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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO Biotecnologias da Reprodução Animal ALINE CAMPELO CENTENO Pelotas, 10 de Janeiro de 2005

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Page 1: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO · O Estágio Curricular foi realizado no período de 4 de Outubro a 10 de Dezembro de 2004, junto ao Laboratório de Reprodução

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

Biotecnologias da Reprodução Animal

ALINE CAMPELO CENTENO

Pelotas, 10 de Janeiro de 2005

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

Biotecnologias da Reprodução Animal

ALINE CAMPELO CENTENO

Relatório apresentado como requisito de complementação curricular para graduação em

Medicina Veterinária na Universidade Federal de Pelotas.

Pelotas, 10 de Janeiro de 2005

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IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO

Nome da Estagiária: Aline Campelo Centeno

Área do Estagio: Biotecnologias da Reprodução Animal

Local: Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto de Bem, localizado

no Centro de Ciências Agroveterinárias - CAV, da Universidade do Estado de

Santa Catarina - UDESC

Endereço: Av. Luiz de Camões, 2090, Lages-SC

Orientador do Estágio: Alceu Mezzalira

Orientador Acadêmico: Marcio Nunes Corrêa

Período do Estágio: 04/10/04 a 10/12/04

Carga horária: 50 horas semanais

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, não poderia deixar de agradecer a Deus, pelo dom da

vida e por ter me concedido saúde para chegar até aqui.

Aos meus pais, Rita e Valmir, que sempre foram o meu apoio nas horas mais

difíceis e os maiores aplausos nas vitórias, nunca mediram esforços e fizeram

tudo que estava ao alcance para que eu realizasse o meu maior sonho, ser uma

Médica Veterinária. Não podendo esquecer de pedir desculpa pela irritação

constante na época das provas finais e agradecer, do fundo do coração, todo

tempo dedicado a mim, muitas vezes esquecendo dos seus próprios sonhos para

que eu pudesse realizar os meus. Sem dúvida, eles são os melhores pais do

mundo.

Aos meus irmãos, Rogério e Fábio, que também não mediram esforços para

a realização do meu maior sonho.

As minhas cunhadas, Simone e Maria Helena, que sempre estiveram

dispostas a ajudar.

Aos meus amigos e, quase irmãos, Jaque e Cássio, pela grande amizade

que cultivamos durante a faculdade e que, com certeza será eterna. Vocês

moram no meu coração, e se por acaso, a vida profissional nos levar para

caminhos diferentes, podem ter certeza que jamais esquecerei de vocês e quando

forem profissionais respeitados pela competência, que sempre demonstraram,

estarei na primeira fila, aplaudindo os meus “irmãos” em pé.

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Aos meus colegas de faculdade, com quais, durante esses cinco anos,

passei mais tempo do que com minha família, obrigada pela companhia e

amizade.

A minha amiga Anna, pela força e estímulo e também pela compreensão de

muitas vezes, não podermos estar juntas, pois os estudos eram mais importantes.

As amigas ”Lu” e “Angel”, que mesmo um pouco distantes, pela tumultuada

vida de universitária, sempre torceram pelo meu sucesso.

Ao meu gatinho, Rafael, pelo carinho e compreensão, por agüentar minha

irritação na época das provas e por me ajudar na realização deste relatório, pois

sem ele, meu relatório não seria o mesmo.

Ao meu orientador do estágio, Alceu, pela atenção dedicada e pela

transmissão de conhecimentos.

Aos meus colegas de estágio, Joana, Fernanda, Kelyn, Dennys, Rodrigo,

Fabiano, Márcio, Diego, Marcos, Tiago e Júnior pelo companheirismo e

ensinamentos repassados.

Ao meu orientador acadêmico, Marcio, que mesmo na correria, sempre

achou tempo para responder as minhas dúvidas e me orientar da melhor maneira

possível.

A minha ex-orientadora, Ligia, pelo apoio e serenidade nas horas em que

precisei.

A minha nova família, Elisio, Cleide e Emely, que me acolheram com muito

amor e carinho. Sem eles eu não teria chegado aqui, eles foram fundamentais na

realização do meu estágio, me dando todo o apoio e carinho de uma família. Os

guardarei pra sempre no meu coração.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS......................................................................................vii

LISTA DE FIGURAS......................................................................................viii

LISTA DE QUADROS.....................................................................................ix

1) INTRODUÇÃO...........................................................................................01

2) DESENVOLVIMENTO...............................................................................04

2.1) PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES.................................................04

2.1.1) Introdução............................................................................................04

2.1.2) Etapas da produção in vitro de embriões............................................06

2.1.2.1) Coleta dos ovócitos..........................................................................06

2.1.2.2) Maturação in vitro.............................................................................10

2.1.2.3) Separação e capacitação espermática.............................................14

2.1.2.4) Fecundação in vitro...........................................................................18

2.1.2.5) Desnudamento..................................................................................19

2.1.2.6) Cultivo in vitro...................................................................................20

2.1.2.7) Avaliação da clivagem......................................................................22

2.1.2.8) Avaliação embrionária......................................................................23

2.2) OPU (OVUM PICK-UP)..........................................................................27

2.3) VITRIFICAÇÃO......................................................................................30

2.3.1) Protocolo para vitrificação de ovócitos................................................31

2.3.2) Protocolo para vitrificação de embriões..............................................32

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2.4) PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA E HIGIENE ADOTADOS

NO LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO ANIMAL PROF. ASSIS ROBERTO

DE BEM.........................................................................................................36

2.5) SUPEROVULAÇÃO EM CAMUNDONGAS..........................................43

2.5.1) Diluição dos hormônios para superovulação em camundongas........44

2.5.2) Coleta de embriões de camundongas................................................45

3.0) COMENTÁRIOS SOBRE O ESTÁGIO..................................................46

4.0) CONCLUSÃO........................................................................................47

5.0) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................48

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular, no

Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De

Bem.....................................................................................03

TABELA 2 - Rotinas de PIV realizadas durante o estágio no Laboratório

de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De

Bem.....................................................................................05

TABELA 3 - Desenvolvimento de embriões produzidos in vitro

depois da maturação de COCs com diferente número de

capas de células da granulosa...........................................11

TABELA 4 - Desenvolvimento de embriões produzidos in vitro, utilizando

dois meios de cultivo...........................................................26

TABELA 5 - Resultados da OPU realizada durante o estágio................29

TABELA 6 - Rotinas de vitrificação acompanhadas durante o

estágio.................................................................................35

TABELA 7 - Resultados do reaquecimento de embriões

vitrificados da rotina 2.........................................................35

TABELA 8 - Embriões de camundongas coletados durante o período de

estágio................................................................................45

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto de

Bem..........................................................................................02

FIGURA 2 - Punção folicular utilizando scalp..............................................08

FIGURA 3 - Tubos prontos para Swim-up...................................................15

FIGURA 4 - Embriões clivados....................................................................23

FIGURA 5 - Aparelho produtor de vácuo utilizado no processo

de vitrificação..........................................................................34

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Meio de maturação utilizado no Laboratório de

Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De

Bem..................................................................................11

QUADRO 2 - Meio de migração (TALP Sperm), para Swim-up.............16

QUADRO 3 - Meio de fecundação (TALP Fert)......................................18

QUADRO 4 - Diluição da heparina, adicionada ao meio de fecundação,

para capacitação dos espermatozóides...........................19

QUADRO 5 - Meio utilizado para cultivo de embriões............................22

QUADRO 6 - Protocolo para superovulação em camundongas.............44

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1) INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular foi realizado no período de 4 de Outubro a 10 de

Dezembro de 2004, junto ao Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis

Roberto de Bem, localizado no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), na cidade de Lages-SC.

Totalizando 500 horas.

Em 1977, com o reconhecimento do curso de Medicina Veterinária, pelo

Decreto Federal 79.851, começaram a surgir as primeiras iniciativas de pesquisa

e extensão, onde se destacou a atuação do Dr. Assis Roberto De Bem, o qual

iniciou trabalhos pioneiros em coleta e transferência de embriões bovinos no

Estado de Santa Catarina, inicialmente pelo método cirúrgico. Nos anos 90, o

Laboratório de Reprodução Animal passou a adotar uma linha de pesquisa

voltada para a criopreservação. Os trabalhos iniciais realizados com embriões de

camundongos foram extrapolados para bovinos, resultando em trabalhos

pioneiros no país na criopreservação de embriões bovinos pelo método ultra-

rápido. Em 1999, após a adequação do Laboratório, foram iniciados os trabalhos

com produção in vitro (PIV) de embriões bovinos, obtendo-se o nascimento do

primeiro produto em outubro do mesmo ano. Desde então, a orientação da

pesquisa foi voltada, principalmente, para a criopreservação de ovócitos bovinos

por vitrificação. Resultados ainda mais promissores foram alcançados com a

vitrificação de ovócitos imaturos em OPS (palhetas espichadas), com o

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nascimento de Victra, a primeira terneira da América do Sul nascida de embrião

derivado de ovócito imaturo vitrificado. Na seqüência do trabalho, obteve-se o

nascimento de Glacial e Nitro, os primeiros terneiros do mundo obtidos de

embriões vitrificados, derivados de ovócitos imaturos também vitrificados. A figura

1 demonstra a vista externa do Laboratório.

FIGURA 1 – Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto de Bem.

Durante o período de estágio no Laboratório de Reprodução Animal Prof.

Assis Roberto De Bem, foram desenvolvidas atividades como lavagem e

esterilização de materiais utilizados nas rotinas do Laboratório, preparo de meios,

produção in vitro (PIV) de embriões bovinos, OPU (Ovum pick-up),

criopreservação de embriões bovinos, superovulação em camundongas, coleta de

embriões de camundongas.

As atividades desenvolvidas estão relacionadas na Tabela 1.

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TABELA 1 - Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular, no Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem Atividade Nº

Lavagem e esterilização de materiais *

Preparo de meios 54

Punções 17

Produção in vitro de embriões 17

OPU 24

Vitrificação de ovócitos 4

Vitrificação de embriões 6

Superovulação em camundongas 2

Coleta de embriões de camundongas 2

TOTAL 126

* Realizadas diariamente.

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2) DESENVOLVIMENTO

2.1) PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES (PIV)

2.1.1) Introdução

A Produção in vitro (PIV) de embriões é um sistema alternativo de produção

de embriões, principalmente bovinos, que utiliza ovócitos imaturos coletados de

ovários de doadoras de várias idades e estados fisiológicos.

