relatório de auto-análise da região norte do paraná · grupo de trabalho professor john goddard...

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Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Universidade Federal do Paraná Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico Organisation for Economic Co-operation and Development - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) Relatório de Auto-análise da Região Norte do Paraná Relatório da participação do estado do Paraná no projeto OCDE - Supporting the Contribution of Higher Education Institutions to Regional Development Apoio das Instituições de Ensino Superior ao Desenvolvimento Regional Curitiba, agosto de 2006

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Secretaria de Estado da Ciência,Tecnologia e Ensino Superior

Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Relatda Re

Relatório dOCDE - Sup

I

Apoi

Universidade Federal do Paraná Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico

Organisation for Economic Co-operation and Development - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

ório de Auto-análise gião Norte do Paraná

a participação do estado do Paraná no projeto porting the Contribution of Higher Education

nstitutions to Regional Development

o das Instituições de Ensino Superior ao Desenvolvimento Regional

Curitiba, agosto de 2006

GERENCIAMENTO DO PROJETO

ESTADO DO PARANÁ

Comite Consultivo Presidente

Profa.Lygia Pupatto (Inicialmente Prof. Aldair Tarciso Rizzi)

Secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do estado do Paraná

Demais Membros Prof. Angelo Priori

(Inicialmente Prof. Gilberto Cesar Pavanelli) Reitor da Universidade Estadual de Maringá -UEM

Prof. Wilmar Sachetin Marçal (Inicialmente Profa. Lygia Pupato)

Reitor da Universidade Estadual de Londrina – UEL Prof. Paulo Roberto Godoy

Reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG Prof. Alcibiades Luiz Orlando

Reitor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –UNIOESTE Prof. Vitor Hugo Zanette

Reitor da Universidade do Centro Oeste – UNICENTRO Prof. Antonio Alpendre da Silva

Diretor da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá – FAFIPAR e Representante das Faculdades Estaduais

Prof. Jorge Bounassar Filho Presidente da Fundação Araucária

Prof. Nelson Maculan Diretor da SESU –MEC

Grupo de Trabalho Prof. Cássio Frederico Camargo Rolim

Coordenação Regional - Universidade Federal do Paraná Prof. Mauricio Aguiar Serra

Vice-coordenação Regional - Universidade Federal do Paraná Prof. Antonio Carlos Lugnani

Subcoordenação Maringá – Universidade Estadual de Maringá Profa. Rossana Lott Rodrigues

Subcoordenação Londrina - Universidade Estadual de Londrina

Equipe de apoio na UFPR Marcelo de Oliveira Passos (doutorando PPGDE) Adriano Renzi (mestrando PPGDE)

Beatrice Aline Zimmermann (graduanda) Carla Cristina Stoffel (graduanda)

Coordenador Regional Prof. Cássio Frederico Camargo Rolim

Universidade Federal do Paraná

GERENCIAMENTO DO PROJETO

OCDE Direção do Projeto

Professor José-Ginés Mora Ruiz

(A representative of the IMHE Governing Board; Chair), Technical University of Valencia, Spain)

Mr. Richard Yelland (A representative of the OECD/IMHE), Division Head (OECD, EDU/IMHE),

Mr. Mario Pezzini (A representative ot the OECD), Division Head (OECD, GOV/TRG),

Ms. Janette Cheong (A representative of the HEFCE , a co-sponsoring organisation),

Professor John Goddard (Project Leader) University of Newcastle upon Tyne, United Kingdom,

Grupo de Trabalho

Professor John Goddard (Project leader) University of Newcastle upon Tyne, United Kingdom.

Mr. John Rushforth (university of West England and a representative of the HEFCE)

Mr. Patrick Dubarle (OECD, GOV/TRG)

Professor Peter Arbo (Expert) University of Tromsø, Norway, Professor Chris Duke (Expert)

RMIT, Australia and NIACE, United Kingdom, Professor Steve Garlick (Expert)

University of Sunshine Coast and Swinburne University of Technology, Australia, Ms. Jaana Puukka

(OECD, EDU/IMHE)

Secretaria do IMHE Ms. Jaana Puukka

(OECD, EDU/IMHE)

SUMÁRIO

PREFÁCIO 1. O ESTADO DO PARANÁ NA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 1

1.1 A Situação Geográfica 1.2 A Situação Demográfica 1.3 A Base Econômica e Social 1.4 A Estrutura de Governo

2. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA NACIONAL DE ENSINO SUPERIOR 22 2.1 O Sistema Nacional de Ensino superior: um breve panorama 2.2 O Sistema Regional de Educação: o caso do Paraná 2.3 A Região Norte do Paraná 3. CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA PARA A INOVAÇÃO REGIONAL 31 3.1 Atendimento das demandas e necessidades regionais 3.2 Condições estruturais para a promoção de pesquisa e inovação 3.3 Instrumentos para facilitar o aproveitamento e a transferência de conhecimento 3.4 Conclusão 4. CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM NO MERCADO DE TRABALHO E PARA A FORMAÇÃO DE CAPACIDADES 49 4.1 Quadro geral do processo de aprendizagem 4.2 A inserção dos estudantes no mercado de trabalho regional 4.3 Promoção da aprendizagem ao longo da vida, desenvolvimentos e formação profissional continua 4.4 Mudanças na provisão da educação 4.5 Melhorar o sistema de aprendizagem da região 4.6 Conclusão 5. CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL, CULTURAL E PARA O AMBIENTE REGIONAL 72 5.1 desenvolvimento social 5.2 Desenvolvimento Cultural 5.3 Sustentabilidade Ambiental 5.4 Conclusões 6. CAPACITAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO REGIONAL 79 6.1 Mecanismos para promover a inserção regional da univesidade 6.2 Promover o diálogo regional e unir iniciativas de marketing 6.3 Avaliação e planejamento do impacto do sistema regional de educação superior 6.4 Capacidade institucional para a inserção regional 6.5 Gestão de recursos humanos e financeiros 6.6 Criar uma nova cultura de organização 7. CONCLUSÕES: INDO ALÉM DO RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO 87 7.1 Lições do processo de auto-avaliação 7.2 Pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças para aumentar a contribuição que as IES fazem para a região 7.3 O caminho à frente: a elaboração de uma estratégia política para o futuro da região ANEXOS 99

PREFÁCIO

Este trabalho foi iniciado em meados de 2005 tendo como objetivo especifico avaliar o impacto socioeconômico das instituições de ensino superior do estado do Paraná pertencentes ao governo do Estado. O objetivo geral era buscar subsídios para a elaboração da política de ciência, tecnologia e ensino superior do estado. Nessa política, as instituições de ensino superior (IES) teriam papel relevante a desempenhar. O trabalho decorreu de um convenio entre a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná, a Fundação da Universidade Federal do Paraná e a própria Universidade Federal do Paraná, através do seu Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Econômico.

O projeto inicial tinha como escopo todas as instituições de ensino superior pertencentes ao estado do Paraná e pretendia avaliar o impacto exercido por elas sobre a demanda agregada do estado (impacto de curto-prazo) e o impacto de longo-prazo sobre a economia no que se referia ao aumento das condições de competitividade do Paraná. Também estava no escopo do trabalho uma caracterização da estrutura do sistema de governança das IES estaduais. A proposta de trabalho foi apresentada ao Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), prof. Aldair Tarciso Rizzi, e ao Conselho de Reitores das IES paranaenses.

Cada parte do trabalho seguiria uma metodologia especifica. A análise do impacto de curto-prazo seguiria a metodologia consagrada na literatura que utiliza análise de insumo-produto e modelos de equilíbrio geral computável. Já a análise do impacto a longo-prazo deveria seguir uma metodologia própria baseada naquela desenvolvida pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, para o trabalho que estava em elaboração desde 2004: Supporting the Contribution of Higher Education Institutions to Regional Development. Esse trabalho é uma atividade do Programa de Gerenciamento de Educação Superior da OCDE (OECD - Programme on Institutional Management on Higher Education – IMHE). Dada a complexidade e o ineditismo do tema, foi solicitado o apoio técnico da OCDE. Como resposta, os coordenadores do projeto foram convidados a participar do seminário realizado em outubro de 2005 em Karlstad, Suécia, que reuniu treze coordenadores regionais oriundos dos onze países envolvidos no projeto da OCDE. Na seqüência, em uma reunião realizada na sede da OCDE, em Paris, com a presença do vice-diretor de Educação e do diretor do Centro para a Cooperação com Países Não-membros da instituição, o secretário Aldair Rizzi formalizou o pedido de apoio da OCDE para a realização do projeto. Nesse momento, o estado do Paraná foi convidado a integrar, juntamente com as demais treze regiões de diversos países, o próprio projeto da OCDE Supporting the Contribution of Higher Education Institutions to Regional Development. Os objetivos deste projeto, como será visto a seguir, eram coincidentes com os objetivos do governo do Paraná. Dessa forma, o Brasil, por intermédio do estado do Paraná, passou a ser o único país não-membro da OCDE, o único da América do Sul, e o segundo da América Latina, juntamente com o México, a participar do projeto.

A partir do momento em que o Paraná passou a integrar o projeto OCDE, o trabalho inicial teve que ser reformulado. A análise do impacto de curto-prazo e a da estrutura de governança foram realizadas separadamente considerando todas as IES estaduais. Esses dois relatórios já estão divulgados. A análise do impacto de longo-prazo teve que ser modificada, uma vez que agora ela seguiria a metodologia comum a todas as regiões analisadas pela OCDE. Dada a impossibilidade de incluir todas as IES estaduais, foram selecionadas para integrar o projeto OCDE as universidades do eixo Londrina-Maringá, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM). Na perspectiva do estado do Paraná, essa região serviria como um estudo-piloto e posteriormente, fora do âmbito do projeto OCDE, a mesma metodologia seria aplicada para as demais regiões e IES do estado.

i

Uma vez aprovadas as reformulações pela SETI e pelo Conselho dos Reitores, estes passaram a compor o Comitê Consultivo do projeto sob a presidência do então secretário Aldair Rizzi, posteriormente substituído pela secretária Lygia Pupatto. Foram designados coordenadores de grupos de trabalho nas IES da região-piloto, um na UEL e outro na UEM, e a coordenação geral da região manteve-se a cargo da UFPR. O quadro abaixo ilustra o gerenciamento do projeto.

Gerenciamento do Projeto

OCDE PARANÁ

Direção do Projeto Comitê Consultivo

Grupo de Trabalho Grupo de Trabalho(Região-IES)

Secretariado IMHE Coordenador Regional

As origens do projeto OCDE estão no reconhecimento de que a educação superior vem sendo identificada como o principal motor para o desenvolvimento econômico, cultural e social dos países e, principalmente, das regiões. Assim sendo, houve uma série de iniciativas entre os paises da OCDE para mobilizar o ensino superior em prol do desenvolvimento regional. Tornou-se necessária uma sistematização dessas experiências a fim de guiar futuras decisões de investimento. Assim sendo, o trabalho que vem sendo realizado está focado no esforço cooperativo entre as IES da região Norte do Paraná e seus parceiros regionais, considerando as barreiras internas e externas às universidades para concretizá-lo. Os principais temas sob investigação encontram-se na contribuição das pesquisas realizadas nas IES para a inovação regional; na contribuição do ensino para aumentar a capacitação e atender o mercado de trabalho regional; na contribuição ao desenvolvimento social e ao meio ambiente; no papel de liderança das IES na comunidade regional. O programa está concebido também para ser um projeto de aprendizado e capacitação da cooperação entre os atores regionais.

O projeto OCDE tem, especificamente, os seguintes objetivos:

• Comparar e avaliar a eficiência e a eficácia de iniciativas e parcerias regionais;

• Propiciar uma oportunidade de dialogo entre IES e atores e usuários regionais (autoridades regionais, empresários, etc.);

• Auxiliar na identificação do papel e das responsabilidades dos atores e usuários;

• Propiciar assessoria às políticas nacionais sobre o seu impacto no nível regional e institucional;

• Estabelecer as bases de uma rede internacional para o aprofundamento do intercambio de idéias e boas práticas.

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Fazem parte atualmente do projeto os seguintes países com as respectivas regiões:

• Dinamarca (Jutland-Funen)

• Finlândia (Jyväskylä)

• Reino Unido (North East)

• Espanha: (2 regiões: Valência e Ilhas Canárias)

• Suécia (Värmland)

• Holanda (Twente)

• Noruega (Mid-Norwegian Region; Trondheim)

• Austrália (Sunshine Coast; Queensland)

• Coréia (Busan)

• México (Nuevo León)

• Dinamarca-Suécia (The Øresund region)

• Canadá (Atlantic Canada)

• Brasil (Norte do Paraná)

Nesse sentido, o estado do Paraná, ao fazer parte do projeto OCDE, foi contemplado tanto com o aprimoramento dos resultados que pretendia obter com o seu estudo inicial, como também com o fato de passar agora a integrar uma rede internacional de compartilhamento de idéias e práticas que lhe propiciarão uma fonte de informações inédita no país. Ao tornar-se parte integrante do projeto OCDE como o único estado de um país da América do Sul, o governo paranaense, através da SETI, teve um ganho substancial para a elaboração e execução da sua política de ciência, tecnologia e ensino superior.

