relatório do auditor externo - cp · 1 622 919 861 euros e um capital próprio negativo de 972 870...

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Exmo. Conselho de Gerência dos Caminhos de Ferro Portugueses, EP Lisboa 1. Examinámos as Demonstrações Financeiras anexas dos Caminhos de Ferro Portugueses, EP (CP ou Empresa) que compreendem o Balanço em 31 de Dezembro de 2003 (que evidencia um activo total de 1 622 919 861 euros e um capital próprio negativo de 972 870 808 euros, incluindo um resultado líquido negativo de 247 125 918 euros), a Demonstração dos Resultados por Naturezas, o Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados e as Demonstrações dos Resultados por Funções e dos Fluxos de Caixa referentes ao exercício findo naquela data, cuja elaboração e apresentação são da responsabilidade do Conselho da Gerência. A nossa responsabilidade consiste em expressarmos uma opinião sobre as referidas Demonstrações Financeiras com base na auditoria (exame) que realizámos. 2. O nosso exame foi realizado de acordo com as normas de auditoria geralmente aceites, as quais requerem que a auditoria seja planeada e executada de forma a obtermos uma razoável segurança sobre se as Demonstrações Financeiras contêm ou não erros ou omissões significativos. Uma auditoria inclui a verificação, por amostragem, da documentação do suporte dos valores e das informações constantes das Demonstrações Financeiras. Inclui também a apreciação dos princípios contabilísticos adoptados e das estimativas mais significativas efectuadas pelo Conselho de Gerência, bem como a avaliação da apresentação das Demonstrações Financeiras consideradas na sua globalidade. É nossa convicção que a auditoria que realizámos constitui uma base razoável da nossa opinião. 3. Os resultados negativos acumulados absorvem a totalidade do capital estatutário e das reservas, evidenciando o Capital Próprio um valor negativo de cerca de 973 000 000 euros, em 31 de Dezembro de 2003, pelo que a actividade da Empresa depende dos apoios que o Estado venha a conceder. 4. As rubricas Outros Devedores e Clientes incluem, respectivamente, cerca de 29 400 000 euros e de 4 400 000 euros referentes a penalizações por afrouxamentos debitadas à REFER, EP, em relação às quais não existe evidência de que a REFER as venha a aceitar. Existem, também, cerca de 14 100 000 euros debitados pela REFER, referentes à actividade comercial, manobras e informatização de material circulante, que a CP considera não serem devidos e que por isso não contabilizou. Assim, a fixação do valor dos activos acima mencionados (33 800 000 euros) e dos passivos contigentes de 14 100 000 euros encontra- se pendente de acordo entre as partes e/ou decisão de entidade competente. 5. Em nossa opinião, excepto quanto aos eventuais efeitos da situação mencionada no parágrafo 3 e excepto quanto ao mencionado no parágrafo 4, as Demonstrações Financeiras da Caminhos de Ferro Portugueses, EP, antes referidas, apresentam adequada e apropriadamente, em todos os aspectos materialmente relevantes, a situação financeira da Empresa em 31 de Dezembro de 2003, bem como os resultados das suas operações e os fluxos de caixa no exercício findo naquela data, em conformidade com os princípios contabilísticos geralmente aceites em Portugal. 6. Sem afectar a opinião expressa no parágrafo anterior, salientamos que, em 2003, a CP e a REFER chegaram a um acordo que permitiu a regularização de um conjunto de valores, debitados por ambas as partes, que se encontravam em divergência desde anos anteriores. Conforme referido na Nota 48. 2 do Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados, este processo culminou num encontro de contas que envolveu o pagamento pela CP à REFER do montante líquido de 110 238 248 euros e também: (i) a diminuição de 265 280 662 euros nas dívidas da CP à REFER (incluindo 251 765 005 euros referentes à taxa de uso de 2000 a 2002 e 13 067 134 euros de juros de mora sobre a taxa de uso de 1999 a 2002); (ii) a redução de 155 042 414 euros nas dívidas da REFER à CP (incluindo 73 553 027 euros relativos aos activos transferidos pela CP para a REFER no âmbito do Decreto-Lei nº104/97, de 29 de Abril e do Despacho Conjunto nº238/99, de 1 de Março, bem como 42 409 941 euros relacionados com as transferências de imobilizado para a REFER); e (iii) o reconhecimento em 2003, pela CP, de 5 099 161 euros de resultados extraordinários negativos, essencialmente relacionados com a anulação de diversos valores debitados à REFER. Lisboa, 29 de Março de 2004 BDO Binder & Co. _ relatório do auditor externo BDO Binder & Co. Auditoria, impostos e consultoria

