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TPGfolitédnicodaiGuarda
Polytechnicof Guarda
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Licenciatura em Gestão
Guilherme José Matos Fortuna
novembro 2017
Escola Superior de Tecnologia e Gestão
Instituto Politécnico da Guarda
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
GUILHERME JOSÉ MATOS FORTUNA
RELATÓRIO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO EM GESTÃO
Guarda, novembro de 2017
Caixa de Crédito Agrícola da Região do Fundão e Sabugal C.R.L.
Ruas dos Três Lagares * 6230 421 Fundão * Tel: 275750420 / Fax: 275752511
Endereço eletrónico: [email protected]
Número de Pessoa Coletiva e Inscrição na C.R.C. do Fundão 500.978.930
Capital Social Variável de no mínimo: €8.000.000; Capital Atual: €10.724.620
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
i Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Ficha de Identificação
Aluno: Guilherme José Matos Fortuna
Nº de aluno: 1011656
Correio eletrónico: [email protected]
Licenciatura: Gestão
Estabelecimento de Ensino: Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto
Politécnico da Guarda (ESTG-IPG)
Entidade acolhedora: Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal,
CRL
Agência: Fundão
Morada: Rua dos Três Lagares, 6230-421, Fundão
Telefone: 275 750 420
Fax: 275 752 511
Correio eletrónico: [email protected]
Tutor na instituição: Dr. Luís Antunes
Grau Académico: Licenciado em Economia
Cargo: Responsável Administrativo e Financeiro
Orientador na ESTG-IPG: Prof.ª Maria José Valente
Grau Académico: Doutor em Ciências Económicas
Duração do Estágio: 400 horas
Início do Estágio Curricular: 3 de julho de 2017
Conclusão do Estágio Curricular: 22 de setembro de 20
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
iii Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Agradecimentos
Com o chegar ao fim de mais uma etapa de vida, sendo que ao longo da mesma foram
muitos os obstáculos que apareceram, o estagiário quer deixar um especial agradecimento
a quem cooperou e auxiliou, de uma maneira ou de outra, a superar os mesmos.
Em primeiro lugar, o estagiário agradece ao Instituto Politécnico da Guarda e à Escola
Superior de Tecnologia e Gestão pelo acompanhamento, dedicação, pela oportunidade
concedida de se licenciar na área de Gestão, e aos respetivos professores pelos
conhecimentos fornecidos, ao longo de um período de três anos.
Em segundo lugar, o formando quer agradecer à Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da
Região do Fundão e Sabugal, CRL pela oportunidade concedida e a toda a equipa pela
simpatia, ajuda e integração. Dentro desta instituição, deixa um especial obrigado ao
supervisor, Dr. Luís Antunes, que representou um papel fundamental não só na orientação
e aprendizagem de vários conhecimentos, mas também pelo seu apoio, motivação,
paciência e interesse mostrado em ajudar a realizar o estágio.
Por último, e não menos importante, o estagiário agradece a toda a sua família e amigos
pelo forte apoio, motivação e confiança que sempre prestaram.
“Agradeço às pessoas que me rejeitaram e me disseram não. Por causa delas, agi por
mim mesmo e cheguei até aqui.”
Johnny De Carli
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
iv Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Resumo
O objetivo do estágio curricular é pôr em prática os conhecimentos adquiridos nas
unidades curriculares, de maneira a preparar os alunos no ingresso do mercado de
trabalho, servindo no fundo como a primeira experiência laboral na área.
Este relatório de estágio tem como objetivo descrever as atividades desenvolvidas durante
o período de estágio, bem como fazer a apresentação e caraterização da entidade
acolhedora, Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Fundão e Sabugal, no sentido de se
perceber o seu funcionamento. O referido estágio curricular teve início no dia 3 de julho
e terminou a 22 de setembro de 2017, com uma duração total de 400 horas.
Relativamente ao conteúdo deste relatório, irá, primeiramente, focar-se na caraterização
do Sistema Financeiro Português no sentido de contribuir para uma melhor perceção do
funcionamento da entidade propiciadora do estágio, visto encontrar-se inserida no
mesmo. Seguir-se-á a apresentação do Grupo Crédito Agrícola, contendo aspetos como a
história do mesmo, a sua estrutura organizacional, a missão, os valores, as suas diversas
empresas e, ainda, a agência onde o estágio curricular decorreu. Por último, serão
descritas todas as atividades realizadas durante o período de permanência na instituição,
primordialmente tarefas de back office, isto é, serviços administrativos, não diretamente
em contacto com clientes.
Palavras chave: Estágio; Banco; Crédito; Back office; Crédito Agrícola; Fundão.
JEL Classification: G01 (Management); G20 (General); G21 (Banks, other Deposit
Institutions, Microfinance Institutions; Mortgages).
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
v Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Plano de Estágio
O plano de estágio que, de seguida, se apresenta foi elaborado pelo Responsável
Administrativo e Financeiro da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Fundão e Sabugal
que durante o período de estágio desempenhou também a função de supervisor no estágio
curricular.
As tarefas desenvolvidas foram baseadas neste plano:
1. Conhecimento da história sobre a origem e percurso do Crédito Agrícola:
Banco Agrícola;
Banco Universal;
2. A forma jurídica das Caixas Agrícola:
Cooperativas de Crédito;
A Caixa Central;
As empresas do grupo;
3. A Caixa de Crédito Agrícola da Região do Fundão e Sabugal, CRL:
A sua história;
Estrutura Funcional;
4. A área administrativa e financeira:
O Modus Operandi;
A produção documental;
A produção documental financeira;
A produção documental obrigatória e legal.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
vi Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Índice
Introdução ....................................................................................................................... 13
Capítulo 1 - Sistema Financeiro Português ................................................................ 14
1.1. Enquadramento e Importância do Sistema Financeiro Português ....................... 15
1.2. Instituições Financeiras ....................................................................................... 16
1.3. Modelo de Supervisão Português ........................................................................ 17
Capítulo 2 - História e Enquadramento do Crédito Agrícola .................................. 18
2.1. Historial sobre a Origem e Percurso do Crédito Agrícola ................................... 19
2.2. O Grupo Crédito Agrícola ................................................................................... 23
2.2.1. Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo ........................ 24
2.2.2. Empresas Participadas .................................................................................. 26
2.3. Forma Jurídica das Caixas Agrícolas .................................................................. 30
2.4. Missão, Visão e Valores Grupo Crédito Agrícola ............................................... 30
2.4.1. Missão ........................................................................................................... 30
2.4.2. Visão ............................................................................................................. 30
2.4.3. Valores .......................................................................................................... 31
2.5. Objetivos .............................................................................................................. 31
2.6. Logótipo .............................................................................................................. 32
2.7. Comunicação Organizacional .............................................................................. 33
2.7.1. Campanha Publicitária .................................................................................. 33
2.7.2. Patrocínios e Eventos ................................................................................... 34
Capítulo 3 - Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal ... 38
3.1. A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo Região do Fundão e Sabugal .................... 39
3.2. Localização .......................................................................................................... 40
3.3. Organização da CCAM da Região do Fundão e Sabugal .................................... 41
3.3.1. Comercial ..................................................................................................... 42
3.3.2. Gestão de Risco ............................................................................................ 42
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
vii Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
3.3.3. Crédito .......................................................................................................... 42
3.3.4. Jurídico ......................................................................................................... 42
3.3.5. Administrativo e Financeiro ......................................................................... 43
Capítulo 4 - Atividades Desenvolvidas no Estágio ..................................................... 44
4.1. Análise do Exercício do Primeiro Trimestre de 2017 da CCAM do Fundão e
Sabugal CRL. ............................................................................................................. 46
4.1.1. Análise da Margem Financeira ................................................................. 47
4.1.1.1. Evolução do Crédito a Clientes ............................................................. 47
4.1.1.2. Evolução dos Recursos de Clientes ....................................................... 50
4.1.2. Análise do Produto Bancário .................................................................... 51
4.1.2.1. Análise Desagregada da Rubrica “Serviços e Comissões” ................... 52
4.1.3. Evolução do Resultado Líquido ................................................................... 54
4.1.3.1. Situação Líquida .................................................................................... 55
4.2. Demonstração de Alterações nos Capitais Próprios ............................................ 56
4.3. Análise de Risco .................................................................................................. 58
4.3.1. Tipos de Informação a Obter do Cliente ...................................................... 59
4.3.2. Garantias Bancárias ...................................................................................... 59
4.3.2.1. Garantias Reais ...................................................................................... 59
4.3.2.2. Garantias Pessoais ................................................................................. 60
4.3.3. Análise da Situação de Risco........................................................................ 60
4.4. Incumprimento e Recuperação de Crédito .......................................................... 63
4.4.1. Reestruturação do Crédito Vencido – Processo Extrajudicial ...................... 64
Reflexão Crítica das Competências e Conhecimentos Adquiridos .......................... 65
Bibliografia .................................................................................................................... 68
Anexos ............................................................................................................................ 70
Anexo I – Relatório e Contas do 1º Trimestre de 2017 da Caixa de Crédito Agrícola do
Fundão e Sabugal CRL. .............................................................................................. 71
Balanço em 31 de março de 2017 – Ativo.............................................................. 71
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
viii Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Balanço em 31 de março de 2017 – Capital Próprio e Passivo .............................. 72
Demonstração de Resultados em 31 de março de 2017 ......................................... 73
Anexo II – Análise de Risco ....................................................................................... 74
Análise Económico Financeira da Empresa XPTO ................................................ 74
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
ix Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Índice de Figuras
Figura 1: Logótipo do Centenário do Grupo Crédito Agrícola ...................................... 21
Figura 2: Grupo Crédito Agrícola .................................................................................. 23
Figura 3: Edifício da Caixa Central do Crédito Agrícola Mútuo ................................... 24
Figura 4: Logótipo AGROCAPITAL ............................................................................. 26
Figura 5: Logótipo CA Consult ...................................................................................... 26
Figura 6: Logótipo CA Gest ........................................................................................... 27
Figura 7: Logótipo CA Imóveis ..................................................................................... 27
Figura 8: Logótipo CA Informática ................................................................................ 28
Figura 9: Logótipo CA Seguros ..................................................................................... 28
Figura 10: Logótipo CA Vida ......................................................................................... 29
Figura 11: Logótipo CA Serviços ................................................................................... 29
Figura 12: Missão e Valores do Grupo Crédito Agrícola ............................................... 31
Figura 13: Evolução do Logótipo do Grupo Crédito Agrícola ....................................... 32
Figura 14: Imagem ilustrativa da Campanha Publicitária de 2017 ................................ 33
Figura 15: Imagem representativa do 4º Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola ...... 34
Figura 16: Imagem representativa da Feira FATACIL 2017 ......................................... 35
Figura 17: Imagem representativa da Feira OVIBEJA 2017 ......................................... 35
Figura 18: Pedro Lopes, Grupo Crédito Agrícola no Ciclismo ...................................... 36
Figura 19: Mário Patrão, Grupo Crédito Agrícola no Motociclismo ............................. 36
Figura 20: Teresa Almeida, Grupo Crédito Agrícola no BodyBoard............................. 37
Figura 21: João Ruivo, Grupo Crédito Agrícola no Campeonato de Rali ...................... 37
Figura 22: Rafael Lobato, Grupo Crédito Agrícola no Campeonato de Velocidade ..... 37
Figura 23: Paulo Ramalho, Grupo Crédito Agrícola no Campeonato de Montanha ...... 37
Figura 24:Localização Geográfica da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do
Fundão e Sabugal ........................................................................................................... 40
Figura 25:Edifício da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
........................................................................................................................................ 40
Figura 26: Organograma da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e
Sabugal ........................................................................................................................... 41
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
x Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Índice de Tabelas
Tabela 1: Modelo de Supervisão Portuguesa ................................................................. 17
Tabela 2: Evolução do Crédito Concedido a Clientes, de 2015 a 31 de março de 2017 48
Tabela 3: Evolução do Crédito Vencido, de 31 de dezembro de 2016 a 31 de março de
2017 ................................................................................................................................ 48
Tabela 4: Composição da Rubrica de "Crédito a Clientes", de 2015 a 31 de março de 2017
........................................................................................................................................ 49
Tabela 5: Composição da Rubrica "Recursos Captados a Clientes", de 2015 a 31 de março
de 2017 ........................................................................................................................... 50
Tabela 6: Demonstração dos Encargos de "Serviços e Comissões" ............................... 52
Tabela 7: Demonstração dos Rendimentos de "Serviços e Comissões" ........................ 53
Tabela 8: Demonstração de Alterações nos Capitais Próprios ....................................... 56
Tabela 9: Composição da Rubrica "Outras Reservas e Resultados Transitados" .......... 57
Tabela 10: Ativo - Balanço em 31 de março de 2017 .................................................... 71
Tabela 11: Capital Próprio e Passivo - Balanço em 31 de março de 2017 ..................... 72
Tabela 12: Demonstração de Resultados em 31 de março de 2017 ............................... 73
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
xi Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Evolução da Rubrica "Recursos Captados a Clientes", de 2015 a 31 de março
de 2017 ........................................................................................................................... 51
Gráfico 2: Rendimentos e Encargos de "Serviços e Comissões" ................................... 54
Gráfico 3: Evolução do Resultado Líquido, de 2014 a 31 de março de 2017 ................ 55
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
xii Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Listagem de Abreviaturas e Siglas Utilizadas
CA Crédito Agrícola
CCAM Caixa de Crédito Agrícola Mútuo
ESTG Escola Superior de Tecnologia e Gestão
FENACAM Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo
FGCAM Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo
IES Informação Empresarial Simplificada
IPG Instituto Politécnico da Guarda
SICAM Sistema Integrado do Crédito Agrícola Mútuo
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
13 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Introdução
No âmbito do curso de Gestão, do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), pretende-se que
os alunos do terceiro ano finalizem a sua formação de licenciatura através da
concretização de uma componente pragmática, nesta área, que se traduz na realização de
um estágio curricular, de forma a por em prática todos os conhecimentos adquiridos.