A metodologia para a realização do projeto consistiu de cinco etapas. A primeira foi a apresentação do que iria ser feito aos membros das IES da região-piloto e aos atores regionais. Para isso, foram feitos seminários em Londrina e Maringá com a presença de membros das IES e de atores regionais pertencentes ao setor produtivo, políticos, representantes das instituições de ensino superior privadas, etc.

Na segunda etapa foram coletadas informações pelas próprias universidades em um exercício de auto-diagnóstico. Para tanto, foi aplicado um questionário baseado na metodologia básica da OCDE1. Essas informações serviram de base para o presente relatório.

A terceira etapa resumiu-se à visita feita pelos coordenadores aos atores regionais representativos, que foram previamente indicados pelos coordenadores de grupos de trabalho das IES da região-piloto (UEL e UEM). As entrevistas nessas ocasiões buscavam conhecer as expectativas e as experiências já vivenciadas desses atores com relação às IES em questão.

Já a quarta etapa teve como foco central a realização de workshops nas duas universidades estaduais, UEL e UEM, com a participação de membros da academia e da 1 Aide-memoire for Regions Participating in the OECD project Supporting the Contribution of Higher Education Institutions to Regional Development, OECD, February 2005. Esse questionário foi desenvolvido pela equipe, que elaborou o auto-diagnóstico da região de Valência, Espanha.

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comunidade regional trabalhando em uma análise SWOT (pontos fracos, pontos fortes, desafios e oportunidades), a partir dos principais pontos do questionário preenchido pelas IES da região. Ambos os workshops foram conduzidos com o apoio do SEBRAE. Nessa ocasião, também estiveram presentes, em missão prévia, dois representantes da OCDE, prof. José-Gines Mora e prof. Francisco Marmolejo.

A última etapa consistiu na redação do relatório pela coordenação do projeto. Esse relatório de auto-diagnóstico foi enviado aos coordenadores de grupos de trabalho nas IES e, através deles, aos demais atores regionais. Este relatório foi o documento que serviu de embasamento para a visita da missão de especialistas da OCDE.

O documento que está sendo entregue é fruto de trabalho coletivo, que contou com a colaboração de muitas pessoas e instituições, nem todas aqui mencionadas, e ele, consequentemente, não reflete opiniões individuais. A expectativa é que este auto-diagnóstico da região Norte do Paraná sobre o papel das suas instituições estaduais de ensino superior no apoio ao desenvolvimento regional auxilie na compreensão dos problemas e no encontro de soluções para as questões aqui levantadas. Espera-se também que as experiências vivenciadas no estado do Paraná contribuam para o aprofundamento do debate internacional sobre o papel das instituições de ensino superior no desenvolvimento regional no contexto de uma sociedade baseada no conhecimento.

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1. O ESTADO DO PARANÁ NA FEDERAÇÃO BRASILEIRA

1.1 A situação Geográfica

O estado do Paraná faz parte da federação brasileira e se localiza na região sul do país, fazendo fronteira ao norte com o estado de São Paulo (o estado mais desenvolvido do Brasil); ao sul com o estado de Santa Catarina; a noroeste com o estado do Mato Grosso do Sul; a oeste com o Paraguai e a sudoeste com a Argentina (figura 1.1). Seu território abrange 199.554 quilômetros quadrados, o que corresponde a dois terços do tamanho da Itália ou 2,35% do território brasileiro e o seu PIB equivale a 6% do PIB brasileiro.

Figura 1.1 O Estado do Paraná no Brasil

De acordo com o IBGE, a população paranaense é de cerca de 9.563.458 habitantes, ou 5,45% da população brasileira. Ela se concentra predominantemente na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), cujo principal pólo urbano é a cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná. O PIB da RMC, devido ao grande afluxo de investimentos privados, capitaneados pela indústria automobilística, cresceu a taxas elevadas ao longo da última década e representa atualmente cerca de 38% do PIB do Paraná. A mesorregião Norte Central que será o objeto de estudo representa cerca de 16% do PIB do estado.

1

O estado do Paraná tem uma história de colonização recente. No século XVI, nos primórdios da colonização brasileira, a ocupação populacional era restrita apenas ao litoral paranaense e à região em que hoje se encontra a capital do estado. Somente a partir de 1940 ocorreu a ocupação intensiva da região norte do estado. Isto se deu como decorrência da expansão do cultivo do café a partir do estado de São Paulo. Como é sabido, a cafeicultura foi o motor do desenvolvimento do estado de São Paulo, a partir de meados do século XIX. Até um passado recente, o norte do Paraná foi uma das áreas mais prósperas do estado. A ocupação do sudoeste do estado foi iniciada somente a partir da segunda metade do século passado, como resultado dos fluxos migratórios provenientes do estado do Rio Grande do Sul, onde ainda prevalecia uma agricultura familiar baseada na subsistência.

Com efeito, o povoamento do estado se deu a partir de três diferentes frentes de ocupação, provenientes de diferentes partes do Brasil, cada qual em seu momento histórico específico. Tal fato gerou um problema complexo para a administração estadual, pois em várias ocasiões houve tentativas de emancipação em diferentes partes do território paranaense. Dito em outros termos, a maneira pela qual a ocupação foi efetivada acabou por ser um fator contrário à emergência de uma identificação territorial. Com efeito, a ocupação populacional historicamente se efetivou em oposição à própria coesão e identidade do estado.

O Paraná tem sido freqüentemente caracterizado como um estado agrícola, e ao longo dos últimos quinze anos, emergiu no estado um dos mais modernos sistemas agrícolas do país. Sendo o Brasil uma potência agrícola, com níveis de produtividade que se tornaram padrão internacional de referência, pode-se afirmar que o Paraná possui um dos mais dinâmicos setores agrícolas do mundo. Por outro lado, o processo de industrialização da cidade de Curitiba, capital do estado - assim como das cidades que constituem sua região metropolitana - ocorreu a partir dos anos setenta. Iniciando-se em setores tradicionais, ligados à produção madeireira e alimentícia, este processo evoluiu para setores mais dinâmicos e modernos, com ênfase na indústria metal-mecânica e de materiais elétricos e eletrônicos. Estas novas indústrias foram, em termos gerais, extensões de empresas nacionais e multinacionais que se expandiram a partir da região da região metropolitana da Grande São Paulo. Em termos específicos, podem-se citar os exemplos da Volvo, que se instalou na RMC nos anos setenta, e de outras empresas que consolidaram o pólo automobilístico da região nos anos noventa, tais como a Renault e a Audi-VW. Além de fatores locais de atração, a política expansionista de incentivos fiscais implementada pelo governo do estado foi um fator importante para a industrialização da RMC.

Uma síntese do estado do Paraná poderia caracterizá-lo pela coexistência de dois grandes espaços econômicos: um sob a égide do agronegócio e outro sob a égide da economia urbano-industrial1.

A Região Norte do Paraná e a Mesorregião Norte Central

O Brasil está dividido, para fins de divulgação das estatísticas institucionais, em mesorregiões geográficas. Essas messoregiões, por sua vez estão subdivididas em microrregiões geográficas. A menor unidade territorial para a composição dessas subdivisões é o município, que por sua vez é uma unidade político-administrativa. Assim sendo um conjunto de municípios forma uma microrregião e um conjunto de microrregiões forma uma mesorregião. Cada estado da federação brasileira está subdividido em mesorregiões. Não existem mesorregiões que pertençam a mais de um estado e nem municípios que pertençam a mais de uma microrregião.

As macrorregiões são definidas por três dimensões:

“O processo social, como determinante, o quadro natural, como condicionante e, a rede de comunicação e de lugares, como elemento de articulação espacial. Estas três dimensões possibilitam que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma identidade regional. Esta identidade é uma realidade construída pela sociedade que ali se formou” (IBGE, 1990, p.8).

1 Rolim (1996).

2

As microrregiões, por sua vez, foram definidas a partir de especificidades referentes à estrutura de produção, agropecuária, industrial, extrativismo mineral, ou pesca. A idéia de estrutura de produção presente engloba além da produção propriamente dita, a comercialização e o consumo tanto urbano como rural.

O estado do Paraná está subdividido segundo esse critério e a Mesorregião do Norte Central do Paraná é uma das suas dez mesorregiões.(figura 1.2). A tabela 1.1 apresenta algumas informações gerais que permitem caracterizar essas macrorregiões. Note-se que a Metropolitana de Curitiba abriga quase um terço da população e gera quase a metade do valor adicionado fiscal estadual.. O Norte Central vem em segundo lugar.

1. Mesorregião do Noroeste do Paraná 2. Mesorregião do Centro Ocidental do Paraná 3. Mesorregião do Norte Central do Paraná 4. Mesorregião do Norte Pioneiro do Paraná 5. Mesorregião do Centro Oriental do Paraná 6. Mesorregião do Oeste do Paraná 7. Mesorregião do Sudoeste do Paraná 8. Mesorregião do Centro-Sul do Paraná 9. Mesorregião do Sudeste do Paraná 10. Mesorregião Metropolitana de Curitiba do Paraná

Tabela 1.1 Indicadores selecionados para as Mesoregiões do Paraná - 2000

Mesoregiões

Número de

Municípios

População

total

Taxa de Crescimento Populacional Total 1991 -

2000

Grau de

Urbanização

Participação no Valor

adicionado Fiscal do Estado

Taxa de

Desemprego

%Noroeste 61 641.084 -0,25 77,3 3,7 10,7Centro-Ocidental 25 346.648 -1,24 72,6 2,2 13,7Norte Central 79 1.829.068 1,24 88,4 14,3 12,4Norte Pioneiro 46 548.190 -0,15 75,1 2,8 11,9Centro-Oriental 14 623.356 1,46 81,2 7,6 14,1Oeste 50 1.138.582 1,28 81,6 13,8 12,8Sudoeste 37 472.626 -0,13 59,9 3,5 8,4Centro-Sul 29 533.317 0,69 60,9 3,9 11,5Sudeste 21 377.274 0,89 53,6 2,3 9Metropolitana de Curitiba

37 3.053.313 3,13 90,6 45,9 14,7

Paraná 399 9.563.458 1,4 81,4 100 12,8

Indicadores selecionados para as Mesoregiões Geográficas Paranaenses - 2000

Fontes: IBGE - Censo Demográfico, SEFANota: Dados trabalhados pelo IPARDES.

Fontes: IBGE - Censo Demográfico, SEFA Nota: Dados trabalhados pelo IPARDES. APUD: Leituras Regionais – IPARDES, 2004

3

Figura 1.2 As dez Mesorregiões do Estado do Paraná

Fonte: IPARDES, 2003.

Não há um claro consenso sobre o que é de fato denominado Norte do Paraná. Pode-se dizer, no entanto, que ele está centrado dinamicamente no eixo Londrina-Maringa, englobando uma vasta área que engloba pelo menos três mesorregiões: Noroeste do Paraná; Norte Central do Paraná; Norte Pioneiro do Paraná. Para alguns ainda deveria ser incluído território do Centro Oriental do Paraná

Figura 1.3 Área de Influência do eixo Londrina-Maringá

. Fonte: Microsoft-Atlas Encarta

A mais importante das mesorregiões componentes da Região Norte do Estado é a do Norte Central, que será analisada na seção seguinte. Ela é o foco da análise deste trabalho, doravante será chamada simplesmente de Norte Central. Trata-se da segunda mais importante região do Paraná. Depois de Curitiba, as duas principais cidades do estado - Londrina e Maringá -encontram-se nesta região. Nestas cidades, respectivamente, localizam-se as maiores Universidades Estaduais do Paraná: a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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A Mesorregião do Norte Central do Paraná se localiza em um raio de 120 km que liga as cidades de Londrina e Maringá. Constitui-se em um pólo de atração de outras áreas da região Norte do Paraná e de áreas vizinhas do estado de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. Vide a figura 1.3. A população concentrada nesta área é de mais de três milhões de habitantes.

Todavia, apesar da importância da região Norte, este estudo se detém na análise de Londrina e Maringá, as principais cidades do Norte Central. Reunidas, elas possuem uma área de 24.419 quilômetros quadrados. Nos anos setenta, o Norte Central chegou a possuir mais de 25% do total do valor adicionado do Paraná. Atualmente, possui apenas 15%. A razão para a perda de importância relativa na economia do estado foram as altas taxas de crescimento industrial da Região Metropolitana de Curitiba, RMC, que emergiu como um importante lócus do processo de descentralização da industrialização brasileira2. Contudo, em termos absolutos, e devido a forte expansão da sua produtividade agrícola, o Norte Central vêm apresentando bons níveis de desenvolvimento econômico nos últimos anos, ainda que o dinamismo do passado tenha se arrefecido um pouco.

