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Juntos pelas Crianças Ministério da Saúde Comunicação para o Desenvolvimento – Iniciativa para a Erradicação da Pólio RELATORIO DE PESQUISA QUALITATIVA Fazeres, Pensares y Sentires sobre a vacinação contra a Pólio e a doença. Estudo qualitativo com os responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade não vacinadas contra a Pólio nos municípios de maior risco da Angola. Ana Sánchez Quisbert Consultora internacional de UNICEF Luanda, 2012

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Juntos pelas Crianças

Ministério da Saúde

Comunicação para o Desenvolvimento – Iniciativa para a Erradicação da Pólio

RELATORIO DE PESQUISA QUALITATIVA

Fazeres, Pensares y Sentires sobre a vacinação contra a Pólio e a doença.

Estudo qualitativo com os responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade não

vacinadas contra a Pólio nos municípios de maior risco da Angola.

Ana Sánchez Quisbert Consultora internacional de UNICEF

Luanda, 2012

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Juntos pelas Crianças

AUTORES

Comunicação para o Desenvolvimento – Iniciativa para a erradicação da pólio Fundo das Nações Unidas pela Infância, UNICEF. Angola - 2012

Equipa Técnica de pesquisa: Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto e UNICEF

Província Cabinda:

Sede Buco Zau

Domingos Marcos (Líder equipa) Esmeralda Zinga Amílcar Pedro Makiese Lusakueno

André Sibi (Líder da Turma) Alcides Timóteo Pedro Elizabeth da Flora Nambua NicletaTussamba

Apoio e monitoria: Rafael Veraza – Voluntário Stop Time 38

Província Luanda: Viana e Cazenga Cacuaco e Kilamba Kiaxi

Anacleta Issenguele (Líder equipa) Adelaide Gomes Gracieth Antonio Manuela Kaquel.

Henriques Estevão (Líder equipa) Adilson Santos Maria Gomes

Monitoria: Heitor Lourenço – Oficial Nacional de Comunicação Social de UNICEF

Província Zaire: Soyo Mbazakongo

Tania Hermengarda da Costa Francisco (Líder equipa) Sandra Idalina Monteiro Hebo Lucena Mata Kiala

Adelaide Imilia Nito (Líder equipa) Juliana Monica Manuel Emilia Pinto Doqui

Apoio e monitoria: Ericka Acosta – Voluntária Stop Time 38

Província Uige: Maquela do Zombo Milunga

Lucrécia Gizela Zangui Domingos (Líder equipa) Edson Matias (Líder equipa) Diogo Domingos C. Peres Regina Margarida M. João João Osvaldo Pedro Matunga Adilson Baltazar Gama Aires Manuel Poba da Cruz Ilda Gomes Mateus Apoio e monitoria: Ana Sánchez Quisbert – Consultora internacional de UNICEF

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Formação da equipa de pesquisadores e responsável da pesquisa: Ana Sánchez Quisbert – Consultora internacional de UNICEF Angola Coordenação: Cipriano Dembi – Chefe do Departamento de Comunicação Social da Universidade Agostinho Neto Supervisão: Edna de Fátima Gonçalves Alves do Nascimento – Supervisora delegada pelo Gabinete de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde Revisão: Patrícia Cervantes, Especialista em C4D – Pólio, UNICEF Angola Agradecimentos: Aos Diretores Provinciais de Saúde, Administradores Municipais, Chefes de Repartições e pessoal dos serviços de saúde pelo apoio no desenvolvimento do trabalho de campo. Às pessoas que participaram nas entrevistas em profundidade, grupos focais e reuniões o nosso profundo agradecimento por ter partilhado conosco com sinceridade e paciência os seus ¨fazeres, pensares e sentires¨ sobre a doença da pólio e a vacinação. Reconhecimentos: A Veronique Goblet, Consultora de UNICEF – Congo por ter partilhado a metodologia e os avanços do ¨Estudo sobre as razões sociais das crianças não vacinadas nas campanhas contra a pólio na República Democrática do Congo¨ e pela retroalimentação incondicional recebida no decorrer da presente pesquisa. A Cipriano Dembe, Chefe do Departamento de Comunicação da UAN, por ter acreditado na pesquisa, apostado na capacidade dos estudantes da universidade para desenvolver o trabalho e facilitado assim a investigação. Fotos:

Ana Sánchez Quisbert –UNICEF Rafael Veraza – UNICEF

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INDICE Pagina

Resumo Executivo

1

Capítulo I. Introdução

1.1Antecedentes

8

1.2 A investigação

9

1.3 Seleção dos comportamentos a serem pesquisados

11

1.4 Enquadramentos conceitual e analítico

12

1.5 Objetivos da investigação

13

Capítulo II. Metodologia da Pesquisa

2.1 Tipo de investigação

15

2.2 Participantes 15

2.2.1 Principais 16

2.2.2 Facilitadores ou secundários 17

2.2.3 Aliados 18

2.3 Âmbitos da investigação 19

2.4 Técnicas e instrumentos 21

2.5 Colheita da informação 22

Capítulo III. Resultados da investigação

3.1 Comportamentos atuais encontrados

25

3.2 Análises do comportamento 47

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Capítulo IV. Conclusões e recomendações

4.1 Gerais

56

4.2 Específicas 57

Biografia

68

Anexos

I. Comportamentos ideais

II. Ações essenciais

III. Resultados in extenso

71

72

74

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Quadros, figuras e gráficos:

Figura 1.1 Fases da investigação 9

Figura 1.2 Enquadramento conceitual e analítico dos Fazeres, Pensares y Sentires

13

Figura 2.1

Âmbito geográfico da pesquisa

20

Figura 3.1 Razões da não vacinação 31

Quadro 2.1

Descrição do âmbito da Investigação

21

Quadro 2.2

Trabalho de campo 24

Quadro 3.1

Fontes de Informação 29

Quadro 3.2

Fazeres, Pensares e Sentires dos responsáveis de menores de 5 anos sobre a Pólio e a campanha de vacinação

74

Quadro 3.3

Fazeres, Pensares e Sentires dos responsáveis de menores de 5 anos sobre a vacinação de rotina

83

Quadro 3.4

Resultados dos atores sociais da comunidade

88

Quadro 3.5

Resultados líderes de opinião 103

Quadro 3.6

Resultados de tomadores de decisão

109

Gráfico 3.1

Razões da não vacinação, MI do Grupo CORE

32

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Siglas: AFP Paralisia Flácida Aguda CORE Colaboração e Recursos para Saúde Materna Infantil da

Comunidade C4D Comunicação para o Desenvolvimento EP Entrevistas em Profundidade FPS Fazeres, Pensares, Sentires GF Grupos Focalizados MI Monitoria Independente MINSA Ministério de Saúde OMS Organização Mundial da Saúde ONG Organização não Governamental OV Observações de Verificação PAV Programa Ampliado de Vacinação SC Sessões de Concertação RDC República Democrática do Congo UNICEF Fundo das Nações Unidas pela Infância VPS Pólio Vírus Selvagem

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Juntos pelas Crianças

1

Resumo Executivo

Título: Fazeres, Pensares y Sentires sobre a vacinação contra a Pólio e a doença.

Estudo qualitativo com os responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade não vacinadas contra a Pólio nos municípios de maior risco da Angola.

Breve

descrição:

Esta pesquisa diagnostica de caráter qualitativo e formativo sobre os

comportamentos individuais, familiares e comunais na vacinação de crianças

menores de 5 anos contra a Pólio, constitui-se na base essencial para a

elaboração da Estratégia de Comunicação para o Desenvolvimento de

Erradicação da Poliomielite.

A pesquisa foi realizada em parceria com a Faculdade de Ciências Sociais da

Universidade Agostinho Neto e teve o apoio técnico e financeiro da Fundação

Bill e Mellinda Gates por meio do Fundo das Nações Unidas para a Infância,

UNICEF, na Angola.

Participaram três segmentos espaço – populacionais, um primeiro de

interlocutores principais, outro dos secundários ou operadores e o terceiro dos

aliados. No grupo principal tem se incluído mães, país de crianças de 0 até 5

anos ou qualquer responsável da criança NÂO vacinada, assim como grávidas

primigestas com seis meses ou mais de gestação. No segundo segmento

estiveram professores e estudantes das escolas, pessoas de grupos

organizados como igrejas, jovens, ONG, pessoal de saúde, considerando

médicos, enfermeiros, vacinadores ou agentes comunitários e outros. Já no

terceiro tem se trabalhado com Líderes locais: Sobas, Pastores de Igrejas,

Regedores e também com Tomadores de decisão: Governadores Provinciais e

Administradores.

O trabalho foi desenvolvido em quatro etapas:

Primeira etapa: Revisão da documentação relacionada com a pesquisa e

elaboração do protocolo e os instrumentos de investigação.

Segunda etapa: Formação teórica e prática de trinta jovens universitários da

Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto na

metodologia qualitativa de ¨Fazeres, Pensares e Sentires, FPS¨ e as técnicas

de pesquisa. Este treinamento foi efetuado no mês de Novembro de 2011,

antes de campanha prevista para essa época.

Terceira etapa: Imediatamente após a ultima campanha de vacinação do ano,

entre o 27 de novembro e o 3 de dezembro de 2011, as oito equipas de

pesquisadores formadas efetuaram o trabalho de campo com os diferentes

segmentos nas Províncias de Uige, Zaire, Luanda e Cabinda incluindo os

Municípios de Maquela do Sombo, Milunga, Soyo, Mbaza Kongo, Viana,

Cazenga, Cacuaco, Kilamba Kiaxi, Cabinda Sede e Buko Zau.

Quarta etapa: Com a informação recolhida no terreno, no decorrer de três

dias, no mês de dezembro de 2011, efetuou - se o ordenamento da

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informação que cada pesquisador trouxe, assim como o controle de qualidade.

Logo após, tem se sistematizado e analisado todos os dados qualitativos para

concluir no relatório da pesquisa.

Objetivos: O objetivo geral foi conhecer imediatamente após da campanha de vacinação

efetuada no mês de novembro – 2011, os Fazeres, Pensares y Sentires (FPS)

dos e das responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade NÃO

VACINADAS contra a Pólio, dos municípios das Províncias de maior risco da

Angola: Uige, Zaire, Cabinda e Luanda, assim como de outros atores sociais

sobre a Poliomielite e a vacina.

Os objetivos específicos procuraram conhecer:

Os motivos pelos quais as crianças de 0 até 5 anos de idade não são vacinadas durante as campanhas

Os FPS dos responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade sobre a vacinação de rotina contra a Pólio para completar o cartão de vacinação contra essa doença antes do primeiro ano de vida da criança

Os conhecimentos e a valoração das mulheres grávidas pela primeira vez, sobre a Pólio e a vacina

Quais são as práticas de prevenção da Pólio que a família tem, ou não

As práticas do pessoal de saúde com relação à doença da Pólio e a vacinação de rotina e durante as campanhas

A participação e mobilização dos diferentes atores sociais das comunas ou bairros na promoção das medidas de prevenção e erradicação da Pólio.

O papel que desenvolvem os líderes de opinião nas comunidades e bairros dos municípios selecionados sobre a prevenção e erradicação da Pólio.

O compromisso e as responsabilidades que as autoridades tomadores de decisão das Províncias e Municípios assumem frente à Pólio e a vacina.

As formas, os meios de comunicação e os líderes de opinião mais aceitos e de preferência para desenvolver as ações da Estratégia de C4D de erradicação da Pólio.

Metodologia:

Nesta pesquisa tem se utilizado o enfoque metodológico de “Fazeres, Pensares e Sentires, FPS”, que permite devassar nos comportamentos atuais dos interlocutores selecionados, fornecendo uma compreensão das razões sociais das praticas investigadas. Facilita o conhecimento e, de alguma maneira, outorga profundidade sobre os aspetos contextuais e emocionais dos comportamentos já que focaliza a sua atenção no universo dos sentimentos que motiva ou impedem a ação. As técnicas qualitativas empregadas foram:

Entrevistas em profundidade, EP: principalmente para conhecer os FPS de informantes chave, como os responsáveis de crianças menores de 5 anos,

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num diálogo empático e por meio dum instrumento elaborado para este propósito.

Grupos de discussão focalizados ou mini grupos, GF: Tomando em conta os estudantes das escolas, as mulheres grávidas e quando foi possivel responsáveis de crianças não vacinadas, para complementar a informação obtida nas EP.

Sessões de concertacões, SC: Aplicadas nos casos específicos com responsáveis de crianças ou mulheres grávidas. Trata – se de conversas, quando for necessário, sobre as limitações que estas pessoas podem perceber com relação aos comportamentos que pretendem ser desenvolvidos.

Observações de verificação, OV: Somente para serem aplicadas com os responsáveis de crianças menores de 5 anos, com a finalidade de conferir a informação declarada com relação à vacinação (dedo sem marca), lavado de manos e outros assuntos da pesquisa. Esta técnica foi aplicada de forma complementaria e paralela às EP.

Os instrumentos da pesquisa foram elaborados para cada uma das técnicas e interlocutores propostos e têm sido testados durante a campanha de vacinação do mês de outubro de 2011. As perguntas foram flexíveis e ordenadas segundo os tópicos, objectivos e comportamentos esperados com relação a eliminação da Pólio. O âmbito da pesquisa assegurou uma abordagem das áreas fronteiriças e de maior risco. Os critérios de seleção para a pesquisa foram definidos pela informação obtida nos reportes da Data Updated que semanalmente a OMS oferece, os dados da Monitoria independente do grupo CORE, assim como a priorização de províncias realizada na Estratégia de Barreira da Pólio para as áreas fronteiriças. Estes critérios assinalavam:

Tipicidade: Incluíram – se pessoas com características típicas de cada segmento selecionado. Procurou – se quê os grupos tivessem um perfil homogéneo relacionado com os comportamentos ideais.

Províncias, municípios, comunas onde o vírus da Pólio ainda poderia estar circulando e são fronteira com a República Democrática do Congo:

- Uige: Municípios Milunga e Makela de Zombo

Províncias, municípios, comunas com as maiores proporções de crianças não vacinadas:

- Luanda: Municípios Kilamba Kiaxi, Cazenga, Cacuaco e Viana.

Províncias, municípios, comunas fronteiriças com a RDC:

- Zaire: Municípios de Mbanza Kongo e Soyo - Cabinda: Municípios de Buco Zau e Cabinda sede

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Com esses parâmetros, o trabalho foi feito num total de quatro Províncias, dois Municípios para cada Província e duas comunas por cada Município, fazendo um total de:

- 4 Províncias - 10 Municípios - 31 Comunas ou Bairros

Ao longo da pesquisa tem - se desenvolvido 256 entrevistas em profundidade, 69 observações de verificação, 35 grupos focalizados e 16 sessões de concertação nas comunas planejadas. A seleção dos participantes foi efetuada considerando:

As casas reportadas pelas equipas da monitoria, no último dia de vacinação, como casas com crianças NÃO vacinadas.

A técnica Bola de Neve: Toda vez que se encontrava um responsável de criança NÃO vacinada, perguntava –se por outra pessoa igual.

Lugares de concentração, onde verificou-se a marca da vacinação no dedo das crianças.

Responsáveis que vacinaram os filhos pela força.

Principais

resultados:

No processo do planejamento e no trabalho conjunto à saúde identificou – se

três práticas ideais genéricas e cinco sub comportamentos, assim como

algumas ações essenciais para a erradicação da pólio que foram assumidos

como insumo principal para iniciar a investigação ora entre os interlocutores

principais como são as famílias, ora nos segmentos de operadores e aliados.

A seguir uma síntese general dos principais resultados obtidos entre os

segmentos principais:

No nível do conhecimento:

Sobre a vacina:

Acreditam que a vacina é importante para evitar doenças.

Generalizam: todas as vacinas fazem o mesmo efeito, aquece e da dor de barriga

A vacina é conhecida como estrelinha cuia em Luanda

Duvidam sobre as idades e as doses que se precisa

Sobre a Pólio:

Não sabem exatamente o que é a Pólio

A doença é mais conhecida como paralisia

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Confundem o nome da doença com a própria vacina (só no interior)

Acham que a Pólio não é grave, acreditam que tem cura com medicina tradicional ou nas igrejas (menor proporção em Luanda)

Dá Pólio só por não apanhar vacina

No nível do comportamento:

1. Razões da não vacinação das crianças de 0 até 5 anos durante a campanha:

No caso de Uige, Zaire e Cabinda, em ordem de relevância

Os vacinadores não passaram

(A metade)

Já chega de campanhas

Não estava em

casa

Como é então? Desinformação da campanha

No caso de Luanda

Os vacinadores não passaram

(Pouco mais da metade)

Não estava em casa

Já chega de

campanhas

Como é então? Desinformação da campanha

2. Vacinação das crianças contra a Pólio na rotina

A prática de levar à criança ao posto de saúde na rotina para que

apanhe a vacina, parece ser que ainda não esta entendida, já que a

visita ao centro de saúde está relacionada com os sintomas de alguma

doença, neste caso da Pólio, para que seja curada. Assim também,

embora um parte das participantes na pesquisa reconheçam as

vantagens de ir no centro de saúde, assinalam que na casa, não se

gasta dinheiro, não se perde o tempo, a criança não se incomoda o que

poderia sugerir uma preferência implícita às campanhas de vacinação.

No caso das mulheres grávidas, a maioria grávidas não sabe o que é a

Pólio, quais sãos as consequências nem como se evita. Sabem que é

uma doença mas não sabem explicar.

Todas reconhecem que a vacina é boa para a saúde da criança e que beneficia o seu crescimento sadio. Pouco mais d metade das entrevistadas expressaram ter a intenção de fazer vacinar ao seu futuro filho quando nasça.

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3. Ações de prevenção para evitar a Pólio

A pratica de lavado de mãos entre os responsáveis de crianças menores de 5

não é adequada, nem em frequência (depois de fazer cocô ou limpar uma

criança, antes de preparar os alimentos ou de comer), nem na qualidade da

ação (água e sabão, esfregar, enxugar).Ter acesso à água não é fácil

segundo a percepção das mães porque lhes significa um trabalho esforçado

ou gasto de dinheiro (em Luanda compram) e sentem que desperdiçam a água

quando se lavam muitas vezes as mãos, embora reconheçam que mão suja

provoca doenças.

Para a eliminação de excretas, quase todas as entrevistadas tem casa de

banho ou latrina. Aquelas que não, fazem no capim, num buraco onde se

enterra ou se emprestam do vizinho. O maior beneficio que encontram é a

privacidade e comodidade para tomar banho. Algumas latrinas observadas

não estavam limpas e na maioria dos casos se viu lixo aos redores do lugar.

Poucas vinculam as fezes com as doenças com a diarreia.

Os resultados dos segmentos secundários encontram –se no capítulo

corespondente no documento.

Conclusões e

Recomendaçõe

s

Com base aos resultados da pesquisa ¨Fazeres, Pensares e Sentires sobre a vacinação contra a Pólio e a doença de maneira geral pode-se concluir que: A. O contexto e a capacidade estabelecidos para a realização das

campanhas e da rotina precisam ser reforçados. Sugere-se:

• Organizar melhor as campanhas de vacinação (garantir vacinadores locais, qualidade na vacinação, identificar áreas risco)

• Motivar aos vacinadores para um trabalho de qualidade

• Fortalecer as capacidades de comunicação interpessoal para trabalhar

as rejeições ou razões da não vacinação

• Gerar instrumentos de apoio para as ações

• Fortalecer capacidades locais para a mobilização

B. As ações de Comunicação e Mobilização Social desenvolvidas para gerar comportamentos favoráveis com relação à prevenção da Pólio têm sido genéricas, dispersas e escassas, pelo que se recomenda no nível da Estratégia e do conteúdo:

• Focalizar as ações à mudança do comportamento – social integral –

Não ficar só no conhecimento/informação

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• Segmentar para cada ação e mensagem

• Gerar mensagens especificas

• Reforçar os benefícios percebidos

• Eliminar as limitações

O documento in extenso fornece também conclusões e recomendações

específicas em concordância com os resultados.

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Juntos pelas Crianças

Capítulo I. Introdução

1.1Antecedentes 1.2 A investigação

1.3 Seleção dos comportamentos a serem pesquisados 1.4 Enquadramentos conceitual e analítico

1.5 Objetivos da investigação

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1.1 Antecedentes

Angola é um dos países no nível mundial classificado como prioridade na

erradicação da Poliomielite.

A reaparição do pólio vírus selvagem (VPS) produzida no ano 2005 tem persistido

mais de cinco anos no país e gerado um dos maiores números de casos na África.

O governo do país, em resposta a essa emergência de saúde, desenvolveu com o

apoio técnico e financeiro do Comitê Interagencial conformado pela OMS e o

UNICEF um plano de imunização para cinco anos (2009-2013), assim como uma

estratégia de campanhas complementarias para deter a transmissão da pólio,

concentrando as ações inicialmente em 32 municípios e 11 províncias de alto risco,

selecionadas pelo número de crianças não vacinadas nas campanhas e na rotina, a

existência de casos de pólio e o difícil acesso às comunas e aldeias.

Os principais pontos deste plano assinalam o fortalecimento da imunização de

rotina; a melhora do sistema da cadeia de frio, o desenvolvimento da vigilância no

nível comunitário e a mobilização social com o apoio dos meios de informação e da

sociedade civil.

Porém, embora tenham se concentrado esses esforços no último quinquênio para

alcançar a cobertura total de imunização de crianças de 0 até cinco anos de idade

contra a Pólio, em 2010 se registraram 33 casos, devido principalmente à

importação procedente da República Democrática do Congo, RDC, e a transmissão

nas províncias de Luanda, Benguela, Lunda Norte e Lunda Sul. Já em 2011 foram

confirmados 5 casos gerados no Kuando Kubango e Uige e no decorrer de oito

campanhas de vacinação nesse ano não se conseguiu atingir o 100% da meta,

mantendo em torno ao 10% de crianças menores de 5 anos sem vacinar.1

As debilidades identificadas apontam à falta de acesso às áreas de risco, ausência

das crianças durante as campanhas, inadequada atenção nos postos de saúde,

fraco programa de rotina, percepções negativas sobre a vacina, mobilização

extemporânea assim como a pouca participação das autoridades e líderes locais,

municipais e até nacionais.

No presente, com a finalidade de melhorar a imunização e suprimir as fraquezas já

reconhecidas se pretende fortalecer a estratégia com a micro planeação nas áreas

priorizadas - para que os próprios líderes tenham um maior conhecimento das suas

zonas e das necessidades - e facilitar a vacinação sistemática por médio dos

serviços de saúde e equipas móveis. A vigilância de possíveis casos também será

enfatizada assim como o acesso em um 70 % da população à água tratada e

saneamento básico. Da mesma forma, como prioridade está aquilatar as condições

envolvendo e mobilizando atempadamente todos os segmentos sociais, incluindo 1 Segundo os dados da Monitoria Independente realizado pelo grupo CORE.

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governadores provinciais, as Forças Armadas, autoridades locais, lideres

tradicionais como parteiras e curandeiros, entre outros.

Esta última linha de ação tem sido considerado como o pilar central da estratégia de

erradicação da pólio, motivo pelo qual esta - se revendo o enfoque atual de trabalho

e se projetando algumas mudanças na implementação da mobilização social que vai

fortalecer as alianças com grupos organizados como as igrejas, as escolas,

entidades de jovens, mulheres e outros segmentos de atuação social nos níveis

municipais e comunais, assim como a construção de outras novas parcerias que

facilitem a verdadeira participação e apropriação das responsabilidades como

sujeitos protagonistas da mudança social.

