da oficina na Vila Planalto

    5.3 Comunidade Bela Vista do Caracol

    O senhor ureo Brianezi, vice-presidente do Conselho da Floresta Nacional de Itaituba

    I, iniciou o evento s 10:00 do dia 14 de abril de 2011 no barraco da cooperativa MixtaAgroextrativista do Caracol/COOPAMCOL. Informou o objetivo do diagnstico participativosobre o uso do aa e relembrou que a mesma atividade foi realizada nas comunidades de TrsBueiras e Vila Planalto e que ainda acontecer nas comunidades de Campo Verde no km 30 e emMonte Dourado no vicinal do cacau. Para apresentao dos participantes foram formadas duplase cada um entrevistava o outro e em seguida a apresentao para a plenria. Alguns participantesinformaram que pretendem plantar aa em seu lote (propriedade). Os participantes so oriundosdos estados de So Paulo, Esprito Santo, Maranho, Par e Rio Grande do Sul.

    Daniela Pauletto (SFB) orientou o grupo a construir a Linha da Vida informando osprincipais acontecimentos em relao ao trabalho com o aa na comunidade. Os participantesrelataram que hoje esto retirando palmito com intervalo de um ano e meio, sendo que orecomendado 3 anos, com isso a comunidade passou a ter problemas com a escassez de palmitoa partir do ano de 2009. Diante disso a comunidade comeou a plantar aa, sendo que o plantiomais antigo de Seu Valrio que comeou a plantar em 2007. Outro problema apontado pelogrupo o roubo de palmito atravs de invaso nos lotes.

    Os participantes informaram que as mudas do aa nativo se desenvolvem maisrpido e mais produtivo do que o aa precoce (BRS/Par), mas falta orientao tcnica,principalmente para os extratores que acabam tirando os palmitos mais finos e acabamdestruindo o aaizal. Moradores da Vila do Tucunar informaram que esto aproveitando a polpado aa.

    Nessa comunidade foi formado apenas um nico grupo devido o nmero reduzido de

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    participantes (Figura 19). Os principais acontecimentos foram divididos em positivos e negativospara construir a Linha da Vida da comunidade e esto apresentados nas tabelas 15 e 16.

    Figura 19. Participantes do diagnstico na comunidade Bela Vista do Caracol

    5.3.1 Linha da Vida

    Tabela 15. Linha da Vida construda pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar

    Fatos histricos positivos

    1993

    Incio da extrao do palmito e abertura da vicinal n 24, constatou-se a melhoria daqualidade de vida dos colonos que largavam a roa para extrair palmito e vender paracomprar alimentos. O palmito custava R$0,15 a cabea e depois que aumentou o preodo palmito para R$0,30 os donos dos lotes comearam a cobrar pela extrao, sendoR$0,5 por cabea;

    1996 Abertura do ramal n 24

    2000Abertura de duas fbricas (palmiteira) no Caracol e at nos dias de hoje abertura deestradas pelos madeireiros. Melhorou o preo do palmito.

    2004 Fcil acesso de moto na vicinal do 272004at2011

    Pagamento para o dono do lote: em 2004 era de R$ 0,3; 2006 de R$ 0,5 e 2011 de R$0,10 a 0,15 por cabea de palmito

    2007Seu Valrio comea a fazer um viveiro de aa e os palmiteiros comearam a usar motopara entrar nos vicinais

    2009 Prefeitura recuperou as vicinais

    2010 Distribuio de sementes de aa BRS/Par atravs da Secretaria da Agricultura do Par

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    (SAGRI) e Secretaria Municipal da Agricultura de Itaituba (SEMAGRA)

    Tabela 16. Linha da Vida construda pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar.

    Fatos histricos negativos

    1990 a 2000Dificuldade de acessoO transporte era feito no Jamanxim e ocorria desperdcio de palmito devido adistncia do local de extrao at a fbrica em Miritituba/Municpio de Itaituba

    2004 Fechamento de uma fbrica2005 athoje

    Invaso nos aaizais e aumento do roubo de aa na vicinal 27

    2006 athoje

    Fiscalizao do IBAMA

    2009 O palmito ficou distante e cada vez mais difcil para a extrao2010 Nem todos os produtores foram beneficiados pela distribuio de sementes2011 Falta de incentivo para essa atividadeAtualmente Falta de assistncia social (aposentadoria)

    Um comunitrio informou que a seleo das mudas pode ser feita no canteiro e que oaa precoce engrossa mais rpido. Relatou que o plantio direto melhor para o desenvolvimentodo aa e que o plantio no copo ou no saco abafa a raiz. Os comunitrios solicitaram queaumentasse a distribuio de sementes pelos rgos governamentais.

    Daniela Pauletto (SFB) perguntou para o grupo se poderiam construir a Matriz FOFA

    juntamente com a Linha da Vida porque estavam surgindo vrios pontos que seriam abordadosna Matriz e se o grupo deixasse para outro momento a informao poderia ser perdida. O grupoconcordou, pois entendeu que uma informao falada nem sempre volta em outro momento.

