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Relatório de Estágio Profissionalizante Farmácia Moreira Padrão, Trofa II Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas Relatório de Estágio Profissionalizante Farmácia Moreira Padrão janeiro de 2016 a julho de 2016 Ana Catarina Couto Reis Areal Orientadora : Dra. Maria Júlia Moreira Padrão ______________________________________ Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Vasconcelos ______________________________________ setembro de 2016

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Relatório  de  Estágio  Profissionalizante    Farmácia  Moreira  Padrão,  Trofa  

II

 

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Moreira Padrão

janeiro de 2016 a julho de 2016

Ana Catarina Couto Reis Areal

Orientadora : Dra. Maria Júlia Moreira Padrão

______________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Vasconcelos

______________________________________

setembro de 2016

 

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III

Declaração de Integridade

Eu, Ana Catarina Couto Reis Areal, abaixo assinado, nº __________, aluno do Mestrado Integrado em

Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com

absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão,

assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases

que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com

novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ______________ de ______

Assinatura: ______________________________________

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IV

Agradecimentos

Quero agradecer primeiramente à Dra. Maria Júlia Padrão pela amabilidade com que me recebeu

na Farmácia Moreira Padrão e por toda a disponibilidade demonstrada na transmissão de todos os

conhecimentos essenciais à minha formação que foram, indubitavelmente, uma mais valia na minha vida

profissional.

A todos os membros da equipa um muito obrigada pois sempre se mostraram dispostos a ajudar-

me e a esclarecer todas as minhas dúvidas, o que contribuiu significativamente para a minha adaptação à

realidade profissional, contribuindo para que esta experiência se tornasse um desafio extremamente

enriquecedor e compensador.

Queria também agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e à minha tutora,

Professora Doutora Helena Vasconcelos, por sempre se ter prontificado a ajudar-me.

Por fim, agradeço à minha família e ao David pela compreensão, apoio e carinho nesta

importante etapa da minha vida.

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V

Resumo

Para a conclusão do curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto realizei um estágio profissionalizante em farmácia comunitária com

duração de seis meses. O estágio em questão decorreu na Farmácia Moreira Padrão, na Trofa, de 11 de

janeiro a 10 de julho de 2016, sob a orientação da Dra. Maria Júlia Moreira Padrão.

O estágio em farmácia comunitária foi para mim a etapa mais aguardada durante todo o curso.

Este estágio profissionalizante possibilitou-me um contacto direto com a realidade do mundo profissional

e com o funcionamento de uma farmácia e, ao mesmo tempo, permitiu-me consolidar os conhecimentos

adquiridos ao longo de todo o curso junto de profissionais com experiência na área que me foram

proporcionando uma aprendizagem constante. Foram seis meses muito intensos com experiências novas

que me permitiram desevolver competências pessoais na promoção do bem estar e na dispensa do

medicamento.

Desta forma, pretendo com este relatório descrever a prática farmacêutica diária e relatar de

forma sucinta todas as atividades que desenvolvi.

Este relatório encontra-se dividido em duas partes, sendo que a primeira corresponde à descrição

detalhada do estágio, ou seja, de todo o funcionamento da farmácia, do que aprendi e das atividades que

desempenhei. A segunda parte corresponde ao desenvolvimento científico de temas que me suscitaram

interesse durante este período de estágio e que me levaram a uma pesquisa mais profunda para prestar

aconselhamentos mais ricos e personalizados.

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VI

Lista de abreviaturas

BPF Boas Práticas de Farmácia

BPO Peróxido de Benzoílo

DHT Dihidrotestosterona

FEFO First Expired, First Out

FF Forma Farmacêutica

FMP Farmácia Moreira Padrão

GH Grupo Homogéneo

HDL Lipoproteínas de alta densidade

HTA Hipertensão Arterial  

INFARMED Autoridade Nacional de Medicamentos e Produtos de Saúde, I.P.

IVA Imposto de Valor Acrescentado

LDL Lipoproteínas de baixa densidade

MM Medicamento Manipulado

MNSRM Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

PV Prazo de Validade

PVP Preço de Venda ao Público

SNS Sistema Nacional de Saúde

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VII

Índice

Parte I – Descrição do estágio

1- Organização da farmácia

1.1. Espaço físico, funcional e exterior ................................................................................. 1

1.2. Espaço interior ............................................................................................................... 1

1.3. Composição e função dos recursos humanos ................................................................ 2

1.4. Enquadramento socioeconómico ................................................................................... 3

2- Fontes de informação .......................................................................................................... 3

3- Medicamentos e outros produtos existentes na farmácia

3.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória ............................................... 4

3.2. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica ........................................................... 4

3.3. Produtos cosméticos e higiene corporal ......................................................................... 5

3.4. Medicamentos homeopáticos ......................................................................................... 5

3.5. Produtos fitoterapêuticos e suplementos alimentares .................................................... 6

3.6. Produtos para alimentação especial e produtos dietéticos ............................................. 6

3.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário ................................................................. 6

3.8. Dispositivos médicos ..................................................................................................... 7

4. Gestão de stocks

4.1. Fornecedores e normas legais de aquisição ................................................................... 7

5. Encomendas e aprovisionamento.......................................................................................... 8

5.1 Realização de encomendas ............................................................................................. 8

5.2. Receção e conferência de encomendas .......................................................................... 9

5.3. Marcação de preços ....................................................................................................... 9

5.4. Armazenamento de produtos ......................................................................................... 10

5.5. Controlo de prazos de validade ...................................................................................... 11

5.6. Gestão de devoluções ..................................................................................................... 11

6. Atendimento ao público

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VIII

6.1. Prescrição médica e validação de receitas ..................................................................... 12

6.2. Interpretação e avaliação farmacêutica da prescrição médica ....................................... 13

6.3. Dispensa de medicamentos ............................................................................................ 14

6.4. Dispensa e controlo de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ........................ 15

6.5. Medicamentos genéricos e preços de referência ........................................................... 15

6.6. Comparticipação de medicamentos ............................................................................... 16

6.7. Direito de opção do utente ............................................................................................. 17

6.8. Aconselhamento farmacêutico ....................................................................................... 17

6.9. Implementação da nova receita electrónica ................................................................... 17

7. Conferência de receituário e faturação ................................................................................ 18

8. Medicamentos manipulados ................................................................................................. 18

9. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia ................................................................. 20

10. Formações .......................................................................................................................... 21

Parte II – Trabalhos desenvolvidos

1. A acne – Etiopatogenia e Tratamento

I. Contextualização e objetivos ............................................................................................ 22

II. Acne ................................................................................................................................. 22

III. Epidemiologia ................................................................................................................. 23

IV. Etiologia .......................................................................................................................... 23

V. Diagnóstico da acne ......................................................................................................... 24

VI. Patogénese ...................................................................................................................... 24

VII. Manifestações clínicas ................................................................................................... 26

VIII. Tratamento ................................................................................................................... 28

IX. Impacto psico-social da acne .......................................................................................... 33

X. Caso prático...................................................................................................................... 33

2. Colesterol - uma breve abordagem

I. Contextualização ............................................................................................................... 34

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IX

II. Incidência ......................................................................................................................... 34

III. Colesterol ........................................................................................................................ 35

IV. Principais tipos de colesterol .......................................................................................... 35

V. Fatores que afetam os níveis de colesterol ....................................................................... 36

VI. Valores de colesterol recomendáveis .............................................................................. 36

VII. Tratamento não farmacológico e farmacológico ......................................................... 36

VIII. Rastreio ao colesterol total ........................................................................................... 37

3. Hipertensão Arterial – fundamentos básicos

I. Epidemiologia .................................................................................................................... 38

II. Hipertensão arterial – aplicação na farmácia comunitária ............................................... 39

III. Fisiopatologia .................................................................................................................. 39

IV. Fatores de risco e prevenção da doença cardiovascular.................................................. 40

V. Tratamento da hipertensão arterial.................................................................................... 40

4. Diabetes – a pensar nos utentes da FMP............................................................................... 41

5. Piolhos – da prevenção ao tratamento – guia prático .......................................................... 41

6. Suplementos vitamínicos...................................................................................................... 41

Conclusão.................................................................................................................................. 42

Referências bibliográficas........................................................................................................ 43

Anexos...................................................................................................................................... 48

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X

Índice de Anexos

Anexo 1: Fachada da Farmácia Moreira Padrão.................................................................... 48

Anexo 2: Área de atendimento ao público da Farmácia Moreira Padrão.............................. 48

Anexo 3: Montra realizada..................................................................................................... 48

Anexo 4: Panfleto colesterol.................................................................................................. 49

Anexo 5: Panfleto diabetes.................................................................................................... 50

Anexo 6: Piolhos – da prevenção ao tratamento................................................................... 51

Anexo 7: Suplementos alimentares........................................................................................ 53

Anexo 8: Cronograma das atividades desenvolvidas ao longo do estágio............................ 54

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XI

Índice de tabelas

Tabela 1................................................................................................................................. 39

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XII

Índice de Figuras

Figura 1.................................................................................................................................. 22

Figura 2.................................................................................................................................. 37

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Parte I – Descrição do estágio

1- Organização da farmácia 1.1 Espaço físico, funcional e exterior

A Farmácia Moreira Padrão (FMP) localiza-se no coração do conselho da Trofa, na rua D.

Pedro V, e situa-se no rés-do-chão de um edifício de habitação.

Quanto ao espaço exterior, o edifício apresenta duas cruzes, uma cruz verde luminosa o

que permite a sua fácil identificação e uma outra cruz correspondente à cruz das Farmácias

Portuguesas. A sua fachada é composta por uma montra de vidro na qual são publicitados os

produtos de venda livre e também uma porta de vidro onde estão implícitas algumas das

informações obrigatórias de acordo com as “Boas Práticas de Farmácia” (BPF) [1] sendo essas

informações:

• Horário de atendimento: semanalmente das 9 às 20h e sábados das 9 às 13h

• Identificação da Directora Técnica

• Contacto telefónico

• Testes/rastreios realizados (glicemia, colesterol, controlo do peso e altura e tensão arterial)

1.2 Espaço interior

O Artigo 29 do Decreto-lei nº 307/2007, de 31 de agosto, invoca sobre diversos requisitos

quanto ao espaço físico e equipamentos em vigor. No entanto, a Farmácia Moreira Padrão existe há

mais de meio século, pelo que a sua construção não teve por base a referida normativa legal, mas

sim a que se encontrava em vigor aquando da sua construção. A farmácia encontra-se dividida

pelas seguintes áreas:

Área de atendimento ao público: Após a entrada na FMP podemos encontrar um espaço •

luminoso, agradável e que transmite harmonia. Trata-se de um espaço amplo onde existem

quatro postos de atendimento ao público, todos eles informatizados e dispostos de forma

linear e frontal. Na parte anterior aos postos de atendimento são visíveis várias prateleiras

de vidro onde são expostos produtos de venda livre e de índole sazonal. Ainda na parte

anterior aos postos de atendimento, são acondicionados, em gavetas, os medicamentos

sujeitos ou não a receita médica cuja rotação é acrescida durante todo o ano. Nas zonas

laterais da farmácia existem lineares identificados com a natureza dos diversos produtos,

como os de puericultura e várias linhas de cosmética. É ainda possível visualizar neste

mesmo espaço uma balança e um expositor onde são colocadas todos os panfletos/revistas

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sobre temas variados tanto na área da saúde pública como do medicamento, cujas

informações podem completar o aconselhamento e informação farmacêutica.

Gabinete de determinação de parâmetros: Trata-se de um espaço reservado, limpo e de •

fácil acesso a qualquer utente que visa apoiar todos aqueles que solicitem prestação que

algum serviço e ainda prestar um atendimento mais reservado e confidencial sempre que

seja conveniente. Neste espaço são prestados os cuidados farmacêuticos direcionados ao

controlo de determinadas patologias. Diariamente determinam-se valores da glicemia,

colesterol total e triglicerídeos, sempre mediante avaliação farmacêutica, com

aconselhamento de cuidados primários que o utente deve prestar.

Área de armazenamento, receção e verificação de encomendas: Este espaço é de extrema •

importância, onde são realizadas inúmeras tarefas, sendo por isso fulcral que se mantenha a

sua organização para um bom funcionamento da farmácia. Esta área de armazenamento é

composta por uma série de gavetas metálicas onde os medicamentos se encontram

ordenados por ordem alfabética do nome comercial. Estas gavetas também se encontram

identificadas pelas diferentes formas farmacêuticas (FF), proporcionando uma localização

mais rápida do produto pretendido, aquando no atendimento. Quanto aos medicamentos

genéricos, estes encontram-se ordenados por ordem alfabética e pelo nome do laboratório,

o que facilita a sua dispensa e minimiza o risco de erros.

Zona de recolhimento (quarto): A zona de recolhimento é uma zona que se destina ao •

descanso noturno do funcionário durante uma noite de serviço permanente. Anexo a este

espaço encontra-se um frigorífico onde são armazenados os produtos que requerem

refrigeração (2 - 8ºC) para se manterem conservados.

Escritório: É a área onde se realizam todos os procedimentos relativos à •

administração/faturação da farmácia e onde se procede à verificação e organização do

receituário. Neste mesmo local também se encontra uma pequena biblioteca com toda a

bibliografia obrigatória e facultativa existente na farmácia. No escritório são arquivados

todos os documentos relativos a assuntos de administração e legislação farmacêutica.

Armazém: O armazém da FMP situa-se na cave da mesma. Este encontra-se dividido em •

dois espaços, sendo nele armazenados todos os produtos com stock maior, desde

medicamentos, produtos de dermofarmácia e cosmética, leites e papas para bebé e

respectivos produtos de puericultura, entre muitos outros produtos.

1.3 Composição e função dos recursos humanos

A FMP é composta por uma equipa de oito elementos com distintas funções: a diretora

técnica, a farmacêutica adjunta, o farmacêutico adjunto substituto, duas farmacêuticas, uma

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ajudante técnica, um assessor administrativo e uma funcionária de limpeza, estando cada um deles

devidamente identificados. Desta forma, estão asseguradas as normas relativas aos artigos 23º e 24º

do Decreto-lei nº 307/2007, de 31 de agosto. A Direcção Técnica da Farmácia está a cargo da Dr.ª

Maria Júlia Moreira Padrão. Um diretor técnico exerce um papel crucial, com inúmeras

responsabilidades discriminadas no artigo 21.º vigente no Decreto-lei nº 307/2007, de 31 de

agosto. Assim, de acordo com o referido decreto-lei, a direção técnica da farmácia deverá ser

assegurada, em permanência e exclusividade, por um farmacêutico diretor técnico. Porém, para o

caso da sua ausência, foi nomeada para o cargo de Farmacêutica Adjunta a Dr.ª Joana Fonseca e

como Farmacêutico Adjunto substituto o Dr. Luís Andrade. Desta forma, FMP está de acordo com

a legislação vigente.