O estágio foi realizado na Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e
Sabugal, sede regional, tendo este como principal objetivo o conhecimento, mais
detalhado e aprofundado, das atividades e procedimentos de gestão utilizados na área
bancária.
O relatório está dividido em quatro capítulos principais. O primeiro capítulo servirá para
se apresentar o Sistema Financeiro Português e qual a sua importância, uma vez que esta
entidade se insere no mesmo.
O segundo ponto servirá para apresentar a instituição acolhedora, Grupo Crédito
Agrícola, quanto à sua identificação, história, princípios, imagem, empresas participadas
e por fim, os meios de divulgação utilizados pela instituição.
Em seguida, no terceiro capítulo, será apresentada a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo
(CCAM) da Região do Fundão e Sabugal, que engloba nove agências situadas nesta
região, bem como a sua estrutura organizacional e o seu modo de operar.
O capítulo reservado para relatar toda a experiência no Crédito Agrícola será o quarto.
Este dividir-se-á pelo tipo de factividade desenvolvida, mais concretamente a realização
do relatório e contas do primeiro trimestre de dois mil e dezassete, a demonstração das
variações de capital próprio e a análise de risco de concessão de crédito a empresas.
Para finalizar, apresenta-se uma breve reflexão, sobre os conhecimentos adquiridos e
experiências vividas durante o período de estágio, nesta entidade.
Pretende-se, também, que o relatório seja apelativo e coerente de forma a dar a conhecer
ao leitor uma grande diversidade de informações relativas ao estágio desenvolvido e
informações respeitantes ao próprio Crédito Agrícola.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
15 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
1. Sistema Financeiro Português
Neste primeiro capítulo pretende-se dar uma breve noção do Sistema Financeiro
Português1, evidenciando, também, a sua importância, pois a entidade acolhedora de
estágio, Crédito Agrícola, insere-se neste sistema.
1.1. Enquadramento e Importância do Sistema Financeiro
Português
O sistema financeiro compreende o conjunto de entidades financeiras que asseguram,
essencialmente, a canalização da poupança para o investimento nos mercados financeiros,
através da compra e venda de produtos financeiros, constituindo-se como intervenientes
nos mercados financeiros, enquanto emitentes e transacionadores produtos financeiros.
As instituições financeiras asseguram assim um papel de intermediação, ou seja,
canalizam a poupança para o financiamento entre agentes económicos que, num dado
momento, se podem assumir como aforradores (criadores de poupança) e, noutros
momentos, como investidores.
Em parte, este papel de intermediação decorre da existência da moeda, reside na operação
de canalizar o excesso de recursos (poupança) de determinado agente económico, seja
indivíduo, seja família, seja empresa, para outros agentes económicos que deles
necessitem (investimento). Esta operação, por um lado, possibilita a quem aplica os
recursos ter um rendimento no futuro e, por outro lado, incrementa o investimento e o
empreendedorismo.
A atividade económica, potenciada pelas facilidades da existência de moeda, tais como
fluxos monetários por contrapartida de fluxos reais e a amplificação geográfica da
dimensão dos negócios, assenta na existência de um sistema bancário bem estruturado
capaz de permitir a circulação da moeda, que por sua vez alavanca os mercados de bens
e serviços, e estimula a circulação de pessoas e bens.
Em suma, os bancos asseguram o funcionamento dos sistemas de pagamentos o que
permite que os mercados locais desenvolvam a sua atividade e que os particulares e as
empresas se desloquem e atuem respetivamente em locais distantes. Ainda que, sejam,
1 A informação a seguir exposta teve como fonte a informação disponibilizada na página de internet da
Associação Portuguesa de Bancos: http://www.apb.pt/sistema_financeiro
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
16 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
igualmente, fundamentais na intermediação financeira, já que, recolhem a poupança de
quem possui recursos excedentários e disponibilizam esses recursos a quem deles
necessita. Sem esta operação, a capacidade de investir dos particulares e das empresas
ficaria muito limitada.
1.2. Instituições Financeiras
As instituições financeiras exercem atividades específicas distintas que, para além de as
caracterizarem, permitem classificá-las com base no papel que desempenham. Estas
entidades financeiras podem ser divididas em dois grupos principais, sendo eles
Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras.
Instituições de Crédito são entendidas como não só todas as entidades cuja atividade
consiste em receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis, a fim de os
aplicarem por conta própria mediante a cedência de crédito, mas também instituições que
tenham por objetivo a emissão de meios de pagamento sob a forma de moeda eletrónica.
De entre as Instituições de Crédito, destacam-se os Bancos e as Caixas cuja atividade
inclui a receção de depósitos ou outros fundos reembolsáveis e a concessão de créditos.
O outro grupo, mais concretamente, Sociedades Financeiras representam todas as
empresas cujas atividades principais consistam em exercer uma ou mais das seguintes
atividades:
Operações de crédito, incluindo concessão de garantias e outros compromissos;
Emissão e gestão de outros meios de pagamento;
Transações, por conta própria ou de clientes, sobre instrumentos do mercado
monetário e cambial, instrumentos financeiros a prazo, opções e operações sobre
divisas, taxas de juro, mercadorias e valores mobiliários;
Participações em emissões e colocações de valores mobiliários e prestação de serviços
correlativos;
Atuação nos mercados interbancários;
Consultoria, guarda, administração e gestão de carteiras de valores mobiliários;
Gestão e consultoria em gestão de outros patrimónios.
Alguns exemplos de Sociedades Financeiras são as sociedades corretoras, as sociedades
mediadoras dos mercados monetário ou de câmbios, as sociedades gestoras de fundos de
investimento, as sociedades gestoras de patrimónios, as agências de câmbios, entre outras.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
17 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
1.3. Modelo de Supervisão Português
A regulação do sistema financeiro é uma questão extremamente pertinente dada a
necessidade de manutenção de níveis aceitáveis de estabilidade financeira. À regulação
competem papéis, tais como a defesa da concorrência no setor financeiro e a prevenção
do risco sistémico, que se revelam essenciais em ambientes vulneráveis a grandes crises.
O modelo assenta numa rígida supervisão, com o objetivo de observar se as instituições
estão a seguir as normas estabelecidas na regulamentação do mesmo.
A defesa da concorrência tem o intuito de garantir a estabilidade e a solidez do sistema
financeiro e a eficiência do seu funcionamento, já a prevenção do risco sistémico pretende
acautelar a possibilidade de ocorrência de um evento não antecipado ou repentino que
possa afetar o sistema financeiro como um todo.
O Sistema Financeiro Português assenta num modelo de Supervisão Institucional com
uma clara distinção entre os três segmentos de mercado existentes, sendo eles o bancário,
o financeiro e o segurador. Na tabela 1 que se segue identificam-se as autoridades de
supervisão para cada um dos segmentos de mercado, bem como o âmbito dessa
supervisão.
SeguradorBancárioFinanceiroSegmento de
mercado
Supervisão VerticalSupervisão
Vertical
Supervisão Horizontal
Mercados de valores
mobiliàrios e instrumentos
financeiros derivados de
atividade dos agentes que
neles atuam
Atividade seguradora e
resseguradora
Instituições de
crédito e
Sociedades
Financeiras
Âmbito de
supervisão
Autoridade de
Supervisão de Seguros
e Fundos de Pensões
Banco de
Portugal
Autoridade de
supervisão
Comissão do Mercado
de Valores Mobiliários
Tabela 1: Modelo de Supervisão Portuguesa
Fonte: http://www.apb.pt/sistema_financeiro
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
19 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
2. História e Enquadramento do Crédito Agrícola
No presente capítulo, irá proceder-se à definição e caraterização do Grupo Crédito
Agrícola (CA), onde se abordará não só a sua história e percurso, mas também o seu
enquadramento, ou seja, a ideologia do Grupo CA, a forma jurídica, a visão, a missão, os
valores, os objetivos, as diversas empresas participadas pelo mesmo e, por último, os seus
principais patrocínios.
2.1. Historial sobre a Origem e Percurso do Crédito Agrícola2
As Caixas de Crédito Agrícola, associadas às Santas Casas da Misericórdia, foram
fundadas em 1498 sendo assim as mais antigas cooperativas portuguesas. Em 1778, a
Misericórdia de Lisboa foi a primeira a conceder empréstimos aos agricultores. Um
exemplo seguido por outras Misericórdias, gerando uma dinâmica que justificou a decisão
do recém-empossado Ministro das Obras Públicas, Andrade Corvo, de publicar, em 1866
e 1867, leis orientadas para a transformação das Confrarias e Misericórdias em
instituições de crédito agrícola e industrial (Bancos Agrícolas ou Misericórdias-Bancos).
No entanto, apenas em 1911, escassos meses depois da implantação da República através
de um decreto-lei, foi criado um autêntico Crédito Agrícola.
Entre 1911 e 1929 foi surgindo um conjunto de Caixas Agrícolas que tinham como missão
criar as condições de financiamento necessárias aos agricultores, estando também focadas
para o desenvolvimento e solidariedade social.
No ano de 1929, as Caixas Agrícolas existentes até aí, foram submetidas à tutela da Caixa
Geral de Depósitos, devido à crise bancária e económica que se sofria no momento,
passando a política de crédito em vigor nesta última instituição a ser implementada nas
várias Caixas Agrícolas.
Em abril de 1974, com a transformação do sistema político português, as Caixas
existentes começaram a ter um caráter autónomo, alargando a sua atividade, à luz do
modelo de desenvolvimento do crédito agrícola mútuo vigente em muitos países
europeus.
2 Informação fornecida no período do estágio e, também, retirada da página de internet do Crédito Agrícola,
mais concretamente em http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/GrupoCA/QuemSomos/Historia/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
20 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Em meados de 1978, num clima de insegurança, foi criada a FENACAM (Federação
Nacional Das Caixas De Credito Agrícola Mutuo) que tinha como objetivo a
representação, nacional e internacional, e o apoio às Caixas de Crédito Agrícola. É de
destacar também a criação, em 1982, de uma Caixa Central cujo o objetivo era garantir o
financiamento das caixas agrícolas associadas, deixando as mesmas de estarem sob alçada
da Caixa Geral de Depósitos. A sua primeira designação foi Banco Agrícola, já que o
crédito concedido era única e exclusivamente dirigido ao setor agrícola.
No ano de 1987, visando garantir a solvabilidade do sistema, é instituído o Fundo de
Garantia do Crédito Agrícola Mútuo (FGCAM), no qual participam todas as Caixas
Associadas. O FGCAM tem como objetivos principais garantir o reembolso de depósitos
constituídos na Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo e suas associadas, bem como
promover e realizar as ações necessárias para assegurar a solvabilidade e liquidez das
referidas instituições, com vista à defesa do Sistema Integrado do Crédito Agrícola Mútuo
(SICAM), sendo este a denominação do modelo organizativo formado pelas diversas
Caixas Associadas e pela Caixa Central que as representa e as coordena, e que tem
poderes de fiscalização, intervenção e orientação.
Durante os anos 90, o grupo CA decidiu diversificar e valorizar a sua prestação de
produtos e serviços, criando a CA Gest e a Rural Seguros, hoje designada CA Seguros.
De seguida surge o Crédito Agrícola Vida, hoje CA Vida, mais tarde, foi a vez da CA
Consult, para a área de assessoria financeira. Por último, é criada a Rural Informática,
designando-se nos tempos de hoje CA Informática. Mais recentemente, o destaque vai
para o lançamento da CA Serviços.
Ainda no decorrer dos anos 90, em 1998, o Crédito Agrícola assiste a uma unificação
entre as Caixas Associadas e a Caixa Central, com a criação de uma única plataforma
informática. Estas mudanças afirmam mais uma vez o Crédito Agrícola como um “banco
completo”, com canais de distribuição diversificados e com ofertas especializadas de
acordo com os segmentos de mercado, preservando e aumentando as suas quotas de
mercado, num contexto mais competitivo.
Em 2006, é criada uma nova imagem do Grupo. A identidade histórica do Crédito
Agrícola, associada a uma realidade de matriz cooperativa rural, é então renovada e
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
21 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
alargada a uma realidade urbana, com uma oferta competitiva de soluções de produtos e
serviços.
A caminho de completar 100 anos de existência, mais precisamente em 2009, o Grupo
adota a assinatura “Juntos Somos Mais” que reflete o novo posicionamento distintivo da
marca CA, em que se sublinham os valores de ajuda mútua e solidariedade que estão na
essência da instituição e se materializam numa palavra, o Cooperativismo.
O ano de 2011 foi um ano muito especial para o Grupo Crédito Agrícola, pois comemorou
100 Anos de atividade. Foi um marco que simbolizou um longo caminho, marcado pelo
apoio ao desenvolvimento económico e social de muitas comunidades e regiões do país
e que por isso foi introduzido no logotipo da marca como vem ilustrado na figura 1 que
se segue.
Passados dois anos, o Crédito Agrícola apresenta-se com uma nova assinatura “O Banco
Nacional com Pronúncia Local” que reflete o posicionamento do mesmo enquanto
instituição financeira que conhece, como nenhuma outra, as pessoas e as várias regiões
do país, contribuindo significativamente para o desenvolvimento socioeconómico local e
consecutivamente, para a economia nacional.
Nos últimos dois anos, mais precisamente 2015 e 2016, o Grupo CA foi galardoado com
diversas distinções marcantes na área da banca, seguros e fundos de investimento. As
notações mais importantes foram:
Ser considerado, pela revista britânica The Banker, no seu estudo “Top 1000 World
Banks”, o terceiro mais sólido a operar em Portugal e o primeiro de capitais
exclusivamente nacionais;
Figura 1: Logótipo do Centenário do Grupo Crédito Agrícola
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
22 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Ganhar o prémio Cinco Estrelas 2015, na categoria “Banca, serviço de atendimento
ao cliente”, promovido pela U-Scoot com base num estudo de mercado realizado pela
Ipsos APEME;
Eleição da CA Seguros, pelo sexto ano, como Melhor Seguradora Não Vida. Prémio
atribuído pela revista Exame em parceria com a Deloitte e Informa D&B.