Para atingir esse objetivo a UNICEF em apoio ao Ministério de Saúde, tem

reconhecido a necessidade de desenvolver uma investigação social a fim de contar

com informação atual com relação à Pólio nos próprios contextos das famílias

angolanas e, a partir dos resultados da pesquisa ajustar o planejamento e propor

novas estratégias de implementação, supervisão, monitoria e avaliação de ações.

O presente documento apresenta os resultados da ¨Investigação Diagnóstica

Qualitativa de Fazeres, Pensares e Sentires, FPS¨, realizada dentro dum processo

cíclico e sistemático da C4D, descreve o processo metodológico e fornece dicas dos

elementos chaves a serem considerados na formulação e execução da Estratégia

em apoio à erradicação da Pólio.

1.2 A investigação Na definição da pesquisa se atravessaram as seguintes quatro etapas sequenciais:

Formação teórica – prática de 30 jovens da Universidade Agostinho Neto em pesquisa qualitativa

de FPS

Validação e ajustes aos instrumentos

Trabalho de campo, aplicação de

técnicas

ETAPA I: ETAPA II: ETAPA III:

Revisão Bibliográfica

Elaboração do Protocolo

Definição do guião dos instrumentos

Elaboração dos instrumentos

Figura 1.1 Fases da Investigação

ETAPA IV:

Sistematização dos resultados

Análise

Elaboração

do informe

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Juntos pelas Crianças

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Na revisão bibliográfica, não tem se encontrado fontes de investigações na Angola

referidos especificamente aos comportamentos dos responsáveis de crianças

menores de 5 anos com relação à vacinação contra a Pólio e a própria doença.

Entretanto, o ¨Estudo sobre as razões sociais das crianças não vacinadas nas

campanhas contra a pólio na República Democrática do Congo¨ efetuada pela

consultora internacional de UNICEF Veronique Goblet, foi uma experiência que

alimentou especialmente à redação dos instrumentos de pesquisa. De igual maneira,

foi um ponto de referência os reportes de monitoria independente que o grupo

CORE, Colaboração e Recursos para Saúde Materna Infantil da Comunidade,

realiza para cada campanha de vacinação.

Assim também, pode-se mencionar o estudo que a empresa SINFIC estava

desenvolvendo paralelamente à formulação da presente investigação, denominada

¨Pesquisa Comunitária sobre a Imunização contra a Polio e Eficácia das Acções de

Comunicação e Mobilização Social¨, documento que foi tomado em conta na hora de

revisar os resultados obtidos na investigação de FPS.

Logo após, se elaborou o protocolo da pesquisa onde a pergunta principal formulada

para a investigação foi: ¿Quais são os comportamentos atuais dos e das

responsáveis das crianças não vacinadas contra a Pólio de 0 até 5 anos de idade,

nos municípios de maior risco da Angola, sobre a vacina da Poliomielites?, além de

outros questionamentos que guiaram o estudo. Neste momento, também se

realizaram os instrumentos qualitativos que foram revisados tecnicamente pela

primeira vez, na campanha de vacinação efetuada em outubro de 2011 e corrigidos

com base nos resultados.

Com a finalidade de criar capacidades locais em investigação formativa qualitativa e

garantir o trabalho de campo, procurou-se uma parceria com a Faculdade de

Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, a traves da Coordenação do

Departamento de Comunicação Social, para contarem com trinta jovens, entre

mulheres e homens, capazes de recolher a informação nas áreas definidas.

O treinamento desses recursos humanos para a Pesquisa Qualitativa de ¨Fazeres,

Pensares e Sentires, FPS, sobre a Pólio e a vacinação¨ realizou-se dias prévios à

campanha de vacinação prevista para o mês de novembro de 2011.

A metodologia da formação foi essencialmente refletiva e participativa para

conseguir uma boa integração na teoria e na prática. O objetivo foi dotar as equipas

participantes de destrezas e capacidades na planificação, aplicação de técnicas e

instrumentos, assim como na sistematização de resultados da pesquisa planejada.

O conteúdo da formação referiu-se à utilidade e concepção do enfoque Fazeres,

Pensares e Sentires, FPS, compreendido como o comportamento; técnicas de

investigação: entrevistas em profundidade, sessões de concertação, observações de

verificação, grupos focalizados de discussão; perguntas fechadas e abertas;

elaboração de guias; Diário de campo; ordenamento e análise da informação.

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Já na terceira etapa, as oito equipas que foram treinadas efetuaram a validação dos

instrumentos em terreno e logo dos ajustes iniciaram o trabalho de campo nas

quatro províncias definidas.

Finalmente, assim que as equipas retornaram com a informação colhida se efetuou

o ordenamento, sistematização, análises dos resultados e a elaboração do presente

relatório.

Os resultados desta pesquisa tem um valor potencial na Comunicação para o

Desenvolvimento de Erradicação da Pólio porque traz consigo um sentido de:

Conveniência: Toda vez que os resultados obtidos na investigação se tornem como a fonte principal para ajustar a Estratégia atual de Comunicação e Mobilização Social, apontando para uma mudança social que defina ações de resposta imediata à Poliomielite, durante as Jornadas de Vacinação, assim como para a rotina.

Relevância social: A informação qualitativa colhida é uma importante forma de compreender sobre os comportamentos dos responsáveis de crianças menores de 5 anos com relação a vacinação e a Pólio e de retroalimentar a informação à própria comunidade toda vez que se partilhem com eles os resultados da pesquisa.

Implicações práticas: No caso de gerar mudanças individuais e coletivas por meio das estratégias definidas a partir dos resultados da investigação.

1.3 Seleção dos comportamentos a serem pesquisados

Para realizar uma pesquisa com o enfoque selecionado de Fazeres, Pensares e

Sentires é preciso contar com uma lista de comportamentos considerados como

ideais o condutas corretas, neste caso para evitar a Pólio, estabelecidas pelo setor

saúde, a qual orienta o rumo da investigação.

Por isso, tem se construído a lista de ¨práticas ou comportamentos ideais¨ (ver Anexo 1) com o apoio dos especialistas em epidemiologia de UNICEF, que abrangeu comportamentos genéricos e subcomportamentos esperados entre o grupo principal da pesquisa e varias ações essenciais entre outros segmentos populacionais. Os três comportamentos genéricos foram:

Que os responsáveis de crianças de 0 até 5 anos de idade as protejam contra a Poliomielites mediante as campanhas de vacinação

Que os responsáveis de crianças de 0 até 5 anos de idade completem o esquema de vacinação contra a Poliomielite até o primeiro ano de vida da criança

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Que os responsáveis de crianças de 0 até 5 anos de idade apliquem ações de prevenção para evitar a propagação da Pólio.

1.4 Enquadramento conceitual e analítico

A investigação está enquadrada conceitual e analiticamente ao modelo dos ¨Fazeres, Pensares e Sentires¨2, um enfoque que interpreta os comportamentos dos espaços populacionais do estudo procurando identificar principalmente os factores internos como são as consonâncias e as dissonâncias desses três âmbitos que aborda. Contudo, sendo que as razões sociais que influem num comportamento ora actual, ora novo, podem vir desde o interior da pessoa (internos) ou do ambiente (externo, como por exemplo, a falta de acesso aos serviços ou à vacina), a pesquisa tomou em conta ambos os factores, que se visibilizam nas limitações ou benefícios percebidos pelos informantes. Os FPS propõem que a motivação aos comportamentos favoráveis à saúde não está simplesmente ligado ao conhecimento, mas também à área emocional, capaz de “impulsionar à ação ou paralisar. A pesquisa qualitativa de Fazeres, Pensares e Sentires, é um tipo de pesquisa diagnóstica e formativa. Diagnóstica porque permite conhecer os comportamentos atuais do grupo pesquisado. Formativa porque com base nos seus resultados, pode se construir (formar) o processo de Informação, Comunicação e Mobilização Social (ICMS)”... “Pela sua própria natureza, a pesquisa de FPS trata sobre os aspectos emocionais e contextuais dos comportamentos da pessoa ou do grupo. Pergunta sobre os por quês, inclui informação, aprofunda a compreensão e contextualiza os comportamentos. É interpretativa porque ajuda a

esclarecer e compreender cada resposta na sua dimensão humana e cultural”.3 Trabalha incluindo três tipos de comportamentos:

Comportamentos ideais: São as normas ou condutas corretas estabelecidas em

protocolos de saúde que no caso de serem praticados pode se eliminar o problema

de saúde.

Comportamentos atuais: São os comportamentos que os diferentes segmentos

populacionais praticam a partir das suas crenças, sentimentos, conhecimentos,

experiências e cultura.

Comportamentos factíveis: São os comportamentos que têm maior probabilidade

de serem adotados, seja pela proximidade às práticas atuais ou porque estão dentro

do seu contexto social y cultural. É o ponto meio entre o ideal e o atual.

2 A metodologia dos FPS foi apresentada na América Latina, Bolivia, pelo comunicólogo Patricio Barriga no ano

1992 e posteriormente foi adaptada às necessidades de comunicação e saúde pública pelas comunicadoras Gridvia Kuncar e Ana Sánchez Quisbert. 3Haceres, Pensares y Sentires, HPS. Una guía para comunicación efectiva y afectiva en salud. BASICS II.

GridviaKúncar. Bolivia 2002.

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Na análise os FPS atuais encontrados no diagnóstico, são cotejados com os FPS

ideais para serem submetidos num instrumento chamado “balança do

comportamento” que permite identificar, sobre a base da qualificação de algumas

variáveis selecionadas, os FPS factíveis de serem modificados ou fortalecidos com

ações de comunicação.

1.5 Objetivos da investigação

ENQUADRAMENTO CONCEITUAL

Fazeres, Pensares e Sentires - comportamento

FPS Ideais

Planeamento

• Proteger as crianças mediante as campanhas de vacinação

• Completar o esquema de vacinação da Pólio

• Aplicar práticas de

FPS atuais

Trabalho de campo

• Vacinar nas campanhas

• Vacinar na rotina • Vacinar ao RN

(primigestas) • Lavado de mãos

• Disposição de excretas

FPS factíveis

Análise

Chaves (emocionais sobre benefícios e

limitações)

Estratégia de C4D para erradicação da pólio

Analise ACC

Situação do Comportamento

Conceptualização Ana Sánchez Quisbert

Figura 1.2 Enquadramento conceitual e analítico dos FPS

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Os objetivos da investigação foram os seguintes:

Geral

Conhecer imediatamente após da campanha de vacinação efetuada no mês de novembro 2011, os Fazeres, Pensares y Sentires (FPS) dos e das responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade NÃO VACINADAS contra a Pólio, dos municípios das Províncias de maior risco da Angola: Uige, Zaire, Cabinda e Luanda, assim como de outros atores sociais sobre a Poliomielite e a vacina.

Específicos:

a) Conhecer os motivos pelos quais as crianças de 0 até 5 anos de idade não são vacinadas durante as campanhas

b) Identificar os FPS dos responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade sobre a vacinação de rotina contra a Pólio para completar o cartão de vacinação contra essa doença antes do primeiro ano de vida da criança

c) Averiguar os conhecimentos e a valoração das mulheres grávidas pela primeira vez, sobre a Pólio e a vacina

d) Conhecer quais são as práticas de prevenção da Pólio que a família tem, ou não.

e) Saber quais são as práticas do pessoal de saúde com relação à doença da Pólio e a vacinação de rotina e durante as campanhas

f) Identificar qual a participação e mobilização dos diferentes atores sociais das comunas ou bairros na promoção das medidas de prevenção e erradicação da Pólio.

g) Conhecer o papel que desenvolvem os líderes de opinião nas comunidades e bairros dos municípios selecionados sobre a prevenção e erradicação da Pólio.

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h) Estabelecer o compromisso e as responsabilidades que as autoridades tomadores de decisão das Províncias e Municípios assumem frente à Pólio e a vacina.

i) Precisar as formas, os meios de comunicação e os líderes de opinião mais aceitos e de preferência para desenvolver as ações da Estratégia de C4D de erradicação da Pólio.

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Capítulo II. Metodologia da Pesquisa

2.1 Tipo de investigação 2.2 Participantes

2.3 Âmbitos da investigação 2.4 Técnicas e instrumentos

2.5 Colheita da informação

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2.1 Tipo de investigação

Pela natureza da informação procurada, a investigação realizada é de caráter qualitativo, descritivo e interpretativo. Este estudo diagnóstico e formativo está definido pela “tipicidade” das pessoas que participaram na pesquisa. Quer dizer, que os e as participantes são “específicos” e “característicos” dos segmentos da população selecionada. Os resultados da pesquisa não são representativos para o país da Angola, porém nos lugares críticos onde foi realizada permitiu:

Conhecer não só o saber dos segmentos e interlocutores selecionados, mas também aquilo que fazem, por que e quais as motivações para isto.

Encontrar chaves emocionais para mobilizar a favor das praticas de prevenção da pólio.

Confrontar os FPS atuais com os ideais para identificar a forma de promover os factíveis.

Fornecer orientações para estabelecer objetivos precisos na Estratégia de C4D para a Erradicação da Pólio.

2.2 Participantes

A seleção do universo dos participantes foi realizada considerando:

Tipicidade: Incluíram–se pessoas com características típicas de cada segmento selecionado. Procurou-se que os participantes tenham um perfil homogêneo relacionado com o comportamento ideal para assegurar uma adequada segmentação requerida na investigação qualitativa.

Percentagens elevadas de crianças NÃO vacinadas: Tomaram-se em conta diferentes grupos populacionais dos municípios onde não se atingiu o alvo durante as campanhas de vacinação e que mantiveram uma margem entre o 7% (Mbanza Kongo – Zaire) e o 15 % (Viana – Luanda) de crianças não vacinadas durante o 2011, segundo os dados da monitoria independente de CORE.

Com fines estratégicos segmentou-se os participantes em três espaços populacionais:

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2.2.1 Segmento Principal: Estiveram consideradas aquelas pessoas que esperamos apliquem os comportamentos saudáveis para erradicar a Pólio.

Planejado Participaram

Qualquer responsável na família da criança de 0 até 5 anos de idade NÃO vacinada:

Mãe da criança4

Pai da criança

Avô, avó da criança

Outro

Mães de crianças de 0 até 5 anos de idade NÃO vacinadas:

No âmbito da pesquisa, quase todas as pessoas que se encontraram como responsáveis das crianças menores de 5 anos foram mães. Houveram quatro pais (3 em Luanda e 1 no Zaire) e duas avôs (Luanda) que se identigicaram como responsáveis e deram entrevistas. As idades das mães oscilam entre os 22 e 38 anos com uma media de 2 filhos menores de 5 anos. Entre as principais ocupações das mães está a venda de produtos nas prazas e cuidado da casa, dos filhos e da lavra. Varias mães fizeram até o ensino de primaria. Especialmente nas areas ruaris de Uige, Cabinda e Zaire participaram imfornmantes con linguas tradicionais como Kimbundo, Kikongo, Lingala e Umbundo , entre outras. Os filhos e filhas das mães que participaram tinham entre 3 semanas de vida e 5 anos, sendo que as crianças encontradas sem vacina contavam entre 8 meses de vida e 3 anos de idade. Só tem- se encontrado um caso de uma mãe que nunca vacinou a filha dela de 1 ano e 8 meses devido à experiência negativa que teve com o pessoal de saúde (ver resultados).

Grávidas primigestas, a partir dos seis meses

Grávidas primigestas com seis meses ou mais de gravidez

As mulheres grávidas pela primeira vez da pesquisa têm entre 14 e 18 anos de idade. Algumas delas abandonaram a Escola quando souberam do seu estado e a maioria não estudava, dedicavam - se ajudar ás suas famílias.

4 4 De acordo com a experiência da pesquisa qualitativa efetuada no Congo se incluiu as mães e os pais de

crianças que foram vacinadas pela força.

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Na maioria dos casos, para identificá-las se teve que solicitar apoio aos centros de saúde porque estava se tornado difícil encontrá-las para realizar a investigação. Algumas delas ainda estão a morar com os seus pais e não quiseram entrar em detalhes. Durante as entrevistas em profundidade e os grupos focalizados, a maioria das mulheres grávidas comportou-se tímida, especialmente as mais novas. Falaram conhecer sobre o cuidado das crianças recém nascidas porque já ajudaram as suas mães a cuidar dos seus irmãos mais novos.

2.2.2 Segmentos facilitadores ou secundários: Tomou-se em conta as pessoas que dão apoio operativo no desenvolvimento das Estratégias ou Programas

Planejado Participaram

Professores de escolas de secundaria

Estudantes de escolas, entre 114 e 17 anos, de secundaria e médio

Voluntários (mobilizadores)

Pessoal de ONGs

Pessoas de grupos organizados, como igrejas, jovens, mulheres

Pessoal de saúde: médicos, enfermeiros, vacinadores, agentes comunitários

Outros

Neste segmento, na maioria dos Municípios tem se encontrado muita disponibilidade por parte dos professores e dos estudantes de escolas. A idade dos jovens participantes é entre os 13 e 17 anos e estão cursando a 7ma, oitava ou nona classe. Estes jovens, embora não contavam com muita informação para responder os questionamentos das entrevistas tem se mostrado receptivos e com muita vontade de tomar parte em atividades de divulgação, promoção e mesmo de vacinação. No Zaire, incluiu-se a conversa de dois jornalistas com muita credibilidade na localidade. Luanda e Uige foram as Províncias onde quase não se conseguiu identificar Grupos organizados. Nos outros espaços trabalhou-se com jovens das Igrejas (principalmente de IEA, Igreja Evangélica em Angola) que assistem regularmente às suas reuniões e que participam em atividades de entretenimento, de interesse da sua entidade ou de formação religiosa. Foi no Zaire onde se conversou com pessoas dum Grupo de Atividade Tradicional, dedicada aos assuntos da comuna sejam culturais ou sociais.

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Em Luanda participaram mulheres das Igrejas. Só não tem se encontrado ONG em nenhum dos Municípios percorridos. O pessoal de saúde esteve conformado na maioria das entrevistas por enfermeiros dos postos situados nas comunas ou bairros visitados. Também se falou com um vacinador, uma médica em Luanda e uma farmacêutica em Cabinda. No Uige, contamos também com pessoal do PAV. Algumas parteiras tradicionais do Uige, Zaire e Luanda participaram nas entrevistas em profundidade e também falaram sobre as campanhas de vacinação e a doença da Pólio.

2.2.3 Segmentos aliados:

Identificaram-se aquelas pessoas que podem mobilizar recursos técnicos, financeiros e humanos e criar um entorno favorável para uma mudança social coletiva.

Planejado Participaram

Líderes de opinião locais: Sobas, Presidentes de Moradores, Líderes de Igrejas, Regedores

Para este segmento de aliados tem se considerado dois grupos. Um primeiro dos líderes de opinião, que são capazes de gerar correntes positivas sobre uma temática entre as populações onde atuam. No caso da pesquisa, os que, maiormente participaram em todas as Províncias foram os pastores de igrejas, embora tenha se insistido bastante em alguns casos como, por exemplo, no Zaire onde o líder da Igreja Messiânica aceitou dar entrevista depois de muita persistência, com receio dado que nesta igreja alegam que não é bom tomar medicamentos para curar doenças porque são considerados “toxinas” e acham melhor utilizar a força da luz através de uma das mãos para dar e receber a cura.

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Tomadores de decisão: Governadores Provinciais, Administradores.

Também participaram os Sobas das comunas de Uige, Cabinda e Zaire, só em Luanda deu entrevista um Presidente de moradores. Já em menor proporção se ouviu um Padre Superior da Igreja Católica e Jornalistas no Zaire, assim como um Regedor e um Diretor pedagogo dum centro educativo de Luanda. O segundo grupo de aliados, dos tomadores de decisão esteve representado pelos Administradores em Luanda e Zaire, Administradores adjuntos que exercem em Cabinda e Uige, Vice Governadores em Zaire e um Chefe de Repartição em Cabinda. Este segmento foi o que demandou um maior tempo de espera por parte dos investigadores devido às agendas apertadas que essas autoridades levam no dia a dia.

2.3 Ambitos da investigação Os critérios de seleção para a pesquisa foram definidos pela informação obtida nos reportes da Data Updated que semanalmente a OMS oferece, os dados da Monitoria independente do grupo CORE, assim como a priorização de províncias realizada na Estratégia de Barreira da Pólio para as áreas fronteiriças. Estes critérios foram:

Lugares onde vírus da Pólio ainda está circulando5

Lugares com as maiores proporções de crianças não vacinadas6

Lugares que são fronteira com a RDC7

5 O reporte Data Updated as of 07th October, OMS assinala a Provincia de Uige como uma área de risco pelo último

caso aparecido nesse lugar e a proximidade com o Congo. 6 Dados da monitoria independente de CORE amostram que na campanha do mês de julho de 2011, Luanda é uma das

províncias que não vacinou o 10% de crianças menores de 5 anos, e os dados dos municípios selecionados para a pesquisa são: Cacuaco 11%, Cazenga 20%, KilambaKiaxi 5%, Viana 20%.

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Com os parâmetros de seleção descritos o trabalho foi desenvolvido em:

4 Províncias

10 Municípios: Com exceção de Luanda onde se trabalhou em 4 Municípios, a pesquisa se desenvolveu em dois Municípios para cada Província.

31 Comunas ou Bairros: Este âmbito foi selecionado quando as equipas de pesquisa encontravam-se no terreno e em coordenação com o pessoal de saúde de cada município. Tomaram-se em conta os dados dos lugares que geralmente tem problemas com a vacinação assim como a informação preliminar da monitoria. Originalmente se pretendia visitar duas comunas ou bairros por cada município, mas pela dinâmica da pesquisa alcançou-se atingir mais.

7 Embora existam outras Províncias que fazem fronteira com o Congo, selecionaram-se aquelas que são as mais

transitadas como Cabinda, Zaire e Uige.

Figura 2.1 Âmbito geográfico da pesquisa

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Quadro 2.1 Descrição do âmbito da Investigação

Províncias Municípios Comunas ou Bairros

Uige Maquela Sede Jica Valodia Vila Diolinda Rodrigues Quibocolo

Milunga Sede Soyo

Massau Macocola Macolo

Luanda Viana Sede Cazenga Asa Branca Cacuaco Sede Kilamba Kiaxi

Sapu Avo Cumbi

Zaire Sede Kitona Bairro Fina Kifuma Pedra de Feiti´ Ki elo

Mbaza Kongo Uige Álvaro Buta 11 de novembro Sagrada Esperança

Cabinda Cabinda Sede Tchizo Jamba Fortaleza Tchipindi Povo Grande

Buco Zau Sede Necuto Inhuca Caio POBA

2.4 Técnicas e instrumentos

Pela natureza qualitativa da investigação as técnicas aplicadas de maneira combinada foram:

Entrevistas em profundidade, EP: Esta foi a principal técnica planejada para todos os segmentos principalmente por duas qualidades que oferece: aliviar as questões logísticas dado que os participantes podem estar geograficamente dispersos ou não será fácil reuni-los por outras razões e, procurar mesmo a profundidade das respostas, porque a pesquisa pretendia conhecer os FPS num diálogo empático, recolhendo as expressões e frases mais relevantes durante a

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conversa individual e assim compreender os comportamentos primeiro individuais e logo os coletivos.