1.4 Enquadramento socioeconómico

A FMP situa-se no centro da Trofa, destacando-se das demais farmácias do conselho,

devido à sua fácil acessibilidade tanto pedestre bem como pelos condutores de automóvel, uma vez

que se localiza à face da estrada nacional 104 permitindo a sua fácil visualização, sendo ainda um

local de grande movimento.

Os principais utentes da farmácia são clientes habituais que frequentam a FMP há muitos

anos, o que se torna vantajoso pois permite um acompanhamento farmacêutico destes por parte dos

profissionais da farmácia. A população idosa é a que recorre com mais afluência à FMP, contudo

esta também é frequentada por outras faixas etárias, com diferentes habilitações literárias e

diferente situação socioeconómica, sendo necessária uma adaptação de serviços e atendimento de

acordo com cada utente.

2- Fontes de informação

A arte farmacêutica é uma ciência em constante atualização onde não há lugar para a

inércia e estanquicidade de conhecimentos. Assim, é cada vez mais necessária uma incessante

procura pelo conhecimento devido ao ritmo vertiginoso do conhecimento na área da farmacologia.

Pela Deliberação 414/CD/2007, as farmácias comunitárias são obrigadas a possuir o

Prontuário Terapêutico e a Farmacopeia Portuguesa, em formato de papel ou eletrónico, que pode

ser online, desde que esteja disponível num sítio reconhecido pela Autoridade Nacional do

Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. (INFARMED) [2].

Em farmácia comunitária revela-se extremamente importante a existência de uma

biblioteca bem como a sua constante organização e atualização e, de acordo com as BPF “ o

farmacêutico deve dispor de fontes de informação sobre medicamentos” para que desta forma

consiga prestar um seviço de maior qualidade aos utentes.

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3- Medicamentos e outros produtos existentes na farmácia

3.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) são aqueles que só podem ser

dispensados na farmácia mediante apresentação da receita médica emitida por um médico.

De acordo com o Estatuto do Medicamento [3], estão sujeitos a receita médica todos os

medicamentos que:

possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo a)

quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados b)

com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou c)

reações adversas seja indispensável aprofundar;

se destinem a ser administrados por via parentérica. d)

Os MSRM são sujeitos a um preço de venda ao público (PVP) pré-definido e constituem o

maior volume de medicamentos dispensados na farmácia, sendo de extrema importância o ato

farmacêutico aquando da sua dispensa, nomeadamente na análise da prescrição médica, detetando

interações medicamentosas ou falhas médicas. O farmacêutico deve garantir o fornecimento ao

utente de toda a informação indispensável para a otimização da terapêutica, garantindo a segurança

e eficácia da mesma.

3.2. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica

Qualquer medicamento que não cumpra qualquer das condições referidas para os MSRM

pode ser classificado como medicamento não sujeito a receita médica (MNSRM) e pode, desta

forma, ser dispensado sem apresentação de uma prescrição médica. Contudo, estes medicamentos

requerem indicações terapêuticas que se incluem na lista de situações passíveis de automedicação

[4]. De acordo com o Artigo nº 115 implícito no Decreto de Lei 176/2006, de 30 de agosto, estes

medicamentos não são comparticipáveis salvo nos casos previstos na legislação que define o

regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos. De um modo geral, esta classe

de medicamentos destina-se à profilaxia e/ou tratamento de determinadas afeções ligeiras. Assim, é

da responsabilidade do farmacêutico informar, aconselhar e orientar o utente na seleção do

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MNSRM preferível para a situação concreta que procura solucionar, promovendo o uso racional do

medicamento e controlando o fenómeno de automedicação.

3.3. Produtos cosméticos e higiene corporal

Entende-se por produto cosmético “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta

em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas,

lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva

ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom

estado ou de corrigir os odores corporais”(Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto).

O Infarmed tem por missão regular e supervisionar o mercado de produtos cosméticos

segundo os mais elevados padrões de proteção da saúde pública, garantindo o acesso dos

profissionais de saúde e dos consumidores a produtos cosméticos de qualidade e seguros. Na FMP

existe uma vasta gama de produtos de cosmética sendo comercializadas linhas como a Avéne®,

Galénic®, Vichy®, La Roche Posay®, Uriage®, entre outras. Ao longo do meu estágio, pude assistir

a várias formações promovidas pelas diferentes marcas de produtos comercializados na farmácia, o

que me tornou mais apta a responder às necessidades de cada utente e a fazer aconselhamentos

mais personalizados e enriquecidos.

3.4. Medicamentos homeopáticos

Segundo o Decreto-Lei 176/2006 de 30 de agosto, um medicamento homeopático é um

medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas,

utilizando um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em

farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro. Este mesmo decreto-lei estabelece dois

procedimentos para a autorização de medicamentos homeopáticos:

- um processo de registo simplificado, para os medicamentos homeopáticos introduzidos

no mercado sem indicações terapêuticas e sob forma farmacêutica e dosagem que não apresentem

riscos para o doente;

- um regime idêntico ao dos restantes medicamentos de uso humano, para os

medicamentos homeopáticos comercializados com indicações terapêuticas, ou com uma

apresentação susceptível de apresentar riscos para o paciente, sem prejuízo das características

próprias a que devem obedecer os ensaios tóxico-farmacológicos e clínicos destes medicamentos.

A FMP não possui grande variedade de medicamentos homeopáticos, uma vez que estes

não são significativamente solicitados por parte dos utentes. Contudo, tive a experiência de

dispensar um Osciloccoccium®, dos laboratórios BOIRON, onde dei alguma informação técnica

sobre este tipo de medicação a uma senhora que se encontrava constipada e era contra as

substâncias químicas.

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3.5. Produtos fitoterapêuticos e suplementos alimentares

Os produtos fitoterapêuticos são produtos à base de plantas e são utilizados na profilaxia,

no tratamento de doenças ou no alívio dos sintomas, na sua maioria adjacentes a outra terapêutica.

Na FMP existe uma grande variedade de produtos naturais com grande procura por parte do utente

que acredita ser inócuo, contudo estes também possuem ações farmacológicas, o que pressupõe

contraindicações e efeitos adversos. Desta forma, uma vez mais, o farmacêutico assume um papel

fulcral na correta utilização destes produtos, devendo sempre fornecer todas as indicações para um

correto aconselhamento. Os produtos fitoterapêuticos são controlados de acordo com o descrito no

Estatuto do Medicamento.

Os suplementos alimentares são regulados pelo Decreto-lei nº 136/2003 de 28 de junho, e

são utilizados como um complemento ao regime alimentar para suprimir algumas carências, mas

nunca para substituir a dieta [5].

3.6. Produtos para alimentação especial e produtos dietéticos

Os produtos destinados a uma alimentação especial estão regulados pelo Decreto-lei nº

74/2010 de 21 de junho, e distinguem-se dos alimentos de uso corrente pela sua composição ou

processo especial de fabrico, tendo como objetivo alcançar um estado nutricional pretendido. Estes

produtos destinam-se a pessoas com perturbações metabólicas ou que se encontrem em condições

fisiológicas especiais, que necessitem de um controlo sobre as substâncias ingeridas e, também, a

latentes ou crianças jovens em bom estado de saúde [6].

Na FMP tive a oportunidade de contactar e vender alguns produtos como o FORTIMEL®

ou o FRESUBIN® especialmente formulados a pessoas com distúrbios metabólicos, mas também

outros produtos alimentares destinados a crianças e latentes de várias marcas como NUTRIBÉN®,

APTAMIL®, NOVALAC®, ENFALAC®, entre outros, que apresentam diversas gamas de forma a

abranger um maior número de necessidades da população.

3.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário

Os medicamentos e produtos destinados a uso veterinário têm legislação específica e são

regulados pelo Decreto-lei nº 184/97 de 26 de julho. De acordo com este documento, um

medicamento veterinário é um produto que possui propriedades no tratamento ou na prevenção de

doenças e da sua sintomatologia, destinado a animais [7]. Na FMP estes produtos estão

acondicionados num local específico, separados dos medicamentos de uso humano e a sua

identificação está facilitada pela menção no rótulo «USO VETERINÁRIO», impressa em fundo

verde, tal como regulamenta o mesmo Decreto-lei.

Ao longo do meu estágio verifiquei que os medicamentos de uso veterinário que tiveram

mais procura foram os antiparasitários e os anticoncecionais para cães e gatos.

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3.8. Dispositivos médicos

É estabelecido no Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de junho as regras a que devem

obedecer a investigação, o fabrico, a comercialização, a entrada em serviço, a vigilância e a

publicidade dos dispositivos médicos e respectivos acessórios.

Os dispositivos médicos são instrumentos de saúde destinados, especificamente pelo seu

fabricante, a serem utilizados como forma de prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença no ser

humano, sem que, para isso, se tenha que recorrer a ações farmacológicas, metabólicas ou

imunológicas [8]. Durante o meu estágio vendi diversos dispositivos médicos, como por exemplo:

material de penso, seringas, sondas de alimentação, sacos de ostomia, preservativos, meias de

compressão, entre outros.

4. Gestão de stocks

4.1. Fornecedores e normas legais de aquisição

A aquisição dos medicamentos e outros produtos pela farmácia pode ser feita através da

compra a distribuidores grossistas, que funcionam como intermediário entre a farmácia e a

indústria farmacêutica, ou pela compra direta a laboratórios ou seus representantes legais [9]. A

compra a armazenistas apresenta vantagens, como entregas rápidas, possibilidade de compra de

uma extensa variedade de produtos e aquisição apenas de produtos necessários, nas quantidades

desejadas, mediante as vendas do dia. A FMP possui cerca de três principais fornecedores:

Alliance Healthcare, OCP e Cooprofar, para as quais se efetuam diariamente encomendas, sendo

que são enviadas preferencialmente encomendas para a Alliance e Cooprofar. Diariamente nesta

farmácia são entregues por estes fornecedores cerca de três encomendas de modo a assegurar uma

resposta às necessidades imediatas manifestadas pelos utentes. A seleção do fornecedor depende de

vários critérios, entre eles: horário de entrega da encomenda e número de entregas diárias (entregas

somente em dias úteis ou também aos fins de semana e feriados, uma ou mais entregas diárias);

condições de pagamento (por exemplo: pronto-pagamento, pagamento a 30 dias), descontos

comerciais (percentagem de desconto ou bonificação em produto que se obtém na compra de uma

determinada quantidade) e satisfação dos pedidos (envio de todos os produtos pedidos, quantidade

de produtos em falta/esgotados).

A opção entre comprar produtos diretamente à indústria farmacêutica justifica-se em

algumas situações, nomeadamente quando os laboratórios oferecem melhores condições de

compra, como por exemplo, oferecendo descontos. É preferível a compra direta aos laboratórios

quando estes oferecem condições económicas atrativas, como descontos ou campanhas

promocionais. Contudo, estas encomendas exigem a compra em maiores quantidades o que implica

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um maior investimento e stock. Desta forma, este tipo de aquisição só se torna rentável quando se

trata de produtos com elevada rotatividade. Em relação a estas encomendas diretas, a FMP realiza

encomendas de medicamentos genéricos em grandes quantidades, de laboratórios muito procurados

pelos utentes desta farmácia, com descontos muito vantajosos. Na FMP os pedidos requeridos aos

fornecedores são efetuados por via modem e via telefone. Por via modem são realizadas as

encomendas chamadas de “reforço de venda” , que correspondem a produtos/medicamentos

vendidos desde a última encomenda efetuada e ainda produtos em falta detetados durante esse

mesmo período. Por outro lado, pedidos de medicamentos/produtos esporádicos que a farmácia não

disponha no momento e cuja confirmação de existência no armazenista e envio seja necessária, são

efetuados por via telefónica.

5. Encomendas e aprovisionamento

O aprovisionamento é o conjunto de operações administrativas e económicas que permitem

colocar os medicamentos e outros produtos à disposição dos utentes. Foi nesta atividade, junto do

Dr. Luís, que iniciei o meu estágio. O Dr. Luís teve sempre a amabilidade de me ir explicando

todos os passos do circuito do medicamento, desde a realização de encomendas, à sua receção e

armazenamento nos respetivos locais.

5.1. Realização de encomendas

A realização de uma encomenda tem como objetivo repor o stock da farmácia ou

providenciar um produto solicitado pelo utente.

Na FMP realizam-se encomendas com o auxílio do sistema informático, SIFARMA® 2000

que, após averiguar produtos vendidos nesse dia que se encontram abaixo do stock mínimo

estabelecido, sugere a encomenda dos mesmos para reposição. Esta tarefa sempre ficou a cargo do

Dr. Luís, que me mostrou ser possível aprovar ou não a encomenda gerada pelo sistema, bem como

retirar ou adicionar produtos à mesma. Depois de aprovada, a encomenda é enviada ao armazenista

via modem.

Recentemente a Cooprofar criou um gadget que permite verificar a disponibilidade de produto e

realizar a sua encomenda imediata, o que se tem mostrado uma mais valia na rapidez da resposta

do farmacêiutico ao utente, sempre que este solicita um produto que não faça parte do stock da

farmácia. As matérias-primas utilizadas no laboratório da FMP são também encomendadas ao

armazenista.

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5.2. Receção e conferência de encomendas

A receção e verificação de encomendas assumem um papel crucial na logística da farmácia.