Distinção do Fundo de Investimento Mobiliário Aberto de Obrigações CA
Rendimento, gerido pela Crédito Agrícola Gest, Sociedade Gestora de Fundos de
Investimento Mobiliário, S.A. (CA Gest), com o prémio “Gestão Nacional de
Organismos de Investimento Coletivo”, na categoria “Fundos de Obrigações de Taxa
Indexada”. Trata-se de um prémio da autoria da Associação Portuguesa de Fundos de
Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) e do Diário Económico;
Clientes do Crédito Agrícola eram, segundo o BASEF Banca, os que estavam mais
satisfeitos e recomendavam o Banco.
Com este breve resumo da história desta entidade, é percetível que não há muito tempo
atrás este banco estava vocacionado para o setor agrícola, ideal assumido na própria
marca. Hoje em dia, o banco tem um novo ideal, posiciona-se como um Banco Universal,
abandonando a segmentação do seu mercado, um qualquer agente económico, de um
qualquer sector de atividade, pode efetuar um pedido de empréstimo junto de uma
qualquer Caixa de Crédito Agrícola.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
23 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
2.2. O Grupo Crédito Agrícola3
O Grupo Crédito Agrícola é um Grupo Financeiro de âmbito nacional, integrando a Caixa
Central, mais concretamente Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, C.R.L., as oitenta
e duas Caixas de Crédito Agrícola Mútuo suas Associadas, as empresas de serviços
auxiliares participadas, direta ou indiretamente, pela Caixa Central, e ainda a
FENACAM, instituição de representação cooperativa e prestadora de serviços
especializados ao Grupo. Para uma melhor visualização foi introduzida uma infografia do
grupo constante da figura 2 que se segue.
A Caixa Central é o organismo central do SICAM, tendo os poderes de intervenção e de
fiscalização das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo suas Associadas nos aspetos
administrativo, técnico e financeiro e da sua organização e gestão. Por sua vez, as Caixas
de Crédito Agrícola Mútuo são igualmente instituições de crédito, sob a forma de
cooperativa, cujo objetivo é o exercício de funções de crédito agrícola em favor dos seus
associados, bem como a prática dos demais atos inerentes à atividade bancária.
Este Grupo tem como base de sustentação as Caixas de Crédito Agrícola Mútuo,
verdadeiras entidades dinamizadoras das economias locais, que com a sua autonomia e
integração nas respetivas regiões, conhecem, em profundidade, as realidades do respetivo
tecido empresarial e económico e os desafios que se colocam para o progresso
3 Texto adaptado da página online do Grupo Crédito Agrícola, nomeadamente em
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/GrupoCA/QuemSomos/Historia/
Figura 2: Grupo Crédito Agrícola
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
24 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
económico-social a nível local. As Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, oitenta e duas, são
detentoras de cerca de setecentas agências em todo o território nacional, mais de
quatrocentos mil associados e um milhão e duzentos mil clientes.
Pelo que foi descrito o Grupo Crédito Agrícola é um dos principais grupos financeiros
portugueses.
2.2.1. Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo4
A FENACAM, fundada em 29 de novembro de 1978, por um grupo de 26 Caixas
Agrícolas, foi a primeira estrutura de âmbito nacional do Crédito Agrícola a ser criada,
visando defender os interesses das Caixas Agrícolas e respetiva representação aos mais
diversos níveis, introduzindo-lhes uma nova dinâmica de funcionamento, ajustada aos
objetivos de desenvolvimento e às necessidades impostas por um crescimento acelerado.
Por iniciativa e imperativo legal a Federação, em 1984, com o envolvimento de larga
maioria das Caixas Agrícolas então existentes no país, promoveu a criação da Caixa
Central de Crédito Agrícola Mútuo (figura 3), cúpula financeira do CA.
A FENACAM tem desempenhado um papel fundamental em prol do Crédito Agrícola,
tendo criado e dinamizado vários serviços de apoio à atividade das Caixas Agrícolas
associadas, alguns de natureza estruturante e com grande impacto no Grupo CA.
4 Texto adaptado da página online do Crédito Agrícola
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/EstruturadoGrupo/FENACAM/
Figura 3: Edifício da Caixa Central do Crédito Agrícola Mútuo
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
25 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Ao longo dos anos, a Federação tem aumentado e diversificado o vasto conjunto de
serviços que presta, os quais se encontram atualmente agrupados em quatro áreas
departamentais:
Serviço Administrativo e Financeiro que tem como principal função o apoio aos
vários serviços, bem como à direção da FENACAM, sendo responsável pela gestão
contabilística, financeira, de tesouraria e faturação;
Serviço de Apoio Técnico, que através de um corpo especializado, apoia os
agricultores na elaboração de candidaturas ao rendimento no âmbito da Política
Agrícola Comum, elabora e analisa projetos de investimento, realiza ações de
esclarecimento no âmbito dos incentivos comunitários e outras e faz avaliações
imobiliárias, representando estas últimas atualmente parte significativa da sua
atividade;
Serviço de Produção Documental e Aprovisionamento, fornecendo às CCAM e
empresas do Grupo CA um leque variado de consumíveis informáticos e de papelaria,
material de escritório, equipamentos de tratamento de dinheiro e de segurança, bem
como todo o tipo de impressos inerentes ao exercício da atividade bancária das
Caixas. É, também, responsável pela produção e expedição de todo o correio central
do Grupo CA aos seus clientes. Disponibiliza ainda produtos não financeiros através
de campanhas promocionais - ouro, porcelanas, brindes de Natal, etc.;
Serviço de Auditoria que acompanha quase todas as Caixas Agrícolas do Sistema.
Analisa periodicamente os elementos de escrituração de natureza financeira das
Caixas, avaliando aspetos organizacionais e de funcionamento de controlo interno e
verifica de uma forma geral o cumprimento da legislação e normas aplicáveis,
designadamente os elementos de reporte prudencial e contabilístico exigidos pelo
Banco de Portugal e pelas diretrizes da Caixa Central;
Em suma, a FENACAM é, por excelência, o órgão de representação política e
institucional do Crédito Agrícola, no âmbito nacional e internacional, sendo membro da
Associação Europeia de Bancos Cooperativos (Bruxelas), da Confederação Internacional
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
26 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
do Crédito Agrícola (Zurique), da União Internacional de Raiffeisen (Bona) e da Aliança
Cooperativa Internacional (Genebra).
2.2.2. Empresas Participadas5
Como dito anteriormente, o Grupo Crédito Agrícola apresenta uma ampla oferta de
produtos e serviços para todos os segmentos e adaptados às realidades locais e ao mercado
em geral. Estes produtos e serviços estão indexados às empresas participadas. Segue-se
agora uma informação breve de cada uma, apresentando as ideologias e a razão de ser das
mesmas.
AGROCAPITAL - Sociedade de Capital de Risco, S.A.
Esta empresa tem como objetivo principal gerir o Fundo de Capital de Risco dotado de
7,5 milhões de euros, subscritos pelos seus acionistas e pela própria sociedade, com fim
a investir em pequenas e médias empresas dos sectores de atividade elegíveis. A figura 4
ilustra o logotipo desta empresa.
CA Consult - Assessoria Financeira e de Gestão, S.A.
CA Consult encontra-se especialmente vocacionada para a prestação de serviços de
assessoria financeira e estratégica às grandes e médias empresas e entidades públicas. É
dotada de competências técnicas e conhecimento sectorial. Na figura 5 que se segue o
logotipo da empresa.
5 Todas as informações referentes a este ponto (subtítulo) foram obtidas no website do Crédito Agrícola, mais
concretamente em http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/EstruturadoGrupo/EmpresasParticipadas/
Figura 4: Logótipo AGROCAPITAL
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Figura 5: Logótipo CA Consult
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
27 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
CA Gest - Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário, S.A.
É uma Sociedade Gestora de ativos do Grupo Crédito Agrícola que tem como principais
atividades a gestão de Organismos de Investimento Coletivo, especializada no segmento
de Fundos de Investimento Mobiliário, e a gestão discricionária e individualizada de
carteiras por conta de outrem, de particulares, empresas e institucionais. Na figura 6 o
logotipo da empresa.
CA Imóveis - Crédito Agrícola Imóveis, Unipessoal, Lda.
Esta empresa participada funciona como imobiliária, colocando ao dispor diferentes tipos
de imóveis e empreendimentos aos seus clientes. Compete à CA Imóveis (logotipo
presente na figura 7) definir as linhas de orientação estratégica, de curto e médio prazo, a
observar pelo grupo CA para o setor, sem prejuízo da sua participação. É, também,
responsável por fazer a gestão centralizada e unificada dos ativos que lhe estejam afetos
e a coordenação da dinamização das diferentes vertentes dos processos de rentabilização
desses mesmos ativos, nomeadamente da sua comercialização. Compete a esta entidade
servir de interlocutora com as entidades responsáveis pela gestão de imóveis sob a forma
de fundos e representação do Grupo CA.
Figura 6: Logótipo CA Gest
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Figura 7: Logótipo CA Imóveis
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
28 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
CA Informática - Sistemas de Informação, S.A.
A CA Informática visa otimizar a utilização das infraestruturas (físicas e tecnológicas)
que servem de suporte às tecnologias de informação e ao desenvolvimento de sistemas de
informação. Esta empresa (logotipo na figura 8) tem por objetivo a prestação de serviços
em três áreas fundamentais:
Gestão de ativos de base tecnológica;
Gestão e manutenção das instalações e dos centros de dados e de
telecomunicações;
Serviços de apoio e suporte à atividade das empresas de serviços financeiros do
Grupo e do Centro de Serviços Partilhados.
CA Seguros - Companhia de Seguros de Ramos Reais, S.A.
Esta empresa tem por objetivo servir aos seus clientes e associados seguros de ramos
reais, fornecendo soluções para os problemas de segurança e proteção. Na figura 9 o
logotipo da empresa. A Crédito Agrícola Seguros foi distinguida em novembro de 2016,
pela Revista Exame, como a melhor seguradora “não vida” do seu segmento de dimensão,
o que acontece pela sexta vez, nos últimos nove anos.
Figura 8: Logótipo CA Informática
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Figura 9: Logótipo CA Seguros
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
29 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
CA Vida – Companhia de Seguros, S.A.
Esta empresa participada nasceu em 1998, tendo como finalidade proporcionar aos seus
clientes e associados seguros do ramo “vida”, sendo o mesmo um serviço completo e
integrado. A existência da CA Vida (logotipo na figura 10) tem sido marcada por uma
constante evolução e procura de produtos que melhor satisfaçam os seus associados,
clientes e Caixas Agrícolas.
CA Serviços – Centro de Serviços Partilhados, ACE
A CA Serviços, logotipo na figura 11, tem como principal finalidade a prestação de
serviços partilhados no universo do grupo, nas áreas dos sistemas de informação e
comunicação, bem como outros serviços especializados, designadamente nos domínios
do apoio à dinamização do negócio e da assessoria fiscal, operação da compensação,
serviços operacionais de suporte à atividade de banca direta (linha direta) e canais não-
presenciais (serviços online, particulares, empresas e balcão 24).
Figura 10: Logótipo CA Vida
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Figura 11: Logótipo CA Serviços
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
30 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
2.3. Forma Jurídica das Caixas Agrícolas
A forma jurídica do Crédito Agrícola é a de Cooperativa de Responsabilidade Limitada
(CRL). Para a compreender há que introduzir o conceito de cooperativas de crédito.
Assim, cooperativas de crédito são entidades constituídas por sócios cooperantes, os quais
participam no Capital Social da cooperativa através da compra de títulos de capital. Em
linha com esta perspetiva as Caixas Agrícolas são precisamente cooperativas de crédito.
Entretanto o Capital Social da Caixa Central, cuja principal função é o do apoio logístico
às Caixas Agrícolas e o garante de uma política de uniformização comportamental, no
que toca à área financeira, é constituído pelo conjunto de capitais de todas as Caixas.
2.4. Missão, Visão e Valores Grupo Crédito Agrícola
2.4.1. Missão6
O Grupo Crédito Agrícola é um motor de desenvolvimento local que tem por missão
oferecer uma diversidade de soluções para responder às expectativas e necessidades dos
seus clientes, nunca descurando a vocação histórica (apoio às comunidades rurais) e a
proximidade e procurando sempre modernizar-se para afirmar sempre a sua identidade.
Estes aspetos serão observados na figura 12 que será apresentada na subsecção 2.4.3.
No quadro dos seus compromissos, destaca-se simultaneamente a missão de contribuir
em diversos níveis, tais como económico, social, cultural e desportivo, com vista o
progresso das comunidades locais. O teor da missão do CA constitui uma declaração
concisa do propósito fundamental da organização, a finalidade de sua existência, e um
compromisso com o desenvolvimento das comunidades locais.
2.4.2. Visão6
O Crédito Agrícola tem como visão ser a entidade bancária de proximidade e de
referência em diversos níveis, como a rapidez de decisão, eficiência e confiança. Este
Grupo está integrado em diversas regiões, conhecendo as diversas dificuldades locais, o
que permite uma maior empatia com os respetivos clientes.
6 Informação adaptada do website do Crédito Agrícola:
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/GrupoCA/QuemSomos/MissaoeValores/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
31 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
2.4.3. Valores6
Os valores do Crédito Agrícola são inspirados na sua matriz cooperativa enraizada nas
comunidades locais. Propõe-se a corporizar a sua missão suportada nos valores de solidez,
confiança, proximidade e modernidade, segurança. Para o efeito propõe uma oferta de
soluções, produtos e serviços capaz de satisfazer todas as necessidades financeiras e de
proteção das famílias, negócios e empresas, que constituem fatores críticos de sucesso
numa relação de parceria privilegiada com os seus clientes.
