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Dezembro 2009 | Relatório de Infl ação | 35

Tabela 2.1 – Índices gerais de preçosVariação % mensal

Discriminação 2009

Jul Ago Set Out Nov

IGP-DI -0,64 0,09 0,25 -0,04 0,07

IPA -1,16 0,07 0,29 -0,08 -0,04

IPC-Br 0,34 0,20 0,18 0,01 0,26

INCC 0,26 -0,05 0,15 0,06 0,29

Fonte: FGV

2Preços

A taxa de infl ação ao consumidor, medida pelo IPCA, do IBGE, apresentou aceleração no trimestre encerrado em novembro, em relação ao fi nalizado em agosto. Esse movimento, vinculado, em parte, a fatores sazonais, evidenciou a pressão exercida pelo cenário de retomada do crescimento da demanda doméstica, que, embora deva se consolidar nos próximos meses, não se constituirá, sob condições monetárias apropriadas, em risco relevante à manutenção do ambiente de estabilidade nos preços.

O comportamento, na margem, do índice de difusão, que consiste na proporção de itens que compõem o IPCA com variação positiva de preços, sugere, adicionalmente, a interrupção da trajetória declinante da infl ação. No mesmo sentido, as variações acumuladas nos últimos doze meses das três medidas de núcleo de infl ação calculadas pelo Banco Central registraram, em novembro, a reversão de sua trajetória decrescente, observada no decorrer de 2009.

2.1 Índice Geral de Preços

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela FGV, aumentou 0,28% no trimestre encerrado em novembro, comparativamente à retração de 0,87% no período junho a agosto. Essa aceleração refl etiu as elevações observadas no Índice de Preços por Atacado (IPA), 0,17%; no Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br), 0,46%; e no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), 0,50%, ante variações respectivas de -1,72%, 0,66% e 0,91%, no trimestre encerrado em agosto.

A evolução trimestral do IPA incorporou as variações observadas nos preços dos produtos industriais, 0,54%, e dos produtos agropecuários, -0,95%, que haviam registrado recuos respectivos de 1,55% e 2,23% no período junho a agosto. O desempenho dos preços agrícolas refl etiu, em especial, o impacto mais acentuado dos aumentos assinalados nos itens batata, milho, mandioca, cana-de-açúcar, laranja e

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36 | Relatório de Infl ação | Dezembro 2009

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

Mar2007

Jul Nov Mar2008

Jul Nov Mar2009

Jul Nov

Agrícola Industrial

Gráfico 2.1 – Evolução do IPA (10, M e DI) – Agrícola e industrial Variação % mensal

Fonte: FGV

-0,5

0,0

0,5

1,0

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov

Gráfico 2.2 – Evolução do IPCA Variação % mensal

IPCA Monitorados LivresFonte: IBGE

-10-6-226

101418222630

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov

Gráfico 2.3 – IPCA – AlimentaçãoVariação % em 12 meses

Alimentação IndustrializadosSemi-elaborados In natura

Fonte: IBGE

suínos, em relação ao derivado das retrações nos preços dos itens leite, bovinos, aves e mamão. A aceleração na variação dos preços industriais traduziu, em grande parte, os aumentos ocorridos nos itens álcool, 23,61%, açúcar, 22,60% e óleo de soja em bruto, 10,42%.

A desaceleração experimentada pela variação do IPC-Br esteve associada, principalmente, à redução assinalada nos preços do grupo alimentação e às menores elevações registradas nos grupos saúde e cuidados pessoais, e despesas diversas. No mesmo sentido, o comportamento do INCC traduziu o impacto dos crescimentos respectivos de 0,46% e 0,54% observados nos preços dos materiais e serviços, e da mão de obra, que haviam variado, na ordem, -0,34% e 2,32% no trimestre fi nalizado em agosto.