A PIV é uma biotécnica utilizada alternativamente para acelerar a produção

de animais geneticamente superiores e impedir através, da punção in vivo (OPU),

o descarte precoce de fêmeas geneticamente privilegiadas portadoras de

alterações adquiridas, que impedem a reprodução de forma natural

(GONÇALVES et al., 2002).

Inicialmente a PIV foi utilizada como ferramenta de pesquisa e foi empregada

para recuperar ovócitos de doadoras abatidas. Em bovinos, comparando este

uso, a PIV vem sendo importante para a produção de embriões de doadoras

vivas, como alternativa, ou para integrar com a superovulação e transferência de

embriões, devido à flexibilidade e vantagens que esta oferece (GALLI et al.,

2003).

A PIV também é uma técnica fundamental para o uso de todas as novas

biotécnicas de reprodução animal, pois através dela é possível produzir embriões

pré-sexados e embriões ou zigotos em vários estágios de desenvolvimento, para

o estudo de transgênese e clonagem. Recentemente, também tem sido sugerido

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o uso da PIV para avaliar o potencial reprodutivo de touros, avaliando com mais

precisão a fertilidade do reprodutor (EMBRAPA / CENARGEN, 2000).

Segundo DE BEM et al., (1995), podemos resumir algumas aplicações da

PIV que se enquadram a todas as espécies de animais domésticos: obter uma

maior quantidade de embriões a menor custo; obter um grande número de pró-

núcleos para experiências de microinjeção de DNA exógenos, visando a obtenção

de animais transgênicos; estudar alguns mecanismos ainda desconhecidos da

capacitação espermática e da fecundação propriamente dita; testar in vitro a

fertilidade potencial de machos utilizados em programas de melhoramento

genético; determinar novos meios e cultivos celulares para incrementar a

produção de bons embriões; abrir espaço para trabalhos científicos e iniciação de

novos pesquisadores.

As rotinas de PIV realizadas durante o estágio, estão relacionadas na Tabela

2.

TABELA 2 - Rotinas de PIV realizadas durante o período de estágio DESCRIÇÃO Nº

Rotinas realizadas 17

Ovários puncionados 1676

Ovócitos recuperados 8842

Ovócitos selecionados 4931

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2.1.2) Etapas da produção in vitro de embriões

A PIV envolve a coleta, maturação e fecundação de ovócitos e ainda, o

cultivo de zigotos e embriões.

2.1.2.1) Coleta dos ovócitos

Os ovócitos para PIV podem ser obtidos de diferentes tipos de doadoras e

também por diferentes métodos, como por exemplo: in vitro através de punção

folicular de ovários provenientes de abatedouro ou in vivo através da OPU ou

laparotomia de flanco, sendo esta pouco utilizada atualmente.

Os ovários de abatedouro, apesar de serem uma importante fonte de

ovócitos para serem utilizados na pesquisa, são geralmente provenientes de

animais sem valor econômico. Entretanto, o desenvolvimento de outros métodos

de aspiração folicular tem permitido a recuperação de ovócitos de animais vivos,

proporcionando a multiplicação de animais de interesse econômico, superando os

índices da Transferência de Embriões (TE) clássica, no que diz respeito à

produção de terneiros/vaca/ano (EMBRAPA/CENARGEN, 2000).

No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem os

ovários eram obtidos, na maioria das rotinas, do Frigorífico Verdi, localizado no

município de Pouso Redondo-SC, distante cerca de 100 Km do Laboratório. Logo

após o abate, os ovários eram colocados em PBS (Phosphated Buffered Saline

Solution) a uma temperatura de 30-35ºC, sendo transportados até o laboratório

em recipiente hermético. Como os ovócitos são sensíveis a choques térmicos, é

importante um cuidadoso monitoramento da temperatura durante os

procedimentos de coleta e transporte (GALLI et al., 2003). O tempo desde o abate

até a chegada no laboratório não deve ser superior a 3 horas.

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Ao chegar no laboratório, a temperatura do PBS onde foram transportados

os ovários era medida, em seguida eram retirados os tecidos adjacentes aos

ovários, quando necessário. Após, os ovários eram submetidos a 2 lavagens em

PBS, na mesma temperatura de chegada, a fim de evitar choque térmico. Depois

das lavagens, os ovários eram colocados em um recipiente contendo PBS

aquecido, onde permaneciam até o inicio da punção.

A punção dos folículos, com diâmetro entre 2 e 8 mm, era realizada com

scalps (18 G), utilizando 2,0 a 2,5 de pressão na bomba de vácuo (20-30

mL/minuto), sendo o líquido folicular depositado em tubos cônicos de 15 mL,

esperando de 5 a 10 minutos para sedimentação. Durante o repouso os tubos

eram mantidos em fluxo laminar e sobre placa aquecedora. O tempo de

sedimentação não deve ser superior a 15 minutos, pois assim as sujidades do

líquido folicular irão sedimentar junto com os ovócitos, o que dificultará a busca

dos mesmos.

Marcar o momento do início e final da punção, contar e pesar os ovários. A

figura 2 ilustra o procedimento de punção folicular.

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FIGURA 2 – Punção folicular utilizando scalp.

Logo após o tempo de repouso, o sedimento dos tubos era retirado, com o

auxílio de uma pipeta de Pasteur e transferidos para placas de Petri milimetradas,

onde era realizada a busca dos complexos cumulus oophoros (CCOs), sob a

lupa-estereomicroscópica, em fluxo laminar. Os CCOs encontrados eram

colocados em placas de Petri pequenas (30x10mm) contendo líquido folicular

centrifugado, para posterior seleção. Estas placas eram mantidas sob fluxo

laminar e sobre placa aquecedora.

A seleção dos ovócitos era feita em líquido folicular, também sob fluxo

laminar e sobre placa aquecedora. Eram selecionados os ovócitos com tamanho

médio, ovoplasma de coloração marrom homogênea e cobertura de células do

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cumulus (compacto em toda a superfície do ovócito), descartando ovócitos muito

grandes, retraídos ou de contorno irregular; com ovoplasma com coloração muito

clara ou apresentando granulação escura e ovócitos com cumulus incompleto,

frouxo ou expandido.

Existem diversas categorias para classificação de ovócitos, as quais variam

segundo os autores e são importantes para fins científicos e controle de

qualidade, tanto da produção quanto da coleta dos CCOs.

Os critérios para seleção dos ovócitos estão descritos a seguir por

LEIBFRIED et al., 1979, adaptado por GONÇALVES et al. (2002):

a) Grau I: Cumulus compacto, contendo mais de três camadas de células.

Citoplasma com granulações finas e homogêneas, de coloração marrom,

preenchendo o interior da zona pelúcida.

b) Grau II: Cumulus compacto parcialmente presente ou com menos de três

camadas celulares rodeando completamente o ovócito. Citoplasma com

granulações distribuídas heterogeneamente.

c) Grau III: Cumulus expandido. Citoplasma contraído, com espaço entre a

membrana celular e a zona pelúcida.

d) Grau IV: Ovócito sem cumulus (desnudo).

Após a seleção os ovócitos eram colocados em TCM Hepes (Meio de

manipulação), para uma rápida lavagem antes de serem colocados na placa de

maturação. Procurar não ultrapassar 20 minutos desde a punção até a colocação

em TCM Hepes.

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2.1.2.2) Maturação in vitro

A maturação é essencial no processo de PIV, pois é onde o ovócito adquire

capacidade para ser fecundado posteriormente. Portanto, a maturação dos

ovócitos depende da eficiência do método de coleta e, principalmente, dos meios

e métodos de maturação in vitro.

Quando os ovócitos são retirados de folículos terciários e cultivados in vitro,

a maturação ocorre tanto no núcleo quanto no citoplasma. Somente ovócitos com

maturação nuclear e citoplasmática podem ser fecundados. A primeira

modificação visível do núcleo é a condensação da cromatina e a dissolução da

membrana nuclear, processo conhecido como ruptura da vesícula germinativa

(PALMA et al., 2001).

A maturação do ovócito está ligada a uma série de mudanças estruturais e

bioquímicas que tornam o gameta feminino apto para ser fecundado e ter

desenvolvimento embrionário subseqüente. In vivo, esse processo tem início,

coincidentemente, com o pico pré-ovulatório de LH e, in vitro, com a simples

retirada do ovócito do folículo (GONÇALVES et al., 2002).

O efeito da aspiração dos ovócitos sobre sua capacidade de

desenvolvimento pode variar se os CCOs são obtidos de vacas vivas. Os CCOs

recorrem maiores distâncias no tubo coletor, a presença de ar é maior na

tubulação, em conseqüência o efeito traumático da pressão negativa pode

aumentar e desta forma se observou um número menor de camadas de células

da granulosa (PALMA et al., 1996).

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TABELA 3 - Desenvolvimento de embriões produzidos in vitro depois da maturação de COCs com diferente número de camadas

de células da granulosa Nº de capas da Nº de ovócitos Desenvolvimento (%)

granulosa recuperados 2 a 4 céls., D2 embriões, D7 4-6 81 25** 4** > 6 58 32** 18**

** nas mesmas colunas diferem significativamente (p< 0,01) Fonte: PALMA et al.,2001.

Estudos realizados nas décadas de 70 e 80 por LEIBFRIED & FIRST (1979)

e SÜSS & MADISON (1983), indicaram que somente os ovócitos que apresentam

um cumulus completo, possuem capacidade de completar a maturação in vitro e

alcançar o estado de embrião transferível. Mas estudos realizados por PALMA et

al., (2001), demonstraram que mesmo ovócitos com cumulus incompleto podem

desenvolver-se corretamente, chegando a embriões viáveis.

Na maioria dos laboratórios, as condições de maturação utilizadas envolvem

o uso de TCM (Tissue Culture Medium) 199, suplementado com soro fetal bovino

(SFB) e gonadotrofinas (FSH e LH) em 5% de CO2 em ar a 38,5ºC. O quadro 1

demonstra a composição do meio de maturação utilizado no Laboratório.

QUADRO 1 - Meio de maturação Produto Quantidade

5 mL 10 mL TCM bicarbonato 4,5 mL 9,0 mL Sol. Piruvato (Sol. I) 57,5 µl 115 µl Soro de égua em estro (10%) 0,5 mL 1,0 mL LH * 5 µg / mL FSH * 0,01 UI / mL

- * Adicionar uma alíquota de FSH (50 µl) e LH (50 µl) ao meio, pois estas alíquotas já contêm a quantidade necessária de gonadotrofinas.