Esta área foi colonizada e desenvolvida por intermédio da cafeicultura. Condições climáticas adversas provocaram uma grande quebra da safra de café na metade dos anos setenta e as plantações de café quase desapareceram da região. A substituição por outras culturas agrícolas, sobretudo por plantações de soja e pela pecuária, tornou o Norte Central um dos mais importantes pólos agrícolas do Brasil. A região, sobretudo o eixo Londrina-Maringá, apresenta uma notável tradição de organização em grandes cooperativas agrícolas. Lá também se verifica a segunda maior concentração industrial do Paraná. Essas indústrias estão estreitamente ligadas ao agronegócio e aos mercados urbanos. Predominam as atividades relacionadas aos segmentos moveleiro, têxtil, alimentício, plástico e mecânico, entre outros. È importante ressaltar que o setor de serviços vem se tornando o principal setor do eixo Londrina-Maringá, dada a sua crescente urbanização.

Comparando o Norte Central com a messoregião Metropolitana de Curitiba,RMC, é possível verificar que ambas possuem alto nível de urbanização. A messoregião Metropolitana de Curitiba, no entanto, possui mais de 30% da população do estado (tabela 1.2). Em relação à participação da população ocupada, os dados são similares à participação no total da população do estado, mas a diferença mais significativa reside na participação da messoregião Metropolitana de Curitiba no PIB estadual. O peso relativo da Metropolitana de Curitiba é quase quatro vezes o da Norte Central. Outro aspecto importante é a sua importante estrutura populacional e elevada taxa de urbanização.

A região Norte Central está a cerca de 600 km da cidade de São Paulo e a mais de 1500 km da capital federal Brasília. Há uma boa rede de rodovias e também tanto Londrina como Maringá tem vôos regulares para as principais cidades do país. Em cerca de uma hora de vôo é possível chegar aos aeroportos internacionais de São Paulo e/ou no Rio de Janeiro. Nessas cidades é possível todo tipo de conexão para o Brasil e para o resto do mundo

A figura 1.4 mostra a distribuição da população do estado do Paraná em classes de tamanho urbano. Além da concentração da Região Metropolitana de Curitiba, a outra concentração urbana no estado está no Norte Central, particularmente no eixo Londrina-Curitiba. As principais cidades do Norte Central estão dentro de uma faixa que vai de 100 mil a 500 mil habitantes. Londrina é a maior e em segundo lugar vem Maringá. Estas cidades estão na categoria de centros sub-metropolitanos , Londrina, ou na categoria de capitais regionais, como é o caso de Maringá.3

2 Quase 65% do valor adicionado fiscal pelo setor industrial paranaense é gerado pela RMC, ao passo que a região do Norte Central contribui com 11,6%. 3 IBGE/MHU (1987) A região de influencia das cidades. Rio de Janeiro.

5

Figura 1.4 Classificação por tamanho dos municípios do Paraná- 2000

APUD: Leituras Regionais – IPARDES, 2004.

1.2 A Situação Demográfica

De acordo com o último Censo Demográfico, a população do Norte Central correspondia a cerca de 19% da população do Paraná e a 1,1% da população brasileira.(Tabela 1.2). Essa mesorregião tem o segundo mais alto grau de urbanização do estado ficando abaixo apenas da metropolitana de Curitiba. Por outro lado é a única das mesorregiões que compõem o grande Norte que ainda mantém crescimento demográfico positivo nas duas últimas décadas. Ainda que não se encontre entre as de maior crescimento do estado do Paraná.Figura 1.5.

Tabela 1.2 – Participação na População do Brasil e do Paraná, 2000 População 2000

População Total

Grau de Urbanização

% Populaç

ão do PR

% Populaç

ão do BR

Norte Central 1.829.068 88,4 19,1 1,1

Metropolitana de Curitiba

3.053.313 90,6 31,9 1,8

Paraná 9.563.458 81,4 100,0 5,6

Brasil 169.799.170 81,3 100,0 Fonte : Dados Brutos – IBGE – Censo Demográfico 2000

6

Figura 1.5 Crescimento da população (a) e participação no valor adicionado (b) estadual 1991/2000

Figura 1.5a Crescimento da População

-0,68%

0,93%

-0,26%

1,35%

0,51%

-0,78%

0,93%

1,30%

2,84%

0,93%

-0,25%

-1,24%

1,24%

-0,15%

1,46%

1,28%

-0,13%

0,69%

0,89%

3,13%

-2% -1% 0% 1% 2% 3% 4%Noroeste

Centro-Ocidental

Norte Central

Norte Pioneiro

Centro Oriental

Oeste

Sudoeste

Centro-Sul

Sudeste

Metropolitana de Curitiba

Paraná

Reg

ião

% a.a.

1980-1991 1991-2000

Figura 1.5b Participação no valor adicionado fiscal do Paraná, segundo suas mesoregiões

3,759%

3,397%

15,793%

3,793%

7,230%

16,466%

3,151%

4,079%

2,327%

40,003%

3,649%

2,158%

14,322%

2,839%

7,612%

13,839%

3,483%

3,907%

2,331%

45,859%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Noroeste

Centro-Ocidental

Norte Central

Norte Pioneiro

Centro Oriental

Oeste

Sudoeste

Centro-Sul

Sudeste

Metropolitana de Curitiba

Reg

ião

Porcentagem

1991 2000 APUD: Leituras Regionais – IPARDES, 2004.

Como já foi dito, o norte do Paraná encontra-se em um processo de esvaziamento populacional desde a década de setenta. No entanto, a mesorregião Norte Central recebe grande parte desse fluxo bem como parte dos migrantes oriundos de outras regiões do estado. Embora o grande fluxo migratório dirija-se para a metropolitana de Curitiba, o Norte Central pode ser considerado o segundo ponto de recepção de migrantes dentro do estado. A figura 1.6 ilustra esse processo.

Esse processo, no entanto está direcionado para poucos municípios. Ainda que a mesorregião tenha 71 municípios em apenas 10 deles em torno do eixo Londrina-Maringá estava abrigada mais de 70% da população total do Norte Central.Tabela 1.3

Tabela 1.3 População total dos principais municípios da mesorregião Norte Central Município Total, 2000 % acumulado

Londrina 447.065 25,6% Maringá 288.653 16,5% Apucarana 107.827 6,2% Cambé 88.186 5,1% Arapongas 85.428 4,9% Sarandi 71.422 4,1% Rolândia 49.410 2,8% Ibiporã 42.153 2,4% Ivaiporã 32.270 1,8% Mandaguari 31.395 1,8% Total Acumulado 1.243.809 71,1%

Fonte : Dados Brutos – IBGE – Censo Demográfico 2000

7

4

Kleinke, M.L.U.; Deschamps, M.V.; Moura, R Movimento migratório no Paraná (1986-91 e 1991-96) origens distintas e destinos convergentes. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 95, jan/abr. 1999.

8

Esse mesmo fenômeno pode ser visto na tabela 1.4. ela resume as taxas brutas de freqüência escolar para o conjunto dos 71 municípios. Embora haja uma dispersão muito grande nos valores, há uma certa evidência de que a participação no ensino fundamental provavelmente é quase total. Além disso houve um grande aumento na participação no ensino médio. A diferença entre a taxa bruta de freqüência ao superior e o percentual de pessoas com 18 e 22 anos com acesso ao superior, apontam para o fato de que provavelmente esteja havendo uma demanda maior sobre o ensino superior exercida por pessoas na faixa de idade acima dos 22 anos.

A figura 1.7 mostra as transformações ocorridas na estrutura etária do estado do Paraná e na mesorregião Norte Central. O resultado final para o Norte Central é muito parecido com o do Paraná como um todo. Em ambas houve um envelhecimento da população com a respectiva diminuição de pressão nas classes de idade inferiores. Em termos educacionais isso alivia proporcionalmente a pressão sobre os níveis iniciais de ensino, mas por outro lado aumenta nos níveis mais elevados, como é o caso do ensino universitário.

APUD: Kleinke et alli (1999) 4

Figura 1.6 Fluxos migratórios internos ao Paraná

Figura 1.7 Comparação das pirâmides etárias Norte Central e Paraná 1970/2000 (APUD IPARDES 2004)

9

Tabelas 1.4 Estatísticas demográficas educacionais para os 71 municípios componentes da Mesorregião Norte Central 1991/2000

Taxa bruta de freqüência ao fundamental

(1)

Taxa bruta de freqüência ao ensino médio

(2)

Taxa bruta de freqüência ao

superior

(3)

% 18 a 22 anos com acesso ao curso superior

(4)

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

Média 100,95 114,99 32,49 94,46 7,00 2,76 2,85 4,73

Mediana 100,89 115,75 30,66 94,14 5,59 1,87 2,15 3,79

Modo nd 116,46 nd 84,78 nd 0,08 0,74 2,53

Desvio padrão 8,45 4,25 14,63 15,41 4,84 2,75 2,79 3,81

Intervalo 46,96 23,17 64,66 80,70 22,18 11,36 11,62 18,95

Mínimo 72,07 99,79 5,73 47,80 0,48 0,00 0,01 0,10

Máximo 119,03 122,96 70,39 128,50 22,66 11,36 11,63 19,05

Nível de confiança (95,0%)

2,00 1,01 3,46 3,65 1,15 0,65 0,66 0,90

Fonte: Dados Brutos. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (1) % pessoas que freqüentam o ensino fundamental em relação à população entre 7 e 14 anos (2) % pessoas que freqüentam o ensino médio em relação à população entre 15 e17 anos (3) % pessoas que freqüentam o ensino superior em relação à população entre 18 e 22 anos (4) % pessoas entre 18 e 22 anos que freqüentam ou já concluíram o ensino superior

A tabela 1.5 aponta os valores para os principais municípios da mesorregião e os valores nos estados da região Sul e no Brasil como um todo. A primeira observação é que o desempenho da região Sul é muito superior ao nacional. Dentro da região o destaque positivo é o Rio Grande do Sul, por outro lado o Paraná é o estado que tem as estatísticas menos favoráveis. Quando se compara os principais municípios do Norte Central o que se observa é que muitos deles têm valores melhores que a média nacional e mesmo acima dos valores da região Sul. Esse é particularmente o caso de Londrina e Maringá, não por acaso, sede das duas maiores universidades estaduais.

Esse melhor desempenho revelado pelas estatísticas educacionais também se apresenta em indicadores mais gerais de bem estar na mesorregião Norte Central. Algumas instituições brasileiras, IPEA, FJP e internacionais, PNUD, adaptaram o Índice de Desenvolvimento Humano para a base de dados brasileira e calcularam um índice de Desenvolvimento Humano Municipal, IDH-M. Embora esse indicador não permita comparações internacionais é possível obter uma razoável comparação das condições de desenvolvimento entre os 55075 municípios brasileiros. A tabela abaixo mostra que o Norte Central encontra-se em situação privilegiada, praticamente na mesma posição que a metropolitana de Curitiba. Apenas cerca de 25% do total da sua população reside em municípios com IDH-M abaixo da média nacional.(Figura 1.8). Apesar de este indicador apresentar algumas distorções ele é um razoável indicador das condições de vida da comunidade como um todo. É possível afirmar que nessa região as condições de vida são bem superiores às da maioria das mesorregiões paranaenses.

5 Na época do estudo. Hoje esse número é 5.562

10

Tabela 1.5 Valores das estatísticas demográficas educacionais para os principais municípios (*)

Município Taxa bruta de freqüência ao fundamental

(1)

Taxa bruta de freqüência ao ensino

médio (2)

Taxa bruta de freqüência ao

superior

(3)

% 18 a 22 anos com acesso ao curso superior

(4)

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

Londrina 106,57 116,69 50,2 107,93 20,44 34,07 9,9 16,34

Maringá 114,05 115,75 53,79 122,59 22,66 40,15 11,63 19,05

Apucarana 107,72 115,52 38,35 99,31 16,22 19,39 10,16 10,53

Cambé 108,77 117,84 32,92 102,51 6,04 16,37 3,32 7,43

Arapongas 106,56 115,89 40,79 100,31 13,3 20,07 8,33 11,67

Sarandi 99,62 121,31 24,16 80,12 1,13 3,59 0,78 1,18

Rolândia 101,56 117,6 37,06 109,43 12,4 24,62 7,01 12,4

Ibiporã 100,69 115,63 36,79 103,44 8,78 16,79 5,27 8,8

Ivaiporã 99,94 119,04 33,82 116,39 5,02 17,76 2,31 8,68

Mandaguari 109,76 122,96 40,25 109,56 12,65 20,84 7,23 10,24

Estados da Região Sul e Brasil

Paraná 101,77 115,00 35,77 96,36 10,14 22,58 4,99 10,23

Rio Grande do Sul 103,16 120,17 44,72 84,49 16,58 29,04 6,76 12,14

Santa Catarina 97,76 120,12 39,85 84,30 10,72 26,30 4,97 11,46

Brasil 99,77 124,61 36,73 77,34 10,12 17,47 4,45 7,58

Fonte: Dados Brutos. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (*) Representavam 71,2 % da população da mesorregião em 2000 (1) % pessoas que freqüentam o ensino fundamental em relação à população entre 7 e 14 anos (2) % pessoas que freqüentam o ensino médio em relação à população entre 15 e17 anos (3) % pessoas que freqüentam o ensino superior em relação à população entre 18 e 22 anos (4) % pessoas entre 18 e 22 anos que freqüentam ou já concluíram o ensino superior

Se para o agregado da Mesorregião esses valores são positivos, o mesmo não acontece quando se considera os valores obtidos individualmente pelos municípios. A tabela 1.6 mostra que embora tenha havido uma melhora no indicador ao longo dos dez anos, a média está abaixo do valor para o estado do Paraná como um todo. O próprio valor modal está abaixo do IDH-M estadual. Quando são considerados os principais municípios, os valores para a maioria deles estão muito acima das médias nacionais e estaduais. Isso é particularmente verdade para Maringá e Londrina. Vide a tabela 1.7.