2.2 Índices de preços ao consumidor

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

O IPCA registrou aumento de 0,93% no trimestre encerrado em novembro, ante 0,75% naquele fi nalizado em agosto, refl etindo as acelerações observadas nas variações dos preços monitorados, de 0,96% para 1,20%, e dos preços livres, de 0,66% para 0,82%, esta evidenciando o impacto dos aumentos assinalados nas variações dos preços dos bens comercializáveis, 0,54 p.p., e dos bens não comercializáveis, 0,02 p.p., que atingiram, na ordem, 0,22% e 0,59%.

A análise da evolução dos preços nos principais componentes do indicador revela as acelerações observadas nos grupos vestuário, de 0,65% para 1,81%%, e transportes, de 0,05% para 1,40%, com ênfase nas elevações dos preços dos itens álcool e automóvel novo, esta evidenciando o impacto do esgotamento parcial do processo de isenção da cobrança do IPI sobre veículos. Em sentido inverso, infl uenciada pela continuidade da redução nos preços do arroz e do feijão e pelo recuo acentuado no relativo ao leite, que registrara expressiva elevação no trimestre encerrado em agosto, a variação dos preços no grupo alimentação e bebidas passou de 0,63% para 0,35%, nos trimestres considerados.

O índice de difusão registrou média de 55,21% no trimestre encerrado em novembro, ante 54,86% naquele fi nalizado em agosto. Vale mencionar que o indicador, mesmo situando-se em patamar inferior à média dos dez últimos anos, atingiu média superior à assinalada no

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Dezembro 2009 | Relatório de Infl ação | 37

52

55

58

61

64

67

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov

Gráfico 2.4 – Índice de difusão do IPCAProporção do número de subitens com aumentos1/

Média móvel trimestral%

Fonte: IBGE

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov

Gráfico 2.5 – IPCA – Grupos discriminadosVariação % em 12 meses

IPCA Livres MonitoradosFontes: IBGE e Banco Central

Tabela 2.2 – Preço ao consumidorVariação % mensal

Discriminação Pesos 2009

Jul Ago Set Out Nov No ano

IPCA 100,00 0,24 0,15 0,24 0,28 0,41 3,93

Livres 70,36 0,10 0,15 0,18 0,22 0,42 3,81

Monitorados 29,64 0,57 0,16 0,37 0,42 0,40 4,20

Principais itens

Energia elétrica 3,30 3,25 0,39 0,00 0,51 0,49 5,14

Gás veicular 0,11 -2,41 -0,58 -1,32 0,90 0,20 -8,69

Gás encanado 0,10 1,03 0,26 0,03 0,00 -0,14 4,59

Óleo diesel 0,08 -3,19 -0,02 -0,25 0,23 -0,19 -5,32

Pedágio 0,14 0,83 0,77 0,37 0,05 0,09 3,14

Telefone celular 1,35 0,00 0,00 0,00 2,14 0,00 2,55

Água e esgoto 1,65 0,23 1,00 0,82 0,53 0,05 4,76

Ônibus urbano 3,74 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,34

Passagem aérea 0,22 -6,81 -10,97 3,58 -12,43 18,03 -10,23

Gasolina 4,10 0,68 0,16 -0,02 1,06 0,85 1,93

Gás de bujão 1,22 0,99 1,15 3,40 1,18 0,20 13,38

Remédios 2,89 0,00 -0,05 0,12 -0,25 -0,13 5,70

Plano de saúde 3,44 0,54 0,55 0,56 0,56 0,53 5,83

Fonte: IBGE

trimestre encerrado em agosto, sinalizando o esgotamento do processo de redução da infl ação acumulada em doze meses.

O IPCA acumulou variação de 3,93% nos onze primeiros meses do ano, registrando-se elevações de 4,20% nos preços dos bens e serviços monitorados e de 3,81% nos preços livres, ante variações respectivas de 5,61%, 2,97% e 6,75%, no mesmo período de 2008.

2.3 Preços monitorados

A variação dos preços monitorados, responsável por 0,35 p.p. do aumento registrado pelo IPCA no trimestre encerrado em novembro, refl etiu, em grande parte, o impacto exercido pelas elevações assinaladas na tarifa de telefone celular, 2,14%; e nos preços do gás de bujão, 4,83%, e da gasolina, 1,90%, neutralizados, parcialmente, pela continuidade do recuo dos preços dos remédios.