- Colocar 400 µl do meio em cada poço da placa Nunc. - Manter a placa identificada em estufa por no mínimo 12 horas antes do uso. Fonte: Protocolo para PIV utilizado no Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem.

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As chamadas soluções base utilizadas no Laboratório de Reprodução Animal

Prof. Assis Roberto De Bem, eram feitas no próprio Laboratório, pelo Prof. Alceu

Mezzalira, coordenador do Laboratório. As soluções produzidas no Laboratório

devem ter a osmolaridade corrigida, pois esta deve ficar entre 275 e 285 mOsm.

Quando são utilizadas soluções comerciais, não é necessária a correção da

osmolaridade antes do uso, pois esta já está nos valores normais (entre 275 e

285 mOsm). Esses valores são ligeiramente inferiores ao do plasma sangüíneo,

que é de aproximadamente 290 mOsm, entretanto esta condição ligeiramente

hipotônica da solução é para compensar a evaporação que ocorre durante a

incubação. A verificação da osmolaridade é um dos controles de qualidade

imprescindíveis em um laboratório que produz seus próprios meios, a fim de evitar

os erros de pesagem e diluição de seus componentes, bem como para controlar a

qualidade da água utilizada e dos suplementos dos meios (PALMA et al., 2001).

Outro fator que deve ter uma atenção especial é o pH das soluções, este

deve ser mantido em valores similares ao do plasma sangüíneo, por meio do

sistema ácido carbônico/bicarbonato (H2CO3/HCO3). A enzima anidrase

carbônica, presente nas células, catalisa tanto a formação quanto à

decomposição do ácido carbônico. Quanto mais elevada é a concentração de CO2

(normalmente para ovócitos e embriões 5%), maior é a dissolução de CO2 que se

combina com a água, gerando bicarbonato e íons de H+, aumentando a acidez do

meio. Contrariamente a isto, quanto menor é sua concentração, mais CO2 passa

da forma líquida para gasosa, diminuindo a concentração de íons de H+, tornando

a solução alcalina. Por isso, para cada solução e particularmente para cada

concentração na estufa de CO2, existe uma quantidade preestabelecida de

bicarbonato de sódio no meio (PALMA et al., 2001).

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Para um efetivo controle visual das variações de pH, se utiliza nos meios o

corante vermelho de fenol. O indicador é vermelho a um pH de 7,4 (ideal);

alaranjado a 7,0; amarelo a 6,5; vermelho escuro a 7,6 e púrpura a 7,8.

O SFB (Soro Fetal Bovino) é utilizado como fonte protéica. O soro junto com

a albumina bovina, é o complemento orgânico mais importante dos meios,

levando a uma perfeita expansão do cumulus e maturação do ovócito. Além do

SFB, pode ser utilizado o soro de vaca em estro (SVE), ambos em concentrações

de 2 a 10%.

A função das gonadotrofinas (FSH e LH) é assegurar níveis semelhantes aos

existentes in vivo, proporcionando condições adequadas para uma perfeita

fecundação e desenvolvimento embrionário (GONÇALVES et al., 2002).

No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem, após a

seleção retirava-se uma placa com meio de maturação da estufa, preparada na

noite anterior ao abate, preferencialmente, ou na manhã do abate, efetuando-se a

transferência dos ovócitos da placa contendo o meio de manipulação, procurando

levar o mínimo possível deste meio, e retornando o mais breve possível para a

estufa, a fim de evitar alteração de pH, o que poderia prejudicar a viabilidade dos

ovócitos.

Após 20-24 horas de incubação em 5% de CO2 em ar e 38,5ºC, os ovócitos

estão completamente maturados, com expulsão do primeiro corpúsculo polar e

estão prontos para a fecundação. Terminado o tempo de maturação, verificava-se

a expansão das células dos CCOs, o que indicava uma correta maturação dos

ovócitos.

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2.1.2.3) Separação e capacitação espermática

A capacitação espermática é a condição fisiológica que devem cumprir os

espermatozóides (sptz) para adquirir sua capacidade fecundante in vivo. Isto é

feito através da remoção dos fatores decapacitantes, derivados das vias genitais

masculinas e da interação das células espermáticas com os chamados “fatores

capacitantes”, que se encontram no trato genital feminino. Os mecanismos de

capacitação são poucos conhecidos, entretanto sabe-se que ocorrem

modificações bioquímicas e estruturais que levam a eliminação de componentes

aderidos à membrana do espermatozóide, modificação da composição lipídica da

membrana plasmática, aumento da permeabilidade aos íons de Ca++, modificação

do pH interno e um incremento na permeabilidade e no metabolismo celular.

Todas estas modificações levam a reação acrossômica cuja ativação prematura é

evitada pelos mesmos fatores que regulam a capacitação (PALMA et al., 2001).

Para capacitação in vitro, emprega-se a heparina, a qual desencadeia a

capacitação, finalizando a reação acrossômica e permitindo a penetração do

espermatozóide através da zona pelúcida (PALMA et al., 2001).

A técnica de separação espermática tem a finalidade de remover os

espermatozóides mortos, os crioprotetores, substâncias tóxicas e recuperar a

maioria dos espermatozóides móveis sem produzir alterações espermáticas. Além

disso, deve permitir o controle da concentração e volume final da suspensão

espermática (GONÇALVES et al., 2001).

As técnicas mais utilizadas para a separação dos espermatozóides vivos dos

demais componentes do sêmen e dos crioprotetores são: o Swim-up (técnica de

migração ascendente) e o gradiente Percoll. Ambas técnicas têm os mesmos

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objetivos: separar os espermatozóides do líquido seminal e do diluente e obter

espermatozóides com no mínimo 70% de motilidade retilínea progressiva.

No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem, a

técnica utilizada era o Swim-up, desenvolvida por PARRISH et al. (1984), a qual

se baseia na capacidade migratória dos espermatozóides incubados em meio de

cultivo a 39ºC, por seus próprios movimentos.

FIGURA 3 – Tubos prontos para Swim-up.

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No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem os

meios para migração (TALP Sperm) e para fecundação (TALP Fert), eram feitos

na noite anterior ou na manhã da fecundação.

QUADRO 2 - Meio de migração (TALP Sperm), para Swim-up Produto Quantidade

5 mL 10 mL TALP Sperm 5,0 mL 10,0 mL BSA fração V 0,03 g 0,06 g Sol. Piruvato 70µl (Sol.II)/250 µl (Sol. I) 140 µl (Sol. II)/500µl(Sol. I) - Acertar o pH em 7,3 – 7,4 com HCl 0,1 N (fica amarelado - se acidificar muito agitar até subir o

pH). - Filtrar (usar seringa limpa e o mesmo filtro do Fert - desprezar as primeiras gotas), colocar em

tubo cônico e armazenar na geladeira. Fonte: Protocolo para PIV utilizado no Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem.

Uma hora antes de completar o período de maturação dos ovócitos, era

aquecido em banho-maria uma quantidade suficiente de tubos cônicos com 1 mL

de TALP Sperm (meio de migração). Em seguida, descongelava-se a palheta de

sêmen em água a 35°C por 30 segundos, secava-se a palheta e vertia-se o

conteúdo em um Eppendorf. Eram depositados 100 µl do sêmen sob o meio de

migração, de forma lenta para evitar a suspensão. Após, os tubos eram colocados

em banho-maria por uma hora a 38,5°C para que os espermatozóides aptos

migrem para a porção superior do meio de migração, enquanto os demais

constituintes do sêmen, juntamente com espermatozóides mortos, permaneçam

no fundo.

Após o período de migração, retirava-se 850 µl do sobrenadante com

pipetador, tendo cuidado para não aspirar a camada inferior, onde encontram-se

os espermatozóides imóveis, substâncias decapacitantes e crioprotetores. O

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sobrenadante era depositado em um tubo, previamente aquecido, e centrifugado

por 5 minutos na intensidade 1 (200 rpm). O pellet formado no fundo do tubo era

recolhido, com um volume de meio relativo ao número de tubos utilizados para a

migração (70 µl por tubo). A quantidade de pellet recolhida por tubo é

determinada em função da qualidade do sêmen. Quanto melhor o sêmen, menor

o volume recolhido do pellet por tubo. A quantidade total retirada do pellet era

depositada em Eppendorf previamente aquecido. Do total retirado pegava-se uma

amostra de 5 µl que era colocada em 95 µl de água destilada (diluição 1:20) para

determinar a concentração espermática em câmara de Neubauer. Era feita a

contagem dos espermatozóides presentes em 5 quadrados de cada hemi-câmara,

e somava-se os valores encontrados, dividia-se por 2, e aplicava-se a fórmula,

permitindo o uso de uma dose inseminante, com 1.000.000 células por mL (1x106

sptz/mL). No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem,

este cálculo da dose inseminante só era feito quando o sêmen era utilizado pela

primeira vez, ou em novas partidas do sêmen. Não sendo necessário, portanto, o

cálculo da dose inseminante em cada rotina. O sêmen utilizado era de um touro

da raça Devon, da Fazenda Arapari, localizada no município de Água Doce-SC.

Para a fecundação com este sêmen utilizava-se, uma dose inseminante fixa, de

20 µl.

A fórmula para cálculo da dose inseminante é a seguinte:

C1 x V1 = C2 x V2

C1 (Concentração inicial) = Média de sptz contados / 0,02/ 0,05 ou média/1/1000

C1 = média x 1000/mm3 ou C1 = média x 106 sptz/mL

0,02 = Volume da câmara de Neubauer (0,2 = área x 0,1 = altura)

0,05 = Diluição usada, 1:20; Contando 5 quadrados de cada câmara

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V1 = Volume inicial

V2 = Volume final (é o volume do poço da placa de fecundação) = 400 µl

C2 = Concentração final (1 x 106 sptz/mL)

Exemplo:

Nº de sptz contados = 60; Média = 30

C1 = 30/0,02/0,05 = 30 x 103 ou 30 x 105 sptz/mL

C1 x V1 = C2 x V2

30 x 106 x V1 = 1 x 106 x 400

V1 = 400/30

V1 = 13,3 µl é a dose inseminante.

2.1.2.4) Fecundação in vitro

A fecundação resume os eventos iniciados pela penetração do

espermatozóide através das diferentes capas celulares e não celulares que

rodeiam o ovócito e culminam com a formação dos pró-núcleos. É uma reação em

cascata, desencadeada pela passagem do espermatozóide pela zona pelúcida,

penetração na membrana plasmática e seu alojamento no interior do citoplasma

ovocitário (PALMA et al., 2001).