11

Figura 1.8 Percentual de IDH-M abaixo da média nacional 2000

APUD: Leituras Regionais – IPARDES, 2004.

Tabela 1.6 Estatísticas do IDH-M para os 71 municípios do Norte Central 1991/2000 1991 2000

Média 0,67 0,74

Mediana 0,67 0,75

Modo 0,65 0,77

Desvio padrão 0,05 0,04

Intervalo 0,21 0,18

Mínimo 0,56 0,66

Máximo 0,77 0,84

Fonte: Dados brutos: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

12

Tabela 1. 7 IDH-M nos Principais Municípios da Mesorregião

Município IDHM, 1991 IDHM, 2000

Maringá 0,762 0,841

Londrina 0,766 0,824

Ibiporã 0,723 0,801

Apucarana 0,715 0,799

Cambé 0,702 0,793

Mandaguari 0,705 0,791

Rolândia 0,703 0,784

Arapongas 0,714 0,774

Sarandi 0,696 0,768

Ivaiporã 0,689 0,764

Fonte: Dados brutos: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

1.3 A Base Econômica e Social

O Norte do Paraná, como já foi visto, foi ocupado por volta da metade do século XX. Essa rápida ocupação foi possibilitada pela conjugação de uma série de fatores entre eles a existência de um produto de exportação para os mercados internacionais: o café. Essa força dinâmica veio sendo enfraquecida e obteve o seu golpe final em 1975 com uma grande geada que dizimou os cafezais. O café foi substituído por outras culturas e pela agropecuária e embora a região voltasse a viver na esfera do agronegócio, nunca mais obteve o mesmo dinamismo. Uma ilustração disso é o esvaziamento populacional que desde então ela vem vivenciando.

Nesse processo, no entanto, as maiores cidades, as localizadas no eixo Londrina-Maringá, continuaram crescendo porque eram centros de serviços e de comercialização. A tabela 1.8 apresenta o quadro atual. A região Sul como um todo é responsável por 18,6% do PIB nacional e o Paraná representa cerca de 6,4%. Com relação ao PIB do Paraná, o Norte Central representa cerca de 16% e a metropolitana de Curitiba 37%. Ou seja, as duas mesorregiões são responsáveis por mais da metade do PIB estadual e por uma proporção equivalente da população ocupada. Não obstante a redução do dinamismo o Norte Central ainda responde por parcela importante do PIB do Paraná.

Na tabela 1.9 é possível ter a contrapartida dessa estrutura por meio das variáveis relacionadas à População Economicamente Ativa em 2000. Fica evidenciada a importância da agropecuária para a região, mas também está evidenciado que em termos de atividades industriais e comerciais, a estrutura do emprego é muito semelhante à da metropolitana de Curitiba. A maior diferença fica por conta da diferença relativa em serviços. Embora a agropecuária tenha a menor participação relativa dentro da estrutura do emprego regional, ela certamente tem uma importância maior do que esses números apontam uma vez que muito da atividade industrial e comercial está vinculada a ela.

Essa forte presença das atividades primárias decorre da importância que ela desempenha na economia regional. A região é a maior produtora de cana-de-açúcar do Paraná, a segunda produtora de soja, milho e gado e é a quarta mesorregião paranaense no que se refere à produção de aves e leite. Outra

13

indicação da importância desse setor na economia regional é a forte presença de grandes cooperativas no setor agroindustrial.6

Por outro lado, no que se refere às atividades urbano-industriais, um dos setores com destaque foi o Químico. Um dos maiores geradores de valor adicionado na região é o grupo de produtores de fertilizantes e defensivos agrícola. Existem cerca de 19 empresas de agroquímicos e mais de 50 na área de Perfumarias e Cosméticos e também Higiene e Limpeza.

A maior concentração de indústrias de móveis está no Norte Central, particularmente em Arapongas. Existem cerca de 518 plantas industriais e entre 1995-2001 o número de empregos no setor passou de 7.081 para 10.557.

Tabela 1.8 Produto Interno Bruto, Brasil, Paraná e Mesorregiões Selecionadas 2003

Produto Interno Bruto - 2003

Área

A preços correntes (R$ 1.000,00)

PIB a US$ (PPC)* (US$ 1.000,00)

Per Capita (R$ 1,00)

Per Capita em US$ (PPC) US$ 1,00

% PIB do Brasil

% PIB do Paraná

Brasil 1.556.181.873 1.375.756.200 8.694 7.686 Sul 289.252.892 255.716.550 10.998 9.723 18,59% Paraná 98.999.740 87.521.586 9.891 8.744 6,36% Meso da RMC 37.188.938 32.877.206 2,39% 37,56%Meso Norte Central 15.974.361 14.122.274 1,03% 16,14%Fonte Dados Brutos: IPEADATA; IBGE; IPARDES * Os valores em US$ppc foram obtidos aplicando-se a mesma relação US$ppc/R$ verificada para o Brasil

O maior empregador, no entanto, é o setor de vestuário. Entre 1995 e 2001 o setor empregou respectivamente 8.331 e 14.575 pessoas. No total do volume de emprego regional ele passou de 11,9% para 16,7%. Também há que se destacar as atividades relacionadas com o couro, desde as primeiras etapas do processamento, fabricação de calçados ate a produção de componentes para calçados. Esse setor, no entanto, vem apresentando queda no volume de empregos. 7

Tabela 1.9 PEA, Taxas de Atividade e Desemprego, Distribuição setorial dos ocupados 2000 Distribuição dos Ocupados (%) Mesorregião PEA Ocupados Taxa de

Atividade (%)

Taxa Desem-prego (%)

Agropecuária Indústria Comer-cio

Serviços

N. Central 922.872 808.455 61,0 12,4 16,3 24,5 18,3 40,0

Metropolitana Curitiba

1.508.845 1.286.980 60,8 14,7 5,5 25,5 19,0 48,0

PARANÁ 4.651.832 4.055..739 60,0 12,8 20,1 22,3 17,1 39,1

Fonte: Dados Brutos – Censo Demográfico IBGE; Leituras Regionais, IPARDES 6 Leituras Regionais , nc. IPARDES p.77 e p. 83. 7 Leituras Regionais, nc, IPARDES p.85-87.

14

A Os setores mais tradicionais como alimentos, couro e têxteis, no entanto passam por crises de perda de dinamismo. Como já foi observado nota-se o crescimento de setores mais modernos seguindo uma tendência observada no passado na mesorregião de Curitiba. Atualmente os setores mais dinâmicos do Norte Central são aqueles vinculados aos complexos sucroalcooleiro e agroquímico.8

figura 1.9 apresenta com mais detalhes a estrutura do emprego regional. O predomínio das atividades de serviço aponta para as necessidades crescentes da qualificação da mão-de-obra.

Figura 1.9 Estrutura da Ocupação na Mesorregião Norte Central 2000

OCUPADOS POR SEÇÃO DE ATIVIDADE - MESOREGIÃO

17,30%

7,20%18,30%

4%4,60%

6,30%0,90%

4,20%

8,10%

13% 16,30%

AgropecuáriaIndustriaConstrução civilComercio e reparaçãoAlojamento e alimentaçãoTransportes, armazenagem e comunicaçãoAtividades financeiras, imobiliárias e outrasAtividades mal definidasAdministração pública, defesa e seguridade socialServiços domésticos

Apud: Leituras Regionais, IPARDES

A tabela 1.10 mostra a importância da administração pública (administração pública + ensino) e de alguns serviços na estrutura formal do emprego regional. O comércio e a administração pública são responsáveis por mais de 30% do emprego. A indústria têxtil e a de alimentos e bebidas ainda continuam importantes para o emprego regional, no entanto é revelador que as atividades mais modernas venham apresentando maior crescimento como é o caso das indústrias química, metalúrgica e mecânica. Ou seja, tal como ocorreu na metropolitana de Curitiba, há uma tendência ao crescimento de setores ligados às atividades mais modernas e dinâmicas do país.

8 OPDT-SENAI/FIEP (2005) p.72.u

15

Tabela 1.10 Evolução do Emprego formal na Mesorregião Norte Central 1996/2001

Abs % 1996 2001

Extrativa mineral 340 334 -6 -1,8 0,1 0,1 7,2Minerais não-metálicos 1805 2002 197 10,9 0,7 0,6 10,9Indústria Metalurgica 3215 5409 2194 68,2 1,2 1,6 23,0Indústria Mecânica 1645 2750 1105 67,2 0,6 0,8 13,3Material eletrico e de comunicação 2085 2157 72 3,5 0,8 0,7 20,0Material de transporte 1552 2248 696 44,8 0,8 0,7 10,6Madeira e mobiliário 10183 12368 2185 21,5 3,8 3,7 17,9Papel e gráfica 2835 3291 456 16,1 1,1 1,0 12,3Borracha, fumo e couro 3525 3982 457 13,0 1,3 1,2 30,8Indústria quimíca 3868 6861 2993 77,4 1,4 2,1 23,9Indústria textil 16455 22378 5923 36,0 6,1 6,8 43,9Indústria de calçados 509 555 46 9,0 0,2 0,2 38,8Alimentos e bebidas 23080 23259 179 0,8 8,6 7,0 26,3Serviços de utilidade pública 483 498 15 3,1 0,2 0,2 3,0Construção civil 14022 13383 -639 -4,6 5,2 4,0 21,1Comécio varegista 40179 56765 16586 41,3 15,0 17,1 21,9Comércio atacadista 9020 11280 2260 25,1 3,4 3,4 23,3Instituições financeiras 5207 5634 427 8,2 1,9 1,7 17,4Administrativo, técnico e profissional 14552 22766 8214 56,4 5,4 6,9 16,8Transporte e comunicação 12648 13554 906 7,2 4,7 4,1 14,9Alojamento e alimentação 21833 28998 7165 32,8 8,1 8,7 17,1Medicina, odontologia e veterinária 10317 12046 1729 16,8 3,9 3,6 22,3Ensino 15501 18762 3261 21,0 5,8 5,7 29,3Administração pública 34886 40339 5453 15,6 13,0 12,2 12,4Agricultura 17872 19874 2002 11,2 6,7 6,0 23,6Outros/Ignorado 278 0 -278 -100,0 0,1 0,0 0,0MESOREGIÃO NORTE-CENTRAL 267895 331493 63598 23,7 100,0 100,0 19,3

PARTICIPAÇÃO

TOTAL ESTADUAL

SETORIAL DE 2001

(%)

EMPREGO FORMAL SEGUNDO SETORES DE ATIVIDADE - MESOREGIÃO NORTE-CENTRAL DO PARANÁ 1996-2001

A indústria de transformação engloba os setores de atividade: minerais não-metálicos; indústriametalúrgica; indústria mecânica; material elétrico e de comunicação; material de transporte;madeira e mobiliário; papel e gráfica; fumo e couro; indústria qui

SETORES DE ATIVIDADE 1996 2001

Variação Distribuição (%)

Fontes: TEM/RAISNota: Dados trabalhados pelo IPARDES.

APUD – Ipardes, Leituras Regionais

16

A tabela 1.11, por sua vez retrata a perda de dinamismo que a região enfrentou na última década considerando o valor adicionado fiscal. As perdas de participação nos setores primário e de serviços foram substanciais, mas a perda no setor industrial também foi relevante. A agregação dos dados não permite maiores inferências sobre a dinâmica intersetorial na região, porém apontam para um inegável processo de perda de dinamismo.

Tabela 1.11 Participação Mesorregião Norte Central no Valor Adicionado do Paraná segundo setores econômicos 1989/2000

Setor 1989 1996 2000

Primário 23,6 18,1 15,8

Secundário 14,6 11,2 10,9

Comércio 22,0 18,4 21,2

Serviços 22,8 17,9 15,2

Fonte: Dados brutos: SEFA; Leituras Regionais, IPARDES

Tabela 1.12 Estrutura setorial das principais mesorregiões do Paraná 1997/2003 Valor Adicionado Fiscal (%)

1997 2003

Primário Secundário Terciário Total Primário Secundário Terciário Total

Norte Central 20,3 37,9 41,7 100 22,1 38,6 39,3 100

Metropolitana de Curitiba

1,7 57,4 40,9 100 1,3 66,9 31,8 100

Paraná 17,2 48,1 34,7 100 19,5 51,2 29,3 100

Fonte: Dados brutos SEFA-PR

Tabela 1. 13 Número estabelecimentos segundo o porte, Norte Central, Paraná e Brasil-2003

Norte Central Paraná Brasil

Empregados Estabelecimentos Part. (%) Estabelecimentos Part. (%)

Estabelecimentos Part. (%)

De 0 a 19 42.223 94,1 187.361 93,8 2.346.718 92,9

De 20 a 99 2.225 5 10.195 5,1 146.303 5,8

De 100 a 499 382 0,9 1.870 0,9 28.258 1,1

500 ou mais 54 0,1 338 0,2 6.006 0,2

TOTAL 44.884 100 199.764 100,0 2.527.285 100

APUD: OPDT-SENAI/FIEP (2005) Fonte:MTB-RAIS

A tabela 1.12 evidência a estrutura interna das principais mesorregiões do Paraná. Comparada com o estado como um todo o Norte Central mostra, uma vez mais a importância que o setor

17

primário tem para a sua economia. Da mesma forma a Metropolitana de Curitiba mostra a crescente importância do seu setor secundário.