2.4 Núcleo de inflação

O núcleo por exclusão1 do IPCA, que não considera as variações dos preços de dez2 itens do subgrupo alimentação no domicílio e dos itens combustíveis domésticos e veículos, aumentou 0,92% no trimestre encerrado em novembro, ante 0,77% naquele fi nalizado em agosto. Vale mencionar que a variação do indicador acumulada em doze meses atingiu 4,61% em novembro, ante 4,54%, em outubro, representando a primeira elevação desde fevereiro, nesse tipo de comparação.

O núcleo calculado por médias aparadas com suavização acumulou crescimentos respectivos de 1,08% e de 4,27% nos períodos de três e de doze meses encerrados em novembro, ressaltando-se que a variação assinalada nesta última base de comparação se constituiu na menor desde março de 2008. O critério utilizado para o cálculo desse núcleo exclui os itens cuja variação mensal se situe, na distribuição, acima do percentil 80 ou abaixo do percentil 20, além de suavizar ao longo de doze meses a fl utuação de itens cujas variações são concentradas em poucos períodos do ano.

1/ Esse núcleo, então denominado IPCAEX-2, e o núcleo de dupla ponderação, analisado a seguir, foram discutidos no boxe “Três Novas Medidas de Núcleo de Infl ação”, do Relatório de Infl ação de setembro de 2009. A metodologia de construção dessas medidas de núcleo é apresentada no boxe "Metodologia do Novo Conjunto de Medidas de Núcleo de Infl ação", na página 127 desse Relatório.

2/ Os dez itens são: Tubérculos, raízes e legumes; Cereais, leguminosas e oleaginosas; Hortaliças e verduras; Frutas; Carnes; Pescados; Açúcares e derivados; Leites e derivados; Aves e ovos; e Óleos e gorduras.

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38 | Relatório de Infl ação | Dezembro 2009

Tabela 2.3 – Preços ao consumidor e seus núcleos

Variação % mensal

Discriminação 2009

Jul Ago Set Out Nov

IPCA (cheio) 0,24 0,15 0,24 0,28 0,41

Exclusão 0,29 0,21 0,31 0,24 0,37

Médias aparadas com suavização 0,30 0,25 0,39 0,31 0,37

Dupla ponderação 0,29 0,23 0,39 0,33 0,40

IPC-Br (cheio) 0,34 0,20 0,18 0,01 0,26

Médias aparadas 0,29 0,19 0,28 0,27 0,25

Fontes: IBGE, Banco Central e FGV

Gráfico 2.7 – IPCA Medianas

4,2

4,3

4,4

4,5

4,6

Jun Jul Ago Set Out Nov

2009 2010

Gráfico 2.8 – IGP-M e IPA-DIMedianas 2009

-3,5

-2,5

-1,5

-0,5

0,5

1,5

Jun Jul Ago Set Out Nov

IGP-M IPA-DI

2

3

4

5

6

7

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov

Gráfico 2.6 – Núcleos de inflaçãoVariação % em 12 meses

IPCA – Exclusão IPCA – Médias aparadas

IPCA Dupla Ponderação

Fontes: IBGE, Banco Central e FGV

Adicionalmente, o núcleo de dupla ponderação registrou variações de 1,13% no trimestre e de 4,56% em doze meses, assinalando, nessa base de comparação, elevação de 0,09 p.p. em relação a outubro, primeira alta desde fevereiro. Esse núcleo é calculado reponderando-se os pesos originais – baseados na importância de cada item para a cesta do IPCA – pelos respectivos graus de volatilidade relativa, resultando em menor representatividade para o comportamento dos componentes mais voláteis.