Sessões de concertação, SC: Logo após da EP, quando foi possível se aplicou esta técnica com a mesma pessoa participante, introduzindo algumas perguntas da percepção negativa ou pouco favorável à vacinação expressadas na entrevista para procurar, conjuntamente os responsáveis das crianças, possíveis motivações e formas de melhorar essa situação ou problema.

Observação de verificação, OV: Esta técnica foi aplicada de forma complementaria e paralela às EP com os responsáveis de crianças menores de 5 anos para constatar que a criança não foi vacinada (dedo sem marca), se tem outros filhos em casa, quem é a pessoa que esta ao cuidado delas nessa hora e outra informação sobre aquilo que se indagou no momento da entrevista.

Grupos de discussão focalizados, GF: Se efetuaram mini GF com os responsáveis de crianças de 0 até 5 anos de idade não vacinadas (4 até 6 pessoas por cada grupo) e GF com mulheres grávidas pela primeira vez e os estudantes das escolas. (cada grupo de 6 até 8 pessoas).

2.5 Colheita da informação

O trabalho de campo foi desenvolvido imediatamente um dia após a campanha de

vacinação do mês de novembro de 2011. As equipas de pesquisadores aproveitarão

alguma das seguintes estratégias para selecionar e contar com os e as

participantes:

Procuraram as casas que foram reportadas pelas equipas da monitoria no último dia de vacinação como casas com crianças NÃO vacinadas: Num trabalho conjunto o pessoal de saúde local aproveitou-se a informação preliminar do grupo CORE.

Técnica Bola de Neve: Toda vez que se encontrava algum responsável de criança NÃO vacinada, perguntava-se por outra pessoa na mesma situação.

Procuraram-se crianças não vacinadas nos locais de concentração: Como praças, igrejas, escolinhas ou qualquer outro espaço público.

Para iniciar as entrevistas se utilizaram dois filtros, um primeiro se a criança de 0 até

5 anos não tinha a marca na unha pequena da mão e o outro, se perguntou quem é

a pessoa que fica sempre aos cuidados da criança.

O trabalho de campo foi realizado no decorrer de cinco dias depois da ultima

campanha de vacinação de 2011 aproveitando os primeiros dias para aplicação das

técnicas com os segmentos principais.

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Encontraram - se algumas limitações na condução da pesquisa como:

Difícil aceso às comunas por causa das chuvas: Foi o caso do Município de Milunga, Uige, onde houve comunidades com o caminho avariado.

Falta de comunicação oportuna sobre a pesquisa: Especialmente nas Províncias e Municípios de Cabinda e Luanda, onde as autoridades locais de saúde, não permitiram o deslocamento das equipas às comunas ou bairros selecionados até receber uma notificação do Ministério de Saúde. Afortunadamente, este impasse foi resolvido com rapidez pelas autoridades do MINSA, facilitando assim o ingresso dos jovens nas áreas de trabalho.

Falta de apoio de alguns Sobas: Em algumas localidades de Maquela do Zombo de Uige, não foi fácil estabelecer o contato e aceitação com os Sobas, que no inicio rejeitaram a atividade, até compreender a importância da pesquisa. Após das explicações dos pesquisadores os lideres locais facilitaram e deixaram correr o trabalho.

Aplicação limitada da técnica Sessões de Concertação: Na maioria dos casos esta técnica não foi necessária dada a natureza da causa pela qual as crianças menores de 5 anos não apanharam a vacina, porém nos casos onde era por um motivo interno, nem sempre foi aplicada esta técnica, provavelmente por ser esta pesquisa a primeira experiência que tiveram as equipas de investigação.

A seguir, se apresenta o quadro resumo das técnicas que foram aplicadas para cada

um dos segmentos selecionados durante o trabalho de campo. Vale a pena

esclarecer que de maneira geral tem se cumprido com o trabalho planejado.

Na prática das EP se ultrapassou o previsto com os estudantes de escolas e pessoal

de saúde, pela disponibilidade que evidenciaram os participantes, assim como com

os responsáveis de crianças não vacinadas, no caso de Luanda.

Pelo contrario, a realização das EP com pessoas com crianças sem vacina no

Município de Milunga, Uige, foi reduzida porque só se encontraram algumas na

localidade de Macolo. Já nas EP com pessoas de grupos organizados e com os

tomadores de decisões também se efetuou menos do previsto pela ausência desses

segmentos nas áreas de pesquisa.

Com relação aos GF, houve variações com os responsáveis de crianças menores de

5 anos e as primigestas por razões de tempo dos participantes, motivo pelo qual se

conseguiu fazer a metade do projetado. Finalmente, as OV foram efetuadas

paralelamente as EP.

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Quadro 2.2 Trabalho de Campo

Segmento

Participantes

Entrevistas em

profundidade

Sesõesde concertação

Observaçoes de Verificação

Grupos focais

Familia

Responsável da criança de 0 até 5 anos, não vacinada: Mães

69 18 69 10

Grávidas primigestas, a partir dos seis meses

50 8 10

Informantes facilitadores

Professores 28

Estudantes das escolas 34 15

Grupos de base 8

Pessoal de saúde 38

Informantes aliados

Líderes de opinião locais 19

Tomadores de decisão 10

TOTAL INVESTIGAÇÃO 256 16 69 35

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Juntos pelas Crianças

Capítulo III.

Resultados da Pesquisa

3.2 3.1 Comportamentos atuais encontrados

3.5 Práticas do pessoal de saúde com relação à Pólio e a vacinação

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Juntos pelas Crianças

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3.1 Comportamentos atuais encontrados

Antes de partilhar os resultados da pesquisa é importante observar, de maneira

geral, alguns aspectos relevantes da investigação:

Durante a pesquisa, só tem- se encontrado um caso de uma mãe que nunca vacinou a filha dela de 1 ano e 8 meses devido ao contacto negativo que teve com o pessoal de saúde. Ela contou que após ter nascido a criança ela foi com a filha dela para o Hospital para que possam ver a saúde, porém no centro, a mãe declara que lhe pediram 2000 kuanzas de multa. “ tive o bebe em casa, quando levei no hospital a médica em serviço pediu multa de 2000 kuanza e eu não tinha, sai dai e por isso nunca vacinei a filha, fiquei com medo de voltar…” (EP,Malenga, Maquela do Sombo).

O Município com maior dificuldade para encontrar responsáveis de menores de 5 anos sem vacina foi Milunga, Uige, sendo só a localidade de Cacole onde se captou algumas mães. Em troca, nos Municípios de Luanda o esforço foi menor, embora se tenha trabalhado em quatro deles, uma quantidade maior do que as outras Províncias.

A falta da marca de vacinação no dedo da criança provocou confusão em vários casos nos Municípios de Uige e Luanda já que depois dos investigadores fazer a Observação de Verificação e solicitar entrevista com os responsáveis das crianças que não tinham marca, se reparou no meio da entrevista que o responsável da criança tinha declarado a verdade quando falou que vacinou o filho dele e que na realidade foi o vacinador quem não pintou o dedo. Estas EP foram eliminadas da pesquisa.

No Mbanza Kongo, Zaire, encontrou-se poucos casos de crianças vacinadas pela força. As mães que aceitaram dar entrevista, disseram que não queriam deixar apanhar a vacina porque os filhos ficam doentes com febre. Algumas delas aceitaram depois de ter ouvido o apelo da autoridade local para vacinar o filho, mas outras não, e foram essas as crianças que apanharam a vacina pela força. Infelizmente, esta razão não foi confirmada com as mães das crianças vacinadas na presença das autoridades, porque fugiram e não quiseram conversar com as investigadoras.

Na Província de Luanda os quatro Municípios Selecionados: Viana, Cacoaco, Cazenga e Kilamba Kiaxi, são considerados áreas suburbanas pelo grau de desenvolvimento que tem. Contudo, os resultados encontrados nestas localidades não diferem em grande medida com aqueles do Zaire, Cabinda e Uige. Poderia ser porque a investigação se concentrou aos redores desses municípios onde muitas famílias assentadas migraram das Províncias e onde as condições de vida são similares aquelas encontradas no interior.

Devido à falta de tempo ou porque na maioria dos casos as entrevistas foram feitas fora das casas dos responsáveis de menores de 5 anos, não foi possível

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Juntos pelas Crianças

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efetuar observações de verificação com relação ao lavado de mãos (se esfregam – se as mãos, usam sabão, de onde utilizam a água ou como se enxugam).

Durante a pesquisa ocasionalmente, tem se observado crianças menores de 5 anos que fazem cocô no lugar do lixo. A eliminação das excretas das crianças é um aspecto que não ficou claro e que poderia se afundar nas visitas no terreno que se fazem para a mobilização ou supervisão de atividades, no nível local.

No caso das mulheres primigestas é importante fazer notar que uma maioria foi captada a través dos serviços de saúde considerando que nesses recintos tem dados sobre as grávidas que fazem o controle pré-natal. Contudo, é possível que a aceitação que demonstraram em grande parte deva-se às orientações que recebem do pessoal de saúde. Este aspecto deve ser tomado em conta na hora do planejamento da Estratégia.

Nas páginas a seguir se apresentam os resultados encontrados no decorrer da investigação de Fazeres, Pensares e Sentires, nas quatro províncias selecionadas. Este capítulo está organizado em concordância com cada um dos comportamentos ideais genéricos, os subcomportamentos, os objetivos e dos segmentos participantes traçados para a pesquisa. Para uma melhor compreensão, na linguagem utilizada no reporte qualitativo tem se utilizado expressões como ¨todos¨, ¨pouco mais da metade¨ ou ¨a minoría¨, entre outros, para dimensionar a frequência das respostas encontradas aos questionamentos da pesquisa. Assim, no caso de tratar - se de uma fato comum entre os participantes, o termo ¨a maioria¨ tem se obviado, as vezes no entendido de que é um resultado dominante.

COMPORTAMENTO IDEAL GENÉRICO 1: Vacinar as crianças de 0 até 5 a nos de idade contra a Poliomielites em todas as campanhas de vacinação para proteger a saúde delas.

Objetivo: Conhecer os motivos pelos quais as crianças de 0 até 5 anos de idade não são vacinadas durante as campanhas

No nível do Conhecimento: Sobre a vacina:

Acreditam que a vacina é importante para evitar doenças: Nos Municípios de Luanda, quase todas as pessoas entrevistadas tem uma boa opinião da vacina, poderia se dizer superdimensionada, embora não se referiram exclusivamente à da Pólio. De modo geral, acham que a vacina é importante porque é mesmo boa para as crianças já que evita doenças e lhes protege da diarreia e da febre, inclusive, algumas mães lhe outorgam um poder curativo para todo tipo de

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doença no corpo da criança, como a febre amarela, e há quem afirma que tem vitamina A y C e que infelizmente não existe em comprimido. A opinião favorável é a mesma em Cabinda, Uige e Zaire, embora a proporção seja um pouco menor. Também explicaram que a vacina lhes da ¨sossego¨, tranquilidade, confiança e alegria de que as crianças estarão sadias.

Generalizam: todas as vacinas fazem o mesmo efeito, aquece e da dor de barriga

Se bem a maioria reconhece os benefícios e a importância da vacina também falaram dos efeitos que pensam esta produz quando é administrada à criança. As implicações que percebem as mães são atribuídas para todas as vacinas sem importar qual é a natureza, assim, nas Províncias do interior se afirma que a vacina provoca febre ou ¨aquece¨, dor de barriga e faz chorar à criança durante a noite toda, o que incomoda ao pai, quem fica nervoso e zangado e com receio das vacinas.

A vacina é conhecida como estrelinha cuia No decorrer das entrevistas e grupos focalizados nos Municípios visitados em Luanda, os responsáveis das crianças menores de 5 anos fizeram constantemente relação entre a vacina e o nome ¨estrelinha cuia¨, lembrando a música que existe ao respeito e que as suas crianças gostam de cantar.

Duvidam sobre as idades e as doses que se precisa Nenhuma das pessoas soube responder quantas vezes precisa apanhar uma criança a vacina contra a Pólio para estar protegida contra a doença. A maioria pensa que são três vezes, contudo, houve varias quantidades que se indicaram sem sustentar esse dado, entre estas 1 vez é suficiente (Uige) 4, 6, 10 (Zaire) e sem número, até quando seja necessário (Luanda). As participantes aproveitaram para perguntar por que é preciso dar cada mês?. Por outro lado, pelo menos a metade das pessoas entrevistadas assinalaram os 3 e 4 anos como a idade limite para que as crianças recebam a vacina contra a Pólio e declararam se confundir com as vezes que deve apanhar. Já em Luanda, a maioria afirmou que é até os 5 anos de idade porque são as mais frágeis de casa.

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Sobre a Pólio:

Não sabem exatamente o que é a Pólio A maioria das pessoas entrevistadas nas quatro províncias declara não saber o que é a Pólio. Contudo, é evidente que se faz uma relação direta entre a vacina e a doença, mesmo confundindo os nomes, mas como a forma de se evitar a doença. Das pessoas que reconhecem saber sobre a Pólio, a maioria identifica como uma doença que causa paralisia à criança e que a deixa aleijada. É interessante observar que todos os pais (homens) que participaram na pesquisa em Luanda explicaram em detalhe as consequências da Pólio, fazendo referência à paralisia que a doença provoca nos braços e/ou nas pernas. Tampouco sabem como é que se produz a Pólio. Tem responsáveis de menores de 5 anos que pensam que se contagia pela respiração (Mbanza Kongo, Zaire ) ou por dormir sem mosquiteiro (Cabinda sede, Luanda).

A doença é mais conhecida como paralisia As pessoas que explicaram o que é a Pólio enfatizaram que o nome que comunmente se da à doença é Paralisia. É com esse nome que eles dão conta da doença. Depois dessa informação algumas equipas, em Uige e Luanda, provaram de utilizar esse termo como reforço à pergunta o que é a Pólio, e encontraram maiores respostas.

Confundem o nome da doença com a própria vacina:

Em Uige, Zaire e Cabinda foram repetidos os casos onde se encontraram pessoas que confundem a doença da Pólio com o nome da vacina e se registraram frases como: ¨a pólio faz bem para a saúde das crianças¨ GF, Antonia, Mbanza Kongo), ¨a Pólio faz bem na saúde protege bem o corpo da criança para não ficar defeituosa¨ (EP, Orga, Cacole, Milunga)

Acham que a Pólio não é grave, acreditam que tem cura com medicina tradicional ou nas igrejas

A Pólio não é reconhecida como uma doença grave pela maioria das mães do Zaire, Uige e Cabinda porque acreditam que poderia se curar, ou no último caso, não deixa sequelas importantes já que a criança que adoece, no final pode caminhar, mesmo com dificuldade, mas caminha. Algumas comentaram que é uma doença comum da infância.

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Pelo contrario nos municípios de Luanda as participantes dizem que a Pólio é grave, porém, muitas delas explicam que ¨quando se toma remédios aquilo passa¨ . (EP, Antonia, Viana), pelo que deixa de ser grave. Elas referem-se aos remédios tradicionais e aos das igrejas que são transmitidos mediante a Fe.

Dá Pólio só por não apanhar vacina: Nenhum dos responsáveis de crianças menores de 5 anos relaciona a doença com as mãos sujas e a eliminação de excretas. A maioria fala que dá Pólio por não apanha apanhar vacina.

Fontes de informação:

Estes foram os resultados das fontes de informação que reportaram os participantes

na pesquisa. Note - se que não são dados quantitativos, apenas referenciais e que

foram comparados com os dados da monitoria interdependente que CORE realiza

após cada campanha de vacinação. Pode-se notar que de modo geral existe uma

certa similitude nas fontes, com diferença de Uige, onde na pesquisa são

mencionados os enfermeiros e no Zaire, os Sobas.

Quadro 3.1 Fontes de Informação

Província Meio de informação Ordenado pela frequência citada

Dados CORE As três principais fontes

Cabinda

Soba Radio Televisão Hospital Escola Igreja

Radio 62 % Televisão 57¨% Soba 17 %

Uige Soba Na rua (mobilizadores) Enfermeiros

Mobilizador 54 % Soba 27 % Radio 19 %

Zaire Mobilizadores Soba

Mobilizador 85 % Radio 21 % Televisão 8%

Luanda Televisão Radio Centros de saúde Mobilizadores

Televisão 67 % Radio 54 % Mobilizador 12%

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No nível comportamental sobre a vacinação durante as campanhas

Quem decide sobre a saúde da criança?

Nos Municípios de Cabinda e Luanda existe um consenso quando se referem à mãe como a pessoa que decide em casa sobre a saúde e a vacina da criança. Explicam que a mãe é a mais achegada aos filhos, é quem sofre junto com a criança doente, ela cuida bem. Acreditam que a mulher tem maior paciência, mais amor e maior tempo. Pelo contrario, no Uige a maioria disse que é o pai quem toma as decisões porque ele é o chefe da família e é o responsável. Este critério é partilhado por uma parte das entrevistadas no Zaire (a outra metade das participantes diz que é a mãe) e inclusive, um dos pais que participou na pesquisa argumentou esta situação: ¨o homem é quem decide porque na Bíblia diz que o pai está acima de todos, é o chefe¨ (EP, José, Mbanza Kongo). Porém, reconhecem que o pai está sempre fora de casa, ele é da rua e não quer saber de nada, o que poderia sugerir que embora concordem com a autoridade do pai, na realidade seja a mãe quem esteja obligada a tomar medidas no diário acontecer. De qualquer forma, a maioria refletiu sobre este ponto e chegaram à conclusão que deveriam ser sempre os dois, a mãe e o pai quem tome as decisões e proteja os filhos. Por isso, os sentimentos que se deixaram ouvir foram diversos, ora negativos, ora positivos. Por exemplo, as mães que decidem sobre a saúde da criança têm dois tipos de sentimentos, umas se sentem satisfeitas porque cumprem o papel de mãe e outras, seguras porque tem a garantia de que os filhos estão bem com elas. Quando é o pai quem decide, os sentimentos mudam para a resignação porque esse é o destino da mulher e se sente ¨male, porque não pode ser só ele a decidir, eu também posso dizer qualquer coisa¨(EP, Joana, Cazenga). Afirmam que os homens querem impor, viram autoritários e pensam que são importantes ¨tudo o que eles fazem é que tá bom¨(EP, Gaucha, Kilamba Kiaxi). Outro sentimento reportado foi medo de apanhar ou brigar quando a mulher faz alguma coisa que o homem mandou não fazer como ¨deixar que a criança tome vacina... custou que me apanhe¨ (EP, Nelita, Milunga).

Fazeres, Pensares e Sentires

Encontraram-se quatro razões principais para que os responsáveis de crianças de 0

até 5 anos dos Municípios pesquisados não tenham vacinado os pequenos durante

a campanha de novembro de 2011. Uma delas, a primeira prevaleceu sobre as

outras, pois foi assinalada pela metade, ou pouco mais das participantes da

investigação.

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Figura 3.1 Razões da não vacinação em ordem de relevância

Uig, Zaire e Cabinda,

Não passaram

Já chega

Não estava

Como é então

Luanda

Não passaram

Não estava

Já chega

Como é então

1. Os vacinadores não passaram

A maioria das famílias das quatro Províncias assegurou que o vacinador não visitou

a casa e que foi esse o motivo para que as crianças não apanhem a vacina. Esta

razão foi encontrada com maior intensidade nos Municípios de Luanda e em menor

grau em Cabinda.

É interessante observar que a informação encontrada tem coerência com os dados

da MI do grupo CORE durante e pós-campanha. É possível que este fato tenha sido

também influenciado pela época em que se desenvolveu o trabalho de campo que

foi o mesmo em que as equipas de monitorização estavam agindo no terreno.

Assim, a percentagem de casas que não foram visitadas pelo vacinador é de 65%

em Luanda (1ra. causa), 36% no Uige (2da. Causa), no Zaire 42% (1ra. Causa) e

em Cabinda 23 %. (2da. Causa).

Um grupo de mães entrevistadas fez notar que não rejeitam a vacina, aliás, acham

que tem muitos benefícios para a saúde da criança, mas pensam que as suas

crianças já não precisam, por isso o vacinador não passou nas suas casas e

indagaram para verificar este aspecto.

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Gráfico 3.1 Razões da não vacinação, MI do Grupo CORE Campanha Novembro de 2011

% A mãe não sabia

da campanha

, 11

% A casa não foi visitada pelos

vacinadores, 65

% Criança estive

ausente, 19

% Rejeiçã

o , 1

% Criança doente, 1

% Outra causa, 2

LUANDA

% A mãe não sabia

da campanh

a, 5

% A casa não foi visitada pelos

vacinadores, 36

% Criança estive

ausente, 41

% Rejeição ,

6

% Criança doente,

12 % Outra causa, 0

UIGE

% A mãe não sabia

da campanha

, 17

% A casa não foi visitada pelos

vacinadores, 42

% Criança estive

ausente, 34

% Rejeição ,

5

% Criança doente, 1

% Outra causa, 1

ZAIRE

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2. Já chega... No caso das Províncias de Uige, Cabinda e Zaire, esta razão ¨já chega¨ foi mencionada com maior frequência no interior do que em Luanda e sempre ligada ao fato de ter vacinado aos filhos numa anterior campanha. Chama atenção, que se bem a resposta apareceu nas entrevistas como causa expressada, não se confirmou em nenhum dos casos que tenha sido um motivo direto para rejeitar a vacina, quer dizer, que pelo fato de achar que são muitas as campanhas não tenha se aceito a vacina. Isto leva a refletir que o conceito de excessivo que tem as mães e o sentimento de fadiga ou cansaço: “é muito repetitivo, toda hora, chega...” (EP, Maria, Buco Zau, Cabinda), poderia estar influindo no planejamento das tarefas diárias, sem considerar que existe uma nova campanha, pelo qual a mãe e os filhos ficam a vontade, seja na rua, no trabalho, na lavra ou qualquer lugar que não seja a casa. Então, o cansaço e a pouca paciência com as campanhas poderia estar influindo indiretamente à variável ¨ausência da criança¨. 3. Não estava... Ficar em casa na espera do vacinador para a saúde da criança ou, sair para lavra ou trabalho para que a família coma. Este é o dilema que as mães partilharam nas entrevistas em produnfidade e os grupos focalizados e foi o argumento principal para dizer que durante a campanha as mães e os filhos não se encontravam em casa. A responsabilidade que assumem com a família faz que tenham sentimentos de pressão, conflito e confusão porque devem contrapor as duas tarefas que para elas tem a mesma importância. No final, optam por sair com a crença de que a vacina que criança apanhou antes já é suficiente para protegê-la. É importante lembrar que a valoração da vacina no geral é positiva e em consequência também da Pólio, pelo que a motivação para a decisão de sair ao

% A mãe não sabia

da campanha,

5

% A casa não foi visitada pelos

vacinadores, 23

% Criança estive

ausente, 45

% Rejeição ,

5

% Criança doente, 9

% Outra causa, 14

CABINDA

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invés de aguardar pelo vacinador não poderia residir nesta. Assim também, chama a atenção que as idades das crianças das mães participantes na pesquisa estavam na faixa de meses e três anos, na maioria dos casos. Uma idade em que o filho fica quase sempre do lado da mãe. 4. !Como é então...! Das mães que reportaram não saber da campanha, motivo pelo qual não vacinaram as suas crianças, a maioria complementou e esclareceu esta afirmação indicando que não prestaram atenção aos anúncios e que estavam confundidas: ¨estava distraída é que essa foto está sempre ali (cartaz), já passou?...como é então?¨ (Nela, EP, Milunga). Por tanto, não tinham certeza de que havia de novo uma campanha.

