relatório de zoologia - crustáceos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCODEPARTAMENTO DE ZOOLOGIAINVERTEBRADOS SUPERIORES I
Relatório de InvertebradosCrustáceos do Manguezal do rio Paripe
Grupo: Adelmo Vieira
Annie Lessa
Bruno Augusto
Fernando Melo
José Monteiro
Recife, 2010
Introdução
Manguezais caracterizam-se por apresentarem amplas variações ambientais
(principalmente de salinidade, irradiância e teor de oxigênio) e possuírem substrato
relativamente instável, o que exige adaptações específicas dos organismos para habitar com
sucesso este ambiente.
Os trabalhos de campo foram realizados no Manguezal do rio Paripe, onde se
encontrava os crustáceos, localizado ao sul da Ilha de Itamaracá, litoral norte do Estado de
Pernambuco, sendo um dos ecossistemas mais estudados no Brasil. O rio Paripe é o único que
nasce na Ilha de Itamaracá, deságua próximo à saída sul do Canal de Santa Cruz, onde milhares
de larvas são lançadas, chegando ao mar, e toda sua bacia está localizada na zona da mata do
Estado de Pernambuco. O clima é quente e úmido, com dois períodos diferenciados: um seco,
entre os meses de Setembro e Fevereiro, e um chuvoso, entre Março e Agosto. Esse Manguezal
sofre influência constante das águas costeiras do Canal de Santa Cruz. O regime de salinidade
na área varia de eualino a oligoalino e não é um ambiente considerado poluído do ponto de vista
orgânico. A área possui solo lamacento e arenoso (formas de distribuição das espécies pelo
mangue) típico desses ecossistemas, onde a vegetação arbórea é principalmente composta por
Rhizophora mangle L., Laguncularia racemosa, Conocarpus erectus e em menor proporção
Avicennia schaueriana.
Espécies
Uca Leptodactyla, popularmente conhecido por “chama-maré”, pois o movimento de
sua quela gigante é interpretado como um aceno para provocar a subida da maré, de pequeno
porte, se comparado à Uca maracoani, possuindo um dedo amarelo, sendo encontrado numa
planície alagável em frente ao mangue, no sedimento arenoso, onde geralmente encontramos
consideravelmente mais machos do que fêmeas, pois o macho protege seu território enquanto
que a fêmea se esconde. Além disso, essa espécie usa o aparelho bucal para lavar a areia
retirando assim seu alimento, formando umas bolinhas na areia. Caracterizam-se pela presença
de uma enorme quela num dos quelípodos do macho, sendo a quela do outro quelípodo bem
menor. Em contraste, as quelas de ambos os quelípodos da fêmea são pequenas. A quela gigante
tem importante papel nos comportamentos agonísticos e de corte nupcial, a qual se desenvolve
nos machos no período de maturação sexual: ela não está presente nos primeiros estágios de
desenvolvimento dos mesmos.
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Uca thayeri também é conhecido popularmente como chama-maré, vive em zonas
entre-marés, onde escava tocas, em sedimento arenoso em planície afagável em frente ao
mangue, onde cava tocas. É caracterizado por uma quela maior que a outra, nos machos. A
coloração da carapaça é marrom escuro ou cinza-azulada. As patas e a carapaça possuem
penugem aveludada. Como todas as espécies do gênero Uca, alimentam-se de restos de animais
e vegetais. E os machos, na época da reprodução, realizam movimentos com a quela maior,
como se tivessem chamando as fêmeas.
Uca maracoani, popularmente chamado de Xié, são caranguejos geralmente pequenos,
sendo os machos possuidores de uma das pinças bem maior que a outra e se parecendo com um
tesourão. Costumam viver em manguezais (No sedimento lamoso, por cima das raízes) e na
zona entre marés, de praias arenosas protegidas, de baías e de estuários. Sua distribuição se dá
pelo continente Atlântico Ocidental (Antilhas, Venezuela, Guianas e Brasil - Do Pará até o
Paraná). São detritívoros importantes, pois contribuem na formação de matéria orgânica através
de suas escavações.
Obs.: As Ucas quando em fase de reprodução (as fêmeas) fazem suas tocas ornamentadas para
chamar a atenção dos machos. Quando as casas estão simples não é período de reprodução.
Novembro/Março geralmente é a época de reprodução.
Aratus pisonii recebe o nome de “marinheiro” por anda em árvores e geralmente cai na
lama em cima de uma folha, é um caranguejo que apresenta hábito arborícola, sendo encontrado
em ramos e troncos das árvores de manguezal. É uma espécie muito abundante, habitando
principalmente a borda e o meio do manguezal e semelhante ao Goniopses cruentata (aratu).