O núcleo de infl ação do IPC-Br, da FGV, calculado pelo método das médias aparadas com suavização, registrou variação de 0,80% no trimestre fi nalizado em outubro, ante 0,71% naquele encerrado em agosto. Embora a variação do indicador assinalasse aceleração na margem, seu desempenho em doze meses segue em trajetória declinante, atingindo 3,71% em novembro, patamar mais reduzido desde setembro de 2008.

2.5 Expectativas de mercado

De acordo com a Pesquisa Focus – Relatório de Mercado de 27 de novembro, as medianas das previsões relativas às variações anuais do IPCA para 2009 e 2010 atingiram, na ordem, 4,3% e 4,5%, ante 4,3% e 4,4%, respectivamente, ao fi nal de setembro. A mediana das expectativas para a inflação doze meses à frente – suavizada – situou-se em 4,4%, comparativamente a 4,3%, ao fi nal de setembro.

A mediana relativa à variação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) para 2009 recuou de -0,5%, ao fi nal de setembro, para -1,2%, em 27 de novembro, enquanto a referente ao Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI) passou de -2,6% para -3,2%, no mesmo período. As medianas das projeções para 2010, tanto para o IGP-M, como para o IPA-DI, mantiveram-se em 4,5%, nesse período.

A mediana das expectativas quanto à evolução, em 2009, dos preços administrados ou monitorados por contratos cresceu de 4,1%, ao fi nal de setembro, para 4,2%, em 27 de novembro, enquanto a referente a 2010 manteve-se estável em 3,5%.

As projeções relacionadas à variação da taxa de câmbio recuaram nos últimos meses, com as medianas das taxas projetadas pelo mercado para os fi nais de 2009 e de 2010 sendo revisadas de, igualmente, R$1,80/US$,

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Dezembro 2009 | Relatório de Infl ação | 39

Tabela 2.4 – Resumo das expectativas de mercado

2009 2010 2009 2010 2009 2010

IPCA 4,4 4,3 4,3 4,4 4,3 4,5

IGP-M 1,0 4,5 -0,5 4,5 -1,2 4,5

IPA-DI -0,2 4,5 -2,6 4,5 -3,2 4,5

Preços Administrados 4,3 3,9 4,1 3,5 4,2 3,5

Selic (fim de período) 8,8 9,3 8,8 9,8 8,8 10,5

Selic (média do período) 9,8 9,0 9,8 9,0 9,8 9,6

Câmbio (fim de período) 2,00 2,00 1,80 1,80 1,70 1,75

Câmbio (média do período) 2,08 2,04 2,00 1,80 1,99 1,74

PIB -0,5 3,5 0,0 4,5 0,2 5,0

30.6.2009 30.9.2009 27.11.2009

Gráfico 2.9 – CâmbioMedianas 2009

1,65

1,75

1,85

1,95

2,05

2,15

Jun Jul Ago Set Out Nov

Fim de período Média

ao fi nal de setembro, para R$1,70/US$ e R$1,75/US$, respectivamente, em 27 de novembro. No mesmo sentido, as medianas das projeções para as taxas de câmbio médias relativas a 2009 e a 2010 recuaram, na ordem, de R$2,00/US$ e R$1,80/US$ , ao fi nal de setembro, para R$1,99/US$ e R$1,74/US$ , ao fi nal de novembro.

2.6 Conclusão

A aceleração registrada pelos preços ao consumidor no trimestre encerrado em novembro, além de traduzir os impactos do aumento assinalado no preço do álcool combustível, da elevação da alíquota do IPI sobre automóvel novo e do crescimento sazonal dos preços no grupo vestuário, refl etiu o ambiente de retomada do nível de atividade. A evolução recente das medidas de núcleos da infl ação e do índice de difusão, embora evidenciem a reversão de suas trajetórias decrescentes observadas no decorrer do ano, sugerem que a infl ação, mesmo pressionada, no início de 2010, por aumentos sazonais das matrículas e mensalidades escolares, e dos alimentos in natura, e pelos possíveis reajustes das tarifas de ônibus urbano nas principais capitais, deverá, sob condições monetárias adequadas, manter-se no intervalo projetado no âmbito do regime de metas para a infl ação.