Este fato nós dá rastros para inferir que as mensagens visuais e sonoras difundidas

durante o ano para as diferentes campanhas a través dos meios massivos de

informação (spots televisivos, radiais e cartaz) tem provocado cofusão e saturação

nos responsáveis de menores de 5 anos, provocando desinformação e que estes

percebam as mensagens como as ¨mesmas¨, sem fazer distinções de datas. ¿Como

é então?.

Os quadros de Fazeres, Pensares e Sentires podem se encontrar no Anexo 3.

COMPORTAMENTO IDEAL GENÉRICO 2: Completar o esquema de vacinação contra a Poliomielites até o primeiro ano de vida da criança

Objetivo: Identificar os FPS dos responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade sobre a vacinação de rotina contra a Pólio para completar o cartão de vacinação contra essa doença antes do primeiro ano de vida da criança

Quase todas as mães asseguram ter levado à criança ao posto de saúde para que

apanhe a vacina, porém não souberam explicar se foi contra a Pólio ou não. Existe

uma desinformação respeito às doses e vacinas que os seus filhos já apanharam,

embora algumas (Cabinda) mencionem o cartão de vacinas como um instrumento

de lembrança sobre a vacinação e a saúde da criança.

As entrevistadas encontram vantagens na vacinação da rotina como a qualidade da

vacina que para elas é mais segura já que não esteve exposta ao sol como aquela

que é da campanha, a vacinação completa (Uige) e o fornecimento do cartão.

Porém, pelas declarações feitas pareceria existir uma preferência implícita pela

vacinação durante a campanha porque não gastam tempo, dinheiro, a criança não

fica abusada pela espera e é mais cômodo. É melhor ficar em casa, dizem. Más

esta opção para a vacinação da criança corre o risco de não ser realizada, pois já

tem se visto nos outros resultados que as mães têm obrigações para sustentar à

família e devem sair de casa.

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Por outro lado, a prática de levar à criança ao posto de saúde na rotina para que

apanhe a vacina, parece ser que ainda não esta entendida, já que a visita ao centro

de saúde está relacionada com os sintomas de alguma doença, neste caso da Pólio,

para que seja curada.

Objetivo: Averiguar os conhecimentos e a valoração das mulheres grávidas pela primeira vez, sobre a Pólio e a vacina

Conhecimento da Pólio e da vacina: A maioria das mulheres grávidas não sabe o que é a Pólio, quais sãos as consequências nem como se evita. Sabem que é uma doença, mas não sabem explicar. Houve um grupo em Luanda que explicou que a Pólio é uma doença que paralisia a perna, como uma trombose que deixa a criança amarelada. (EP, Isabel, Viana). Já em Cabinda algumas falaram que é uma vacina que se da na criança para poder evitar paralisia.

Embora as entrevistadas não saibam sobre a doença, quase todas afirmaram que a forma de evita- a é fazendo vacinar às crianças, mas ninguém tem conhecimento de quantas vacinas são precisas para que a criança fique protegida e algumas mulheres de Luanda deram quantidades diversas na tentativa de responder, falaram entre 10 e 5 vezes.

No Mbanza Congo de Zaire a maioria conhece a Pólio como ¨Bucabuca¨, ¨katolotolo¨.

Todas as entrevistadas sabem que a vacina contra a Pólio é para crianças e só no Uige, não esclareceram as idades que falaram nas outras Províncias, de 0 até cinco anos.

Só duas grávidas, no Uige, falaram que conhecem casos de Pólio e que tem lhes provocado um sentimento profundo de tristeza porque da muita dor ver uma criança na cama. As outras participantes da investigação nunca viram um caso, mas não duvidam que ficariam com muita amargura no coração.

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Valoração da vacina contra a Pólio: Todas reconhecem que a vacina é boa para a saúde da criança e que beneficia o seu crescimento sadio. Pouco mais da metade das entrevistadas expressaram ter a intenção de fazer vacinar ao seu futuro filho quando nasça.

Só no Cabinda varias grávidas asseguraram que a vacina evita a paralisia infantil, nas outras províncias não foram contundentes com essa afirmação.

As mulheres grávidas, quase no geral, confiam em que a vacina contra a Pólio é boa e não é perigoso. Só duas em Luanda pensam que a vacina pode até matar quando provoca muita febre.

Poucas mulheres acreditam que a criança deve apanhar a vacina no mesmo dia em que nasce. Elas expressam que ficarão com ¨alegria¨ porque tem certeza de que quando a criança apanha vacina já não terá muitas doenças.

Pouco mais da metade expressa que tem a intenção de fazer vacinar às suas crianças assim que nasçam.

Tanto nas entrevistas em profundidade como nos grupo focalizados, as mulheres grávidas expressam gostar do trabalho dos vacinadores durante as campanhas, acreditam que eles realizam um bom trabalho.

Com relação às possíveis crenças sobre a vacina ou vacinação no lugar, as mulheres grávidas pela primeira vez, na maioria dos casos falaram que não conhecem nenhuma.

Com exceção das grávidas de Luanda, as participantes na pesquisa afirmam que as decisões sobre a saúde das suas futuras crianças serão assumidas pelo casal porque é assim como deve ser. Já em Luanda, explicam que serão elas, as mães, porque tem maior noção dos costumes das crianças já que tem cuidado aos irmãos mais novos.

Entre os cuidados que pretendem oferecer aos seus futuros filhos, só no Zaire e em Luanda algumas grávidas mencionaram que levariam as crianças ao centro de saúde para que apanhem a vacina. As futuras mães expressaram sua vontade de fazer tudo bem porque dizem sentir medo de que aconteça alguma coisa errada com o bebe.

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COMPORTAMENTO IDEAL GENÉRICO 3: Aplicar ações de prevenção para evitar a propagação da Pólio.

Objetivo: Conhecer quais são as práticas de prevenção da Pólio que a família tem, ou não.

Sobre lavado de mãos: A pratica de lavado de mãos entre os responsáveis de crianças menores de 5 não é a adequada, nem em frequência (depois de fazer cocô ou limpar uma criança, antes de preparar os alimentos ou de comer), nem na qualidade da ação (água e sabão, esfregar, enxugar).Ter acesso à água não é fácil segundo a percepção das mães porque lhes significa um trabalho esforçado ou gasto de dinheiro (em Luanda compram) e sentem que desperdiçam a água quando se lavam muitas vezes as mãos, embora reconheçam que mão suja provoca doenças.

A obtenção da água para a maioria das mães entrevistadas é um trabalho muito esforçado porque devem recorrer às vezes longas distancias e carregar bidones pesados para contar com esta necessidade básica: ¨...para apanhar água tenho que subir 300 metros, duas vezes no dia¨.(EP, Luisa, Mbanza Congo)

No Uige e Zaire a maioria obtém água das cacimbas. Em Cabinda falaram que tem água canalizada e outras da cacimba. Já em Luanda, a maioria diz comprar do carro e que é um gasto. Pensam que a água é difícil de conseguir, que não esta disponível mas como é vida tem que se procurar mesmo.

Quase todas dizem sentir- se desconformes com a sua situação, insatisfeitas porque da muito trabalho, cansadas fisicamente e também com a situação, resignadas porque acreditam que a vida delas não vai mudar ainda. Acham que esse é o destino delas e que só dessa forma podem viver.

Cuidam a água que tem e não desperdiçam limpando ou lavando coisas que não precisam.

Existe uma coincidência entre os responsáveis de menores de 5 anos dos municípios de Cabinda, Luanda e Uige nos momentos de lavar- se as mãos: antes de comer e depois de entrar na casa de banho.No Zaire assinalaram que lavam-se as mãos quando estão sujas à vista (fica como molhado, tem uma cor clara). Vários indicam que deve ser a toda hora.

Nas observações de verificação realizada no Uige, notou-se que a maioria se lava as mãos só com água. Algumas tiram um pouco de água do balde para lavar as mãos e outras lavam as mãos no mesmo balde, além dos filhos e a família.

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Quase todos os responsáveis de crianças menores de 5 anos tem certeza de que o jeito de se lavar as mãos é correto.

Todas dizem que é preciso lavar as mãos para não pegar doenças, porque mão suja traz doenças, mas a maioria não especifica quais são essas doenças..

Alguns dos responsáveis de crianças menores de 5 anos pensam que lavando as mãos pode- se evitar doenças como a diarreia porque são os micróbios que entram no corpo a través das mãos e se pegam na barriga.

Poucas das entrevistadas pensam que as pessoas se lavam as mãos só por questão de higiene (ver-se bem limpa), “só para ficar limpa mesmo”(EP, Nacleta, Milunga).

Ninguém soube explicar quantas vezes é preciso lavar -se as mãos

Pouco mais da metade disse sentir pena de gastar ou “deitar” água a toa, porque às vezes não é necessário lavar tantas vezes as mãos, só quando esta suja. Sentem que desperdiçam a água quando utilizam a toa.

Pensam que as mães não podem obrigar ninguém em casa para que se lavem as mãos. Explicam que cada pessoa acorda e lavam as mãos e é suficiente.

Acreditam que em outras famílias as pessoas não se lavam muito as mãos por falta de informação, não sabem que é necessário, más principalmente pela falta de água.

Sobre disposição adequada de excretas:

Quase todas as entrevistadas tem casa de banho ou latrina. Aquelas que não, fazem

no capim, num buraco onde se enterra ou se emprestam do vizinho. O maior

beneficio que encontram é a privacidade e comodidade para tomar banho. Algumas

latrinas observadas não estavam limpas e na maioria dos casos se viu lixo aos

redores do lugar. Poucas vinculam as fezes com as doenças com a diarreia.

As mães entrevistadas em Luanda tem casa de banho, a maioria canalizadas e fora de casa, só algumas tem dentro de casa.

No Zaire, Cabimda e Uige, quase todas as mães tem casa de banho (latrina) fora de casa. Aquelas que não têm explicam que vão ao capim, ou cavam um buraco

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onde depois enterram as fezes ou, então, usam a casa de banho do vizinho (Zaire).

No Uige, Cabinda e Zaire todas as pessoas entrevistadas valoram ter casa de banho porque pensam que é importante para evitar doenças que se pegam quando se está no capim e além do mais é seguro pela noite. Sabem que as fezes podem trazer doenças, mas só uma minoria refere- se à diarreia.

Todas as pessoas põem ênfases no benefício da casa de banho de outorgar privacidade e comodidade quando a pessoa toma banho, mais do que evitar doenças.

As entrevistadas pensam que quando as famílias tem casa de banho evitam o mau cheiro do cocô e as moscas e mosquitos, que não gostam de jeito nenhum.

Se sentem tranquilas por ter a disposição uma casa de banho ou latrina, além de seguras e cômodas.

As participantes na investigação asseguraram que utilizam a casa de banho tanto para as necessidades maiores como menores, mas não deram informação sobre o uso da casa de banho das crianças miúdas, só expressaram que todos os da família utilizam.

Algumas observações de verificação realizadas nas casas de banho ou latrinas das mães entrevistadas em casa, reportam a falta de limpeza de estes assim como a existência de lixo dentro das casas de banho ou aos redores.

Objetivo: Saber quais são as práticas do pessoal de saúde com relação à doença da Pólio e a vacinação de rotina e durante as campanhas

O pessoal de saúde não falou sobre a vacinação de rotina nem de monitoria ou vigilância da Pólio. Partilharam as suas experiências para controlar a propagação da doença principalmente durante as campanhas. Alguns acreditam que um elemento forte que debilita a promoção da vacinação são as Igrejas e sua influencia negativa e pelo contrario consideram uma fortaleza a participação dos líderes comunitários. Pensam que o problema das tarefas de vacinação está nos tabus da população e acreditam que é suficiente enviar os mobilizadores dois antes das campanhas.

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Quando encontram casos de Pólio dizem sentir-se fracassados, mas no geral satisfeitos porque estão a fazer o seu trabalho. A maioria solicita informação sobre a doença e a vacina. Ninguém menciona problemas de organização, operativos ou logísticos da vacinação como um problema das coberturas insuficientes em algumas áreas. Manipulação das vacinas:

A manipulação das vacinas é um tanto diferente entre o pessoal de saúde das Províncias, especialmente entre os de Cabinda e de Luanda. Em Cabinda explicam que a vacina é conservada numa cadeia de frio com a temperatura de 20 a 25ºc porque se guardarem ao ar livre a vacina perde ação. Em Luanda, o pessoal diz que é necessário contar com acumuladores congelados entre os 4° a 8° e controlar a pastilha.

Para eliminar os resíduos de vacina, a maioria explicou que existem três formas: podem ser enterrados, queimados ou deitados nas caixas de segurança. Encontraram-se poucos participantes de Cabina e Uige que não souberam explicar.

O esquema de vacinação de rotina contra a Pólio foi reportado de maneira distinta nos lugares visitados. No Uige disseram que é cada 3 meses, em Luanda falaram de 4 doses Pólio 0,1,2,3, no Zaire cada dos meses e em Cabinda todos os anos 3 vezes, a cada dose complementa-se aos 2 meses aos 4 e aos 6 meses da criança.

O pessoal de saúde do Zaire chama à doença de Buca buca, paralisia flácida aguda e samba. A minoria chama de Pólio. Já em Luanda é samba pito e a estrelinha kuia. No Uige chamam de Bukabuka ou Kibenza, porque é a abreviatura da Pólio.

O pessoal de Luanda e de Uige reporta ter visto casos de Pólio e que se sentiram mal, pensando que tinham fracassado no trabalho de prevenção. Sentiram frustração.

Em Cabinda todos os técnicos de saúde tinham ideias diferentes sobre a vacina, uns disseram que combate malebekini; outros chamam a vacina da poliomielite enquanto outros chamaram de penta valente. Práticas:

O pessoal de saúde diz enfrentar a doença da Pólio vacinando as crianças e procurando possíveis casos de Pólio quando há uma suspeita, porém não especificam as tarefas de monitoria nem vigilância. Também uma maioria referiu-se aos conselhos que dão as mães para que levem à criança ao centro e para

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vacina-la sempre que houver campanha. Ninguém falou sobre a vacinação de rotina.

As formas de promover à vacinação entre os responsáveis de crianças de 0 até 5 anos aproveitam meios de informação massivos como telejornal, rádio, capacidades locais como igrejas, coordenador e outras como palestras, orientações e trabalho de campo.

As fortalezas identificadas nas tarefas de promoção são: Contar com a participação dos líderes comunitários (Luanda, Zaire), mandar mobilizadores na área uns dois dias antes de vacinar (Cabinda) e a promoção da vacinação casa a casa (Uige).

Com relação às debilidades identificadas na promoção da vacinação se referem aos tabus por parte do povo. Vários entrevistados qualificam como uma fraca capacidade de percepção da doença por parte das mães.

No Zaire assinalaram como um elemento que debilita a promoção as Igrejas que se opõem à vacinação das crianças aconselhando aos seus membros que não permitam apanhar a vacina. Em Luanda se falou sobre a desmotivação dos parceiros quando não conseguem atingir as metas esperadas durante as campanhas de vacinação.

Os sentimentos que o pessoal de saúde reportou para com o seu trabalho é de satisfação porque acreditam que estão a prestar serviços de maneira a erradicar a pólio.

Gostariam de ter maior informação sobre a doença. Uma parte do pessoal de saúde do Zaire solicitou obter informação sobre: de onde parte a vacina da Pólio?, Como surgiu a pólio?, O que fazer com a vacina e os resíduos?, A frequência de tanta vacina da pólio não prejudica? Porque que os mais velhos não apanham?. No Uige, expressaram: Quero saber quem foi a 1 pessoa que apanhou pólio, em que ano e quem descobriu a vacina, gostaria de conhecer vacinas fortes, e saber o que ė a vacina, o que e a pólio, o objetivo da vacina.

Objetivo: Identificar qual a participação e mobilização dos diferentes atores sociais das comunas ou bairros na promoção das medidas de prevenção e erradicação da Pólio.

As redes sociais naturais duma comuna como são os professores, estudantes,

grupos organizados de mulheres, jovens e homens, ou qualquer um dedicado as

diferentes funções sociais, culturais e desportivas, entre outras, ainda não engajam

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pela própria iniciativa com as atividades de promoção, neste caso da Pólio.

Cumprem funções dentro dos seus círculos e dizem que estão prontos para acudir

em apoio à sociedade, caso sejam convidados. Tal parece que estas redes ainda

não se reconhecem como atores importantes na transformação da qualidade de vida

duma comunidade, porém se sentem seguros da sua capacidade para lidar, apelar e

sensibilizar às famílias sobre qualquer temática.

Professores:

A maioria sabe o que é a Pólio, embora alguns confundem as consequências com

outras doenças e com as formas de transmissão. Este segmento não participa, na

maioria dos casos, na promoção da vacinação de crianças nas campanhas e menos

ainda, na rotina. Vários deles pensam que para fazer qualquer actividade de

mobilização se precisa de recursos financeiros e humanos. Acreditam que uma “boa

informação” para as mães pode ser suficiente para elas fazerem vacinar as suas

crianças e esclarecem que para fazer promoção os professores precisariam ter uma

formação prévia. Dentro das suas capacidades, não reconhecem as actividades de

vigilância comunitária, já que pensam que esse é um papel do pessoal de saúde.

Estudantes:

A maioria dos estudantes tem ouvido falar sobre a Pólio e tem uma informação muito

pontual sobre a doença já que relacionam com a paralisia. Outros acreditam que a

dor de cabeça, diarreia e vomito são sintomas que identificam a Pólio. Os jovens

falaram sobre as idades das crianças que apanham a vacina, as doses e as formas

de prevenção da doença, embora as respostas nem sempre foram acertadas. Nota-

se que os entrevistados do Uige são aqueles que duvidaram mais e às vezes

declararam não saber.

Poucos estudantes declaram ter participado em campanhas de vacinação como apontador ou vacinador e assinalam as fraquezas desta atividade:

As mães não ficam em casa

Falta de incentivos para os grupos de trabalho

Não se aponta as casas visitadas na forma

Não se pinta o dedo da criança vacinada Desmotivação das igrejas

Caminha-se muito longe e é cansativo, não há transporte.

Entre as fortalezas mencionam:

Acabar a vacinação até às 15 horas

Receber a camisola

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Grupos de base:

Participaram mulheres da Igreja Mundial, representantes do Grupo de Atividade

Tradicional e Jóvens da Igreja Evangélica em Angola e da Igreja Universal.

A relação que fazem as pessoas que são parte de alguma agrupação, entre a vacina

e a prevenção da Pólio é muito clara . Também sabem sobre as idades das crianças

que recebem a vacina, mas a maioria não conhece as formas de prevenção além da

vacina.

São poucas as pessoas que participaram numa campanha de vacinação por meio

da entidade à pertencem e acreditam que as fortalezas numa campanha estão na

difusão da informação relativa à doença não só as mães, mas também às próprias

autoridades sobre as deficiências que existem nas comunidades e que influenciam

na aparição da Pólio e na participação das Igrejas que é capaz de sensibilizar.

Como fraquezas mencionam a insuficiente quantidade de vacinadores para os

bairros extensos, a pouca ¨publicidade¨ da vacinação pelos meios de informação, a

falta de meios financeiros e de transporte que faz com que o trabalho demore muito.

Todos se sentem capazes de conversar com ás famílias para promover a vacinação

contra a Pólio.

Objetivo: Conhecer o papel que desenvolvem os líderes de opinião nas comunidades e bairros dos municípios selecionados sobre a prevenção e erradicação da Pólio.

Participaram: Pastores de igrejas, Sobas, Presidente de moradores, Padre Superior da Igreja Católica, Jornalistas, Regedor, Diretor pedagogo. O conhecimento dos líderes de opinião sobre a doença da pólio é limitado, especialmente dos Sobas. Eles sabem sobre as idades das crianças que apanham a vacina, contudo reconhecem as suas limitações e desejam saber como é que aparece esta doença. Em todas as províncias assumem as suas ações como apoio à saúde mais do que uma responsabilidade social e dizem que informam e mobilizam à população. Mesmo assim, no Zaire e no Uige, os Sobas esclarecem que esta tarefa se torna difícil pela falta de megafones, que para eles é o instrumento principal para mobilizar. Embora todos os lideres de opinião declarem contar com a credibilidade das comunas onde moram a vontade de participar não é a mesma, por exemplo encontra – se maior acessibilidade com os representantes das Igrejas (que concordam com a vacinação) e os Sobas das Províncias, do que os presidentes de moradores (Luanda) onde expressam a falta de incentivos como uma razão duma fraca mobilização.

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Pensam que gerar propostas para contar com água ou saneamento básico nos seus bairros e comunas é uma responsabilidade do governo do país.

Objetivo: Estabelecer o compromisso e as responsabilidades que as autoridades tomadores de decisão das Províncias e Municípios assumem frente à Pólio e a vacina.

Participaram: Administradores, Administradores adjuntos, Vice Governadores, Chefe de Repartição. Os tomadores de decisão têm um conhecimento básico da doença e das doses de vacina que uma criança precisa apanhar. Sabem que com a vacina pode- se evitar a Pólio, mas não fazem referência às outras formas de contágio. A maioria menciona que tem como responsabilidade apoiar as acções de erradicação da doença, porém não esclarecem quais são essas responsabilidades além da mobilização. Entre as prioridades, não mencionam acções directas para evitar a Pólio e tampouco tem contemplado nada concreto para facilitar o fornecimento de água e saneamento básico nas suas comunas, acham que isso é o dever do governo central. Tal parece, ainda existe um fraco reconhecimento das capacidades que possuem como autoridades e as ações que poderiam desenvolver a favor da erradicação da Pólio.

Objetivo: Precisar as formas, os meios de comunicação e os líderes de opinião mais aceitos e de preferência para desenvolver as ações da Estratégia de C4D de erradicação da Pólio

Os responsáveis das crianças menores de 5 anos no decorrer da pesquisa

partilharam as suas expectativas com relação à informação que gostariam de

receber da Pólio, de que maneira prefeririam é quem seria a pessoa indicada para

conversar com elas ou eles. A lista que vem a continuação esta de acordo à ordem

de prioridade e importância que as participantes lhe deram durante a investigação.

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Formas e meios de

comunicação

Responsáveis de crianças Não vacinadas de 0 até 5 anos

Uige Zaire Luanda Cabinda

Mensagens que desejam conhecer o desejam comunicar

Como é essa doença

Como se pode curar

Só tem vacina para isso

Quantas vezes a criança deve apanhar a vacina essa

O quê é a vacina

Como é mesmo a pólio

Por que dão jornadas tão seguidas (campanhas)

Por que dão vacinas que fazem mal a criança, aquece.

Quantas vezes precisa a criança a vacina

Consequências da pólio

Se pode se curar

O que é a Pólio

Como se apanha

Quanto tempo dura o ¨medicamento¨ (vacina) no corpo da criança

Qual o tratamento para curar

Por que dão muita vacina

Por que os vacinadores não vêm em casa

Falar com paciência porque pode ser que as pessoas ainda não estão convencidas

Porque os velhos não apanham a vacina

Quais as consequências mais graves da Pólio

O que é a pólio

Por que tantas vezes tem que apanhar a vacina, quantas são.