    5.3.2 Matriz FOFA

    No perodo da tarde realizou-se uma dinmica para motivar a construo da MatrizFofa, denominada dinmica do n e na seqncia deu-se continuidade na construo daMatriz. Os resultados esto expressos nas tabelas 17 e 18.

    Tabela 17. Vantagens apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar.

    Vantagens (Fortalezas)

    O aa de adapta em qualquer lugarO aa nativo melhor que o precoce

    Trabalho garantido o ano todoJ existe dilogo entre palmiteiros atravs da COOPAMCOL, em parceria com rgos dogoverno, para emitir notas

    Tabela 18. Oportunidades apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar.

    Oportunidades

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    Aumento da distribuio de sementesAproveitamento de sementes da despolpa para plantarOs produtores e agricultores devem selecionar as sementes das melhores plantas

    Assistncia tcnica para o plantio de aaAproveitamento da polpa do aa-do-morroFazer plantio para testar o aa-do-morroCom a legalizao fica mais fcil denunciar quem estiver trabalhando ilegal Curso de legislao sobre o aaTrazer informao sobre leis na linguagem da comunidadeFacilitar a legalizao do palmitoEmisso de nota fiscal pela SEFA e COOPERATIVANota fiscal do produtor d mais garantia

    Necessidade dos palmiteiros se associarem (Cooperativas/Sindicatos/Associao)Esclarecimento sobre cooperativismo e associativismo

    Tabela 19. Fraquezas apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar.

    Fraquezas (Dificuldades)

    Falta de informao para o palmiteiro se aposentar

    Desequilbrio ecolgico

    A polpa do aa precoce no rende como o nativo

    O palmito do aa do morro no bom Precisa legalizar antes de fiscalizarDificuldade para informao e conseguir a nota do produtorOs toyoteiros so desunidosFalta de conscincia ambientalNo h garantia para o comercio da polpa do aa na regio

    Tabela 20. Ameaas apontadas pela comunidade Bela Vista do Caracol e Vila Tucunar.

    Ameaas

    Invaso de aaizalExtrao de qualquer jeito pode acabar com o aaizal

    Ao trmino da oficina alguns participantes se dirigiram ao viveiro do Sr. NiloFrancisco dos Santos, que gentilmente ofereceu as instalaes para que o grupo pudesse ver asmudas de aa que est produzindo (Figura 20).

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    Figura 20. Viveiro de aa do Sr. Nilo Francisco dos Santos na comunidade Bela Vista do Caracol.

    5.4 Comunidade Campo Verde

    Na comunidade do Campo Verde, conhecida tambm com km 30, localizada nomunicpio de Itaituba, o Senhor ureo deu abertura oficina explicando de onde surgiu a idiade se fazer um diagnstico sobre o uso do aa e informou que foi uma demanda do grupo detrabalho do Conselho Consultivo da Floresta Nacional Itaituba I (Figura 21). Falou que dodiagnstico seria um relatrio que ser encaminhado s autoridades competentes e outra cpiaser encaminhada para as comunidades envolvidas. Agradeceu a parquia pelo espao cedidopara a realizao do diagnstico. Solicitou que cada um entrevistasse o colega ao lado e depoisapresentasse ao grupo (Figura 22).

    Figura 21. Abertura do evento na comunidade Campo Verde

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    Figura 22. Dinmica de apresentao dos participantes na comunidade Campo Verde

    5.4.1 Linha da Vida

    Maria Jocilia Soares (ICMBio) solicitou que o grupo se dividisse em dois grupos parafacilitar o desenvolvimento das atividades. Orientou como seria a primeira dinmica, a

    construo da Linha da Vida, onde os participantes relatariam os acontecimentos queinfluenciaram o trabalho do aa na comunidade (Figura 23).

    Figura 23. Comunitrios discutem e constroem a Linha da Vida na comunidade Campo Verde

    Foi utilizado perguntas norteadoras para facilitar a compreenso do grupo e osacontecimentos foram divididos em positivos e negativos. Os grupos apresentaram suaconstruo histrica da comunidade para a plenria onde abriu-se uma discusso sobre os fatosabordados (Figura 24).

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    Figura 24. Apresentao da Linha da Vida registrando os principais acontecimentos do trabalho com o aa nacomunidade Campo Verde

    A seguir os principais acontecimentos apontados pelos grupos que influenciaram otrabalho com o aa na comunidade Campo Verde esto listados nas tabelas 21 e 22.

    Tabela 21. Linha da Vida construda na comunidade Campo Verde

    Fatos histricos positivos

    1985 Incio da atividade com o palmito. Primeira fbrica de palmito instalada na FazendaMaloquinha, de propriedade do Seu Gensio

    1999 a2000

    Chegada do Linho garantindo o acesso energia eltrica

    1998 a1999

    Instalao de fbrica e extrao de palmito entregue em Miritituba/Municpio deItaituba

    2001 Construo de fbrica de palmito no km 30

    2001 a2002

    Abertura do vicinal do Brabo (vicinal do cacau)

    2005 Incio da atividade da fbrica (palmiteira) no km 30

    2006 Embrapa desenvolve a mudado aa precoce BRS/Par2008 Incio do reflorestamento com o aa na propriedade do senhor Beloni. Produo de

    mudas

    2010 Mudana na legislao (mais rapidez)2011 Apesar de todos os problemas e falta de recursos os viveiros vem gerando emprego e

    renda aos agricultores

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    Tabela 22. Linha da Vida construda na comunidade Campo Verde

