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Relatório de Estágio
i
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Do Bonfim
Maio de 2014 a Setembro de 2014
Marina Isabel Jesus de Sousa
Orientador: Dr.ª Maria Fernanda Pinto Oliveira
____________________________________
Tutor FFUP: Prof.ª Doutora Maria Irene de Oliveira Monteiro Jesus
____________________________________
Outubro de 2014
Relatório de Estágio
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Declaração de Integridade
Eu, Marina Isabel Jesus de Sousa, abaixo assinado, nº 200807510, aluno do Mestrado
Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do
Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo
por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).
Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros
autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado
a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ________________ de _____
Assinatura: ______________________________________
Relatório de Estágio
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Agradecimentos
Gostaria de agradecer desde já:
À Dr.ª Maria Fernanda Pinto Oliveira e à Comissão de Estágios da Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto pela oportunidade de estagiar na Farmácia do
Bonfim, que me permitiu o contato com a realidade profissional do farmacêutico.
À Prof.ª Doutora Maria Irene de Oliveira Monteiro Jesus pela disponibilidade e
orientação ao longo do estágio.
A toda a equipa de trabalho da Farmácia do Bonfim que me ajudaram ao longo dos
quatro meses de estágio, fornecendo-me todos os conhecimentos necessários, sempre
com a maior disponibilidade, simpatia e paciência.
Ao João Pedro por toda a compreensão e apoio durante o estágio e durante a
elaboração do relatório, apoiando-me nos momentos mais difíceis.
A todos os meus amigos e familiares por estarem sempre presentes e me
mostrarem o seu apoio incondicional.
Relatório de Estágio
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Resumo
O estágio em farmácia comunitária é parte integrante do Mestrado Integrado em
Ciências Farmacêuticas, permitindo um contato com a realidade profissional da atividade
farmacêutica. O meu estágio decorreu na Farmácia do Bonfim, no período de 5 maio a 5
de setembro de 2014, sob orientação da Dr.ª Maria Fernanda Pinto Oliveira.
Durante estes quatro meses, tive a oportunidade de realizar as várias atividades
inerentes à farmácia, desde aquisição de medicamentos e outros produtos de saúde, à
sua receção, armazenamento e dispensa.
Estas ações permitiram-me tomar contato com aspetos respeitantes à gestão da
farmácia, nomeadamente dos critérios utilizados na seleção de fornecedores, na
realização das encomendas e na organização e controlo dos produtos existentes.
Ao fim de dois meses fui para o atendimento ao balcão, onde tomei conhecimento
de aspetos legais e técnicos aos quais está sujeita a dispensa de medicamentos, sendo
dispensados estes apenas quando aqueles são respeitados. Isto envolve a apresentação
de uma receita médica válida para a aquisição de medicamentos sujeitos a receita
médica, a dispensa correta dos medicamentos prescritos, a realização de todos os
registos obrigatórios, entre outros. Além de todos estes aspetos, temos o utente que
requer a nossa atenção e aconselhamento, ao qual devem ser transmitidas todas as
informações necessárias à correta utilização dos produtos e à promoção da sua saúde e
bem-estar.
Tive também a oportunidade de desenvolver atividades mais direcionadas para o
marketing como a organização de montras, alteração da disposição dos produtos
expostos consoante a época do ano e campanhas de divulgação destes.
Ao longo do estágio fui elaborando trabalhos em resposta a situações que foram
surgindo e que julguei serem benéficos para mim, para a farmácia e para os utentes.
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Índice
Parte I .............................................................................................................................. 1
1. Introdução .................................................................................................................. 1
2. Organização da farmácia ........................................................................................... 1
2.1. Localização e horário de funcionamento ............................................................. 1
2.2. Recursos humanos ............................................................................................. 2
2.3. Instalações e equipamentos ............................................................................... 2
2.3.1. Espaço exterior ............................................................................................ 2
2.3.2. Espaço interior ............................................................................................. 2
2.4. Sistema informático ............................................................................................ 3
3. Encomendas e Aprovisionamento ............................................................................. 4
3.1. Realização de encomendas ................................................................................ 4
3.2. Receção e conferência de encomendas ............................................................. 5
3.3. Devoluções ......................................................................................................... 6
3.4. Armazenamento ................................................................................................. 6
3.4.1. Prazo de validade ........................................................................................ 7
4. Dispensa de medicamentos ....................................................................................... 7
4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ............................................................ 8
4.1.1. Prescrição médica ....................................................................................... 8
4.1.1.1. Regimes de comparticipação ................................................................ 9
4.1.2. Validação da prescrição médica .................................................................10
4.1.3. Avaliação e interpretação da prescrição médica .........................................11
4.1.4. Dispensa de medicamentos ........................................................................11
4.1.5. Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ..........................................12
4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica .....................................................12
4.2.1. Aconselhamento farmacêutico ....................................................................13
5. Dispensa de outros produtos ....................................................................................13
5.1. Medicamentos de uso veterinário ......................................................................14
5.2. Medicamentos homeopáticos ............................................................................14
5.3. Suplementos alimentares ..................................................................................14
5.4. Fitoterápicos ......................................................................................................15
5.5. Dispositivos médicos .........................................................................................15
5.6. Produtos cosméticos e de higiene corporal .......................................................16
6. Outros serviços prestados na farmácia .....................................................................16
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6.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos....................................16
6.2. Espaço animal ...................................................................................................17
6.3. VALORMED ......................................................................................................17
6.4. Recolha de radiografias usadas.........................................................................17
6.5. Angariação de fundos monetários .....................................................................17
7. Processamento do receituário e faturação ................................................................17
8. Formações ................................................................................................................18
9. Experiência pessoal ..................................................................................................19
10. Conclusão .............................................................................................................20
Parte II ............................................................................................................................21
Objetivos ..........................................................................................................................21
1. DESPARASITAÇÃO DE ANIMAIS DE COMPANHIA ...............................................21
1.1. Os parasitas ......................................................................................................22
1.2. Prevenção e controlo de infestações .................................................................22
1.2.1. Ectoparasitoses ..........................................................................................22
1.2.2. Endoparasitoses .........................................................................................23
1.2.3. Desparasitantes ..........................................................................................24
1.2.3.1. Desparasitantes externos ....................................................................24
1.2.3.2. Desparasitantes internos .....................................................................27
1.2.3.3. Desparasitantes com dupla ação .........................................................28
1.3. Resultados ........................................................................................................29
2. DIARREIA .................................................................................................................30
2.1. Definição ...........................................................................................................30
2.2. Causas ..............................................................................................................30
2.3. Tratamento ........................................................................................................31
2.3.1. Terapia de rehidratação oral .......................................................................31
2.3.2. Probióticos ..................................................................................................32
2.3.3. Antidiarreicos ..............................................................................................32
2.4. Dieta ..................................................................................................................34
2.5. Consulta médica ................................................................................................34
2.6. Resultados ........................................................................................................34
3. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ...............................................................................36
3.1. Definição ...........................................................................................................36
3.2. Sinais e Sintomas ..............................................................................................36
3.3. Fatores de risco .................................................................................................36
3.4. Prevenção .........................................................................................................37
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Anexo VI: Cartaz publicitário da “Feira dos solares e cremes”, colocado na montra da
farmácia. ..........................................................................................................................51
Anexo VII: Banca com exposição de amostras e testers. .................................................51
Anexo VIII: Tabela resumo com os desparasitantes existentes na farmácia, onde consta,
para cada um deles a espécie alvo a que estes de destinam, esquema de tratamento,
espetro de ação, frequência de tratamento e idade mínima requerida. ............................52
Anexo IX: Folheto Informativo “Candidíase Vulvovaginal” ................................................55
Lista de abreviaturas/acrónimos
ADSE Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas
AMI Assistência Médica Internacional
AMPc Adenina 3’, 5’-monofosfato cíclico
ANF Associação Nacional de Farmácias
APDL Administração dos Portos do Douro e Leixões, S.A.
BPF Boas Práticas Farmacêuticas para Farmácia Comunitária
CATIM Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica
CDC Centro de Controlo e Prevenção de Doenças
CNP Código Nacional do Produto
CNPEM Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos
Cp Comprimido
CVV Candidíase vulvovaginal
DAPP Dermatite alérgica à picada de pulga
DT Diretora Técnica
ESCCAP Conselho Científico Europeu para Controlo de Parasitoses em Animais de Companhia
FB Farmácia do Bonfim
FEFO First Expire First Out
HCG Hormona Gonadotrofina Coriónica Humana
IEFP Instituto do Emprego e Formação profissional
IGRs Reguladores de Crescimento de Insetos
IMC Índice de massa corporal
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INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P.
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado
MICF Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
MNSRM Medicamentos não sujeitos a receita médica
MSRM Medicamentos sujeitos a receita médica
OMS Organização Mundial de Saúde
PV Prazo de Validade
PVF Preço de Faturação
PVP Preço de Venda ao Público
RH Recursos Humanos
SAMS Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários
SAVIDA EDP-Medicina Apoiada, S.A.
SI Sistema Informático
SNS Serviço Nacional de Saúde
TRO Terapia de rehidratação oral
VBDs “Vector-Borne Diseases”
WGO Organização Mundial de Gastroenterologia
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Parte I
A primeira parte do relatório diz respeito à descrição das atividades desenvolvidas
durante o estágio.
1. Introdução
“A farmácia comunitária, dada a sua acessibilidade à população, é uma das portas
de entrada no Sistema de Saúde” [1]. Está vocacionada para a promoção da saúde,
prevenção da doença e acompanhamento dos doentes crónicos de forma a evitar o
surgimento de complicações e sequelas irreversíveis.
O estágio profissionalizante em farmácia comunitária surge como componente final
no ensino dos estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF),
permitindo-lhes um contato com a realidade diária farmacêutica.
O meu estágio foi realizado na Farmácia do Bonfim (FB), no Porto, sob a orientação
de Maria Fernanda Pinto Oliveira, Diretora Técnica (DT) e proprietária, e decorreu no
perído de 5 de maio a 5 de setembro de 2014.
As atividades desenvolvidas e conhecimentos adquiridos neste período encontram-
se descritos no presente relatório.
2. Organização da farmácia
2.1. Localização e horário de funcionamento
A FB localiza-se na Rua do Bonfim nº 73, Porto. Situa-se entre a Igreja Paroquial do
Bonfim e a estação de metro “Campo 24 de Agosto”, uma zona habitacional e de
comércio, muito movimentada.
O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h30 e ao
sábado das 9h às 13h e das 14h às 18h, garantido assim um período de funcionamento
superior ao estabelecido por lei [2].
Nos turnos de serviço permanente, a farmácia mantem-se aberta desde a hora de
abertura até à hora de encerramento do dia seguinte. No período entre as 22h e as 8h30
o atendimento é feito através do sistema de segurança existente na montra de rua da
farmácia.
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2.2. Recursos humanos
Segundo o Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de agosto, as farmácias devem dispor,
pelo menos, de um diretor técnico e de outro farmacêutico [3].
Os Recursos Humanos (RH) da FB são contituídos por Maria Fernanda Pinto
Oliveira, Diretora Técnica, Fernando Toca, farmacêutico adjunto, Henrique Fernandes e
Vera Costa, técnicos de farmácia, Mª Conceição Pereira e Nilza Soares, técnicas de
higiene e limpeza. Encontram-se a realizar estágio profissional, pelo Instituto do Emprego
e Formação profissional, I.P. (IEFP), Filipe Oliveira e Filipa Dias, farmacêuticos, Raul
Andrade, técnico de farmácia e Sara Saldanha, administrativa. A farmácia dispõe ainda
de um acessor administrativo e de contabilidade.
2.3. Instalações e equipamentos
Segundo a legislação em vigor [4], a farmácia deve dispor de instalações
adequadas a garantir a segurança, conservação e preparação dos medicamentos e a
acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e RH.
2.3.1. Espaço exterior
A FB encontra-se devidamente identificada na parte exterior, com a presença do
símbolo “cruz verde”, o nome e logótipo da farmácia existindo ainda uma placa exterior
com o nome da farmácia e da DT. No símbolo “cruz verde” encontra-se, com letras LED,
informação sobre o horário da farmácia e os serviços farmacêuticos prestados nesta. Na
montra está exposto o horário de funcionamento da farmácia e as escalas de turnos de
serviço permanente e o logótipo do “Espaço animal” indicando que a farmácia é aderente
a este serviço. Está também incorporado nesta um sistema de segurança de atendimento
noturno.
A farmácia cumpre as normas de acessibilidade estabelecidas pelas Boas Práticas
Farmacêuticas para Farmácia Comunitária (BPF), encontrando-se perfeitamente
instalada ao nível da rua, sem escadas nem desníveis na entrada.
2.3.2. Espaço interior
O espaço interior da FB é composto por uma sala de atendimento ao público; um
gabinete de atendimento personalizado com WC próprio; uma zona de processamento de
encomendas onde se encontram um frigorífico, armários para stockagem de
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medicamentos e um armário onde existe material de laboratório e uma balança
devidamente calibrada pelos serviços de metrologia da Câmara Municipal do Porto e pelo
Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM); uma zona para
conferência de receituário e realização de trabalho administrativo; um armazém para
stockagem de produtos de dermocosmética, higiene, dispositivos médicos,
medicamentos veterinários, entre outros; o gabinete da DT onde se encontra uma
biblioteca devidamente organizada, com livros e revistas de apoio ao trabalho do
farmacêutico.
Na sala de atendimento existem quatro balcões fisicamente separados entre si, de
modo a garantir a privacidade do utente, equipados com um computador e impressora de
talões; cadeiras destinadas aos utentes e seus acompanhantes; um pequeno recreio para
as crianças; uma balança eletrónica para determinação de peso, altura, índice de massa
corporal (IMC) e tensão arterial; o contentor do VALORMED e um ecrã plano para efeitos
diversos. Esta zona apresenta música ambiente e iluminação em tons de branco e verde-
claro para proporcionar um ambiente relaxante
O gabinete de atendimento personalizado é composto por uma secretária e duas
cadeiras, uma destinada ao profissional de saúde e a outra ao utente. Contém um
tensiómetro para determinação da tensão arterial, aparelhos e tiras para a determinação
de colesterol total, triglicerídeos e glicemia, testes de gravidez e contentores selados para
os desperdícios.
A zona de processamento de encomendas encontra-se equipada com um
computador; leitor de código de barras e impressoras de documentos, etiquetas e talões
de faturação, o que possibilita a realização de atendimentos também neste computador.
Em todas as áreas em que se encontram medicamentos é efetuado um controlo da
temperatura e humidade com recurso a termohigrómetos.
2.4. Sistema informático
O Sistema Informático (SI) utilizado na FB é o Sifarma 2000. Este desempenha um
papel essencial em todas as atividades realizadas na farmácia, desde realização de
encomendas à sua receção, no controlo de stocks e prazos de validade, no atendimento,
controlo de receituário e faturação. Durante o atendimento permite acesso a um grande
número de informações que auxiliam a atividade, nomeadamente interações entre
medicamentos, indicações terapêuticas, contraindicações, reações adversas, posologia,
entre outros. É ainda possível a criação de fichas de utentes mantendo um registo do
histórico dos produtos dispensados.
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A DT aderiu ainda ao “Sifarma.Gest”, para assistência nas atividades de gestão, e à
“ANFOnline”, para acesso a informação atualizada, respeitante ao setor, nomeadamente
sobre formações que irão decorrer.
3. Encomendas e Aprovisionamento
O aprovisionamento engloba as atividades de aquisição, receção, stockagem e
disponibilização dos produtos para dispensa na farmácia.
3.1. Realização de encomendas
Na FB são realizadas encomendas diárias e encomendas diretas.
No final de cada dia, o SI gera uma proposta de encomenda com base nos stocks
mínimo e máximo estabelecidos na ficha do produto e fornece ainda, para cada um, a
média de vendas dos últimos doze meses, o número de embalagens já vendidas no mês
corrente, a quantidade em stock, o Preço de Faturação (PVF), o Preço de Venda ao
Público (PVP) e o Prazo de Validade (PV). Com base nesses dados, a DT analisa a
proposta e escolhe os produtos e as respetivas quantidades que pretende encomendar.
Este tipo de encomendas é feita informaticamente, a distribuidores grossistas
selecionados com base nas condições comerciais estabelecidas com cada um. A FB
trabalha com dois grandes armazéns e três cooperativas de apoio diário com diferentes
horários de entrega, estando assim assegurada a disponibilidade imediata ao utente de
algum medicamento em falta. Esta encomenda diz respeito a uma encomenda diária e
apresenta a vantagem de ter uma resposta rápida e de permitir um melhor controlo dos
stocks, evitando a ocorrência quer de acumulações quer de ruturas. A farmácia tem
permanentemente um stock total para um mês e meio.
Em casos de urgência é possível contatar os distribuidores grossistas por telefone
ou e-mail, para verificar a disponibilidade de medicamentos ou outros produtos de saúde,
para que quando forem encomendados tenhamos a certeza de que os vamos receber.