São atividades que devem ser feitas com a máxima atenção de forma a evitar eventuais erros, que

assumem repercussões negativas no bom funcionamento da farmácia, uma vez que são fonte de

problemas relacionados com o stock da farmácia. Aquando da chegada das encomendas à farmácia

verificamos que estas são transportadas em “banheiras” com cor caraterística de cada distribuidor e

vêm identificadas com o nome da farmácia, um código numérico e um código de barras. Estas

fazem-se acompanhar de uma guia de remessa/factura em duplicado, que contem os dados

necessários à receção dos produtos. Para este efeito, recorre-se ao menu “Receção de Encomendas”

no software SIFARMA® 2000 e procede-se à seleção da encomenda em questão; introduz-se o

número da fatura e o seu valor total. De seguida, procede-se ao seu rececionamento, através da

leitura ótica do código nacional do produto (CNP) dos medicamentos. Contudo, é necessário para a

sua correcta receção ter em conta determinados aspetos como: averiguar se todos os produtos

faturados foram, de facto enviados; verificar o estado de conservação das embalagens; proceder à

atualização dos prazos de validade dos produtos cujo stock esteja a zero ou quando as embalagens

rececionadas tenham um prazo de validade inferior ao das embalagens já existentes na farmácia;

corrigir ou atribuir o PVP aos produtos novos ou aos produtos cujo preço esteja alterado; proceder

à transferência dos produtos esgotados para outro fornecedor e, atualização automática dos stocks

dos produtos. Quando a encomenda se faz acompanhar de produtos que necessitam de condições

especiais de armazenamento a baixas temperaturas é realizado o seu imediato acondicionamento no

frigorífico da farmácia [10]. É de realçar que, quando na encomenda existe uma matéria-prima, esta

deverá ser acompanhada do seu respectivo boletim de análise obrigatório, que é arquivado no

dossier destinado para o efeito. Caso seja a primeira vez que esta matéria-prima é recebida na

farmácia, para além do boletim de análise deverá vir acompanhada das normas de segurança. Outra

situação especial, depreende-se com o facto da encomenda vir provida de medicamentos

estupefacientes e psicotrópicos devendo estes ser acompanhados por uma requisição com a

discriminação dos medicamentos enviados, assinado e carimbado pelo diretor técnico, dado que

estes medicamentos são sujeitos a um controlo especial [11]. Finda a receção e conferência da

encomenda, confirma-se a sua entrega e compara-se o valor total da fatura com o valor apresentado

no sistema informático, que deverá coincidir, revelando que a tarefa foi executada corretamente.

Durante o estágio, esta foi das primeiras tarefas que realizei, o que me possibilitou

familiarizar com os medicamentos e produtos farmacêuticos de que a farmácia dispunha.

5.3. Marcação de preços

O Decreto-Lei nº 112/2011, de 29 de novembro, delibera a obrigatoriedade da indicação do

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PVP na rotulagem dos medicamentos [12].

Para os medicamentos sujeitos a receita médica, o valor é definido pelo INFARMED, que

disponibiliza uma tabela mensal, a partir da qual se confere os PVP.

No caso dos produtos de venda livre, compete à farmácia atribuir-lhes um PVP, que tem em

conta o preço de faturação, o Imposto de Valor Acrescentado (IVA) e a margem que a farmácia

pretende obter [13]. Determinado o PVP, são depois impressas as etiquetas autocolantes contendo o

CNP do produto, designação, preço e taxa de IVA, tendo o cuidado de não ocultar nenhum dado

(lote, do PV e informações em português).

5.4. Armazenamento de produtos

Terminada a etapa de receção e conferência de encomendas, procede-se ao armazenamento

dos produtos recebidos, seguindo-se algumas regras fundamentais para um funcionamento rápido e

eficaz.

Deste modo, na FMP os medicamentos são armazenados em gavetas metálicas também

designadas por “rombics” sendo estes separados tendo por base a F.F. destes. Para além da

separação de acordo com a F.F., são também colocados por ordem alfabética do seu nome e

seguem a rotatividade das existências “First Expired, First Out” (FEFO) colocando os produtos de

menor prazo de validade (P.V.) armazenados à frente daqueles que possuem um PV mais alargado

evitando a retenção de produtos mais antigos com consequente expiração do seu PV.

Existem ainda dois grupos de medicamentos a ter em especial atenção no armazenamento: os

medicamentos psicotrópicos e estupefacientes que estão armazenados numa gaveta no interior da

farmácia, não acessível ao publico, de modo a promover um controlo mais rigoroso destas

substâncias, e os medicamentos que necessitam de refrigeração e que são prioritariamente

colocados no frigorífico de porta transparente. Para assegurar que os produtos mantêm as suas

qualidades originais, o interior do frigorífico deve-se encontrar a uma temperatura entre os 2 - 8 ºC,

diariamente monitorizada a partir de um termómetro que regista as variações de temperatura [14].

Para que se assegurem as condições de conservação dos produtos, segundo as BPF, estes

têm que estar guardados num sítio protegido da luz solar direta, com uma temperatura ambiente

inferior a 25ºC e humidade inferior a 60% [15,16]. Estes parâmetros são controlados na FMP

quinzenalmente, através da análise dos registos dos termohigrómetros situados nos diversos locais

onde se armazenam produtos [17].

Quando a disponibilidade de espaço na zona de atendimento e nos módulos se esgota, os

produtos são colocados no armazém no piso -1 da farmácia, constituindo um stock passivo, pronto

a suprir as faltas do stock ativo.

O armazenamento de medicamentos foi uma tarefa que executei desde o primeiro dia de estágio e

que me conferiu bastante destreza e rapidez para a fase do atendimento ao público.

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5.5. Controlo de prazos de validade

O controlo dos PV de todos os produtos farmacêuticos é fulcral para uma boa gestão da

farmácia e para a segurança dos utentes. Como referi no ponto anterior, para auxiliar neste

controlo, aquando da sua receção, os produtos são armazenados de acordo com o princípio do

FEFO. Há a possibilidade de fazer uma devolução aos fornecedores de produtos cujo PV esteja

próximo do fim e, para isso, é necessário o seu controlo periódico.

Na FMP, para além da essencial etapa de verificação e atualização dos PV, aquando da

receção da encomenda, todos os meses é impressa, através do SIFARMA® 2000, uma lista onde

constam todos os produtos cujo prazo de validade termina num período de três meses, a contar do

mês da sua emissão, sendo exceções os produtos que fazem parte do protocolo da diabetes mellitus

e os medicamentos de uso veterinário, pois a devolução dos mesmos deverá ser realizada com

cinco e seis meses de antecedência, respetivamente.

Desta forma, todos os produtos que são discriminados na lista emitida são individualmente

e de forma manual verificados, sendo devolvidos ao respectivo fornecedor os produtos que se

inserem no intervalo considerado acompanhados de uma “Nota de Devolução” em duplicado.

Quando estes produtos são retirados é necessário fazer uma correção dos seus PV no programa

informático, colocando-se sempre o PV mais curto dos que se mantêm no stock, no ítem “Correção

de Prazos de Validade”. Ao longo do estágio, participei em todos os controlos de PV realizados na

FMP, assim como em todas as devoluções daí decorrentes.

5.6. Gestão de devoluções

São diversos os motivos pelos quais há a necessidade para a realização de devoluções no

contexto da farmácia comunitária, entre eles: PV a expirar ou expirado, produtos pedidos por

engano, produtos enviados com PV curtos, produtos enviados que não foram encomendados,

produtos enviados mas que se apresentam danificados, produtos enviados que não foram faturados

e produtos retirados de circulação por ordem do do INFARMED ou do laboratório que os

comercializa. Na FMP, para se fazer uma devolução recorre-se ao SIFARMA® 2000, seleciona-se

o ítem “Criar Devolução” no menu “Gestão de Devoluções”, indica-se o fornecedor para o qual se

pretende fazer a devolução e, de seguida introduzem-se os produtos, referindo para cada caso o

motivo da devolução e o número da fatura desse produto. Ao concluir a devolução é emitida uma

nota de devolução em triplicado, que é assinada, datada e carimbada pelo profissional que a

realizou, onde vem especificado o produto, o número de embalagens devolvidas, o preço, o número

da fatura onde foi debitado e o motivo da devolução. O triplicado é arquivado na farmácia e o

original e duplicado acompanham os produtos devolvidos, que saem automaticamente do stock da

farmácia. O fornecedor pode aceitar a devolução (e, neste caso, substitui o produto ou emite uma

nota de crédito), ou pode rejeitar a devolução, assumindo a farmácia o respetivo prejuízo resultante

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da quebra.

O software SIFARMA® 2000 auxilia na regularização das devoluções através do menu

(“Regularização de Devoluções”) que permite verificar se a devolução foi ou não aceite. Em caso

afirmativo, indica-se qual a modalidade escolhida para a regularização; caso tenha sido rejeitada, os

produtos voltam a fazer parte do stock da farmácia. Se enviarem novos produtos para compensar a

devolução, então estes devem ser introduzidos, entrando para o inventário da farmácia.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de realizar várias devoluções pelos diversos

motivos, e pude assim conhecer todo o processo inerente.

6. Atendimento ao público

6.1. Prescrição médica e validação de receitas

As prescrições médicas que chegam a farmácia podem apresentar-se sob duas formas de

validade: pode ser uma receita normal, com validade de 30 dias a contar da data de prescrição, ou

uma receita renovável, com validade de 6 meses e que é emitida em três vias, destinada a um

tratamento prolongado [18, 19]. A receita pode ainda ser manual ou eletrónica [19]. Contudo, de

acordo com a Portaria nº 137-A/2012 de 11 de maio, o prescritor tem o dever de utilizar a receita

eletrónica, embora possa adotar o método manual em casos excecionais nas seguintes situacões:

caso ocorra falência do sistema informático; impossibilidade de adaptação à receita electrónica;

prescrição no domicílio ou noutras situações, desde que não ultrapasse a prescrição de quarenta

receitas por mês. A exceção que permite ao médico prescrever manualmente tem que estar

devidamente assinalada no documento de receita pré-impresso. Por outro lado, as receitas

renováveis não podem ser prescritas de modo manual [19, 20].

Quando o utente chega a farmácia com uma receita, o farmacêutico deve de imediato

verificar se esta se encontra válida. Para o efeito, uma receita só é considerada válida se cumprir os

requisitos estabelecidos, que são: apresentar o número da receita; local e data de prescrição;

identificação e assinatura do médico prescritor; nome e número de utente ou de beneficiário de

subsistema; entidade financeira responsável (mediante a qual é efetuada a comparticipação dos

medicamentos); designação comum internacional (DCI) da substância ativa ou designação

comercial do medicamento (quando não existe grupo homogéneo (GH) com um genérico

comparticipado ou o medicamento não é comparticipado); dosagem; FF; dimensão da embalagem;

número de embalagens e identificação do despacho que estabelece o regime especial de

comparticipação de medicamentos, se aplicável [19].

Em cada receita apenas podem estar prescritos até quatro medicamentos, em que a

prescrição de cada medicamento apenas pode ser até duas embalagens, exceto no caso dos

medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária [19].

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Quanto às receitas com medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, estes têm que ser

prescritos numa receita individual, ou seja, que não contenha mais nenhum tipo de medicamento. O

mesmo acontece com os produtos destinados ao controlo da diabetes mellitus incluídos no

Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes. Em relação aos medicamentos

manipulados, também estes devem ser prescritos numa receita à parte e que inclua a menção

“Manipulado” ou “FSA” no caso de serem comparticipados [19, 20].

Quando o utente se dirige à farmácia com prescrição médica para aviar MSRM, tem a

oportunidade de escolher qual o medicamento que pretende levar, se genérico ou de marca, com

base na DCI. Se o medicamento prescrito estiver incluído num GH, o farmacêutico tem o dever de

informar o utente sobre a existência de alternativas e disponibilizar três opções desse GH que se

incluam nos cinco mais baratos do mercado [19].

Existem também situações em que a prescrição inclui o nome comercial do medicamento,

como é o caso de ser um medicamento não comparticipado, ou quando não existe um GH com um

genérico comparticipado e, nestes casos, o médico tem de incluir na receita uma das seguintes

exceções [19-20]:

• Exceção a), quando se trata de um medicamento com margem ou índice terapêutico

estreitos;

• Exceção b), no caso de ter ocorrido uma reação adversa prévia;

• Exceção c), quando o doente faz um tratamento de tempo superior a 28 dias.

Quando o médico prescritor seleciona a exceção a) ou b), o utente não tem direito de optar

por outro medicamento, tendo que ser dispensado a marca comercial prescrita. No caso da exceção

c), o utente pode optar pelo medicamento prescrito ou por outro com um PVP inferior [19, 20]. É

importante que o farmacêutico durante o atendimento verifique todos estes requisitos para fazer

um correto aviamento da receita, indispensável para a receita não seja recusada.

6.2. Interpretação e avaliação farmacêutica da prescrição médica

Após a validação da receita médica, segue-se a interpretação da receita e a respetiva

avaliação farmacoterapêutica por parte do farmacêutico. Segundo as BPF, o farmacêutico deve

analisar cada prescrição médica como um caso indivualizado, questionando o utente sobre a sua

condição e percebendo, desta forma, se o medicamento prescrito é o adequado para a sua

sintomatologia, se existe algum tipo de interação ou contraindicação entre a prescrição e outra

medicação a ser feita pelo utente, assim como a dose, frequência e duração do tratamento [10]. O

farmacêutico deve ainda contactar o médico caso tenha alguma dúvida na prescrição ou detete

alguma incompatibilidade [15].

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6.3. Dispensa de medicamentos

A dispensa de medicamento é a principal competência da atividade farmacêutica numa

farmácia comunitária. Segundo as BPF, quando o farmacêutico avia uma receita, ou somente

quando lhe é solicitado aconselhamento de MNSRM, deve garantir a segurança do utente e que este

receba toda a informação indispensável à correta utilização dos medicamentos, para promover o

sucesso da farmacoterapia e o uso racional do medicamento. Deve ainda mostrar a sua total

disponibilidade, proporcionando um aconselhamento personalizado, com uma linguagem clara,

objetiva e adequada, tendo em conta o nível sociocultural do utente. Se este se fizer acompanhar de

uma receita médica, o farmacêutico deve validá-la, interpretá-la e avaliá-la (pontos 6.1. e 6.2.) e,

sempre que for oportuno deve ainda reforçar a informação oral com informação escrita [10]. Todos

estes processos revelam a importância do farmacêutico enquanto detentor de conhecimento e

transmissor de informação.

Recentemente uma nova atualização no software SIFARMA® 2000, denominada

“Verificação”, surge na reta final do atendimento, e permite ao farmacêutico confirmar que os

códigos de barras da receita são coincidentes com os códigos de barras dos medicamentos que

estão a ser dispensados. Este novo atalho permite acabar com a dispensa errada de medicação, com

consequentes prejuizos tanto para a farmácia como para o utente.

A dispensa de medicamentos é executada pelo software SIFARMA® 2000; selecionando-

se o menu “Atendimento” e, de seguida, a tecla F2 ou F3, caso seja uma venda sem ou com

comparticipação, respetivamente. Numa dispensa com comparticipação, introduzem-se os códigos

de barras presentes na receita por leitura ótica e, em seguida, seleciona-se o plano de

comparticipação mencionado na receita. Após o registo dos medicamentos e término da venda, são

impressos os produtos comparticipados no verso da receita, que deve ser assinada pelo utente

confirmando, assim, que lhe foram cedidos os medicamentos e que exerceu, ou não, o seu direito

de opção na escolha dos medicamentos, se aplicável. Posteriormente, cabe ao farmacêutico

responsável por este processo de aviamento, assinar, datar e carimbar a receita no verso.