    Fatos histricos negativos

    1985 a

    2000

    Estradas em condies inadequadas (Rodovia Transamaznica)

    1998 Surto Botulismo. Palmito clandestino1999 Problemas com a extrao ilegal e a falta de legalizao1998 a2006

    Criao de unidades de conservao

    2011 Problemas para os agricultores pelas condies das estradas, falta de energia eltrica,educao, sade e transporte. Falta de incentivo para a construo de viveiros,transporte e plantio de aa

    5.4.2 Desenho Coletivo do Ciclo de trabalho

    Maria Jocilia (ICMBio) encaminhou as atividades explicando que a prximadinmica seria a construo do desenho coletivo do ciclo do trabalho. Foram utilizadas perguntasnorteadoras para facilitar a compreenso dos participantes.

    Os mesmos grupos construram e, aps o almoo, apresentaram os desenhosrepresentando o dia a dia do trabalho com o aa (Figura 25 a 27). Antes das apresentaes ogrupo participou de uma dinmica que consistia em desfazer um n formado pelos participantes.Essa atividade foi conduzida pela facilitadora Daniela Pauletto (SFB) que ao final fez umacomparao com os problemas da comunidade, explicando que a unio dos comunitrios facilitapara encontrar a soluo das dificuldades.

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    Figura 25. Construo coletiva do desenho do ciclo de trabalho pelos grupos de trabalho na comunidade Campo

    Verde

    Figura 26. Grupos fazem apresentao do desenho coletivo do ciclo do trabalho com o aa na comunidade CampoVerde

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    Figura 27. Desenhos do ciclo do trabalho com o aa na comunidade Campo Verde

    Os grupos informaram, atravs da ferramenta do desenho coletivo, que cada cortadorrecebe em media R$ 0,40 por cabea de palmito e o dono do lote ganha R$ 0,50 por cabea depalmito. Cada Toyota carrega de 1200 a 1500 cabeas e ganha R$ 1,90 por cada vidro de 300grproduzido. J no viveiro cada trabalhador ganha R$ 0,10 por saquinho de muda produzido.Relataram que o ciclo do aa do viveiro ao corte leva cerca de 4 a 5 anos para produzir opalmito e cerca de 3 a 4 anos para produzir a polpa. A fbrica do K30 conta atualmente com 20empregados diretos. A produo hoje da fabrica de 30.000 cabeas.

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    5.4.3 Matriz FOFA

    Daniela Pauletto (SFB) orientou os comunitrios para a elaborao da Matriz FOFA,onde apontariam as fortalezas ou pontos positivos, as oportunidades, as fraquezas ou pontos

    negativos e ameaas em relao ao uso do aa. O grupo discutiu os principais fatores quedeveriam ser registrados e em seguida apresentou para a plenria as informaes contidas nastabelas 23 e 24.

    Tabela 23. Vantagens e oportunidades apontadas pelo Grupo da comunidade Campo Verde

    Vantagens (Fortalezas) Oportunidades

    Emprego e renda Pesquisa por estrangeiros

    Pesquisas sobre o aa Instalao de despolpadeira

    Desenvolvimento da comunidade Criao do municpio Campo Verde

    Cultura permanente Instalao de novas empresas

    Criao de novos empregosRegularizao de novos viveiros

    Tabela 24. Fraquezas e Ameaas apontadas pelo Grupo da comunidade Campo Verde

    Fraquezas (Dificuldades) Ameaas

    Falta de documentao de terras Patente por estrangeiros

    Corte sem critrios Falta de capacitao (extrao e viveiros)

    Estradas precrias Desenvolvimento descontrolado

    Falta de capacitao Falta de educao adequada

    Falta de saneamento bsico Obras no acabadas

    Pssimas condies de trabalho no campo Falta de organizao

    5.4.4 Visitas realizadas na Comunidade Campo Verde

    Durante o intervalo entre atividades alguns participantes (Figura 30) aproveitaram otempo para fazer visitas informais, na busca de mais informaes sobre a produo do aa, at aindstria de alimentos k30 (Figura 28) e ao viveiro do Sr. Beloni, na Madeireira Madelaminas,que tem produo de mudas de aa (Figura 29). As visitas foram acompanhadas por

    trabalhadores da indstria e do viveiro e alguns envolvidos nas atividades do diagnstico.

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    Figura 28. Instalaes e vidros com palmito da Indstria de Alimentos k30, na Comunidade Campo Verde, Itaituba.

    Figura 29. Mudas de aa e sementes germinadas para produo no viveiro do Sr. Beloni, comunidade campo Verde,Itaituba.

    Figura 30. Participantes da oficina na comunidade campo Verde, Itaituba.