Como é que se pega essa doença

Como é que nos podemos ter coragem para fazer vacinar as crianças

Se for verdade que com a vacina pode se apanhar a doença.

Qual o efeito de vacinar tantas vezes

Formas de comunicação

Calendário para minha casa

Folha com desenhos

Carta da doutora

Programa na radio

Foto

Calendário

Folheto

Programa de radio ou televisão para ver as imagens de como é a doença

Vídeo

Calendário

Caderninho (folheto)

Desenhos ou fotos

Meios de informação e de comunicação

Reuniões

Radio Uige (hora da

Da boca das pessoas (Mobilizadores)

Televisão TPA (na telenovela e no programa

Pessoas que estão a andar

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música)

Radio Maquela

Na rua, na praça.

Mobilizadoras

Radio Soyo (10:00 Hrs. e 16:00 Hrs.)

Televisão (quando há energia)

Radio Nacional da Angola

da doutora Brígida)

Radio (Nacional) cedo de manha

Reuniões

Igreja

Centro de saúde

Rua com os vacinadores ou as pessoas que falam disso

No mercado

O teatro do bairro (Viana)

(mobilizador, Soba)

Televisão (Tele jornal as 20:30) se tem luz

Radio se tem luz

Emissor Soba

Mobilizador

Radio Zombo (6 e 21 horas)

Escola

Pessoal de saúde

Os médicos, eles sabem.

Os vacinadores

O especialista em saúde

Os doutores

Os vacinadores

O presidente da República

Enfermeiros, eles estudaram.

Hospital

Escola

Pessoas angolanas

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3.2 Análises dos comportamentos - ACC

A seguir se apresenta a análises realizada aproveitando o instrumento chamado ¨Balança do Comportamento¨ para identificar o Antecedente do Comportamento Atual e qual a Consequência que o responsável da criança menor de 5 anos encontra. A classificação de positiva e negativa é resultado da analise do comportamento com relação aos objetivos do Programa.

Comportamento ideal

Antecedente

Comportamento

Atual

Consequência percebidas pelos responsáveis de crianças de 0 até 5 anos

Positivas Negativas

Que os responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade procurem que eles ou elas sejam vacinadas nas Campanhas de Vacinação para que tenham um reforço contra a doença.

(F) Os vacinadores não chegaram às suas casas

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Satisfação com o trabalho do vacinador quando chega à casa, eles se comportam bem. (P) Os vacinadores são bons, são conhecidos. (P) As campanhas de vacinação são boas porque não tem que pagar o taxi até o centro de saúde S) Beneficio de poupar o tempo e o dinheiro, quando o vacinador vá a casa. (S) Agradecimento aos vacinadores que fazem bem o trabalho

(P) Não é importante, porque o vacinador já não passou. (P) Não compreendem porque os vacinadores não estão a chegar às casas (P) Não tem recompensa esperar pelo vacinador (S) Tranquilidade de que já não é necessario

(P) As campanhas são para as “pessoas que não vacinaram os filhos antes”

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Confiança na vacina que protege, é boa.

(S) Seguridade de que as suas crianças já estão protegidas (P) Não sabem quantas vezes as

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suas crianças apanharam a vacina, nem quantas vezes precisa. (S)Temor que a vacina da campanha não seja efetiva, pelo sol

(F) Já apanharam vacina antes

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Evitar a tristeza de ver um filho doente, é uma dor muito grande

(P) São suficientes as vacinas que apanharam (S) Satisfação de que fizeram sua parte. (S) Temor que tanta vacina faça mal

(P) Repetem muito as campanhas, são a toda hora.

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Pouca paciência com as campanhas Esgotamento, fadiga

(F) Saem para a lavra o trabalho (S) Responsabilidade de alimentar a família

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(P) Confiam que a vacina e boa e necessária, que protege as suas crianças.

(S) Conflito, confusão porque devem contrapor as duas responsabilidades, alimentar a família (lavra ou venda) ou ficar na espera o dia todo para vacinar as suas (S) Pressão, é um problema, lhes tira das tarefas de casa. (P) È um dia perdido se esperam pelo vacinador

(P) Não sabiam da campanha, ¨estava distraída é que essa foto está sempre ali (cartaz), já passou?...como é

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Confundidas com a convocatória, não tem certeza de que haja de novo campanha (S) Preguiça vacinar de novo

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então?¨ (P) Acham que as mensagens não são claras para as campanhas de vacinação

(F) O pai é da tropa, diz que o filho não vai adoecer, por isso não quer que o filho apanhe a vacina

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Confiança na vacina que protege, é boa.

(P) O marido tem razão, o pai esta por cima de todos (Bíblia) (S) Medo de desobedecer ao marido

(F) O marido briga porque a criança chora pela noite quando é vacinada e não deixa dormir

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Não vacinar é uma ameaça à saúde da criança, se adoece é trabalho para a mãe

(S) Medo de desobedecer ao marido

(F) Na última vez que apanharam vacina as crianças adoeceram com febre (Zaire).

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Medo de que a criança adoeça com febre

O marido diz que a vacina é só para fazer desaparecer as crianças( famílias do Congo)

(F) Não fazem vacinar as suas crianças

(S) Confiança no marido

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Comportamento ideal

Antecedente

Comportamento

Atual

Consequência percebidas pelos responsáveis de crianças de 0 até 5 anos

Positivas Negativas

Que os responsáveis das crianças se assegurem que as suas crianças de 0 até 1 ano tomem a vacina contra a Pólio, quando é recém nascido, aos 2, aos 4, aos 6 e aos 9 meses de idade.

(P) Não sabem se foi vacina contra a pólio ou outra (P) Pensam que a criança precisa de diferentes vacinas mas não sabe distinguir –as doença

(H) Já apanharam vacina varias vezes no posto de saúde

(P) É melhor ir ao centro porque os vacinadores não passam (P) O cartão ajuda para saber se a criança tem todas as vacinas (poucas mães) (S) Satisfação com a explicação da vacina no centro de saúde (P) No centro de saúde é mais completa a vacinação

(S) Tranquilas enquanto não há sintomas da doença (P) Não sabem as doses que a criança precisa para estar protegida da Pólio. (S) Tranquilidade porque receberam vacinas (embora não saibam quantas e para que são) (S) Não valorizam o esquema de vacinação completo (Zaire)

(S) É mais seguro no posto porque a criança é muito pequena

(H) Levam de 0 até 1 ano ao posto e depois espera as campanhas para vacinar em casa

(S) Seguridade com o posto de saúde (P) No hospital dão vacinas para muitas doenças

(P) A vacina do posto de saúde é forte, das campanhas é fraca pelo sol.

(P) Só em campanha pode se vacinar (P) Não é necessário ir para o centro de saúde se a criança não esta doente

(H) Levam às vezes ao centro de saúde, nem sempre só para vacinação.

(S) Não valorizam a prevenção (S) Fe na medicina tradicional para a cura da Pólio (S) Fe nas suas igrejas, principalmente no líder

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(P) A Pólio pode ser curada no hospital, ou com medicina tradicional que é muito forte, ou pediram ao pastor na Igreja para que seja ¨ungido¨ (P) É melhor esperar a campanha de vacinação (P) Não é conveniente aconselhar nem para campanha nem para ir no posto de saúde ¨o vacinador nem sempre chega em casa, só uma fica male e no posto pior, tem que esperar muito, não vale a pena¨.

(H) Não levam ao centro de saúde só para vacinar

(S) Nervosas por ter perdido a viagem até o posto de saúde e não são atendidas (S) Perda de tempo, tem que se fazer fila, esperar até a tarde. (S) Dá trabalho levar a criança ao

serviço de saúde, a criança se chateia. (S) Custo, tem que se pagar taxis, não é perto. (S) Pouca coragem (ânimo) para fazer vacinar (S) Não vele a pena esperar tanto.

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Comportamento ideal

Antecedente

Comportamento

Atual

Consequência percebidas pelos responsáveis de crianças de 0 até 5 anos

Positivas Negativas

Que as mulheres grávidas de 6meses adiante, tenham como prioridade solicitar num posto de saúde logo apôs do parto a vacina contra a Pólio para as suas crianças recém nascidas, e que completem o esquema de vacinação antes das suas crianças façam um ano de idade.

(S) Vontade de fazer todas as coisas bem para que a criança nasça

(S) Intenção de fazer vacinar as suas crianças contra a Pólio assim que nasçam

(S) Esperança de que os filhos estejam sadios, bem cuidados. (S) Confianças nas vacinas, sabem que são boas, pelos irmãos pequenos que ajudaram a criar.

Comportamento ideal

Antecedente

Comportamento

Atual

Consequência percebidas pelos responsáveis de crianças de 0 até 5 anos

Positivas Negativas

Que as pessoas da família se lavem as mãos adequadamente com água e sabão (ou cinza) após entrar na casa de banho, limpar a uma criança, antes de preparar a comida e antes de se alimentar.

(P) Lavando as mãos pode- se evitar doenças como a diarreia.

(H) Lavam-se as mãos em alguns momentos chaves, especialmente antes de comer e depois de entrar na casa de banho .

(P) Reconhecem que mão suja provoca doenças.

(S) É um gasto porque a água custa e dá trabalho conseguir (S) Desperdiçam a água quando se lavam muitas vezes as mãos (P) A água é difícil de conseguir (P) Não sabem bem quantas vezes e quando é preciso lavar -se as mãos

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(P) Mão suja traz doenças (S) Gostam de se amostrar, ver-se bem limpa. (H) Acordam e se lavam as mãos, isso já é suficiente.

(H) Lavam-se as mãos só com água, geralmente do balde e a família também se lava do mesmo balde. (H) As famílias não se lavam muito as mãos por falta de água.

(P) Vários indicam que deve se lavar a toda hora. (P) As mães não podem obrigar ninguém em casa para que se lavem as mãos

(P) Tem certeza de que o jeito de se lavar as mãos é correto. (S) Insatisfeitas porque da muito trabalho conseguir água cansadas fisicamente e também com a situação. (S) Resignadas porque acreditam que a vida delas não vai mudar ainda. (H) Cuidam a água que tem e não desperdiçam limpando ou lavando coisas que não precisam, não deitam a toa.

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Comportamento ideal

Antecedente

Comportamento

Atual

Consequência percebidas pelos responsáveis de crianças de 0 até 5 anos

Positivas Negativas

Que os diferentes membros da família disponham adequadamente os excretos (uso adequado da casa de banho ou latrina, e no caso de não ter nenhum dos dois que façam as suas necessidades longe das fontes de água e que as enterrem sempre).

(S) Protegidos, é seguro pela noite.

(S) A vontade, dá privacidade (S) Comodidade para tomar banho (H) Evitam o mau cheiro do cocô e as moscas e mosquitos.

(H) Utilizam a casa de banho ou latrina.

(S) Benefícios: dá privacidade, comodidade. (S) Valoram ter casa de banho porque podem tomar banho . (H) Poucos vinculam as fezes com as doenças como a diarreia. (P) É importante para evitar doenças que se pegam quando se está no capim

(H) Latrinas observadas sujas, com lixo ao redor do lugar. (S) Tranquilas por ter a disposição uma casa de banho, evitam perigos. (P) Não fazem relação da casa de banho suja com as doenças.

(H) Não tem casa de banho ou latrina.

(H) Fazem as necessidades no capim, num buraco onde se enterra.

(S) Não gostam do mau cheiro do cocô e dos mosquitos

(S) Valoram ter casa de banho especialmente porque se pode tomar banho a vontade.

(S) Não tem privacidade (S) É perigoso (S) Dificuldade para tomar banho

(P) É melhor do que ir no capim

(H) Se emprestam do vizinho a latrina

(S) Esperança de ter a própria casa de banho

(P) É o governo que deveria facilitar as casas de banho.

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Capítulo IV. Conclusões e Recomendações

4.1 Gerais 4.2 Específicas

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4.1 Gerais

Com base aos resultados da pesquisa ¨Fazeres, Pensares e Sentires sobre a vacinação contra a Pólio e a doença¨ de maneira geral pode-se observar que:

A) O contexto e a capacidade estabelecidos para a realização das campanhas e da rotina precisam ser reforçados. Sugere-se:

• Organizar melhor as campanhas de vacinação (garantir vacinadores locais, qualidade na vacinação, identificar áreas risco)

• Motivar aos vacinadores para um trabalho de qualidade

• Fortalecer as capacidades de comunicação interpessoal para trabalhar as rejeições ou razões da não vacinação

• Gerar instrumentos de apoio para as ações

• Fortalecer capacidades locais para a mobilização

B) As ações de Comunicação e Mobilização Social desenvolvidas para gerar comportamentos favoráveis com relação à prevenção da Pólio têm sido genéricas, dispersas e escassas, pelo que se recomenda no nível da Estratégia e do conteúdo:

• Focalizar as ações à mudança do comportamento – social integral – Não ficar só no conhecimento/informação

• Segmentar para cada ação e mensagem

• Gerar mensagens especificas

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• Reforçar os benefícios percebidos

• Eliminar as limitações

4.2 Específicas Com fines de aportar ao planejamento da Estratégia C4D para a erradicação da Pólio na Angola, tem se trabalhado com o modelo EICDARM8 para identificar a factibilidade e o momento da mudança ou reforço do comportamento em que se encontram os segmentos principais com respeito às praticas que serão promovidas. É assim que nas conclusões se assinala duma forma concisa, sempre baseada nos resultados da pesquisa.

Conclusões da pesquisa Recomendações para ações de C4D

1) Existe uma boa opinião da vacina, mas também há temor aos ¨efeitos¨

que percebem.

Nas mensagens falar sobre os sentimentos de temor que existe para dissipar dúvidas. Eliminar essa limitação focalizando nos benefícios que este grupo identifica na vacina.

2) Os responsáveis de menores de 5 anos não tem informação clara sobre

a doença, a vacina, as doses necessárias e as idades das crianças que recebem.

Melhorar e especificar as mensagens. Segmentar. Pode se elaborar cartazes com estas informações um para identificar as idades das crianças a serem vacinadas de forma visual e textual e outro sobre as doses.

3) A ideia de que a Pólio tem cura, diminui as possibilidades de ações de

prevenção por parte dos responsáveis de menores de 5 anos.

Focalizar ações na prevenção da doença, como única forma de salvar as crianças da Pólio. Mensagens contundentes que a Pólio não tem cura, devem ser mensagens emocionais, que atinjam mesmo à tragédia que poderia significar que uma criança adoeça pelo fato de não ter apanhado a vacina.

8 EICDARM e a adoção das condutas, Heverold Hosein . Situações do comportamento: Exposição, Conhecimento e Compreensão, Aprovação, Intenção, Prática e Adoção.

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Pode se elaborar um rotafolio e sua guia para abordar toda a temática da Pólio nas atividades de comunicação interpessoal. De igual forma mensagens para radio e televisão.

4) Os responsáveis de crianças menores de 5 anos não fazem relação entre as mãos sujas e a eliminação de excretas com a propagação da doença.

Deve se entrar primeiro numa etapa de exposição de mensagens que expliquem e amostrem como a doença se transmite para que conheçam as outras formas de prevenção da Pólio. Depois, poderá se construir mensagens ligadas aos dos comportamentos preventivos.

5) A influência do pai nas decisões da saúde da criança é importante.

Embora em algumas Províncias seja mais contundente (Uige) do que nas outras, a opinião do pai é respeitada pela mãe, ora com um sentimento grato ora com resignação.

Incluir ao pai como interlocutor principal e desenvolver estratégias específicas para ele, abordando as limitações geradas pela sua participação na saúde da criança. Assim também as rações que saíram, embora numa mínima proporção, para a negativa do pai à vacinação dos filhos seja porque acreditam que são imunes (filhos da homens da tropa) ou porque preferem que não chorem à noite, devem ser trabalhados com instrumentos e mensagens específicas. Por exemplo:

Apelar aos pais que estão na tropa ou que já estiveram para que façam vacinar os seus filhos porque eles são iguais de frágeis que qualquer criança, não são invencíveis. Procurar que o referente seja uma autoridade superior, o Comandante das Forças Armadas ou o Ministro de Defesa, porque este grupo segue e respeita uma a hierarquia estabelecida dentro da sua instituição.

Sobre o comportamento ideal 1: Vacinar as crianças de 0 até 5 anos de idade contra a Poliomielites em todas as campanhas de vacinação para

proteger a saúde delas.

O principal motivo para não vacinar as crianças menores de 5 anos nas campanhas é uma razão social externa, um problema do entorno porque tem a ver com a organização da campanha, as

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6) Este comportamento é factível de se realizar, se a oferta está disponível

e com capacidades estabelecidas: No presente os responsáveis de menores de 5 anos já estão pondo em prática o comportamento solicitado e deve ser reforçado principalmente do ponto de vista operativo, assim como também da comunicação ( abordando o cansaço, saída de casa e desinformação) para não gerar um retrocesso.

tarefas da microplanificação e a disponibilidade das vacinas nas casas das famílias, assim como o acesso ao serviço já que o vacinador nunca chegou. Para garantir a chegada dos vacinadores nas casas durante as campanhas deve se tomar em conta e fortalecer o novo sistema de vacinação que tem como elemento principal contar com vacinadores do mesmo bairro ou comuna. Assim também, contar com a microplanificação e os mapeamentos locais ajudam a organizar a campanha de menor maneira e cobrindo os lugares com maiores problemas. As ações da Estratégia C4D podem contribuir a resolver esse problema operativo e dar uma resposta às famílias sob a consigna ¨ESTAMOS AQUI¨, considerando:

Mobilizar o bairro ou comuna contando com todos os potenciais aliados para convocar a participação de supervisores e vacinadores

Fortalecer as habilidades de comunicação interpessoal dos vacinadores

Facilitar o treinamento operativo da vacinação

Motivar aos vacinadores para que realizem um trabalho satisfatório e comprometido, para assegurar a visita domiciliaria.

Uns dos materiais que pode ser útil no caso de Luanda e as capitais de províncias, onde existe maior acesso à tecnologia e energia elétrica é um vídeo técnico para vacinadores, que amostre passo a passo como se vacina. O apoio deste instrumento poderia ser um impresso com os passo da vacinação interligado às técnicas de comunicação interpessoal. Assim também, na finalidade de fortalecer o encontro entre os vacinadores e as famílias deveria se tomar em conta a elaboração

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. duma folha dupla via, uma cara para apelar ao vacinador à visita em casa e a outra para apelar à mãe para se encontrar com o vacinador antes de sair de casa. Com relação as outras razões encontradas na pesquisa (cansaço, ausência e desinformação) é necessário, no marco duma Estratégia de C4D, aproveitar meios, formas e mensagens de comunicação a partir da presente pesquisa. Por exemplo:

No caso do cansaço, primeiro parabenizar a mãe e o pai por ter feito vacinar a criança anteriormente e depois reconhecer que muitas campanhas podem provocar cansaço, mas que não é suficiente que criança apanhe uma ou duas vezes a vacina. O importante é que a criança só fica protegida se apanha vacina em todas as campanhas de vacinação.

Também a estratégia criativa (formatos e mensagens) deve acompanhar o avanço na mudança ou reforço do comportamento promovido, além de não saturar com a mesma informação. No caso particular da ausência da casa da mãe e da criança deve se tomar em conta que é um comportamento pouco factível que a mãe fique na espera do vacinador pelos FPS encontrados. Por isso é preciso encontrar uma opção como aquela que foi sugerida nas Sessões de Concertação: Dispor postos fixos permanentes e desde cedo para que as mães procurem antes de realizar suas tarefas cotidianas fora de casa para garantir a imunização da sua criança. Para isto, deveria se fortalecer os postos fixos de vacinação durante a campanha, transmitir mensagens de apelação à procura ativa da vacinação das crianças e também fortalecer a vacinação de rotina para que as crianças perdidas nas campanhas estejam cobridas com a rotina. Trabalhar com comunicação interpessoal especialmente com as

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famílias migrantes do Congo que chegam carregadas dos seus FPS sobre a vacinação e a Pólio e que poderia contaminar às famílias que as rodeiam. Deve- se valorizar o fato das mães fazer vacinar as crianças e motivar para que continuem com a prática em todas as campanhas de vacinação. Elaborar material radiofônico e para televisão focalizando no cansaço e na vacinação da criança mesmo tenha que a mãe sair para a lavra ou o trabalho

Sobre o comportamento ideal 2: Completar o esquema de vacinação contra a Poliomielites até o primeiro ano de vida da criança 7) Este comportamento é medianamente factível de se realizar: A prática

solicitada encontra maiores limitações do que vantagens. Ainda esta numa etapa de aprovação, quer dizer, as mães ainda não concordam totalmente com levar à criança ao centro de saúde para que apanhe a vacina. Se bem já se esta fazendo alguma coisa parecida desde a perspectiva das mães requer recursos a um custo moderado (passagem do taxi, tempo, a criança não se chateia), efetuar um esforço significativo e percebe só alguns benéficos.

Os esforços tem que ser maiores para lograr atingir a realização do comportamento porque ainda encontra -se numa etapa de aprovação. Trabalhar na compreensão e aceitação de que a criança só fica imune quando apanha uma determinada doses de vacinas e num determinado tempo. Quando isto acontece, vale a pena fazer o esforço. Isto deve ir acompanhado de ações de reconhecimento do cartão da vacina, nas futuras campanhas de vacinação porque se esta -se a promover a vacinação de rotina, deveria se lhe outorgar o valor que tem o cartão e a razão de existir a rotina. Caso contrario se continuara reforçando a comodidade de ficar em casa na espera da vacina. Paralelamente, deve – se assegurar a oferta, isto é, que os serviços de saúde devem estar prontos para responder com qualidade e oportunamente à demanda das famílias na vacinação de rotina. Desde a C4D, o pessoal de saúde precisa ser fortalecido, em comunicação interpessoal, técnicas de concertação e atenção cálida e de qualidade.

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Que as mães primigestas solicitem a vacina contra a Pólio assim que nasçam suas crianças e completem o seu esquema de vacinação ate eles cumprir o primeiro ano de vida. 8) Este comportamento é factível de se realizar: Não existe uma rejeição

declarada por parte das mulheres grávidas entrevistadas. Esta prática encontra-se situada na etapa da intenção, embora as mulheres grávidas não tenham conhecimentos sobre a doença . A vontade de fazer as coisas bem com o cuidado da criança é uma chave para trabalhar com este segmento populacional.

Começar com mensagens de exposição dirigidos a este segmento: de informação pratica e logística: o que, como, quando e onde. Apelar à receptividade que estão sentindo por tratar -se duma primeira experiência própria para fortalecer a valoração sobre a vacina . Fortalecer a intenção e motivar à pratica do comportamento. Desenvolver materiais afetivos e sensíveis de acordo ao momento importante que a mulher grávida pela primeira vez esta a viver. Engajar ao parceiro das primigestas.

Sobre o comportamento ideal 3: Aplicar ações de prevenção para evitar a propagação da Pólio. Lavado de mãos: 9) Este comportamento é factível, desde que exista maior disponibilidade

de água: Está na aprovação da prática porque os responsáveis de crianças menores de 5 anos sentem que estão a desperdiçar água quando se lavam as mãos varias vezes no dia.