2.5. Objetivos7
O Grupo Crédito Agrícola tem como objetivos principais:
A valorização do relacionamento com os Clientes, potenciando o conceito de “banca
de proximidade”;
Oferecer produtos e serviços de qualidade sempre crescentes e sempre adaptados às
necessidades dos seus Associados e Clientes, visando um elevado grau de satisfação;
Contribuição para o progresso e elevação do nível de vida das comunidades locais,
através do apoio ao desenvolvimento das economias das respetivas regiões;
Assegurar a acessibilidade efetiva a serviços bancários ao maior número possível de
particulares e empresas.
7 Informação retirada da página online do Grupo Crédito Agrícola:
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/GrupoCA/QuemSomos/Objectivos/
Figura 12: Missão e Valores do Grupo Crédito Agrícola
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
32 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
2.6. Logótipo8
O logótipo de qualquer instituição constitui a identificação imediata dessa mesma
instituição, seja num documento ou num suporte publicitário. Identifica a marca que
representa, quer pelo seu design, quer pela sua cor. Neste caso, as cores utilizadas refletem
os valores do Crédito Agrícola. Se por um lado o verde reforça os valores existentes, o
laranja reflete uma atitude de mudança e modernização. Como se pode visualizar na
figura 13 que se segue o logótipo evoluiu com o tempo, modernizou-se, foi se adaptando
ao plano de comunicação que o CA pretendia difundir em cada momento em harmonia
com os seus objetivos.
Importa referir que a cor verde é uma referência intemporal e persistente, bem como o
motivo arbóreo.
8 Informação retirada da página online do Grupo Crédito Agrícola:
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/GrupoCA/QuemSomos/Objectivos/
Figura 13: Evolução do Logótipo do Grupo Crédito Agrícola
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
33 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
2.7. Comunicação Organizacional
2.7.1. Campanha Publicitária
Durante o período de realização do estágio, de 03 de julho a 22 de setembro, decorreu
uma campanha de publicidade, ilustrada na figura 14, em diversos canais multimédia,
com a participação da Sílvia Alberto, como habitualmente acontece. O slogan utilizado
era “O sucesso é fruto de muito trabalho”. Nesta campanha, o Crédito Agrícola afirma-se
como conhecedor das pessoas e das várias regiões do país, apoiante das novas ideias e
projetos dos mesmos.
“Trabalhamos em parceria, conhecemos a vida e a dinâmica das regiões porque
fazemos parte integrante delas. Somos o Banco nacional com pronúncia local.”
No fundo, o objetivo é realçar a imagem do Crédito Agrícola como um banco que conhece
bem as pessoas e que as apoia, pois, ao captar e ao investir os recursos localmente,
contribui para o desenvolvimento socioeconómico e, consequentemente para a economia
nacional.
Figura 14: Imagem ilustrativa da Campanha Publicitária de 2017
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
34 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
2.7.2. Patrocínios e Eventos
O Grupo Crédito Agrícola mantém presença em diversos eventos e é, também,
patrocinador de diversas feiras e de desportistas. Este tipo de ações permite ao Grupo não
só um maior reconhecimento da sua imagem, já que o valor da marca se vê reforçado com
o patrocínio dessas atividades, contribuindo para fortalecer o seu posicionamento de
negócio, e, ainda, para gerar novos contactos e potenciais clientes, mas também um
aumento do relacionamento com os atuais clientes. Abaixo, estão expostos alguns dos
seus atuais patrocínios e eventos realizados9.
4º Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola
O Grupo CA organiza, em parceria com a Associação dos Escanções de Portugal, o “4º
Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola”, destinado a Produtores e Cooperativas de
todas as regiões vitivinícolas do país (figura 15 - flyer relativo ao concurso). O concurso
baseia-se em premiar os melhores vinhos brancos, tintos e espumantes com medalhas de
ouro, prata e bronze, isto de acordo com a qualidade do mesmo, oriundos das regiões
vitivinícolas dos Vinhos Verdes, Trás-os-Montes, Douro, Beiras, Dão, Bairrada, Tejo,
Lisboa, Península de Setúbal, Alentejo e Algarve.
Esta é uma iniciativa do Grupo Crédito Agrícola para apoiar o sector e o desenvolvimento
das economias locais, especialmente as cooperativas e os produtores, promovendo e
colocando à prova a qualidade dos vinhos nacionais.
9 Informação adaptada do website do Grupo Crédito Agrícola, mais designadamente em
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/GrupoCA/PatrocinioseEventos/
Figura 15: Imagem representativa do 4º Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
35 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Feira FATACIL
A maior feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Industria do Algarve é
apoiada pelo Crédito Agrícola (flyer ilustrado na figura 16). O patrocínio desta feira
pretende reforçar a proximidade do Crédito Agrícola às comunidades locais e aos sectores
agrícola e industrial do sul do país. Ao longo dos anos o Banco tem apostado fortemente
na valorização das várias regiões, como forma de potenciar o desenvolvimento local e,
sucessivamente, o crescimento da economia nacional.
Feira OVIBEJA
O Crédito Agrícola patrocinou a 34.ª edição da OVIBEJA, a maior feira do sector
primário do Alentejo que se realiza no Parque de Feiras e Exposições de Beja (flyer
ilustrado na figura 17). Com um espaço próprio, onde apresentava aos visitantes a sua
ampla oferta de produtos e serviços universal, o Grupo Crédito Agrícola continua a
demonstrar o apoio ao sector primário que conhece em profundidade e com o qual tem
uma relação muito forte.
Figura 16: Imagem representativa da Feira FATACIL 2017
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Figura 17: Imagem representativa da Feira OVIBEJA 2017
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
36 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Ciclismo
No que toca a desporto, neste caso o ciclismo, o Grupo Crédito Agrícola apoia equipas
de referência do pelotão nacional nas mais variadas classes, desde os mais novos até aos
sub-23, tal como se pode observar na figura 18. A aposta na formação cívica e desportiva
dos jovens é um objetivo sempre presente na política de patrocínios e apoios do Grupo
CA. A entidade marca presença nos grandes eventos velocipédicos, tanto em Portugal
como no estrangeiro.
Motociclismo
O Grupo CA está, também, presente no motociclismo. Patrocina o piloto Mário Patrão,
ilustrado na figura 19, considerado um dos melhores pilotos de motociclismo nacional,
pelos críticos e entusiastas. No seu currículo constam 25 títulos de Campeão Nacional de
enduro e de todo o terreno, bem como diversas medalhas de ouro em campeonatos do
mundo. A participação, dedicação e competitividade deste piloto em diversas provas, não
só a nível nacional, mas também no estrangeiro, leva as cores do Crédito Agrícola além-
fronteiras.
Figura 18: Pedro Lopes, Grupo Crédito Agrícola no Ciclismo
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Figura 19: Mário Patrão, Grupo Crédito Agrícola no Motociclismo
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
37 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
BodyBoard
Teresa Almeida, ilustrada na figura 20, é um dos nomes mais carismáticos do BodyBoard
nacional e internacional, esta jovem de 22 anos, foi em 2014, Campeã do Mundo, em
Iquique, no Chile. Esta competição envolveu 170 atletas, de 24 países, tendo a atleta
alcançado a medalha de ouro no escalão feminino, título que não era conquistado por
nenhuma atleta portuguesa há 16 anos. Mais uma vez a as cores do Crédito Agrícola
foram levadas além-fronteiras.
Automobilismo
Quanto ao desporto automóvel, o Crédito Agrícola é representado por três pilotos em
diferentes categorias, imagens constantes das figuras 21, 22 e 23. João Ruivo, apoiado
desde 2004 pelo Grupo CA, compete na categoria de rali num projeto de sucesso que se
caracteriza por uma postura de fair play e profissionalismo. Paulo Ramalho e seu irmão
Rui Ramalho, sendo o primeiro patrocinado desde 2011 e o segundo desde 2014,
competem no Campeonato Nacional de Montanha. Por último na secção do Campeonato
Nacional de Velocidade, Rafael Lobato é o jovem representante de 16 anos e uma grande
promessa do automobilismo nacional e internacional, patrocinado desde 2014.
Figura 20: Teresa Almeida, Grupo Crédito Agrícola no BodyBoard
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
Figura 21: João Ruivo, Grupo
Crédito Agrícola no Campeonato
de Rali
Figura 23: Paulo Ramalho,
Grupo Crédito Agrícola no
Campeonato de Montanha
Figura 22: Rafael Lobato, Grupo
Crédito Agrícola no Campeonato
de Velocidade
Fonte: http://www.creditoagricola.pt/
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39 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
3. Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do
Fundão e Sabugal, CRL.
Neste ponto irá ser feita uma breve apresentação da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da
Região do Fundão e Sabugal, entidade onde se realizou o estágio curricular de
quatrocentas horas.
3.1. A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo Região do Fundão e
Sabugal
A Caixa de Crédito Agrícola da Região do Fundão e Sabugal, instituição especial de
crédito sob forma de cooperativa foi constituída a 14 de julho de 1932, procurando
dinamizar o setor agrícola da região onde está inserida.
Inicialmente, esta Caixa denominava-se por Caixa de Crédito do concelho do Fundão,
tendo adquirido o nome atual apenas após a fusão, em 1997, com a CCAM do Alto Côa
e Alto Zêzere. Esta fusão deveu-se a algumas dificuldades financeiras que a Caixa de
Crédito Agrícola do Alto Côa e Alto Zêzere enfrentava.
A Caixa tem por objetivo o exercício das funções de crédito agrícola, a prática dos demais
atos inerentes à atividade bancária e ainda o exercício de atividades protocoladas em
nome de empresa do grupo Crédito Agrícola, nomeadamente CA Seguros, CA Vida e CA
Gest.
A missão da instituição passa não só por proporcionar serviços financeiros de qualidade
aos seus associados e clientes, afirmando-se como instrumento de desenvolvimento
económico e social sustentado da região onde está inserida, mas também por assegurar
uma melhoria da sua rendibilidade e solidez patrimonial, através da diversificação de
atividades e serviços prestados.
A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal é a sede desta mesma
na região, aí se realiza a análise e a conceção de crédito a conceder, com origem na zona.
Esta sede é, também, composta por uma rede de agências situadas em diferentes
localidades, mais concretamente em Almeida, Alpedrinha, Belmonte, Caria, Covilhã,
Figueira de Castelo Rodrigo, Fundão, Sabugal e Silvares.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
40 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
3.2. Localização
A CCAM de Fundão e Sabugal está localizada na cidade do Fundão conforme mapa
constante da figura 24, na Rua dos Três Lagares, num edifício moderno como se pode
visualizar na figura 25.
Figura 24:Localização Geográfica da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Figura 25:Edifício da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
41 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
3.3. Organização da CCAM da Região do Fundão e Sabugal
A estrutura de funcionamento da CCAM da Região do Fundão e Sabugal vem ilustrada
no organograma constante da figura 26. Observa-se alguma complexidade na sua
estrutura organizativa, a qual virá descrita a seguir.
Figura 26: Organograma da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Fonte: Fornecido pela própria entidade
Conselho de
Administração Conselho Fiscal ROC
Assembleia
Geral
Coordenador
Geral Auditor Interno
Administrativo e
Financeiro Jurídico Gestão de Risco
Comercial Crédito
Balcões Seguros
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
42 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Esta CCAM possui nove balcões dispersos por dois distritos, Guarda e Castelo Branco
(Fundão – sede, Alpedrinha, Silvares, Caria, Belmonte, Covilhã – Anil, Almeida, Sabugal
e Figueira de Castelo Rodrigo), com um responsável em cada um deles, de forma a haver
um maior controlo de todas as atividades desenvolvidas.
Os departamentos existentes na Caixa Agrícola são o comercial, gestão de risco, crédito,
jurídico e administrativo e financeiro.
3.3.1. Comercial
Este departamento é da responsabilidade da coordenação comercial. Quando há o
interesse de um cliente em fazer um depósito ou obter um empréstimo ou um outro
produto qualquer é com a área comercial que primeiramente vai interagir.
3.3.2. Gestão de Risco
De seguida, temos o departamento da Gestão de Risco. Este tem tido ao longo do tempo
uma preocupação constante com os diferentes tipos de riscos a que a Caixa pode ficar
exposta, ganhando maior destaque no contexto de crise recente.
Tem, também, um papel fundamental no estudo da situação financeira das empresas que
efetuam um pedido de crédito, junto ao banco, de modo a perceber se não irá trazer
consequências indesejadas à respetiva Caixa Agrícola.
3.3.3. Crédito
Há uma grande relação entre o departamento de crédito, comercial e da gestão do risco
pois existem responsabilidades partilhadas nos pedidos de crédito. A diferença está em
que esta secção é responsável pela verificação das propostas enquanto a área comercial é
responsável pela sua elaboração.
3.3.4. Jurídico
Tal como o nome indica este é o departamento relacionado com todas as questões legais
relativas ao banco. Estas questões não se prendem apenas com o crédito, mas com todas
as atividades desenvolvidas pela Caixa.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
43 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
3.3.5. Administrativo e Financeiro
A secção administrativa e financeira é responsável pelo lançamento dos documentos
contabilísticos e pela elaboração de mapas contabilísticos, mapas designados de Reporte
Prudencial a serem enviadas ao Banco de Portugal, Fundo de Garantia e Autoridade
Tributária (entidades responsáveis pela averiguação de quaisquer inconformidades).
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
45 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
4. Atividades Desenvolvidas no Estágio
Este capítulo do relatório tem como objetivo apresentar o que foi realizado durante o
período de estágio, mostrando o funcionamento, a prática de diversas atividades, com o
objetivo de aprender novos conhecimentos e aplicar os já adquiridos. As atividades
realizadas focaram-se principalmente na análise financeira da própria Caixa de Crédito
Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal no primeiro trimestre de dois mil e
dezassete (atividade principal), demonstração das alterações do capital próprio e na
análise do risco associado à concessão de crédito a empresas, sendo para isto necessários
conhecimentos relacionados com a análise financeira e contabilidade financeira.