Caso o utente não se faça acompanhar de uma receita médica e tenha algum problema que

possa ser solucionado sem recorrer ao médico, o seu farmacêutico deve debruçar a sua atenção em

perceber a sintomatologia e questionar o utente de toda a medicação que já toma, de modo a

resolver o seu problema com sucesso na farmacoterapia, promovendo sempre o uso racional do

medicamento. É ainda possível fazer-se uma venda suspensa, quando se trata de doentes crónicos

que no momento não tenham receita médica e que posteriormente a trazem, sendo emitido um

comprovativo de venda suspensa, que deve apresentado quando se fizerem apresentar da receita.

Desde cedo que, durante o meu estágio, me foi dada oportunidade de acompanhar a minha

orientadora nos seus atendimentos, e com ela pude aprender todo este processo e como agir em

variadíssimas situações de aconselhamento.

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6.4. Dispensa e controlo de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes apresentam propriedades muito

específicas pelo facto de atuarem ao nível do sistema nervoso central e são, na maioria das vezes,

indicados para doenças psiquiátricas, dor oncológica e dor crónica. Uma vez que possuem ação no

sistema nervoso central, a sua margem terapêutica é estreita, e por isso facilmente provocam

dependência física e psíquica e alterações comportamentais e de consciência. Uma vez que

apresentam um perfil de dependência em que são muitas vezes usados como drogas de abuso, são

alvo de legislação específica que tem como objetivo fazer um controlo rigoroso do consumo destas

substâncias. Os medicamentos sujeitos a esta legislação apresentam-se discriminados no Decreto-

lei nº 15/93 de 22 de janeiro [11]. A dispensa destes medicamentos só pode ser feita mediante a

apresentação de uma receita médica, que, como já referido anteriormente, não pode conter mais

nenhum tipo de medicamento [19, 20].

Durante o aviamento de receitas com estes produtos, é solicitado ao farmacêutico um

preenchimento obrigatório de um formulário, no qual constam os dados do doente, médico

prescritor e ainda do adquirente da medicação.

Após a finalização da venda, o sistema informático emite duas cópias do documento de

psicotrópicos ou estupefacientes, que deverão ser anexadas, junto de uma cópia da receita e

arquivadas com os registos de entradas/saídas destes produtos durante, pelo menos, 3 anos [20].

O INFARMED, como entidade que fiscaliza todo o circuito inerente a estes

medicamentos, obriga a que lhe seja enviado a listagem de todas as receitas aviadas e a cópia de

todas as receitas manuais deste tipo de medicamentos até ao oitavo dia de cada mês [20].

Ao longo do estágio, tive a oportunidade de assistir e participar na venda de substâncias

psicotrópicas e estupefacientes e ainda participar na organização de todos os documentos inerentes

a este processo.

6.5. Medicamentos genéricos e preços de referência

O Sistema de Preços de Referência é o novo Sistema de Comparticipação do Estado no

preço dos medicamentos, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, e aplica-se apenas a alguns

grupos de medicamentos que apresentam a mesma composição qualitativa e quantitativa em

substâncias ativas, FF, dosagem e via de administração para os quais existe pelo menos um

medicamento genérico no mercado. Os medicamentos nestas condições encontram-se agrupados

em GH [21]. Desta forma, quando se inclui um medicamento num GH, este fica sujeito a aplicação

do sistema de preços de referência. O preço de referência para cada GH corresponde à média dos 5

medicamentos com PVP mais baixo desse grupo, sejam genéricos ou de marca [21]. É sobre o

Preço de Referência que o Estado comparticipa, e sobre o qual se calcula o encargo para o utente.

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Os medicamentos presentes em cada GH são trimestralmente atualizados e publicados pelo

INFARMED [22]. É dever do farmacêutico alertar o utente para as possíveis oscilações de preço

dos medicamentos, e ainda os deve informar sobre as alternativas mais baratas, caso existam.

6.6. Comparticipação de medicamentos

Os sistemas de comparticipação de medicamentos surgiram com o a necessidade de melhorar

o acesso à medicação por parte da população, em particular àquela que possui menos recursos

económicos [22]. Existem diversas entidades comparticipadoras, contudo a que abrange um maior

número de utentes é o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que contém dois regimes de

comparticipação: o Regime Geral e o Regime Especial.

As comparticipações do regime geral pelo SNS variam consoante diferentes escalões, de

acordo com a legislação atual, o Decreto-lei nº 106-A/2010 de 1 de outubro, que faz alterações ao

Decreto lei nº 48-A/2010 de 13 de maio [22, 23]:

• Escalão A – 90% do PVP de comparticipação;

• Escalão B – 69% do PVP de comparticipação;

• Escalão C – 37% do PVP de comparticipação;

• Escalão D – 15% do PVP de comparticipação.

Os medicamentos incluídos em cada um destes escalões são definidos pela Portaria nº 1474/2004

de 21 de dezembro [24].

Nas receitas dos utentes abrangidos pelo regime geral consta a letra “O”. Por outro lado,

para os portadores de regime especial vem a letra “R” ou as letras “RO”.

O Regime Especial, em que o beneficiário usufrui de uma maior percentagem de

comparticipação, inclui pensionistas e utentes portadores de determinadas patologias, como

psoríase, dor crónica ou doença de Alzheimer. Neste regime, o médico prescritor deve mencionar

despacho referente à patologia específica para que o utente usufrua do regime especial de

comparticipação [22]. Cada despacho obedece a legislação própria e o valor da comparticipação

pelo SNS é variável [22]. Para um pensionista cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes o

salário mínimo nacional pode usufruir de uma comparticipação acrescida em 5% nos

medicamentos do Escalão A e de 15% nos dos restantes escalões. Caso o utente que cumpra estas

condições opte por um dos 5 medicamentos mais baratos do respetivo GH, a comparticipação é de

100% em todos os escalões [22]. Para além do SNS, existem outras entidade que comparticipam

em simultâneo (complementaridade) um determinado grupo de utentes, isto é; utentes que por

terem seguradoras (por exemplo, Medis®, Multicare®), por pertencerem aos correios de Portugal

ou Serviços de Assistência Médico Social (SAMS), como é o caso dos bancários, usufruem em

simutâneo de dois organismos, do regime Geral ou Especial do SNS e ainda da outra entidade à

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qual pertencem [25].

Quanto aos doentes diabéticos, estes usufruem de um regime especial nos produtos para o

autocontrolo da doença, que têm um valor fixado pela Portaria nº 364/2010 de 23 de junho.

Enquanto que a comparticipação de tiras-teste é de 85%, as agulhas, lancetas e seringas são

comparticipadas pelo SNS em 100% [25].

Ao longo do estágio fui tendo contato com os diversos planos de comparticipação, não só durante

conferência do receituário bem como no atendimento ao público.

6.7. Direito de opção do utente

Atualmente a lesgislação em vigor permite que o utente possa optar pelo medicamento

prescrito dentro do GH correspondente. Por isso, cabe ao farmacêutico informar o utente quando

existem alternativas e disponibilizar três medicamentos desse GH dos cinco mais baratos do

mercado [20]. Através da sua assinatura no verso da receita, o utente pode, ou não, confirmar o seu

direito de opção.

6.8. Aconselhamento farmacêutico

Como já foi referido anteriormente, o farmacêutico deve prestar o devido aconselhamento,

fornecendo toda a informação necessária à correta utilização dos medicamentos dispensados e

fomentar o uso racional do medicamento.

Quando algum cliente recorre à farmácia para tentar solucionar algum problema, o

farmacêutico pode aconselhar medidas não farmacológicas e/ou indicar um MNSRM ou produtos

de venda livre, com o objetivo de resolver um problema menor ou de aliviar a sintomatologia.

Também lhe compete oferecer outros serviços de cuidados farmacêuticos, como o seguimento

farmacoterapêutico e a educação para a saúde. De acordo com as BPF, para a avaliação da

situação, o farmacêutico deve recolher o máximo de informação, realizando uma entrevista ao

utente acerca da sintomatologia, duração, medicamentos que toma e possível relação com uma

doença pré-existente. Caso se trate de uma situação mais grave, o farmacêutico deve reencaminhar

o doente para o médico [10].

Para mim, a parte mais desafiante do estágio foi, indubitavelmente, contactar com a

realidade do aconselhamento farmacêutico. Verifiquei que, na maioria das vezes, a farmácia e o

farmacêutico são o primeiro espaço/profissional de saúde a quem o utente recorre quando necessita

de cuidados de saúde de forma acessível e confiável.

6.9. Implementação da nova receita eletrónica

Em 2015 houve a implementação da tão aguardada receita eletrónica. Com esta inovação,

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a Glint e as Farmácias Portuguesas tem como objetivo transformar as receitas em papel em

prescrições que possam ser acedidas na farmácia através do cartão de cidadão do utente [26, 27].

Desde que iniciei o meu estágio, em janeiro, verifiquei que a adesão a este novo modelo foi sendo

gradual e progressiva. No entanto, ainda é possível dispensar medicamentos através do método

anterior, estando as duas modalidades em funcionamento. O sistema, contudo, ainda apresenta

algumas falhas, como o facto haver certos produtos cuja comparticipação não seja aplicada e,

também, o facto de ainda ser muito demorado no processamento da receita.

Com o este novo modelo, o utente apresenta na farmácia uma “guia do utente” que possui

um código de barras a ser lido pelo software e que, de imediato, gera a receita no ecrã. Este mesmo

código também é apresentado, muitas das vezes, através de uma mensagem no telemóvel do utente.

Futuramente, espera-se que o processo seja mais simples, através do cartão de cidadão do utente

com a introdução de um código no software SIFARMA® 2000.

Ao fazer o registo dos medicamentos, o programa informático faz a verificação dos

produtos e confirma se estão de acordo com a prescrição. Uma das grandes vantagens desta

inovação, além do fator ambiental de poupança de papel, prende-se com o facto de evitar erros na

dispensa e verificar automaticamente o PV da receita. Verifica-se bastante útil para o farmacêutico

porque adiciona automaticamente o plano de comparticipação, eventuais diplomas, e as exceções

técnicas, caso existam. Os processos de faturação e conferência de receituário tornam-se processos

menos morosos, visto que as receitas são imediatamente classificadas como validadas (desde que a

dispensa tenha sido correta) ou não validadas (se ocorreu algum erro na dispensa) pelo sistema

informático. As receitas validadas são agrupadas no lote eletrónico criado para o efeito (lote 99),

enquanto as não validadas vão para o lote 98.

7. Conferência de receituário e faturação

Como já foi referido, existe um sistema de comparticipações de receituário por várias

entidades, que permitem ao utente pagar menos e estas mesmas entidades asseguram, mais tarde, o

pagamento à farmácia.

Na equipa da FMP há duas farmacêuticas responsáveis pela conferência de receituário, que

verificam: se os medicamentos dispensados são os mesmos que os prescritos na receita, se o

dispensado está abrangido pelo Código Nacional de Prescrição Eletrónica de Medicamentos, se a

seleção do organismo de comparticipação foi o correto, se a receita se encontra dentro do PV, se

está devidamente assinada pelo médico, e se o verso da receita está carimbado, datado e assinado

pelo farmacêutico responsável pela dispensa dos medicamentos.

Após o fim do mês, cabe à farmácia organizar o seu receituário, fechar os lotes e faturá-los, para

assim os enviar no dia 5 do mês seguinte.

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Para a entrega do receituário, este deve ser devidamente organizado em lotes, sendo que cada lote

deve ser constituído por 30 receitas do mesmo tipo, excluindo o lote das receitas remanescentes

desse mesmo tipo. As receitas são separadas por organismo de comparticipação e ordenadas de

acordo com o número de lote. Todas as receitas terão de ser datadas, assinadas (utente e

farmacêutico) e carimbadas.

Os lotes comparticipados pelo SNS (e respetivos verbetes de identificação, relação de

resumo de lotes e fatura mensal) são enviados para o Centro de Conferência de Faturas e os

comparticipados pelas outras entidades são enviados para a Associação Nacional de Farmácias que

se encarrega de os distribuir pelos organismos a que pertencem.

Posteriormente, as entidades competentes reembolsam a farmácia no valor da

comparticipação de cada receita, caso estejam corretas.

O pagamento do valor das comparticipações é adiantado pela FINANFARMA que, mais

tarde, recebe da Administração Regional de Saúde do Norte [28]. Caso haja irregularidades nas

receitas que foram enviadas para validação, estas são devolvidas à farmácia e devidamente

justificadas relativamente ao motivo da devolução. Há a possibilidade de corrigir as receitas no mês

atual e tornar a enviar para a entidade. Quando há devolução de receitas, é emitida uma nota de

crédito que é enviada juntamente com os documentos de faturação do mês seguinte [28].

Na FMP, todos os processos referidos relacionados com a faturação são auxiliados pelas

funcionalidades do sistema informático SIFARMA® 2000.

Após o tempo inicial de adaptação à farmácia, ao longo do estágio tive a oportunidade de

aprender e ajudar os restantes funcionários na conferência e correção de receitas, o que permitiu

adquirir mais competências através do contacto com as receitas médicas, com as prescrições de

medicamentos e também com as entidades que os comparticipam.

8. Medicamentos manipulados

Segundo a Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho, considera-se medicamento manipulado

(MM) qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a

responsabilidade de um farmacêutico.

Os manipulados permitem uma adaptação do medicamento de modo a obter-se uma

terapêutica personalizada, sendo por isso uma alternativa aos medicamentos industrializados

quando existe intolerância a excipientes, quando se pretende uma associação de substâncias ativas

não comercializada, quando há dificuldade de deglutição, entre outros motivos.

Cabe ao farmacêutico responsável pela preparação do medicamento manipulado, garantir a

qualidade do mesmo e verificar a sua segurança, no que concerne às doses da(s) substância(s)

ativa(s) e à existência de interações que ponham em causa a ação do medicamento ou a segurança

do utente. Para que esta informação esteja acessível a todos os utilizadores, o Infarmed actualiza

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mensalmente e publica, nesta área, as listagens dos medicamentos cujos pedidos de registo foram

deferidos; indeferidos por não assegurarem os requisitos exigidos na legislação aplicável;

cancelados a pedido do requerente; ou cuja comercialização esteja suspensa. Uma farmácia para

poder preparar medicamentos manipulados, necessita de ter um laboratório com condições

adequadas, quer em termos de espaço físico, como de equipamento e matérias-primas [29].

Contudo, como já referido anterioramente, uma vez que a FMP existe há mais de meio século, a

sua construção não teve por base a referida normativa legal, mas sim a que se encontrava em vigor

aquando da sua construção. Em relação ao material mínimo que o laboratório de uma farmácia

comunitária é obrigada a ter está pormenorizadamente detalhado na Portaria nº 1500/2004 de 7

de dezembro .