As encomendas diretas são realizadas aos laboratórios farmacêuticos, através de
um delegado de vendas, com base no histórico de vendas, no PVF, no PVP e nos
acordos comerciais estabelecidos. São realizadas quando há a necessidade de fazer a
compra de grandes volumes.
Durante o estágio, com a supervisão da DT, tive a oportunidade de cooperar em
todas estas atividades.
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3.2. Receção e conferência de encomendas
As encomendas que chegam à farmácia vêm acompanhas da fatura, ou guia de
remessa, emitida em duplicado, na qual constam: o número e a data do documento; a
identificação do fornecedor; a identificação da farmácia com número de cliente e número
de contribuinte; para cada produto vem indicado o Código Nacional do Produto (CNP), a
descrição, a quantidade pedida, a quantidade enviada, o bónus, o PVF, o Imposto sobre
o Valor Acrescentado (IVA) e o desconto comercial. Nos medicamentos sujeitos a receita
médica (MSRM) o PVP, determinado pela Autoridade Nacional do Medicamento e
Produtos de Saúde I.P. (INFARMED), vem marcado na embalagem e referenciado na
fatura. Para os outros produtos, como medicamentos não sujeitos a receita médica
(MNSRM), o PVP é determinado na farmácia de acordo com as magens de lucro e, por
vezes, com promoções sazonais, sendo referenciado na fatura apenas o PVF. Este PVP
é impresso numa etiqueta autocolante, acompanhado pela designação do produto,
código de barras e respetivo IVA, que é posteriormente colada na embalagem, sem
prejuízo da informação nela contida. No final do documento vem ainda indicado o valor
faturado total.
Na receção, os produtos são passados um a um pelo leitor de código de barras
sendo necessário ter atenção, nesta fase, ao PV. Quando este é inferior ao dos produtos
existentes na farmácia ou quando o stock desse produto é nulo, este é introduzido no SI
de forma a que, na ficha do produto, seja sempre visualizado o PV mais curto. Após
serem introduzidos todos os produtos é confirmado se as quantidades, os PVF, os PVP e
o valor total faturados coincidem com o que está no SI, e caso exista alguma diferença
esta é corrigida.
Se existir alguma discrepância entre os produtos rececionados e os produtos
encomendados, ou se não for respeitado algum acordo comercial pré-estabelecido,
procede-se à reclamação via telefónica ao armazém de envio, que poderá resultar depois
numa devolução.
Caso existam produtos esgotados, essa lista é enviada informaticamente para a
INFARMED, a fim de alertar uma situação lesiva para a saúde pública.
Se a encomenda contiver benzodiazepinas ou medicamentos estupefacientes e
psicotrópicos, o SI pede a confirmação do número do documento para registo de entrada
destes medicamentos, sendo posteriormente também esta lista enviada ao INFARMED.
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3.3. Devoluções
Durante a receção de encomendas, pode surgir a necessidade de realizar uma
devolução devido à ocorrência de problemas tais como: produtos fora do PV ou que este
termine brevemente, produtos danificados, não encomendados ou lotes de
medicamentos cuja recolha foi ordenada pelo INFARMED ou laboratório fornecedor.
Nestes casos, é necessario a emissão de uma nota de devolução com indicação dos
produtos a devolver e o motivo da mesma. Esta é impressa em triplicado, sendo o original
e duplicado, devidamente rubricados e carimbados, enviados ao fornecedor apensados
aos produtos a devolver, e ficando o triplicado arquivado na farmácia. Os produtos que
aguardam devolução devem estar separados dos demais e devidamente identificados
para tal. A devolução é depois regularizada pela emissão de uma nota de crédito.
3.4. Armazenamento
Todos os produtos que dão entrada na farmácia possuem um lugar específico para
a sua arrumação, que cumpre todas as condições para uma correcta conservação,
possibilitando um rápido acesso a estes.
Os medicamentos são armazenados segundo a sua forma farmacêutica. Dentro de
cada uma delas, são organizados por ordem alfabética, da dosagem mais baixa para a
mais alta, e da quantidade de unidades por embalagem mais pequena para a maior. Os
medicamentos originais, de marca, seguem a ordem alfabética do nome comercial,
enquanto os medicamentos genéricos seguem a ordem alfabética do nome de substância
ativa.
Os restantes produtos estão organizados por laboratório fornecedor, também
respeitando a ordem alfabética, dosagem e quantidade de produto.
Os dispositivos médicos estão guardados segundo o fim específico a que se
destinam.
Os MNSRM de maior rotatividade encontram-se expostos na sala de atendimento
assim como suplementos vitamínicos, produtos dietéticos, de veterinária, para higiene
oral, dermocosmética e puericultura. Ainda nesta sala é possível encontrar, embora
armazenados em gavetas, os contracetivos orais, testes de gravidez e anti-inflamatórios
não esteróides.
Os produtos de frio encontram-se armazenados no frigorífico a uma temperatura
entre 2-8ºC, controlada por termómetro calibrado, sendo os seus valores registados
diariamente num folheto próprio, com anotação das horas e do RH qualificado que fez a
leitura.
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Os psicotrópicos e estupefacientes encontram-se num armário próprio, separados
dos restantes medicamentos e longe do alcance e vista dos utentes.
3.4.1. Prazo de validade
Além dos critérios mencionados acima, todos os produtos existentes na farmácia
devem ser organizados segundo o princípio First Expire First Out (FEFO), ou seja, a
arrumação deve garantir que produtos com validade mais curta sejam vendidos em
primeiro lugar. Desta forma, estes devem ficar sempre colocados à frente dos produtos
com prazo de validade mais longo.
Na FB, mensalmente, são emitidas listas, atráves do SI, dos produtos com PV a
expirar nos próximos seis meses. De acordo com determinados laboratórios, os produtos
terão de ser devolvidos dois meses antes de findo o seu PV. Os que não se encontram
nestes parâmetros, são devidamente assinalados por etiqueta específica (Figura 1) a fim
de serem dispensados primeiramente. Por vezes é ainda realizado um abaixamento de
PVP por uma promoção, como acontece nos produtos de dermocosmética, puericultura,
suplementos alimentares, entre outros, com o objetivo de vender rapidamente estes
produtos.
Figura 1: Etiqueta de sinalização de produtos com prazo de validade a expirar brevemente.
4. Dispensa de medicamentos
Segundo as BPF [1], a dispensa de medicamentos é o acto profissional em que o
farmacêutico cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante
prescrição médica, em regime de automedicação ou indicação farmacêutica,
acompanhados de toda a informação indispensável para o seu correcto uso.
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Os medicamentos são classificados, quanto à dispensa ao público, em
medicamentos sujeitos a receita médica e medicamentos não sujeitos a receita médica
[5].
4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica
Estão sujeitos a receita médica todos os medicamentos que cumpram uma das
seguintes condições: possam constituir um risco para a saúde do doente, directa ou
indirectamente, quando utilizados sem vigilância médica ou para fins diferentes daquele a
que se destinam; que contenham substâncias cuja actividade ou reacções adversas seja
indispensável aprofundar; ou que se destinem a ser administrados por via parentérica.
De acordo com os critérios de prescrição, estes medicamentos podem ser divididos
em quatro tipos: medicamentos de receita médica não renovável (medicamentos
utilizados em tratamentos pontuais), medicamentos de receita médica renovável
(medicamentos que se destinam a determinadas doenças ou tratamentos prolongados
sendo prescritos numa receita constituída por três vias), medicamentos de receita médica
especial (estupefacientes ou psicotrópicos e medicamentos que possam causar
dependência ou ser utilizados para fins ilegais) e medicamentos de receita médica restrita
(destinados à utilização reservada a certos meios especializados) [5].
4.1.1. Prescrição médica
A prescrição médica é feita por via eletrónica podendo, em situações excecionais
ser feita via manual. Essas exceções são [6]:
a) A falência do sistema informático;
b) A inadaptação fundamentada do prescritor;
c) A prescrição ao domicílio;
d) Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês.
Estas devem vir assinaladas em espaço próprio na receita médica, no canto
superior direito, abaixo do número da receita médica e acima da vinheta do local de
prescrição (anexo I).
Nos termos da lei atual [7], a prescrição de medicamentos é feita obrigatoriamente
pela Denominação Comum Internacional da substância ativa, forma farmacêutica,
dosagem e apresentação. A legislação prevê, no entanto, três exceções, em que a
prescrição pode incluir a denominação comercial do medicamento. Estas devem ser
referidas pelo médico no campo destinado à prescrição do medicamento (anexo II) e são
as seguintes:
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A prescrição de medicamentos por via manual implica a aposição de vinhetas na
receita médica referentes à identificação do prescritor e do local de prescrição, assim
como a indicação da exceção que justifique a prescrição manual [6].
4.1.3. Avaliação e interpretação da prescrição médica
Segundo as BPF [1], cada prescrição deve ser avaliada e interpretada em relação à
necessidade do medicamento, sua adequação ao doente, contraindicações, interações,
situações de alergias, intolerâncias, posologia e condições do doente/sistema para
administrar o medicamento.
Para isso, o farmacêutico deve estar atento, realizando perguntas discretas, mas
configurativas. Por vezes surgem erros como a troca de medicação entre utentes, por
parte do médico do Centro de Saúde, visto que, como se trata de medicação habitual,
pode ser pedida sem consulta médica; já foram detetados também casos em que
medicamentos para adultos foram prescritos em serviços de pediatria;
4.1.4. Dispensa de medicamentos
Durante a dispensa, o utente tem o direito de opção entre os medicamentos que
cumpram a prescrição médica, devendo o farmacêutico informá-lo da existência de
medicamentos genéricos similares, comparticipados pelo SNS, e qual o mais barato;
caso não existam medicamentos genéricos, deve ser-lhe dito qual o medicamento
comercializado mais barato. A opção de escolha está, no entanto, limitada pelas
exceções a) e b) referidas no ponto 4.1.1. No caso da exepção c), o utente poderá optar
por um medicamento similar ao prescrito, com preço igual ou inferior a este. Assim, as
farmácias devem ter disponíveis para venda três medicamentos de cada grupo
homogéneo de entre os cinco medicamentos com preço mais baixo [7]. As normas de
dispensa de medicamentos [12] encontram-se esquematizadas nos anexos III e IV.
Quando existe discrepância entre a dimensão da embalagem prescrita e as
embalagens disponíveis, o farmacêutico pode dispensar uma embalagem de tamanho
equivalente, ou seja, embalagens que embora de tamanho diferente apresentem o
mesmo CNPEM. Se a receita não referir o tamanho da embalagem, é dispensada a de
menor dimensão disponível no mercado [12].
Na finalização da dispensa, o SI pede para que a receita seja colocada na
impressora e é impresso no verso: a identificação da farmácia com nº de contribuinte e
identificação da DT; documento de faturação com indicação do regime de
comparticipação, o lote e número da receita, os medicamentos aviados, o valor total da
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receita, os encargos para o utente e o valor da comparticipação e ainda a declaração de
dispensa ao utente dos medicamentos constantes na receita. Após esta impressão, o
utente terá de validar a mesma com a sua assinatura, sendo da responsabilidade do
farmacêutico colocar o carimbo da farmácia, a data da dispensa e assinar.
Antes da dispensa da medicação, o farmacêutico deve garantir que o utente recebe
toda a informação necessária para um uso correcto, seguro e eficaz dos medicamentos,
assegurando-se de que não restem dúvidas sobre a forma como devem ser tomados, a
duração do tratamento e eventuais precauções especiais.
Durante o estágio, a avaliação da prescrição, a dispensa de medicamentos e a
indicação da posologia foram questões profissionais em que tive a oportunidade de
aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso. Procurei sempre transmitir as
informações da forma mais clara possível, garantindo que os utentes tinham
conhecimento da finalidade dos medicamentos que estavam a ser dispensados,
questionando sempre sobre da toma de outros medicamentos além destes, com o
objetivo de evitar uma toma errada ou a ocorrência de uma terapia duplicada.
4.1.5. Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos
Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ao atuarem diretamente sobre o
sistema nervoso central podem causar dependência ou habituação, estando por isso a
dispensa destes sujeita a um controlo mais rigoroso. A sua prescrição é feita em receita
médica especial com a designação “RE”. No ato da dispensa, o SI apresenta uma janela
para preenchimento com o nome do adquirente, número e data do documento de
identificação, número da receita e a data da dispensa.
A receita original é fotocopiada, sendo esta arquivada na farmácia durante um
período de três anos, e aquela segue o procedimento normal de faturação descrito no
ponto anterior.
É ainda necessário enviar ao INFARMED uma listagem, gerada informaticamente e
validada com o carimbo da farmácia, data e assinatura do farmacêutico, das receitas
aviadas da qual constem os dados do adquirente [6, 12].
4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica
Os medicamentos não sujeitos a receita são medicamentos que atendendo ao seu
perfil de segurança e indicações farmacoterapêuticas não necessitam de prescrição
médica, podendo ser fornecidos mediante aconselhamento farmacêutico.
Relatório de Estágio
13
4.2.1. Aconselhamento farmacêutico
Quando um doente se dirige à farmácia para aquisição de MNSRM ou outros
produtos de saúde, há três situações principais que se podem apresentar ao
farmacêutico:
A. O doente apresenta uma condição que o farmacêutico considera
necessitar de atendimento médico imediato, reencaminhando-o para esse serviço;
B. O doente já vem à farmácia com uma ideia pré-formada do medicamento
que pretende adquirir. Neste caso, o farmacêutico deve questioná-lo sobre a sua
patologia, os sintomas que apresenta, qual a razão para a escolha desse
medicamento e se está bem informado acerca do mesmo. Se não for verificada
nenhuma inconformidade, o medicamento é-lhe fornecido. Caso contrário, o
farmacêutico, com o seu aconselhamento e esclarecimento, sugere um tratamento
alternativo que considere mais adequado;
C. O doente dirige-se à farmácia e solicita o aconselhamento do farmacêutico
para a promoção da sua saúde e bem estar. Este avalia a situação do doente
através da observação do seu estado e de questões pertinentes,
responsabilizando-se pela seleção de um MNSRM ou de um tratamento não
farmacológico, com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde de
caráter não grave, autolimitante, de curta duração, que não apresente relação com
manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente [1].
O aconselhamento farmacêutico é o pilar central da atividade farmacêutica. O
farmacêutico tem por obrigação ética e legal, a promoção do uso racional dos
medicamentos, dispensando-os de forma adequada à patologia e caraterísticas do
doente. Durante o estágio tive oportunidade de prestar aconselhamento em diversas
situações, sendo as mais assíduas na farmácia problemas do foro digestivo ligeiros,
gripes e constipações, estados febris em crianças, dores musculares, queixas
ortodentárias, problemas ginecológicos e, tendo eu realizado estágio durante o verão,
queimaduras solares.
5. Dispensa de outros produtos
Além dos medicamentos, existem outros produtos de venda em farmácia,
nomeadamente: medicamentos de uso veterinário, medicamentos homeopáticos,
suplementos alimentares, produtos fitoterapêuticos, dispositivos médicos e produtos
cosméticos e de higiene corporal.
Relatório de Estágio
14
O farmacêutico deve ter conhecimento dos diferentes produtos e das suas
particularidades, de forma a providenciar um aconselhamento adequado.
5.1. Medicamentos de uso veterinário
Define-se como medicamento de uso veterinário “toda a substância, ou associação
de substâncias, apresentada como possuíndo propriedades curativas ou preventivas de
doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada
no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma
acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar
funções fisiológicas” [13].
Na FB, a maioria dos medicamentos dispensados são desparasitantes internos e
externos, destinados a animais de companhia, nomeadamente cão e gato.
Tal como acontece com outros medicamentos, o farmacêutico deve fazer a seleção
mais adequada à espécie animal, ao porte e à sua idade, fornecendo todas as
informações necessárias ao utente, para o seu correto uso.
5.2. Medicamentos homeopáticos
Os medicamentos homeopáticos são abrangidos pelo Estatuto do Medicamento,
que os define como: “medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou
matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na
farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num
Estado membro, e que pode ter vários princípios” [5].
São destinados a ser utilizados sem vigilância médica devido ao seu perfil de
segurança. É necessária a indicação de “medicamento homeopático” no
acondicionamento primário, secundário e folheto informativo.
A FB dispõe de uma vasta gama destes medicamentos, utilizados no tratamento de
estados gripais, rinite, tosse, dores de garganta, problemas digestivos, contusões e
estados ansiosos e emotivos ligeiros. Esta é uma área de grande aposta pela farmácia,
sendo muitas vezes os medicamentos de primeira escolha.
5.3. Suplementos alimentares
Um regime alimentar adequado e variado, em circunstâncias normais, fornece
todos os nutrientes necessários ao bom desenvolvimento e à manutenção de um bom
estado de saúde. No entanto, devido ao estilo de vida, isso nem sempre é possível. Os
Relatório de Estágio
15
suplementos alimentares constituem fontes concentradas de nutrientes, comercializados
de forma doseada, e surgem como um complemento ao regime alimentar normal [14].