Disposição adequada de excretas: 10) Este comportamento é medianamente factível agora:Encontra-se na

etapa do conhecimento e compreensão porque ainda os responsáveis de crianças menores de 5 anos não vinculam nem fazem uma relação estreita, entre, eliminação de excretas, casa de banho ou latrinas, o uso adequado e limpeza de estas com as doenças como a Pólio.

A promoção de esta prática deve estar ligada ao melhoramento das condições do entorno em vista de que uma condicionante para a frequência do lavado de mãos depende do aceso ao líquido. Por isso se deve incluir na Estratégia de C4D ações específicas de fortalecimento à organização e mobilização, para trabalhar na procura do melhor acesso desse direito universal. Para partilhar mensagens, é preciso basear - se na forma de lavado de mãos que os responsáveis de menores de 5 anos tem atualmente para demonstrar visualmente a maneira certa de se fazer. Também se deve propor alternativas para guardar água exclusiva para o lavado de mãos , Apelar ao valor da ação para a saúde pessoal e da família. No caso da disposição adequada de excretas tem que se expor a mensagens que vinculem a casa de banho ou latrina suja com as doenças porque até agora a casa de banho é vista só para evitar a doença e não como um foco de infecção quando esta suja.

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Tanto o lavado das mãos como a disposição adequada de excretas supõe tarefas de diversas linhas de ação como advocacia, mobilização social, entre outros que possam integrar e combinar a promoção dos comportamentos com a preparação do entorno ou condições essenciais e favoráveis. No caso da Comunicação é importante elaborar mensagens claras, práticas e não se focalizar em muitas para não confundir nem saturar as pessoas. É bom reconhecer as limitações e sugerir soluções partilhando do próprio contexto. Considerando que tem pessoas com latrinas ou casas de banho a disposição, mas também tem outras que não, poderia se considerar a elaboração de duas versões de cartões de lembrança para que utilizem os grupos de mobilização. Uma com mensagens do uso adequado da latrina (limpeza, cuidados) e um outro com a eliminação de excretas no buraco. De igual modo, poderia se realizar a “visibilização e a posta de sinais ” das práticas promovidas, a través de cartões gráficos ou outros elementos, para recalcar o lavado de mãos e a eliminação correta de excreta, com e sem casa de banho.

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Ações essenciais:

Conclusões da pesquisa Recomendações para ações de C4D

1) O pessoal de saúde não vincula a atenção de rotina com a vacinação

contra a Pólio. Tampouco faz referencia as tarefas de monitoria e vigilância. Pensam que o problema da cobertura de vacinação está na população e os ¨tabus¨. Não se reconhecem como parte do problema, eles se sentem satisfeitos com o seu trabalho.

Refrescar sobre a doença respondendo as inquietudes que o pessoal de saúde tem como, por exemplo: se a doença tem cura, como se originou, porque há em Angola e nos outros países não e quais as formas de contrair a doença, entre outros. Partilhar com eles os resultados da pesquisa para que se elimine a ideia de que são só as famílias que precisam mudar ou aquelas que não sabem nada. É preciso que também se reconheçam dentro do problema para que melhorem as suas capacidades. É importante fornecer para este grupo material técnico não só com mensagens sobre a Pólio. Também deveria se formar em comunicação interpessoal e técnicas de negociação ou concertação para uma melhor atenção durante a rotina, sendo que também tem se ouvido na pesquisa que as mães sentem temor de assistir aos centros de saúde, pelo possível mau trato. Este segmento deve ser fortalecido especialmente para enfrentar a atenção de vacinação de rotina.

2) As redes sociais naturais ainda não se reconhecem como atores

importantes na transformação da qualidade de vida. Cumprem funções dentro dos seus próprios círculos, tem uma boa disposição para apoiar na erradicação da Pólio e se sentem seguros da sua capacidade para apelar, mas não tem iniciativas próprias.

Fortalecer a capacidade de organização e facilitar habilidades de mobilização social, assim como instrumentos que facilitem o trabalho que estão a realizar. Deste segmento os atores mais potenciais são os jovens pelo tempo que poderiam dedicar as atividades da Pólio e pela vontade amostrada, muitas vezes impulsionada pela responsabilidade que sentem sobre a saúde dos seus irmãos menores. Poderia se convocar a participação constante dos jovens nos seus

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próprios bairros e ruas, se criar uma ¨Caravana Cuia¨, especialmente para todas as campanhas a se desenvolver . Caravanas estabelecidas em cada bairro ou comuna, que respondam tanto para o trabalho de vacinador como de mobilizador toda vez que se lhes precise. Para acompanhar o trabalho destes grupos e dos mobilizadores já estabelecidos pode se elaborar algumas ferramentas de apoio como rotafolios e dípticos. É importante lhe convocar e dizer:

¨Passa a voz... participa! 3) Os líderes de opinião, tal parece, não assumem as atividades

relacionadas com a erradicação da Pólio como uma responsabilidade social compartida, estas são vista como um ¨apoio¨ ao setor de saúde. Entre os principais, como são os Sobas e os Presidentes de moradores existe a ideia de que é preciso contar com incentivos e megafones para melhorar o trabalho, é possível que por isso não atuem oportuna nem adequadamente.

É importante lograr que este segmento assuma como uma responsabilidade da sua própria liderança qualquer atividade que seja em beneficio à comuna. Os problemas que se passam, geralmente não são simplesmente dum setor, neste caso saúde, são problemas estruturais que devem ser vistos duma maneira integral, onde todos fazem parte das soluções. Por isso, os Sobas, Presidentes de Moradores, Lideres Religiosos e Jornalistas, devem assumir com essa visão integral as atividades da Pólio e valora que o papel que desempenham é vital. Sem a participação conjunta, combinada, atempada e organizada destes grupos as comunidades não poderão melhorar substancialmente. Para aquelas comunas ou bairros que tem inovações para erradicar a Pólio pode-se premiar o trabalho com um certificado de reconhecimento ou algum beneficio para a coletividade. Algumas ideias para a Estratégia com estes segmentos são:

Aos Sobas e Presidentes de moradores deve se lhes motivar para AGIR. Pode se fortalecer as suas capacidades com comunicação interpessoal, técnicas de concertação e produção de pequenos meios de promoção, assim, não dependeram só

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dos megafones para convocar à comunidade e poderão ter conversas mais efetivas com as mães que a pesar de ter campanha devem ir para a lavra.

Para os líderes Religiosos pode se elaborar uma folha motivadora com uma linguagem adequada, baseada nas escrituras (a maioria das igrejas acreditam em Deus) agradecendo o trabalho social que desenvolvem e fortalecendo as mensagens que podem aproveitar para partilhar nas suas comunidades religiosas.

Já com aqueles líderes das Igrejas que rejeitam a vacina (são poucas, como em Lunda Sul a Igreja Zambi ya Tulamba) deve se trabalhar no nível da advocacia.

Para os jornalistas pode se lhes facilitar sessões de atualização sobre a Pólio, assim como o tratamento da temática e ideias para que eles possam promover a vacinação, não só durante as campanhas, mas também durante a rotina. Seria muito útil se eles contassem com uma ¨pasta informativa¨ com diversos recursos para melhorar o seu trabalho.

4) O tema da Pólio, tal parece, não é uma prioridade nas agendas de

trabalho dos tomadores de decisão do nível provincial e municipal. Embora expressem a sua preocupação e responsabilidade na erradicação da Pólio, não tem planejado atividades pontuais. A rotina não é mencionada e só se referem às campanhas de vacinação como uma coisa cotidiana. Tampouco assumem o fornecimento do saneamento básico para melhorar a saúde, asseguram que isto é o dever do governo central. Vários não conhecem as suas faculdades como autoridades.

O trabalho de advocacia deve ser uma prioridade com este segmento. Além das reuniões com os governadores ou administradores, pode se desenvolver uma pasta específica com informação que lhes ajude conhecer a situação da sua localidade, as fortalezas e debilidades que tem no sistema de vacinação de rotina e nas campanhas, ideias das ações que podem adotar para melhorar a resposta à Pólio e estabelecer um sistema continuam de retroalimentação para manter- lhes informados e interessados na temática. Ajudaria que o Boletim atual que o escritório da UNICEF elabora tenha uma distinção dos resultados da cobertura de vacinação como uma forma de alerta às autoridades, por exemplo,

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caso esteja se avançando bem pode levar uma faixa verde na portada com algum texto de reforço, se existem problemas seria uma faixa amarela ou laranja de alerta e caso os resultados sejam preocupantes uma faixa vermelha como chamada de atenção. Isto pode ajudar para que os municípios e províncias ponham maior empenho nas atividades. No nível local um instrumento que pode apoiar às tarefas de advocacia é ¨O livro de compromisso¨ , onde todas as pessoas decisórias podem aportar com compromissos concretos e assinar este documento como senha do acordado. Além de registrar as entidades e os apoios que estão a se receber para a erradicação da Pólio, este livro serve de monitoria das atividades planejadas. Assim as autoridades poderão se sentir satisfeitos e dizer ¨Eu estou no livro de compromisso!¨.

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Bibliografia

CORE, Angola

2011 Dados de monitoria das campanhas efetuadas em fevereiro, março, abril, maio, julho, outubro e novembro de 2011.

Luanda, Angola.

GOBLET, Veronique

2011 Protocole de recherche pour l’étude sur les raisons sociales des enfants manqués par les campagnes de vaccination

contre la Pólio en RDC. República Democrática do Kongo.

KÚNCAR Gridvia

1995 Estrategias efectivas de Comunicación. La Paz. CCH.

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2002 Haceres, Pensares y Sentires, HPS. Una guía para comunicación efectiva y afectiva en salud. Bolivia. BASICS II.

MINISTERIO DA SAÚDE DA ANGOLA - UNIDADE EPIDEMIOLÓGICA.

2011 Indicadores de vigilância de casos de PFA notificados de 01 janeiro até 21 de outubro de 2011. Luanda- Angola.

OMS – Angola

2011 Weekly Update, Week 40/2011; 07th October. Angola.

PARK, Will y LLOYD, Linda.

2004 Planificación de la movilización social y comunicación para la prevención y el control del dengue. Guía paso a paso.

Ginebra: Organización Mundial de la Salud – Organización Panamericana de la Salud.

UNICEF – Angola

2010 Vários documentos gerados no ano 2010 e 2011 para as campanhas da Poliomielites. Luanda – Angola.

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ANEXOS

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ANEXO 1 Comportamentos ideais individuais9

Comportamento ideal genérico

Sub comportamentos essenciais Segmento/ interlocutores

Vacinar as crianças de 0 até 5 a nos de idade contra a Poliomielites em todas as campanhas de vacinação para proteger a saúde delas.

Que os responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade procurem que eles ou elas sejam vacinadas nas Campanhas de Vacinação para que tenham um reforço contra a doença.

Família:

Mãe

Pai

Avô, avó

Outro – responsável da criança

Grávidas a partir dos 6 meses

Completar o esquema de vacinação contra a Poliomielites até o primeiro ano de vida da criança

Que os responsáveis das crianças se assegurem que as suas crianças de 0 até 1 ano tomem a vacina contra a Pólio, quando é recém nascido, aos 2, aos 4, aos 6 e aos 9 meses de idade.

Que as mulheres grávidas de 6 meses adiante, tenham como prioridade solicitar num posto de saúde logo apôs do parto a vacina contra a Pólio para as suas crianças recém nascidas, e que completem o esquema de vacinação antes que as suas crianças façam um ano de idade.

Aplicar ações de prevenção para evitar a propagação da Pólio.

Que as pessoas da família se lavem as mãos adequadamente com água e sabão (ou cinza) após entrar na casa de banho, limpar a uma criança, antes de preparar a comida e antes de se alimentar.

Família:

Mãe

Pai

Filhos e filhas

Outros familiares que moram na mesma casa

Grávidas

Que os diferentes membros da família disponham adequadamente os excretos (uso adequado da casa de banho ou latrina, e no caso de não ter nenhum dos dois que façam as suas necessidades longe das fontes de água e que as enterrem sempre).

9 Elaborado pela consultora Ana Sánchez Quisbert, a partir do análise da mudança do comportamento individual e coletivo ou social e ajustado com o Especialista de Imunização do UNICEF, Dr. Titus Angi .

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ANEXO 2 Ações essenciais coletivas para a mudança social10

Ação ideal Sub ações essenciais Segmento/ interlocutores

Prestar serviços oportunos e de qualidade

Que não baixem a intensidade da vacinação nem a vigilância da paralisia flácida e a monitoria rápida das coberturas para assegurar o controle de qualquer brote.

Pessoal de saúde

Que aproveitem qualquer oportunidade para vacinar as crianças, ainda mais se não foram vacinadas, motivando aos responsáveis das crianças de maneira empática e com respeito.

Promover a vacina contra a Pólio.

Que façam promoção e difusão dos benefícios da vacina contra a Pólio, a fim de incentivar às famílias à vacinar as crianças de 0 até 1 ano na vacinação da rotina e de 0 até 5 anos de idade durante as campanhas de vacinação.

Professores Estudantes das escolas Agentes comunitários Voluntários (mobilizadores) ONG Grupos de base:

De mulheres

De jovens

De igrejas Outros

Que participem ativamente na mobilização ou vacinação de crianças menores de 5 anos durante as campanhas de vacinação ou de atividades para a vacinação de rotina.

Gerar um ambiente positivo sobre a vacinação contra a Pólio

Que aconselhem sobre a vacinação completa das crianças para ter e manter o país sem Poliomielite.

Líderes de opinião:

Regedores

Presidentes de Moradores

Sobas

Pastores

Padres Superiores

Diretores de Escolas

Jornalistas Outros

Que participem ativamente nas ações de prevenção (campanhas ou vacinação de rotina) e vigilância comunitária da Pólio planificadas por iniciativa própria ou pelos responsáveis de saúde.

10

Idem.

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Gerar condições adequadas para evitar a propagação da Pólio.

Que deem apoio político e financeiro para manter a vigilância e controle da doença e para a execução de Estratégias de prevenção .

Tomadores de decisão

Governadores

Vice Gobernadores

Administradores

Administradores adjuntos

Chefes de Repartição Outros

Que gerem as condições para dotar as comunas e bairros de saneamento básico (água e casa de banho) e proteger assim as famílias de doenças contagiosas como a Pólio.

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ANEXO 3

Resultados in extenso

Quadro 3.2 Fazeres, Pensares e Sentires dos responsáveis de menores de 5 anos sobre a Pólio e a campanha de

vacinação

Sub comportamento

ideal

Província Fazem Pensam Sentem

Que os responsáveis das crianças de 0 até 5 anos de idade procurem que elas sejam vacinadas nas Campanhas de Vacinação contra a Pólio para que sejam protegidas dessa doença

Cabinda

Quase a metade das entrevistadas não vacinaram as suas crianças porque que os vacinadores não chegaram às suas casas. ¨ O vacinador não chegou, não passaram, embora seja próximo ao hospital¨ (EP, Sonia Buco Zau).

As outras mães assinalam como razões para não vacinar a repetição das campanhas que são a toda hora, assim como a ausência da mãe em casa junto com a criança principalmente pela responsabilidade que elas têm de sair para a lavra ou a venda para alimentar a família. Muito poucas disseram que não sabiam da campanha.

Varias mães pensam que já são suficientes as vacinas que as suas crianças receberam, embora não saibam exatamente quantas doses foram.

Acreditam que não é necessário deixar apanhar mais vacinas.

Satisfação de que fizeram sua parte.

Pouca paciência com as campanhas

Conflito, confusão porque devem contrapor as duas responsabilidades, alimentar a família (lavra ou venda) ou ficar na espera o dia todo para vacinar as suas crianças

Pressão, é um problema, lhes tira das tarefas de casa

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Quase a metade acha que os vacinadores comportam – se bem, são boa gente, andam a pé e fazem bom trabalho para que as crianças não adoeçam, isto, quando chegam até as casas.

A maioria declara que as campanhas são para as “pessoas que não vacinaram os filhos antes”

Esgotamento, fadiga com as campanhas

A maioria acredita que a vacina contra a pólio serve para evitar doenças. Entre elas, algumas fazem uma comparação com os remédios que curam, como o ¨paracetamol que cura a dor de cabeça¨

Poucas acham que a vacina é ¨obrigatória¨ para evitar a doença.

Só uma pessoa diz que ainda não sabe se a vacina serve porque viu que uma criança recebeu uma vacina e ficou mais doente.

Confiança de que a criança não vai apanhar doenças, no geral.

A maioria não imagina uma pessoa doente com a pólio e pior um parente, não é possível. Acham que poderia se fazer um tratamento no caso se ter alguém doente.

“O coração fica triste se a criança adoece porque é para ela brincar, crescer e ser profissional”.

Uige

São diferentes as rações para não ter vacinado nesta campanha as suas crianças. A maioria refere-se aos vacinadores que não

Algumas pensam que não é importante que a criança apanhe a vacina porque o vacinador já não passou.

Confundidas com a convocatória, sempre vem as mesmas mensagens e não tem certeza de que haja de novo campanha

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passaram, outras dizem que os filhos já apanharam nas outras campanhas que já é suficiente e que foram para o trabalho na lavra,ou na rua e finalmente poucas falaram que não estavam bem informadas.

São muitas campanhas, chega

Não sabiam da campanha, ¨estava distraída é que essa foto está sempre ali (cartaz), já passou?...como é então?¨ (Nela, EP, Milunga)

Preguiça vacinar de novo

Houve um caso de uma mamãe que não vacinou nunca a sua criança de 1 ano e 8 meses porque quando a levou ao posto de saúde, lhe cobraram uma multa de 2.000 kuanzas por a criança ter nascido em casa (não estava registrada)

Sabe que a vacina é boa para a saúde

Medo de voltar ao posto de saúde por causa da multa.

Outras rações encontradas na minoria para não vacinar referem-se à negativa do pai, por três motivos: , ¨é só para fazer desaparecer as crianças...¨ (famílias do Congo), filho de homem da tropa não adoece, não precisa e a criança chora pela noite quando é vacinada e não deixa dormir.

Pensam que o marido tem razão porque o pai esta por cima de todos (referem –se à Bíblia)

Sabem que a vacina é boa, protege, mas não podem desobedecer.

Confiança no marido

Conflito, deseja proteger aos filhos, mas tem medo do marido

Obediência. O pai decide

Medo de brigar com o marido

Ameaça à saúde da criança, quando adoece é trabalho para a mãe.

Todas as mães dizem que as campanhas de vacinação são boas para as crianças, porém a maioria reconhece que são muitas e que é possível que não sejam necessárias todas, porque já fizeram vacinar em algumas

Pouco mais da metade assegura se sentir cansada de tantas campanhas: ¨chega¨,

Não se preocupam com a doença na criança

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delas.

Poucas não tem clareza com as datas ou vezes que acontecem as campanhas por causa da veiculação de mensagens informativas: ¨já passou? , eu vi, escute na radio mas não sabia que era outra¨

Todas as mães concordam que o trabalho que fazem os vacinadores é bom e que os jovens são carinhosos com as crianças. Algumas aclaram que ¨os vacinadores são conhecidos, daqui mesmo¨.

Não compreendem porque os vacinadores não estão a chegar nas casas, pensam que é pela distância ou porque a vacinação acaba cedo e não da tempo. (Indicaram meio dia)

enquanto não há sintomas.

Quase todas as entrevistadas acreditam que a vacina contra a pólio serve mesmo para evitar essa doença, embora não explicam o porquê.

Confiança

Esperança

Todas pensam que é difícil ter alguma pessoa doente com a pólio em casa porque já apanharam a vacina (embora tenha sido uma vez).

Tristeza no coração é o sentimento que provoca qualquer doença dos filhos. A mãe fia male.

Desvalorização da PREVENÇÃO

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No caso de ter alguém, varias pessoas levariam a doente com pólio no hospital para que seja curada, ou curariam com medicina tradicional que é muito forte, ou pediram ao pastor na Igreja para que seja ¨ungido¨. Pensam que essa é a forma de resolver a situação.

Fe na medicina tradicional para a cura

Fe nas suas igrejas, principalmente no líder

Zaire

Foram três as principais rações que as mães deram para não ter vacinado os seus filhos ¨o vacinador não chega até aqui...¨ , a saída à lavra para ter alimentação para a família (especialmente no Soyo) além de que os filhos já foram varias vezes vacinados, e porque ¨não estava sabendo, de novo houve vacina?¨.

Já varias falaram que na última vez que apanharam vacina as crianças adoeceram com febre. O único pai que participou na pesquisa no Zaire como responsável de criança menor de 5 anos falou que o filho ¨não tomou a vacina porque as outras vezes ficou doente e por isso deixou a vacina¨ (EP, José, Mbanza Kongo, onde se vacinaram crianças

Pensam que é difícil deixar de ir para lavra porque tem que alimentar a família, seria um dia perdido.

Sabem que existem outras mães que escondem as crianças da vacina porque não levaram no centro de saúde e acham que o vacinador vai lhes reclamar esta situação.

Sabem que outras mães não fazem vacinar porque são da Igreja Messiânica, que não deixa

Medo de que a criança adoeça de novo por apanhar a vacina.

Confundidas, com a frequência das campanhas.

Temor que os vacinadores fiquem nervosos pelo fato da criança não ter apanhado vacina no centro de saúde.

Medo de o marido bater nelas

Conflito: elas sabem que é importante, mas não desobedecem ao marido

Fe nas suas igrejas, principalmente no líder

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pela força).

Poucas dizem que o marido não quer porque a vacina da febre e adoece a criança, faz chorar.

Todas acham que as campanhas são boas para a saúde das crianças, porém que são muitas.

Todas as que participaram na pesquisa dizem que gostam do trabalho dos vacinadores quando chegam à casa. ¨São boas pessoas, nós tratam bem, gostam das nossas crianças¨ (GF, Soyo,Zaire)

Algumas expressaram que o trabalho do vacinador está a diminuir porque são muitas campanhas.

Abusadas pela quantidade de campanhas.

Satisfação com o trabalho do vacinador quando chega à casa delas.

Quase todas pensam que a vacina serve para evitar a pólio.

Apenas uma senhora não sabe se a vacina é mesmo boa porque antigamente não se conhecia a doença e não se precisava de nada.

Algumas têm certeza que a vacina é um medicamento que entra no corpo e faz que ¨a doença não ataque com muita força¨.

Confiança na vacina

Dúvida

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Poucas pensam que se tivessem alguém doente na família com pólio teriam que levá-la ao hospital para que receba tratamento.

Tristes porque a criança precisaria do amparo das pessoas. A criança fica doente, não tem alegria.

Culpáveis por no ter levado para vacinar contra essa doença estranha.

Luanda A maioria declara que não vacinaram as suas crianças porque o vacinador não chegou à casa delas.

O segundo motivo assinalado com frequência foi o fato das mães terem saído de casa para trabalhar (muitas se dedicam à venda de produtos) e que não tiveram outra opção.

Numa menor proporção falaram não ter ouvido direito sobre a campanha ou que estavam distraídos e não perceberam e que além do mais já são muitas campanhas.

Sabem que a vacina é boa para as crianças e que protege a saúde delas

Pensam que a vacina é importante, más também ir para o trabalho é.