É no laboratório da FMP que a farmacêutica responsável executa todos os passos de

manipulação, desde a preparação até ao acondicionamento, rotulagem, documentação obrigatória

(quer das matérias primas utilizadas, quer do MM) e o controlo destes medicamentos [29]. Na

FMP, a manipulação segue as boas práticas de preparação de medicamentos manipulados. As

matérias-primas consumíveis, quando chegam do fornecedor, vêm acompanhadas de um boletim

de análise, que é guardado juntamente com a restante documentação destes produtos e arquivado

no laboratório da FMP. Assim como os medicamentos, também as matérias-primas têm de ser

armazenadas em condições de conservação adequadas, respeitando o descrito na respetiva

monografia e devidamente acondicionadas e rotuladas, de modo a evitar erros ou contaminações

cruzadas e assegurar a qualidade e a segurança dos MM preparados na farmácia. Sempre que há

movimentos das matérias-primas, são registadas todas as entradas e saídas de produto [30].

No final da preparação de um MM é-lhe atribuído um número de lote, colocado o rótulo,

contendo o PV, condições de conservação, posologia, entre outras informações relevantes para o

utente, e é preenchida uma ficha de preparação. O preço final é calculado de acordo com o

disposto na Portaria nº 769/2004, de 1 de julho.

9. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia

Aos clientes da FMP são-lhe proporcionados uma vasta gama de serviços que a farmácia

dispõe. Assim, estes dirigem-se à farmácia não só para a compra de medicamentos, mas também

para usufruírem dos restantes cuidados farmacêuticos em prol da sua saúde e bem-estar.

O utente encontra disponível na farmácia programas que visam o controlo de parâmetros

inerentes aos cuidados preventivos, como por exemplo: controlo da sua pressão arterial, contolo de

glicemia, controlo do seu peso, altura e índice de massa corporal e dos seus valores sanguíneos de

colesterol total e triglicerídeos.

Para além disso, na FMP também se administram vacinas e medicamentos injectáveis que

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estejam fora do Plano Nacional de Vacinação, cumprindo as normas de segurança. Todos estes

cuidados de saúde prestados são devidamente acompanhados por um farmacêutico, que oferece um

aconselhamento personalizado a cada situação, de forma a promover a saúde. É de notar que o

controlo de glicemia, pressão arterial e peso são parâmetros gratuitos, e desta forma, há um número

bastante acrescido de pessoas que frequentam diariamente a FMP para o controlo destes

parâmetros.

Na FMP estão constamente expostos materiais educacionais para a gestão da saúde,

programas de promoção da saúde e prevenção da doença adaptáveis a uma vasta gama de

populações e grupos etários.

A FMP também participa no Sistema Integrado de Recolha de Embalagens e

Medicamentos fora de uso, patrocinado pela Valormed, que visa a reciclagem.

Desde o início do meu estágio que acompanhei alguns funcionários da FMP na prestação

de todos estes serviçoes e no aconselhamento inerente aos utentes, principalmente nas

determinações bioquímicas e no controlo da pressão arterial, sendo que, passei gradualmente a

fazê-lo de forma autónoma. A FMP dispõe de profissionais com conhecimentos especializados na

área da segurança e eficácia dos medicamentos e que promovem constantemente o uso racional do

medicamento.

10. Formações  

Durante todo o período de estágio pude presenciar que são inúmeras as vezes que

delegados de informação médica visitam a FMP. Muitas vezes fomos visitados por representantes

das marcas, a fim de nos facultarem formações e informações adicionais de produtos já existentes

ou ainda apresentarem novos produtos.

Estas formações têm como objetivo apresentar os seus produtos em detalhe, esclarecer

dúvidas e fornecer informações para que seja feito um aconselhamento personalizado e adequado

visando uma melhoria não só na satisfação do cliente mas também no número de vendas. Uma vez

que tive a oportunidade de contactar diretamente com os responsáveis de formação aquando da

visita à farmácia, não tive necessidade de me deslocar até eles quando davam formações pontuais.

Foi-me dada toda a liberdade de os questionar, após os ouvir, sempre que fizeram visitas à

farmácia. Sempre disponibilizaram todo o tempo necessário a fim de me apresentarem todo o seu

portfólio, desde a informação técnica à experimentação de todos os produtos na própria pele, de

modo a avaliar o perfil de absorvância, cheiro e textura do produto.

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Parte II – Trabalhos desenvolvidos

1. A acne – Etiopatogenia e Tratamento

I. Contextualização e objetivos

Durante o meu estágio foi enorme a minha necessidade em saber mais sobre a acne.

Enquanto estive ao balcão, foram diversos os casos que me solicitaram aconselhamento para este

problema, e deles surgiu a minha curiosidade incessante de saber mais para aconselhar melhor.

Desta forma, o meu objetivo principal foi perceber a etiologia desta dermatose e quais os

tratamentos farmacológicos e não farmacológicos inerentes a este problema. Considero que o

desenvolvimento deste tema foi fundamental para alguns dos atendimentos que realizei, pois só

desta forma consegui fazer um aconselhamento personalizado, cuidadoso e enriquecedor. A acne é

uma doença como tantas outras que merecem especial atenção, e na área da dermocosmética é

essencial perceber os mecanismos etiopatogénicos subjacentes a ela.

II. Acne

Acne vulgaris é uma dermatose inflamatória e multifatorial do folículo pilossebáceo, sendo

uma das dermatoses mais frequentes na população em geral, com uma incidência maior em

adolescentes e adultos jovens [30]. Os folículos pilossebáceos constituem o maior apêndice ao

nível da estrutura da pele e são constituídos pelo folículo piloso e por glândulas sebáceas [31]. As

glândulas sebáceas são glândulas holócrinas que regulam a atividade dos xenobióticos e

apresentam não só ação antibacteriana como ainda pró- e anti-inflamatória, participando também

na cicatrização [32]. À exceção das palmas das mãos e dorso dos pés, podemos encontrar estas

glândulas distribuídas por qualquer zona, estando maioritariamente distribuídas pelo rosto, costas e

peito [32]. Quanto ao folículo piloso, a sua raíz situa-se na zona mais profunda da derme enquanto

que o topo do pêlo avança no sentido da abertura folicular da epiderme, como podemos ver

representado na Figura 1 [33].

Figura 1: As três camadas

da pele: a epiderme, a

derme e a hipoderme.

Representação dos folículos

pilosos, das glândulas

sebáceas e sudoríparas, dos

nervos e os vasos

sanguíneos [34].

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III. Epidemiologia

À data de 2010, a acne afetava em todo o mundo cerca de 650 milhões de pessoas, o que

corresponde a cerca de 9,4% da população, mostrando-se ligeiramente mais comum em mulheres

(9,8%) do que em homens (9,0%) [35]. Nos EUA afeta cerca de 40-50 milhões de indivíduos,

sendo o pico na adolescência, com 85% de jovens afectados entre os 12-24 anos [36].

Um estudo de prevalência no Norte de Portugal demonstrou que 42,1% de jovens tinha

acne antes dos 15 anos, 55,8% dos 15-29 anos, 9,2% dos 30-40 anos e 2,1% em indivíduos com

mais de 40 anos [37].

IV. Etiologia

Na literatura estão descritas quatro causas distintas que contribuem para o desenvolvimento

da acne e que podem variar de pessoa para pessoa [38]. Estas causas são: o aumento da secreção do

sebo; a proliferação da bactéria Propionibacterium acnes (P. acnes); o excesso da queratinização

folicular, que provoca a obstrução do folículo com a consequente formação de comedões; e a

reação inflamatória/imunitária, que gera a libertação de mediadores de inflamação no folículo e

derme adjacente, cuja reação é responsável pelas lesões inflamatórias [33].

Por outro lado, fatores genéticos, dietéticos, hormonais e psicológicos, isolados ou

interrelacionados, podem estar envolvidos na etiologia da acne vulgar [39].

• Fator genético: Exerce grande influência na origem e na gravidade da acne vulgar,

influenciando tanto o controlo hormonal como a hiperqueratinização folicular e secreção

sebácea, contudo não tem efeito na infeção bacteriana [39].

• Alimentação: A relação entre o desenvolvimento de acne e a alimentação é controversa,

contudo alimentos como chocolate, produtos láteos, nozes, alimentos gordurosos e hidratos

de carbono de alto indíce glicémico conduzem a uma associação positiva [39]. Quanto à

ingestão de alimentos com indíce glicémico elevado (ricos em açúcar e cereais refinados),

uma vez que conduzem a hiperinsulinemia, que por sua vez desencadeia uma cascata de

fenómenos endócrinos, estão implicados na patogénese da acne [40].

• Hormonas: Os andrógeneos são a principal hormona responsável pelo aumento da

produção de sebo na medida em que o seu órgão alvo é a glândula pilossebácea. Desta

forma, uma alta concentração desta hormona levará a um desencadeamento da acne. É a

porção de androgéneos que não se encontra ligada à proteína das hormonas sexuais (porção

livre em circulação) que atuará ao nível dos recetores específicos das células alvo,

provovando um aumento da secreção de sebo [40].

• Fatores psicológicos: o fatores psicológicos e neurológicos provocam alterações hormonais

que podem desencadear e/ou exacerbar a acne [40].

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V. Diagnóstico da acne

Acne não é uma doença infecciosa e não pode ser transmitida de pessoa-a-pessoa.

Contudo, o duto pilossebáceo e a superfície cutânea são colonizadas por microorganismos –

P.acnes, Staphylococcus epidermidis e o fungo Pityrosporum ovale – entre os quais P.acnes

predomina [31]. O diagnóstico de acne é baseada na imagem em laboratório e evidência clínica de

Propionibacterium e Staphylococcus, cuja quantidade na pus examinada se encontra normalmente

aumentada. É necessário obter uma amostra de pus formado na parte inferior do folículo inflamado

para o sucesso da técnica de amostragem [41].

A acne vulgar é quase sempre de fácil diagnóstico, podendo ser classificada de acordo com

o tipo de lesão predominante. Contudo, as diferentes formas – comedónica, pápulo-pustulosa,

nódulo-quística – podem, algumas vezes, gerar dificuldades no diagnóstico. O esquema de

classificação do grau de severidade da acne preconizado pela Academia Americana de

Dermatologia inclui três níveis: leve, moderado e severo. A acne também pode ser graduada em

níveis de I a IV, conforme a gravidade do quadro [42].

VI. Patogénese

Como já referido anteriormente, a acne é uma doença crónica do folículo pilossebáceo. Os

fatores implicados na etiopatogenia da acne vulgaris são [43]:

a. Hiperprodução sebácea;

b. Hiperqueratinização folicular;

c. Colonização do folículo piloso por microorganimos;

d. Reação inflamatória/imunitária com libertação de mediadores inflamatórios no folículo e

derme adjacente.

a) Hiperprodução sebácea

O aumento da secreção de sebo pela glândula sebácea está relacionado com vários fatores [44]:

• Elevada produção de androgéneos;

• Diminuição da proteína transportadora de hormonas sexuais (SHBG) (com consequente

aumento dos níveis de androgéneos livres);

• Aumento da atividade da enzima 5α-redutase (responsável pela transformação da

testosterona em dihidrotestosterona (DHT) [38]);

• Aumento da capacidade do recetor intracelular ao androgéneo.

Na puberdade, como os níveis de testosterona atingem o seu pico máximo verifica-se

também uma maior atividade destas glândulas [45]. Estas hormonas vão atuar em dois locais: nos

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queratinócitos e nos sebócitos. Os sebócitos são os responsáveis pela produção de novos

androgéneos e local onde, através da 5α-redutase, há a transformação da testosterona em DHT -

forma ativa que atua na unidade pilossebácea, responsável pelas alterações sebáceas, nas áreas

seborreicas, sobretudo face e tronco [38].

A 5α-redutase é também a enzima responsável por regular a excreção de lípidos e, como se

encontra aumentada, haverá um desequilíbrio entre a produção de sebo e a sua excreção, o que

levará a uma acumulação de sebo no folículo com bloqueio do duto e consequentemente ao

processo inflamatório [45].

O sebo é formado pela glândula sebácea por um processo holócrino, ou seja, as células da

glândula desfazem-se e convertem-se em lípidos. Assim, é uma mistura de lípidos que pode ser

convertida em ácidos gordos livres comedogénicos e irritantes por microorganismos presentes na

glândula [31].

Quanto à composição do sebo, este varia de um indivíduo normal para um indivíduo

acneico. Em ambos os indivíduos, a proporção de ácidos gordos livres, de colesterol e seus ésteres

e de escaleno são similares. No entanto, a proporção de triglicerídeos nos indivíduos normais é de

46%-52%, face aos 60%-68% do grupo acneico, e a de ésteres de cera é maior entre os acneicos

(20%-26%) em relação aos não acneicos (9%-12%) [46].

Quanto à sua origem, o colesterol e os seus ésteres têm origem epidérmica (glandular) e

são libertados pela glândula conforme a excreção sebácea de cada indivíduo. Por outro lado, os

ácidos gordos livres vêm da hidrólise dos triglicerídeos, que aumenta quanto maior for o tempo de

exposição cutânea do sebo [46].

b) Hiperqueratinização folicular

A comedogénese, resultante da hiperqueratinização folicular, é dos fatores etiopatogénicos

mais importantes.

A estimulação androgénica que leva a uma hiperprodução de sebo, condiciona todas as

anomalias ao nível da diferenciação, proliferação e adesão dos queratinócitos. Desta forma, os

queratinócitos permanecem agregados e obstruem o canal do folículo piloso, formando uma

espécie de rolha, impedindo a drenagem do conteúdo sebáceo produzido pela glândula, o que tem

como consequência a formação de microcomedões e mais tarde, comedões [47]. Por outro lado, os

ácidos gordos quando se acumulam por um longo período de tempo no infundíbulo glandular, têm

a capacidade de irritar o epitélio e, desta forma, levam à hiperqueratinização e inflamação [46].

Também o metabolismo dos hidratos de carbono tem um efeito sobre a hiperqueratinização

folicular. Uma vez que IGF-1 e IGRBP-3 regulam a proliferação de queratinócitos e a sua

apoptose, correspondentemente, quando ocorre uma hiperinsulinemia, esta leva a um aumento de

IGF-1 livre e a uma redução de IGFBP-3, contribuindo para a hiperproliferação de queratinócitos

no folículo [46].

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c) Colonização do folículo piloso por microorganimos

Os principais microorganismos responsáveis pela colonização do folículo piloso são P.

acnes e Staphylococcus albus. São os responsáveis pela alteração dos lípidos do sebo, em especial

pela formação de ácidos gordos livres, os quais têm propriedades pró-inflamatórias [47].