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    5.5 Comunidade Monte Dourado

    Na comunidade Monte Dourado, localizada na vicinal do cacau, municpio de Itaituba,o senhor ureo iniciou o evento s 10:00 horas do dia 16 de abril de 2001 na escola Municipal

    Monte Dourado no vicinal do cacau. Parabenizou a comunidade pela manuteno da escola.Explicou os objetivos do diagnstico e como seria realizado e ressaltou a importncia do aa naalimentao das comunidades. Informou que existe uma lei que obriga a prefeitura a comprar30% da alimentao escolar dos agricultores do municpio. Solicitou que os participantes seapresentassem falando o nome e a origem, verificou-se que a maioria era dos Estados doMaranho e Par.

    O apresentador explicou como os participantes deveriam construir a Linha da Vida,registrando os principais acontecimentos que influenciaram no trabalho da comunidade com oaa. Em seguida os comunitrios discutiram e construram a Linha da Vida (Figura 31).Paralelamente foi elaborada a Matriz FOFA visto que os comunitrios estavam envolvidos nadiscusso e apontando vrios fatores positivos e negativos que influenciam no trabalho com oaa.

    Figura 31. Comunitrios da Vicinal do Cacau construindo a Linha da Vida

    5.5.1 Linha da Vida

    Os acontecimentos da Linha da Vida foram divididos em positivos e negativos. Aseguir os principais fatos relatados pelos comunitrios esto contidos nas tabelas 25 e 26.

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    Tabela 25. Linha da Vida construda na comunidade Monte Dourado

    Fatos histricos positivos

    1998 Abertura da vicinal e incio da extrao do aa nativo1999 Criao da cooperativa na comunidade1999 a 2011 O aa utilizado na alimentao e gera renda para a comunidade1999 a 2011 A partir do cultivo do cacau a cooperativa foi reativada2002 Inaugurao da escola na comunidade

    Os comunitrios informaram que os principais produtos comercializados so: cacau,cupuau. farinha, bananas e bois. Extraem vinho do aa (suco e polpa) que feito pelasmulheres e colhido pelos homens da comunidade (pais e filhos). Relataram que na regio existeuma quantidade abundante de aa e que tem aa precoce e nativo.

    Atualmente a cooperativa est se regularizando para conseguir benefcios do governo.Os comunitrios perceberam que precisam se organizar para buscar as solues para os

    problemas.

    Tabela 26. Linha da Vida construda na comunidade Monte Dourado

    Fatos histricos negativos

    1998 a 2011 Necessidade de energia eltrica na vicinal para conservao dos produtos2000 a 2001 Cooperativa inoperante2002 a 2011 Falta de reforma na escola2011 Necessidade de obras de manuteno na vicinal para escoar produtos

    Cooperativa permanece irregular (sem documentos)

    1998 a 2011 Mortes na vicinal por questes fundirias

    Os comunitrios informaram que a escola foi contemplada com R$ 12.000,00 maisno recebeu o recurso porque a prefeitura estava inadimplente. A comunidade s recebepromessas das pessoas autoridades, mas nada acontece. De acordo com os moradores do jeitoque est a vicinal e sem energia eltrica no adianta pegar a semente de aa para cultivar.Relataram que os lotes no esto demarcados e que as mortes que aconteceram na vicinal erambriga por terra.

    Outra questo apontada pelos comunitrios foi a criao do PDS Esperana, segundoeles o perfil dos residentes mais adequado para a categoria de Projeto de Assentamento (PA) doque para PDS e que no houve orientao quando foi criado o PDS Esperana do Trairo. Almdisso os lotes no foram demarcados. O PDS foi criado no entorno da Floresta Nacional doTrairo. Dona Lindalva (presidente da comunidade) falou das dificuldades para escoar osprodutos que so produzidos na comunidade e que acabam estragando, principalmente pelascondies das estradas, falta de energia eltrica e falta de transporte. A comunidade pensa emcomprar uma despolpadeira, mas a falta de energia acaba com os planos. Desde 2009 aguardam achegada da energia eltrica.

    Alguns agricultores informaram que pegaram financiamento para produo de cacau,mas a plantao est produzindo pouco. Eles acreditam que o solo no bom para o plantio docacau (solo arenoso). Outros disseram que o solo das terras da regio diferente e que encontram

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    at solo vermelho preto dentre outros e que precisam melhorar o solo para ter um bom plantio.Seu Joo Costa ressaltou que falta o manejo correto do cacau e que a pouca produo no spelo tipo de solo e que falta maior emprenho dos agricultores.

    Seu Fogoi disse que pretendia plantar pupunha e aa, mas o tcnico do banco e daCEPLAC disseram que no tinham tcnicos para essas culturas. Segundo os agricultores aCEPLAC e o Banco colocam dificuldade para liberar semente de cacau por causa do solo.

    5.5.2 Matriz FOFA

    Na Matriz FOFA dessa comunidade no foi registrado nenhuma ameaa. A seguir osprincipais pontos abordados pelos comunitrios esto contidos nas tabelas 27 e 28.