Acham que as mensagens não são claras para as campanhas de vacinação

Confiança em que a vacina que já tomaram antes é suficiente para proteger

Agoniadas porque não podem fazer ambas coisas, ir para o trabalho e vacinar os seus filhos

Dúvida com as datas e vezes das campanhas

Uma mãe reportou que procurou vacinar a sua criança depois de voltar da rua, mas não conseguiu, ¨fui procurar no posto de saúde e me disseram que tinha que esperar a próxima campanha,

Sabe que a vacina é importante

Pensa que só em campanha pode vacinar

Dúvida

Nervosa por ter perdido a viagem até o posto de saúde

Perda de tempo

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fui até a Delegação de Saúde da Criança e nada¨ (EP, Helena, Viana, Luanda)

Uma outra, explicou ¨antes fazia apanhar, agora não gosto porque esta a dar febre nas crianças (EP, Conceição, Cazenga).

Pensa que a vacina provoca incômodos à criança

Medo à febre

Todas as pessoas acham que as campanhas são boas para a saúde da criança e que ajuda aos pais porque não tem que ir ao posto de saúde

Muitas pensam que as campanhas cansam, são demasiadas e tem outras coisas para fazer do que esperar.

Todas as participantes pensam que o trabalho dos vacinadores e bom, que são aguerridos porque visitam as casas, mas a maioria faz notar que são poucos os que trabalham bem porque os outros não visitam as casas, ficam sentados na rua . e ¨pedem gaseosa¨ (GF, Cacuaco)

Qualificam aos jovens como pessoas de bom coração que ajudam para que as crianças não fiquem doentes.

Cansaço

Beneficio de poupar o tempo e o dinheiro

Não tem recompensa esperar pelo vacinador

Não tem que pagar taxi até um outro bairro porque não tem centro de saúde perto.

Agradecimento aos vacinadores que fazem bem o trabalho

Incerteza porque nem todos os vacinadores visitam as casas

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Quando pensam na possibilidade de que um dos filhos apanhe a doença asseguram que fariam tudo para encontrar um tratamento que os cure porque uma criança não merece sofrer nem a família, mesmo custe muito dinheiro.

Desesperação ante um caso de pólio na família

Com exceção de uma avô e uma mãe de Cacuacu, que dizem não acreditar que a vacina contra a pólio evite a doença, todas as entrevistadas acham que a vacina é boa e que ajuda a proteger mesmo a criança até porque foi instituída pelo Governo.

A avô que não tem confiança assinala ¨mesmo apanhando a vacina ha crianças que estão a morrer da pólio¨ (EP, Maria Madalena, Cacuaco)

A mãe pensa que a vacina aumenta a doença e ¨as consequências só virão no futuro¨ (EP, Faustina, Cacuaco), porque ouviu falar isso numa igreja.

Confiança

Desconfiança

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Quadro 3.3 Fazeres, Pensares e Sentires dos responsáveis de menores de 5 anos sobre a vacinação de rotina

Sub comportamento

ideal

Província Fazem Pensam Sentem

Que os responsáveis das crianças se assegurem que as suas crianças de 0 até 1 ano tomem a vacina contra a Pólio, quando é recém nascido, aos 2, aos 4 e aos 6 e aos 9 meses de idade .

Cabinda

Todas as mães dizem que suas crianças menores de 5 anos já apanharam vacina varias vezes no posto de saúde, embora uma metade não sabe explicar se foi vacina contra a pólio ou outra doença.

Pensam que a criança precisa de diferentes vacinas mas não sabe distinguir -as .

Não sabem as doses que a criança precisa para estar protegida da Pólio.

Não sabem quantas vezes os seus filhos já apanharam a vacina da pólio.

Tranquilidade enquanto não há sintomas da doença

Poucas levam de 0 até 1 ano ao posto e depois espera as campanhas para vacinar em casa

É mais seguro no posto porque a criança é muito pequena

A vacina do posto de saúde é forte, das campanhas é fraca pelo sol.

Seguridade com o posto de saúde

Temor que a vacina da campanha não seja efetiva

Dúvida e preocupação porque tenha febre e dor de barriga

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São duas as diferenças que menos da metade das mães encontram entre as campanhas de vacinação e a rotina, devido à experiência que tiveram, estas são:

O tempo: Vacinar no posto de saúde é diferente porque tem que se fazer fila e na casa não.

Qualidade da vacina: No hospital é muito forte a vacina que apanha a criança porque lhe da febre. Nas campanhas não é assim.

A metade das participantes acredita que é melhor ir ao centro porque os vacinadores não passam e além do mais no centro dão cartão.

A outra metade, prefere ficar em casa esperanço a campanha de vacinaçao

Poucas pensam que o cartão ajuda para saber se a criança tem todas as vacinas

Poucas valorizam o cartão de vacinas porque ajuda na lembrança das vacinas e da saúde que a criança tem

Beneficiadas porque ganham tempo em casa já que não precisam fazer filas

Duvidosas porque não sabem se explicar porque as vacinas do centro de saúde são fortes e as da campanha não

Só menos da metade aconselharia para uma outra mãe vacinar a sua criança no posto de saúde fazendo apelo à responsabilidade, paciência e amor pelo filho.

Pensam que as mães devem ter coragem para fazer vacinar as crianças (pelo tempo que toma à espera da vacina e pela febre que a criança vai ter depois de apanhar a vacina )

Pouca coragem (ânimo) para fazer vacinar

Pouco convencidas - inseguras para aconselhar

Uige

Quase todas as pessoas entrevistadas falaram que suas crianças já apanharam vacina anteriormente no posto de saúde para proteger – as da paralisia.

Não é necessário levá-las de novo ao centro de saúde

Não sabem sobre as doses de vacina para cada doença e particularmente para a Pólio

Tranquilidade porque receberam vacinas (embora não saibam quantas e para que são)

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Menos da metade das pessoas entrevistadas afirma que a maior diferença entre a vacinação no centro de saúde e nas campanhas é que no hospital dão vacinas para muitas doenças e nas casas só dão para a pólio.

Pensam que no centro de saúde é mais completa a vacinação

Não se sentem conformes quando a vacina que levam para casa é só para uma doença (Pólio).

Poucas mamães dizem que preferem esperar a campanha

É melhor, assim não precisam sair de casa.

Beneficio, economizam tempo e mota, porque não vão até o posto de saúde.

A maioria das mães não aconselharia a outra mãe fazer vacinar a criança contra a pólio.

Algumas acreditam que cada família vive a sua própria vida e são os pais quem decidem se os filhos apanham ou não a vacina . Tem que se respeitar.

Não é conveniente aconselhar que esperem a campanha porque o vacinador nem sempre chega em casa, ¨só uma fica mal¨ e no posto pior, tem que esperar muito

Insegurança de falar sobre algo que não acredita que de certo

Zaire

Preferem não levar a vacinar na rotina, porque dá trabalho.

Quase todas as mães explicaram que os seus filhos já pegaram vacinas (não especificaram a vacina da pólio, embora tenham falado também das campanhas).

Dá trabalho levar a criança ao serviço de saúde, pela espera e porque a criança se chateia.

Não sabem quando se precisa vacina

Não acham necessário ir para o centro de saúde se

Aprovação da campanha porque não é um gasto

Tranquilas, não há sintomas para curar

Não valorizam o esquema de vacinação copleto

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a criança não esta doente

A maioria diz que não há muita diferença porque a vacina em casa assim como no hospital ¨é tudo a mesma coisa¨

Algumas acham que a vacinação de campanha facilita porque o vacinador vá para casa.

Não se precisa de dinheiro para ir ao centro.

Em casa não da muito trabalho porque a criança fica em repouso.

Indiferença, tanto faz a campanha como o centro de saúde.

Alivio, não precisam carregar à criança.

Beneficio porque poupa o dinheiro do taxi quando não vá para o posto de saúde para vacinar à criança.

As entrevistadas asseguram que para aconselhar outras mães para vacinar a criança fariam referência à efetividade dela dizendo ¨é muito importante vacinar, a vacina faz bem mesmo¨ (EP,Julia, Soyo,Zaire)

Uma de elas apelaria para levar no hospital à criança ¨para que a doença não se guarde em casa¨.(EP, Chana, Mbanza Kongo, Zaire)

Pensam que a vacina é boa.

Acreditam na efetividade da vacina

Confiança na vacina

Luanda

Todas as pessoas falaram que as suas crianças já apanharam a vacina, seja nas anteriores campanhas ou no posto de saúde, mas este dado não foi confirmado já que nenhuma delas tinha o cartão de vacinas dos seus

Não sabem se as suas crianças precisam ou não mais vacinas

Dúvida

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filhos.

A maioria não encontra diferenças na vacinação no centro de saúde e nas campanhas. Algumas dizem que é melhor na casa porque: não pagam taxi, é mais prático, não perdem tempo esperando e tratam melhor. Poucas acham que é melhor no centro porque lá explicam e a vacina é melhor. Uma pessoa referiu-se às idades, na campanha é ate os 5 anos, no centro de saúde só quando tem 2 meses.

Não tem informação sobre as doses de vacina que precisam as crianças

Pensam que ambos lugares (centro de saúde e campanha) tem suas vantagens

Sente alivio porque é mais cômodo em casa

Satisfação com a explicação da vacina no centro de saúde

Benefícios com as campanhas, não há gasto, são melhores tratadas, não perdem o tempo.

Quase ninguém aconselharia para uma outra mamãe que a filha apanhe a vacina contra a Pólio

Pensam que esse é o papel dos entendidos como a doutora, uma pessoa que sabe e que tem credibilidade.

Não se sentem cômodas aconselhando porque não tem autoridade

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Quadro 3.4 Resultados dos atores sociais da comunidade

Professores:

Cabinda Luanda Zaire Uige

Conhecimento da pólio e da vacina

Todos os professores explicaram que a Pólio é uma doença que ataca os membros inferiores e superiores da criança. Alguns deles definiram primeiro como uma epidemia em nosso país.

A maioria dos Professores entrevistados disse que a Pólio é uma doença que paralisa os membros superiores e inferiores.

Os outros entrevistados explicaram que é uma doença que ataca quando não se tem vacina.

Quase todos acham que é uma doença infecciosa que atinge sobre tudo nas crianças. Alguns entrevistados, confundem o nome com e dizem é “a vacina que muitas crianças tem que apanhar”.

Apenas um professor explicou que a Pólio è uma doença transmissível.

Como consequência principal assinalam a paralisia, dizem que destrói as pernas da criança.

Todos assinalam que as consequências da doença são as deficiências físicas ou paralisia infantil. Poucos indicaram que pode levar até a morte.

A maioria dos professores indica que a Pólio pode causar sarampo, febre tifóide, temperatura alta, vómito ou falta de sangue.

São poucos os entrevistados que explicaram que a Pólio pode provocar paralisia.

Alguns entrevistados acreditam que as consequências principais da doença são dor de cabeça, diarreia e dor de barriga.

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Não sabem como se apanha a doença, apenas um professor confunde com os possíveis sintomas e responde que a criança tem muita febre e fica fraca.

Explicam os sintomas que acham que aparece junto com a doença (fraqueza nos membros, febres altas e diarreias), porém não falam das vias de contágio.

Ninguém sabe explicar como se adoece da Pólio.

Ninguém respondeu sobre a forma de se apanhar a Pólio.

A maioria afirma que a única forma de evitar a Pólio e com vacina. ¨É necessário que se passe a informação que a doença existe e depois arranjar forma de como mobilizar as pessoas para evitarmos a Pólio”. (Ep, Alberto, Santa Catarina). Menos da metade dos entrevistados, além de falar sobre a vacina, referiu-se ao lixo como outra via de transmissão.

Dizem que a Pólio pode - se evitar aderindo as companhas para que todas as crianças apanhem a vacina.

Quase todos asseguram que para evitar a Pólio, tem que se levar as crianças para apanhar a vacina. Só um entrevistado menciono manter a higiene para evitar a doença.

Poucos professores disseram que para evitar a Pólio deve – se apanhar a vacina.

Os professores disseram que nunca receberam seminário sobre a Pólio e que por essa razão não sabem quantas vezes uma criança deve apanhar a vacina. Limitara –se dizer que são muitas, tal vez 3 durante o ano.

Existe uma discordância entre a quantidade de vacinas que uma criança deve apanhar, alguns falam que é 5 e outros 3. Contudo, não especificam quando é que devem apanhar.

Ninguém respondeu quantas são as vacinas que uma criança precisa para estar protegido contra a Pólio.

A maioria dos entrevistados acredita que são três vezes, que a criança apanha a vacina, contudo não esclarecem as idades para as vezes assinaladas.

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Só um professor afirmou saber que as pessoas chamam a Pólio na língua materna como Malebiquinha, que significa paralisia dos membros superiores e inferiores.

Só uns quantos explicam que um outro nome que recebe a vacina contra a Pólio é “gota”.

A maioria diz que a doença é conhecida por eles como Poliomielite.

Todos dizem que ouviram falar da doença só como Pólio.

Sabem que a vacina deve ser ministrada as crianças dos 0 aos 5 anos porque é a facha etária mais atingida, segundo os meios de informação como a televisão. No entanto, há alguns que acham que os adultos também deveriam tomar a vacina.

Afirmam que todas as crianças dos 0 aos 5 são as que recebem a vacina porque são as mais desprotegidas.

Segundo os entrevistados as crianças de 0 aos 5 anos são as que recebem a vacina porque o vírus atua nelas, pior quando não lavam as mãos, se refere um professor.

Todos não sabem, apenas um respondeu quem deve apanhar a vacina de a pólio são crianças de 0 aos 5 anos.

Poucos disseram que já viram alguma pessoa com Pólio, mas que não tem certeza que seja essa doença porque não fizeram seguimento. De qualquer forma, expressam um sentimento de tristeza e incapacidade por não poder fazer nada como professores por essas pessoas doentes.

Apenas um entrevistado assegurou que já viu um caso de Pólio e que isso lhe provocou além de tristeza, insatisfação porque a criança doente fica incapacitada com relação às outras.

Não tem conhecidos com a doença.

Só um professor confessa ter visto uma pessoa doente com a Pólio e que na verdade é muito sofrimento porque tanto o doente como a família dele estão sempre tristes.

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Acções ideias

Nenhum dos participantes participou numa campanha de vacinação. Mas acham que gostariam da experiência, uma vez convidados.

Ninguém participou duma campanha de vacinação antes, mas deixam a possibilidade aberta e dizem que gostariam de participar.

Nunca participaram duma campanha de vacinação, é a resposta que os entrevistados deram.

Alguns dizem que participaram da campanha comunicando aos estudantes das datas e orientando para passar a informação aos pais e que acham foi interessante e que valeu.

Acreditam que para fazer promoção precisam de recursos financeiros e humanos porque precisa – se transporte, aparelho de som, patrocínios, alimentação, lança voz, megafone. A principal actividade seria reunir numa palestra à população para explicar as causas da doença, consequências e modo de preveni-la.

Para promover, aproveitando a profissão os entrevistados comentaram que organizariam palestras nas escolas e dialogariam com as pessoas dos bairros.

Esclarecem que poderiam participar voluntariamente para sensibilizar e fazer campanha de vacinação. Acreditam que uma “boa informação pode ajudar”

Esclareceram que tem disponibilidade para participar da promoção das campanhas, más teriam que receber antes uma palestra para estarem preparados e informar a população.

Afirmam que a principal fortaleza que tem para promover sobre a Pólio, são as palestras e reuniões que fazem com os pais de família.

Pensam que a maior fortaleça nas campanhas de vacinação é “a participação massiva das entidades públicas em colaboração das comunidades”.

Como professores pensam que a fortaleça que tem para promover a vacinação contra a Pólio é convocar ao país de família para reuniões.

Ninguém tem ideia de como poderia se fortalecer à promoção da vacinação nas crianças. Pensam que é mesmo dizer que os pais levem os filhos ao centro de saúde para que apanhe a vacina.

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Pensam que a maior debilidade que há na promoção das campanhas de vacinação é a falta de informação que faz com que alguns pais não aceitem que os seus filhos sejam vacinados.

Acreditam que as fraquezas estão na falta de informação e uma minoria faz notar que na realidade é a fraca participação das comunidades.

Como fraquezas das campanhas de vacinañáo os professores assinalam a falta de entrega de fichas às crianças vacinadas para levar um controle e a falta de transporte para chegar aos lugares mais longes.

Um deles, diz que a maior fraqueza é ¨por hão houver pagamento, porque quando se faz a campanha o estado da dinheiro, não posso trabalhar e outra pessoa ganhar o dinheiro¨(EP, Kamaxucua, Mbanza Congo).

A falta de informação é identificada como a fraqueza principal das jornadas de vacinação.

A maioria reflecte perante a ideia de que alguma pessoa da família apanhe a doença e expressa preocupação e insatisfação pelo que «se tivesse que encontrar uma solução para curar daria a minha vida».

Todos dizem que têm conhecimento desta doença e que se alguém de perto ficasse doente se sentiriam muito mal, sem saber o que fazer porque sabem que é uma doença grave.

Não conhecem pessoas aleijadas pela Pólio e não imaginam a tristeza que deve ocasionar nas famílias e no próprio doente.

Um dos professores acha ter conhecido uma pessoa com Pólio (tem dúvida até agora) e que cada vez que encontra fica com tristeza pelas limitações que essa pessoa tem (não caminha).

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Nenhum dos entrevistados participou nunca duma pesquisa para saber se na comuna onde moram tem alguém com Pólio. Reconhecem que foi por falta de curiosidade, de tempo, de interesse e falta de informação.

Todos disseram que não participam na vigilância das suas comunas para saber se existem ou não crianças doentes com a Pólio porque não tem tempo para isso.

Acreditam que nas comunas onde moram os professores não deve ter pessoas doentes com Pólio porque vem que todas as crianças apanham a vacina. Por isso, pensam que não é preciso procurar ou fazer vigilância.

Não participaram de nenhuma actividade que reporte casos de Pólio nas suas comunas e acham que esse não é o trabalho deles, que é do pessoal de saúde.

Dizem que se eles fizeram promoção seriam ouvidos pela população porque as pessoas acreditam neles pelo fato de serem professores.

Sentem – se seguros sobre a credibilidade que têm nas mães e nos pais de família, porque quando eles mandam dizer alguma coisa sempre há uma resposta favorável.

Uma parte dos professores acham que se dão conselhos para fazerem vacinar às crianças as famílias aceitariam, mas a outra acredita que não e argumentam que existe algumas ideias sobre a vacina. Por exemplo, um dos professores contou que “ segundo os meus tios a vacina vem com algumas doenças que afecta as crianças para eles morrer, é uma doença transmissível”.

Todos pensam que as famílias ouviriam os conselhos que eles pudessem dar para evitar a Pólio, mas fazem notar que aquelas pessoas que não tem consciência, não escutariam com certeza e será uma perca de tempo.

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Estudantes:

Cabinda Luanda Zaire Uige

Conhecimento da pólio e da vacina

Quase todos têm uma ideia do que é a Pólio, relacionam com a paralisia.

A maioria dos estudantes sabe que a Pólio é uma doença que dá às crianças de 0 aos 5 anos. Um grupo menor explica que a Pólio é o nome da vacina que protege a saúde dos bebes.

Quase todos acham que é uma doença infecciosa que atinge sobre tudo nas crianças. Outros dizem que é uma vacina que muitas crianças tem que apanhar.

Só um estudante respondeu que essa doença é transmissível, mas não deu maior detalhe.

A consequência referida pelos estudantes é a paralisia nas crianças. Houve quem falou que é o paludismo.

Vários entrevistados dizem que a consequência é a paralisia e são poucos os que explicam que poderia provocar até a morte.

Aqueles que reconhecem a vacina como Pólio apontam à fraqueza do corpo, vomito e diarreia, como consequências.

Poucos sabem que provoca paralisia. A maioria acha que pode causar sarampo, febre tifoide, temperatura alta, vomito e falta de sangue.

Os poucos que responderam explicaram que a Pólio provoca dor de cabeça, diarreia e dor de barriga.

Explicam que já tem ouvido sobre a doença na televisão, mas que não sabem como é que se apanha a Pólio. Um estudante em Bucou Zau, disse que se pega pela mala higiene.

Todos os estudantes disseram que se adoece quando não se apanha a vacina.

Ninguém sabe como se apanha a Pólio.

Só um estudante assegura que com a vacina se pode prever a doença.

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A metade fala da vacina como forma de prevenção da doença, já a outra menciona preservar a limpeza, lavar as mãos, escovar os dentes e ter uma boa alimentação.

Não conhecem outra forma de prevenção da Pólio além da vacina.

Mais da metade falam que tem que se levar às crianças para que apanhem a vacina.

Ninguém conseguiu responder alegando não saber.

Todos responderam de diferente forma, uns dizem que são 3 vezes que a criança pega a vacina, outros 8, e outros falam das gotas que são entre 2 e 3 na boca.

A maioria dos estudantes disseram que são 3,e a minoria disse são 5.

Ninguém pode explicar quantas vacinas apanha a criança para evitar a doença.

A maioria dos jovens pensa que são três vezes que a criança apanha a vacina, mas também, não aprofunda a resposta.

Os estudantes só chama a doença de Pólio.

A maioria dos estudantes respondeu que a vacina chama- se gota e a doença chama- se pólio, não conhecem outro nome para alem deste.

Dizem que muitas famílias conhecem como Paralisia a doença, mas também como poliomielite.

A minoria disse que se conhece a doença como paralisia.

Quase todos afirmam que são as crianças de 0 até 5 cinco que apanha a vacina porque são eles que mais adoecem. Contudo, poucos participantes assinalam que também podem tomar a vacina os mais velhos e os seres vivos como o cão. (EP, Josefina, Sede).

Os estudantes na totalidade asseguram que são as crianças dos 0 aos 5 anos as que recebem a vacina porque são mais frágeis de apanhar a Pólio.

A maioria sabe que os que devem apanhar vacina são as crianças de 0 aos 5 anos porque o vírus atua mais nas crianças.

Uma metade respondeu que são as crianças de 0 aos 5 anos as que apanham a vacina da pólio.

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Ninguém conhece uma pessoa com Pólio. Mas, expressam um sentimento de tristeza por aquelas pessoas que estão doentes, sem poder se mexer.

A maioria dos estudantes conta que não conhecem pessoas com Pólio. Dois jovens afirmaram conhecer três pessoas (Ana, o Paizinho e primos) que estão na cama e confessam ter muita tristeza por eles e sentir - se também deprimidos.

Aqueles estudantes que pensam ter visto uma pessoa doente com Pólio expressam a sua tristeza e impotência de não poder fazer nada para ajudar, que já é tarde.

Ninguém viu uma pessoa com Pólio e não imaginam como é.

Acções ideias

Quase nenhum dos estudantes participou de alguma campanha. Porém, sustentam que gostariam de ter a experiência e sentir que ajudam.

Um deles, disse que foi o ¨de apontamento¨ numa campanha e que é interessante participar, embora cansativo.

Vários estudantes contam a sua experiência para com as campanhas de vacinação. Dizem que iam casa por casa avisando às mamas da vacinação. Asseguram sentir-se satisfeitos porque o trabalho que fizeram é para o melhoramento do futuro das crianças. Aqueles que não participaram na promoção da vacinação falam que gostariam de ter essa oportunidade.

Una minoria disse ter participado já em campanhas de vacinação ¨pelo amor as crianças e à camisola¨. Dizem sentir-se muito bem por ter ajudado.

Ninguém participou numa campanha de vacinação. Mas gostariam de ser convidados.