QUADRO 3 - Meio de fecundação (TALP Fert) Produto Quantidade

5 mL 10 mL TALP Fert 5,0 mL 10,0 mL BSA fração V 0,03 g 0,06 g Sol. Piruvato 50 µl (Sol. I) 100 µl (Sol. I) Sol. PHE 50 µl 100 µl Sol. de Heparina * 0,0006 g/mL - Filtrar o meio e preparar os poços na placa de fecundação. - *Adicionar 20 µl de Sol. de Heparina em cada poço da placa. - Manter a placa e o meio restante em estufa por 12 horas antes do uso. Fonte: Protocolo para PIV utilizado no Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem.

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Segundo GONÇALVES et al. (2001), a adição de PHE (Penicilamina,

hipotaurina, epinefrina) tem a finalidade de aumentar a atividade espermática e

facilitar a sua penetração, incrementando os índices de fecundação.

Após a maturação, os ovócitos eram transferidos, com o auxílio de uma

ponteira de vidro de espessura média, diretamente para uma placa Nunc (4

poços) com 400 µl de meio de fecundação (TALP Fert) em cada poço,

previamente equilibrado em estufa, e já contendo a heparina, que deve ser

colocada na véspera. O volume de sêmen era depositado em cada poço, ao redor

dos ovócitos, verificando-se a seguir a motilidade dos espermatozóides. A

transferência deve ser realizada no menor tempo possível, retornando para a

estufa logo após a colocação dos espermatozóides junto com os ovócitos. A

incubação dos ovócitos com os espermatozóides deve durar de 18 a 22 horas. O

dia da fecundação era considerado como o dia 0 (D0), da produção in vitro.

QUADRO 4 - Diluição da heparina, adicionada ao meio de fecundação, para capacitação dos espermatozóides

2.1.2.5) Desnudamento

Consiste na remoção parcial das células do cumulus e também de

espermatozóides aderidos a elas. É feito com o auxílio de um agitador de tubos,

Vórtex.

Após a fecundação, colocava-se 400 µl de meio de manipulação (TCM

Hepes) em tubo de ensaio e com micropipeta média as estruturas eram

HEPARINA 3,0 mg de heparina em 5,0 mL de água ultrapura – Filtrar e aliquotar.

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transferidas da cada poço da placa de fecundação para o tubo de ensaio

contendo TCM Hepes. Em seguida, os tubos eram submetidos ao vórtex por 1,20

minutos na intensidade 6. Com micropipeta fina, as estruturas eram retiradas dos

tubos de ensaio e depositadas em placa de Petri para busca. Lavava-se o tubo 2

vezes com 400 µl de meio de manipulação de cada vez, com a finalidade de

retirar as estruturas da parede e leva-las para o fundo do tubo, logo após

depositava-se o conteúdo na mesma placa. Os zigotos eram agrupados, em

números semelhantes, sempre procurando fazer grupos com qualidades

diferentes, para que durante o cultivo, os embriões possam ter melhores

condições de desenvolvimento. Com micropipeta fina, os zigotos eram

transferidos para uma placa com TCM Hepes, chamada placa de manutenção,

para uma rápida lavagem, antes de serem transferidos para a placa de cultivo. A

micropipeta para transferência dos zigotos deve ser fina para evitar excesso de

células e também para levar o mínimo possível de meio de manipulação. O dia do

desnudamento era considerado o dia 1 (D1).

2.1.2.6) Cultivo in vitro

É o desenvolvimento de ovócitos fecundados até o estágio de blastocisto (Bl)

(GALLI et al., 2003).

No final da década de 80, foram muitos os meios de cultivo avaliados e

diversas as combinações estudadas para obter adequadas taxas de blastocistos

transferíveis e congeláveis no dia 7 (BERG et al., 1993). Atualmente, o interesse

se volta para dois aspectos básicos: desenvolver meios de cultivo que atendam

as necessidades metabólicas dos embriões durante seu desenvolvimento e que

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evitem em sua composição as células somáticas, pois estas, após o quarto dia

de cultivo, começam a competir com os embriões.

Para que se chegasse ao desenvolvimento embrionário dos dias atuais, foi

preciso conhecer as necessidades bioquímicas dos embriões, durante seu

desenvolvimento até o estágio de blastocisto, tanto in vivo quanto in vitro . Foram

estudadas as características bioquímicas do meio, as quais variavam com o

tempo de cultivo, indicando a existência de uma completa interação entre o

metabolismo embrionário e os substratos do meio (PALMA et al., 2001).

É necessário, no cultivo embrionário, o uso de meio simples que suporte a

nutrição celular e o desenvolvimento durante a fase de pré-implantação

embrionária (GONÇALVES et al., 2002).

A fonte de energia dos embriões durante seu desenvolvimento in vitro, se

baseia na fosforilação oxidativa, através da oxidação do piruvato e aminoácidos,

durante os três primeiros dias do desenvolvimento embrionário e da glicose

durante os próximos três a quatro dias. Os aminoácidos (AA) são componentes

essenciais utilizados nos meios de cultivo, que também atuam como fonte de

energia, reguladores de pH e precursores de proteínas e ácidos nucléicos. Seu

uso permitiu o aumento da proporção de embriões viáveis de várias espécies

domésticas (muares, ovina e bovina). A água constitui quase 99% do conteúdo do

meio de cultivo (PALMA et al., 2001).

KIM et al. (1993) relataram que ovócitos bovinos maturados e fecundados

in vitro podem desenvolver até blastocisto em meios simples, quimicamente

definidos e livres de proteínas. Nesse caso, a adição de aminoácidos, fosfatos,

piruvato e lactato é essencial.

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No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem, o meio

utilizado para cultivo dos embriões era o SOF.

QUADRO 5- Meio utilizado para cultivo de embriões

Produto Quantidade 5 mL 10 mL

SOF 4,75 mL 9,5 mL Sol. Piruvato 50µl (Sol.II) / 82,5 µl (Sol. I) 100 µl(Sol. II)/165µl(Sol. I) Soro de égua em estro (10%) ou soro fetal bovino (5%)

0,25 mL 0,5 mL

- Filtrar e depositar 400 µl de meio de cultivo sob 400 µl de óleo mineral, manter em estufa por 12 horas antes do uso. Fonte: Protocolo para PIV utilizado no Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem.

2.1.2.7) Avaliação da clivagem

A clivagem inicia-se com uma série de divisões mitóticas, por meio das quais

o zigoto, que possui uma célula com grande volume, se divide em numerosas

células nucleadas de menor tamanho, chamadas blastômeros, até a formação do

blastocisto.

Era feita no dia 2 (D2), seguinte ao dia do desnudamento. As estruturas

eram movimentadas com micropipeta fina, para melhor visualização e os zigotos

não clivados e aglomerados de células do cumulus, aderidos à placa, eram

removidos.

Separava-se um bag (pacote de plástico resistente), o vaporizador era

retirado do banho-maria e conectado ao cilindro de CO2. Acondicionava-se a

placa no bag, inflava-se com gás e selava-se na seladora. Os bags eram

colocados na estufa, para posterior avaliação dos embriões. A taxa de clivagem

considerada aceitável é de 80%, o que indica um correto e satisfatório

desenvolvimento dos embriões.

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FIGURA 4- Embriões clivados.

2.1.2.8) Avaliação embrionária

A ativação partenogenética deve ser considerada na avaliação da eficácia da

PIV. Ovócitos bovinos não fecundados podem ser ativados e iniciarem a divisão

celular, porém, esses ovócitos produzem baixos índices de blastocistos. Por isso,

é interessante que cada laboratório tenha conhecimento dos seus índices de

partenogênese, que deve variar, no máximo, entre 1% e 5%.

Para a avaliação da PIV, alguns laboratórios usam, como critério, o estágio

de 2-4 células, todavia, a maioria dos laboratórios utiliza a produção de mórulas e

blastocistos, considerando os índices de produção e qualidade embrionária,

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ressaltando-se que o índice de blastocisto expandido é o parâmetro mais

confiável da eficácia de todo o processo de PIV (GONÇALVES et al., 2002).

A avaliação dos embriões era realizada no dia 7 (D7), considerando-se a

fecundação o D0. Os bags eram abertos para observação do número e tipo das

estruturas.

A classificação dos embriões, conforme o estágio de desenvolvimento, era

feita de acordo com as normas da Sociedade Brasileira de Tecnologia de

Embriões (SBTE), onde os embriões são divididos em sete categorias:

Mo – Mórula: apresenta-se como uma massa de células com separação nítida

entre os blastômeros, ocupando quase a totalidade do espaço perivitelino

(E.P.V.).

Mc – Mórula Compacta: os blastômeros estão agregados entre si, formando uma

massa compacta e ocupam 60-70% do E.P.V.

Bi – Blastocisto Inicial: formação da blastocele e ocorre o início da diferenciação

entre trofoblasto e botão embrionário. O embrião ocupa 70-80% do E.P.V.

Bl – Blastocisto: evidente diferenciação entre células do trofoblasto e do botão

embrionário; as células do botão embrionário estão compactas, a blastocele é

proeminente e o embrião ocupa a totalidade do E.P.V.

Bx – Blastocisto expandido: o embrião aumenta 1,5 x o seu diâmetro e a

membrana pelúcida diminui em 1/3 sua espessura.

Bn – Blastocisto em Eclosão: o embrião está iniciando o processo de saída da

membrana pelúcida.

Be – Blastocisto Eclodido: o embrião está completamente livre da membrana

pelúcida; ainda é nítida a presença da blastocele.

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Só serão considerados os Blastocistos Iniciais (Bi), Blastocistos (Bl),

Blastocistos Expandidos (Bx), Blastocistos em Eclosão (Bn) e Blastocistos

Eclodidos (Be). Visto que, neste dia os embriões deveriam ter alcançado no

mínimo, o estágio de Blastocisto Inicial, a maioria estando no estágio de

Blastocisto e alguns no estágio de Blastocisto Expandido. Alguns embriões só

alcançarão estes estágios no dia 8 ou 9, sendo estes considerados embriões de

baixa qualidade (GALLI et al., 2003).

A taxa mínima aceitável de embriões, para se ter sucesso com a PIV é de

30%, a partir dos zigotos desnudados.