Sua distribuição ocorre no Atlântico Ocidental desde a Flórida, Golfo do México, Antilhas,
norte da América do Sul, Guianas, até o Brasil (Piauí ao Paraná) e no Pacífico Oriental da
Nicarágua até o Peru. É um importante membro da comunidade do mangue vermelho,
destruindo e prejudicando as folhas, em função de seu hábito herbívoro. Porém, de acordo com,
essa espécie também se alimenta de pequenos insetos e, quando possível, de pedaços de animais
que podem ser encontrados presos entre as raízes do mangue.
Goniopsis cruentata, também conhecido como aratu, é caracterizada por habitar áreas
estuarinas, principalmente manguezais. Possuem pequeno porte e apresenta o hábito de escalar
árvores, o que ajuda no processo de captura de sua principal presa, o caranguejo Aratus pisonii,
como também em escapar dos predadores durante a preamar (Siris e peixes). Está espécie não
possui o hábito de escavar. Podem ser encontrados sob coberturas úmidas, no substrato e ainda
na entrada de tocas do caranguejo uçá, escondendo-se nelas rapidamente ou escapando para
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dentro d’água quando ameaçados. São onívoros. Alimentam-se de propágulos das espécies
Rhizophora mangle, Avicenia schaueriana e Laguncularia racemosa, de folhas senescentes, de
outros crustáceos e de indivíduos da mesma espécie quando estes se encontram debilitados. A
espécie distribui-se pelo Atlântico ocidental (Bermuda, Flórida, Golfo do México, Antilhas,
Guianas e Brasil - Fernando de Noronha e do Pará até Santa Catarina) e Atlântico oriental (Do
Senegal até Angola).
Ucides cordatus é um caranguejo popularmente conhecido como caranguejo-uçá,
catanhão ou caranguejo-verdadeiro. Sua distribuição acompanha a área de manguezal do
continente americano, desde a Flórida (EUA) até o estado de Santa Catarina no Brasil. É uma
das espécies mais comum nos ecossistemas de manguezais da costa atlântica ocidental.
Apresenta comportamento territorialista, construindo galerias individuais, e habita regiões de
substrato mole, características de manguezais, nas zonas entre marés, em galerias escavadas no
lodo que podem atingir 2m de profundidade, podendo ser encontrado também em ambientes
estuarinos. As principais fontes de alimentação dessa espécie são vegetais (folhas de mangue) e
matéria orgânica, que são armazenados nas tocas e entram em decomposição com a ação de
fungos. Na época de reprodução esses animais realizam a “andada”, “corrida” ou “carnaval” do
caranguejo, na qual os indivíduos se deslocam desordenadamente uns atrás dos outros e os
machos liberam uma espuma branca que exala odor característico por todo o manguezal. Seus
predadores naturais são: a coruja, o falcão, o guaxinim, o gambá, a raposa e o homem.
Cardisoma guanhumi, popularmente chamado de “guaiamu”, é um caranguejo da
família dos gecarcinídeos, encontrado do estado da Flórida e no nordeste e sudeste do Brasil,
quase sempre em locais entre o mangue lamacento e o início da mata, normalmente em terreno
arenoso. Grandes, essa espécie de caranguejo possui carapaça azul, com cerca de 10 ou mais
centímetros e quelas desiguais, uma grande e outra menor que facilita levar os alimentos à boca,
exceção feita à fêmea que normalmente as quelas são de tamanhos iguais. A fêmea na época de
desova assume a coloração do casco e dedos em tons na cor creme ou amarelada. O macho, bem
maior, tem a coloração do casco em tom azulado.
Cirripedia é conhecida como craca. São organismos sésseis que vivem fixos a um
substrato, em geral em zonas entre marés. Os cirripédios têm um desenvolvimento em três
estádios. Na primeira fase larvar fazem parte do plâncton e vivem à deriva nas correntes
oceânicas. No segundo estádio larvar, os cirripédios procuram um substrato adequado à fixação
e em condições de vida. Uma vez encontrado o local ideal, estas larvas desenvolvem-se para o
adulto, que se fixa ao substrato diretamente por cimentação ou através de um pedúnculo
carnoso. Normalmente, o substrato escolhido é rochoso, mas também pode ser o fundo de um
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barco, outros animais, como baleias ou mesmo outros crustáceos, no caso dos rizocéfalos. O
organismo adulto vive protegido por placas calcárias e alimenta-se por filtração.
Callinectes danae é o conhecido siri. Possui um par de pernas traseiras planas
(pereiópodos) em forma de remos. Também têm uma superfície plana e ampla carapaça com
uma série de dentes distintos ao longo da frente, ao redor dos olhos e do terminal espinhos. É
encontrado no Atlântico Ocidental, desde a América do Norte até o Rio Grande do Sul, Brasil.
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