    Tabela 27. Vantagens e oportunidades apontados pelo Grupo da comunidade Monte Dourado

    Vantagens (Fortalezas) Oportunidades

    Trabalho envolve toda a famlia Instalao de motor e despoldadeira na comunidade

    O aa utilizado na alimentao Ter freezer e cmara fria no km 30Comunidade organizadaTem experincia com aaAa nativo produz mais que o precoce

    Tabela 28. Fraquezas e ameaas apontadas pelo Grupo da comunidade Monte Dourado

    Fraquezas (Dificuldades) Ameaas

    Falta de estradas e energia Precisam de ajuda para no perder a futuraproduo dos plantios de aa

    Muita perda devido aos produtos seremperecveis

    Comunidade localizada no entorno de Flona

    O aa demora muito para produzir (4 a 5anos)

    O governo deveria primeiro estruturar paradepois trazer projetos

    Dependncia do atravessador

    Polpa do aa precoce mais amargaSolo muito arenoso para plantio

    Falta de estrutura

    A ltima dinmica na comunidade foi a construo e apresentao do desenho coletivodo ciclo de trabalho com o aa (Figura 32 e 33). No desenho observou-se todo o processo desdea colheita at o beneficiamento e tambm as dificuldades apontadas anteriormente peloscomunitrios.

    A poca de produo do aa de dezembro a maio sendo o auge produtivo nos meses

    de maro a abril. A comunidade tem cerca de 5 mil ps de aa plantado sendo precoce e nativo.

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    Afirmam que existe o aa nativo de duas qualidades: o aa gorduroso ou de leite eo aa de leo, que produzem na mesma poca. O aa de leite o melhor para comercializar pois mais consistente (grosso) e ocorre em maior quantidade. Informaram que o aa gorduroso tambm encontrado na mata juntamente com os outros, mas o vinho mais fino. Essa diferena

    (gorduroso) percebida quando tiram (preparam) o vinho.Nesta comunidade a cabea de palmito vale 0,30 para o dono da terra enquanto o

    cortador recebe 0,20 por unidade retirada. O transportador vende para a indstria a R$ 1,00 porunidade. O vidro de palmito (300g) e vendido por R$ 6,00.

    Figura 32. Apresentao do desenho coletivo do trabalho com o aa na comunidade Monte Dourado

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    Figura 33. Apresentao do desenho coletivo do trabalho com o aa na comunidade Monte Dourado.

    Aps a apresentao do grupo, Seu ureo encerrou o evento agradecendo aparticipao da comunidade nas atividades que foram propostas (Figura 34).

    Figura 34. Grupo de participantes da oficina na Comunidade Monte Dourado

    5.6 Repercusso e avanos conquistados

    Durante a realizao do diagnstico foram concedidas entrevistas para a rdiocomunitria do Campo Verde onde participaram o Sr. ureo Brianezi, Daniela Pauletto, Sr.Edilson Clemente e Maria Jocilia Soares. Tambm foi concedida entrevista para a RdioNacional da Amaznia, pelo Sr. Fernando Ludke, Chefe da Unidade Regional do DistritoFlorestal Sustentvel da BR 163 do Servio Florestal Brasileiro.

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    Em Itaituba a Analista Ambiental do ICMBio, Genice Santos, concedeu entrevista aoCanal de TV SBT para divulgao no programa Focalizando onde prestou esclarecimentos sobrea atividade.

    A atividade tambm teve ampla divulgao na mdia principalmente em sites, blogs einformativos (Figura 35 a 37). Os seguintes endereos eletrnicos divulgaram a atividade:codeterbr163.blogspot.com, noticias.ambientebrasil.com.br, www.brasildiario.com,www.portaldoagronegocio.com.br, www.ciflorestas.com.br, www.florestal.gov.br,www.icmbio.gov.br, www.mma.gov.br, www.remade.com.br, quarto-poder.blogspot.com,brasilien.ded.de, www.jesocarneiro.com.br, nelsontembra.wordpress.com erogerioalmeidafuro.blogspot.com.

    Figura 35. Matria divulgada no site www.comunidadebancodoplaneta.com.br

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    Figura 36. Matria divulgada no Boletim Interno do ICMBio, no142, Ano IV, Braslia 20/04/2011

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    Figura 37. Matria divulgada no Boletim Interno do ICMBio, no142, Ano IV, Braslia 20/04/2011

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    6.ANLISE E DISCUSSES

    O Diagnstico Participativo sobre o uso do aa nativo e plantado realizado nas cincocomunidades evidenciou o ponto de vista das comunidades, ou seja, como elas percebem suas

    realidades. Os pontos positivos, negativos, as oportunidades e as ameaas relatadas foramcomuns entre as comunidades.

    Na Matriz FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas, Ameaas) observaram-se osseguintes pontos positivos em relao ao uso do aa nas comunidades envolvidas: o aa umrecurso natural disponvel na regio, serve de alimentao para a famlia e animais, a extrao depalmito aumenta a produo do aaizal, promove o desenvolvimento econmico e social, omanejo sustentvel, promove a gerao de emprego e renda, poder melhorar a infra-estruturada comunidade, existe mercado consumidor dos produtos do aa, o aa se desenvolve emqualquer lugar, o aa nativo produz mais que o precoce (palmito), garantia de trabalho o anointeiro e possibilidade de pesquisa cientfica.