A avaliação da qualidade dos embriões era feita segundo os parâmetros de

qualidade propostos pela IETS (Sociedade Internacional de Transferência de

embriões) (1998):

Excelente ou Bom: estágio de desenvolvimento correspondente ao

esperado; massa embrionária simétrica esférica com blastômeros individuais que

são uniformes em tamanho, cor e densidade; forma regular, a zona pelúcida (ZP)

não deve apresentar superfície côncava ou plana, deve ser lisa,

preferencialmente intacta, especialmente se o embrião é destinado à exportação;

células extrusadas da massa celular do embrião compreendem menos de 15% do

material celular total.

Regular: estágio de desenvolvimento correspondente ao esperado; forma

regular, ZP intacta ou não, irregularidades moderadas na forma geral da massa

embrionária ou no tamanho, cor e densidade das células individuais; células

extrusadas da massa celular do embrião compreendem mais de 15% do material

total celular; pelo menos 50% das células compõem uma massa embrionária

viável, intacta.

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Pobre: estágio de desenvolvimento não corresponde ao esperado;

irregularidades maiores na forma geral da massa embrionária ou no tamanho, cor

e densidade das células individuais; menos de 75% das células degeneradas;

pelo menos 25% das células compõem uma massa embrionária viável, intacta.

Morto ou degenerado: estágio de desenvolvimento não corresponde ao

esperado, embrião em degeneração; massa embrionária de menos de 25% de

todo material presente no interior da ZP; ovócitos ou estruturas unicelulares

degeneradas.

TABELA 4 - Desenvolvimento de embriões produzidos in vitro, utilizando dois meios de cultivo

MEIO DE CULTIVO % CLIVAGEM % EMBRIÕES SOF Lab 70,5% 25,38% SOF Nutricell 58,0% 17,33% TOTAL 64,25% 21,35%

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2.2) OPU (OVUM PICK-UP)

É uma técnica de alta flexibilidade e repetibilidade para produção in vitro de

embriões, vindos de qualquer doadora viva. Este método, associado a PIV, é

ainda de fundamental importância para produzir embriões de vacas prenhes, de

vacas que não respondem a superovulação, de animais portadores de patologias

reprodutivas adquiridas, de animais senis e pré-púberes. Esses podem ser

coletados semanalmente, sem causar transtornos para o ciclo estral ou para a

prenhez (EMBRAPA/CENARGEN, 2000).

Essa técnica, conhecida como aspiração folicular guiada por ultra-som, é

feita utilizando-se uma sonda ultra-sonográfica, via vaginal, de maneira a obter

imagem do ovário e dos folículos. Tem-se acoplada à sonda, uma agulha e a esta

uma bomba de vácuo, para aspiração do líquido folicular e juntamente os

ovócitos.

Em terneiras, pela limitação de tamanho, a aspiração dos folículos era

realizada por laparotomia ou laparoscopia, mas devido ao acesso limitado aos

ovários e traumas consideráveis, atualmente foi desenvolvida uma sonda que

permite a aspiração transvaginal em terneiras a partir de 6 meses de idade

(EMBRAPA/CENARGEN, 2000).

Os principais fatores relacionados com o êxito da OPU, podem ser divididos

em duas grandes categorias. A primeira categoria se refere aos aspectos

técnicos: procedimento de aspiração, tipo e diâmetro da agulha, pressão de

aspiração e a possibilidade de influência do bisel da agulha. A segunda categoria

inclui os fatores biológicos, como: estimulação hormonal prévia a punção folicular,

o momento do ciclo estral em que é realizado o procedimento, raça e estado

fisiológico da doadora (PETER BOLS, 2001).

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Segundo dados da EMBRAPA/CENARGEN (2000), a média de ovócitos

viáveis obtidos por coleta in vivo de vacas, é de cinco ovócitos viáveis por punção,

o que pode ser duplicado, se os animais receberem uma estimulação hormonal

prévia. As taxas de blastocisto, após a PIV, estão em torno de 30%, com 40-50%

de prenhez. Entretanto, existe uma grande variação na produção de blastocisto,

que pode ser devida não só à doadora, mas também ao sêmen utilizado. Tendo

como base as taxas médias relatadas na literatura, pode-se considerar a

obtenção de 10 ovócitos viáveis por semana (duas punções semanais), com 30%

de blastocisto, o que resultaria em 3 embriões transferíveis por semana. Em um

período de 3 meses, a aspiração folicular associada a PIV, renderia em torno de

36 embriões, valores três vezes maiores que os obtidos com transferência

clássica, no mesmo espaço de tempo.

Nas rotinas de OPU, realizadas na Fazenda Arapari, localizada no município

de Água Doce-SC, era utilizado um ultra-som da marca Pie Medical, com probe

retilínea de 8MHz e agulhas 40 x 10 ou 40 x 8, acoplada a um tubo cônico de 50

mL contendo PBS e heparina (para evitar a formação de coágulos sangüíneos) e

também a uma bomba de vácuo para aspiração do líquido folicular e também dos

ovócitos. A velocidade de aspiração era de 10mL/minuto.

Os CCOs recuperados pela OPU, durante o procedimento, eram mantidos

em PBS com heparina. Após eram filtrados com PBS e colocados em placas de

Petri milimetradas, para busca dos CCOs. Estes eram colocados em placas de

Petri pequenas, contendo TCM Hepes, sobre placa aquecedora. Depois de

terminada a busca, os CCOs eram classificados, conforme descrição anterior. Os

CCOs de grau I e II eram vitrificados. Posteriormente, o processo de vitrificação

será descrito.

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TABELA 5- Resultados da OPU realizada durante o estágio

DESCRIÇÃO Nº

Vacas aspiradas* 24

Ovócitos recuperados 138

Ovócitos selecionados 88

Ovócitos vitrificados 83

* As vacas aspiradas eram todas da raça Devon.

Durante as coletas foram utilizadas duas agulhas: 40 x 10, com a qual se

obtinha maior número de ovócitos, porém de baixa qualidade, provavelmente pelo

maior turbilhonamento dos ovócitos; e 40 x 8, com a qual o número de ovócitos

recuperados era menor, entretanto a qualidade destes era melhor.

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2.3) VITRIFICAÇÃO

A criopreservação de embriões produzidos in vitro é uma alternativa

importante se o objetivo é obter índices de prenhez semelhantes àqueles obtidos

com embriões produzidos in vivo (CABODEVILA & TERUEL, 2001).

Apesar da grande quantidade de trabalhos realizados, os resultados de

desenvolvimento in vitro e as porcentagens de prenhez após a transferência de

embriões congelados produzidos in vitro são menores que os obtidos com

embriões frescos. Diversos fatores seriam responsáveis por tais resultados, entre

eles características morfológicas, bioquímicas e fisiológicas pertencentes aos

embriões produzidos in vitro, as condições de cultivo, o método de congelamento

utilizado, o crioprotetor, o estado de desenvolvimento e a idade do embrião. Por

sua vez, a suplementação da solução utilizada para o congelamento, com

diferentes açúcares tem sido realizada em busca de uma maior sobrevivência

após o descongelamento. Também se tem suplementado a solução de

estabilização utilizada para o congelamento de blastocistos, com Albumina Sérica

Bovina (BSA), buscando uma maior tolerância das membranas celulares as

baixas temperaturas (CABODEVILA & TERUEL, 2001).

A vitrificação é um processo termodinâmico, no qual um fluido incrementa

sua viscosidade durante o resfriamento, adquirindo propriedades de um sólido. A

diferença do que ocorre durante o congelamento, é que na vitrificação não se

formam cristais e sim o fluido passa do estado líquido para o sólido, formando

uma estrutura semelhante ao vidro, de onde vem a denominação da técnica

(BAUTISTA & KANAGAWA, 1998).

Em condições práticas, a vitrificação consiste na imersão direta da palheta

em nitrogênio líquido, o que representa uma velocidade de resfriamento de,

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aproximadamente, 2500ºC/minuto, sendo necessário o emprego de soluções

altamente concentradas com um ou mais crioprotetores permeáveis, os quais

podem ser tóxicos para as células (PALASZ & MAPLETOFT, 1996).

No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem, os

protocolos utilizados para vitrificação de ovócitos e embriões eram os seguintes:

2.3.1) Protocolo para vitrificação de ovócitos:

1) Solução de Vitrificação:

- Poço 1: 400 µl de meio de manutenção + 50 µl EG + 50 µl DMSO - 30 seg;

- Poço 2: 300 µl Sol. de Sacarose + 100 µl EG + 100 µl DMSO - 20 seg;

- Poço 3: 400 µl de meio de manutenção;

- Poço 4: 400 µl de meio de manutenção.

2) Solução Reaquecimento:

- Poço 1: 800 µl meio de manutenção + 400 µl de Sol. de Sacarose

(0,30M);

- Poço 2: 400 µl de meio de manutenção + 200 µl de Sol. de Sacarose

(0,15M) - 5 minutos;

- Poço 3: 400 µl de meio de manutenção + 100 µl de Sol. de Sacarose

(0,30M) - 5 minutos;

- Poço 4: 400 µl de meio de manutenção.

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2.3.2) Protocolo para vitrificação de embriões:

1) Protocolos:

• Protocolo 1:

- 400 µl meio de manipulação + 50 µl EG + 50 µl DMSO - 1 min;

- 300 µl meio de manipulação + 100µl EG + 100 µl DMSO -20 seg;

• Protocolo 2:

- 9 mL PBS (Dulbbecos) + 1 mL G - 5 minutos;

- 7 mL PBS (Dulbbecos) + 1 mL G + 2 mL EG - 1 minuto;

- 5 mL PBS (Dulbbecos) + 2,5 mL G + 2,5 mL EG - 30 segundos;

• Protocolo 3:

- Exposição por 2 minutos a uma solução com 1,5 M de EG;

- Exposição por 2 minutos a uma solução com 3,5 M de EG;

- Exposição por 30 segundos a uma solução com 7,0 M de EG;

• Protocolo 4:

- 8 mL PBS (Dulbbecos) + 1mL EG + 1 mL Propanediol – 1 minuto;

- 6mL PBS (Dulbbecos)+ 2mL EG + 2mL Propanediol - 20

segundos;

Durante o período de estágio, o protocolo utilizado para a vitrificação dos

embriões era o Protocolo 1.

2) Envase:

- Envase em OPS (palhetas espichadas) , com grupos de 3 embriões em

cada recipiente;

- Após o envase, as OPS devem ser submersas em nitrogênio líquido e

armazenadas em botijões criogênicos até o momento do reaquecimento.