Para se perceber o trabalho abaixo realizado importa saber a importância e o significado
de análise financeira. Em termos semânticos, “análise” é a tarefa de distinguir e separar
as partes de um todo nos seus elementos e nos seus princípios. Esta análise permite
estudar as características de um qualquer “trabalho”, avaliar as respetivas potencialidades
e limitações, e apresentar possíveis soluções para um problema detetado. Já o termo,
“financeiro”, é um adjetivo relativo a finanças, um conceito relacionado com ativos,
passivos e fluxos monetários.
A análise financeira é, portanto, um método para analisar as implicações financeiras das
decisões no mundo dos negócios. Para este efeito, deve aplicar técnicas que permitem
reunir informações relevantes, avaliar uma série de aspetos e tirar conclusões, com o
grande apoio e conhecimento contabilístico. Graças à análise financeira, é possível
estimar o desempenho de um investimento, para avaliar os riscos e saber se os fluxos de
caixa da empresa são suficientes para lidar com os pagamentos, entre outras questões.
Em suma, a análise financeira ajuda a compreender o funcionamento do negócio, a
otimizar a eficiência dos recursos existentes e a avaliar a eficácia dos resultados pelo que
constitui ferramenta fundamental para estimar o nível de risco das decisões dos
investidores, ora é esta a valência utilizada pela CCAM do Fundão e Sabugal para
determinar qual o risco existente para recuperar o dinheiro um crédito ou um empréstimo.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
46 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
4.1. Análise do Exercício do Primeiro Trimestre de 2017
da CCAM do Fundão e Sabugal CRL.
A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo, a nível geral, está orientada para atividades
enquadradas no negócio bancário, cobrindo as necessidades financeiras das empresas e
dos particulares. Além destas podemos referir também que a Caixa tem outras linhas de
atividade, isto é, empresas participadas pela mesma, como é o caso da, CA Informática,
CA Seguros, CA Serviços e CA Vida, as quais contribuem para ajudar a rentabilidade do
banco.
Os critérios básicos do negócio são a procura da rentabilidade, e para isso o banco tem
que efetuar uma análise estratégica do seu plano de negócios anual, de forma a conseguir
uma margem financeira a partir do diferencial entre o preço (taxa de juro) aplicado ao
crédito concedido a clientes, e o montante pago (juros) aos clientes que lhes confiam os
seus depósitos, e, ainda, desenvolver atividade na área do comissionamento (serviços).
Em suma, o encaixe positivo em cada negócio bancário decorre da margem financeira
alcançada a partir do diferencial entre o que o banco paga aos clientes (depositantes) e o
que cobra aos clientes (credores). Já na questão do comissionamento, conexo com as
empresas do grupo, o ganho revela-se por uma comissão negociada entre o próprio banco
e a respetiva entidade pela venda de outros produtos, estas operações não constituem
atividade principal da Caixa de Crédito Agrícola.
Sendo a procura de rentabilidade um aspeto contingencial do grupo CA, foi solicitado ao
estagiário informação relativa ao desempenho da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da
Região do Fundão e Sabugal ao nível desse agregado. O estagiário para responder ao
pedido decidiu proceder a uma análise evolutiva da rentabilidade financeira. Para o efeito,
a partir das peças contabilísticas (demonstração de resultados e balanço), comparou
algumas rubricas chave referentes ao primeiro trimestre de 2017 com os valores do ano
de 2016. Como os dados disponíveis relativos a 2016 eram anuais optou por apurar uma
média trimestral para permitir comparar com o primeiro trimestre de 2017. O ideal seria
comparar semestres homólogos, por forma a expurgar variações sazonais em algumas
rubricas, não sendo possível houve que recorrer a valores médios trimestrais mesmo com
o risco de interpretações enviesadas.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
47 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Em suma, com base no que foi escrito anteriormente, importa considerar que quaisquer
valores associados a termos como “trimestre” ou “mar/17” estão contabilizados até à data
de 31/03/2017 (trinta e um de março de dois mil e dezassete). Outro aspeto importante,
nas tabelas e gráficos quando aparece a designação de “Trim.2016” é referente à média
trimestral extraída dos valores anuais de 2016. Um último ponto a ter em conta, é
relacionado com as informações que aqui foram expostas, sendo as mesmas retiradas das
demonstrações financeiras em 31 de março de 2017, extraídas do balancete do mesmo
(informação pode ser consultada no anexo I do relatório).
4.1.1. Análise da Margem Financeira
A partir da Demonstração de Resultados do primeiro trimestre de 2017 da CCAM do
Fundão e Sabugal, constante do anexo I, verifica-se que a margem financeira, diferença
entre os juros cobrados pelos créditos concedidos (juros/proveitos das operações ativas)
e os juros pagos aos depositantes pelos montantes que estes confiam aos bancos
(juros/custos das operações passivas), desce 8,32% face à média trimestral de 2016.
Entretanto, a partir do Balanço do primeiro trimestre de 2017, o crédito a clientes regista
uma subida de 2,59% face à média trimestral de 2016 do mesmo agregado, peça
contabilística também presente no anexo I. A priori estes dois valores sinalizam uma
contradição, rapidamente dissipada pelo facto de as taxas de juro estarem em níveis muito
baixos e estar-se face a um rácio de transformação (relação entre os depósitos e os
empréstimos) abaixo da média. Para ajudar à compreensão e à justificação desta
ocorrência segue-se um estudo das rubricas, Crédito e Recursos de Clientes, a partir do
Balanço.
4.1.1.1. Evolução do Crédito a Clientes
Através do estudo do Balanço, especificamente da rubrica de “crédito a clientes”
integrada na categoria do ativo, observa-se que no 1º trimestre de 2017 há uma inversão
na tendência de crescimento da mesma face ao que acontece em 2016. Na verdade,
regista-se um crescimento de 2,59% contrariando as variações negativas registadas entre
2016 e 2015 e entre 2015 e 2014, respetivamente -1,64% e -5,34%, de acordo com tabela
2. A explicação pode residir no esforço de melhorar as condições de acesso ao crédito,
com taxas de juro mais competitivas e com condições mais adequadas de financiamento,
em que o nível de risco é considerado bom, apesar da fraca procura, do excesso de oferta
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
48 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
impulsionada pela política monetária desenvolvida pelos bancos centrais e do nível cada
vez mais elevado de exigências de controlo.
Juntamente com o crédito concedido, há a existência de crédito vencido, indicador
importantíssimo, pois quanto menor este for, melhor será para a instituição. Observando
a tabela 3, o valor do 1º trimestre de 2017 comparado com de dezembro de 2016, tem-se
€5.054.088 (valor bruto) contra €4.799.906, mais cerca de 5,3%, e o montante de
provisões / imparidades acumuladas para crédito vencido e de cobrança duvidosa era de
€4.179.272, ficando assim com uma taxa de cobertura de 82,5% da totalidade de crédito
vencido.
dez/16 4 799 906,00 € 3 921 698,00 €
mar/17 5 054 088,00 € 4 170 272,00 € 82,51%
5,30%
Crédito VencidoProvisões / Imparidades
acumuladas p'ra crédito
Tabela 2: Evolução do Crédito Concedido a Clientes, de 2015 a 31 de março de 2017
Tabela 3: Evolução do Crédito Vencido, de 31 de dezembro de 2016 a 31 de março de 2017
dez/15 71 761 981,12 € -5,34%
dez/16 70 585 621,99 € -1,64%
mar/17 72 415 263,84 € 2,59%
Crédito
Concedido
Crescimento do Crédito
Concedido
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49 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Relativamente o aumento do crédito vencido, observa-se um aspeto negativo, o que por
sua vez faz com que os rácios de cobertura de crédito registem um pequeno aumento.
Desagregando os valores de “provisões / imparidades acumuladas para crédito”, num total
€4.170.272, como ilustrado na tabela 4, tem-se para crédito vencido, €2.404.812 e para
cobrança €1.765.460.
Recorrendo a alguns rácios que auxiliam no estudo do crédito, observamos que no final
deste trimestre o crédito a clientes vencido há mais de noventa dias ascendia os
€5.054.088, o que correspondia a 6,6% da carteira de crédito bruta. Por outro lado, quando
falamos em crédito a clientes em risco, isto é, vencido há mais de trinta dias, obtêm-se
valores a rondar os €5.596.476, representando este 7,3% do crédito concebido a clientes
(bruto). Importa, também, salientar que o montante existente no crédito a clientes superior
a trinta dias é coberto em 74,5% por provisões/imparidades acumuladas e o valor de
crédito a clientes em incumprimento (superior a noventa dias), é coberto por 82,5%.
Quanto ao valor de “ativos não correntes detidos para venda”, rubrica do ativo constante
do Balanço do primeiro trimestre de 2017, presente no anexo I, aumentou cerca de 5%,
passando o valor deste de €1.372.458,38 para €1.441.154,19, sendo a mesma a
designação de móveis e imóveis recebidos por recuperação de crédito. Uma entidade
deverá registar um ativo não corrente ou um grupo para alienação como detido para
venda, se a sua quantia escriturada for recuperada através de uma venda e não através do
mar/17 2016 2015
Crédito a Clientes 71 287 537 69 670 738 70 835 428
Juros a receber 208 025 214 886 280 473
Outras receitas com rendimento diferido -104 678 -240 073 -171 864
103 347 -25 188 108 609
Crédito Vencido
Capital Vencido 5 192 559 4 839 708 6 462 297
Juros Vencidos 2 093 22 062 60 421
5 194 652 4 861 770 6 522 718
Valor antes de provisões 76 585 535 74 507 320 77 466 755
Provisões
Para crédito vencido -2 404 812 -2 895 668 -4 807 472
Para crédito de cobrança duvidosa -1 765 460 -1 026 030 -897 301
-4 170 272 -3 921 698 -5 704 773
Valor líquido 72 415 264 70 585 622 71 761 981
Montantes expressos em euros.
Tabela 4: Composição da Rubrica de "Crédito a Clientes", de 2015 a 31 de março de 2017
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
50 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
uso continuado. Ou seja, o elemento ativo deve estar imediatamente disponível para
venda e a mesma ser altamente exequível.
4.1.1.2. Evolução dos Recursos de Clientes
Abordando agora a evolução dos recursos captados de clientes durante o 1º trimestre de
2017 face aos valores de anos transatos, a partir do Balanço constante do anexo I,
integrados na categoria do passivo, verifica-se que os mesmos tiveram uma diminuição
de cerca de 3% contra um aumento na ordem dos 6% no ano de 2016, tabela 5. Observa-
se que o decrescimento foi mais acentuado na sub-rubrica de “depósitos à ordem”, com
cerca de 6% abaixo do valor obtido anteriormente. Em relação aos Depósitos de Poupança
e a Prazo, foi mais modesto, isto é, houve um decréscimo de cerca de 2% em relação a
2016.
mar/17 2016 2015
Depósitos
À ordem 62 104 153 65 804 570 57 963 079
A prazo 45 732 990 49 623 691 51 687 616
De poupança 63 527 947 61 730 522 57 544 808
Cheques visados a clientes 204 652 126 527 2 088
Outros 4 700 750 2 840
171 574 444 177 286 060 167 200 431
Juros a pagar 84 808 97 491 268 783
171 659 251 177 383 551 167 469 214
Montantes expressos em euros.
Tabela 5: Composição da Rubrica "Recursos Captados a Clientes", de 2015 a 31 de março de 2017
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51 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
No gráfico 1 pode observar-se a tendência de evolução dos depósitos acima descrita.
Os valores médios trimestrais de 2016 face aos valores de 2015 registam uma ténue
subida, contrariada com a quebra registada no 1º trimestre de 2017.
A rubrica “juros a pagar” (taxas de juro dos recursos de clientes), sendo outro facto que
importa observar, tem revelado uma tendência a diminuir ao longo do tempo. Esta
tendência de baixa progressiva de juros a pagar não são, apenas, reflexo do movimento
dos depósitos revelado acima, mas estão correlacionadas com a descida generalizada das
taxas de juro da zona Euro, onde vigoram taxas historicamente baixas.
4.1.2. Análise do Produto Bancário
Recorrendo à Demonstração de Resultados, constante do anexo I, observando o produto
bancário que corresponde aos ganhos conseguidos diretamente com a atividade bancária,
o que inclui a margem financeira, as comissões relativas a serviços bancários, os
resultados de operações financeiras, os rendimentos de instrumentos de capital e outros
proveitos de exploração líquidos, verifica-se um comportamento fora do normal, mais
concretamente 9,41% abaixo da média trimestral dos anos passados. É a melhoria nos
rendimentos de comissões que contribui para compensar o resultado obtido na margem
financeira.
A margem complementar, que cada vez tem maior impacto no produto bancário,
representa o valor que resulta das comissões cobradas e pagas, onde se incluem as
comissões dos vários serviços prestados e das comissões recebidas das seguradoras vida
e não vida, teve uma evolução trimestral de 2,5%. Esta melhoria justifica-se por um lado
pela evolução positiva das diferentes comissões (CA Vida e CA Seguros), reforçadas com
0 €
40 000 000 €
80 000 000 €
120 000 000 €
160 000 000 €
200 000 000 €
2015 2016 mar/17
Depósitos à ordem Depósitos poupança e a prazo Depósitos Totais
Gráfico 1: Evolução da Rubrica "Recursos Captados a Clientes", de 2015 a 31 de março de 2017
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52 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
um substancial extra comissionamento obtido pela via da concretização de objetivos, e
por outro pela melhoria da gestão da aplicação do preçário de produtos e serviços.