A FB dispõe de produtos destinados ao cansaço físico e mental, proteção do
sistema imunitário, emagrecimento e de ação geral para promoção de um estilo de vida
mais saudável. Durante o estágio tive a oportunidade de dispensar vários destes
produtos, principalmente para emagrecimento. Os novos produtos Adiprox® (Aboca) e
Libramed® (Aboca) foram os mais aconselhados por possuirem uma ação dupla no
combate ao excesso de peso. O Adiprox® (Aboca) favorece a microcirculação sanguínea
e diminuição da produção de radicais livres a nível do tecido adiposo, potenciando a
lipólise e perda de peso. O Libramed® (Aboca) por sua vez diminui a absorção de
açúcares ajudando a prevenir o pico glicémico e reduzindo o perímetro abdominal. Este
último apesar de se tratar de um dispositivo médico, encontra-se aqui referido pela sua
ação conjunta com o Adiprox® (Aboca).
5.4. Fitoterápicos
Os medicamentos fitoterápicos são medicamentos à base de plantas, tendo como
substâncias ativas, partes de plantas ou preparações obtidas destas como pós, tinturas,
extractos, óleos essenciais, sucos espremidos, exsudados transformados [5].
A FB dispõe de produtos fitoterápicos com ação laxante, distúrbios digestivos,
perturbações do sono e tosse.
5.5. Dispositivos médicos
Os dispositivos médicos são produtos (instrumentos, aparelhos, equipamentos,
software, material ou artigo) destinados a serem utilizados para fins comuns aos dos
medicamentos, como prevenir, diagnosticar e tratar, destinguindo-se destes por atingirem
os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em ações farmacológicas,
metabólicas ou imunológicas.
São utilizados no controlo, diagnóstico, atenuação e tratamento de doenças, lesões
e deficiências; no estudo e alteração de processos fisiológicos e ainda no controlo da
concepção [15]
Durante o meu estágio a DT adquiriu um novo produto, o Grintuss® (Aboca), que
obteve grande recetividade por parte dos utentes. Este é um xarope pra a tosse seca e
irritativa ou com expetoração e atua por formação de uma película protetora com efeito
barreira, que acalma a tosse e protege as vias respiratórias superiores. Este produto está
Relatório de Estágio
16
também indicado para fumadores, aconselhando-se a toma de uma colher diária, de
manhã.
5.6. Produtos cosméticos e de higiene corporal
Entende-se por Produto Cosmético qualquer substância ou mistura destinada a ser
posta em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e
capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais,
tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o
aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os odores corporais [16].
Estes foram objeto de grande procura durante o estágio, nomeadamente protetores
solares, para adulto e infantis, e cremes de rosto e corpo hidratantes e nutritivos. Na
indicação destes produtos é necessário ter em atenção o tipo de pele, a idade, a
existência de patologias (pele atópica, psoríase) e as preferências particulares do utente.
6. Outros serviços prestados na farmácia
As farmácias foram evoluindo desde meros locais de venda de medicamentos para
entidades prestadoras cuidados de saúde, possibilitando a promoção da saúde e uma
melhoria na qualidade de vida dos utentes.
6.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos
A FB dispõe de uma balança digital que permite a determinação do peso, altura,
IMC e tensão arterial. A tensão arterial pode também ser avaliada por um tensiómetro
existente no gabinete de atendimento personalizado. Também são realizadas
determinações de colesterol total, triglicerídeos e glicemia, em sangue capilar periférico
através de tiras reativas e respetivo equipamento, anualmente calibrado. Estas
determinações são registadas em impresso próprio (anexo V) que ficará na posse do
utente para que este, o seu farmacêutico e o seu médico possam manter um controlo das
determinações que vai realizando. Quando são verificados valores fora do normal, os
utentes são encaminhados para uma consulta médica. A farmácia também realiza testes
de gravidez, pela determinação da hormona Gonadotrofina Coriónica Humana (HCG) na
urina.
Relatório de Estágio
17
6.2. Espaço animal
A FB é aderente ao Espaço animal, um serviço desenvolvido pela Associação
Nacional de Farmácias (ANF), que garante formação adequada e permanente às equipas
das farmácias tornando-as especializadas no segmento veterinário. Além disso, permite
às farmácias disponibilizar uma maior variedade de medicamentos e produtos para
animais, além de fornecer folhetos e posters de auxílio ao aconselhamento farmacêutico
[17].
6.3. VALORMED
A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que tem a responsabilidade da
gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso [18]. A farmácia
dispõe de um contentor onde vão sendo colocados os produtos a ele destinados e uma
vez cheio, é selado e pesado. Este valor é anotado no contentor em espaço próprio,
juntamente com a identificação da farmácia. O contentor é levado por um distribuidor
para as suas instalações e depois enviado para o Centro de Triagem para poderem ser
eliminados.
6.4. Recolha de radiografias usadas
A recolha de radiografias usadas é uma campanha realizada pela Assistência
Médica Internacional (AMI), para a angariação de fundos pela venda da prata nelas
contida, e para uma reciclagem dos restantes materiais [19]
6.5. Angariação de fundos monetários
A FB dispõe, em certos períodos do ano, de mealheiros destinados à angariação de
fundos monetários, destinados a diversas associações nomeadamente para rastreio do
cancro do cólon, de apoio a crianças portadoras de deficiência física e mental, entre
outras.
7. Processamento do receituário e faturação
O reembolso do valor comparticipado dos medicamentos requer o envio mensal do
receituário e respetiva faturação à entidade responsável. Todos os processamentos
Relatório de Estágio
18
realizados no ato da dispensa são novamente conferidos por um farmacêutico designado
pela DT, sendo esta a última pessoa a realizar a conferência do receituário de todos os
organismos comparticipantes.
Após a conferência, as receitas são compiladas por organismo comparticipante e
por ordem númerica, em lotes de 30 receitas. Quando um lote se encontra completo, é
fechado informaticamente e é impresso o verbete de identificação do mesmo, no qual
consta o nome da farmácia e respetivo código atribuido pelo INFARMED; indicação do
organismo comparticipante; mês e ano de faturação; valor em PVP total e a parcela
correspondente à regularização pelo utente e pela entidade comparticipante. O verbete é
carimbado e anexado ao respetivo lote.
No dia 30 de cada mês, os lotes das receitas comparticipadas pelo SNS são
enviados para o Centro de Conferência de Faturas do mesmo e os restantes são
enviados a um departamento específico da ANF, que é um intermediário entre a farmácia
e os organismos comparticipantes. As receitas vão acompanhadas da relação resumo de
lotes e da fatura global, com indicação do valor total do PVP dos medicamentos e a
parcela corresponte ao valor pago pelo utente e o valor da comparticipação.
Quando o Centro de Conferência dos oganismos comparticipantes deteta um erro
na receita, não é pago o valor da comparticipação, e a receita é devolvida à farmácia com
um documento indicando qual o motivo da devolução. Sempre que esta possa ser
corrigida, é novamente integrada na faturação do mês seguinte.
8. Formações
A área científica encontra-se em constante evolução, surgindo novas moléculas,
novas formulações e novos produtos, sendo fundamental o farmacêutico manter
atualizados os seus conhecimentos. Desta forma, “a formação contínua é uma obrigação
profissional” [1]. Ao longo do estágio tive oportunidade de assistir ao evento “Summer
Challenge” da Johnson & Johnson, à formação realizada pela ISDIN sobre Fotoproteção
e à formação realizada pelo laboratório Sanofi Pasteur MS, S.A. sobre a nova vacina
Zostavax®.
O “Summer Challenge” foi um evento que teve como alvo o marketing. Neste, foram
apresentadas estatísticas de vendas dos produtos Johnson & Johnson, nas quais a Piz
Buin® e a Neutrogena® apresentaram ser as marcas mais vendidas em farmácia, no que
diz respeito a marcas de protetores solares e cremes de mãos hidratantes,
respetivamente. Foram-nos também apresentadas as campanhas de marketing que iriam
ser implementadas nos meses de verão, quer nas farmácias quer a nível dos meios de
comunicação social.
Relatório de Estágio
19
Na formação ISDIN, foram demonstrados e apresentados todos os produtos da
gama de fotoproteção. Esta gama é composta por protetores solares de rosto e corpo,
com diferentes texturas, adequadas à zona do corpo e tipo de pele a que se destinam,
apresentando produtos quer pediátricos quer para adultos.
O laboratório Sanofi Pasteur MS, S.A. apresentou a nova vacina Zostavax®. Esta
provém do vírus vivo atenuado do Herpes Varicela-Zoster 1, estirpe Oka/Merck, estando
indicada para a imunização de indivíduos com mais de 50 anos de idade, para a
prevenção da Zona e da Nevralgia Pós-Herpética. Esta vacina é a primeira existente para
este fim no mercado mundial de saúde pública.
9. Experiência pessoal
No primeiro dia de estágio na FB foram-me apresentados os RH da farmácia e feita
uma drescrição geral do funcionamento e organização da mesma.
As primeiras atividades realizadas envolveram a organização e arrumação dos
produtos da farmácia, o que permitiu familiarizar-me com todos eles.
Posteriormente, passei a realizar a receção de encomendas, sempre com
supervisão, onde tomei contato com o SI, os modelos de faturas e aspetos legais
inerentes. Como todos os dias chegam encomendas à farmácia, foi algo que fui
realizando ao longo de todo o estágio, acabando por adquirir grande autonomia. Esta é
uma área muito importante, na medida em que a ocorrência de erros pode levar à
existência de stocks incorretos.
Embora pouco frequentemente, foi necessário realizar devoluções, devido à
existência de produtos com prazo de validade a expirar e diferenças verificadas entre os
produtos encomendados e os rececionados. Nestes casos, a FB contata sempre o
fornecedor, alertando-o para a ocorrência da devolução e informando-o do motivo.
Recebi ainda formação sobre a determinação de colesterol total, triglicerídeos e
glicemia em tiras reativas, realização de testes de gravidez e determinação de peso,
altura, IMC e pressão arterial com recurso a balança eletrónica e tensiómetro. Sempre
que realizava estas determinações, avaliava os parâmetros obtidos, alertando os utentes
sempre que estes se encontravam fora dos intervalos de referência e aconselhando uma
consulta médica quando pertinente.
Ao fim de dois meses fui para o atendimento ao utente onde tive formação acerca
da validação das receitas médicas, do funcionamento do SI e das normas relativas à
dispensa de medicamentos. No atendimento tinha a supervisão de um farmacêutico, que
me auxiliava sempre que necessário. Esta foi uma área de aprendizagem constante,
principalmente no que diz respeito ao aconselhamento farmacêutico, sentindo muitas
Relatório de Estágio
20
vezes a necessidade de consultar fontes de informação, nomeadamente o prontuário
terapêutico, o resumo das caraterísticas do medicamento, e até mesmo de rever matérias
lecionadas no MICF, principalmente na unidade curricular de Fisiopatologia e
Farmacoterapia. Neste sentido, as formações que tive oportunidade de assistir foram
também uma mais-valia. Procurei sempre divulgar o cartão “Farmácias Portuguesas” e o
seguro de saúde “Plano+Saúde”, pelos benefícios que apresentam para os utentes.
No final de cada dia auxiliava no fecho de caixa, com conferência do apuro, e
impressão do Diário de gestão e Talão recapitulativo diário, que fornecem um resumo
acerca das vendas realizadas, créditos, valor das comparticipações, etc. No final,
realizavam-se as cópias de segurança do sistema informático, de forma a evitar a perda
de informação em caso de avaria ou acidente.
Outras funções em que tive oportunidade de participar foram a conferência de
receituário, o processamento do mesmo e faturação no final do mês, a preparação do
contentor do VALORMED, para ser entregue ao distribuidor, e o controlo mensal de PV.
Em relação a este último, elaborei ainda as etiquetas (apresentadas na figura 1) para
sinalização dos produtos com PV a terminar.
Em relação à exposição dos produtos, auxiliei a DT na elaboração de pequenas
montras existentes na farmácia, onde são colocados produtos para destaque de acordo
com a época do ano onde nos encontramos. Nos meses de verão eram compostos
principalmente por protetores solares, produtos para o alívio e tratamento de
queimaduras, picadas de insetos e produtos para emagrecimentos.
Foi realizada também a “Feira dos Solares e Cremes”. Esta iniciativa teve como
objetivo promover a venda dos protetores solares, pós-solares e cremes hidratantes
através de promoções em todos estes artigos e realização de uma pequena banca onde
estavam expostas amostras e testers para utilização por parte dos utentes. (anexo VI e
anexo VII) Nesta atividade realizei o cartaz publicitário para colocar na montra e
permaneci junto à banca aconselhando os utentes na escolha do produto mais indicado.
10. Conclusão
O estágio profissionalizante é uma parte fundamenal do MICF permitindo aos
estudantes um contato direto com a realidade profissional do farmacêutico. Permite uma
aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso e consolidação dos mesmos,
mas também a obtenção de novas competências com uma valência mais prática, que de
outra forma não seriam conseguidas.
Esta foi uma atividade desafiante, mas ao mesmo tempo muito gratificante e
enriquecedora, tendo sido uma mais-valia para o meu desenvolvimento pessoal e
profissional.
Relatório de Estágio
21
Parte II
A segunda parte do relatório diz respeito aos temas desenvolvidos ao longo do
estágio.
Objetivos
A farmácia de oficina, como espaço de promoção de saúde e bem-estar, deve
sempre procurar responder às necessidades do utente da melhor forma possível. Para
isso, a inovação e adaptação devem estar sempre presentes nos profissionais que
desenvolvem estar atividade.
A Parte II do presente relatório teve como objetivo o desenvolvimento de temas e
elaboração de trabalhos que se mostrassem benéficos para a farmácia, utentes e
estagiário. Para isso, mantive sempre uma posição ativa na farmácia, de forma a poder
perceber o que seria mais vantajoso para todos os elementos.
Durante o estágio decidi desenvolver três temas: Desparasitação de animais de
companhia; Diarreia; Candidíase Vulvovaginal.
O desenvolvimento dos temas “Desparasitação de animais de companhia” e
“Diarreia” será mais direcionado para a farmácia, com sistematização dos produtos
existentes nesta e suas indicações, com o objetivo de auxiliar no aconselhamento
farmacêutico. A “Candidíase Vulvovaginal” tem com objetivo fornecer informação aos
utentes sobre a patologia, alertando-os sobre as causas, sinais, sintomas, fatores de
risco, prevenção e tratamento.
1. DESPARASITAÇÃO DE ANIMAIS DE COMPANHIA
Os cães e gatos são os principais animais de companhia em todo o mundo. Eles
têm-se tornado parte das familias que os acolhem e os benefícios da sua presença são
indiscutíveis. No entanto, estes animais podem albergar parasitas potencialmente
perigosos para estes e para os humanos.
A prevenção e tratamento de parasitoses em animais de companhia assume assim
uma importância fundamental a nível da Saúde Animal, mas também no que respeita à
Saúde Públida e Ambiental.
Relatório de Estágio
23
Segundo as diretrizes do Conselho Científico Europeu para Controlo de Parasitoses
em Animais de Companhia (ESCCAP), a probabilidade de ocorrência de infestações por
ectoparasitas varia conforme o estilo de vida do animal [21].
Animais com pouco acesso ao exterior apresentam um risco mínimo de infestação.
Nestes casos, os cuidados de higiene habituais com realização de uma inspeção visual
são medidas suficientes para o seu controlo. Na eventualidade de ocorrência de
infestação, deve proceder-se à remoção do parasita e administração de um
ectoparasiticida.
Em animais com acesso regular ao exterior e com contato frequente com outros
animais, o risco de infestação é considerado elevado. Nestas situações é recomendado o
uso profilático de ectoparasiticidas conjuntamente com a limpeza diária da casa e de
qualquer outro local com que o animal tome contato, designadamente o carro. É ainda
importante o uso de produtos específicos para o tratamento ambiental. A frequência de
tratamentos é habitualmente de 4 em 4 semanas, podendo no entanto variar conforme o
medicamento veterinário utilizado, que poderá ter uma duração de ação superior ou
inferior.
Na presença de animais com DAPP, o controlo inseticida deve manter níveis
sempre muito baixos ou inexistentes de pulgas. Isto pode ser conseguido com aplicação
regular de inseticidas e controlo adequado do ambiente. O mesmo acontece com animais
expostos a um risco elevado de doenças transmitidas por carraças. O uso de acaricidas
com atividade repelente tem um efeito imediato no controlo da picada da carraça,
diminuindo a probabilidade de transmissão dessas doenças.
É importante salientar a ideia de que não basta tratar o animal infestado, mas todos
os animais de companhia que frequentam o mesmo espaço.
Embora a infestação por ectoparasitas ocorra principalmente nos meses mais
quentes do ano, em especial pulgas, carraças e mosquitos, está demonstrado que as
infestações podem ocorrer ao longo de todo o ano, não se podendo descurar o
tratamento nos meses mais frios.
1.2.2. Endoparasitoses
Ascarídeos e Ancilostomídeos são os principais parasitas causadores de
endoparasitoses em animais de companhia por todo o mundo, tendo ambos potencial
zoonótico [24].