Pensam que se participassem numa campanha poderiam avisar às famílias sobre a vacinação indo às praças

Para mobilizar a maioria opina que seria bom dialogar com as pessoas dos bairros a fim de incentivar – lhes

A metade, no caso de fazer promoção da vacinação propõe anunciar antes do dia, avisar aos

Acreditam que para que todo funcione bem numa campanha onde os jovens participariam, eles teriam que ter muita

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ou ao centro de saúde.

O estudante que foi apontador explica que desta vez gostaria de ser o vacinador, pensa que é melhor porque é só dar o medicamento.

aderir-se à campanha, explicando que a doença é muito forte e que as crianças podem ser afetadas.

coordenadores de bairro e usar mega fone ¨para que a população tenha a certeza que a vacinação vai ser feita¨.

paciência e amor para dar conselhos nas ¨mamas grávidas¨ e dos bebes de 0 aos 5 anos.

Ninguém conseguiu explicar ou dizer quais seriam as suas fortalezas para promover a vacinação.

Das fortalezas só falou o estudante que participou na campanha e acredita que se acabam o medicamento (vacina) até às 15 horas, então foi bom o trabalho.

Acreditam que a participação do Estado e a ¨colaboração¨ das comunidades são a maior fortaleza das campanhas de vacinação contra a Pólio.

Quase todos acham que o que facilitaria muito a vacinação é anunciar o nome do local da vacina, utilizar palestras nas igrejas e mandar as crianças nas unidades sanitárias.

Ninguém respondeu.

O mesmo estudante que participou numa campanha diz que a debilidade maior é ter que caminhar longe, sem transporte, demoram muito e é cansativo.

Uns poucos opinaram sobre as debilidades duma campanha de vacinação indicando que é a pouca participação e desmotivação das igrejas.

A maioria reconhece como debilidades, daquilo que tem observado nas campanhas anteriores, o fato dos vacinadores não apontar as casas e não pintar os dedos das crianças.

Os estudantes que alguma vez participaram dizem que o problema é que as mães não se encontram em casa

Ninguém respondeu.

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e que não existem incentivos para os grupos de trabalho.

Não conhecem pessoas com a Pólio, não gostariam de encontrar tampouco porque se sentiriam mal, ninguém gostaria de ter esta doença.

Uma das piores coisas que pode acontecer a uma pessoa é ficar paralisada, expressa a maioria dos estudantes, motivo pelo qual, só de pensar sentem incapacidade e tristeza.

Não conhecem doentes com Pólio.

Ninguém conhece pessoalmente uma pessoa doente de Pólio, alguns dizem que viram foto na televisão.

Nenhum dos participantes fez referencia às tarefas de vigilância nas suas comunidades. Pensam que tal vez seja por falta de interesse, já que os jovens estão mais ocupados com outras coisas.

Os entrevistados não sabiam que se faz pesquisa para procurar pessoas doentes com Pólio. Acham que na repararam nos seus bairros tal vez porque nem todos se importam com isso.

Os únicos que responderam foram aqueles jovens que participaram em campanhas e contam que no treinamento lhes pede par observar alguém que já não possa caminhar, especialmente se é criança.

Pensam que os vacinadores procuram pessoas doentes também para vacinar, porque perguntam se alguém esta doente, na cama, sem se mexer.

Os estudantes esclarecem que embora sejam jovens as famílias gostam de ouvir- lês qualquer noticia, por isso pensam que se recebem uma formação sobre a Pólio poderiam visitar às mães e os pais para que façam vacinar às crianças.

Não sabem se as famílias lhes ouviriam no caso de eles apelarem à vacinação das crianças. Alguns acreditam que sim porque dizem que toda família tem um jovem e esse pode ajudar aos estudantes a fazer o trabalho.

A maioria explica que nunca pensou em aconselhar aos outros sobre a doença, mas que precisariam apreender primeiro eles, antes de falar.

Todos dizem que gostariam de participar numa campanha avisando as famílias e também nas suas próprias casas porque eles têm irmãos pequenos.

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Grupos de base:

Cabinda Luanda Zaire Uige

Conhecimento da pólio e da vacina

A maioria disse simplesmente que a Pólio é uma doença.

Poucos responderam que a Pólio é uma doença contagiosa que se caracteriza pela paralisação dos membros.

A maioria sabe que é uma doença perigosa

Todos disseram que é uma doença que causa paralisia às crianças.

Não falaram sobre as consequências.

Sobre as consequências da Pólio, alguns disseram que a doença ¨impossibilita o andamento¨.

A maioria sabe que é perca do estado físico.

Quase todos disseram que a doença causa febres e perca de apetite.

Não sabem como se adoece da Pólio.

Poucos explicaram que com a Pólio a criança fica aleijada.

Dizem que a pessoa fica privada de tudo, não se mexe.

A maioria fez referencia à falta de higiene como a forma de se apanhar a Pólio.

Poucas pessoas entrevistadas falam que para evitar a doença é preciso se vacinar.

Para todos os entrevistados a Pólio pode se prever com as campanhas de vacinação e cumprindo com o calendário de vacina.

Dizem que se evita a pólio apanhando vacina. Poucas pessoas falaram da higiene e das águas contaminadas como transmissores da doença.

Todos disseram que as crianças devem ser vacinadas.

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Reconhecem não saber com certeza quantas vezes uma criança deve apanhar a vacina para ficar protegida. Alguns dizem que são quatro vezes por ano.

Para os mesmo é necessário 3 vacinas para que não se apanhe a pólio

Ninguém sabia. Não responderam.

A maioria disse que conhece a doença apenas por poliomielite.

Quase todos conhecem a doença como Pólio ou paralisia.

Ninguém conhece outro nome para a doença.

Todos conhecem com o nome de polio.

Quase todos disseram que as crianças de 0 até os 5 anos apanham a vacina.

Todos falaram que a vacina é para todas as crianças de 0 à 5 anos.

Dizem que são as crianças menores de 5 anos.

Mais da metade disse que as crianças de 0 até os 5 anos devem apanhar a vacina para não ter Pólio.

Acções ideias

Ninguém participou numa campanha de vacinação. No entanto, acham que se são convidados não haveria problema, estariam prontos..

Algumas mamas da igreja contam que já tiveram a experiência de participar numa campanha e que é muito bom ¨ajudar às pessoas e ter amor ao próximo¨.

Quase ninguém diz que teve oportunidade de participar numa campanha.

Uma participante do Grupo de Atividade Tradicional, explicou que já participou como ¨activista para combater a Pólio nas comunidades¨

Ninguém participou.

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Todos afirmam que poderiam mobilizar as autoridades locais e a população em geral para uma campanha exitosa da luta contra Pólio.

A maioria respondeu que deveriam se passar mensagens na TV e na radio. As mulheres que já estiveram em campanha explicam que primeiro tem que se conversar com as famílias para que saibam porque esta se fazendo de novo campanha e depois entrar nas casas para vacinar.

A pessoa que já fez campanha indica que se fosse o caso trabalhar de novo ela repetiria as atividades que conhece como passar a mensagem, visitar as casas, falar sobre higiene e dizer que ¨vale prevenir do que remediar¨ (EP, Eduarda)

Pensam que é muito importante que o Soba e os mobilizadores aconselhem às famílias.

A maioria não respondeu por que diz que não sabe como é estar dentro da campanha, eles só podem opinar daquilo que olham e pensam que uma das coisas boas é quando os mobilizadores saem para as ruas para avisar.

Opinaram as que fizeram campanha e dizem que a fortaleza que tem a Igreja é sensibilizar as famílias porque sabem que elas levam a palavra de Deus.

Dizem que dar informação em todos os níveis é a melhor fortaleza numa campanha, o governo provincial deveria saber as dificuldade que a comunidade enfrenta sobre a falta de água e higiene, assim como as famílias deveriam conhecer a doença.

Não sabem.

A maioria afirma que a fraqueza reside principalmente na falta da aderência da população quanto à vacina.

Pensam que uma fraqueza é contar com poucos vacinadores nos bairros que são grandes e as pessoas são obrigadas a percorrer

Assinalam a falta de transporte e meios financeiros, porque assim o trabalho se faria em pouco tempo e com uma

Pensam que pode-se melhorar a chegada do vacinador às comunas para que seja mais cedo, as vezes chegam ao redor das 9 da

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uma longa distancia para vacinar. Dizem que outra falha é a publicidade que sai na radio, é muito fraca.

cobertura maior na comunidade.

manha e já todas as mamas saíram.

Explicam nunca percorreram os seus bairros procurando ou perguntando se há alguma criança doente com Pólio. Acreditam que esse é o trabalho do pessoal de saúde, porém, alguns falaram que também eles poderiam fazer essa verificação para alertar a presença a doença na comuna.

A maioria disse que nunca se interessou em saber se tem alguém doente com a pólio na sua comunidade. Só aqueles que estiveram em campanha dizem que quando chegam nas casas as vezes perguntam às famílias.

Acham que fazer vigilância de casos de Pólio é competência dos homens de saúde.

Não responderam.

A maioria afirma que as famílias aceitariam receber deles os conselhos sobre como evitar a Pólio de bom agrado porque são pessoas dedicadas a Deus.

A maioria disse que gostaria de participar nas campanhas de vacinação conversando com as famílias. As que tem experiência asseguram que conseguem sensibilizar as pessoas e também credibilidade.

Toda vez que tenham conhecimento sobre a Pólio, acreditam que poderiam apelar nas famílias e que estas lhes ouviriam porque pelas atividades que desenvolvem tem boa relação com a comunidade.

Pensam que sendo jovens da Igreja as familias poderiam ouvir-lhes o que tem a dizer, é só apreendeer bem sobre a Pólio e depois transmitir.

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Quadro 3.5 Resultados líderes de opinião

Cabinda Luanda Zaire Uige

Conhecimento da pólio e da vacina

A minoria dos líderes de opinião inqueridos não tem muita informação sobre a Pólio ¨é uma prevenção das doenças¨ (EP, Calisto, Caio Poba).

Todos disseram que é uma doença que causa uma epidemia na vida das crianças, mas não especificaram.

A maioria diz que a Pólio é uma doença que da paralisia.

Encontraram-se opiniões diferentes Uns dizem que a Pólio é a vacina para criança e outros que é a paralisia.

A maioria tem noção das consequências e não sabem explicar. «Fica a gatinhar (soba Vicente Manguebe, Tchizo); pode desmembrar o corpo te mete paralítico (coordenador adjunto Calisto Ndima, Caio poba)».

A maioria disse que se tomar a dose a mais pode trazer efeitos colaterais.

Falam que os membros ficam paralisados

Quase todos falaram que a Pólio provoca perca de força no corpo.

Quase todos não sabem como se adoece de Pólio nem quantas vacinas são necessária para que não se pegue a Pólio.

Todos disseram que criança fica com muitas febres, constipações, diminuição de força muscular nos membros superiores e inferiores.

Não explicam como se adoece de Pólio, mas quase todos sabem que pode se evitar fazendo tratamento e mantendo a higiene.

Como se apanha a Pólio? Uma diz que por falta de vacina e pelo fato de não ter apanhado as doses completas. Outro acha que esta doença sai do ventre.

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A maioria dos respondentes sabem que as forma de evitar a poliomielite são vacinando as crianças de 0 até 5 anos, ser higiénico e cuidar a água para o consumo.

Todos disseram que se pode evitar apanhando as vacinas que são entre 2e 3. Sabem que são as crianças de 0 até 5 anos as que devem apanhar a vacina.

Não sabem quantas vacinas são precisas para evitar a doença, mas dizem que são as crianças de 0 aos 5 anos as que apanham porque lhes ataca mas já que não tem anti corpos suficiente.

Para evitar a doença um dos líderes de opinião explicou que a pessoa indicada por ele da sua aldeia deve falar pela rádio sobre a Pólio para que todos tenham medo e façam vacinar as crianças.

Também falaram vários entrevistados que se deve apanhar a vacina nos hospitais ou nas campanhas, ou no tradicional.

Quase todos os líderes de opinião procuram designar a vacina em função a língua local. No município de Buco zau, por exemplo, essa doença é denominada por malebiquinha (paralesia), já para o município sede de Cabinda ela é designada por manhica.

A metade disse que a doença chama-se poliomielite ou paralisia infantil e que e assim como reconhecem.

Poucos conhecem a vacina com o nome de buca buca ¨parte –parte¨

Sobre a quantidade das doses, os lideres falaram que as pessoas que estudaram são as que sabem.

Poucos disseram que a Pólio também pode – se chamar de “bucabuca” que e paralisia doença das pernas.

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Quase todos já viram pessoas afetadas por esta doença, na qual “fiquei desmoralizado, bocado chocado (coordenador António Mbele, Fortaleza)”. Já o Soba Manguebe do Tchizo, disse “meu próprio filho sofreu isso para andar só com os paus custou, mais depois dos tratamentos andou com pau”.

Não viram casos de Pólio.

Ninguém conhece um caso de paralisia e não desejam conhecer. Dizem que sentiriam muita pena.

Ninguém viu um caso de Pólio.

Ações

Quase todos dizem que mais do que uma responsabilidade, eles apoiam na erradicação da Pólio com a mobilização da população através das campanhas para que as crianças apanhem as vacinas.

Todos disseram que primeiro tem que ajudar a população a tirar o preconceito e recém aderir- a vacina. Essa é a principal responsabilidade.

Muitos dizem que uma das suas prioridades é ceder espaço para a mobilização das campanhas de vacinação. Os outros explicam que tem que manter a higiene falando nas comunidades para que as crianças estejam limpas.

Poucos falaram sobre as suas responsabilidades como líderes. Um deles diz que tinha o trabalho de manter a limpeza da comuna.

Declaram que não tem ações planejadas para apoiar a vacinação contra a Pólio, porém a maioria manifestou o interesse de continuar a mobilizar a população para a manutenção da

Explicam que as ações planejadas para contribuir na erradicação são: incentivar os técnicos e trabalhadores em geral, apoiar na educação e na vacinação, apelar à

Todos os pastores entrevistados acham ter contribuído na erradicação da pólio com as sessões de oração que tem feito para acabar com a doença. Dizem ter

Não tem planejado nada, além de informar sobre a campanha.

Acreditam que é difícil trabalhar com toda a comuna porque o mobilizador não conta

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higiene nas localidades e apelar igualmente a participação das campanhas de vacinação.

Os Sobas fazem notar que não têm megafones e que fica difícil mobilizar nessas condições.

sociedade para aderirem as campanhas e que as pessoas devem também crer em Deus que tudo vai dar certo. Porém, alguns Presidentes de Moradores fazem notar que se não existe incentivos para o trabalho é muito difícil que as pessoas participem para mobilizar.

mobilizado os crentes, fazendo cultos de libertação e cura. Um deles (Igreja Messiânica) afirma que só depende de Deus se as pessoas adoecem ou não (não dão nenhuma toxina para o corpo) e se elas se curam, que nós dependemos dele hoje, amanhã e qualquer hora.

A maioria dos Sobas solicitam megafones para as próximas campanhas para poderem mobilizar.

Os jornalistas dizem

que podem informar constantemente.

com megafone e aqueles que foram entregues já estragaram.

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Não tem desenhado alguma ação para que o bairro onde moram os líderes tenha aceso a água. A maioria é da opinião que o governo deve abastecer a água canalizada as populações, e melhorar o saneamento básico.

Sobre o acesso a água ainda não tem feito nada. A maioria disse que tem outros planos para a comuna e que por isso criaram um centro de apoio e centros de informação, também fazer doações aos hospitais, e em lugares necessitados.

Poucas dizem que a responsabilidade da água e da EPAL eles tem que estender a rede de canalização visto que é a grande necessidade de toda população.

A maioria acha que é o governo que deve planear para que o bairro ou a comuna tenha acesso a água e saneamento básico. A metade acha que a saúde é baseada na limpeza, não deixar águas estagnadas cortar o capim, cuidar das latrinas, tratar dos resíduos sólidos, depositar em recipientes próprios são ações que vão ajudar a evitar doenças, declaram.

Os jornalistas acham que são temáticas que poderiam ser abordadas desde o seu centro de trabalho.

O papel deles é só informar e mobilizar, são outros os responsáveis de ver esses assuntos de água. Mas, desejam água porque aquela que tem é muito podre.

Quase todos dizem ter boas relações com a comunidade a que dirige e acreditam que tem liderança.

Todos disseram que tem credibilidade e ganharam a confiança na sua comuna.

Declaram que no seu bairro todos confiam neles e que eles também confiam na população da sua comuna.

Acham que podem influir nas pessoas da sua comuna.

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Explicam que as suas frustrações são mais voltadas ao custo de vida, desemprego, falta de energia eléctrica e água canalizada. Com relação às satisfações, apontaram a abertura das vias de comunicação e a livre circulação de pessoas e bens.

Entre as satisfações falaram do bairro populoso que tem e da organização que existe. As frustrações estão ligadas a pouca participação dos moradores que às vezes se dá.

Quase todos se sentem satisfeitos por resolver os problemas das suas comunidades e frustram-se quando não há os princípios da limpeza e saneamento básico e água potável, por isso mandam ferver a água e desinfectar.

Não falaram nem de satisfações nem frustrações. Dizem que tudo esta bem.

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Quadro 3.6 Resultados de tomadores de decisão

Cabinda Luanda Zaire Uige

Conhecimento

Alguns têm conhecimento da Pólio, enquanto outros não sabiam como explicar ¨não sou da saúde sei que é uma epidemia mais não sei qual é a sua definição¨ (EP, Serafim ).

A maioria disse que a Pólio é uma doença que paralisa os membros superiores e inferiores e que é uma doença perigosa.

Quase todos sabem que a pólio é uma enfermidade ou doença.

Declaram que é uma doença comum.

A maioria explica que a doença paralisa os membros. ¨No meu sobrinho as mãos estão boas mais as pernas é que estão paralisadas (EP, Maria, Buco Zau), “é uma anomalia ou disfunção tem febres e acabam por depois não sentir as pernas” (EP Conde).

Reiteram que a consequência da doença é a paralisia, febres altas, enfraquecimento dos membros. Uns poucos partilha que acreditam que provoca sarampo e doenças de perna.

Asseguram que provoca paralisia infantil.

A pólio e uma doença que causa paralisia as crianças não vacinadas. , Apenas uma pessoa disse que deixa criança defeituosa.

As consequências são febres muito altas nas crianças não tratadas com esta paralisia.

Quase todos alegam que a melhor forma de evitar a doença é por intermédio da vacinação.

Vacinar às crianças é a melhor maneira de evitar a doença, assegura a maioria.

Não explicam a forma em que se adoece a Pólio, mas falam como deixa a pessoa: a criança fica fraca e paralítica.

Acreditam que é com a vacina que pode-se prever.

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A maioria não sabem quantas vacinas são precisas para se evitar a doença e apresentaram argumentos diversificados, há quem diz que não sabe quantas vezes sã, mas pode ser logo que nasce, aos três meses, aos seis e até aos cinco anos.

Toda as autoridades que deram entrevista falaram que as crianças precisam 6 vezes da vacina, contudo não argumentaram a sua resposta.

Todos sabem que para evitar deve-se levar as crianças ao centro de saúde para que apanhem a vacina.

Não sabem quantas vacinas são precisas para que a criança não pegue a pólio.

Não sabem quantas vacinas deve apanhar uma criança.

Metade não conhece outro nome a não ser paralisia, enquanto a outra parte denomina de malebikinha isto é em função da sua língua que significa paralisia.

Quase todos falam que a vacina é conhecida como “vacina contra a pólio” e a doença é conhecida como paralisia infantil.

Só conhecem a doença com o nome da Pólio.

Explicam que é somente como Pólio que identificam à doença.

Quase todos acham que devem ser as crianças que apanham a vacina. Mais não conseguiram especificar as idades e se corresponde ao sexo.

Todos asseguram que são as crianças de 0 aos 5 anos quem apanha a vacina porque a pólio ataca essa faixa etária e são as vulneráveis.

Quase todos sabem que tem que ser as crianças do 0 aos 5 anos quem apanhe a vacina para prevenir doenças e evitar que sejam contaminadas.

Poucos dizem que são as crianças desde que nascem até os 5 anos.

A maioria alega ter visto pessoas com paralisia, na qual o sentimento era de tristeza e preocupação. «Sim conheço o meu primeiro filho do meu tio, Deus lhe destinou assim, não teve outra solução e ficou assim (EP, Maria

Ninguém conhece uma pessoa com Pólio, mas disseram qualquer pessoa que tenha essa doença deve se sentir infeliz porque a doença não tem recuperação.

Dizem não conhecer ninguém com a doença, mas refletem e acreditam que os pais da criança com Pólio ficam aflitos, com sentimento de culpa, é preciso que as pessoas encontrem consolo

Ninguém viu um caso.

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Pemba)». da família.

Ações ideias

A metade dos entrevistados diz que as suas responsabilidades como autoridades é dar apoio às ações que se realcem para erradicar a paralisia (não especificam nenhuma). E a outra metade das autoridades entrevistadas não soube explicar suas responsabilidades.

Tem como responsabilidade sensibilizar os pais a se aderirem à vacina. Aqueles que além de autoridades são técnicos em saúde alegam que tem a obrigação de estar prontos para trabalhar e tirar o vírus do nosso país.

A maioria tem ajudado por dar os seus meios de transporte fazendo sensibilização na Igreja e contribuir para que o calendário de vacina se cumpra.

A sua responsabilidade é fazer sensibilização da campanha com as mamas obedecendo ao calendário para “não passarmos nessas doenças”

Os que reconhecem as suas responsabilidades fala que tem algumas ações para contribuir na erradicação da pólio, das quais destacamos as seguintes: “estamos acabar o plano contra a fome e a pobreza em 2012” (Conde Emanuel); enquanto Jeremias Mavundo ad. Adjunto de Necuto diz que, tem realizado encontro com Sobas e líderes das igrejas sobre como participar nas vacinas.

A maioria disse que a nossa população é muito difícil, mas fizeram sempre palestras para avisar e sensibilizar os pais a aderirem às vacinas.

Todos tem tido planos para contribuir na erradicação da pólio que são:

Programa de vacinação estabelecido pelos especialistas

Expandir a campanha em todas as zonas através das Edições de Novembro

Ajudar aqueles que não conseguem chegar à campanha (montamos tendas para aderir à campanha)

Pedir as pessoas que são os agentes de

Acham que as competências deles para a erradicação da Pólio são as mesmas que mencionaram: fazer mobilização.

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vacina para erradicar a doença

Quase todos não têm plano para que a sua comuna ou bairro tenha acesso à água e saneamento adequado.

A maioria disse que o plano que agora é prioridade é do combate à pobreza. Em termos de saneamento básico é o novo sistema de recolha de lixo.

Todos têm um plano para que a sua comuna ou bairro tenha acesso à água e saneamento: buscar água na lagoa e ferver, a outra parte tem há ver com o governo.

Acreditam que a questão da água é mais uma obrigação do governo central

Acreditam que têm uma relação de confiança e credibilidade com os membros da comunidade.

Quase todos disseram que a sua liderança é muito boa porque estão sempre a escutar a população e a ouvir os seus apelos.

Garantem a sua liderança nos seus bairros

Asseguram que se houvessem eleições eles serão escolhidos de novo porque as comunas gostam deles.

Não reportam nem satisfações nem frustrações sobre os seus trabalhos.

Dizem que estarão satisfeitos quando logrem erradicar totalmente a Pólio. Não falaram de frustrações, acham que não tem, porque só tem as autoridades que ajudam a roubar.

Não disseram nada. Por enquanto não tem frustrações.