É importante considerar que a rubrica resultados de reavaliação cambial teve uma descida
considerável, o seu valor é de -512,34 euros, o que significa que houve mais perdas do
que ganhos no que toca a valores contabilizados com taxas câmbio.
A diminuição de 9,4% da rubrica “outros resultados de exploração” deve-se à diminuição
das fontes de rendimento e receitas operacionais, e ao aumento em encargos e gastos
operacionais.
Por fim, importa olhar ao comportamento do produto bancário durante o trimestre e
observa-se que houve uma diminuição de 9,41%, como já foi dito anteriormente. Este
facto contribui para uma evolução desfavorável do rácio de eficiência. Este, que mede a
otimização do comportamento em relação aos fatores de produtividade bancária, agrava-
se automaticamente, ou seja, apresenta uma evolução negativa com a descida do produto
bancário, passando de 72,94% para 79,39%, um aumento de 6,45 pontos percentuais.
4.1.2.1. Análise Desagregada da Rubrica “Serviços e Comissões”
Com o intuito de se perceber melhor o impacto das comissões dos vários serviços
prestados e das comissões recebidas das seguradoras vida e não vida no produto bancário,
recorreu-se ao Balancete de 31 de março de 2017, para observar a composição da rubrica
de “encargos com serviços e comissões”, tabela 6, e “rendimentos de serviços e
comissões”.
mar/17 Trim.2016 2016
Por serviços bancários prestados por terceiros
Depósitos e guarda de valores 4 506 5 277 21 108
Cobrança de valores 573 13 453 53 810
Comissão de gestão de consórcio 180 720
5 080 18 910 75 638
Outras comissões pagas
Comissões interbancárias-cartões 22 080 26 588 106 353
Comissões intermediação 8 810 4 942 19 766
Comissões interbancárias- Transfer. Valores 6 885 10 453 41 812
Outras comissões pagas 1 301 8 611 34 443
39 076 50 594 202 374
44 156 69 503 278 012Tabela 6: Demonstração dos Encargos de "Serviços e Comissões"
Montantes expressos em euros.
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53 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
A tabela 6 expõe todos os custos relativos aos serviços e comissionamentos feitos pelo
Crédito Agrícola. Pela análise da mesma, observa-se que o principal encargo relativo a
este termo está na sub-rubrica de “comissões interbancárias-cartões”, 50% da totalidade
dos custos. A mesma está afeta a despesas relacionadas com cartões e manutenção dos
mesmos.
A tabela 7 representa todos os rendimentos relacionados com “serviços e comissões”,
onde podemos constar que no final do primeiro trimestre de 2017 se gerou um total de
€378.413, sendo €44.156 de despesa.
mar/17 Trim.2016 2016
Por garantias prestadas 17 245 17 641 70 562
Por compromissos assumidos perante terceiros
Compromissos irrevogáveis
Linhas de crédito irrevogáveis 28 364 15 245 60 980
28 364 15 245 60 980
Por serviços prestados
Cobrança de valores 963 1 070 4 280
Transferência de valores 5 869 5 670 22 678
Gestão de cartões 190 208 832
Anuidade 31 151 27 673 110 691
Operações de crédito 90 573 90 828 363 312
Outros serviços prestados 127 403 166 096 664 385
Cartões 72 592 76 014 304 055
Colocação e comercialização 44 420 81 307 325 227
Comissão de intermediação 6 156 4 524 18 096
Outros 4 235 3 939 15 756
256 148 291 232 1 164 927
Por operações realizadas por conta de terceiros
Sobre títulos
Outras operações realizadas por conta de terceiros
Outras comissões recebidas
Gestão conta D.O. 31 211 25 391 101 562
Cheques 27 205 25 720 102 878
Extrato e 2.ª via 103 73 292
Mora ou contencioso 9 370 11 397 45 587
Outras 8 768 8 803 35 210
76 657 71 382 285 529
Total 378 413 395 500 1 581 998
Montantes expressos em euros.
Tabela 7: Demonstração dos Rendimentos de "Serviços e Comissões"
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54 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Através da análise do gráfico 2 observa-se que há uma grande diferença entre os encargos
e os rendimentos, em que este são bastante proveitosos em prol do produto bancário,
representando 29,8% do mesmo. Estes negócios, que não se tratam dos “Core Business”,
ajudam a colmatar o emagrecimento da margem financeira.
4.1.3. Evolução do Resultado Líquido
Em modo de conclusão da análise do exercício do primeiro trimestre de 2017, importa
olhar ao resultado líquido, sendo este designado de tudo aquilo que resta da receita, depois
de considerados todas as despesas do exercício que têm que ser deduzidos a esta.
Depois de analisar a margem financeira e o produto bancário importa, também, abordar
os custos operacionais, onde se obteve uma evolução positiva, isto é, uma redução de
30,4% nos mesmos. Observando os custos com o pessoal, verificou-se um aumento de
9,3%, enquanto que nos gastos gerais administrativos, verificou-se uma redução de
15,48%, quando comparando com o valor médio trimestral do ano transato. Quanto ao
valor das amortizações, não sendo menos importante, ficou 9,7% abaixo do valor
verificado no ano anterior, devido ao facto de não ter havido investimentos significativos
nos últimos anos.
Após a análise das principais rúbricas que afetam o resultado do exercício, que ficou nos
€311.446,42, após dedução de €82.789 para impostos correntes, concluímos que os
resultados se situaram a um nível bastante satisfatório.
0 €
50 000 €
100 000 €
150 000 €
200 000 €
250 000 €
300 000 €
350 000 €
400 000 €
450 000 €
1 2
Rendimentos Encargos
mar/17 Média Trimestral 2016
Gráfico 2: Rendimentos e Encargos de "Serviços e Comissões"
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Como é visível, através do gráfico 3, o resultado líquido sofreu uma forte redução nos
valores médios trimestrais de 2015 para 2016, tendência infletida quando a média
trimestral de 2016 compara com o primeiro trimestre de 2017. A quebra registada
encontra explicação na diminuição da procura de crédito e na manutenção de taxas de
juro excecionalmente baixas. A inflexão no movimento decrescente de resultados reside
no crescente impacto comissionamento de serviços e produtos na atividade bancária. Não
sendo esta atividade designada de core business, ajuda bastante a colmatar esta situação,
como se pode observar no primeiro trimestre de 2017.
4.1.3.1. Situação Líquida
Quanto à situação líquida da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e
Sabugal, considerando o resultado de exercício acima abordado, esta deverá situar-se nos
€20.143.610,76 um aumento de 1,67% relativamente ao valor de dezembro de 2016.
Este valor está presente no balanço, mais propriamente no total do capital próprio, que
consta no anexo I.
0 €
50 000 €
100 000 €
150 000 €
200 000 €
250 000 €
300 000 €
350 000 €
Média
Trimestral
2014
Média
Trimestral
2015
Média
Trimestral
2016
mar/17
Resultado Líquido
Gráfico 3: Evolução do Resultado Líquido, de 2014 a 31 de março de 2017
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56 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Posto tudo isto, importa salientar que nos estamos a debruçar sobre apenas o primeiro
trimestre (3 meses) de 2017, não podendo ser feita uma comparação ao pormenor, pois
em primeiro esses valores vão estar sujeitos a alterações até ao final do ano, e em segundo,
está-se a comparar com uma média trimestral extraída a partir de valores anuais de 2016.
4.2. Demonstração de Alterações nos Capitais Próprios
Uma outra tarefa foi a elaboração da Demonstração de Alterações do Capital Próprio,
sendo esta uma das demonstrações financeiras obrigatórias no âmbito das Normas
Internacionais de Contabilidade. De acordo com estas, as alterações no capital próprio de
uma entidade entre duas datas de balanço refletem o aumento ou a redução nos seus ativos
líquidos durante o período, neste caso entre 2015 e 2016, resultantes precisamente do
resultado obtido no período em análise da entidade durante esse mesmo período.
Através da tabela 8, acima exposta, observa-se que ao longo do ano de 2016 a totalidade
do capital aumentou 2,57%, passando de €19.318.506,02 (montante de 2015) para
€19.815.209,72. O capital realizado, este que é formado pelo capital social (quotas dos
sócios investidores) e pelo lucro gerado através do negócio, aumentou 5,23% durante o
período.
O resultado líquido do exercício obtido no ano de 2016 depois de impostos foi de
€549.996,70, menos 38,83% que o alcançado no ano anterior. Esta variação, como dito
anteriormente, assenta em duas explicações essenciais sendo uma a manutenção de taxas
de juro excecionalmente baixas e, outra, o rácio de transformação também em níveis
demasiado baixos, devido à diminuição da procura de crédito com níveis de risco
aceitáveis e da estratégia comercial da Instituição. Esta descida só não foi mais acentuada
devido ao bom comportamento da rubrica de rendimento de serviços e comissões, que fez
Montantes expressos em euros.
Capital 2016 2015 Variação
Capital realizado 10 707 775,00 10 175 755,00 5,23%
Prémios de Emissão - -
Outros instrumentos de capital - -
Ações próprias - -
Reservas de reavaliação 116 049,00 170 999,00 -32,13%
Outras reservas e resultados transitados 8 441 389,02 8 072 553,78 4,57%
Resultado do exercício 549 996,70 899 198,24 -38,83%
Dividendos antecipados - -
Total de Capital 19 815 209,72 19 318 506,02 2,57%Tabela 8: Demonstração de Alterações nos Capitais Próprios
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com que o produto bancário não se apresentasse valores ainda mais baixos, como dito
anteriormente.
Quanto às reservas, mais concretamente as de reavaliação, diminuíram cerca de 32,13%
devido ao impacto do movimento de fundos e pensões, em termos de ganhos e perdas
atuariais. O montante apresentado em “outras reservas e resultados transitados” apresenta
um aumento, em relação ao ano anterior, de 4,57% passando de €8.072.554, em 2015,
para €8.441.389, em 2016, sendo esta rubrica subdividida em três, como se observa no
quadro abaixo exposto. A primeira “reserva legal”, destina-se a cobrir eventuais perdas
do exercício, e apresenta uma variação positiva durante o período de 4,99%. A segunda,
“outras reservas”, apresenta, em 2016, um valor de €4.682.507, sendo este destinado a
cobrir eventuais despesas, como por exemplo, a formações para os recursos humanos da
entidade, entre outras.
Os “resultados transitados” apresentam um valor acumulado de €27.118, mantendo-se a
mesma, aproximadamente, igual à apresentada em 2015.
Outras reservas e resultados transitados 2016 2015 Variação
Reserva legal 3 786 000 3 606 000 4,99%
Outras reservas 4 682 507 4 493 670 4,20%
Resultados Transitados (27 118,00) (27 116,00) 0,01%
Total 8 441 389 8 072 554 4,57%
Montantes expressos em euros.
Tabela 9: Composição da Rubrica "Outras Reservas e Resultados Transitados"
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4.3. Análise de Risco
A análise de risco na concessão de créditos a empresas foi outra atividade desenvolvida
com regularidade durante o período de estágio na Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da
Região do Fundão e Sabugal.
O risco de crédito é algo que está presente no quotidiano de qualquer entidade financeira.
Nesse sentido o CCAM procede a análises cuidadas do risco de crédito, tendo em conta
o negócio ou área de atividade em que a empresa cliente se insere.
A concessão de crédito traduz-se na disponibilização de um valor presente mediante uma
promessa de pagamento desse mesmo valor no futuro, que pressupõe a confiança na
solvabilidade do devedor, isto é, de que o mesmo irá honrar os seus compromissos nas
datas acordadas previamente. Por outras palavras, o risco de crédito é o risco de perda em
que se incorre quando há incapacidade de uma contrapartida numa operação de concessão
de crédito. Este risco está intimamente relacionado com fatores internos e externos à
empresa que podem prejudicar o pagamento do montante de crédito concedido.
Durante o período de estágio, foram elaboradas diversas análises a empresas. Neste
contexto empresarial, os montantes de crédito são normalmente superiores aos dos
particulares, sendo a análise do risco de crédito ainda mais aprofundada. A instituição,
Caixa de Crédito Agrícola, avalia o risco de crédito com base numa ficha empresarial
chamada de IES (Informação Empresarial Simplificada), concebida especialmente para
empresas, que inclui informações relevantes como as demonstrações financeiras, os
rácios financeiros, o historial de crédito, etc.
A análise de crédito a empresas consiste num cuidadoso processo, que exige atenção
detalhada a diversos aspetos.
Consta no anexo II um exemplo de análise de risco realizada durante o período do estágio.
Por motivos confidenciais a mesma terá o nome da empresa alterado e não serão
apresentados quaisquer tipos de valores que sejam capazes de identificar a mesma.
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59 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
4.3.1. Tipos de Informação a Obter do Cliente
Numa primeira abordagem com o cliente, a entidade deve procurar obter informações do
cliente, tais como:
Nível de financiamento pretendido;
Modalidades e montante das informações previstas;
Objetivos do crédito;
Detalhe sobre os produtos, mercados, clientes, fornecedores; aspetos operativos
da catividade; número de empregados; descrição da estrutura de gestão, lista de
gestores; informação empresarial simplificada (IES).
4.3.2. Garantias Bancárias
Quando alguém, particular ou empresa, solicita um determinado crédito, a mesma terá de
apresentar determinadas garantias que permitam igualar o montante pedido à entidade
bancária, de forma a esta ter alguma segurança na recuperação do capital emprestado.
Entende-se por garantia bancária, um título em que o banco garante perante uma entidade
oficial ou particular o compromisso de honrar as obrigações assumidas pelo mesmo, em
caso de incumprimento. Este é um produto rentável para o banco, pois este, recebe
comissões pela garantia do bom pagamento e só entra com o capital caso o ordenador
falte ao compromisso estabelecido. As garantias fornecidas pela entidade podem ser reais
ou pessoais, sendo as primeiras identificadas como aquelas que permitem ao credor o
pagamento, em relação a outros credores, através do valor ou do rendimento de certos
bens móveis ou imóveis do devedor ou de terceiro. As últimas são consideradas como
aquelas em que uma pessoa, ou outras, sem ser o devedor, se responsabiliza pelo
cumprimento das obrigações, com o seu património.