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3) Reaquecimento e Remoção dos Crioprotetores:

- Soluções decrescentes de sacarose (0,3M; 0,15M; 0,0M) permanecendo

5 minutos em cada solução em todos os tratamentos;

- Em seguida, os blastocistos serão cultivados em estufa a 38,5°C, por 72

horas;

- A avaliação da viabilidade será procedida com 12 horas, pelas taxas de

re-expansão e com 48 e 72 horas pelas taxas de eclosão.

• Reaquecimento:

- Poço 1: 400 µl TCM 400 µl Sacarose - Poço 2: 200 µl TCM 200 µl Sacarose - Poço 3: 400 µl TCM 200 µl Sacarose - Poço 4: 400 µl TCM Obs.: Adicionar 250 µl de SEE (Soro de Égua em Estro) na sacarose.

No Laboratório de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto de Bem, foi

desenvolvido, artesanalmente, um aparelho que produzia vácuo no interior do

recipiente onde era colocado o nitrogênio líquido, baixando mais ainda a

temperatura do nitrogênio líquido, que é de -196ºC, passando para -200ºC.

Acredita-se que a temperatura obtida com o vácuo, era inferior a -200ºC, mas sem

a possibilidade de um termômetro adequado, a medida correta da temperatura

não foi realizada. A figura 5 demonstra o aparelho produtor de vácuo utilizado

para a vitrificação.

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FIGURA 5- Aparelho produtor de vácuo utilizado no processo de

vitrificação.

Durante o estágio foram acompanhadas algumas rotinas de vitrificação, as

quais estão descritas na tabela 6. Destas rotinas acompanhadas, apenas em uma

foi realizado o reaquecimento dos embriões vitrificados, sendo os resultados

apresentados na tabela 7.

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TABELA 6- Rotinas de vitrificação acompanhadas durante o estágio

ROTINA Nº DE EMBRIÕES Nº DE EMBRIÕES COM VÁCUO SEM VÁCUO

1 19 21

2 21 21

3 10 10

4 9 9

5 12 8

6 3 3

TOTAL 74 72

TABELA 7- Resultados do reaquecimento de embriões vitrificados da rotina 2

POÇO 1 – SEM VÁCUO POÇO 2 – COM VÁCUO

D0 – 21 Bx D0 – 21Bx

D1 – 12Bx e 1Be D1 – 8Bx e 2Be

D2 – 4Bx e 3Be D2 – 7Bx e 1Be

D3* – 4Bx e 2Be D3* – 2Bx

* Os resultados no D3 correspondem somente aos embriões que continuaram seu desenvolvimento normal, chegando aos estágios de Bx ou Be.

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2.4) PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA E HIGIENE ADOTADOS NO

LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO ANIMAL PROF. ASSIS ROBERTO DE

BEM

Em um laboratório de Produção in vitro de embriões, é muito importante a

adoção de procedimentos tanto de segurança quanto de higiene, a fim de

alcançar sucesso com a PIV. A seguir serão descritos alguns, dos mais

importantes, procedimentos adotados no Laboratório de Reprodução Animal Prof.

Assis Roberto De Bem.

a) Ao entrar no laboratório (diariamente):

- Verificar a estufa de cultivo (38,5°C e 5% de CO2);

- Verificar desumidificadores do laboratório de PIV, andrológico e

almoxarifado e, se necessário, retirar a água;

- Lavar e umedecer os panos colocados na porta do laboratório;

- Verificar se os botijões de água destilada e bidestilada estão cheios (se

não, produzir água);

- Verificar se o botijão de PBS está cheio (se não preparar mais, usando

água bidestilada);

- Varrer os laboratórios e passar pano úmido com desinfetante *;

- Retirar o pó dos móveis e equipamentos e passar álcool 70° *;

* Duas vezes por semana.

b) Laboratório de PIV:

b.1) Capela de fluxo horizontal:

- Antes de qualquer procedimento efetuar a limpeza da capela com álcool

70°;

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- Reunir todos os materiais e meios a serem utilizados no procedimento,

inclusive recipiente para colocação de material usado;

- Ao final de cada procedimento, limpar a capela com álcool 70°;

- Periodicamente, lavar a capela com alvejante.

b.2) Pipetadores:

- Devem ser mantidos sempre inclinados (ponta para baixo);

- Na alteração do volume, movimento lento para evitar desgaste;

- Usar sempre o pipetador com a graduação mais próxima a necessária,

para evitar excesso de desgaste;

- Ao colocar a ponteira, assegurar que está bem conectada, pois

ponteira frouxa pode cair e altera o volume aspirado;

- Na aspiração, soltar o êmbolo lentamente, para não contaminar o

pipetador com meio;

- Não colocar o pipetador com a ponta para cima quando existir meio na

ponteira, para não contaminar o pipetador com meio;

- Ao pipetar, colocar somente a ponta da ponteira no meio;

- Ao pipetar, não encostar a ponta da ponteira no fundo do frasco, pois

dificulta a entrada do meio, comprometendo a exatidão do volume;

- Usar o gatilho do pipetador para retirar a ponteira (retirar com a mão

pode afrouxar a rosca do pipetador);

- Ao final do procedimento, guardar todos os pipetadores na gaveta.

b.3) Capela de fluxo vertical (estereomicroscópio):

- Antes de cada manipulação limpar com álcool 70°;

- Ligar platina e mesa térmica;

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- Reunir todo o material a ser utilizado (recipiente para colocação do

material usado, pipetadores, ponteiras, placas, tubos, meios, pescador,

micropipetas).

- No momento da utilização, ligar fonte de luz do estereomicroscópio

(menor intensidade possível para evitar superaquecimento);

- Ao final do procedimento, desligar todos os equipamentos e limpar a

capela com álcool 70°.

b.4) Estufa de cultivo:

- Abrir somente quando necessário;

- Antes de abrir, passar álcool 70° nas mãos;

- A porta não deve ser totalmente aberta, abrir somente o necessário

para colocar ou retirar o material, a fim de evitar contaminação e

alterações de atmosfera e temperatura;

- Ao colocar ou retirar material, não tocar nas prateleiras, para evitar

contaminação;

- Não falar ou respirar diretamente dentro da estufa, para evitar

contaminação.

b.5) Banho-maria:

- Manter sempre a água limpa (lavar periodicamente);

- Usar apenas água destilada;

- Não colocar recipientes que entram em contato com superfícies

contaminadas;

- Manter flutuadores e estantes de tubos dentro da água somente

enquanto estiverem sendo utilizados.

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c) Reciclagem do material:

c.1) Lavagem do material:

Obs.: - Não misturar materiais de laboratórios diferentes e materiais

identificados como tóxicos;

- Manter a pia sempre seca, limpa e desobstruída;

- Não deixar o material de molho por mais de dois dias, pois danifica o

material;

- Primeiro, enxaguar em água corrente;

- Segundo, colocar de molho (recipiente específico com água destilada e

detergente especial para louça)

- Após duas horas de molho, efetuar a lavagem de acordo com a

característica de cada material:

• Frascos de vidro siliconado (esfregar com esponja específica,

com cuidado para não riscar a película de silicone);

• Placas Nunc, ponteiras, tubos tipo Eppendorf = colocar no

vibrador ultra-sônico (3 ciclos);

• Pipetas de vidro devem ser conectadas a uma torneira, sendo

mantido um fluxo de água suficiente para remover qualquer

produto de seu interior.

- Esfregar o material com esponja macia ou escovas (cuidado para não

riscar – presença de arame desprotegido);

- Colocar em bandeja com água;

- Enxaguar 10 vezes com água de torneira (remover detergente) e

colocar na bandeja de material limpo;

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- Enxaguar 3 vezes com água destilada e deionizada (remover íons) e

colocar em um balde (previamente lavado com água deionizada);

- Eliminar o excesso de água e levar o material para a estufa:

• Estufa de secagem: material plástico (as placas devem ser

colocadas de lado e os tubos e seringas em pé, para que a água

evapore rapidamente);

• Estufa de esterilização: material de vidro ou metal; colocar todo o

material de boca para cima e ligar a estufa até atingir 100°C para

que a água evapore rapidamente.

Obs.: O material não deve ser mantido na estufa de secagem por muito

tempo (pode acumular pó). Na impossibilidade de seu envase, deve-se colocar o

material em saco plástico limpo.

c.2) Envase e esterilização:

Antes de envasar, sempre verificar se o material encontra-se realmente

limpo (a qualquer suspeita colocar novamente para lavar).

•••• Material de vidro:

- Vedar a boca do frasco com papel alumínio (lado fosco para dentro);

- Pipetas: envolver completamente ou apenas as extremidades;

- Colocar na estufa de esterilização: timer = duas horas a 150°C;

- Colocar plaqueta de esterilização na porta da estufa.

•••• Material de plástico, silicone ou borracha:

O responsável pelo procedimento de envase deve se identificar e colocar a

data de envase do material.

•••• Resistente a autoclave: ponteiras, tubos cônicos, seringas, Eppendorfs,

filtros recicláveis, tampas e mangueiras de borracha ou silicone.

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- Ponteiras: verificar se realmente estão limpas e colocar em suas

respectivas caixas. O restante deve ser envasado em embalagem apropriada

(plástico e papel);

- Tubos cônicos: verificar se estão limpos, colocar as tampas (sem apertar)

e envasar em embalagem apropriada. Tubos identificados devem receber as

respectivas tampas (punção/punção,...);

- Seringas: verificar se estão limpas, encontrar os respectivos êmbolos e

envasar em embalagem apropriada. Colocar a ponta do êmbolo no mesmo

sentido do canhão da seringa;

- Filtros recicláveis: montar o filtro:

* Primeiro: colocar água bidestilada em uma placa

grande o suficiente para colocar a membrana dentro.

* Segundo: colocar o primeiro disco raiado (raias para

cima), colocar a membrana filtrante molhada, colocar o anel de borracha,

colocar o segundo disco raiado (raias para baixo) e fechar o filtro sem

apertar a rosca. Atenção para a posição do anel de borracha.

* Terceiro: envasar em papel cartão, prendendo com

fita apropriada.

- Eppendorfs: verificar se estão limpos e envasar em embalagem

apropriada;

- Mangueiras de silicone: verificar se estão limpas, enrolar com voltas

pequenas e de forma que fiquem presas (para não romper o papel quando

molhar). Envasar em papel cartão e identificar (diâmetro e comprimento).