A tabela 1.13 indica uma equivalência na estrutura da composição de empresas do Norte Central em relação ao Paraná e ao Brasil. Predominam as empresas na primeira faixa de tamanho segundo o número de empregados. Deixando de lado o debate sobre a definição do que é uma pequena e o que é uma empresa de porte médio, é possível considerar que há nessa estrutura uma predomínio absoluto de empresas de pequeno porte, que para facilitar a exposição serão denominadas pequenas e médias empresas.

Tabela 1.14 PIB e Exportações do setor industrial - Norte Central, Metropolitana de Curitiba, Paraná 2002

PIB Industrial (R$ milhões) (*)

Exp. Industriais (US$ milhões)

(**)

Relação PIB Industrial/Export. Industriais (***)

% Exportações Industriais PR

Norte Central 4.658 439 27,5% 10,0%

Metrop. Curitiba 14.830 2.604 51,3% 59,1%

Paraná 31.597 4.407 40,7% 100,0%

APUD: OPDT-SENAI/FIEP (2005) Fontes: IBGE/IPARDES; MDIC/SECEX (*) Valor adicionado do setor industrial segundo metodologia do IBGE (**) O valor das exportações industriais foi estimado e no caso de Curitiba refere-se ao ano de

2003. (***) Para a conversão das exportações em reais foi utilizada a taxa média anual do cambio

A maior parte dessas 44.884 empresas pertencem ao comércio varejista (28,1%) e às atividades agropecuárias (14,4%). No que se refere à natureza jurídica, 75,2% dessas empresas são Sociedades Mercantis por Quotas de Responsabilidade Limitada. Como Firmas Mercantis Individuais existem 6,7 mil empresas que representam 21,1% das firmas.9

A tabela 1.14 aponta o fato de que mais de um quarto do PIB industrial do Norte Central é exportado. Isso é pouco comparado com a metropolitana de Curitiba que exporta mais da metade do seu PIB industrial e é responsável por cerca de 60% das exportações industriais do Paraná. AS exportações industriais da região Norte Central estão concentradas nos setores de produção de alimentos (64,1%). Além desses setores também se destaca a exportação realizada pelos fabricantes de artefatos de couro (13,2%) e pelos produtores de móveis (7,6%).10

A perspectiva para o futuro da economia da mesorregião Norte Central aponta para o seguinte cenário:

• Manutenção da importância relativa das atividades vinculadas ao agronegócio;

Incorporação de alta tecnologia nas atividades vinculadas a cana-de-açúcar, soja, agropecuária;

Redução na participação daqueles setores e produtores menos capitalizados e/ou com menor poder inovativo;

• Estabilização do setor industrial produtor de bens tradicionais;

9 OPDT-SENAI/FIEP (2005) p.80/83. 10 OPDT-SENAI/FIEP (2005) p.84.

18

Dificuldades para manter a posição relativa caso não incorporem novas técnicas de produção e principalmente comercialização

• Crescimento de setores industriais modernos;

Demanda de conhecimento tecnológico e integração com cadeias produtivas de cunho nacional e internacional;

• Crescimento do setor produtor de Serviços;

Particularmente nos municípios de Londrina e Maringá os setores ligados a serviços sofisticados em especial Educação e Saúde.

Essa visão também é compartilhada por um trabalho realizado pelas entidades empresarias do estado do Paraná.11. Segundo esse estudo os setores e áreas tecnológicas mais promissoras a médio e longo prazo para a mesorregião Norte Central seriam:

• Biotecnologia aplicada ao setor agrícola e florestal;

Melhoramento genético das espécies cultivadas

Genômica

Técnicas de cultivo in vitro

• Energia

Biocombustíveis

• Produtos de consumo

Tecnologias de desenho para setores de consumo

Tecnologias de produção

• Indústria agroalimentar

Produtos processados/tecnologias de conservação e embalagem

Alimentos funcionais

• Saúde

Biotecnologia aplicada à saúde

Esse estudo também sugere que dentro desse quadro, o desenvolvimento tecnológico da região poderia concentrar-se em três áreas estratégicas: desenvolvimento da biotecnologia relacionada com as aplicações da soja e cultivos eficientemente energéticos; criação de um Centro Tecnológico para a indústria agroalimentar de âmbito estatal; modernização tecnológica da indústria de móveis e confecções.12

1.4 A Estrutura de Governo

O Estado brasileiro se divide em três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Os estados possuem bom nível de autonomia em relação ao governo federal, possuindo suas próprias Constituições. Contudo, o sistema tributário brasileiro é complexo e centralizado no nível federal de governo. Nesse sentido, há uma certa redução do poder efetivo dos estados, o que faz com que o governo

11 OPDT-SENAI/FIEP (2005) 12 OPDT-SENAI/FIEP (2005) p.19/22.

19

federal se torne mais poderoso de fato do que de direito. A independência relativa dos municípios depende muito do tamanho dos mesmos. A maioria deles possui pequeno tamanho (cerca de 70% em um universo de 5.562 municípios). Isto faz com que dependam das transferências dos níveis federal e estadual de governo. Gradativamente, os municípios vêm aprendendo a trabalhar em consórcios de municípios, sendo que alguns deles, em geral de grande porte, já apresentam capacidade de gerir instituições de ensino superior (IES).

A principal transferência federal é o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a principal transferência estadual é a cota-parte do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços, ICMS mesorregião Norte Central tem 79 municípios. A tabela 1.15 evidência que no Norte Central, como a maioria dos municípios é pequena, a dependência financeira é quase total. O pequeno percentual de recursos próprios, 3,8%, ilustra com clareza esse quadro. A dependência, no entanto, é reduzida à medida que aumenta o tamanho do município. No caso dos três municípios acima de 100 mil habitantes, entre eles Londrina e Maringá, a participação média dos recursos próprios está na ordem de 20%.

Tabela 1.15 Receitas médias segundo as principais origens dos recursos e o tamanho de municípios da mesorregião Norte Central 2002

RECEITA MÉDIA (R$) Origem dos recursos

Até 20 mil habitantes

(64 municípios)

Entre 20 e 100 mil habitantes

(12 municípios)

Acima de 100 mil habitantes

(3 municípios)

ICMS 2.251.912 39,1% 4.484.563 29,2% 30.485.232 27,1%

FPM 2.568.542 44,6% 7.449.591 48,4% 47.039.834 41,7%

Outras Receitas 942.840 16,4% 3.446.765 22,4% 35.146.949 31,2%

Recursos próprios 221.665 3,8% 1.888.885 12,3% 23.249.781 20,6%

Compensação de exportação e IPVA

151.214 2,6% 1.055.474 6,9% 11.469.100 10,2%

Mananciais e unidades de conservação

133.908 2,3% 456.927 3,0% 428.068 0,4%

Royalties da Itaipu 57.699 1,0% 17.111 0,1%

Compensação financeira recursos hídricos

378.354 6,6% 28.368 0,2%

TOTAL (*) 5.763.294 100,0% 15.380.919 100,0% 112.672.015 100,0%

APUD Leituras Regionais, IPARDES (2004) Dados brutos trabalhados. Fontes originais: STN, ANEEL, SEFA, SEMA/IAP, IBGE

Assim sendo fica claro que na atual estrutura tributária da federação brasileira a imensa maioria dos municípios não tem condições de investir no ensino superior nem tampouco em P&D. Os municípios de maior porte ainda tem recursos para alguns gastos nesse sentido. No entanto, mesmo para eles, os recursos são insuficientes e as estratégias de P&D tendem a ser estratégias de cooperação com outros níveis de governo e/ou a busca de sinergias com instituições presentes no município. Não é por acaso que os gastos nessa área são da responsabilidade do governo federal e estadual. Quando os municípios possuem algum tipo de IES essas instituições são necessariamente instituições em que os alunos devem pagar mensalidades.

20

No caso das prefeituras de Londrina e Maringá a estratégia é a da liderança na formação de parcerias tendo à frente algum órgão vinculado à administração municipal, como é o CODEL em Londrina e o CODEM em Maringá.

21

Capítulo II. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA NACIONAL DE ENSINO SUPERIOR

2.1 O Sistema Nacional de Ensino Superior: Um Breve Panorama

Após a promulgação da Constituição de 1988, iniciou-se um debate acerca da nova Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, que culminou com a aprovação, pelo Congresso Nacional em 20 de dezembro de 1996, da Lei nº 9.394/96, conhecida por “Lei Darcy Ribeiro”. Na realidade, esta lei é o principal pilar legislativo que governa a educação, principalmente a educação superior, no país, sendo ela composta pela Lei nº 9.394/96, por parte da Lei nº 4.024/61, e por um único artigo, o 16, da Lei nº 5.540/68.

As competências e as responsabilidades dos diferentes níveis de governo, ou seja, o Federal, o Estadual e o Municipal, estão definidas nos artigos 8º e 9º da nova LDB. Neste sentido, o artigo 8º determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão os seus sistemas de ensino em regime de colaboração. É importante sublinhar que cabe à União a responsabilidade de coordenar a política nacional de educação, o que inclui as tarefas de articulação dos diferentes níveis e sistemas e também do exercício das funções normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais (Art. 8º, § 1º, República, 1996).

Torna-se importante ressaltar que os assuntos educacionais são de inteira responsabilidade do Ministério da Educação (MEC), que deve, portanto, formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino e velar pelo cumprimento das leis que o regem. Cabe aqui sublinhar que o MEC, no desempenho de suas funções, conta com a colaboração do Conselho Nacional de Educação (CNE), sendo esta determinação estabelecida pelo artigo 6º, § 1º da Lei nº 4024/61 (República, 1961) e também pelo artigo 9º, § 1º da Lei nº 9394/96 (República, 1996).

O Conselho Nacional de Educação (CNE) é um órgão criado por lei, composto pelas Câmaras de Educação Básica e de Educação Superior, e que tem atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro da Educação, sendo o seu principal objetivo assegurar a participação da sociedade no aperfeiçoamento da educação nacional.

Um aspecto que se reveste de particular importância é o da autonomia dos Estados e do Distrito Federal. De fato, eles, desde que mantenham instituições de ensino superior, poderão, conforme o inciso IX do artigo 9º, “autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino” (República, 1996).

Os Estados da federação têm as seguintes atribuições:

I. organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;

II. definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;

III. elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios;

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IV. autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino;

V. baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

VI. assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio;

VII. assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual (Art. 10º, República, 1996).

De acordo com o inciso IV acima, os estados da federação podem ter autonomia para conceder autorização, reconhecimento, credenciamento, supervisão e avaliação dos cursos das instituições de educação superior e dos estabelecimentos do seu sistema de ensino. Na realidade, os incisos I, IV e V estão em harmonia com o artigo 18 da Constituição Federal, que assegura autonomia a todos os níveis de organização político-administrativa da República Federativa do Brasil.

A inovação tecnológica, questão esta que será abordada nos capítulos subseqüentes, desempenha um papel cada vez mais importante no processo de desenvolvimento regional, uma vez que as regiões tendem a criar estruturas para promover pesquisas e a inovação e, consequentemente, gerar um ambiente propício para alavancar o seu próprio desenvolvimento. Se as regiões estão tomando consciência da importância da questão da inovação, o governo federal, principalmente através do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), tem se destacado ao tentar criar no país uma cultura voltada à inovação tecnológica.

Neste sentido, o governo federal sancionou a Lei Nº 10.9731, de 2 de dezembro de 2004, conhecida como “Lei da Inovação”, que dispõe sobre os incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, tendo como principais objetivos a capacitação e a autonomia tecnológicas e o desenvolvimento industrial da nação (Art. 1o, República, 2004).

Na verdade, esta Lei mostra a necessidade do país ter dispositivos legais que sejam eficientes em fomentar o desenvolvimento científico, tecnológico e o processo inovativo. A idéia básica por trás deste raciocínio é a de fazer com que o setor produtivo nacional tenha uma inserção competitiva cada vez maior no mercado internacional. Para tanto, os bens e serviços produzidos têm que obedecer padrões internacionais de qualidade e ter um maior conteúdo tecnológico na medida em que eles terão, consequentemente, um maior valor agregado.