    As comunidades verificaram as possveis possibilidades com o uso do aa: a instalaode palmiteiras gerar emprego, obteno de despolpadeira para comercializao da polpa,plantao de mudas de aa com assistncia tcnica, garantia de produo de aa a cada 4 anos,incentivo do governo para o plantio (reflorestamento), melhoraria da renda da comunidade,produo legalizada, melhoria da auto-estima do trabalhador, corporativismo e associativismo,realizao de cursos de artesanato e sobre legislao do aa na linguagem dos comunitrios,insero da polpa do aa na merenda escolar, conscientizao do produtor/agricultor, aumentoda distribuio de sementes, aproveitamento da semente da despolpa para plantar, seleo desementes das melhores plantas, aproveitamento da semente e da polpa do aa do morro, com alegalizao ficar mais fcil denunciar as ilegalidades e facilitar a legalizao da atividade. NoDiagnstico verificaram-se as seguintes fraquezas, ou melhor, dificuldades em relao ao uso doaa pelas comunidades: falta de legalizao do palmito; falta de terras prprias; necessidade derecursos financeiros para o plantio de aa; falta de orientao tcnica; dificuldade para otransporte tanto pelas condies das estradas como pela fiscalizao dos rgos ambientais; faltade energia eltrica que dificulta o uso de despolpadeira; necessidade de atravessador; falta demercado no municpio para a polpa; falta de regularizao de terras; muita burocracia paralegalizar; dificuldade para armazenar, processar, transportar e comercializar os produtos do aa;necessidade de apoio/incentivo do governo; invaso dos lotes para extrao ilegal de palmito;falta de organizao e unio da comunidade; perda da polpa do aa; falta de plantio; falta deassistncia social; desequilbrio ecolgico com a explorao desordenada do palmito; a polpa doaa precoce no rende tanto como a do aa nativo; o palmito do aa do morro no bom;

    necessidade de legalizar antes de fiscalizar; falta de informao para conseguir a nota doprodutor; falta de unio dos toyoteiros (motoristas de Toyotas que transportam o palmito); faltade conscincia ambiental; o aa demora para produzir (4 a 5 anos) e segundo os comunitrios, ogoverno deveria primeiro estruturar para depois trazer os projetos. As ameaas apontadas peloscomunitrios em relao ao trabalho com o aa foram as seguintes: Alterao nos palmitais(aaizais) se tirar com menos de 4 anos podendo levar a escassez; a extrao incorreta podeacabar com os palmitos mais jovens; extrair somente e no plantar; risco de ser preso; ailegalidade; desrespeito a APP (rea de proteo permanente); estradas alagadas e acabadas portratores e gado; doena de Chagas; danos ao meio ambiente, extrao ilegal; gerao de conflitospela invaso dos lotes para retirada de palmito; falta de formao (desenvolvimento) dospalmitais; patente por estrangeiros; falta de capacitao em extrao e mudas; uso desordenado e

    falta de organizao.

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    As linhas da vida das quatro comunidades (Vila Planalto, Bela Vista do Caracol, MonteDourado e Campo Verde) registraram os principais acontecimentos que marcaram o incio do usoou trabalho com o aa. Em 1985 aconteceu o registro da comunidade Vila Planalto e tambm oincio da extrao e beneficiamento de palmito na regio, sendo que a primeira fbrica foi a do

    Seu Gensio na Maloquinha. Nessa comunidade a extrao de palmito iniciou no ano de 1992 eapenas em 2008 surgiu a idia de construir uma palmiteira que somente foi inaugurada em 2010.Os fatores negativos do ano de 1992 registrados na Linha da Vida dessa comunidade foram: mauaproveitamento da matria prima, principalmente na extrao do palmito; dificuldades para ofornecedor transportar o palmito at a fbrica; problemas com a documentao de terras; e aqueda do setor madeireiro trouxe pessoas para a extrao de palmito. Hoje falta de incentivo paraextrao da polpa do aa e a falta de energia eltrica dificulta a conservao da polpa.

    Na comunidade Bela Vista do Caracol a extrao de palmito iniciou em 1993 quecoincidiu com a abertura da vicinal n 24 e no ano 2000 foi aberto duas fbricas (palmiteiras). De1990 a 2000 o acesso aos aaizais era muito difcil e o transporte era feito no Jamanxim e ocorria

    desperdcio de palmito devido a distncia do local de extrao at a fbrica emMiritituba/Municpio de Itaituba. Em 2004 ocorreu o fechamento de uma fbrica na comunidadee partir desse ano os donos dos lotes comearam a receber pelo palmito. As invases dos aaizaise aumento dos roubos de palmito comearam em 2005. Em 2007 Seu Valrio construiu umviveiro de mudas de aa e os motoqueiros comearam a acessar as vicinais de motos. Outrosfatos marcantes nessa comunidade foram a recuperao das estradas pela prefeitura doMunicpio do Trairo no ano de 2009 e em 2010 a doao de sementes de aa para agricultoresatravs da SAGRI e SEMAGRA. Os moradores relataram que nem todos foram beneficiadospela doao e que h uma falta de incentivo para a produo. Reclamaram da falta de assistnciasocial da fiscalizao dos rgos ambientais.