Quando há hiperprodução sebácea pela glândula, há proliferação maioritariamente de P.

acnes, com formação de lesões inflamatórias e libertação de enzimas e fatores quimiotáticos [46].

O microcomedão consiste numa lesão elementar e não inflamatória que resulta da obstrução e

dilatação do folículo pilossebáceo. O sistema imune reconhece o excesso de microorganismos e

promove inflamação que se manisfesta com o aparecimendo das ‘borbulhas” [42].

d) Reação inflamatória/imunitária

P. acnes produz fatores peptídicos quimiotáxicos para neutrófilos, ativa o complemento e

provoca a libertação de enzimas lisossómicas destrutivas pelos neutrófilos. Estes fenómenos criam

um ciclo de quimiotaxia e uma inflamação neutrofílica intensa [31]. P. acnes intervem no processo

inflamatório através da produção de citoquinas como a IL-1β, IL-8, interleucina-12 (IL-12) e TNF-

α [33]. A produção citoquinas é mediada pelos receptores TLR [45]. P.acnes provoca uma

imediata e longa reação inflamatória após de ligar ao receptor TLR-4 [38; 48]. Esta reação prolifera

nos comedões com libertação de lipases que irão atuar no sebo ao nível dos triglicerídeos,

reduzindo-os a ácidos gordos livres e glicerol [38; 48]. Os fragmentos de P.acnes e os ácidos

gordos livres propagam-se através da parede do folículo, o que permite uma migração dos

neutrófilos por quimiotaxia [38; 48]. Os neutrófilos vão produzir enzimas de defesa por imunidade

não específica, como as metaloproteases, o que provoca a rompimento da parede do folículo

pilossebáceo, desencadeando o processo inflamatório local [38; 48]. Após a lesão da parede

folicular, vários agentes – substâncias similares à prostaglandina, aminoácidos, ácidos gordos de

cadeia curta e lípases – são produzidos por células inflamatórias e P. acnes. Esses agentes são

extrudados na derme, causando mais inflamação [31].

VII. Manifestações clínicas

Do ponto de vista clínico, a manifestação da acne traduz-se com lesões inflamatórias ou

não inflamatórias, sendo que a primeira manifestação se representa pelo aparecimento de

microcomedão que evolui para comedão. Quanto às lesões não inflamatórias estas dividem-se em

comedão fechado (ponto branco) ou comedão aberto (ponto negro), enquanto que as lesões

inflamatórias apresentam-se como pápula, pústula, quisto ou nódulo [31].

O processo de evolução de um comedão é lento, demora cerca de dois meses desde o seu

estavo primário (microcomedão) e distribui-se, na maioria das vezes, na cara, peito e parte superior

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das costas. Enquanto que os comedões fechados (brancos) surgem como primeira manifestação da

acne, os abertos (negros) resultam da oxidação dos ácidos gordos e do aumento de deposição da

melanina [49].

Como já foi referido, uma anomalia da queratinização provoca uma obstrução do duto

pilossebáseo por um tampão de queratina e, como consequência, as bactérias (P.acnes), sebo e

escamas queratinosas aderem entre si, levando à formação do comedão, ou cravo. Se a obstrução

for superficial, resultarão pápulas e pústulas. Se for profunda, poderão ocorrer pápulas, nódulos e

quistos maiores e mais profundos, com formação de cicatrizes, que correspondem às formas mais

severas da acne, com inflamação granulomatosa [31].

Na acne mais severa, a depressão irregular coberta de pele atrófica, resultante da destruição

do folículo pilossebáceo por reação inflamatória é chamada de cicatriz, e pode levar a uma

desfiguração permanente [47].

Apesar do polimorfismo desta dermatose, é possível definer três tipos de acne com base na

manifestação clínica predominante [47].

a) Comedónica

b) Pápulo-pustulosa

c) Nódulo-quística

A acne comedónica necessita muitas vezes de diagnóstico diferencial pois pode ser associada

a diferentes manifestações [47]:

• Milia: representa-se por pequenas pápulas assintomáticas e esbranquiçadas na cara;

• Ceratose ou hiperceratose folicular: caracteriza-se por micropápulas foliculares monomorfas

tanto nas partes laterais do rosto como na zona externa dos braços;

• Verrugas planas: correspondem a pequenas pápulas verruciformes aplanadas de tonalidade

amarelo-acastanhado que se dispersam na face;

• Molusco contagioso: são pequenas pápulas dispersas com centro umbilicado;

• Siringomas: são pequenas pápulas lisas da cor neutra, que se localizam nas pálpebras.

Na acne pápulo-pustulosa existem manifestações clínicas que podem necessitar de

diagnóstico diferencial [47]:

• Foliculite por Gram negativas: é constituída por pequenas pápulo-pústulas monomorfas

assintomáticas, na área da barba;

• Foliculite estafilocócica: apresenta pápulo-pústulas foliculares, dolorosas e com uma

elevada reação inflamatória, na área da barba;

• Foliculite por fungos: apresenta pápulo-pústulas foliculares assintomáticas, com grande

dimensão, geralmente no mento e lábio superior;

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• Pseudofoliculite da barba: mais frequente na raça negra, e que se caracteriza por pápula,

pústulas e cicatrizes, geralmente com localização na região cervical;

• Acne iatrogénica: provocada por alguns medicamentos (corticóides tópicos ou orais,

vitamina B12, halogénios e outros). Manifesta-se pelo aparecimento geralmente súbito, de

pápulo-pústulas monorfas e pequenas, na face e tronco;

• Dermatite perioral: apresenta pequenas pápulas eritematosas, geralmente de incidência na

região perioral;

• Rosácea: não se observam comedões. Representa-se por pequenas pápulo-pústulas

inflamatórias, que se distribuem pelo mento, regiões malares e nariz, geralmente na mulher

adulta e pré-menopáusica.

Quanto à acne nódulo-quística, esta forma severa difere da acne vulgar na gravidade dos sinais

clínicos, na sua cronicidade e até na resistência à terapia de rotina. Ocorre em ambos os sexos mas

mais frequentemente em homens, apresentando pápulas, nódulos profundos e dolorosos, além de

cicatrizes desfigurantes, às vezes com formação de quelóide. Frequentemente, o distúrbio persiste

até ao início da meia idade. Face, tórax e dorso podem estar afetados, isoladamente ou em

conjunto. O tratamento foi revolucionado pela isotretinoína [31].

VIII. Tratamento

O tratamento da acne tem como objetivo controlar todos os diferentes fatores que

contribuem para o desenvolvimento da patogenia [50]. Desta forma, pretende-se não só controlar a

hiperqueratose de retenção e diminuir a produção de sebo, mas também reduzir a população

bacteriana e a inflamação [50]. Outro aspeto fundamental no tratamento é a prevenção de sequelas

da acne, como são exemplo as cicatrizes.

Uma vez que são múltiplos os fatores envolvidos, o tratamento deverá ser individualizado

e não estereotipado, otimizando todas as terapêuticas instituídas e aumentando a eficácia

terapêutica. O número de lesões, a extensão e gravidade do tipo de acne permitem classificar a acne

em ligeira, moderada ou grave, servindo de guia para a conduta do seu tratamento [47].

Como as demais estruturas epidérmicas, as glândulas sebáceas são continuamente

fabricadas e provavelmente precisam de um mês para chegar à maturidade. Isso pode explicar

porque o tratamento se deve prolongar por esse tempo, para que ocorram resultados [31].

A. Tratamento tópico

O tratamento tópico é a primeira escolha para as formas não inflamatórias da acne e para a

acne inflamatória ligeira, mas também está recomendado nas formas leves a moderadas de acne ou

ainda nas formas mais graves como adjuvantes de tratamentos sistémicos [50].

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Durante o meu estágio constatei que os fármacos com aplicação tópica mais prescritos

numa fase inicial do tratamente são os retinóides, os antibióticos e o peróxido de benzoílo (BPO).

Por outro lado, os medicamentos com ácido azelaico, glicólico ou salicílico são prescritos numa

segunda etapa visto demonstrarem vantagens numa fase de manutenção, como adjuvantes dos anti-

acneicos de primeira linha, apesar de terem eficácia limitada [50].

i. Retinóides

São eles o fármaco de 1ª linha para a acne leve e moderada. O principal mecanismo de ação

dos retinóides é ao nível da diferenciação celular e da queratinização, combatendo a hiperqueratose

característica da acne vulgar e a consequente formação de microcomedões, inibindo assim o

processo de comedogénese. Por outro lado, também têm atividade anti-inflamatória e previnem a

formação de novas lesões, mantendo a remissão da acne [51]. Nas lesões já existentes, promovem a

expulsão do comedão [52]. Contudo, apesar de possuirem propriedades anti-inflamatórias verifica-

se que no início da terapêutica e em pele mais sensível, esta ação possa ser mascarada pelo seu

potencial irritativo [50].

NA FMP, os retinóides tópicos disponíveis são: o Ketrel® (Tretinoína em creme (0,05%)), o

Isotrex® (isotretinoína em gel (0,05%) e o Differin® (adapaleno em creme e gel (0,1%)).

Quanto à atividade comedolítica, a isotretinoína, a tretinoína e o adaptaleno têm uma ação similar,

apesar deste último ser um retinóide de 3ª geração com melhor perfil de tolerabilidade. No entanto,

o seu início de ação é mais lento. Quanto aos efeitos adversos, estes causam, muitas vezes,

irritação, fotossensibilidade e pele seca [50].

ii. Ácido Azelaico

Este ácido é utilizado quer para acne inflamatória quer para não inflamatória [56]. É uma

terapêutica eficaz no tratamento da acne suave a moderada pápulo-pustular uma vez que possui um

efeito comedolítico, antimicrobiano e anti-inflamatório [53]. A sua ação revela-se tão eficaz como

a da isotretinoína a 0,05% na acne comedogénica e é melhor tolerado que o BPO e tretinoína, no

entanto o início de ação é mais lento que o verificado com o BPO [55]. Os efeitos adversos mais

comuns são o prurido, descamação, sensação de queimadura e eritema, contudo têm a vantagem de

não apresentar fotossensibilidade [54].

iii. Antibióticos

Os antibióticos tem a sua ação nas duas últimas etapas da fisiopatologia da acne, ou seja, na

colonização por P. acnes e na consequente resposta inflamatória/imunitária [57].

Ao evidente efeito antimicrobiano direto que possuem, com diminuição de P. acnes, também

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possuem variadas ações anti-inflamatórias, como são exemplo a produção de citocinas e de ácidos

gordos livres no infundíbulo piloso; a diminuição da quimiotaxia dos neutrófilos, a inibição da

sintetase do óxido nítrico e aumento da produção de prostaglandinas e de superóxido dismutase

[56]. A principal indicação dos antibióticos tópicos é na acne inflamatória ligeira, em que

demonstraram ser bem tolarados, apesar de terem um início de ação lento [50].

Esta classe de fármacos deve ser interrompida assim que houver melhoria clínica evidente e devem

ser suspendidos ou substituídos, se ineficazes, após 6 a 8 semanas de aplicação regular [50].

Na FMP, dentro desta classe de fármacos, encontram-se disponíveis a eritromicina e a

clindamicina, nomeadamente o ZINDACLIN® 1% 10 mg/g Gel (que possui estes dois

antibióticos) e o Duac ®10 mg/g + 50 mg/g Gel que possui clindamicina e BPO.

iv. Peróxido de Benzoílo

Trata-se de um agente antibacteriano e comedolítico utilizado como substituto dos

antibióticos tópicos, na acne inflamatória ligeira a moderada [31].

Por vezes, encontra-se combinado com outros antibióticos tópicos pela sinergia na redução

da P. acnes e pela prevenção do desenvolvimento de resistências microbianas [50].

Uma vantagem deste agente antimicrobiano é o fato de não estar associado ao

desenvolvimento de resistências bacterianas e possuir eficácia similar à dos antibióticos tópicos,

contudo apresenta como efeito adverso o fato de irritar a pele, podendo causar dermatites de

contacto [50]. Na FMP, o BPO é comercializado na forma de loção de limpeza e de gel, em

concentrações de 5 e 10%, com a marca Benzac®.

B. Tratamento sistémico

O tratamento sistémico da acne engloba antibióticos orais, fármacos hormonais,

isotretinoína e ainda combinações entre estes.

Nas formas moderadas a graves da acne, os antibióticos orais estão mais indicados, uma vez que

têm um inicio de ação mais rápido comparativamente com os antibióticos tópicos, mas são

igualmente bem tolerados [50].

i. Antibióticos

As tetraciclinas são os antibióticos de 1ª linha pelas vantagens que apresentam

relativamente à segurança, eficácia e resistências microbianas [50].

Por outro lado, os macrólidos como a eritromicina, azitromicina e claritromicina além de

apresentarem problemas de tolerância, possuem uma eficácia limitada face ao aumento de estirpes

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com resitências a P. acnes [50]. Desta forma, estes fármacos devem apenas ser reservados para

situações de intolerância ou contra-indicação ao uso de tetraciclinas [50].

Quanto às tetraciclinas, existem as de 1ª, 2ª e 3ª geração [50]:

• Tetraciclinas de 1ª geração: oxitetraciclina e cloridrato de tetraciclina

• Tetraciclinas de 2ª geração: doxiciclina e minociclina

• Tetraciclinas de 3ªgeração: cotrimoxazol e trimetroprim

As de 1ª e 2ª geração apresentam farmacocinética distinta. Enquanto que as de 1ª geração

requerem administrações bidiárias e a sua absorção é prejudicada com as refeições; as de 2ª

geração como podem ser administradas uma única vez ao dia juntamente com as refeições,

possibilitam uma melhor adesão à terapêutica, com menos risco de interrupção precoce ou

administração irregular que possa comprometer a sua eficácia e aumentar a resistência bacteriana

[50]. Deste modo, é dada a preferência às tetraciclinas de 2ª geração.

Contudo as tetraciclinas requerem precauções e cuidados especiais. Este grupo de fármacos

está contra-indicado na gravidez e em crianças, pois atrasa o crescimento ósseo. Outro dos seus

efeitos adversos incluem a pigmentação da pele, tonturas e alterações do esmalte dos dentes. Esta

informação foi especialmente útil enquanto fiz a dispensa destes fármacos durante o estágio.

ii. Tratamento hormonal

O objetivo deste tratamento concentra-se na redução da atividade androgénica ao nível

glândula sebácea e do infundíbulo folicular que, como já referido, está na base da atividade dos

sebócitos e das alterações da queratinização e descamação do próprio epitélio infundibular [58].