A presença dos endoparasitas Toxocara canis, Toxocara cati e Ancylostoma
caninum está bem documentada em animais ainda no seu início de vida. Segundo
diretrizes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), o tratamento em
Relatório de Estágio
30
2. DIARREIA
Apesar de ser tomada como um problema simples e de fácil tratamento, a diarreia
possui várias vertentes de atuação, algumas das quais ainda descuradas pelos próprios
farmacêuticos. Desta forma, achei que seria importante fazer uma revisão sobre o
assunto, abordando as opções terapêuticas existentes na farmácia.
2.1. Definição
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a diarreia como um aumento na
frequência de dejeções diárias normais (>3 dejeções/dia) na presença de fezes líquidas
ou pastosas. A diarreia é considerada aguda quando tem uma duração inferior a 14 dias
e persistente quando apresenta uma duração superior. Na presença de sangue visível
nas fezes esta é classificada como desentérica [37].
2.2. Causas
O intestino humano é um local ativo para a troca de água e eletrólitos estando
presentes mecanismos que controlam a sua absorção e secreção. Em condições normais
a absorção de água e eletrólitos prevalece sobre a sua secreção. No entanto, num
episódio de diarreia ocorre uma perturbação deste processo quer por aumento da
secreção quer por diminuição da absorção, resultando num aumento do conteúdo aquoso
das fezes [38]. Estas alterações, associadas a um aumento da motilidade intestinal,
constituem as forças propulsoras para o desenvolvimento de diarreia.
A diarreia é habitualmente uma situação aguda e autolimitada sendo causada
principalmente por: infeções por microorganismo (bactérias, vírus e parasitas),
intolerância alimentar, desequlíbrio da flora intestinal após tratamento com antibióticos,
excesso de ingestão de álcool e ansiedade [39]. Por sua vez, a diarreia crónica pode ser
causada por doenças autoimunes (colite ulcerosa e doença de Chron), problemas de
malabsorção (doença cilíaca e doença inflamatória do pancreas), alterações hormonais
(diabetes mellitus e hipertiroidismo) ou ainda como efeito secundário a certos
medicamentos (laxantes e antiácidos contendo magnésio) [40].
Pessoas que se deslocam para o estrangeiro podem ter episódios de diarreia,
denominando-se esta situação como diarreia do viajante, a qual é geralmente causada
pela ingestão de alimentos ou água contaminados com bactérias, vírus ou parasitas [39].
Relatório de Estágio
39
Tabela 7: Medicamentos não sujeitos a receita médica utilizados no tratamento de Candidíase
Vulvovaginal.
Antifúngico Forma
farmaceutica
Dosagem/
Composição Posologia
Clotrimazol
Creme vaginal 10 mg/g 1 aplicação. ao dia durante 6 dias
Cp vaginal 100 mg 100 mg/dia durante 6 dias
500 mg 500 mg para aplicação única
Econazol Creme vaginal 10 mg/g 1 aplicação ao dia durante 14 dias
Óvulo 150 mg 150 mg/dia durante 3 dias
Isoconazol Creme vaginal 10 mg/g 2 aplicações ao dia durante 7 dias
Fenticonazol óvulo 200 mg 200 mg/dia durante 6 dias
Sertaconazol
Creme vaginal 20 mg/g 1 aplicação. ao dia durante 7 dias
óvulo 300 mg 300 mg para aplicação única
Cp vaginal 500 mg 500 mg para aplicação única
Tioconazol Cp vaginal 100 mg 100 mg/dia durante 3 dias
Como já referido, a CVV não é considerada uma doença sexualmente
transmissível; no entanto, uma vez que a transmissão pode ocorrer, é importante o
tratamento simultâneo do companheiro sexual [60].
Durante a gravidez, devem ser evitados antifúngicos orais devido à ausência de
estudos de teratogenicidade [58]. É aconselhado o uso de antifúngicos azóis de aplicação
tópica por um período de sete dias [60].
Outras medidas dizem respeito aos cuidados de higiene sendo desaconselhada a
lavagem excessiva e a utilização de produtos potencialmente irritantes, como sabões,
antisépticos, toalhitas e os restantes produtos designados como “produtos de higiene
feminina”. No entanto é aconselhado o uso de emolientes e substitutos de sabões de
forma a manter a pele da vulva hidratada e protegida [58].
3.7. Despiste de uma vaginite de origem bacteriana e tricomoníase
Juntamente com CVV, a vaginose bacteriana e a tricomoníase constituem as
principais causas de vulvovaginite, sendo importante conhecer os sinais e sintomas que
as distinguem. Estas diferenças são apresentandas na tabela 8 [58].
Relatório de Estágio
40
Tabela 8: Sinais e sintomas de Vaginose bacteriana, Candidíase e Tricomoníase.
Sinal/ Sintoma
Vaginose bacteriana
Candidíase Tricomoníase
Secreção Vaginal
Fluida Espessa e
esbranquiçada Amarelado e espumoso
Odor Odor
desagradável Sem odor Odor desagradável
Prurido Sem prurido Presente Presente
Outros sintomas
Disúria Dispareunia
Dor Ardor
Disúria Dor abdominal
Sinais
Sem
inflamação
vulvar
Inflamação
Edema
Escoriações
Fissuras
Eritema
Inflamação
“Cervix em morango”
(ectocervix semelhante à superfíce
do morango)
pH vaginal >4.5 <4.5 >4.5
3.8. Resultados
Este trabalho resultou num folheto informativo (anexo IX), com as informações mais
importantes e oportunas a fornecer aos utentes (o que é a doença, causas, sinais,
sintomas, fatores de risco, prevenção e tratamento) utilizando uma linguagem acessível a
toda a população. Além disso, distingue esta patologia da Vaginose bacteriana e
Tricomoníase, uma vez que apresentam sintomas semelhantes e podem ser confundidas.
Salienta ainda o fato de a CVV ser uma doença comum e que não deve ser causa de
vergonha por parte dos doentes, procurando facilitar a interação destes com o
farmacêutico.
Relatório de Estágio
41
Bibliografia
[1] Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (2009). 3.ª Edição.
Conselho Nacional da Qualidade, Ordem dos Farmacêuticos.
[2] Portaria n.º 277/2012, de 12 de setembro do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 177 (2012).
[3] Decreto-lei n.º 171/2012, de 01 de agosto do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 148 (2012).
[4] Decreto-lei n.º 307/2007, de 31 de agosto do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 168 (2007).
[5] Decreto‐Lei n.º176/2006, de 30 de agosto do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 167 (2006).
[6] Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 92 (2012).
[7] Lei n.º 11/2012, de 8 de março da Assembleia da República. Diário da República,
1.ª série, N.º 49 (2012).
[8] Decreto-Lei n.º 48-A/2010 de 13 de Maio do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 93 (2010).
[9] INFARMED: Dispensa em Farmácia Oficina. Acessível em:
http://www.infarmed.pt. [acedido em 10 de setembro de 2014].
[10] Direção-Geral da Saúde: Comparticipação de produtos dietéticos.
Acessível em: http://www.dgs.pt. [acedido em 10 de setembro de 2014].
[11] Portaria n.º 224-A/2013 de 9 de julho do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 130 (2013).
[12] INFARMED: Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de
saúde. Acessível em: http://www.infarmed.pt. [acedido em 12 de setembro de
2014].
[13] Decreto-Lei n.º 314/2009 de 28 de outubro do Ministério da Agricultura, do
Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da República, 1.ª série, N.º 209
(2009).
[14] Decreto-Lei n.o 136/2003 de 28 de junho do Ministério da Agricultura, do
Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da República, 1.ª série, N.º 147
(2003).
[15] Decreto-Lei n.º 145/2009 de 17 de Junho do Ministério da Saúde. Diário da
República, 1.ª série, N.º 115 (2009).
[16] INFARMED: Produtos Cosméticos. Acessível em: http://www.infarmed.pt.
[acedido em 15 de setembro de 2014].
Relatório de Estágio
42
[17] Espaço Animal: Espaço animal. Acessível em http://www.globalvet.pt.
[acedido em 15 de setembro de 2014].
[18] VALORMED: Quem Somos. Acessível em: http://www.valormed.pt.
[acedido em 15 de setembro de 2014].
[19] AMI: Reciclagem de Radiografias. Acessível em: http://ami.org.pt. [acedido
em 15 de setembro de 2014].
[20] Dantas-Torres F, Otranto D (2014). Dogs, cats, parasites, and humans in
Brazil: opening the black box. Parasites & Vectors; 7: 22.
[21] Guideline 3: Control of Ectoparasites in Dogs and Cats (2012), 2.ª Edição.
European Scientific Counsel Companion Animal Parasites.
[22] Guideline 1: Worm Control in Dogs and Cats (2010), 2.ª Edição. European
Scientific Counsel Companion Animal Parasites.
[23] Beugnet F, Franc M (2012). Insecticide and acaricide molecules and/or
combinations to prevent pet infestation by ectoparasites. Trends in Parasitology;
28: 267-279.
[24] Traversa D (2012). Pet roundworms and hookworms: A continuing need for
global worming. Parasites & Vectors; 5: 91.
[25] Stull JW, Carr AP, Chomel BB, Berghaus RD, Hird DW (2007). Small
animal deworming protocols, client education, and veterinarian perception of
zoonotic parasites in western Canada. The Canadian Veterinary Journal; 48: 269–
276.
[26] Companion Animal Parasite Council: Current Advice on Parasite Control -
General Guidelines. Acessível em: http://www.capcvet.org. [acedido em 12 de
agosto de 2014].
[27] Merial, a Sanofi Company: Endoparasites - Seasonal Variation In Worm
Burdens. Acessível em: http://www.merial.co.nz. [acedido em 12 de agosto de
2014].
[28] Apifarma: Resumo das caraterísticas do medicamento - Advantage 100
solução para unção punctiforme para Cães. Acessível em: http://www.apifarma.pt.
[acedido em 13 de agosto de 2014].
[29] Apifarma: Resumo das caraterísticas do medicamento - Advantix solução
para unção punctiforme para cães até 4 kg. Acessível em: http://www.apifarma.pt.
[acedido em 13 de agosto de 2014].
[30] Apifarma: Resumo das caraterísticas do medicamento - FRONTLINE
Combo spot-on cães L. Acessível em: http://www.apifarma.pt. [acedido em 13 de
agosto de 2014].
Relatório de Estágio em
Farmácia Hospitalar CENTRO HOSPITALAR DO PORTO – HOSPITAL
GERAL DE SANTO ANTÓNIO
Março a Abril de 2014
MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS
Marina Sousa, Tânia Silva, Tiago Sousa, Vito Cruz
Relatório de Estágio
Relatório de Estágio
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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Centro Hospitalar do Porto – Hospital Geral de Santo António
Março de 2014 a Abril de 2014
Nome estudante por extenso
Orientador : Dr.(a) Teresa Almeida
_____________________
Maio de 2014
Relatório de Estágio
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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE
Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº
__________, estudante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na
elaboração desta monografia / relatório de estágio.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo
por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais
declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores
foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação
da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de _____
Assinatura: ______________________________________
Relatório de Estágio
iii | Página
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer desde já:
À Dr.ª Teresa Almeida pela disponibilidade, dedicação e simpatia, bem como,
acompanhamento e apoio prestado enquanto orientadora de estágio.
À Dr.ª Patrocínia Rocha e à comissão de estágios da Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto em conjunto com a Ordem dos Farmacêuticos, pela oportunidade que nos
deram ao tornar possível a realização deste estágio.
A toda a equipa de trabalho dos serviços farmacêuticos, Farmacêuticos, Técnicos de
Diagnóstico e Terapêutica, aos Assistentes Operacionais e Assistentes Técnicos, pelos
conhecimentos, conselhos, ensinamentos e experiências que nos transmitiram no decorrer do
estágio, nos diversos setores dos serviços farmacêuticos, fundamentais para o nosso crescimento
enquanto Técnicos Superiores de Saúde.
Por último, gostaríamos de agradecer aos nossos familiares e amigos, por todo o apoio
prestado nestes dois meses.
Relatório de Estágio
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ÍNDICE 1. Resumo ...................................................................................................................................... 1
2. Organização HGSA .................................................................................................................. 2
3. Serviços Farmacêuticos ............................................................................................................ 2
1ª PARTE .......................................................................................................................................... 3
1. Armazém ................................................................................................................................... 3
1.1 Sistema Informático ............................................................................................................... 3
1.2. Gestão de stock ....................................................................................................................... 3
1.3 Receção e armazenamento de medicamentos ...................................................................... 4
2. Distribuição ............................................................................................................................... 5
2.1. Ambulatório ........................................................................................................................... 5
2.2. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária .............................................................. 8
2.2.1 Validação da prescrição médica ........................................................................................ 8
2.2.2 Aviamento de medicamentos e produtos farmacêuticos ................................................... 9
2.3. Distribuição clássica .............................................................................................................. 9
2.4. Medicamentos sujeitos a controlo especial ........................................................................ 10
2.4.1 Psicotrópicos e estupefacientes ....................................................................................... 10
2.4.2 Hemoderivados................................................................................................................ 10
2.4.3 Anti-infeciosos: ............................................................................................................... 11
3. Ensaios Clínicos ...................................................................................................................... 11
4. Farmacotecnia ........................................................................................................................ 12
4.1 Unidade de Farmácia Oncológica ....................................................................................... 13
4.2 Fracionamento e reembalagem ........................................................................................... 15
4.3 Preparação de Não Estéreis ................................................................................................. 15
4.4 Preparação de Estéreis......................................................................................................... 16
5. Intervenção Farmacêutica e Cuidados farmacêuticos ........................................................ 18
2ª PARTE ........................................................................................................................................ 19
1. Panfletos Informativos ........................................................................................................... 19
2. Tabela de Estabilidade de Produtos Citotóxicos ................................................................. 20
3. Formações Internas no CHP ................................................................................................. 20
3.1 Formação sobre material de pensos e limpeza de feridas ................................................. 20
3.2 Boas práticas de manipulação de medicamentos para segurança terapêutica ............... 21
4. Congresso anual da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica ............ 22
Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 23
ANEXOS ............................................................................................................................................ i
Relatório de Estágio
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema de atividades no GHAF46 .................................................................................... 3
Figura 2: Kanban ................................................................................................................................. 3
Figura 3: Pyxis® da Unidade de Cuidados Intensivos ......................................................................... 5
Figura 4 Pharmapick ........................................................................................................................... 9
Figura 5: Sala de preparação de produtos Não Estéreis .................................................................. 16
LISTAS DE ANEXOS
Anexo 1: Cronograma das atividades desenvolvidas ..........................................................................ii
Anexo 2: Estrutura do Centro Hospitalar do Porto47 ......................................................................... iii
Anexo 3: Organização e estrutura dos Serviços Farmacêuticos ........................................................ iv
Anexo 4: Organização espacial do APF ............................................................................................. v
Anexo 5: Sala de Ambulatório (zona de atendimento e gavetas de medicação, respectivamente).... vi
Anexo 6: Prescrição eletrónica do HGS ............................................................................................ vi
Anexo 7: Carro de malas de aviamento para os serviços ................................................................. vii
Anexo 8: SUCS ................................................................................................................................. vii
Anexo 9: Modelo de requisição de psicotrópicos e estupefacientes ................................................ viii
Anexo 10: Modelo de prescrição de hemoderivados ....................................................................... viii
Anexo 11: Modelo de prescrição de anti-infeciosos ........................................................................ viii
Anexo 12: Layout da sala de armazenamento de medicamentos de Ensaio Clínico ......................... ix
Anexo 13: Gabinete de trabalho da unidade de Ensaios Clínico ....................................................... ix
Anexo 14: Diferentes zonas na área de produção de citotóxicos (A- Zona Negra; B- Zona Cinza; C-
Zona Branca) ....................................................................................................................................... x
Anexo 15: Diferentes zonas da unidade de preparação de Estéreis (A- Zona Negra; B- Zona Cinza;
C- Zona Branca) .................................................................................................................................. x
Anexo 16: Panfletos informativos ..................................................................................................... xi
Anexo 17: Tabela de Estabilidade da UFO...................................................................................... xvi
Relatório de Estágio
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LISTA DE ABREVIATURAS
APF – Armazém de Produtos Farmacêuticos
CAUL – Certificado de Autorização de Utilização de Lote
CdM – Circuito do medicamento
CES – Comissão de Ética para a Saúde
CFLh – Câmara de fluxo laminar horizontal
CFLv – Câmara de fluxo laminar vertical
CFT – Comissão de Farmácia e Terapêutica
CHP – Centro Hospitalar do Porto
CTX – Citotóxicos
DCI – Denominação Comum Internacional
DIDDU – Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
EC – Ensaios Clínicos
FEFO – First Expired, First Out
FH – Farmacêutico Hospitalar
FHNM – Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos
GHAF – Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia
HD – Hospital de Dia
HGSA – Hospital Geral de Santo António
HJU – Hospital Joaquim Urbano
INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.