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- Tampas de silicone ou borracha: verificar se estão limpas e envasar de

acordo com o tamanho: pequenas em embalagem de autoclave, e grandes em

papel cartão.

•••• Não resistente a autoclave: placas, garrafas plásticas, bandejas de

pesagem, tampas plásticas.

Devem ser esterilizadas no forno de microondas:

- 1° ciclo:

- 1° colocar o material aberto dentro do recipiente próprio (dentro do

forno microondas), colocar o recipiente com água (150 mL de água

bidestilada);

- 2° ajustar a potência (4 toques no botão potência);

- 3° ajustar o tempo (7 minutos) e ligar.

- 2° ciclo:

- 1° retirar o recipiente com água;

- 2° ajustar a potência (4 toques no botão potência);

- 3° ajustar o tempo (7 minutos) e ligar.

Envase:

- Após o final do 2° ciclo, ligar o fluxo da capela, colocar a tampa no

recipiente com o material (dentro do forno) e transferí-lo para a capela;

- Dentro da capela, acertar as placas com suas respectivas tampas

(nunca pegar na parte interna das placas ou tampas);

- Envasar em pacotes plásticos usando a seladora (comprimir por alguns

segundos, reduzir levemente a pressão e tracionar o pacote);

- Verificar se não ficaram aberturas;

- Datar, identificar o responsável e guardar.

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2.5) SUPEROVULAÇÃO EM CAMUNDONGAS:

Para superovulação em camundongas eram utilizados os hormônios PMSG

(Gonadotrofina Sérica Eqüina), extraído de éguas gestantes, e o hCG (Hormônio

Coriônico Gonadotrófico). Na dose de 10 UI.

O PMSG é um hormônio folículo estimulante, tendo portanto ação

semelhante ao FSH (Hormônio Folículo Estimulante), sendo aplicado no dia 1 do

protocolo de superovulação. O hCG tem função semelhante ao LH (Hormônio

Luteinizante), sendo portanto responsável pela indução da ovulação, sendo

aplicado no dia 3 do protocolo de superovulação.

Na noite, posterior ao dia da aplicação do hCG, as fêmeas, são colocadas

junto com os machos para acasalar. Na manhã seguinte, na primeira hora, as

fêmeas eram observadas, para visualização do tampão vaginal, a presença deste

indicava que houve a cópula. As fêmeas que apresentavam o tampão eram

separadas e, no dia 6 fazia-se a coleta dos embriões.

Os embriões coletados eram colocados em PBS acrescido de soro de égua

em estro (SEE) e mantidos em estufa, preferencialmente a 37°C; no Laboratório

de Reprodução Animal Prof. Assis Roberto De Bem eles eram mantidos a

38,5°C. O desenvolvimento era observado a cada 24 horas e os embriões que

expandissem bem, até, no máximo 48 horas pós-coleta, eram congelados através

do método de congelamento ultra-rápido.

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QUADRO 6 - Protocolo para superovulação em camundongas

SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM PMSG G Sab G Dom G 1 G 2 G 3 G 4 G 5

hCG G 4 G 5 G Sab G Dom G 1 G2 G 3

Tampão G 3 G 4 G 5 G Sab G Dom G 1 G 2

Coleta G 1 G 2 G 3 G 4 G 5 G Sab G Dom

2.5.1) Diluição dos hormônios para superovulação em camundongas: - FOLLIGON 1000 UI (PMSG) - Intervet Frasco com 5 mL → 1000 UI 1 mL → 200 UI 1 mL de hormônio + 1 mL PBS = 2 mL → 200 UI 0,2 mL → 20 UI

Aliquotar em Eppendorfs com 500 µl = 5 doses de 10 UI. - CHORULON 5000 UI – Intervet Frasco com 5 mL → 5000 UI 1000 UI → 1 mL de hormônio + 9 mL PBS = 10 mL → 1000 UI 1 mL → 100 UI 0,1 mL → 10 UI Aliquotar em Eppendorfs com 500 µl = 5 doses de 10 UI.

10 UI = 100 µµµµl →→→→ 0,1 mL / fêmea

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2.5.2) Coleta de embriões de camundongas:

Para a coleta dos embriões, era necessário o sacrifício da fêmea. Em

seguida, era feita uma incisão na linha peritoneal com bisturi, penetrava-se o

peritônio, o qual era rebatido cranialmente para completa exposição das vísceras.

Localizava-se os ovários e o útero. Juntamente com os ovários, era retirada a

porção do oviduto, de ambos os cornos uterinos. A porção retirada era colocada

em uma gota de PBS, em uma placa de Petri de vidro.

Em um estereomicroscópio, fazia-se a localização do orifício do oviduto, com

uma agulha de insulina injetava-se PBS, e com esta lavagem, os embriões

localizados no oviduto, eram transportados para fora, juntamente com o PBS. Os

embriões eram colocados em PBS acrescido de SEE para cultivo, e mantidos em

estufa a 38,5ºC.

Durante o período de estágio, foram realizadas duas coletas de embriões de

camundongas, mas todos os embriões coletados degeneraram até 48 horas após

a coleta. Isto ocorria, provavelmente, pela elevada temperatura de cultivo, sendo

estes embriões muito sensíveis.

TABELA 8 – Embriões de camundongas coletados durante o período de estágio

COLETAS Nº DE EMBRIÕES FÊMEA 1 FÊMEA 2

1 8 6

2 12 9

TOTAL 20 15

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3.0) COMENTÁRIOS SOBRE O ESTÁGIO

Durante o período de estágio no Laboratório de Reprodução Animal Prof.

Assis Roberto De Bem, tive a oportunidade de ter contato com excelentes

pesquisadores, os quais buscam desenvolver técnicas diferenciadas e avançadas

na área de reprodução animal, sempre com o objetivo de obter resultados cada

vez melhores, contribuindo assim, para a evolução e aperfeiçoamento das

biotécnicas de reprodução. Um exemplo disso, foi a criação artesanal de um

aparelho produtor de vácuo, o qual baixava a temperatura do nitrogênio líquido,

para aproximadamente -220ºC, causando menos danos aos ovócitos ou

embriões, durante o processo de vitrificação.

As avançadas biotécnicas desenvolvidas durante o estágio, além de serem

extremamente interessantes, correspondem ao futuro na área de reprodução e

um amplo mercado de trabalho, pois atualmente a procura por estas técnicas está

aumentando cada vez mais, visto que o melhoramento animal tem importância

fundamental para o desenvolvimento da pecuária.

Tenho grande satisfação, pelo contato com estes profissionais com

excelentes perspectivas e, mais ainda, coragem para aprimorar, sempre

buscando o avanço da tecnologia empregada em prol do melhoramento animal.

Talvez o único ponto negativo seja que em época de provas o Laboratório

diminui suas atividades, visto que a maioria dos estagiários faz faculdade.

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4.0) CONCLUSÃO

Durante o período de estágio no Laboratório de Reprodução Animal Prof.

Assis Roberto De Bem, todos os meus objetivos e perspectivas foram plenamente

atingidos, aprimorando os meus conhecimentos e contribuindo muito para a

minha formação profissional. Acredito ser, após este período de aprendizado,

capaz de enfrentar o mercado de trabalho e satisfazer as necessidades

constantes desse mercado na área de reprodução animal.

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5.0) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUTISTA, J. N. & KANAGAWA, H. Current status of vitrification of embryos and oocytes in domestic animals: Ethylene glycol as an emerging cryoprotectant of choice. J Vet. Res. 45, p. 183-191. Citado por CABODEVILA, J. & TERUEL, M. Criopreservación de Embriones Bovinos, p. 149-167. In: PALMA, G. Biotecnologia de la Reprodución, Argentina, 1Ed. INTA Editora, 2001. 701 p. BOLS, P. Punción folicular en la vaca. In: PALMA, G. Biotecnologia de la Reprodución, Argentina, 1Ed. INTA Editora, 2001. p. 185-216. CABODEVILA, J. & TERUEL, M. Criopreservación de Embriones Bovinos. In: PALMA, G. Biotecnologia de la Reprodución, Argentina, 1Ed. INTA Editora, 2001, p. 149-167. DE BEM, A. R.; RUMPF, R.; SOUZA, R. V. de, et al. A biotecnologia animal, pesquisas e resultados no CENARGEN. In: Simpósio Nacional de Biotecnologia da Reprodução de Mamíferos Domésticos, Fortaleza. Anais... v 1, 1995. EMBRAPA/CENARGEN, 2000. Artigos Embrapa. Fecundação in vitro para o melhoramento animal. Publicado em 19 jun. 2000. Disponível em: < http:// www.cenargen.embrapa.br. Acesso em 18 dez. 2004. GALLI, C.; DUCHI, R.; CROTTI, G.; TURINI, P.; PONDERATO, N.; COLLEONI, S.; LAGUTINA, I.; LAZZARI, G. Bovine embryo technologies. Theriogenology, v.59. p.599-616. 2003. GONÇALVES, P. B. D.; VISINTIN, J. A.; OLIVEIRA, M. A. L.; MONTAGNER, M. M.; COSTA, L. F. S. Produção in vitro de Embriões. In: GONÇALVES, P. B. D.; FIGEUIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F. Biotécnicas Aplicadas à Reprodução Animal. São Paulo: Varela Editora e Livaria Ltda. p. 195-226, 2002. KIM, J.; NIWA, K.; LIM, J., et al. Effects of phosphate, energy substrates, and amino acids on development of in vitro matured, in vitro fertilized bovine oocytes in a chemically defined, protein-free culture medium. Biology of Reproduction, v. 48, p. 1320-1325, 1993. In: GONÇALVES, P. B. D.; FIGEUIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F. Biotécnicas Aplicadas à Reprodução Animal. São Paulo: Varela Editora e Livaria Ltda. p. 195-226, 2002.

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LEIBFRIED, L.; FIRST, N. L. Characterization of bovine follicular oocytes and their ability to mature in vitro. Journal of Animal Science, v.48, p. 76-86, 1979. In: GONÇALVES, P. B. D.; FIGEUIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F. Biotécnicas Aplicadas à Reprodução Animal. São Paulo: Varela Editora e Livaria Ltda. p. 195-226, 2002. MANUAL DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES. 3 Ed. 1998, 180 p. PALASZ, A. T. & MAPLETOFT, R. J. Criopreservación of mammalian embryos and oocytes. Biotechnologies Advances 14, p. 127-149, 1996. Citado por CABODEVILA, J. & TERUEL, M. Criopreservación de Embriones Bovinos, p. 149-167. In: PALMA, G. Biotecnologia de la Reprodución, Argentina, 1Ed. INTA Editora, 2001. 701 p. PALMA, G. Producción in vitro de embriones. In: PALMA, G. Biotecnologia de la Reprodución, Argentina, 1Ed. INTA Editora, 2001. 701p.