    Segundo os moradores da comunidade Campo Verde desde 1985 a 2000 as estradas, emespecial a Transamaznica encontrava-se em pssimas condies. Em 2000 com a chegada dolinho a comunidade passou a ter acesso a energia eltrica. A partir de 1998 e 1999 com ainstalao de fbrica em Mirituba os palmiteiros comearam a entregar seus produtos nessalocalidade. O surto de botulismo em 1998 devido ao consumo de palmito clandestino deixou oscomunitrios preocupados e em 1999 tiveram problemas com a extrao ilegal e com a falta delegalizao. Ressaltaram que a criao das unidades de conservao nos anos de 19998 a 2006foi um fato negativo, pois ficaram sem saber o que poderia ser feito nessas reas. Em 2001aconteceu a abertura da vicinal do Brabo, conhecido hoje como vicinal do cacau, e foiinaugurada uma fbrica no km 30, mas somente em 2005 comeou a operar. Outroacontecimento marcante registrado pelos comunitrios foi o desenvolvimento de uma variedade

    de aa, o BRS/Par, pela Embrapa em 2006. No ano de 2008 iniciou a produo de mudas ereflorestamento na propriedade do senhor Beloni e em 2010 ocorreu uma mudana na legislao,ficando mais rpido o processo de licenciamento e desde ento apesar de todos os problemas efalta de recursos os viveiros vem gerando emprego e renda para os comunitrios. Hoje osprincipais problemas apontados pelos agricultores dessa comunidade so: falta de estradas,energia eltrica, educao, sade e transporte, falta de incentivo para a construo de viveiros eplantio de aa.

    Na comunidade Monte Dourado informaram que a vicinal do cacau foi aberta em 1998 eem 2002 abriram uma escola. Segundo os moradores em 2009 passaram a cultivar o cacau ecriaram uma cooperativa que no funcionou de 2000 a 2001 e ainda hoje no conseguiu seregularizar. Relataram que desde essa data o aa usado na alimentao e gera renda para a

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    comunidade, mas precisam de energia eltrica para conservar os produtos e de estradas em boascondies para o transporte.

    No desenho coletivo do ciclo do trabalho pode-se observar todo o processo de produodesde a colheita do fruto e extrao do palmito at o beneficiamento desses produtos, alm decustos de produo, nmero de pessoas envolvidas nessa atividade e quantidade de produo porequipe. A extrao ou colheita geralmente feito pelos homens da comunidade e as mulheresparticipam do beneficiamento.

    O diagnstico possibilitar futuras aes do governo e tambm das comunidades embusca de possveis solues.

    6.1 Avaliao sobre a aplicao das ferramentas de diagnstico

    Os principais sucessos identificados na aplicao das ferramentas foram:

    importante que haja tempo suficiente para cada ferramenta para que haja tranqilidadepara conduzir as oficinas nas comunidades. O tempo de um dia, com aplicao de trsferramentas, em cada comunidade mostrou-se adequado.

    As ferramentas utilizadas mostraram-se adequadas ao pblico e contemplaram osobjetivos

    A presena de lideranas comunitrias

    Grande envolvimento dos participantes

    Uso de dinmica de grupo

    Na aplicao das ferramentas no foram avaliadas organizaes. No entanto, nascomunidades onde foi aplicado o diagnstico estiveram envolvidos representantes de associaese cooperativas;

    As comunidades foram muito receptivas com a equipe e muito dispostas em repassar suasvivncias. A metodologia utilizada, de trabalhos em grupos, facilitou a participao de todos. Foinecessrio ateno para envolvimento dos comunitrios analfabetos para que os mesmostivessem suas idias registradas nos grupos;

    Na maioria das comunidades predominou a participao dos homens. Na vila planaltohouve uma grande participao das mulheres que mostraram iniciativa e liderana nasatividades;

    Planejou-se a aplicao das ferramentas na seguinte ordem: Linha da vida, desenho dociclo de trabalho e por fim FOFA. Aps o primeiro dia de trabalho percebeu-se que esta ordemno era adequada e passou-se a fazer linha da vida, FOFA e por fim desenho do ciclo detrabalho.

    Uma dificuldade na aplicao foi a participao de tcnicos no treinados para facilitar osgrupos, o que por muitas vezes significou o uso de linguagem inadequada e direcionamento;

    Percebeu-se uma dificuldade de aplicar a FOFA como segunda ferramenta pois osparticipantes sempre querem falar das dificuldades em primeiro lugar. Era difcil conduzir alinha da vida para resgatar os fatos. Em uma comunidade a linha da vida e a FOFA foram feitasao mesmo tempo.

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    Em determinados grupos a FOFA foi extremamente produtiva tendo um facilitadorapenas conduzindo um debate do grupo invs de trabalhos em grupos.

    Se o facilitador no estiver atento poder perder muitas informaes pois geralmente oscomunitrios no repetiam uma idia j expressa.

    As comunidades esto focadas nas limitaes e problemas para o uso do aa e temdificuldades de apontar pontos positivos e vantagens no contexto.

    As principais lies apreendidas no desenvolvimento do diagnstico foram:

    preciso avaliar o momento do grupo,

    pode fazer a aplicao simultnea da linha da vida e da matriz Fofa,

    necessrio estar alerta para o desapego de regras na conduo deste tipo de trabalho

    preciso ter estratgias para envolver as crianas que acompanham os familiares asreunies na comunidade.