ME – Medicamento Experimental
MJD – Maternidade de Júlio Dinis
NP – Nutrição Parentérica
SF – Serviços Farmacêuticos
TDT – Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica
UFA – Unidade de Farmácia de Ambulatório
UFO – Unidade de Farmácia Oncológica
USP – United States Pharmacopeia
Relatório de Estágio
1 | Página
1. Resumo
No âmbito do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Porto
foi-nos dada a possibilidade de realizar um estágio em Farmácia Hospitalar que decorreu no
Hospital Geral de Santo António (HGSA), nos meses de março e abril de 2014, sob a orientação da
Dr.ª Teresa Almeida. Ao todo éramos cinco estagiários (quatro estudantes da Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto e uma estudante da Faculdade de Ciências e Tecnologias da
Universidade do Algarve), sendo que fomos divididos em dois grupos de dois ficando a outra
pessoa sozinha. No anexo 1 encontra-se o nosso cronograma de passagem por todos os serviços,
bem como a nossa divisão.
Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares são um pilar fundamental ao bom funcionamento
e dinâmica de qualquer Hospital. São departamentos com autonomia técnica e científica, sujeitos à
orientação dos Órgãos de Administração Hospitalar, e obrigatoriamente dirigidos por um
farmacêutico hospitalar (FH).
A garantia da qualidade da terapêutica, da eficácia e segurança dos medicamentos, da
promoção do ensino e de investigação científica, da seleção e aquisição de medicamentos,
dispositivos médicos e produtos farmacêuticos, do aprovisionamento, armazenamento e
distribuição dos medicamentos, da produção de medicamentos, da rastreabilidade do medicamento,
da qualidade e participação em Comissões Técnicas, dos cuidados farmacêuticos, da elaboração de
protocolos terapêuticos, e da participação nos Ensaios Clínicos, fazem parte das funções e
responsabilidades dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares.
Este estágio tem como objetivo colocar em prática a teoria aprendida nos cinco anos de
faculdade, conhecer os diversos setores da farmácia hospitalar, perceber a orgânica dos Serviços
Farmacêuticos, perceber o papel do farmacêutico, a sua responsabilidade na estrutura hospitalar e
adquirir competências técnicas, científicas e deontológicas da profissão.
Este relatório está dividido em duas partes: a primeira parte visa relatar as atividades em
que estivemos envolvidos ao longo da nossa passagem pelos diversos serviços, colocando uma
breve descrição de cada serviço e destacando o que realmente fizemos numa abordagem mais
profunda como também a explicação do funcionamento e estrutura dos serviços farmacêuticos; na
segunda parte demos importância às atividades extras desenvolvidas após trabalhos de pesquisa,
pormenorizando o trabalho desenvolvido e por fim, destacamos as formações em que estivemos
presentes.
Relatório de Estágio
2 | Página
2. Organização HGSA
O HGSA foi projetado pelo arquiteto Inglês John Carr como um verdadeiro colosso de
forma quadrangular, no entanto, não foi concluído conforme a planta original, por falta de meios e
verbas. O Hospital está inserido no Centro Hospitalar do Porto (CHP) (anexo 2) que após
publicação do Decreto-Lei nº 326/2007, de 28 de setembro foi criado pela fusão do Hospital Geral
de Santo António, com o Hospital Central Especializado de Crianças Maria Pia e a Maternidade
Júlio Dinis (MJD) e em 2011 foi alterado, passando a incluir o Hospital Joaquim Urbano (HJU).1,2
3. Serviços Farmacêuticos
Os Serviços Farmacêuticos (SF) podem ser entendidos, segundo o Decreto-Lei n.º 44/204,
de 2 de fevereiro de 1962, como «departamentos com autonomia técnica, sem prejuízo de estarem
sujeitos à orientação geral dos órgãos da administração, perante os quais respondem pelos
resultados do seu exercício».3
Atualmente, a Diretora dos SF do HGSA é a Doutora Patrocínia Rocha que coordena uma
vasta equipa composta por Farmacêuticos, Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT),
Assistentes Operacionais (AO) e Assistentes Técnicos (AT) (anexo 3).
Os SF encontram-se inseridos no piso 0 do Edifício Neoclássico, à exceção da Unidade de
Farmácia Oncológica, que se encontra no piso 1 do Edifício Dr. Luís de Carvalho, junto do
Hospital de Dia (HD) e do Armazém de Injetáveis de Grande Volume.
Os SF têm um papel de extrema importância no circuito do medicamento, sendo
responsáveis pela sua gestão racional, onde se inserem os procedimentos de seleção, aquisição,
produção, armazenamento e distribuição. Os SF também se encontram presentes em comissões
técnicas e científicas como é o caso da Comissão de Ética para a Saúde (CES), que tem como
principal objetivo zelar pelo cumprimento de padrões de ética no exercício das atividades médicas,
protegendo e garantindo a dignidade e integridade humanas, e a Comissão de Farmácia e
Terapêutica (CFT), que tem um papel importante na garantia de qualidade, controlo de custos e
monitorização do plano terapêutico.4
Relatório de Estágio
3 | Página
1ª PARTE
1. Armazém
1.1 Sistema Informático
A plataforma informática
utilizada no HGSA é designada Gestão
Hospitalar de Armazém e Farmácia
(GHAF). Esta plataforma assume
particular importância no que diz
respeito à gestão de stock de produtos
farmacêuticos, na validação da
prescrição eletrónica e permite um
acesso facilitado ao histórico de
prescrições e dispensa de medicação.
Esta plataforma é utilizada com
o intuito de diminuir os erros associados
à prescrição médica e aumentar a eficiência e rapidez do trabalho realizado.
1.2. Gestão de stock
A gestão racional dos stocks é uma área dos SF essencial para um serviço de cuidados de
saúde de excelência. Esta área dos SF apresenta uma percentagem significativa do orçamento do
Hospital, o que implica uma grande responsabilidade e competência para que o inventário existente
no armazém seja suficiente para suprir todas as necessidades do hospital e, ao mesmo tempo, não
ter inventários excessivos que possam conduzir a uma posterior inutilização dos produtos
farmacêuticos (por perda do prazo de validade) e a um mau aproveitamento dos recursos
económicos.
Um meio auxiliar fulcral para a gestão stock é o
sistema informático GHAF que através dos pontos de
encomenda, do stock existente e da quantidade a encomendar
alerta o utilizador para a necessidade de uma encomenda de um
determinado produto farmacêutico. Para além deste meio
informático, existe um sistema manual de controlo dos stocks,
um sistema de Kanbans (figura 2). Este sistema consiste num
cartão plastificado que contém as seguintes informações sobre
um determinado produto farmacêutico: ponto de encomenda,
Figura 1: Esquema de atividades no GHAF46
Figura 2: Kanban
Relatório de Estágio
4 | Página
quantidade a encomendar, código de barras, designação, localização e observações.
O Kanban é colocado junto ao produto no respetivo ponto de encomenda que pode ser
definido como o stock mínimo de um produto, de modo a que quando este mínimo é atingido, o
Kanban é retirado e colocado num suporte com a designação «Produtos a encomendar». Após
receção do produto encomendado é feita a reposição do Kanban que é posicionado novamente
junto do ponto de encomenda.
A aquisição de medicamentos ou produtos farmacêuticos a nível hospitalar é realizada
segundo o Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM), que fornece informação dos
produtos e medicamentos utilizados e possíveis de serem adquiridos em Farmácia Hospitalar. Este
FHNM funciona também como auxiliar na prescrição médica permitindo uma orientação e
disciplina terapêutica fornecendo informação clara e isenta dos medicamentos.5
Em situações excecionais, quando existem medicamentos que o hospital deseja que sejam
incluídos ou excluídos do FHNM, a CFT elabora adendas privativas de aditamento ou de exclusão
ao FHNM.6
Existem também os medicamentos extra formulário que são aqueles que não existem nem
no FHNM, nem na adenda e é necessário uma devida justificação pelo prescritor, uma aprovação
pela CFT e pelo conselho administrativo para que o produto possa ser adquirido.
Em relação às autorizações de utilização excecional (AUE) de medicamentos, a requisição
destes produtos necessitam de autorização prévia a conceder pela Autoridade Nacional do
Medicamento e dos Produtos de Saúde, INFARMED, esta autorização só tem a duração de 1 ano.7
1.3 Receção e armazenamento de medicamentos
O armazém de produtos farmacêuticos (APF) é uma área dos SF com muito relevo no
normal funcionamento do hospital, visto que, é responsabilidade desta área assegurar a
disponibilização de medicamentos e produtos farmacêuticos a todos os serviços e unidades
englobadas pelo CHP, em quantidade, qualidade e no prazo expectável pelos serviços, tendo
sempre em consideração o custo dos produtos. Dado ser um armazém utilizado em praticamente
todos os serviços, em especial pela distribuição clássica e pela distribuição individual diária em
dose unitária (DIDDU), a sua gestão é um grande desafio.
O APF é constituído pelas seguintes áreas (anexo 4):
Armazém geral
Grandes Volumes
Medicamentos de Frio
Estupefacientes
Sala de produtos antisséticos e produtos inflamáveis
Soros e injetáveis de grande volume (no edifício Dr. Luís de Carvalho)
Relatório de Estágio
5 | Página
O início do circuito do medicamento é feito na área receção do APF onde são rececionadas
todas as encomendas e conferidas qualitativa e quantitativamente, verificados os prazos de validade
e as condições de integridade das embalagens, sendo posteriormente, dada entrada informática do
produto se tudo estiver conforme. Após isto, os produtos farmacêuticos são transferidos para o APF
e organizados nos respetivos locais. Excecionalmente quando a medicação recebida é da
responsabilidade dos Ensaios Clínicos, a receção apenas confirma o nº de volumes que depois são
enviados para este serviço.
Durante a nossa presença no APF foi possível verificar que a reposição de inventários é
realizada conforme o método de rotação First Expired, First Out (FEFO), isto é, os produtos com
prazo de validade mais curto são arrumados à direita dos restantes, de modo a garantir uma maior
rotação dos stocks, minimizando a estagnação de produtos e possível expiração do prazo de
validade.8
Nesta área, verificamos que para controlo do prazo de validade são elaboradas
mensalmente listas com os produtos farmacêuticos cujo prazo de validade termina dentro de 3
meses para que seja possível fazer devolução dos mesmos produtos aos laboratórios.9
Neste setor, também assistimos a empréstimos e ao
pagamentos de dívidas que fazem parte da política do
Hospital, em que é possível verificar que dependendo do
cliente e da dívida atual em questão existe maior ou menor
facilidade na cedência e na solicitação de empréstimos.10,11
Verificamos que existem 2 Pyxis® (figura 3), isto
é, um armazém de stock informatizado, que possibilita a
dispensa automática de medicamentos por utilizadores
autorizados constituindo uma mais-valia para serviços
clínicos e SF uma vez que permite uma distribuição
individualizada, um maior controlo de stocks e, ainda, uma
redução de erros de dispensa de medicamentos, existindo
um no bloco operatório e outro nos cuidados intensivos.12
2. Distribuição
2.1. Ambulatório
A distribuição de medicamentos em regime de ambulatório possibilita a dispensa de
fármacos a doentes que não estejam internados, permitindo assim a redução dos custos diretamente
associados ao internamento, além da continuidade de tratamento num ambiente familiar garantindo
uma maior qualidade de vida aos doentes.13
A necessidade da dispensa de medicamentos em regime de ambulatório surgiu devido:
Figura 3: Pyxis® da Unidade de Cuidados Intensivos
Relatório de Estágio
6 | Página
Ao maior conhecimento relativamente ao medicamento, que permitiu estudos mais
exaustivos relativamente à farmacocinética e farmacodinâmica do medicamento, o que
consciencializou o farmacêutico para um maior acompanhamento farmacoterapêutico
relacionado com a estreita janela terapêutica de alguns fármacos;
Maior gestão de custos, em que o farmacêutico assume um importante papel na
racionalização do stock e na respetiva sensibilização do doente para a correta utilização
do medicamento;
Redução dos riscos associados ao internamento, nomeadamenteo risco de infeções
nosocomiais.13
Para que a distribuição de medicamentos em regime de ambulatório seja eficiente e de fácil
acesso para os doentes devem ser o mais próximo possível das consultas externas, bem como ter
entrada exterior ao SF e em instalações reservadas de maneira a garantir que a informação
transmitida seja confidencial.
No HGSA, a Unidade de Farmácia de Ambulatório (UFA) encontra-se numa área separada
do restante SF, sendo constituída por uma sala de espera, uma zona de atendimento com três postos
de atendimento, uma zona de atendimento reservado, um armazém composto por um armário com
gavetas onde os medicamentos estão organizados por patologia e dentro de cada patologia
organizada por ordem alfabética de Denominação Comum Internacional (DCI), por três frigoríficos
onde é acondicionada a medicação que necessita de ser refrigerada e um armário onde é arquivada
a documentação (deliberações, autorizações especiais, controlo de stock) (anexo 5).
A dispensa de medicamentos na UFA são totalmente comparticipados e englobam não só
os medicamentos de uso exclusivamente hospitalar, mas também os medicamentos autorizados em
Diploma publicado em Diário de República e presentes no FNHM indicados para certas patologias
que devido à característica da doença, ou mesmo à natureza do medicamento, exigem um maior
cuidado na dispensa, um maior controlo da toxicidade, um maior acompanhamento, bem como uma
gestão consciente da dispensa devido ao elevado custo de certos medicamentos. Além destas
situações, reparamos que a CFT e CES do CHP após deliberação podem acrescentar em adenda
outras patologias não contempladas no FNHM, que passam também a ser totalmente
comparticipadas (Hepatite B e Hipertensão Pulmonar).
Em determinadas situações excecionais o Ministério da Saúde autoriza as Farmácias
Hospitalares a procederem à venda de medicamentos ao público, de acordo com o DL nº 206/2000,
de 1 de Setembro:
Quando surjam circunstâncias excecionais suscetíveis de comprometer o acesso normal
dos medicamentos, como por exemplo em casos de rutura do medicamento (necessário
apresentação de pelo menos três carimbos de farmácias comunitárias que comprovem a
rutura do medicamento);
Relatório de Estágio
7 | Página
Quando por razões clínicas resultantes do atendimento em serviço de urgência
hospitalar se revele necessária ou mais apropriada a imediata acessibilidade ao
medicamento.14,15
A dispensa de medicação em regime de ambulatório é efetuada apenas mediante
apresentação de uma prescrição eletrónica em modelo adequado (anexo 6) e respeitando as normas
estabelecidas pelo CHP, em casos excecionais a prescrição pode ser em papel como, por exemplo,
a prescrição de hemoderivados que é obrigatoriamente feita em papel de acordo com o modelo
nº1804 e é indispensável o registo do número de Certificado de Autorização de Utilização de Lote
(CAUL), bem como a prescrição da nutrição que é feita em papel e em modelo próprio.
Durante o nosso estágio, tivemos a oportunidade de proceder à validação das prescrições
médicas que exigia que prestássemos atenção aos seguintes parâmetros: prescrição elaborada de
acordo com as normas estabelecidas, em modelo apropriado, com a identificação do doente,
designação do medicamento por DCI, forma farmacêutica, dose, frequência e via de administração,
identificação da especialidade médica, data da próxima consulta, identificação do prescritor,
identificação do Diploma legal a que obedece a prescrição ou caso necessário verificar nas
deliberações da CFT se o doente está autorizado a receber a medicação. Durante a dispensa
registamos os lotes dos medicamentos sujeitos a maior controlo, de maneira a garantir uma melhor
rastreabilidade do medicamento.16
A quantidade de medicamentos a dispensar em regime de ambulatório está assente nas
Instruções de Trabalho do CHP em que define que pode ser dispensado qualquer medicamento até
3 meses, desde que o valor total seja inferior a 100 euros, ou até 300 em caso de doentes residentes
fora do Distrito do Porto. Qualquer montante acima destes valores, a medicação apenas pode ser
dispensada para 1 mês. Excecionalmente, os doentes transplantados renais ou hepáticos o
fornecimento dos imunossupressores pode ir até 3 meses.17
Outra atividade que realizamos, foi a gestão dos medicamentos devolvidos pelos doentes
que por motivos de alteração de medicação ou por reação adversa interromperam a medicação.
Neste processo colocamos os fármacos em locais próprios para posteriormente serem analisados
pelo farmacêutico, que é incumbido de aceitar ou rejeitar de acordo com as condições em que se
encontra o medicamento, a embalagem primária, secundária, as condições de armazenamento, e até
se o medicamento se encontra identificado por lote e com prazo de validade.18
Relativamente à organização e normas de arrumação dos medicamentos, verificamos que
na UFA existia um impresso com todos os medicamentos presentes nas gavetas e a respetiva
localização o que tornava mais eficiente o processo, e a arrumação dos medicamentos seguia o
método FEFO em que os medicamentos com prazo de validade mais curto se situavam à frente e/ou
mais à direita que os restantes.
Relatório de Estágio
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2.2. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
A distribuição individual diária em dose unitária (DIDDU) é um imperativo legal, segundo
o Despacho do Ministério da Saúde de 30 de dezembro de 1991, que diz respeito à distribuição de
medicamento e produtos farmacêuticos, em doses individualizadas, para doentes em regime de
internamento, para um período de 24 horas.