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ANEXOS

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Anexo 1:

ORGANOGRAMA

Chegada dos ovários

Aspiração dos folículos

Busca dos CCOs

Seleção dos CCOs

MATURAÇÃO (20-24 h)

FECUNDAÇÃO (18-22 h – D0)

DESNUDAMENTO (D1)

CULTIVO (120 h)

Avaliação da clivagem (D2)

Avaliação da taxa de blastocistos (D7)

Vitrificação (D7ou D8)

Colocação das placas em Bags

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Anexo 2: MEIOS E SOLUÇÕES PARA PRODUÇÃO IN VITRO:

•••• Meio de manipulação:

Produto

Quantidade

5 mL 10 mL TCM Hepes 4,5 mL 9,0 mL Soro de égua em estro (10%) 0,5 mL 1,0 mL - Manter na geladeira e aquecer antes do uso. →→→→ SOLUÇÕES: •••• LH (estoque):

Produto Quantidade Lutropin V (25mg/5mL) (concentrado: 5000µg/mL) 1 mL H2O (sigma ou milli Q) (ou sol. Fisiológica comprada) 4 mL - Aliquotar em 20 µl = qsp* 2 mL de TCM, ou completar 100 µl e depositar 20 µl por poço. * qsp: quantidade suficiente para. •••• FSH:

Produto Quantidade Foltropin V (400 mg/20mL=20mg/mL) 1 mL H2O (sigma ou milli Q) (ou sol. Fisiológica comprada) 19 mL - Aliquotar em 20 µl = qsp 2 mL de TCM, ou completar 100 µl e depositar 20 µl por poço. •••• Ácido pirúvico – Soluções I e II:

Produto Quantidade Sol. I Sol. II

Ácido Pirúvico (sais de Na) 0,011 g 0,04 g H2O (sigma ou milli Q) 5,0 mL 5,0 mL - Aliquotar em Eppendorf: Sol. I = 57,5 e 100µl e Sol. II = 70 e 100 µl; armazenar no freezer. •••• Solução Lactato – di sulfito:

Produto Quantidade Ácido Lático (sais de Na) (60%) 0,0252 mL Di Sulfito de Na 0,01 g H2O (sigma ou milli Q) 10,0 mL - Ajustar o pH = 4,0.

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•••• Solução PHE:

Produto Quantidade Sol. Lactato – di sulfito 9,6 mL Epinefrina / H2O (0,0092g/5mL) 0,24 mL Penicillamina / H2O (0,01209g/10mL) 6,0 mL Hypotaurina / H2O (0,011g/2,5mL) 0,6 mL - Aliquotar em Eppendorf = 100 µl; armazenar no freezer, protegido da luz. •••• Heparina:

Produto Quantidade Heparina 0,003 g H2O (sigma ou milli Q) 5,0 mL - Filtrar e aliquotar em Eppendorf = 80 µl; armazenar no freezer. •••• Solução de Penicilina/Estreptomicina:

Produto Quantidade Estreptomicina sulfato 0,05 g Penicilina G Potássica 0,065 g H2O (sigma ou milli Q) 1,0 mL - Filtrar e aliquotar em Eppendorf = 100 µl; armazenar no freezer. •••• Solução de Gentamicina:

Produto Quantidade Gentamicina 0,05 g H2O (sigma ou milli Q) 1,0 mL - Filtrar e aliquotar em Eppendorf = 100 µl; armazenar no freezer. →→→→ MEIOS BASE: •••• Meio 199 sais de Earle concentrado (10x):

Produto Quantidade Meio 199 (com L-glutamina e sem bicarbonato) qsp 1l H2O 100 mL •••• Meio 199 estoque:

Produto Quantidade Meio 199 concentrado (10x) 10 mL H2O (sigma ou milli Q) 90 mL

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•••• TCM Hepes:

Produto Quantidade 50 mL 100 mL

Meio 199 estoque (ou concentrado + H2O sigma)

50 mL (5 + qsp) 100 mL (10 + qsp)

NaHCO3 0,0084 g 0,0168 g Ácido Pirúvico (sais de Na) 0,011 g 0,022 g Hepes (sais de Na) H 7006 0,325 g 0,65 g Sol. Penicilina / Estreptomicina 50,0 µl 100,0 µl - pH = em média: inicial = 8,0 → 3,0 mL HCl 0,5 N = pH 7,25 (ajustar pH entre 7,2 e

7,4). - Osmolaridade = em média: inicial = 296 → 4,0 mL a 6,0 mL H2O milli Q = 283 mOsm

(ajustar entre 275 e 285 mOsm). - Filtrar e armazenar em geladeira por até 30 dias. •••• Solução de Trealose (1,0 M):

Quantidade Produto 5 mL

Trealose 1,892 g TCM Hepes 3,85 mL •••• Solução de Sacarose (1,0 M):

Quantidade Produto 5 mL

Sacarose 1,712 g TCM Hepes 4,175 mL •••• TCM Bicarbonato:

Produto Quantidade 50 mL 10 mL

Meio 199 estoque (ou concentrado + H2O sigma) 50 mL (5 + qsp)

100 mL (10 + qsp)

NaHCO3 0,110 g 0,220 g Hepes H 6147 0,2978 g 0,5957 g Sol. Penicilina/Estreptomicina 50,0 µl 100,0 µl * Ácido Pirúvico (sais de Na) 0,011 g 0,022 g - Adicionar no meio de maturação = alíquota de 57,5 µl Sol. I / 5 mL de meio. - pH = estabilizar na estufa, se necessário, ajustar (pH = 7,2 – 7,4). - Osmolaridade = em média: inicial = 296 → 9,0 mL H2O milli Q = 283 mOsm (ajustar

entre 275 e 285 mOsm). - Filtrar e armazenar em geladeira por até 90 dias.

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•••• TALP Sperm (TALP = Tyrode′′′′s Albumin-Lactate-Pyruvate Media): Quantidade Produto

Sais Soluções H2O 100 mL NaCl 0,5752 g KCl 0,0231 g NaHCO3 0,210 g Hepes H 7006 (sais de sódio) ou H 6147 0,2603 / 0,238g Vermelho fenol 0,0005 g 1 mL (0,01g/10 mL Lactato de Sódio xarope 60% 370µl Mg Cl2 6 H2O 0,0223 g 223µl (1g/10mL) Ca Cl2 2H2O * 0,0294 g 294µl (1g/10mL) Na H2 PO4 ** 0,004 g 1 mL (0,04g/10 mL) Sol. Pecicilina / Estreptomicina 100 µl Ácido Pirúvico (sais de Na) * - Podem ser substituídos: * Ca Cl2 anidro (0,029g) ** Na H2 PO4 H2O (0,0046g) - Osmolaridade: em média: inicial = 297→ 3,0 a 6,0 mL H2O milli Q = 280 mOsm

(ajustar entre 275-285 mOsm). - pH: entre 7,2 – 7,4 (corrigir no momento da preparação do meio de migração). - * Adicionar alíquota no momento do uso = 70 µl Sol. I / 5 mL. - Armazenar em geladeira por até 60 dias. •••• TALP Fert:

Quantidade Produto Sais Soluções

H2O qsp 100 mL NaCl 0,665 g KCl 0,0236 g 236 µl NaHCO3 0,2103 g Vermelho fenol 0,0005 g 500 µl Lactato de Sódio xarope 60% 190 µl Mg Cl2 6H2O 0,010 g 100 µl (1g/10mL) Ca Cl2 2H2O 0,0294 g 294 µl (1g/10mL) Na H2 PO4 * 0,004 g 1 mL (0,04g/10mL) Sol. Pecicilina / Estreptomicina 100 µl Ácido Pirúvico (sais de Na) * - Pode ser substituído: * Na H2 PO4 H2O (0,0046 g). - Osmolaridade: em 275-285 mOsm (correção = 296mOsm + 3 mL de H2O = 285

mOsm). - * Adicionar o piruvato no momento do uso (Sol. I). - Armazenar em geladeira por até 60 dias.

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•••• SOFFaa: Quantidade Produto

Sais Soluções H2O qsp 90,9 mL (100-9,1 mL) NaCl 0.629 g - KCl 0,0534g 534 µl (0,01/10mL) NaHCO3 0,2106g - Vermelho fenol 0,013g 150 µl (0,01g/10 mL) Lactato de Sódio xarope 60% 47,06µl 60 µl Mg Cl2 6H2O 0,0966g - Ca Cl2 2H2O 0,0248g 262 µl (1,0g/10 mL) K H2 PO4 0,0162g 1 mL (0,162g/10mL) Ácido Pirúvico (sais de Na)* 0,0368g - aa essenciais BME 50x 4,0 mL 3,0 mL aa não essenciais MEM 100x 1,0 mL 1,0 mL Glutamina 0,0146g 1 mL (0,0292/10mL) - * Adicionar na hora do uso na forma de solução (Sol. II). - Estabilizar na estufa por no mínimo duas horas, ajustar o pH em 7,2-7,3. - Osmolaridade em 275-285 mOsm. - Filtrar e armazenar em geladeira. •••• PBS →→→→ QSP 4000 mL:

KCl 0,8 g NaCl 32 g Na2HPO4 4,6 g KH2PO4 0,8 g H2O 4000 mL Penicilina 0,26 g Estreptomicina 0,2 g

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•••• PBS MODIFICADO (Dulbbecos):

Componente 1000 mL 500 mL

MgSO4. 7H2O 0,121 g 0,061 g CaCl2 . 2H2O 0,132 g 0,066 g NaCl 8,0 g 4,0 g KCl 0,2 g 0,1 g Na2HPO4 1,15 g 0,575 g KH2PO4 0,2 g 0,1 g Glicose 1,0 g 0,5 g Piruvato Na 0,036 g 0,018 g Penicilina G 100.00 UI 50.000 UI Estreptomicina 0,05 g 0,025 g

- Não misturar MgSO4 e CACl2 com os demais componentes, antes de sua completa dissolução. - pH 7,2 a 7,6. - penicilina G: 0,065 g contém 100.000 UI.