Três aspectos são extremamente importantes na Lei da Inovação: 1) a criação de um ambiente propício às parcerias estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e as empresas; 2) o estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; e 3) o incentivo à inovação na empresa. De fato, o conjunto de medidas proposto em forma de Lei tem por objetivo aumentar e, ao mesmo tempo, tornar mais ágil a transferência do conhecimento gerado no meio acadêmico para a sua apropriação pelo setor produtivo, o que pode estimular uma cultura de inovação e, igualmente, contribuir para o desenvolvimento industrial do país.

2.1.1 O Atual Status do Sistema Nacional de Ensino Superior

O sistema nacional de ensino superior, segundo os dados do censo da educação superior de 2003 (INEP, 2005), é composto por 1859 IES, das quais 207 são públicas e 1652 privadas (ver tabela 2.1). Dentro do universo das instituições públicas de ensino superior, a distribuição é relativamente homogênea, uma vez que as federais representam 40,1%, as estaduais 1 Esta Lei é regulamentada pelo Decreto Nº 5.563, de 11 de outubro de 2005.

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31,4% e as municipais 28,5%. É interessante notar que uma parte considerável das IES federais e estaduais é composta por universidades: 53% e 47% respectivamente. Por outro lado, as IES municipais são constituídas, em sua grande maioria, por faculdades, escolas e institutos, que representam 84,7% do total.

Em relação às IES privadas, as instituições particulares detêm 80,12% do universo total, ao passo que as instituições sem fins lucrativos (comunitárias, confessionais e filantrópicas) representam menos de 20% (ver tabela 2.1). Um aspecto importante de ser salientado aqui é a significativa representatividade dos estabelecimentos isolados (faculdades, escolas e institutos) tanto na esfera das instituições particulares, com o expressivo percentual de 82,95%, quanto na das instituições sem fins lucrativos, com 68,88%.

Quando se analisa o conjunto de distintas instituições existentes no país, pode-se verificar claramente que 163 universidades ainda são um número reduzido. As universidades, de fato, representam tão somente 8,77% do total de instituições (ver tabela 2.1). Entretanto, é exatamente nas universidades que estão concentradas uma melhor qualidade de ensino e, ao mesmo tempo, grande parte das pesquisas e dos cursos de pós-graduação, principalmente os cursos stricto sensu (mestrado, mestrado profissional e doutorado).

Tabela 2.1 – Número de IES, por Organização Acadêmica e segundo a Categoria Administrativa das IES - 2003

Instituições Categoria Adm. TG Univ. Cent.

Univ.Fac.

Integ.Facs, Escs,

Inst. CETs

BRASIL 1859 163 81 119 1403 93 Pública 207 79 3 4 82 39

Federal 83 44 1 1 6 31 Estadual 65 31 - - 26 8 Municipal 59 4 2 3 50 -

Privada 1652 84 78 115 1321 54 Particular 1302 26 47 95 1080 54 Com/Confes/Fila

nt 350 58 31 20 241 -

Fonte: Elaboração própria com dados do INEP, 2005. Obs.: TG – Total Geral; Univ. – Universidades; Cent. Univ – Centros Universitários; Facs, Escs, Inst. - Faculdades, Escolas e Institutos; CETs – Centros de Educação Tecnológica; Com/Confes/Filant. – Comunitárias/ Confessionais/ Filantrópicas.

Um aspecto importante de ser ressaltado é o crescimento significativo, tanto em termos quantitativos quanto em qualitativos, do corpo docente das IES nos últimos anos. O número de funções docentes em exercício aumentou de 204.106, em 2002 (INEP, 2003), para 254.153, em 2003, significando um acréscimo de 26.309 docentes, dos quais 4.789 ingressaram no setor público ao passo que 21.520 o fizeram no setor privado. Na realidade, este crescimento desproporcional entre os dois setores pode ser plenamente explicado pela expansão do número de IES privadas que vem ocorrendo nos últimos anos.

A qualificação do corpo docente, tanto na esfera privada quanto na publica, vem aumentando significativamente nas últimas décadas. Por exemplo, as IES tinham, em 1990, 27.753 mestres e 16.939 doutores (INEP, 1999), ao passo que elas, em 2003, já contavam com o expressivo

24

número de 89.288 mestres e 54.487 doutores (ver tabela 2.2). De fato, em treze anos a proporção de mestres e doutores nas IES mais do que triplicou.

O reflexo desse crescimento nos setores público e privado é um aspecto central. Especificamente em relação ao número de doutores no setor privado, pode-se verificar que o seu crescimento, no período de 1998 a 2003, foi da ordem de 155%, na medida em que o contingente passou de 7.529, em 1998, para 19.457 cinco anos mais tarde. Por outro lado, este crescimento no setor público, neste mesmo período, não foi tão expressivo quanto o do setor privado, uma vez que ele foi de aproximadamente 49%, ou seja, o número doutores passou de 23.550, em 1998, para 35.030 em 2003 (INEP, 1999; 2005).

Esses números acima são bastante significativos e ilustrativos. Apesar de o crescimento do número de doutores no setor privado ser expressivo, os dados mostram claramente que as IES públicas, que representam 34,9% do total das IES brasileiras, detêm 64,3% do total de doutores existentes no país (ver tabela 2.2). De fato, a concentração expressiva de doutores nas instituições públicas de ensino superior denota não só a importância como também o potencial do setor público para o desenvolvimento da pesquisa. Na realidade, o avanço da pós-graduação no país é, em grande parte, fruto das IES públicas, sendo este avanço confirmado pelo crescimento do número de cursos de pós-graduação stricto sensu. Por exemplo, o mestrado acadêmico passou de 1.298, em 1995, para 1.547 cursos em 2001, tendo um crescimento de 19,2%; enquanto o doutorado acadêmico passou de 685 para 857 cursos naquele mesmo período, representando um crescimento de 25% (INFOCAPES, 2002).

Tabela 2.2 – Número Total de Funções Docentes em Exercício por

Grau de Formação, segundo a Região da Federação

e a Categoria Administrativa das IES – 2003.

FUNÇÕES DOCENTES Região da Federação/ Categoria Adm. Total S/G G E M D

BRASIL 254.153 23 35.641 74.714 89.288 54.487 Pública 88.795 3 12.807 16.726 24.229 35.030

Federal 47.709 - 7.854 5.826 13.336 20.693 Estadual 33.580 2 4.127 7.742 8.278 13.431 Municipal 7.506 1 826 3.158 2.615 903

Privada 165.358 20 22.834 57.988 65.059 19.457 Particular 91.410 - 11.827 35.640 35.410 8.526 Com/Confes/Filant. 73.948 20 11.007 22.348 29.642 10.391

Norte 10.453 - 1.613 4.232 3.367 1.241 Nordeste 40.363 - 6.185 13.493 13.739 6.946 Sudeste 130.215 16 19.161 33.722 44.613 32.703 Sul 51.164 7 5.183 15.214 20.445 10.315 Centro-Oeste 21.958 - 3.499 8.053 7.124 3.282

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do INEP (2005). Obs.: Com/Confes/Filant - Comunitárias/Confessionais/Filantrópicas; S/G - Sem Graduação; G - Graduação; E - Especialização; M - Mestrado; D - Doutorado.

Torna-se importante salientar que a região Sudeste continua a se destacar perante as demais regiões do país. Em relação ao corpo docente das IES, pode-se verificar que aquela região,

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em 2003, tinha mais do que duas vezes e meia o número total de docentes da região Sul, que é a região que está em segundo lugar, particularmente neste quesito (ver tabela 2.2).

Quando se foca no número de doutores, a região Sudeste, dentre todas as outras, é a que apresenta o maior contingente: 32.703 doutores (ver tabela 2.2). Este número é praticamente vinte e quatro vezes maior do que o a da região Norte, que é a região mais carente de todas. O ponto central é que ainda há um desnível muito grande entre as regiões brasileiras, com considerável vantagem da região Sudeste.

2.2 – O Sistema Regional de Educação: o Caso do Paraná

A Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) é a responsável pela coordenação do ensino superior no Paraná. Neste sentido, a Coordenadoria de Ensino Superior (CES) assume um papel de destaque, uma vez que as suas atribuições, especificadas no artigo 15 do regulamento da SETI, são as seguintes:

I - a coordenação das atividades desenvolvidas na área de ensino superior, envolvendo o planejamento, a supervisão e a avaliação do sistema de ensino, no que se refere às suas atividades meio e fim, em consonância com os planos institucionais, as diretrizes emanadas do Conselho de Dirigentes de Instituições de Ensino Superior - CODINES e as políticas de ensino superior, ciência e tecnologia traçadas pelo Governo do Estado;

II - o assessoramento ao Governo do Estado, ao Conselho de Dirigentes de Instituições de Ensino Superior - CODINES e às instituições estaduais de ensino superior em matérias pertinentes ao sistema de ensino de 3º grau, propondo inclusive as reformulações julgadas necessárias ao seu gerenciamento;

III - a produção de informações estatísticas básicas e a elaboração de estudos sobre a política e a gestão de ensino superior em seus diferentes aspectos;

IV - a articulação, em nível institucional, a elaboração e a implementação de programas, visando à ação integrada do ensino superior com o de 1º e 2º graus;

V - a articulação das ações de ensino superior com a desenvolvida pela Coordenadoria de Ciência e Tecnologia;

VI - a elaboração de programas de apoio ao ensino de graduação, pós-graduação e extensão universitária;

VII - a elaboração e a implementação de programas de apoio às instituições estaduais de ensino superior voltados à qualificação de docentes, através de cursos de atualização e especialização, bem como de apoio financeiro aos referidos programas;

VIII - a promoção de eventos, visando ao intercâmbio cultural, educacional, científico e tecnológico, entre as diferentes instituições universitárias;

IX - a coordenação da elaboração do plano estadual de capacitação docente e de aperfeiçoamento dos mecanismos que embasam o plano de carreira do pessoal docente e técnico-administrativo;

X - a homologação e a aplicação de normas e diretrizes que regulamentam o ensino superior; e,

XI - o desempenho de outras atividades correlatas (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 1998: 9 e 10).

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Além da SETI, através de sua CES, um outro organismo que também cumpre um papel bastante relevante na política educacional paranaense é o Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE-PR), órgão normativo e de deliberação coletiva, previsto na Lei Federal nº 4.024/61 e criado pela Lei Estadual nº 4.978/64.

Tabela 2.3 – Número de IES por Organização Acadêmica segundo a Unidade Federação e a Categoria Administrativa das IES – 2000 e 2003

INSTITUIÇÕES 2000 2003

UF/ Categoria

Adm. TG Univ Cent Univ

FI Fac/Esc/

Inst

CETs

TG Univ CentUniv

FI Fac/Esc/

Inst

CETs

BRASIL 1180

156 50 90 865 19 1859

163 81 119 1403 93

SUL 176 36 6 8 123 3 306 37 11 12 223 23 PÚBLICA 34 13 - - 18 3 36 15 - - 16 5

Federal 10 6 - - 1 3 12 6 - - 1 5 Estadual 17 6 - - 11 - 18 6 - - 12 - Municip

al 7 1 - - 6 - 6 3 - - 3 -

PRIVADA 142 23 6 8 105 - 270 22 11 12 207 18 Particula

r 83 5 2 7 69 - 201 4 4 11 164 18

Com/Conf/Filant.

59 18 4 1 36 - 69 18 7 1 43 -

PARANÁ 87 10 2 5 69 1 151 10 4 8 124 5 PÚBLICA 23 6 - - 16 1 22 6 - - 15 1

Federal 2 1 - - - 1 2 1 - - - 1 Estadual 16 5 - - 11 - 17 5 - - 12 - Municip

al 5 - - - 5 - 3 - - - 3 -

PRIVADA 64 4 2 5 53 - 129 4 4 8 109 4 Particula

r 53 3 2 5 43 - 111 3 3 7 94 4

Com/Conf/Filant.

11 1 - - 10 - 18 1 1 1 15 -

Fonte: elaboração própria com dados do INEP (2001; 2005). Obs: TG – Total Geral; Univ – Universidades; Cent.Univ. – Centros Universitários; FI – Faculdades Integradas; Fac/Esc/Inst – Faculdades/Escolas/Institutos; CETs - Centros de Educação Tecnológica; e Com/Conf/Filant – Comunitárias/Confessionais/Filantrópicas.

Especificamente em relação ao aspecto técnico, as atribuições, segundo o artigo 17, do CEE-PR são (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 1980: 6 e 7):

a) baixar normas, emitir pareceres e deliberações sobre toda matéria que as leis, normas e atos federais e estaduais lhe dêem, explícita ou implicitamente, competência;

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b) promover e divulgar estudos sobre o Sistema Estadual de Ensino;

c) propor medidas que visem à expansão e ao aperfeiçoamento do ensino, mormente quanto à produtividade e ao rendimento, em relação aos custos;

d) deliberar e emitir pareceres sobre matéria que lhe seja submetida pelo Governador do Estado e Secretário de Estado da Educação;

e) pronunciar-se acerca dos regulamentos de ensino, em qualquer dos seus graus e modalidades pertinentes ao Sistema Estadual;

f) instituir normas destinadas à cassação de autorização para funcionamento de estabelecimentos integrados no Sistema Estadual de Ensino, bem assim promover sindicância, sempre que julgar conveniente, tendo em vista a fiel observância das disposições e normas que os regem.