O sistema de DIDDU permite aumentar a segurança no circuito do medicamento,
acompanhar o perfil farmacoterapêutico do doente, diminuir os riscos de erros associados à
medicação e reduzir os desperdícios.13
O processo é iniciado pela realização de uma prescrição médica, que é depois validada pelo
farmacêutico e finalizada pela disponibilização da medicação ao doente.
2.2.1 Validação da prescrição médica
A dispensa de medicamentos só será efetuada perante apresentação da prescrição médica,
onde constem os seguintes elementos: identificação do doente, designação do medicamento por
DCI, indicação da forma farmacêutica, dose, frequência, via de administração, duração do
tratamento, data e hora da prescrição e ainda identificação do médico prescritor.19
As prescrições são feitas eletronicamente através da plataforma informática Circuito do
Medicamento (CdM), salvo certas excepções em que a prescrição é feita obrigatoriamente em
papel, em impresso próprio, como é o caso dos hemoderivados, material de penso, antídotos,
nutrição artificial, estupefacientes e psicotrópicos.19
Após a prescrição médica, compete ao farmacêutico interpretar e validar a mesma, tarefa
que nos foi possível realizar. Este é um processo chave da cadeia terapêutica e deve ser realizado
sempre que ocorra uma alteração/atualização do perfil farmacoterapêutico do doente.
A validação das prescrições deve ser feita tendo em conta as Políticas de Utilização de
Medicamentos da Instituição de Saúde, estabelecidas com base no FHNM, Adenda e Deliberações
da CFT, bem como as caraterísticas e necessidades do doente, adequabilidade e posologia do
medicamento. Quando surge alguma inconformidade relativamente ao processo de validação, cabe
ao farmacêutico realizar uma intervenção farmacêutica para que a situação possa ser resolvida.19
Sempre que uma prescrição eletrónica é validada o registo da validação é feito
automaticamente, podendo para cada prescrição ser consultado o histórico de validação. No caso
das prescrições em formato de papel, o farmacêutico que valida deve assinar a respectiva
prescrição.19
Durante o estágio, tivemos possibilidade de consultar deliberações de forma a
determinarmos a dispensa, ou não, da medicação abrangida por estas.
Relatório de Estágio
9 | Página
2.2.2 Aviamento de medicamentos e produtos farmacêuticos
Após a validação das prescrições procede-se ao aviamento da medicação através de malas
de medicação (anexo 7), organizadas por serviço e subdivididas em gavetas, cada uma com nome
do doente, nº do processo e nº de cama.
A preparação das malas é feita com o auxílio de um sistema semi-automático, o
pharmapick (figura 4). Após a validação, o farmacêutico envia para o pharmapick a informação
necessária à preparação das malas. Para cada medicamento será aberta uma gaveta com indicação
no ecrã de quais os doentes a quem é necessário disponibilizar esse medicamento bem como a
respetiva quantidade.
A medicação que não se encontra no
pharmapick, juntamente com a nutrição artificial e
material de penso são aviadas manualmente. Esta
encontra-se em células de aviamento ou na torre central,
que constituem o stock da DIDDU.
Neste processo, tivemos a oportunidade de
trabalhar com o pharmapick e de auxiliar o TDT no
aviamento manual da medicação.
As malas são preparadas segundo um horário específico podendo ser feitas alterações
imediatamente antes da entrega da medicação nos Serviços Clínicos, decorrentes das alterações
farmacoterapêuticas ocorridas entre o momento de aviamento e o momento da entrega.
O aviamento de alterações de medicação é feito em envelopes de papel identificados com o
Serviço, nº de cama, nome do doente e nº do processo, sendo colocados em SUCS identificadas
com cada serviço e entregues por Mensageiros (anexo 8).20
A preparação de envelopes não era
frequente e como tal eram praticamente todos preparados por nós, sendo o envelope selado apenas
após confirmação pelo farmacêutico do seu conteúdo.
A DIDDU também satisfaz necessidades de medicação urgente, enviadas igualmente em
envelopes e procede-se à solicitação de um Mensageiro para entregar a medicação o mais rápido
possível. Esta medicação deve ser disponibilizada num período máximo de 30 minutos.20
A medicação de frio deve ser preparada imediatamente antes da saída de cada mala, em
mala térmica própria, devidamente identificada e com indicação de conservação no frio.21
2.3. Distribuição clássica
O sistema de distribuição clássica é um sistema que tem como principal objetivo o
fornecimento de medicamentos para reposição de stocks em quantidades bem definidas e para um
determinado período de tempo. Aquando da nossa presença no APF, foi possível verificar que é
nesta área que este tipo de distribuição tem maior expressão, estando a maioria dos serviços, os
blocos, as consultas e as farmácias do HJU e MJD servidos por este tipo de distribuição.
Figura 4 Pharmapick
Relatório de Estágio
10 | Página
No HGSA, a distribuição clássica divide-se em três métodos, sendo que qualquer um deles
segue quantidades de stocks acordadas entre os serviços e o SF. O primeiro sistema é o Hospital
Logic System (HLS) em que os SF e os serviços vão trocando gavetas cheias por vazias, de seguida
temos a reposição por unidades consumidas e, por último a reposição por Kanban.
2.4. Medicamentos sujeitos a controlo especial
Dentro da distribuição de medicamentos, alguns grupos farmacoterapêuticos são sujeitos a
um maior controlo, uma vez que, têm um carácter mais sensível, dos quais se deve garantir a
segurança dos produtos e dos doentes. Assim, podemos considerar neste campo psicotrópicos,
estupefacientes, hemoderivados, antídotos, anti-infeciosos, nutrição artificial e material de penso
que se encontram armazenados em condições específicas e dispensados mediante apresentação de
impresso próprio.
No decorrer do nosso estágio tivemos oportunidade de verificar todos estes impressos
próprios, bem como a dispensa dos medicamentos sujeitos a este tipo de controlo. Para além disso,
por vezes, foi-nos pedido para sermos nós a preparar a medicação e a realizar o preenchimento dos
impressos, sendo depois confirmados pelo Farmacêutico que estivesse com essa tarefa.
A dispensa de fármacos como a epoetina alfa e beta, a darbopoetina, a somatropina e a
talidomida, encontra-se regulada por diplomas legais, podendo estes apenas ser prescritos por
determinados serviços e especialidades médicas, devendo a prescrição vir acompanhada da
«Justificação de receituário de Medicamentos».13
A dispensa de medicamentos extra-formulário requer autorização da CFT, a qual é
concedida por doente, para tal, o médico deverá justificar a necessidade do medicamento através do
preenchimento de impresso «Justificação de receituário de Medicamentos».13
2.4.1 Psicotrópicos e estupefacientes
Devido às características farmacológicas destes medicamentos o circuito destes
medicamentos é restrito e controlado, sendo da responsabilidade do Farmacêutico receber,
armazenar e dispensar todos estes medicamentos. Estes têm que ser prescritos em impresso
próprio- Modelo nº 1509 (anexo 9), conforme regulamentado em Decreto-Lei devendo ser assinado
por todos os intervenientes no processo, tendo todos os campos preenchidos. No final, este
documento é devolvido aos SF, onde é arquivado.22
2.4.2 Hemoderivados
Hemoderivado entende-se por medicamento derivado do sangue ou do plasma humanos e
é, de acordo com a legislação, um medicamento que para a sua dispensa tem que ser preenchido o
Modelo nº 1804 (anexo 10).23
Este é composto por vários campos, cabendo ao Farmacêutico o
Relatório de Estágio
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preenchimento do quadro C, onde se identifica o hemoderivado, quantidade cedida, lote,
laboratório fornecedor e número do CAUL.
2.4.3 Anti-infeciosos:
A prescrição médica deste tipo de medicação é feita de duas formas para os doentes
internados:
Se o serviço tiver DIDDU a prescrição deve ser realizada de forma eletrónica;
Se o serviço não tiver DIDDU a prescrição tem que ser feita em impresso próprio (anexo
11).19
De qualquer forma, em ambos os casos, cada prescrição é válida por um período máximo
de 7 dias de maneira a prevenir o aparecimento de resistências aos medicamentos anti-infeciosos.
Assim, teve que existir a implementação de protocolos que regulem o uso destes medicamentos e
previna um uso desadequado e/ou excessivo.
3. Ensaios Clínicos
Atualmente, há um crescente número de Ensaios Clínicos (EC) a ser desenvolvidos, tendo
os SF deste hospital um papel ativo na sua concretização. O farmacêutico encontra-se presente
numa equipa multidisciplinar de profissionais de saúde, tendo como responsabilidade garantir a
gestão de todo o circuito do medicamento experimental (ME).
Em Portugal, só a partir de 2004 é que houve um claro esclarecimento relativamente ao uso
e registo de ME, sendo que de acordo com o Decreto-Lei nº 46/2004 de 19 de agosto, os EC são
definidos como «qualquer investigação conduzida no ser humano, destinada a descobrir ou
verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos
experimentais (ME), ou a identificar os efeitos indesejáveis de um ou mais ME; ou a analisar a
farmacocinética de um ou mais ME, a fim de apurar a respetiva segurança ou eficácia».24
O
processo de desenvolvimento de um EC engloba quatro fases, sendo que em todas elas tem que
haver acompanhamento por monitores que informam os promotores sobre o desenvolvimento do
ensaio.
Em Portugal, a realização de um ensaio clínico depende da aprovação prévia de três
entidades, o INFARMED, a Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC) e a Comissão
Nacional de Proteção de Dados (CNPD), sendo um processo bastante burocrático e que no seu todo
é bastante complexo24
.
Neste hospital a área de EC engloba duas salas: o gabinete de trabalho onde é arquivada
toda a documentação dos ensaios e o armazém de ME (anexos 12 e 13), onde se coloca a
medicação após receção para ser conferida. Esta tarefa é da responsabilidade do farmacêutico, pelo
Relatório de Estágio
12 | Página
que toda a medicação de EC traz essa referência na embalagem para ser dirigida para o local
correto.
No decorrer do estágio tivemos oportunidade de fazer essa receção e conferência da
medicação, bem como proceder a todos os registo necessários para confirmação ao promotor,
através tanto do Interactive Voice Responsive System (IVRS) como via Interactive Web Responsive
System (IWRS).25
Para se efetuar a dispensa da medicação de EC tem que existir uma prescrição médica a
qual é feita em impresso próprio, cabendo ao farmacêutico conferi-la e validá-la, sendo que
também observámos este procedimento. Outra das nossas tarefas foi a preparação de pré-
medicação que é necessária em alguns EC e que os doentes tomam antes do ME. Por fim, na última
etapa deste procedimento verificámos toda a medicação devolvida pelos participantes
contabilizando-a, fazendo o registo em formulários próprios, para posterior devolução ao promotor,
de acordo com um procedimento, previamente, definido.
Para além destas atividades, tivemos possibilidade de realizar outras de entre as quais:
Elaboração de procedimentos internos dos EC, fazendo estes parte da organização interna
do serviço, tendo este o resumo do objetivo do estudo, bem como dos principais
procedimentos a efetuar;
Acompanhamento de visitas de monitorização de diferentes fases de EC;
Participação na reunião de apresentação de um EC, envolvendo toda a equipa de
profissionais de saúde, bem como os monitores.
Neste setor além desta principal função de EC, existe uma atividade complementar que é
uma campanha de recolha de medicamentos, que por vezes os doentes têm em casa e já não
utilizam, ficando o farmacêutico responsável pela verificação dos medicamentos, se estes se
encontram devidamente identificados (substância ativa e dosagem) bem como dentro do prazo de
validade e com o respetivo lote. De seguida, estes medicamentos são separados por grupo
farmacoterapêutico, sendo, posteriormente, encaminhados para instituições de solidariedade social
que necessitem. Assim, foi da nossa responsabilidade a realização desta atividade em algumas
situações do nosso estágio.
4. Farmacotecnia
Farmacotecnia é um dos ramos dos SF que tem como objetivo a preparação de
medicamentos necessários no hospital, e que não existem disponíveis comercialmente ou nas doses
necessárias.
A existência deste sector no hospital permite garantir a preparação de medicamentos de
forma individualizada, com características adaptadas a grupos populacionais específicos,
fornecendo resposta à falta de alternativas produzidas industrialmente. Para além disso, neste
Relatório de Estágio
13 | Página
campo da manipulação de medicamentos devemos também incluir o fracionamento e reembalagem
de medicamentos, com vista a serem dispensados a doentes em ambulatório ou na distribuição pela
DIDDU.
Nos dias atuais, são poucos os medicamentos produzidos em hospitais, sendo as
preparações mais frequentes:
- Misturas Nutritivas para Nutrição Parentérica (MNNP) para pediatria e neonatologia e a
aditivação de bolsas mono, bi e tricompartimentadas, para adultos de hospital de dia ou
doentes externos;
- Formulações estéreis, de fracionamento de doses para pediatria ou colírios;
- Preparações não estéreis;
- Fracionamento e reembalagem de formas orais sólidas para a DIDDU e Ambulatório;
- Medicamentos citotóxicos26
.
Independentemente das preparações farmacêuticas, os medicamentos manipulados são
preparados tendo em conta a garantia da qualidade exigida por lei. Assim, têm que cumprir as
«Boas Práticas a observar na Preparação de Medicamentos Manipulados em Farmácia de Oficina e
Hospitalar»13
, regulada pelos Decretos-Lei nº 90/2004, de 20 de abril27
e nº 95/2004, de 22 de
abril28
e pela portaria nº 594/2004, de 2 de junho29
.
4.1 Unidade de Farmácia Oncológica
A Unidade de Farmácia Oncológica (UFO) é responsável por todos os processos que
envolvem os citotóxicos (CTX), desde a sua receção, ao armazenamento, à manipulação, à
distribuição, à gestão de encomendas, ao arquivamento e também ao tratamento apropriado dos
resíduos30
.
Além da obrigação relativamente à rastreabilidade do CTX, é obrigação da UFO promover
e garantir a segurança do pessoal que está em contacto com os CTX bem como a proteção do meio
ambiente. A manipulação dos CTX fica a cargo de pessoal competente que é sujeito a uma
formação de 160h mensais31
.
A UFO está organizada em três áreas distintas: a zona branca, zona cinzenta e a zona negra
(anexo 14).
A zona negra corresponde ao armazém avançado dos CTX, é o local onde os
medicamentos estão devidamente acondicionados em armários ou em frigorífico e organizados por
ordem alfabética de DCI. Este é o local não estéril, onde os operadores trocam o vestuário exterior
por fato de bloco e calçado adequado. É também neste local que se procede à receção e validação
de prescrições médicas, à elaboração dos rótulos, à emissão das ordens de preparação, e onde se
arquiva a documentação. Neste local encontra-se um farmacêutico que apoia o trabalho efetuado na
sala branca.
Relatório de Estágio
14 | Página
A zona cinzenta ou antessala é o local onde se procede à lavagem e desinfeção das mãos, à
colocação da proteção do calçado, touca, da máscara, dos óculos, bata reforçada de baixa
permeabilidade e 1º par de luvas de látex esterilizadas.
A zona branca diz respeito à sala de manipulação, corresponde à sala limpa, contém uma
câmara de fluxo laminar vertical (CFLv) e onde é colocado o segundo par de luvas, neste caso de
nitrilo.
Na UFO, bem como em todos os serviços que por norma contactam com os CTX, estão
obrigatoriamente equipados com um «kit de derramamento» que permite de uma forma rápida e
segura proceder à descontaminação do local impedindo assim um menor tempo de exposição em
caso de acidente32
.
Neste setor, tivemos a possibilidade de contactar quer com prescrições eletrónicas como
também com prescrições em papel que diferem de cor consoante o doente esteja internado
(impresso verde) ou em regime de ambulatório/HD (impresso cor-de-rosa)33
. Após receção das
prescrições, verificamos se cumpriam todas as condições exigidas para que seja aceite, ou seja, se
estavam de acordo com os Protocolos de Quimioterapia definidos pela instituição, se cumpriam os
diplomas legais, autorização da Direção clínica, do Conselho de administração, da CFT e CES, se
apresentava detalhadamente os parâmetros antropométricos do doente no qual deve estar implícito
o peso, altura, superfície corporal e área sob a curva, se apresentavam a prescrição por DCI, a via
de administração, dose padrão, a dose ajustada ao doente, ciclos de tratamento, médico
responsável, identificação do serviço e a patologia33
. Após confirmação destes parâmetros,
realizamos os cálculos da superfície corporal, o ajuste da dose e o volume do solvente caso o CTX
necessitasse de diluição. Por fim, era dispensada a medicação CTX, juntamente, caso necessário,
com os fármacos adjuvantes do tratamento.
Em situações de dúvida relativamente à estabilidade do CTX, à proteção da luz, ou ao
solvente a ser utilizado procedíamos a verificação destes aspetos no resumo das caraterísticas do
medicamento (RCM).
Após a validação da prescrição eram impressos os rótulos e dada a ordem de preparação
para dentro da sala branca, em que um segundo farmacêutico procedia à dupla verificação com o
intuito de minimizar os erros.