Deste modo, para se adquirir um efeito antiandrogénico é possível através das seguintes

formas [50]:

• Aumentando as proteínas transportadoras de hormonas sexuais (Globulina Fixadora das

Hormonas Sexuais (SHBG)), que provocará uma redução nos androgénios livres em

circulação por contracetivos orais que combinam estrogénio com progesterona. Assim, os

contracetivos orais não só inibem as gonadotrofinas e a ovulação, como também a

produção ovárica de androgénios. Este efeito é potenciado quando estes contracetivos

associam um estrogénio (geralmente etinilestradiol) com um progestativo de 2ª geração

(levonorgestrel, noretindroma, diacetato de detinotiol) ou 3ª geração (nomegestrol,

trimegestone, dienogest);

• Fármacos antiandrogénicos como a flutamida, o acetato de ciproterona, o acetato de

cloromadinona, o trimegestone, o dienogest, a espironolactona e a drospirenona, que

conseguem bloquear os receptores dos androgéneos ou inibem a sua conversão em DHT;

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O tratamento hormonal na acne apenas está indicado nas seguintes situações: em mulheres

com agravamento pré-menstrual; mulheres em qualquer idade com acne associada a seborreia;

mulheres com acne na idade adulta e jovens sexualmente ativas com acne inflamatória [50].

iii. Retinóides

A isotretinoína (retinóide oral) é o fármaco de eleição uma vez que atua em todos os

mecanismos fisiopatológicos da acne, reduzindo a diferenciação sebácea. Este fármaco atua a nível

sistémico, tendo a capacidade de diminuir o tamanho da glândula sebácea e a sua capacidade de

produzir sebo; consegue reduzir a formação de novos comedões uma vez normaliza a

queratinização folicular; diminui a colonização pela P. acnes e combate a sua a inflamação [50].

Este fármaco está indicado nas formas mais severas da acne, como a acne nódulo-quística ou a

acne moderada a grave que é resistente ou recidiva logo após tratamento tópico e/ou com

antibióticos sistémicos, sendo um MSRM. A sua utilização é também frequente na acne com

tendência cicatricial e em situações de elevado impacto psicológio [50].

Como nas primeiras semanas de tratamento existe uma libertação exacerbada de

superantigénios da P. acnes, é de esperar que no início do tratamento com isotretinoína possa haver

um agravamento das lesões, principalmente nas formas com marcado componente retencional [50].

O principal efeito adverso deste medicamento é o seu potencial teratogénico, que decorre

desde o tratamento até seis semanas finda a sua toma, pelo que é aconselhável sempre a utilização

de um contracetivo oral adequado à mulher em idade fértil. Para além deste efeito, a isotretinoína

provoca também outros efeitos secundários, como fotossensibilidade, dermatites, rash cutâneo,

secura excessiva da pele, entre outros. Por este motivo, este tratamento é apenas utilizado em

situações mais severas [59].

Ao longo do tratamento com isotretinoína, os valores de triglicerídeos, colesterol e

transaminases hepáticas podem sofrer oscilações, pelo que é recomendado o estudo da função

hepática e hemograma com determinação de todos estes lípidos antes do início do tratamento e às 4

a 6 semanas após o começo para se analisar e comparar [50]. Uma vez tratadas as lesões acneicas,

deve-se proceder à aplicação de um retinóide tópico como forma de manutenção, uma vez que,

logo após a descontinuação do retinóide por via oral, formam-se microcomedões [59].

C. Coadjuvantes no tratamento

Na FMP, na área da dermocosmética, existem diversos produtos que poderão ser

coadjuvantes no tratamento da acne de forma a controlar os efeitos secundários dos tratamentos

tópicos e/ou sistémicos [50]. No aconselhamento destes produtos é essencial que o farmacêutico

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verifique que estes não possuam potencial comedogénico [50]. Dentro da vasta gama de produtos e

marcas disponíveis (Avène, Ducray, Isdin, Uriage, Bioderma) sempre que tive oportunidade de

fazer aconselhamento destaquei:

• Produtos de lavagem que atenuam a irritação provocada pela terapêutica tópica e sistémica,

sendo neste caso indicados os cremes ou emulsões sem óleo;

• Hidratantes labiais, para evitar situações de quelite provocada pela utilização de retinóides

(particularmente em pessoas a fazer tratamento com isotretinoína);

• Emulsões ou cremes com moderado efeito queratolítico que promovem a eliminação de

pontos negros e microquistos e limitam o aparecimento de imperfeições;

• Protectores solares para evitar a formação de marcas e reduzir reações associadas à

fotossensibilidade decorrente da terapêutica anti-acneica.

IX. Impacto psico-social da acne

A acne, enquanto doença dermatológica crónica, provoca no indivíduo um forte impacto,

que o deixa fortemente afetado no seu estado psicológico, atividades quotidianas e relações sociais.

São dois os fatores primordias que concorrem para este fato: um de índole interna que assenta na

auto-estima e na imagem corporal, e outro, de índole externa, pela rejeição social que estes

indíviduos sentem, fruto de mitos e preconceitos que envolvem as doenças cutâneas.

Este impacto psico-social é mais peculiar no adolescente. Muitas das vezes a face, que

corresponde à área mais exposta, encontra-se totalmente preenchida com esta dermatose, o que leva

a uma revolta do adolescente, com grande impacto na sua estabilidade pessoal. Principalmente nos

adolescentes do sexo masculino, esta fragilidade e insegurança provoca, muitas vezes,

consequências trágicas que se traduzem num aumento da prevalência de ideação suicída [60].

Também de referir que, num estudo com cerca de 4597 doentes acneicos, 70% destes

demonstraram uma maior taxa de insucesso escolar (em comparação com o grupo controlo

saudável) e revelaram ainda serem vítimas de rejeição social [61]. O impacto nestes doentes é

negativo uma vez que se prevê, tal como noutras doenças crónicas, que possam surgir problemas

emocionais ou perturbações psiquiátricas [62].

X. Caso prático

Enquanto estive ao balcão, foram diversos os casos que me pediram aconselhamento para a acne. A

exemplo, um jovem de 15 anos que apresentava uma acne típica da adolescência, moderada e mista

com algumas lesões inflamatórias e retencionais. Queixava-se dos seus poros dilatados, e do

excesso de sebo que tornava a sua pele muito oleosa e com muito brilho. Senti-o triste e talvez um

pouco desanimado. Após o questionar sobre os produtos que usava, disse-me que apenas aplicava

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creme Nivea® de manhã para hidratar bem a pele. Expliquei-lhe que o creme em questão não era

apropriado, pois era um creme gordo com alto potencial comedogénico.

Expliquei-lhe também que tão importante como hidratar o rosto com um produto adequado, era a

limpeza da pele. Desta forma, aconselhei-o a lavar a pele de mahã e à noite com água micelar

CLEANANCE DA AVÈNE® (uma água específica para peles oleosas) e, proceder à hidratação do

rosto com EVERCLEAN MATIFICANTE DA ISDIN®. Este gel matificante possui

micropartículas que absorvem a oleosidade, apresenta niacinamida que é um potente antioxidante e

ainda tem ação seborreguladora graças ao ácido salicílico. Desta forma este produto iria combater

as bactérias, as imperfeições e ainda controlar a oleosidade.

2. Colesterol – uma breve abordagem

I. Contextualização

Em fevereiro, quando decorria o meu estágio, a FMP recebeu um convite para participar na

XI Feira da Saúde na Escola Secundária da Trofa, como já era habitual em edições anteriores.

Neste contexto, a diretora técnica propôs-me intervir nesta atividade. Assim, a 28 de abril tive a

oportunidade de representar a farmácia nesta XI Feira da Saúde e promover a saúde individual da

comunidade, realizando rastreios de colesterol.

Aliado a este convite que recebi por parte da farmácia, nasceu o meu interesse de

desenvolver esta temática e assim desenvolvi várias atividades:

• Realizei um panfleto com toda a informação necessária sobre o colesterol, para que

pudesse ser distribuído durante a feira, com o intuito de explicar o que é o colesterol, quais

os fatores de risco e como controlar os seus níveis (Anexo 4);

• Fiz uma pesquisa aprofundada sobre este tema, a fim de esclarecer eventuais dúvidas por

parte da comunidade e, assim, fazer um bom aconselhamento;

• Com base nos diferentes resultados das várias faixas etárias que obtive, realizei um gráfico

onde se pode verificar onde é maior a incidência de colesterol total (Figura 2)

II. Incidência

Em Portugal, cerca de 68,5% da população apresenta valores de colesterol iguais ou

superiores a 190 mg/dl. Aproximadamente um quarto dos portugueses apresenta colesterol de risco

elevado (>240 mg/dl) e 45,1% apresenta risco moderado (190-239 mg/dl) [57].

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III. Colesterol

O colesterol é uma gordura essencial existente no nosso organismo, contudo este apenas

necessita de uma pequena quantidade para satisfazer as suas necessidades. O colesterol é

fundamental para a produção de hormonas esteróides, síntese das paredes celulares, de vitamina D

e ácidos biliares que ajudam a digestão dos alimentos. Por outro lado, o colesterol em excesso irá

depositar-se nas paredes arteriais, constituindo placas que reduzem o calibre dos vasos, provocando

a aterosclerose [57].

O colesterol possui duas origens: uma parte produzida pelo próprio organismo, sendo a

maior parte no fígado, e outra parte obtida através da alimentação [57].

O colesterol e os seus ésteres, os triglicéridos e os fosfolípidos, são os principais lípidos

presentes no organismo humano. Uma vez que estas moléculas são insolúveis em água e

consequentemente insolúveis no sangue, precisam de ser transportadas através de proteínas – este

complexo lipoproteíco é conhecido por lipoproteína [58].

IV. Principais tipos de colesterol

As lipoproteínas são classificadas em altas, baixas ou muito baixas densidades, em função da

respectiva proporção de proteína e gordura em cada uma, o que determina a sua densidade. Os dois

tipos mais comuns de lipoproteínas são a HDL (lipoproteína de alta densidade) e a LDL

(lipoproteína de baixa densidade). São vulgarmente conhecidas como "bom" e "mau" colesterol,

respectivamente [57].

• LDL: têm como função transportar o colesterol do fígado para as células. Os níveis altos de

colesterol associado à LDL (c-LDL) tendem a acumular-se na parede das artérias,

provocando a aterosclerose. Quanto mais altas forem as LDL no sangue, maior é o risco de

doença cardiovascular;

• HDL: são responsáveis pelo transporte do colesterol das células ao fígado, para ser

processado e eliminado. O colesterol associado à HDL (c-HDL) está relacionado com a

proteção cardiovascular;

• Triglicerídeos: Este tipo de gordura aumenta com a ingestão em excesso de açúcares,

álcool e calorias, aumentando o risco cardiovascular.

V. Fatores que afetam os níveis de colesterol

Existem vários fatores que contribuem para os níveis elevados de colesterol como são

exemplo a diabetes e também fatores genéticos como hipercolesterolemia familiar [59]. No

entanto, outros fatores modificáveis influenciam os níveis de colesterol [57]:

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• Dieta: O consumo excessivo de gordura saturada eleva os níveis de colesterol. A gordura

saturada e colesterol estão maioritariamente presentes em alimentos de origem animal,

como as carnes gordas, queijo, manteiga, charcutarias, fastfood, etc.

• Peso corporal: O excesso de peso aumenta o colesterol. Manter um peso desejável, não só

reduz os níveis de colesterol das LDL como também tem a vantagem de elevar as HDL.

• Atividade física: O exercício regular baixa o colesterol das LDL e sobe as HDL.

VI. Valores de colesterol recomendáveis

Para a população em geral, o valor de colesterol total recomendado é inferior a 190 mg/dl. Por

outro lado, no caso de doentes de alto risco (são considerados doentes de alto risco aqueles com

patologia coronária ou outra doença aterosclerótica, diabetes ou insuficiência renal) os valores de

colesterol total recomendados são inferiores a 175 mg/dl. Relativamente ao colesterol das LDL, os

valores recomendados para população em geral são inferiores a 115 mg/dl e para os doentes de alto

risco, inferiores a 100 mg/dl [57].

VII. Tratamento não farmacológico e farmacológico

Um tratamento inicial implica mudanças no estilo de vida e na alimentação, com uma dieta

saudável rica em fibra vegetal e pobre em gorduras saturadas, colesterol e ácidos gordos trans. A

maioria dos produtos ditos “proibídos” são, na sua maioria, produtos manufaturados a partir de

óleos vegetais, como margarinas sólidas à temperatura ambiente e óleos para fritar [57].

Quando as medidas não farmacológicas são insuficientes na redução do colesterol das

LDL, procede-se ao tratamento farmacológico. Na FMP existe uma vasta gama de medicamentos,

com diferentes mecanismos de ação de forma a reduzir o c-LDL. A redução de c-LDL pode ser

alcançada por três mecanismos: inibição do colesterol endógeno; inibição da absorção intestinal e,

ainda, através do aumento da síntese e/ou eliminação de ácidos biliares através da bílis [60].

Os farmácos de primeira linha a serem recomendados quando há um aumento de c-LDL são

as estatinas [61]. Efetivamente, dos medicamentos que mais vendi enquando estive ao balcão da

FMP foram as estatinas, como a rosuvastatina, atorvastatina, sinvastatina, pravastatina, entre

outras. Estes fármacos atuam primariamente no fígado, provocam a diminuição da síntese de

colesterol hepático por inibição da enzima HMG-CoA redutase que consequentemente estimula o

aumento da atividade dos recetores de LDL potenciando a remoção do c-LDL da corrente

sanguínea [60]. Contudo, outros medicamentos também são utilizados no controlo desta

dislipidemia, como são exemplo a niacina (utilizada para aumentar as HDL); fibratos (utilizados

principalmente na redução dos triglicerídeos); esteróis vegetais (bloqueiam a absorção de colesterol

pelo intestino) e, mais recentemente, a ezetimiba (reduz seletivamente a quantidade de colesterol

pelo intestino delgado e tem elevada eficácia quando associada com uma estatina, conseguindo

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rezudir cerca de 51% das LDL) [57].

VIII. Rastreio ao colesterol total na XI Feira da Saúde na Escola Secundária da Trofa

Durante a Feira da Saúde, realizei 50 rastreios ao colesterol a um leque muito diversificado

de pessoas: desde jovens alunos, a funcionários e professores de jovem e média idade. Verifiquei

que os jovens ainda não tinham noção do que era o colesterol e nunca tinham realizado um rastreio

ao colesterol contudo, o mesmo não se verificou com os adultos. Com base dos resultados que

obtive, tendo em conta o sexo e a idade de cada indivíduo, realizei um gráfico (Figura 2).