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Exmo. Conselho de Gerência dosCaminhos de Ferro Portugueses, EPLisboa

1. Examinámos as Demonstrações Financeiras anexas dos Caminhos de Ferro Portugueses, EP (CP ouEmpresa) que compreendem o Balanço em 31 de Dezembro de 2003 (que evidencia um activo total de1 622 919 861 euros e um capital próprio negativo de 972 870 808 euros, incluindo um resultado líquidonegativo de 247 125 918 euros), a Demonstração dos Resultados por Naturezas, o Anexo ao Balanço eà Demonstração dos Resultados e as Demonstrações dos Resultados por Funções e dos Fluxos de Caixareferentes ao exercício findo naquela data, cuja elaboração e apresentação são da responsabilidade doConselho da Gerência. A nossa responsabilidade consiste em expressarmos uma opinião sobre as referidasDemonstrações Financeiras com base na auditoria (exame) que realizámos.

2. O nosso exame foi realizado de acordo com as normas de auditoria geralmente aceites, as quaisrequerem que a auditoria seja planeada e executada de forma a obtermos uma razoável segurança sobrese as Demonstrações Financeiras contêm ou não erros ou omissões significativos. Uma auditoria inclui averificação, por amostragem, da documentação do suporte dos valores e das informações constantesdas Demonstrações Financeiras. Inclui também a apreciação dos princípios contabilísticos adoptados edas estimativas mais significativas efectuadas pelo Conselho de Gerência, bem como a avaliação daapresentação das Demonstrações Financeiras consideradas na sua globalidade. É nossa convicção quea auditoria que realizámos constitui uma base razoável da nossa opinião.

3. Os resultados negativos acumulados absorvem a totalidade do capital estatutário e das reservas,evidenciando o Capital Próprio um valor negativo de cerca de 973 000 000 euros, em 31 de Dezembrode 2003, pelo que a actividade da Empresa depende dos apoios que o Estado venha a conceder.

4. As rubricas Outros Devedores e Clientes incluem, respectivamente, cerca de 29 400 000 euros e de 4400 000 euros referentes a penalizações por afrouxamentos debitadas à REFER, EP, em relação às quaisnão existe evidência de que a REFER as venha a aceitar. Existem, também, cerca de 14 100 000 eurosdebitados pela REFER, referentes à actividade comercial, manobras e informatização de material circulante,que a CP considera não serem devidos e que por isso não contabilizou. Assim, a fixação do valor dosactivos acima mencionados (33 800 000 euros) e dos passivos contigentes de 14 100 000 euros encontra-se pendente de acordo entre as partes e/ou decisão de entidade competente.

5. Em nossa opinião, excepto quanto aos eventuais efeitos da situação mencionada no parágrafo 3 eexcepto quanto ao mencionado no parágrafo 4, as Demonstrações Financeiras da Caminhos de FerroPortugueses, EP, antes referidas, apresentam adequada e apropriadamente, em todos os aspectosmaterialmente relevantes, a situação financeira da Empresa em 31 de Dezembro de 2003, bem como osresultados das suas operações e os fluxos de caixa no exercício findo naquela data, em conformidadecom os princípios contabilísticos geralmente aceites em Portugal.

6. Sem afectar a opinião expressa no parágrafo anterior, salientamos que, em 2003, a CP e a REFERchegaram a um acordo que permitiu a regularização de um conjunto de valores, debitados por ambasas partes, que se encontravam em divergência desde anos anteriores. Conforme referido na Nota 48. 2do Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados, este processo culminou num encontro de contasque envolveu o pagamento pela CP à REFER do montante líquido de 110 238 248 euros e também: (i) adiminuição de 265 280 662 euros nas dívidas da CP à REFER (incluindo 251 765 005 euros referentes àtaxa de uso de 2000 a 2002 e 13 067 134 euros de juros de mora sobre a taxa de uso de 1999 a 2002);(ii) a redução de 155 042 414 euros nas dívidas da REFER à CP (incluindo 73 553 027 euros relativos aosactivos transferidos pela CP para a REFER no âmbito do Decreto-Lei nº104/97, de 29 de Abril e doDespacho Conjunto nº238/99, de 1 de Março, bem como 42 409 941 euros relacionados com astransferências de imobilizado para a REFER); e (iii) o reconhecimento em 2003, pela CP, de 5 099 161euros de resultados extraordinários negativos, essencialmente relacionados com a anulação de diversosvalores debitados à REFER.

Lisboa, 29 de Março de 2004

BDO Binder & Co.

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