Foi-nos permitido a entrada dentro da sala branca, após cumprirmos todos os requisitos no
que diz respeito ao vestuário de segurança, e aqui podemos acompanhar a manipulação
propriamente dita, em que dois TDT procediam ao manuseamento dos CTX. Este procedimento era
supervisionado pelo farmacêutico que se encontrava na mesma sala. Os produtos finais eram
identificados com o símbolo «BIOHARZARD»31
de maneira a consciencializar e permitir uma
fácil confirmação de que se trata de um produto de elevada toxicidade.
Relatório de Estágio
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4.2 Fracionamento e reembalagem
Para que os medicamentos possam ser distribuídos por DIDDU é necessária a sua
disponibilização em unidose. Além disso, todas as unidades têm que estar identificadas com DCI
do(s) princípio(s) ativo(s), dose, forma farmacêutica, prazo de validade e nº de lote.34
As formas unitárias devidamente identificadas podem ser fornecidas diretamente pela
indústria ou podem ser obtidas através de procedimentos básicos como o simples corte dos blisters.
No entanto, quando isso não é possível, é necessário proceder à individualização, reembalamento e
re-identificação dos medicamentos.
Estas operações são realizadas com recursos a sistemas de reembalamento e re-
identificação simultânea, automáticos e semi-automáticos, equipados com fita de reembalamento
para proteção da luz. Quando os comprimidos se encontram dentro dos blisters utilizamos o
sistema automático que corta os blisters e os reembala, sendo necessário apenas colocar os blisters
no local definido para o efeito. Quando os comprimidos são removidos do acondicionamento
primário utilizamos o sistema semi-automático em que vamos colocando os comprimidos, um a
um, em ranhuras que libertam o comprimido entre as duas fitas de reembalamento que são depois
seladas. No final verificamos todos os invólucros, um a um, para confirmar que todas as unidades
se encontravam corretamente embaladas e identificadas, procedendo ainda à contagem das
mesmas.
Outro processo realizado na preparação de doses unitárias é o fracionamento. Este
procedimento é realizado apenas quando é assegurada a manutenção das propriedades
fisicoquimicas e biofarmacêuticas do medicamento e permite a obtenção de doses não
disponibilizadas no mercado.
Tivemos oportunidade de auxiliar o TDT no fracionamento de comprimidos. Este foi feito
manualmente, com recurso a um bisturi, sendo necessário o controlo visual simultâneo de todas as
frações. O reembalamento foi depois realizado em sistema semi-automático.
Mensalmente, é realizado um controlo de peso através da pesagem de, no mínimo, cinco
frações, cujos pesos individuais não podem variar entre si em mais de 5%. 35
4.3 Preparação de Não Estéreis
No que se refere à produção de não estéreis, esta comtempla formas farmacêuticas sólidas
(por exemplo papéis farmacêuticos), semissólidas (por exemplo pasta) e líquidas (por exemplo
soluções e suspensões).
Relatório de Estágio
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A preparação destas formulações,
na maioria das situações, é despoletada pelo
Kanban que indica que se atingiu o stock
mínimo necessário para garantir as
necessidades dos doentes. O farmacêutico
responsável pelo serviço emite uma ordem
de preparação36
e rótulos, os quais contêm
entre outras informações o prazo de
validade (de acordo com as indicações da
Farmacopeia Americana (USP)), lote do
produto, condições de conservação, via de
administração e condições especiais de utilização37
. A ordem de preparação para além destas
informações tem também toda a informação necessária à manipulação do produto (composição
qualitativa e quantitativa, dosagem, forma farmacêutica, técnica de preparação e número de
unidades) e ensaios de verificação a realizar para garantir a qualidade (ensaios organoléticos,
uniformidade de massa, pH e cor/transparência)36
.
Durante a preparação do produto pelo TDT, este preenche um campo existente na ficha de
preparação em que se coloca os lotes, origem e prazo de validade das matérias-primas utilizadas, e
identificação do operador e supervisor, de forma a garantir a rastreabilidade do produto.
Como produtos mais frequentemente preparados e dos quais colaboramos na sua produção
e verificação podemos indicar papéis de dietas modulares glucídicas e proteicas, suspensão de
hidroclorotiazida, loção de alfazema, entre outros.
4.4 Preparação de Estéreis
Na teoria a preparação de estéreis é dividida em duas partes: a produção de preparações
estéreis extemporâneos propriamente dita e a preparação de nutrição parentérica e/ou aditivação.
Contudo, na prática estas duas atividades podem ser incluídas no mesmo ponto, uma vez que, a sua
preparação tem como preocupação a não contaminação do produto e a garantia de esterilidade,
sendo, por isso, preparadas utilizando sempre a técnica assética, no interior de uma câmara de fluxo
laminar horizontal (CFLh), que garante a proteção do produto e do operador, simultaneamente.
Desta forma, nos SF do CHP existe uma área destinada à produção destes manipulados que
engloba (anexo 15):
- Zona negra: exterior à zona de preparação para higienização e mudança de roupa;
- Zona cinza: antecâmara;
- Zona branca: Sala de preparação com CFLh.
Figura 5: Sala de preparação de produtos Não Estéreis
Relatório de Estágio
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De forma a garantir a esterilidade do local de preparação, neste hospital procede-se a um
controlo microbiológico diário, recolhendo-se amostra da primeira preparação de cada sessão de
trabalho na CFLh e da última preparação do dia38
.
No caso da nutrição parentérica (NP), são preparadas as bolsas, não só para o CHP (MJD e
HGSA), como ainda para o Hospital Padre Américo, pertencente ao Centro Hospitalar do Tâmega e
Sousa.
Relativamente às bolsas para adultos, estas já se encontram disponíveis comercialmente,
procedendo-se, apenas, à adição extemporânea de oligoelementos e vitaminas.
No que concerne à preparação de bolsas para pediatria e neonatologia, estas são
«preparadas de raiz» havendo um ajuste diário da sua constituição às necessidades nutricionais de
cada criança.
Assim, as misturas para NP são utilizadas para o fornecimento de nutrientes vitais por via
endovenosa, tendo por objetivo manter o equilíbrio nutricional, face a situações de distúrbios
metabólicos, tubo digestivo imaturo ou alimentação entérica impossibilitada ou contraindicada.
Além da preparação propriamente dita, o farmacêutico é também responsável pela
validação da prescrição médica que tem que, necessariamente, ser feita para dar início ao processo
e deve conter obrigatórias que permita ao farmacêutico garantir a conformidade da preparação39
.
De seguida, o farmacêutico é responsável pela emissão de ordens de preparação e rótulos para
colocar nas bolsas.
Neste sentido, tivemos oportunidade de acompanhar todos os passos, verificando que a
preparação das bolsas para NP está dividida em dois grupos que são manipulados e acondicionadas
separadamente40
:
1. Preparação da emulsão lipídica;
2. Preparação da solução contendo macro e micronutrientes hidrossolúveis.
A preparação destes dois grupos é feita por sistema automatizado de enchimento, exceto a
adição de micronutriente hidrossolúveis que é feita manualmente, tendo em conta a natureza
química de cada componente para evitar possível formação de precipitados, que interfere na
estabilidade da formulação.
Já no caso das preparações estéreis extemporâneas, estas, na sua maioria, resultam da
modificação de formulações comercializadas, fazendo-se um reajuste de dose, possibilitando a
individualização da terapêutica e o combate ao desperdício de matérias-primas.
O processo de manipulação destas preparações é muito semelhante à preparação de NP,
como anteriormente referido, sendo que tivemos oportunidade de observar o fracionamento de
colírios de gentamicina, oxibuprocaína e fenilefrina, bem como de soluções de bevacizumab, entre
outros.
O prazo de validade das formulações estéreis é calculado tendo em conta o risco das
preparações e da sua constituição41
.
Relatório de Estágio
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5. Intervenção Farmacêutica e Cuidados farmacêuticos
A obrigatoriedade de validação das prescrições médicas pelo farmacêutico faz com que
este tenha uma posição ativa na terapêutica instituída ao doente.
O farmacêutico verifica a possível ocorrência de problemas relacionados com o
medicamento (PRM), avaliando cada medicamento de acordo com quatro parâmetros
farmacoterapêuticos: necessidade, adequabilidade, posologia e existência de condições por parte do
doente para usar o medicamento.42
Além destes parâmetros, é função do farmacêutico verificar a
existência de interações entre medicamentos de maneira a garantir uma total segurança a nível
terapêutico.43
Quando o farmacêutico apura a ocorrência de alguma inconformidade, deve efetuar uma
«intervenção farmacêutica» para que a situação possa ser resolvida e não resulte num resultado
negativo da medicação (RNM).
Todas as intervenções farmacêuticas devem ser registadas, bem como o resultado dessas
intervenções, para que possam ser analisadas pelos Cuidados Farmacêuticos e, em conjunto com
outros estudos, possam ser elaborados pareceres técnicos sobre a utilização de medicamentos
destinados a promover o uso racional dos mesmos. 44
Relatório de Estágio
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2ª PARTE
A ampla atividade do Farmacêutico hospitalar obriga-o a ter uma postura muito ativa
perante a população e os diversos problemas/desafios que diariamente lhe são colocados. Desde o
contacto com o doente na distribuição em ambulatório, passando pela preparação e distribuição de
medicamentos, onde muitas vezes conversam com os outros profissionais de saúde de forma a
chegar ao melhor tratamento para o doente, até ao trabalho mais burocrático da profissão em que
estão incluídas as várias «comissões técnicas» do hospital, muitas são as responsabilidades do
farmacêutico.
Neste âmbito, durante o nosso estágio no CHP, para além da passagem por todos os
serviços e enquadramento nos mesmos, propusemo-nos a desenvolver alguns trabalhos no âmbito
da atividade profissional e, por outro lado, também nos foi possibilitado ter uma participação mais
ativa. Assim, elaboramos panfletos contendo informações mais relevantes e resumidas sobre
algumas das patologias, para as quais existe dispensa de medicação em ambulatório, participamos
em duas formações internas no CHP, participamos no XVI congresso anual da Associação
Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica e elaboramos uma tabela de estabilidade de produtos
citotóxicos para a UFO.
1. Panfletos Informativos
A proposta para elaborarmos este trabalho surgiu quando passamos no setor da distribuição
de ambulatório, em que nos deparamos com uma realidade diferente para todos nós. Na maioria
dos dias são atendidas mais de duzentas pessoas nesta unidade, não havendo, por vezes, tempo para
ser realizado um atendimento tão personalizado e esclarecedor como seria ideal. A “obrigação” de
prestação de informações ao doente sobre o uso racional do medicamento e a sua responsabilidade
pelo bom uso deste torna-se fulcral, bem como esclarecimento de dúvidas não só da medicação
mas, muitas vezes, da própria patologia em si.
A nossa ideia foi criar algo dirigido para o doente, que está na sala de espera do
ambulatório à espera da sua vez de ser atendido, podendo colmatar a falta de informação que por
vezes não existe tempo para ser dada. Assim, criámos cinco panfletos (anexo 16) - Hepatite B e C,
Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), Esclerose Múltipla e Paramiloidose- em que de forma
geral, estruturamos falando um pouco sobre a doença, transmissão, sinais/sintomas, diagnóstico e
tratamento, bem como incentivando à adesão dos doentes à terapêutica, uma vez que, este é um
ponto-chave para o sucesso de qualquer tratamento e sobre o qual nos devemos debruçar.
No ambulatório há a dispensa de medicamentos com um custo muito elevado, que
merecem ser utilizados com rigor, tendo o FH a consciência de ser o último elo de ligação com o
Relatório de Estágio
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doente no seu esquema terapêutico. Por esta razão, garantir a efetividade/adesão ao tratamento é
fundamental em todo o processo.
2. Tabela de Estabilidade de Produtos Citotóxicos
Aquando da nossa presença na UFO foi-nos proposto que elaborássemos uma tabela de
estabilidade dos medicamentos visto que a tabela que existia sobre o assunto já estava
desatualizada e encontravam-se muitos fármacos em falta que entretanto tinham aparecido após a
elaboração da tabela antiga.
O objetivo principal desta tabela foi facilitar o acesso à informação sobre a estabilidade dos
medicamentos, permitindo assim aceder a esses dados sem ser necessário o abandono da sala
branca o que implicava a remoção de todo o equipamento de protecção e o próprio
comprometimento das condições asséticas da sala. A informação sobre a estabilidade dos
medicamentos revela-se muito importante em diversas situações, como por exemplo nos casos em
que se necessita de armazenar os medicamentos que foram utilizados na preparação de citotóxicos
mas que fica por utilizar uma quantidade substancial.
A tabela elaborada continha os seguintes campos: o solvente em que deveria ser
reconstituída, tempo de estabilidade, proteção da luz e a temperatura a que devia ser armazenado
como é possível verificar no anexo 17. Para a elaboração foi necessário retirar um inventário de
todos os produtos que se encontravam no armazém correspondente a UFO, com especial interesse
no laboratório em que eram produzidos porque a estabilidade poderia diferir entre laboratórios.
3. Formações Internas no CHP
3.1 Formação sobre material de pensos e limpeza de feridas
Durante o estágio hospitalar, no dia 18 de março, participamos numa ação de formação
sobre material de penso e limpeza de feridas. A ação de formação foi organizada pela Diretora dos
SF, Dra. Patrocínia Rocha, bem como pela responsável dos Cuidados Farmacêuticos, Dra. Teresa
Cunha, e foi direcionada para os farmacêuticos e TDT.
O objetivo desta palestra foi a consciencialização da importância da dispensa correta dos
pensos e do material de desinfeção de feridas de acordo com a situação do doente, ou seja, de
acordo com a situação clínica do doente dispensar apenas o que é necessário, de maneira a garantir
eficácia e segurança da terapêutica, e também a correta gestão dos recursos não gastando mais do
que realmente é necessário. Este último ponto foi particularmente focado, foi-nos dado a conhecer
o preço dos produtos de penso, do material de desinfeção e a importância da sua eficiente gestão,
uma vez que, grande parte do material de penso e limpeza de feridas que é dispensado para os
Relatório de Estágio
21 | Página
serviços não é o adequado para o doente e, muitas vezes é desperdiçado ou mal utilizados o que
contribui para o aumento da despesa hospitalar.
Em suma, esta formação relevou-se de grande importância porque permitiu adquirir
conhecimentos mais práticos relativamente a uma área que pouco ou nada sabemos e que não só
nos traz mais-valias em farmácia hospitalar como também em farmácia comunitária permitindo um
aconselhamento mais personalizado e adequado às exigências dos doentes. No entanto, deviam
também estar presentes médicos e enfermeiros, dado que, são os profissionais de saúde que
efetivamente requerem este material para os serviços, que os utilizam e a racionalização destes
produtos não deve ser só da responsabilidade do farmacêutico mas sim do grupo pluridisciplinar de
profissionais de saúde.
3.2 Boas práticas de manipulação de medicamentos para segurança terapêutica
No dia 23 de Abril, realizou-se uma palestra sobre «Boas Práticas na Segurança do
Medicamento para a Segurança da Terapêutica» na qual nós podemos assistir.
A formação foi organizada pelos SF e da equipa de oradores faziam parte os seguintes
farmacêuticos: a Dra. Teresa Almeida que abordou os erros mais comuns durante todo o processo
do circuito do medicamento, tanto no armazenamento, na prescrição, na validação, bem como na
dispensa e administração do medicamento; a Dra. Ana Cristina Matos que destacou a importância
dos cuidados farmacêuticos essencialmente no que diz respeito à identificação dos problemas
relacionados com os medicamentos; a Dra. Bárbara Santos que recordou a importância da
manipulação correta e cuidadosa dos medicamentos citotóxicos, dos problemas associados à
exposição ocupacional e como minimizar os riscos e a relevância da comunicação multidisciplinar
entre profissionais de saúde que permitem um melhor rastreamento dos medicamentos bem como a
diminuição de erros associados à administração; por último, a Dra. Patrocínia Rocha realçou os
cuidados necessários a ter para evitar interações medicamentosas em que abordou algumas das
situações mais comuns a nível hospitalar.
O público-alvo da formação eram os diversos profissionais de saúde, médicos, enfermeiros,
farmacêuticos e TDT.
Sucintamente, a formação incidiu nos seguintes tópicos: erros mais comuns durante o
circuito do medicamento associados a dose incorreta do fármaco, forma farmacêutica
desnecessária, utilização de abreviaturas que podem induzir em erros, via de administração
incorreta, interações medicamentosas e interacções com alimentos que podem conduzir a ineficácia
da terapêutica ou a reações adversas graves; problemas do sistema informático que podem conduzir
a problemas a nível da prescrição, validação ou registo da distribuição dos medicamentos; a falta de
comunicação ao longo de todo o processo de movimentação do fármaco mereceu especial atenção
uma vez que pode contribuir para falhas no processo seguinte; por fim, a identificação dos
Relatório de Estágio
22 | Página
problemas relacionados com o medicamento seguindo uma fluxograma instruídas no HGSA de
maneira a chegar à conclusão se o fármaco é realmente seguro para ser utilizado.