    6.2 Avaliao dos participantes sobre a oficina

    Na grande maioria das opinies expressas nas fichas de avaliao dos participantes os itensalimentao, conduo da oficina, importncia do tema e tempo para atividade foram avaliadoscomo sendo positivos. Vrios participantes escreveram nas fichas frases como Voltem sempree Obrigada.

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    7.CONCLUSES

    1. Constataram-se diversas limitaes para comercializao dos produtosoriundos do aa (palmito e polpa), tais como: falta de informao para

    legalizao, distanciamento do rgo licenciador, falta de assistncia tcnica,falta de organizao das comunidades, falta de energia eltrica, estradasvicinais em condies inadequadas e falta regularizao da terra;

    2. Houve grande participao e colaborao por parte dos comunitrios;

    3. Houve uma visvel aproximao dos atores envolvidos com a produo do aapara com os rgos ambientais;

    4. Os comunitrios demonstraram satisfao com o trabalho realizado;

    5. O grupo de trabalho do conselho consultivo da Flona Itaituba I mostrou-seunido e disposto a buscar recursos para a realizao do diagnstico;

    6.

    O palmito claramente o principal produto do aa na regio de pesquisa. Paraa polpa no h tantas possibilidades de compra (atravessadores) o que tambm limitado pela falta de energia, equipamento para despolpa e armazenamento.Foi citado o artesanato como possibilidade no futuro. Os resduos (cascas) queenvolvem o palmito foram citados como fonte de alimento para criaes deanimais e como adubo orgnico.

    7. Percebeu-se muitas iniciativas relacionadas a plantios de aa. Todas ascomunidades visitadas tm esse anseio e em alguns diversos plantios jrealizados. Neste ponto o que buscam orientao tcnica e fomento.

    8.

    As mulheres tem um papel fundamental pois so as principais funcionrias dasindstrias.

    9. Verficou-se uma organizao social deficiente e ausncia de uma instituiocom a qual essa classe se sinta representada de fato.

    10.As principais limitaes que observamos foram: falta de informao paralegalizao, distanciamento do rgo licenciador, falta de assistncia tcnica,falta de organizao das comunidades, falta de energia eltrica, vicinais empssimas condies e regularizao da terra.

    8.

    RECOMENDAES

    8.1 Aes nas comunidades

    1. Construo de plano de ao participativo para traar metas e atividades a seremdesenvolvidas conjuntamente;

    2. Incentivar a organizao social das comunidades;

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    8.2 Capacitaes

    As principais demandas apontadas pelo diagnstico foram:

    a) Cursos de capacitao na manipulao de alimentos, produo de mudas,

    organizao de cooperativas e associaes, legislao ambiental, manejo deaaizais nativos e tcnicas de coleta e beneficiamento;

    b) Cursos de capacitao em associativismo e cooperativismo;

    c) Cursos de confeco de biojias artesanais, direcionada as mulheres dascomunidades.

    d) Cursos de capacitao em manejo de aa (produo de mudas; extrao depalmito e colheita de frutos; produo de adubo orgnico; etc.);

    8.3 Infraestruturaa) Instalao de despolpadeira nas comunidades;

    b) Melhorias nas condies das estradas vicinais;

    c) Instalao de infraestrutura para armazenamento e comercializao;

    8.4 Assistncia Tcnica e acesso a mercados

    a) Assistncia tcnica e fomento para plantio de aa;

    b)

    Promoo e acesso a mercado para polpa do aa;

    9.AGRADECIMENTOS

    A equipe de execuo do trabalho agradece imensamente a todos os comunitrios ecomunitrios que se dispuseram a contribuir com este diagnstico nas comunidades de TrsBueiras, Vila Planalto, Bela Vista do Caracol, Monte Dourado e Campo Verde.

    A participao da comunidade e dos rgos municipais foi extremamente

    enriquecedora para todos os envolvidos. Muito obrigada!

  • 5/21/2018 Relat rio Do Diagn stico Participativo s

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    10. REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    KOURI, J; FERNANDES, A. V; FILHO, R. P. L. Caracterizao socioeconmica dosextratores de aa da Costa Estuarina do rio Amazonas, no Estado do Amap. Macap:

    Embrapa Amap, 2001. Embrapa Amap.LEITMAN, P., HENDERSON, A., NOBLICK, L. 2010. Arecaceae inLista de Espcies daFlora do Brasil. Jardim Botnico do Rio de Janeiro.(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB015713 ).

    NOGUEIRA, O. L. et al., 2006. Embrapa Amaznia Oriental: Sistemas de Produo, 4 - 2Edio ISSN 1809-4325 Verso Eletrnica Dez./2006

    PNUD. Relatrio do Desenvolvimento Humano. (www.pnud.org.br/publicacoes). 2000.

    ROGEZ, H. Aa: Preparo, Composio e Melhoramento da Conservao. 1ed. Belm, Par:EDUFPA, 2000.

    Servio Florestal Brasileiro, 2010. Floresta do Brasil em Resumo 2010: dados de 2005 a2010. Servio Florestal Brasileiro, Braslia, 2010. 152p.