O sistema estadual de ensino superior do Paraná, em 2003, era constituído por 151 IES, das quais 22 são públicas e 129 privadas (INEP, 2005). Esses números são significativos e sua importância pode ser melhor percebida quando situada dentro de um contexto mais amplo. Neste sentido, o Paraná detém praticamente 50% do total das IES da região sul do país, sendo que este percentual chega a ser ainda mais expressivo quando se trata especificamente das instituições públicas, uma vez que 61,11% delas estão situadas em território paranaense (ver tabela 2.3).

Fig. 2.1 IEES no Paraná

Fonte: SETI, 2005.

UEL UEM Sede: Londrina

Cabe aqui sublinhar que o crescimento do número de IES, no período entre 2000 e 2003, foi praticamente o mesmo tanto no Paraná quanto na região sul, ou seja, aproximadamente 74%, sendo ele superior ao do Brasil, que não atingiu o patamar de 60% (ver tabela 2.3). O principal responsável por este crescimento foi o setor privado, uma vez que o crescimento do setor público permaneceu praticamente inalterado neste período de tempo.

Um aspecto importante de ser salientado é o peso das instituições públicas estaduais no Paraná (ver Fig. 2.1). De fato, 94,44% das IES públicas estaduais da região sul estão localizadas

Sede: Maringá

UNICENTRO Sede: Guarapuava

UEPG Sede: Ponta Grossa

UNIOESTE Sede: Cascavel

Faculdades

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neste estado da federação (INEP, 2005). De fato, são 17 IEES paranaenses, que apresentam a seguinte composição: 5 universidades estaduais - UEPG, UEL, UEM, UNIOESTE e UNICENTRO -, e 12 faculdades estaduais - Jacarezinho (3); Curitiba (2); Apucarana; Bandeirantes; Campo Mourão; Cornélio Procópio; Paranaguá; Paranavaí; e União da Vitória. Estas faculdades formam a UNESPAR.

O sistema estadual de ensino superior paranaense, em 2000, tinha 14.130 docentes, o que representava 35,2% do total de docentes da região sul (INEP, 2001). Em apenas três anos, este percentual aumentou para 39,4% (INEP, 2005), sendo este crescimento um claro sinal da importância do ensino superior para o estado do Paraná.

Torna-se importante de ser sublinhado é o peso considerável que as IES públicas estaduais têm dentro do universo do sistema paranaense de ensino superior e, principalmente, das instituições públicas no Paraná. Em 2000, dos 14.130 docentes no Paraná, 7.953 (ou 39,5%) pertenciam aos quadros das instituições públicas (INEP, 2001). Já em 2003, este percentual aumentou para 41% (INEP, 2005). Além disso, 70,2% dos docentes das instituições públicas no Paraná, em 2000, eram das instituições públicas estaduais (INEP, 2001), sendo que este percentual aumentou para 73,2% em 2003 (INEP, 2005).

Em relação ao número de doutores no Paraná, é interessante observar que, em 2000, havia 2.488 deles no estado (INEP, 2001), o que significa que 35,2% do total de doutores na região sul estavam alocados em IES paranaenses. Já em 2003, este percentual aumentou para 37,6% (INEP, 2005). No âmbito do estado do Paraná, o número de doutores nas IES públicas é bem superior do que nas privadas e isso vale para os anos 2000 e 2003. De fato, 77,8% dos doutores no Paraná estavam, em 2000, nas instituições públicas (INEP, 2001), sendo que este percentual decresceu, três anos mais tarde, para 71% (INEP, 2005), o que significa que as IES privadas passaram a se preocupar em melhorar a qualificação do seu quadro de docentes.

O número de doutores nas IES públicas estaduais era, em 2000, de 1935, o que representava 61,2% do total de doutores nas IES públicas no Paraná (INEP, 2001). Este percentual, no entanto, aumentou, em 2003, para 63,9% (INEP, 2005), o que significa que há uma clara preocupação por parte das IEES paranaenses com a melhoria da qualificação profissional de seu quadro docente. Cabe aqui notar que em ambos os anos, 2000 e 2003, o número de docentes com doutorado nas IES públicas estaduais é superior ao das privadas, apesar de a expansão do ensino superior no país ter sido baseada no crescimento do setor privado.

2.3 A Região Norte do Paraná

Embora existam algumas faculdades privadas na região norte do estado do Paraná, são as duas universidades estaduais, UEL (Universidade Estadual de Londrina) e UEM (Universidade Estadual de Maringá), que exercem uma influência significativa, além de uma maior integração com a região.

A importância de ambas no contexto das instituições estaduais de ensino superior do Paraná pode ser verificada na Tabela 2.4. De fato, a UEL e a UEM, juntas, são responsáveis por 36,7% do número de cursos oferecidos na graduação; por 79,3% dos cursos de mestrado e por 100% dos cursos de doutorado existentes nas outras universidades estaduais paranaenses. Em relação ao corpo docente das IES públicas estaduais do Paraná, as duas também mostram que em seus quadros há um maior número de professores com uma melhor qualificação, uma vez que 69,1% dos docentes com doutorado e 46,5% dos que têm mestrado estão nestas duas universidades estaduais.

Conforme mencionando anteriormente, as universidades estaduais, e entre elas a UEL e a UEM, são financiadas pelo governo do Paraná, cujos recursos financeiros são direcionados

29

principalmente para o pagamento dos salários dos professores, pesquisadores e funcionários técnico-administrativos das suas universidades. Os recursos destinados à pesquisa e ao desenvolvimento, assunto este que será discutido nos capítulos subseqüentes, são obtidos através da Fundação Araucária, esporadicamente de algumas secretarias estaduais, e de outros fundos, principalmente federais. Na realidade, os recursos públicos são alcançados por meio da participação em licitações ou em editais públicos, os quais são disponibilizados pelos órgãos financiadores.

Tab. 2.4 Graduação, Pós-Graduação e Docentes nas IEES Paranaenses, UEL e UEM, 2004.

Pós-Graduação Graduação Mestrado Doutorado

Docentes Efetivos Instituição

Nº de Curso

s

Nº de mat.

Nº de Cursos

Nº de mat.

Nº de Curso

s

Nº de mat.

G E M D Total

UEL 39 13.954

24 522 10 75 73 155 575 601 1.404

UEM 42 12.576

22 833 8 298 77 72 430 622 1.201

Total das IEES-PR

255 72.255

58 1.836 18 373 342 979 2.159 1.771

5.251

Fonte: Elaboração próprias com dados do INEP, 2005. Obs: Nº de mat. – Número de matrículas; G – Graduação; E – Especialização; M –

Mestrado; D – Doutorado.

As duas universidades estaduais em foco, a UEL e a UEM, desempenham um importante papel no desenvolvimento da região norte do Paraná. As dificuldades de fazer com que as suas contribuições para o desenvolvimento regional sejam cada vez mais efetivas são significativas, variando, conforme será visto mais adiante, desde a burocracia interna até a relutância em se abrir mais para o meio externo. Entretanto, passos concretos estão sendo dados para a superação dos obstáculos, não talvez na velocidade necessária e desejada.

30

CAPITULO 3 CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA PARA A INOVAÇÃO REGIONAL

3.1 Atendimento das demandas e necessidades regionais

O Brasil, ao longo das últimas décadas, tem feito um considerável esforço para estimular a pesquisa e o desenvolvimento (P&D) no país. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o principal indutor deste processo, com suas importantes agências de fomento, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), são exemplos concretos deste esforço do governo federal. A tabela 3.1 mostra claramente que o dispêndio em P&D no país, embora longe do ideal, principalmente tendo como referência o gasto em relação ao PIB, é significativo para um país em desenvolvimento. Na verdade, os gastos nacionais, em termos absolutos, estão acima de países desenvolvidos como Israel, Espanha, Austrália e Portugal.

Tabela. 3.1 - Dispêndios nacionais em P&D de países selecionado se em relação ao PIB, em anos mais recentes disponíveis

PAÍS ANO Dispêndios em P&D (milhões de US$ correntes

de PPC*)

Dispêndios em P&D em relação ao PIB (%)

Alemanha 2003 57.065,30 2,55

Argentina 2003 1.825,70 0,41 Austrália 2002 9.165,10 1,62

Brasil 2003 13.509,20 0,95

Canadá 2003 18.709,20 1,94

China 2003 84.618,30 1,31

Cingapura 2003 2.239,00 2,13

Coréia 2003 24.379,10 2,64

Espanha 2003 11.031,60 1,1

EUA 2003 284.584,30 2,6

França 2003 37.514,10 2,19

Israel 2003 6.611,20 4,93

Itália 2003 17.698,60 1,16

Japão 2003 114.009,10 3,15

México 2001 3.623,70 0,39

Portugal 2002 1.827,10 0,94

Reino Unido 2003 33.579,10 1,89

Rússia 2003 16.926,40 1,29

Fonte: elaboração própria com dados do MCT, 2006. Obs: PPC* - Paridade do Poder de Compra.

Este esforço do governo federal tem surtido efeito na medida em que regiões e estados da federação têm procurado estruturar da melhor forma possível seus sistemas de ciência e tecnologia, sendo o Paraná um bom exemplo. Conforme a tabela 3.2, pode-se verificar claramente

31

que os gastos do governo paranaense com P&D aumentaram no período de 2000 a 2003. De fato, a elevação dos gastos em P&D no Paraná está intrinsecamente relacionada à percepção da importância de se ter um eficiente sistema estadual de C&T como alavanca para o desenvolvimento regional. Um aspecto importante a ser salientado aqui é o fato do Paraná ter seis universidades estaduais públicas, um número expressivo em termos de Brasil na medida em que São Paulo, o principal estado da federação, conta somente com três IEES públicas.

Tabela. 3.2 – Dispêndios em P&D do Governo do Paraná, 2000-2003.P&D (em mil R$ correntes) Governo

2000 2001 2002 2003

Paraná 50.865 56.963 93.383 105.153

Tesouro 23.520 24.202 54.034 57.147

Ensino Superior 27.345 32.701 39.349 48.006

Fonte: elaboração própria com dados do MCT, 2006.

Um indício da preocupação do governo paranaense com a criação de uma estrutura eficiente de C&T está retratado na tabela 3.3, que mostra a relação dos gastos dos governos estaduais em relação à sua receita total. Pode-se notar nesta tabela que os gastos do governo do Paraná no período de 2000 a 2003 são superiores não só aos da região sul, no qual ele é parte integrante, como também aos demais estados da federação. Isso significa que o Paraná foi, naquele período de tempo, o estado que proporcionalmente mais investiu em C&T.

Isso também se reflete na relação entre o PIB regional e os gastos em P&D. Em 2003 eles representavam mais de 1% do PIB do Paraná. Já os gastos realizados na mesorregião Norte Central nas universidades estaduais (UEL+UEM) equivaliam a 2,88% do PIB da região. Apenas Israel, Japão e Coréia tem uma relação mais elevada. Vide tabela 3.4 e 3.1.

Tabela 3.3 – Relação Percentual dos Dispêndios dos Governos Estaduais em C&T em Relação à Receita Total dos Estados, 2000-2003

Grandes Regiões e Unidades da Federação 2000 2001 2002 2003 TOTAL 0,86 0,91 0,79 0,77 NORTE 0,27 0,23 0,19 0,24

Acre 0,67 0,48 0,74 0,69 Amapá 0,83 0,95 0,65 0,38 Amazonas 0,29 0,17 0,04 0,27 Pará 0,24 0,19 0,19 0,2 Rondônia 0,02 0,05 0,05 0,07 Roraima 0,13 0,05 0,04 0,07 Tocantins - 0,08 0,1 0,12 NORDESTE 0,5 0,65 0,59 0,69 Alagoas O,23 0,43 0,17 0,3 Bahia 1,13 1,07 1,12 1,2 Ceará 0,19 0,26 0,39 0,54 Maranhão 0,1 0,83 0,24 0,59 Paraíba 0,33 0,26 0,3 0,33 Pernambuco 0,64 0,96 0,71 0,74

32

Piauí 0,03 0,04 0,05 0,13 Rio Grande do Norte 0,21 0,25 0,49 0,22 Sergipe 0,17 0,29 0,26 0,35 SUDESTE 1,13 1,17 1,02 0,93 Espírito Santo 0,5 0,24 0,2 0,14 Minas Gerais 0,46 0,54 0,34 0,26 Rio de Janeiro 1,18 0,78 0,72 0,56 São Paulo 1,38 1,61 1,39 1,37 SUL 0,96 1,11 1,06 0,95 Paraná 1,53 1,89 2,18 1,76 Rio Grande do Sul 0,89 0,94 0,44 0,44 Santa Catarina 0,06 0,09 0,56 0,69 CENTRO-OESTE 0,28 0,21 0,07 0,12 Distrito Federal 0,05 0,05 0,02 0,06 Goiás 0,99 0,63 0,1 0,08 Mato Grosso 0,05 0,05 0,07 0,12 Mato Grosso do Sul 0,06 0,07 0,13 0,27

Fonte: Elaboração própria com dados do MCT, 2006. Obs: não inclui estimativa de gastos com a pós-graduação.