4.3.2.1. Garantias Reais
Hipoteca: Incide sobre imóveis, mas também sobre coisas móveis equiparadas, para
efeitos de registos, como os automóveis, aeronaves e navios. Carateriza-se como um
contrato bilateral, que permite o acerto entre o autor da hipoteca e o credor
hipotecário. É a garantia real mais utilizada;
Penhor: É um direito real e distingue-se porque incide sobre coisas ou direitos, onde
não se pode aplicar a hipoteca, tais como direitos de autor ou títulos de crédito, onde
o credor para adquirir a posse, em nome próprio, necessita de interpor diversas ações
possessórias;
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60 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Consignação de rendimentos: É o pagamento de um crédito disponibilizado e
respetivos juros, caucionados pela consignação de rendimentos de certos bens
imóveis ou móveis sujeitos a registo, com um prazo de validade de 15 anos;
Direito de Retenção: É o direito de reter coisa alheia, estando o devedor obrigado
certa coisa, sempre que esta não cumpra com as suas obrigações, a fim de pagamento
do crédito, de despesa e pelos danos causados;
Privilégios creditórios: São conferidos por leu, concedidos em favor do credor, do
pagamento preferencial em detrimento de outros, dependendo da sua natureza.
Denota-se que não necessita de registo, e podem ser mobiliários ou imobiliários, caso
abranja ou não todo o património do devedor.
4.3.2.2. Garantias Pessoais
Fiança: Obrigação de um determinado sujeito, fiador, assume perante um credor
como forma de garantir o cumprimento das responsabilidades. Este apenas é
responsabilizado em caso de incumprimento do devedor principal. A fiança implica
que haja um segundo património, ou seja, o património do fiador, que juntamento com
o do devedor principal vai responder em caso de incumprimento;
Aval: Ao contrário da fiança, o avalista é responsável apenas pelo valor de face do
título, ou seja, pelo valor contratado, sem a incidência dos juros e encargos, em caso
de atraso no pagamento;
Garantia Autónoma: Esta é prestada por uma instituição de crédito, geralmente um
banco, que tem como propósito indemnizar alguém por delimitado montante, pela
verificação de determinado evento, a que as partes tenham atribuído relevância num
contrato celebrado entre elas.
A prestação de garantias é um elemento fundamental na concessão de crédito. Se não
houvesse garantias, possivelmente muitos dos créditos em dívida não seriam recuperados.
4.3.3. Análise da Situação de Risco
Após se ter a respetiva informação do cliente e as suas garantias, segue-se a elaboração
da análise de risco, tendo esta um caráter qualitativo e quantitativo.
A avaliação qualitativa de uma empresa passa pela análise de diversos fatores,
nomeadamente ao nível da gestão, da indústria onde está integrada e da estratégia adotada.
O estudo da gestão procura analisar o cumprimento das responsabilidades da empresa
para com os seus financiadores, a gestão de recursos e a preocupação com o consumidor.
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61 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Existem rácios que auxiliam este estudo, como por exemplo o prazo médio de
recebimentos/pagamentos, prazo médio de armazenagem, entre outros. A análise
envolvente externa é muito importante, pois a mesma fornece informações acerca da
atratividade do setor, isto é, examina se o mesmo está em crescimento, ou em decadência
(risco bastante elevado).
Já ao nível da análise quantitativa, considerada a mais importante, avalia-se a tendência
da empresa e a adequação das estratégias financeiras, permitindo apontar, qual a
perspetiva num futuro próximo, do desempenho da empresa. Para o estudo da análise
quantitativa, isto é, o estudo da parte financeira, recorre-se a informações fornecidas pela
empresa, mais concretamente à informação contabilística, como os mapas contabilísticos
(balanço, demonstração de resultados e demonstração dos fluxos de caixa) constantes da
ficha de IES (Informação Empresarial Simplificada).
O balanço é composto por um ativo, que mostra onde a empresa aplicou os recursos, ou
seja, os bens e direitos que possui, um passivo, que indica de onde vieram os recursos
provenientes de terceiros, e um capital próprio, podendo ser este originário de capital
colocado na empresa pelos sócios ou de lucro gerado pela empresa. No fundo, o balanço
retrata a posição patrimonial da empresa em determinado momento, composto por bens,
direitos e obrigações.
A demonstração de resultados evidencia registo de todos os proveitos e custos que têm
ao longo do tempo. Com esta análise pode-se identificar o modo como o resultado se
forma dentro da empresa e avaliar a sua capacidade para, através da sua atividade normal,
gerar o lucro necessário à sua estabilidade futura.
De forma a poder relacionar-se valores dos dois mapas contabilísticos acima referidos,
surgem os rácios e indicadores. Estes constituem um importante instrumento de apoio à
análise e gestão de empresas, na medida em que permite sintetizar volumes abundantes
de informações e estabelecer uma base de comparação do desempenho económico e
financeiro das empresas e a evolução no tempo.
Inúmeros são os rácios e indicadores financeiros que se pode utilizar na análise de crédito,
mas os mais utilizados durante o período de estágio foram:
Rendibilidade Financeira: Mede a eficácia com que as empresas utilizam os capitais
pertencentes aos sócios ou acionistas;
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62 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Liquidez Geral: Determina a capacidade da empresa para fazer face aos seus
compromissos a curto prazo;
Autonomia Financeira: Evidencia a (in)dependência da empresa face a capitais
alheios, dando apoio na análise do risco sobre a estrutura financeira de uma empresa;
Endividamento: Traduz a proporção de capitais alheios em relação às aplicações
totais, dando apoio na análise do risco sobre a estrutura financeira de uma empresa;
Solvabilidade Geral: Determina a capacidade da empresa para esta fazer face aos
seus compromissos a médio longo prazo, refletindo o risco que os seus credores
correm, através da comparação dos níveis de Capitais Próprios investidos pelos sócios
ou acionistas, com os níveis de capitais alheios aplicados pelos credores;
Rotação de Existências: Determina o número de vezes que o stock “roda” em
armazém durante o ano;
Prazo Médio de Recebimentos: Estuda o tempo (em meses ou em dias) demora a
empresa, em média, a receber os créditos que concede aos seus clientes e outros
devedores;
Prazo Médio de Pagamentos: Observa quanto tempo (em meses ou em dias) demora
a empresa, em média, a pagar os créditos que obtém dos seus fornecedores e outros
credores;
Prazo Médio de Armazenagem: Determina, em termos médios, o tempo (em meses
ou em dias) que os inventários e ativos biológicos permanecem em armazém a partir
do momento de entrada;
Valor Acrescentado Bruto: Resultado final da atividade produtiva no decurso de um
período determinado. Resulta da diferença entre o valor da produção e o valor do
consumo intermédio, originando excedentes.
Por último, a análise de cash flow é muito importante como ferramenta de análise de
crédito. Como já foi dito o interesse do banco é saber se o cliente terá capacidade
financeira para assegurar o seu compromisso assumido, ou seja, a CCAM pretende saber
se o cliente terá dinheiro para assegurar o serviço da dívida. Para tal a entidade bancária
recorre à situação de tesouraria da empresa, pois este é o elemento mais adequado para
avaliar se o cliente terá dinheiro disponível nas datas certas, para honrar o seu
compromisso.
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63 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
De uma forma geral, pode dizer-se que é importante fazer a análise do cash flow em
termos funcionais, de forma a identificar o modo como a empresa gera fundos e como os
aplica.
Em suma, estes são os processos de análise de uma análise de risco. A análise financeira
é muito importante, pois é através da mesma que se observa não só se uma determinada
empresa está a operar, ou não, da melhor maneira, mas também a sua estrutura económico
financeira, delimitando assim o risco associado na concessão de crédito. As análises de
fatores externos, como a atratividade do setor, não deixam de ser importantes, pois é
sempre aconselhável saber-se se o mesmo está em decadência ou em crescimento, com o
intuito de saber se é rentável ou não aceitar a proposta de crédito desejada.
4.4. Incumprimento e Recuperação de Crédito
Durante o período de estágio houve a oportunidade do conhecimento de alguns processos
de recuperação de crédito, ao nível dos procedimentos a seguir quando alguém deixa de
cumprir o acordo assumido com a entidade bancária, ou seja, os métodos a aplicar quando
determinado agente económico entra em incumprimento com as suas obrigações e a
respetiva recuperação do crédito. Nesse sentido optou-se por se fazer referência teórica a
esta matéria.
As instituições de crédito consideram um incumprimento, quando estão pelo menos três
prestações, cerca de noventa dias, por regularizar por parte do cliente, considerando-se o
mesmo definitivo quando todas as vias de renegociação da dívida se demonstrarem
infrutíferas, dando início a uma ação judicial.
Logo que se configure o incumprimento é necessário entrar na fase de recuperação de
crédito, ou seja, reaver o capital perdido do crédito concedido. A recuperação de créditos
em dívida pode ser concretizada através de processos judiciais ou extrajudiciais. A via
judicial implica a intervenção de tribunais, enquanto que as medidas as extrajudiciais
passam, essencialmente, pela negociação voluntária ou por acordos estabelecidos entre a
entidade e o devedor. Deve dar-se prevalência, à adoção de soluções extrajudiciais, sendo
apenas o uso de medidas judiciais justificável quando a outra deixa de ser viável, pois
esta acarreta elevados custos, tanto para o devedor, mas também para o banco.
A negociação voluntária consiste numa atividade de intermediação entre o credor e o
devedor, para desta forma renegociar-se o contrato inicialmente estabelecido. É uma
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
64 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
solução mais flexível que pode trazer resultados satisfatórios, menos demorados e por
vezes menos dispendiosos. As técnicas de negociação são decisivas, devendo-se optar por
uma abordagem simples e o mais explícita possível, com perguntas claras, e com uma
postura de escuta ativa para, desta forma, chegar-se a um acordo favorável para ambas as
partes. Se esta etapa falhar pode comprometer a relação com o cliente e a entidade, assim
como a recuperação de valores.
4.4.1. Reestruturação do Crédito Vencido – Processo Extrajudicial
De seguida, são apresentadas as propostas mais comuns de recuperação de crédito que se
podem aplicar, dependendo da capacidade financeira do cliente:
Refinanciamento: Refere-se à renovação da dívida sem que esta seja integralmente
paga, ou seja, no vencimento de um crédito, o devedor contrata novo crédito para
pagar o primeiro, continuando endividado;
Consolidação de Créditos: Consiste num processo de junção de todos os créditos,
que o cliente é interveniente, num único contrato, com o intuito de pagar o capital,
comissões, juros e encargos na totalidade. Este tem como objetivo ser de valor inferior
à soma de todas as obrigações que o cliente tem de seguir normalmente perante a
instituição de crédito;
Renegociação: Visa a continuação do cumprimento das obrigações do cliente,
renegociando as condições já acordadas anteriormente, introduzindo as alterações
necessárias ao contrato de crédito já estabelecido;
Concessão de um empréstimo adicional: Traduz-se num contrato de crédito, que
visa o pagamento das prestações e de outros encargos, para autenticar a continuação
de cumprimento das obrigações.
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
66 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Reflexão Crítica das Competências e Conhecimentos
Adquiridos
Em modo de conclusão importa realçar a importância deste estágio, pois representa o
primeiro contacto com o mundo empresarial e financeiro. Durante as quatrocentas horas
na Caixa de Crédito Agrícola da Região do Fundão e Sabugal, CRL (sede regional). O
estagiário teve a oportunidade trabalhar numa área que o agradou bastante, a análise
económico-financeira.
Assim, começou pela a análise da situação económico financeira da própria entidade,
sendo este o principal objetivo planificado no estágio. Nesta fase foi feita a elaboração de
um pequeno Relatório e Contas do Primeiro Trimestre de 2017, onde se abordou as
principais rubricas da instituição bancária. O estagiário realizou, também, um vasto
conjunto de análises de risco relacionadas com a concessão de crédito a empresas. Aqui
foi facultado informação real sobre diversas empresas, permitindo assim um contacto
mais pragmático com o mundo, havendo da parte do formando sigilo profissional no que
toca a esta matéria.
O contributo das unidades curriculares de Gestão Financeira e Contabilidade Financeira
é de salientar, uma vez que são a base da análise financeira. Apenas se consegue fazer o
estudo de empresas, com uma mínima perceção das mesmas, aprofundando
conhecimentos à medida que o tempo passa, de maneira a evoluir nestas mesmas análises.
Porém, é importante destacar que apesar dos importantes contributos que as aulas
proporcionaram, no mundo profissional, as coisas não são tão lineares como aquilo que
se aprende nas mesmas.
A autonomia na realização de tarefas foi outra competência adquirida, pois nem sempre
é possível ter uma pessoa ao lado para prestar auxilio na elaboração das mesmas. Ser
autónomo é outra competência bastante relevante na prática empresarial. Contundo,
houve a oportunidade de colaborar, dentro da instituição, com o Dr. Luís Antunes, que
representou um papel fundamental na orientação e aprendizagem de vários
conhecimentos.
Na opinião do estagiário, este período foi bastante positivo, pois foram muitos os
conhecimentos e práticas adquiridas. No entanto, o conhecimento é algo que se apreende
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
67 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
ao longo da vida, de forma gradual. Várias foram as competências desenvolvidas, todavia
muitas outras ficaram por desenvolver.
Em suma, o estágio representa uma experiência bastante enriquecedora, tanto a nível
profissional como pessoal, possibilitando a criação de bases para a vida profissional que
agora começa.
“Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela.”