Este gráfico encontra-se distribuído por colunas de duas cores, azuis e rosas,

correspondentes ao sexo feminino e masculino, e separado pelas seguintes faixas etárias: dos 13

aos 23 anos, dos 24 aos 34 anos, dos 35 aos 45 anos e dos 46 aos 66 anos. Cada barra representa a

média dos valores de colesterol para cada faixa etária e sexo.

Após análise, verifiquei que os níveis de colesterol mais alto se verificam nos indivíduos

do sexo masculino entre os 35-45 anos, com uma média de 222,6 mg/dl. Também pude verificar

que são preocupantes os valores em jovens dos 24 aos 34 anos, a sua média ultrapassa o limite

máximo recomendável (190 mg/dl). Enquanto realizei o rastreio, fazia uma pequena abordagem ao

tema, tendo sempre em consideração os valores de cada indíviduo, fazendo um aconselhamento do

estilo de vida e alimentação de deveria adquirir.

Em suma, esta atividade tornou-se uma experiência bastante enriquecedora no meu

percurso académico e a adesão da comunidade educativa foi exemplar denotando interesse e

cuidado com a sua saúde. Considero que os panfletos foram uma mais valia tanto para a FMP como

para todos aqueles a quem os distribuí durante a feira da sáude, uma vez que não só ilucidaram os

utentes do que realmente é o colesterol, mas também de todos os perigos subjacentes. Esta

atividade prática (Anexo 4) demonstrou ser um guia útil para os utentes mais idosos da FMP, sendo

que muitos destes me revelaram que iam mostrá-lo a familiares e afixá-lo na porta do frigorífico

para terem sempre cuidado com os alimentos.

 

  174,9   168,6  198,5   190,0   196,8  

221,6  196,0   204,0  

0,0  

50,0  

100,0  

150,0  

200,0  

250,0  

f   m   f   m   f   m   f   m  

[13  -­‐  23]   [24  -­‐  34]   [35  -­‐  45]   [46  -­‐  66]  

                                                                     valores  de  colesterol  total  obtidos        

Figura 2: média dos valores de colesterol total, distribuídos por sexo e faixa etária. (f): sexo feminino; (m): sexo masculino

                               Idade  e  sexo  dos  utentes  

Concentração  de  colesterol  total  (mg/ml)  

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3. Hipertensão Arterial – fundamentos básicos    

I. Epidemiologia

A hipertensão arterial (HTA) é um dos principais problemas de saúde no mundo. Em 2001,

aproximadamente 7,6 milhões de mortes e 92 milhões de anos de vida perdidos por incapaciadade

em todo mundo, foram devido à HTA. A prevalência da HTA na população geral é de 30-45%

[62], sendo que em Portugal existem cerca de dois milhões de hipertensos, mas apenas 25 milhões

estão medicados e só 11% tem a tensão arterial efetivamente controlada [63].

A probabilidade de que um indivíduo de meia idade ou mais velho desenvolva hipertensão

durante a sua vida é de 90%. A proporção de pessoas hipertensas varia de acordo com vários

aspetos, nomeadamente a raça, sendo a tensão mais elevada nos negros e mais baixa nos brancos. A

idade, bem como a região geográfica onde cada pessoa vive, também são fatores importantes. O

género influencia, na medida em que o sexo masculino tem maior prevalência de HTA.

Relativamente ao nível socioeconómico, foi demonstrado que está inversamente relacionado com a

prevalência, morbilidade e mortalidade relacionadas com a HTA [64].

A prevalência da HTA varia entre os diferentes países e populações. A pressão arterial

aumenta com a idade, sendo que a sistólica aumenta até, aproximadamente, à oitava década de

vida, e a diastólica atinge a fase de platô por volta dos 50 anos de idade, e pode mesmo diminuir.

A pressão arterial sistólica média é mais elevada nos homens do que nas mulheres durante o início

da vida adulta, embora o aumento relacionado com a idade seja mais pronunciado para o sexo

feminino [65].

II. Hipertensão arterial – aplicação em farmácia comunitária

HTA é definida como sendo o valor de pressão arterial a partir do qual a instituição de

terapêutica medicamentosa reduz a mortalidade e morbilidade relacionadas com a mesma. Devem

ser realizadas duas ou mais medições da tensão, na posição sentada e num ambiente calmo, após 5

a 10 minutos de repouso. A braçadeira deve ser posicionada ao nível do coração e a largura da

mesma deve corresponder a pelo menos 40% da circunferência do braço, com um comprimento

suficiente para rodear bem todo o braço, envolvendo 80% do mesmo [66].

A classificação atual é dividida em vários níveis (Tabela 1), sendo que o valor normal de

tensão arterial num indivíduo adulto é definido como aquele em que a sistólica é inferior a 120 e a

diastólica inferior a 80 [67, 68].

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Tabela 1 – Classificação da tensão arterial. Adaptada de : “Guidelines for the Management of

Arterial Hypertension” [62]

Sociedade Europeia de Cardiologia Pressão Sistólica Pressão Diastólica

Ótima <120 <80

Normal 120 - 129 80 - 84

Normal Alta 130 - 139 85 - 89

Hipertensão de grau I 140 - 159 90 - 99

Hipertensão de grau II 160 - 179 100 - 109

Hipertensão de grau III ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90

III. Fisiopatologia

Relativamente à fisiopatologia, a HTA é dividida em primária (essencial ou idiopática)

cuja causa médica não é identificada, correspondendo este tipo de HTA a 95% de todos os casos,

ou secundária. Os 5% restantes correspondem à HTA secundária, que é provocada por outras

patologias identificáveis, como por exemplo, doenças renovasculares, feocromocitoma,

aldosteronismo, entre outras. A maioria dos pacientes não apresenta sintomas específicos

relacionados com a elevação da tensão arterial. A cefaleia é considerada, popularmente, um

sintoma de HTA, no entanto esta apenas ocorre em pacientes com hipertensão grave, ocorrendo

mais de manhã e na região ocipital. Existem alguns sintomas não específicos relacionados com a

elevação da pressão arterial, como as tonturas, as palpitações, o cansaço fácil e a impotência [65].

IV. Fatores de risco e prevenção da doença cardiovascular

A HTA está frequentemente associada a fatores de risco adicionais para a doença

cardiovascular. Desta forma, é essencial avaliar outros aspetos importantes no doente,

nomeadamente o seu perfil lipídico (colesterol total superior a 200mg/dL), os hábitos tabágicos, a

idade e género (maior risco em homem com idade superior a 55 anos ou mulher com idade superior

a 65 anos). O peso e a gordura abdominal são aspetos muito importantes a ter em consideração,

sendo o risco mais elevado em pessoas obesas cujo perímetro abdominal é superior a 88cm (nas

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mulheres) ou 102cm (nos homens). A história familiar de doença cardiovascular prematura (no

género masculino considera-se quando inferior a 55 anos e no género feminino quando inferior a

65 anos) é outro ponto relevante a considerar quando se realiza a abordagem e avaliação da tensão

arterial de um doente [69]. As intervenções no estilo de vida são um ponto fundamental para o

tratamento da HTA. Desta forma, um farmacêutico deve aconselhar todos os pacientes a quem

tenha sido diagnosticada HTA ou que apresentem valores bordline ou fatores de risco importantes,

a adotarem uma dieta variada, nutricionalmente equilibrada, rica em legumes e frutas e pobre em

gorduras (totais e saturadas). A prática regular de exercício físico (30-60 min, 4-7 dias por

semana), a restrição do consumo excessivo de álcool, a cessação do consumo de tabaco e

diminuição do consumo de sal, são outros pontos a ter em consideração para a prevenção da HTA

[69].

V. Tratamento da hipertenção arterial

O tratamento farmacológico deve ser instituído após tentativa de alterações do valores com a

implementação das alterações do estilo de vida. Existem várias classes de anti-hipertensores,

devendo-se, inicialmente, começar com monoterapia quando existe risco baixo ou moderado, ou

terapêutica associada quando o risco é alto ou muito alto. Dentro das várias classes, os diuréticos

tiazídicos ou análogos (clorotalidona ou indapamida) são uns dos aconselhados como terapêutica

de primeira linha. Os modificadores do eixo renina-angiotensina-aldosterona, de preferência os

inibidores da enzima de conversão da angiotensina (como por exemplo, captopril, enalapril,

lisinopril...) ou, em alternativa, os antagonistas do receptor da angiotensina (losartan, candesartan,

entre outros), são outra opção não menos eficaz. Existem muitas outras classes de

antihipertensores, como os diuréticos de ansa, os beta bloqueadores, os bloqueadores dos canais de

sódio, que podem ser utilizados em associação entre si ou em esquema de monoterapia [62,65].

Um fator importante a ter em consideração são os principais efeitos adversos de cada

classe de antihipertensores, de forma a ser possível aconselhar o utente a dirigir-se ao seu médico,

de forma a proceder a revisão da terapêutica instituída. A exemplo disso, enquanto estive a fazer

atendimento ao balcão, um senhor de meia idade queixava-se de muita tosse e comichão na

garganta, pedia-me um antitússico. Fiz-lhe um pequeno questionário e pude concluir que essa tosse

se devia ao enalapril que tinha começado a tomar. O enalapril pertence ao grupo dos inibidores da

enzima de conversão da angiotensina, e este grupo de fármacos tem como principal efeito adverso

a tosse que o senhor me descrevera. Desta forma, não lhe dei o antiússico como me pedia, mas

aconselhei-o a ir ao médico na tentativa que lhe fosse alterado a classe de fármaco.

Existem vários aspetos que se deve ter em conta para se proceder a instituição de determinado

grupo farmacológico, como por exemplo, a idade do doente, se existe ou não lesão em órgãos alvo,

outras doenças associadas, situações que condicionem a adesão à terapêutica, factores económicos,

entre outros [65, 70]. Dentro dos vários tipos de contra-indicações existem algumas fundamentais

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para reconhecimento de um farmacêutico face a um utente medicado para a HTA. Relativamente às

mulheres grávidas, é contra-indicação absoluta a toma de IECAs ou de ARAs [62, 70]. No entanto,

no caso de um doente asmático um bloqueador-beta não deve ser indicado como opção terapêutica.

Com a realização do meu estágio, apercebi-me da importância de alertar os utentes sobre

os factores de risco e as várias medidas a serem tomadas como forma preventiva, acabando por

concluir que uma grande percentagem não tinha noção dos valores de referência, dos várias

atitudes e estilos de vida a tomar, bem como do controlo da sua própria tensão arterial.

4. Diabetes – panfleto para os utentes da FMP

Ao longo do meu estágio, como realizei imensas medições de glicemia, maioritariamente a

uma população idosa e diabética, achei oportuno realizar um panfleto (Anexo 5) apelativo à

diabetes, aos seus riscos, complicações e como prevenir. Distribuí-o variadíssimas vezes aos

utentes da FMP e considerei uma ferramenta bastante ilustrativa e útil.

5. Piolhos – da Prevenção ao Tratamento – guia rápido para os farmacêuticos da FMP

Quando cheguei à FMP desde cedo percebi que não estava apta a fazer aconselhamentos

sobre esta dinâmica. Além de não conhecer os produtos disponíveis, não sabia a diferença entre

eles e o modo de ação de cada um. Desta forma, achei oportuno criar um “guia rápido de prevenção

e tratamento”, ou seja, uma tabela (Anexo 6) que de forma sucinta diferencia-se os vários produtos

que a FMP dispunha, para que tanto eu como os farmacêuticos da equipa da FMP conseguíssemos

de forma rápida saber as diferenças e modo de aplicação de cada um.

6. Suplementos vitamínicos – comparação da composição

Após a minha ida para o atendimento ao balcão, verifiquei que havia uma percentagem

grande de indivíduos a recorrer à farmácia a solicitar suplementos vitamínicos com diversas

finalidades: ou porque se sentiam demasiado cansados após o exercício físico, ou porque estavam

numa fase de exames e pretendiam mais memória, ou porque se sentiam esquecidos e cansaços,

entre outros. Daqui surgiu a minha grande dificuldade: como saber o que aconselhar com tantos

suplementos que a FMP dispunha. Assim, fiz uma tabela comparativa (Anexo 7) com os principais

suplementos alimentares à venda na FMP para perceber a diferença entre eles e qual o mais

adequado a cada tipo de carência. Considerei esta ferramenta como uma mais valia para poder

fazer um aconselhamento mais personalizado.

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Conclusão

O papel do farmacêutico em ambiente de farmácia comunitária é de extrema relevância

para a qualidade dos cuidados de saúde prestados. Como especialista do medicamento, assegura

que a farmacoterapêutica instituída respeita o uso racional do medicamento e é segura para o

doente.

O estágio na Farmácia Moreira Padrão proporcionou-me uma constante aprendizagem

através das inúmeras tarefas que diariamente relizei (Anexo 8). Neste estágio consegui pôr em

prática todas as valências que cimentei ao longo de cinco anos de Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas: desde a parte teórica à sua aplicação prática.

A relação com os utentes tornou-se a parte mais desafiante, pois estar a apta a explicações

sobre qualquer assunto e medicamento, nem sempre é fácil. Assim, este estágio também me

permitiu excelente adaptação ao ambiente profissional.

Conhecer o funcionamento de uma farmácia era o que mais ansiava desde cedo e, enquanto

estagiária, esta oportunidade superou as minhas expectativas e tornou-se uma motivação para que

um dia a minha carreira profissional passe por este setor.

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Anexos

Anexo 1- Fachada da Farmácia Moreira Padrão

 

Anexo 2 –Área de atendimento ao público da Farmácia Moreira Padrão

 

Anexo 3 – Montra realizada na Farmácia Moreira Padrão

 

 

 

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Anexo 4 - Panfleto Colesterol

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Anexo 5- Panfleto Diabetes

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Anexo 6- Piolhos – da prevenção ao tratamento

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Anexo 7- Suplementos alimentares – tabela comparativa

 

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ANEXO    8  

Cronograma  das  atividades  desenvolvidas  ao  longo  do  estágio  na  FMP,  que  me  foram  adquirindo  mais  autonomia  e  capacidade  de  exercer  o  papel  farmacêutico.  

 

Atividades 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês

Encomendas e aprovisionamento

✔   ✔   ✔   ✔   ✔   ✔  

Controlo de PV   ✔   ✔   ✔      

Conferência de receituário   ✔   ✔   ✔   ✔   ✔  

Testes bioquímicos ✔   ✔   ✔   ✔   ✔   ✔  Realização de MM     ✔   ✔     ✔  

Acompanhamento de atendimentos ao público junto da orientadora de estágio

    ✔   ✔      

Atendimento ao público autónomo

      ✔   ✔   ✔