4. Congresso anual da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica
Durante os dias 28 e 29 de Abril decorreu o XVI Congresso da Associação Portuguesa de
Nutrição Entérica e Parentérica no Norteshopping, nas salas dos cinemas Zon Lusomundo com a
temática «Desvios Nutricionais – a Epidemia do Século XXI»45
.
Neste congresso foi possível escolher entre 8 salas diferentes com diversos temas
relacionados com a nutrição bem com casos clínicos. No primeiro dia de congresso começamos por
assistir a uma sessão de «Nutrição Parentérica – Perspetiva do Farmacêutico», na qual fomos
informados sobre a importância e os cuidados a ter no controlo microbiológico da sala de
preparação, controlos na aditivação e uma visão do ambulatório do C.H.P relativo a nutrição
parentérica apresentado pela Drª. Cristina Soares, de realçar que os moderadores deste debate
foram a Drª Paulina Aguiar e o Dr. Gustavo Dias do C.H.P.
De seguida assistimos a outra palestra sobre o tema «Nutrição em contexto comunitário»
em que várias enfermeiras falaram sobre a importância da boa nutrição e de conselhos gerais a dar
a comunidade.
Na parte da tarde decidimos assistir a casos clínicos relacionados com a nutrição e, por
último assistiu-se a uma sessão sobre os produtos de nutrição artificial existentes no mercado
nacional, tanto na nutrição entérica como parentérica.
Relativamente ao segundo dia iniciamos com o problema existente nos atletas de alta
competição, o «overtraining» que consiste no declínio de performance devido a principalmente ao
excesso de treino, entre outros fatores.
Posteriormente, assistimos a uma conferência sobre a nutrição em situações especiais como
por exemplo em transplantados ou em doentes com VIH e, no final do dia participamos na sessão
sobre a nutrição clínica e a perspetiva farmacêutica e a intervenção farmacêutica na nutrição
parentérica.
Este congresso foi importante a nível de uniformização de conhecimentos entre os diversos
profissionais de saúde para uma melhoria nos cuidados de saúde.
Relatório de Estágio
23 | Página
Referências Bibliográficas
1- Centro Hospitalar Porto: História. Acessível em: http://www.chporto.pt/ [acedido em 23 abril de
2014].
2- Decreto-Lei n.º 30/2011, de 2 de março de 2011 – Funde várias unidades de saúde e cria o
Centro Hospitalar de São João, E. P. E., o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E. P.
E., o Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E. P. E., o Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E. P. E., e
o Centro Hospitalar de Leiria-Pombal, E. P. E., e altera o Centro Hospitalar do Porto, E. P. E.
3- Decreto-Lei n.º 44/204, de 2 de fevereiro de 1962 – Regulamento Geral da Farmácia Hospitalar.
4- Decreto-lei nº 97/95, de 10 de maio - Regula as comissões de ética para a saúde.
5- Coelho R, Pereira M, Teixeira A, et al. (2006) Formulário Hospitalar Nacional de
Medicamentos. 9ª edição
6- Despacho n.º 1083/2004, de 1 de dezembro de 2003 - Regulamenta as comissões de farmácia e
de terapêutica dos hospitais do setor público administrativo (SPA) integrados na rede de
prestação de cuidados de saúde referidos na alínea a) do nº. 1 do artigo 2º. do regime jurídico da
gestão hospitalar, aprovado pela Lei n.º27/2002, de 8 de novembro.
7- Decreto-Lei n.º176/2006, de 30 de agosto – Estatuto do Medicamento.
8- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.007/2 – Receção e Armazenamento de Medicamentos – Hospital de Santo
António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E
9- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.063/0 – Elaboração de listagem para verificação e controlo dos prazos de
validade dos medicamentos/produtos farmacêuticos – Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto E.P.E.
10- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.064/0 – Solicitação de Empréstimos de medicamentos/produtos farmacêuticos
– Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
11- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.065/0 –Cedência de Empréstimos de medicamentos/produtos farmacêuticos–
Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
12- CareFusion: Pyxis MedStation® System. Acessível em: http://www.carefusion.com/ [acedido
em 22 de abril de 2014].
13- Conselho Executivo da Farmácia Hospitalar (2005). Manual da Farmácia Hospitalar.
Ministério da Saúde.
14- Decreto-Lei nº 206/2000, de 1 de setembro - Regime jurídico de dispensa de medicamentos
pela farmácia hospitalar. Diário da República.
Relatório de Estágio
24 | Página
15- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.022/0- Venda de Medicamentos - Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
16- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.053/0- Validação e Monitorização da Prescrição médica do Ambulatório-
Hospital Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
17- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.054/0- Orientações para a Dispensa de Medicamentos na Farmácia de
Ambulatório- Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
18- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.023/0- Devolução de Medicamentos- Hospital Santo António – Centro
Hospitalar do Porto E.P.E.
19- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.102/0 – Validação e monitorização da prescrição Médica: DID – Hospital de
Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E
20- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho– Gestão
de Faltas de Medicação e Prescrições Urgentes Hospital de Santo António – Hospital de
Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E
21- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.105/0 – Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose
Unitária – Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E
22- Portaria n.º 981/98, de 8 de junho - Execução das medidas de controlo de estupefacientes e
psicotrópicos.
23- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.021/0- Dispensa de Hemoderivados- Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
24- Lei nº 46/2004, de 19 de agosto - Regime Jurídico Aplicável à Realização de Ensaios Clínicos
com Medicamentos de Uso Humano.
25- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Manual dos Serviços
Farmacêuticos MA.SFAR.GER.003/0 – Ensaios clínicos – Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
26- Barbosa M (Janeiro 2009). Importância da Preparação de Medicamento em Farmácia
Hospitalar. In: Barbosa Maurício, 26 de Janeiro 2009, Seminário Temático - Preparação de
Medicamentos em Meio Hospitalar: Modelos de Boa Gestão e Impactos da Inovação
Tecnológica, Lisboa
27- Decreto-Lei nº 90/2004, de 20 de abril - Regime jurídico da Autorização de Introdução no
Mercado, fabrico, comercialização e comparticipação de medicamentos de uso humano.
Relatório de Estágio
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28- Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de abril - Regime jurídico da prescrição e preparação de
medicamentos manipulados.
29- Portaria nº 594/2004, de 2 de junho - Boas práticas a observar na preparação de medicamentos
manipulados em farmácia de oficina e hospitalar.
30- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Manual dos Serviços
Farmacêuticos - Manual de Preparação e Distribuição de Citotóxicos- Hospital de Santo
António - Centro Hospitalar do Porto E. P. E. Maio 2004.
31- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.027/0 – Manipulação de Citotóxicos- Hospital de Santo António - Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
32- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.034/1- Derrame/Acidente com Citotóxicos - Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
33- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.029/0- Validação e Monitorização da Prescrição de Citotóxicos em CFLv -
Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
34- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.116/0 – - Identificação e Atribuição de Lotes aos Medicamentos Fraccionados
e/ou Reembalados – Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E
35- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.086/0 – Fracionamento de Medicamentos – Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto E.P.E
36- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.084/0- Ordem de Preparação de Manipulados Não Estéreis- Hospital de Santo
António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
37- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.101/0- Rotulagem de Não Estéreis- Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
38- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.046/0- Manipulação de Estéreis: Técnica Assética- Hospital de Santo António
– Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
39- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.058/0- Validação e Monitorização da Prescrição de Nutrição Parentérica-
Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
40- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.045/0- Preparação de Nutrição Parentérica- Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
Relatório de Estágio
26 | Página
41- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.037/0- Embalamento de Bolsas e Seringas para Nutrição Parentérica-
Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
42- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.031/0 – Identificação e Resolução de PRMs – Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto E.P.E
43- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.030/0 – Identificação e notificação de interações entre medicamentos –
Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E
44- Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.044/0 – Estudo de utilização de medicamentos – Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto E.P.E
45- Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica: Programa do congresso. Acessível
em http:// www.apnep.pt/ [acedido a 30 de abril de 2014]
46- Figura 1 – Serviços Técnicos de Informática: Soluções. Acessível em http:// http://www.sti.pt
[acedido a 22 de abril de 2014]
47- Anexo 2 - http://www.chporto.pt/pdf/2014/organogramaCHP2014.pdf [acedido a 21 de abril
de 2014]
i | Página
ANEXOS
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Anexo 1: Cronograma das atividades desenvolvidas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Março
Vito e Mariana
Apresentação
Armazém
Ambulatório
Produção/UFO
Tiago e Tânia
Ambulatório
Ensaios Clínicos
DID
Marina
Produção
DID
Armazém
Abril
Vito e Mariana DID
UFO/Produção
Ensaios Clínicos
Relatório Congresso
APNEP
Tiago e Tânia UFO/produção
Armazém
Produção/UFO
Relatório
Marina Ambulatório
Ensaios Clínicos
Relatório
UFO
iii | Página
Anexo 2: Estrutura do Centro Hospitalar do Porto47
iv | Página
Anexo 3: Organização e estrutura dos Serviços Farmacêuticos
v | Página
Anexo 4: Organização espacial do APF
vi | Página
Anexo 5: Sala de Ambulatório (zona de atendimento e gavetas de medicação, respectivamente)
Anexo 6: Prescrição eletrónica do HGS
vii | Página
Anexo 7: Carro de malas de aviamento para os serviços
Anexo 8: SUCS
viii | Página
Anexo 9: Modelo de requisição de psicotrópicos e estupefacientes
Anexo 11: Modelo de prescrição de anti-infeciosos
Anexo 10: Modelo de prescrição de hemoderivados
ix | Página
Anexo 12: Layout da sala de armazenamento de medicamentos de Ensaio Clínico
Anexo 13: Gabinete de trabalho da unidade de Ensaios Clínico
x | Página
A B
C
Anexo 14: Diferentes zonas na área de produção de citotóxicos (A- Zona Negra; B- Zona Cinza; C-Zona
Branca)
Anexo 15: Diferentes zonas da unidade de preparação de Estéreis (A- Zona Negra; B- Zona Cinza; C-
Zona Branca)
xi | Página
Anexo 16: Panfletos informativos
xii | Página
xiii | Página
xiv | Página
xv | Página
xvi | Página
Anexo 17: Tabela de Estabilidade da UFO
Solvente (vol.)
Tempo de
estabilidade Prot. Luz Temperatura
5 – Fluorouracilo
(Sandoz) Sol. Pronta 24 horas
Ambiente
Alemtuzumab inj.
30mg/1ml (Genzyme
antigamente Bayer)
Sol. Pronta (IV) ---
Alemtuzumab
MABCAMPATH® Sol. Pronta (S.C) 48 horas
Azacitidina
(Celgene)
Pó para suspensão
injetável
(4 ml de água
esterilizada)
8 horas
45 minutos
Ambiente
BCG inj. 81mg
I.Vesical
Pó para suspensão
injetável
(Rolar para
reconstituir)
2 horas
Bevacizumab
Avastin®
100mg/ 4ml
400mg/ 16ml
Sol. Pronta 48 horas
Bleomicina Teva® Reconstituir em
NaCl 0,9%
24 horas
Ambiente
10 dias
Bortezomib Velcade® NaCl 0,9% 8 horas
Ambiente
(25ºC)
Brentuximab
Adcetris®
Pó para solução
para perfusão.
24 horas
Carboplatina Teva® Sol. Pronta 24 horas
Cetuximab
ERBITUX® Sol. Pronta 24 horas
xvii | Página
Ciclofosfamida
(1000mg/ 50ml)
ENDOXAM®
NaCL 0,9%
H20
Glucose
24 horas
Cisplatina Solução pronta 28 dias
20°-25°C
Não refrigerar
Citarabina Solução pronta 24h
Citarabina IT
NaCl 0,9%
100mg : 5mL
4h
Ambiente
Cladribina Solução pronta 24h
Dacarbazina
Água para
preparações
injectáveis
200mg:19,7mL
600mg:59,1mL
24h
Dactinomicina
500mcg 1.1 mL água ppi 24h
Ambiente
Daunorrubicina
20mg 4mL água ppi 24h
Ambiente
Denosumab Solução pronta 4h
Docetaxel Solvente próprio
Repouso 5’ 24h
≤25°C
Doxorrubicina
(Teva)
Sol. Pronta
48h
24h
Ambiente
Doxorubicin
Pegylated Liposomal
20 mg/10 ml
50 mg/25 ml
106
(Schering)
Sol. Pronta 24h
xviii | Página
Eculizumab
SOLIRIS®
Sol. de cloreto de
sódio 24h
Epirrubicina
pfizer®
Sol. Pronta
48h
24h
Ambiente
Etoposido
BMS® Sol. Pronta 24h
Ambiente
Filgastrim
NEUPOGEN®
Solução de
glucose a 5% 24h
Fludarabina
TEVA®
Sol. Pronta
48h
24h
Ambiente
Fosaprepitan
IVEMEND®
Sol. de cloreto de
sódio ---
Fulvestrant
FASLODEX® Sol. Pronta ---
Gemcitabina
HOSPIRA® Solução salina
48h
Ambiente
Goserrelina
ZOLADEX® Sol. Pronta
Ambiente
Idarrubicina
Pfizer®
Água para
injetáveis
48h
24h
Ambiente
Idursulfase
ELAPRASE®
Sol. de cloreto de
sódio
24h
8h
Ambiente
xix | Página
Ifosfamida
BAXTER®
Agua para
injetáveis
72h
24h
Ambiente
Imiglucerase
CEREZYME®
Sol. de cloreto de
sódio 24h
Infliximab
REMICADE®
Pó para solução
para perfusão
(reconstituído com
água ppi)
24h
Irinotecano inj.
20mg/ml
40mg/2ml
Sol. Pronta 48h
Irinotecano inj.
20mg/ml
100mg/5ml
Sol. Pronta 48h
Irinotecano inj.
20mg/ml
500mg/25ml
Sol. Pronta 48h
Laronidase inj.
500UI/5ml
(Aldurazyme®)
Sol. Pronta
(Posterior diluição
com Cloreto de
Sódio 0,9%)
24h
Leuprorrelina inj.
45mg SC
(Eligard)
Pó e solvente para
solução injetável
(Seringa A +
Seringa B)
Administra
ção
imediata
Levofolinato de
Cálcio inj.
175mg/17,5ml
(Isovorin®)
Pó para solução
para perfusão 24h
Metilprednisolona
1000mg (15,6ml)
Pó e solvente para
solução injetável 48h
Ambiente
Metilprednisolona
125mg (2ml)
Pó e solvente para
solução injetável 48h
Ambiente
Metilprednisolona
500mg (7,8ml)
Pó e solvente para
solução injetável 48h
Ambiente
Metotrexato inj.
100mg/ml
(1000mg/10ml)
Sol. Pronta 24h
xx | Página
Metotrexato inj.
100mg/ml
(5000mg/50ml)
(FAULDEXATO®)
Sol. Pronta 24h
Mitomicina inj. Ext.
10 mg
Pó para solução
injetável
(reconstituído com
água ppi, soro
fisiológico ou
dextrose a 20%)
24h
Ambiente Mitomicina inj. Ext.
40 mg
Mitoxantrona inj.
2mg/ml (20mg/10ml)
(BAXTER®)
Sol. Pronta 7 dias
Ambiente
Natalizumab inj.
300mg/15ml
Concentrado para
solução para
perfusão
8h
Octreotide inj. Lib.
Mod.
SANDOSTATINA
LAR®
Microsferas para
suspensão
injectável IM
(2mL de solvente
apropriado)
4h
Ambiente
Ondansetrom inj.
8mg/4mL
Sol. Pronta (IM ou
IV) ---
Ambiente
Oxaliplatina
ELOXATIM®
Concentrado para
perfusão para
solução
24h (após
diluição)
Paclitaxel
Concentrado para
perfusão para
solução
27h (após
diluição
numa sol.
Cloreto
Sódio 0,9%
ou sol.
glucose
5%)
Ambiente
24h (após
diluição em
mistura de
cloreto de
sódio 0,9%
e sol.
Glucose
5% ou
solução de
Ringer
contendo
glucose
5%)
Ambiente
xxi | Página
Pamidronato de sódio
PAMIDRAN®
Concentrado para
perfusão para
solução
24 horas
Panitumumab
VECTIBIX®
Concentrado para
perfusão para
solução
24 horas
Pegfilgrastim
NEULASTA® Sol. Pronta (srg) ---
Pemetrexedo
ALIMTA®
Reconstituir com
Cloreto de Sódio
0,9%
24 horas
Prednisolona Inj. Reconstituída com
água ppi 24h
Rituximab
MABTHERA®
Concentrado para
solução para
perfusão
24h
Rimoplostim
NPLATE®
Reconstituído em
água ppi 24h
Tocilizumab
ROACTEMRA®
Concentrado para
solução para
perfusão
24h
Topotecano
Concentrado para
solução para
perfusão
24h
Trabectedina
YONDELIS®
Concentrado para
solução para
perfusão
24h
Trastuzumab
HERCEPTIN®
Reconstituído com
água ppi 48h
Triptorrelina
DECAPEPTYL LP®
Reconstituído com
água ppi 24h
Vinblastina
SOLBASTIN® Sol. Pronta ---
xxii | Página