Albert Camus
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
69 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Associação Portuguesa de Bancos. (s.d.). Obtido em 25 de setembro de 2017, de Associação
Portuguesa de Bancos - Sistema Financeiro:
http://www.apb.pt/sistema_financeiro/o_que_e
Bizarro, M. (2015). Estudo Geral. Obtido em 13 de outubro de 2017, de Estudo Geral -
Recuperação de Crédito:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/31073/1/Recuperacao%20de%20credito.p
df
Crédito Agrícola - Banco de Imagens. (s.d.). Obtido em outubro de 2017, de Crédito Agrícola:
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/Imprensa/BancoDeImagens/
Crédito Agrícola - História. (s.d.). Obtido em outubro de 2017, de Crédito Agrícola:
http://www.creditoagricola.pt/CAI/Institucional/GrupoCA/QuemSomos/Historia/
Frases e Pensamentos. (s.d.). Obtido em outubro de 2017, de Frases e Pensamentos - Citações:
https://www.pensador.com/
Garantias Bancárias. (s.d.). Obtido em 11 de outubro de 2017, de
http://ind.millenniumbcp.pt/pt/geral/fiscalidade/Documents/relacoes_empresas_2.pdf
Instituto de Formação Bancária. (s.d.). Obtido em 09 de outubro de 2017, de Instituto de
Formação Bancária - Análise de Risco: http://www.ifb.pt/analise-de-risco-de-credito
knoow. (15 de outubro de 2015). Obtido em 09 de outubro de 2017, de knoow - Análise
Financeira: http://knoow.net/cienceconempr/gestao/analise-economica-e-financeira/
Neves, J. C. (1990). Análise Financeira - métodos e técnicas (4ª ed.). Lisboa: Texto Editora.
pmelink. (s.d.). Obtido em 11 de outubro de 2017, de pmelink - Como avaliar o risco de crédito
de um cliente: http://www.pmelink.pt/article/pmelink_public/EC/0,1655,1005_5331-
3_41098--View_429,00.html
Saias, L., Carvalho, R. d., & Amaral, M. d. (1998). Instrumentos Fundamentais de Gestão
Financeira (3ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.
Think Finance. (s.d.). Obtido em 13 de outubro de 2017, de Think Finance - Refinanciamento:
http://www.thinkfn.com/wikibolsa/Refinanciamento
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
71 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Anexo I – Relatório e Contas do 1º Trimestre de 2017 da
Caixa de Crédito Agrícola do Fundão e Sabugal CRL.
Os dados analisados anteriormente relacionados com o relatório e contas do primeiro
trimestre de dois mil e dezassete tiveram como base as demonstrações financeiras,
extraídas do balancete de março (primeiro trimestre de 2017), mais nomeadamente o
balanço, tabela 10 e 11, e a demonstrações de resultados, tabela 12.
Balanço em 31 de março de 2017 – Ativo
mar/17 dez/16
ATIVO
Caixa e disponibilidade em bancos centrais….............................................................. 1 170 630,93 1 552 368,56
Disponibilidades em outros instituições de crédito………………………….…………… 1 240 043,56 1 814 885,64
Ativos f inanceiros detidos para negociação……………………………………………..
Outros ativos f inanceiros ao justo valor através de resultados………………………..
Ativos f inanceiros disponíveis para venda………………………………………………. 1 099 459,21 1 096 612,49
Aplicações em instituições de crédito……………………………………………………. 112 430 401,94 118 484 225,02
Crédito a clientes……………………………………………………………………………. 72 415 263,84 70 585 621,99
Investimentos detidos até à maturidade………………………………………………….. 3 467 144,42 3 427 979,99
Ativos com acordo de recompra…………………………………………………………..
Derivados de cobertura…………………………………………………………………….
Ativos não correntes detidos para venda……………………………………………….. 1 441 154,19 1 372 458,38
Propriedades de investimento…………………………………………………………….. 126 303,67
Outros ativos tangíveis…………………………………………………………………….. 3 798 376,92 3 812 295,72
Ativos intangíveis……………………………………………………………………………
Investimentos em filiais, associadas e empreendimentos conjuntos………………….. 2 137 884,63 2 137 884,63
Ativos por impostos correntes……………………………………………………………. 36 779,99 36 779,99
Ativos por impostos diferidos……………………………………………………………… 830 665,83 830 665,83
Outros ativos……………………………………………………………………………….. 1 291 796,44 1 361 487,45
Total do Activo 201 359 601,90 206 639 569,36
RUBRICAS
Montantes expressos em euros
NOTASPERÍODOS
Tabela 10: Ativo - Balanço em 31 de março de 2017
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
72 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Balanço em 31 de março de 2017 – Capital Próprio e Passivo
mar/17 dez/16
CAPITAL E PASSIVO
CAPITAL
Capital……………………………………………………………………………………….. 10 724 620,00 10 707 775,00
Prémios de emissão………………………………………………………………………..
Outros instrumentos de capital……………………………………………………………
Ações próprias……………………………………………………………………………..
Reservas de reavaliação…………………………………………………………………. 116 049,00 116 049,00
Outras reservas e resultados transitados………………………………………………. 8 991 495,34 8 441 389,02
Dividendos antecipados……………………………………………………………………
19 832 164,34 19 265 213,02
Resultado do exercício…….......................................................................................... 311 446,42 549 996,70
Total de Capital 20 143 610,76 19 815 209,72
PASSIVO
Recursos de bancos centrais......................................................................................
Passivos f inanceiros detidos para negociação………………………………………….
Outros passivos f inanceiros ao justo valor através de resultados……………………
Recursos de outras instituições de crédito……………………………………………… 8 330 899,84 7 360 412,98
Recursos de clientes e outros empréstimos……………………………………………. 171 659 251,44 177 383 552,83
Responsabilidades representadas por títulos……………………………………………
Passivos f inanceiros associados a ativos transferidos……………………………….
Derivados de cobertura……………………………………………………………………
Passivos não correntes detidos para venda…………………………………………….
Provisões…………………………………………………………………………………… 196 419,26 610 360,03
Passivos por impostos correntes…………………………………………………………
Passivos por impostos diferidos………………………………………………………….
Instrumentos representativos de capital…………………………………………………
Outros passivos subordinados……………………………………………………………
Outros passivos……………………………………………………………………………. 1 029 420,60 1 470 033,80
Total de Passivo 181 215 991,14 186 824 359,64
Total de Passivo + Capital 201 359 601,90 206 639 569,36
RUBRICAS NOTASPERÍODOS
Montantes expressos em euro
Tabela 11: Capital Próprio e Passivo - Balanço em 31 de março de 2017
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
73 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Demonstração de Resultados em 31 de março de 2017
mar/17 Trim. 2016 2016
Juros e rendimentos similares.............................................................................................................. 819 531,44 932 249,99 3 728 999,95
Juros e encargos similares………………………………….………....................................................... (58 025,06) (101 680,75) (406 723,00)
Margem Financeira 761 506,38 830 569,24 3 322 276,95
Rendimentos de instrumentos de capital............................................................................................... 5,16 20,63
Rendimentos de serviços e comissões…………………....................................................................... 378 413,28 395 499,53 1 581 998,11
Encargos com serviços e comissões................................................................................................... (44 155,63) (69 503,04) (278 012,15)
Resultados de ativos e passivos avaliados ao justo valor através de resultados...............................
Resultados de ativos f inanceiros disponíveis para venda……………………………………………….
Resultados de reavaliação cambial………………………………………………………………………… (512,34) 1 122,54 4 490,14
Resultados de alienação de outros ativos………………………………………………………………… 1 250,00 8 667,12 34 668,46
Outros resultados de exploração………………………………………………………………………….. 24 651,01 71 250,33 285 001,30
Produto Bancário 1 121 152,70 1 237 610,86 4 950 443,44
Custos com pessoal………………………............................................................................................. (550 031,86) (503 377,32) (2 013 509,27)
Gastos gerais administrativos…………................................................................................................ (299 833,10) (354 744,46) (1 418 977,83)
Amortizações do exercício………………………………………………………………………………….. (40 222,47) (44 547,20) (178 188,79)
Provisões líquidas de reposições e anulações…………………………………………………………… (845,94) (3 383,75)
Correções de valor associadas ao crédito a clientes e valores a receber de outros devedores…… (9 740,18) (102 006,53) (408 026,11)
Imparidade de outros ativos f inanceiros líquida de reversões e recuperações………………………. 174 910,33
Imparidade de outros ativos líquida de reversões e recuperações…………………………………….. (2 000,00) (38 313,29) (153 253,17)
(726 917,28) (1 043 834,73) (4 175 338,92)
Resultado antes de impostos 394 235,42 193 776,13 775 104,52
Impostos
Correntes……………………………………………………………...……………………..………….. (82 789,00) (104 194,18) (416 776,72)
Diferidos………………………………………………………………………………………………….. 47 917,13 191 668,52
Resultado após impostos 311 446,42 137 499,08 549 996,32
Montantes expressos em euro
RUBRICAS NOTASPERÍODOS
Tabela 12: Demonstração de Resultados em 31 de março de 2017
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
74 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
Anexo II – Análise de Risco
Segue-se uma das várias análises de risco de concessão de crédito a empresas realizada
durante o período de estágio na Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão
e Sabugal, CRL.
O nome da empresa será fictício e os números não poderão ser apresentados, de maneira
a não identificar a empresa. Esta informação é sigilosa e não pode ser mostrada ao
público.
Análise Económico Financeira da Empresa XPTO
A empresa XPTO está situada no concelho d. X, tendo como atividade o turismo e
hotelaria. A mesma é composta por um restaurante designado X e um hotel chamado X.
Com o objetivo de analisar a situação económica e financeira desta empresa,
relativamente ao período compreendido entre 2013 a 2016, importa em primeiro lugar,
observar a evolução das respetivas demonstrações financeiras, bem como os rácios e
indicadores daí extraídos.
Olhando em primeiro lugar, a demonstração de resultados da XPTO observa-se que os
seus níveis de faturação, ano após ano, têm vindo a aumentar, alcançado em 2016 o valor
de €X. Esta empresa apresenta uma boa margem de comercialização, estando a mesma a
rondar, ao longo destes quatro, anos os 66%.
O resultado operacional apresentado em 2016 é de €X, ou seja, é satisfatório, sendo este
o valor mais alto alcançado ao longo do período (2013-2016), isto devido ao aumento das
vendas no último ano. Para um bom resultado operacional é fundamental uma boa quota
de vendas, visto que a estrutura de custos desta entidade tem um valor significativo.
O resultado líquido tem vindo a apresentar ao longo do tempo resultados muito fracos,
exceto no último ano (2016) que ostenta um valor de €X, devido à subida das vendas.
Passando agora à análise do balanço e, começando pelo ativo, observa-se que este
apresenta um valor, em 2016, de €X, significando assim um aumento de
aproximadamente 23%, ao longo do período (2013 a 2016). A rubrica que neste termo
tem principal destaque é os “ativos fixos tangíveis”, ou seja, edifícios, viaturas, entre
outros, que representa 87% do ativo total e apresenta uma evolução durante o período
abordado de 32%. Há ainda outro aspeto que importa falar, sendo este a conta de
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
75 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
“clientes”, pois esta rubrica apresenta um aumento, no mesmo período, de 47%. Posto
isto, chega-se à conclusão que as vendas estão a ser feitas, mas por outro lado as mesmas
não estão a ser pagas atempadamente por parte dos clientes. Através do cálculo do prazo
médio de recebimentos (𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑒 𝑆𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜𝑠 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 × 365), consegue-se comprovar este
facto, pois no último ano este é de 41 dias, e em 2013 é de 33 dias. Este acontecimento
irá fazer com que a empresa tenha mais dificuldade no pagamento de outras contas, pois
ao não ter o devido dinheiro das suas vendas atempadamente, não terá fundo maneio e,
por consequência necessitará de apoios à tesouraria.
No que toca ao capital próprio este situa-se, em 2016, nos €X, tendo um aumento de 65
pontos percentuais ao longo dos quatro anos, devido principalmente ao aumento do
resultado líquido do período e dos excedentes de revalorização.
Em fase de conclusão do estudo do balanço, o passivo da entidade ao longo do tempo
(2013-2016) o passivo manteve-se, parcialmente, inalterável. Totaliza, em 2016, €X,
sendo este composto, na maior parte, por financiamentos obtidos que representa 79% do
mesmo. A rubrica “outras contas a pagar” também tem um valor significativo e
inexplicável no que consta no IES (Informação Empresarial Simplificada) da empresa.
Para finalizar a análise desta empresa importa olhar a alguns tipos de rácios, dos quais a
sua respetiva autonomia financeira, e o seu endividamento.
A autonomia financeira (𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 × 100), ou seja, a dependência por parte desta
entidade a capitais alheios, observa-se que a mesma apresenta, em 2016, valores a rondar
os 49%, o que se considera satisfatório, pois o mínimo exigido considera-se 25%. Apesar
dos valores de endividamento (𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 × 100) terem tendência para vir a descer ao
longo do tempo, ainda ostenta em 2016 um valor significativo de 50%, o que representa
algum risco.
Em suma, a empresa XPTO apresenta como principal lacuna o seu montante em dívida a
instituições de crédito, mais nomeadamente, €X. Outro acontecimento, também relevante
é o facto de a dívida de clientes a esta entidade estar ao longo do período (2013-2016)
estar a aumentar de forma constante. Esta é uma situação que reflete atrasos nos
pagamentos por parte dos clientes e outros devedores. A empresa deve rever as condições
comerciais negociadas com os clientes e outros devedores ou exercer maior pressão de
Guilherme José Matos Fortuna || Relatório de Estágio
76 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal
cobrança sobre os mesmos, pois aquele montante é necessário para uma maior solidez
financeira desta entidade.
Nota: Esta análise era feita juntamente com um ficheiro Excel onde vinham as respetivas
demonstrações financeiras e alguns rácios que ajudariam a complementar a decisão final.
Por motivos confidenciais esse ficheiro não pode ser anexado, pois tornava-se muito fácil
identificar a empresa em questão.