Tabela 3.4 Gasto da Região (Uem+Uel) em P&D como Proporção do PIB Regional - 2003

Gastos P&D R$ 1.000,00 (1)

PIB R$ 1.000,00 (2)

(1)/(2)

Norte Central 4.607,5 15.974.361,00 2,88 UEL 1.636,8 UEM 2.970,7 Paraná 98.999.740,00

Fonte: Dados brutos IBGE, UEL,UEM

Uma vez visto esse quadro geral passa-se agora a analisar a situação em cada uma das duas grandes universidades estaduais, UEL e UEM, presentes na mesorregião Norte Central do Paraná.

Universidade Estadual de Londrina - UEL

A tabela 3.5 e o gráfico 3.1 mostram que embora tenha havido um substancial aumento dos recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento na UEL, a maioria desses recursos vieram de fundos externos à universidade. No período considerado a participação dos recursos próprios foi decrescente e apenas em 2004 eles retornam aos níveis do início do período. Esses recursos externos a UEL são fundamentalmente recursos públicos nacionais, com a exceção do ano de 2004 quando houve um aporte de recursos internacionais privados equivalentes a 33 % dos recursos públicos nacionais. O financiamento de P & D com recursos públicos, por sua vez, tem oscilado entre recursos do governo estadual e recursos do governo federal.

33

Tabela 3.5 Evolução do orçamento e fontes de financiamento das atividades de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) -UEL 2000-2004

Orçamento Financiamento (R$) Anos (R$) Fundos Próprios (a) Fundos Externos (b)

2000 397.864,00 137.274,00 34,5% 260.590,00 65,5%2001 1.068.919,00 286.092,00 26,8% 782.827,00 73,2%2002 2.859.678,00 383.416,00 13,4% 2.476.262,00 86,6%2003 1.636.854,00 291.213,00 17,8% 1.345.641,00 82,2%2004 2.553.342,00 801.028,00 31,4% 1.752.314,00 68,6%

Fonte: PROPLAN-UEL a) Fundos próprios são os procedentes do orçamento interno da Universidade. (b) Fundos externos são os obtidos de fontes de financiamento externas à Universidade.

Gráfico 3.1 Evolução e fontes de financiamento de P&D UEL

Grafico 3. Evolução e fontes de financiamento do orçamento de P&D - UEL 2000/2004

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

3.500.000

2000 2001 2002 2003 2004

R$ c

orre

ntes Orçamento

Rec.PrópriosRec.Externos

Tabela 3.6 Evolução e origem dos fundos externos destinados a financiar a atividade de P&D UEL

Fonte: PROPLAN-UEL

Financiamento Público

Financiamento Privado

(Milhões de R$)

(Milhões de R$)

Anos

Regional/ Estadual

Nacional Inter-nacional

Total Regional/ Estadual

Nacional Interna-cional

2000 69.949,00 121.327,00 -- 191.276,00 -- -- 69.314,00 36,6% 63,4% 100,00 2001 640.310,00 94.961,00 -- 735.271,00 -- -- 47.556,00 87,1% 12,9% 100,00 2002 2.237.776,00 202.864,00 -- 2.440.640,00 -- -- 35.622,00 91,7% 8,3% 100,00 2003 1127481 155.867,00 -- 1.283.348,00 -- -- 62.293,00 87,9% 12,1% 100,00 2004 1.058.152,00 693.586,00 -- 1.751.738,00 -- -- 576.000,00 60,4% 39,6% 100,00%

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Os números disponíveis na tabela 3.6 mostram que com exceção do ano de 2004, a UEL praticamente não teve contratos de P & D financiados por entidades do setor privado. Por outro lado o maior percentual desses recursos foi utilizado na área de Ciências Humanas e Ciências da Saúde. Este último decorrente da importância do Hospital Universitário. Como mostra a tabela 3.7.

Tabela 3.7 distribuição do orçamento de pesquisa por área do conhecimento UEL 2004

Área de Conhecimento Porcentagem (%) Ciências Humanas 27,41 C. Exatas e Naturais 21,84 C. Sociais Aplicadas 5,99 C. Tecnológicas 6,39 C. da Saúde 23,06 C. Agrárias 15,31 Total 100,00

Fonte: PROPLAN-UEL

Os principais convênios que a UEL estabeleceu com outros agentes envolveram as grandes agências de fomento do governo federal: o CNPq, a FINEP e o SEBRAE (órgão de fomento e apoio à pequena e média empresa). No âmbito estadual destaca-se a Fundação Araucária e o REPARTE. Este último é uma rede de incubadores tecnológicas do estado. Vide tabela 3.8.

Tabela 3.8 Principais convênios estabelecidos com outras instituições UEL

Denominação do Agente

Procedência do agente (regional, estadual, nacional, internacional)

Ação conjunta de P & D Ano de início da ação

CNPQ NACIONAL Convênios Realizados

2000

FINEP NACIONAL Convênios Realizados

2000

SEBRAE NACIONAL Convênios Realizados

2000

FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA

ESTADUAL Convênios Realizados

2000

REPARTE ESTADUAL PARCERIA 2000 Fonte: PROPLAN-UEL

Embora a UEL declare possuir um órgão de transferência dos resultados de pesquisa para a comunidade (OTRPC) e que essa etapa faça parte das atividades de pesquisa,ela não indicou os valores que esse órgão recebeu como orçamento nos últimos anos. Porém foi dito que em termos de relações com empresas e instituições, a maior porcentagem de tempo dedicada pelo OTRPC em seu conjunto de relações é com entidades regionais. Vide tabela 3.9.

35

Tabela 3.9 Percentual de tempo envolvido com outras instituições pelo ORTPC - UEL Nível Porcentagem (%) Regional 60 Estadual 20 Nacional 15 Internacional 5

Fonte: PROPLAN-UEL

Por outro lado, ainda que não se tenha informações precisas, a UEL informa que cerca de 32% das pesquisas realizadas na universidade visam o Estado do Paraná e/ou a região de Londrina. Esse número pode ser considerado significativo uma vez que não há nenhum incentivo aos pesquisadores que abordam temas de interesse regional/estadual

Universidade Estadual de Maringá - UEM

Embora a UEM não disponha de informações detalhadas a respeito do seu próprio orçamento, as duas tabelas (3.10 e 3.11) abaixo fornecem alguns dados a respeito do quanto à universidade despende com pesquisa. A tabela 3.10 mostra especificamente o orçamento geral da UEM e o seu dispêndio com a pesquisa, que está, neste caso, isento de outras fontes de financiamento. Neste sentido, pode-se notar que apesar do aumento do orçamento geral e da verba gasta com pesquisa no período de 2001 a 2005 ter sido praticamente duplicada, o percentual gasto com pesquisa em relação ao orçamento da universidade basicamente não se alterou, isto é, esta proporção, em 2001, era de 3,1%, ao passo que em 2005 ela passou para 3,3%. Um aspecto interessante de ser sublinhado é o fato deste percentual ter diminuído entre 2002 e 2004.

Tabela 3.10 – Evolução do Orçamento Geral e do Gasto em Pesquisa na UEM, 2001-2004

ANOS ORÇAMENTO PESQUISA 2001 110.449.421,00 3.404.399,21 2002 143.289.418,00 3.838.621,83 2003 157.874.448,00 2.970.729,23 2004 172.969.980,00 3.703.674,49 2005 194.148.429,00 6.331.798,65

Fonte: Elaborado a partir dos dados obtidos na UEM

Conforme a tabela 3.10, a UEM destina parte de seu orçamento para as atividades de pesquisa. Entretanto, esse percentual é pequeno e, ao mesmo tempo, insuficiente para realizar todas as pesquisas necessárias. Para tanto, a universidade conta com o financiamento externo, cujos dados estão disponibilizados na tabela 3.11 abaixo. O primeiro aspecto a ser ressaltado é o fato da UEM não ter financiamento internacional, seja ele privado ou público. Já o segundo aspecto centra-se na questão de que as atividades de P&D na universidade são financiadas com recursos públicos da própria região, do estado do Paraná, principalmente através da Fundação Araucária e da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF), e do governo federal, por meio de suas agências de fomento. Cabe aqui salientar que os recursos da região e do Paraná são praticamente a metade dos recursos provenientes das fontes federais (ver tabela 3.11).

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Tabela 3.11 - Evolução e Origem do Financiamento Externo para a Atividade de P&D na UEM, 2000-2004

Financiamento Público Financiamento Privado (Milhões de R$) (Milhões de R$) Regional Regional/

Anos /Estadual Nacional Internacional Estadual Nacional Internacional2000 - - - - - - 2001 - - - - - - 2002 1.243.773,54 7.533.536,25 - - - - 2003 4.700.669,27 9.488.383,12 - - - - 2004 7.096.942,33 13.220.991,98 - - - -

Fonte: Elaborado a partir dos dados obtidos na UEM.

As atividades de pesquisa nas instituições de ensino superior na sub-região de Maringá são realizadas tão somente pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), uma universidade pública estadual que tem não só uma infra-estrutura física como também recursos humanos bem superiores aos das instituições privadas de ensino superior da sua região. As IES privadas, na realidade, concentram o foco de seu interesse na oferta de cursos de graduação, de especialização e de ensino à distância, os quais propiciam o retorno de seus investimentos no curto-prazo, sendo este o caso do CESUMAR, que é a maior e mais importante instituição de ensino superior privada de Maringá. Os investimentos em P&D demandam tempo e pesados investimentos, aspectos estes conflitantes, na maioria dos casos, com o pouco tempo de existências das IES privadas. Este é o caso da própria CESUMAR, que tem somente dezesseis anos de existência.

Embora a UEM não tenha dados a respeito da parcela do seu orçamento destinada a cada uma das áreas científicas, o que indica uma certa fragilidade da instituição em termos gerenciais, as informações obtidas com as autoridades universitárias apontam que cerca de 40% das pesquisas realizadas pelos pesquisadores da UEM são de interesse estadual e regional. A explicação básica para este percentual reside nas linhas de fomento à pesquisa priorizadas pelo governo do Paraná, através da Fundação Araucária e da UGF (Unidade Gestora do Fundo Paraná), ambas subordinadas à SETI (Secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), que financiam pesquisas em determinadas áreas específicas, tais como: agricultura e agropecuária, agricultura familiar, cooperativismo, arranjos produtivos locais, saúde pública e desenvolvimento genético de plantas e animais.

Não é certamente uma tarefa fácil determinar em que medida as pesquisas realizadas pela UEM atendem às exigências socioeconômicas da região. Apesar da falta de dados disponíveis a respeito, as informações obtidas mostram que existe um esforço significativo para que a universidade possa dar respostas às necessidades regionais, sendo as áreas de pesquisa acima mencionadas um bom exemplo disso na medida em que elas estão identificadas com as demandas locais e regionais. Além desse aspecto, um outro elucidativo é o da área geográfica em que as entidades contratam a UEM para desenvolver projetos de P&D. Neste sentido, a tabela 3.12 mostra claramente que a UEM tem uma significativa sinergia com os agentes regionais e locais.

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Tabela 3.12 – Número de Projetos em P&D contratados pelas Entidades Públicas e Privadas, 2000-2004.

Empresas e Entidades Privadas

Entidades Públicas

Anos Regional/ Estadual Nacional Internacional

Regional/Estadual Nacional Internacional

2000 80 18 - 178 - 2001 204 - - 33 37 - 2002 12 - - 10 6 - 2003 85 - - 21 20 - 2004 69 - - 37 22 -

Fonte: elaborado a partir de informações obtidas na UEM.

Os números da tabela acima mostram, de fato, que a UEM tem preocupação em atender as necessidades regionais. Entretanto, convém salientar que os próprios dirigentes desta universidade reconhecem que, em geral, os projetos de pesquisas desenvolvidos na UEM só levam em consideração as demandas regionais na medida em que isto é objeto de exigência das agências de fomento e /ou da instituição universitária. Uma outra importante questão a ser sublinhada é o fato de que não há incentivos institucionais para que os seus professores e pesquisadores trabalhem em temas de interesse da região.

3.2 Condições estruturais para a promoção de pesquisa e inovação

No Brasil, existem, em geral, duas estruturas para a promoção da pesquisa e da inovação: uma de âmbito nacional, em que o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), através de suas agências de fomento, o CNPq e a FINEP, desempenha um papel fundamental; e as de âmbito estadual, sendo, de um modo geral, as secretárias estaduais de ciência e tecnologia as principais responsáveis pela elaboração e implementação de políticas de C&T.

Na esfera federal, o MCT tem desempenhado um papel de extrema relevância na condução da política de C&T no país. As áreas prioritárias são estabelecidas e os recursos financeiros liberados para atender aos objetivos fixados. O procedimento usual do MCT é o de lançar editais públicos, que contêm todas as informações necessárias para se concorrer aos fundos disponibilizados, para as áreas consideradas preferenciais de modo a receber as propostas de pesquisa, as quais são selecionadas de acordo com a pertinência e a relevância científica. Embora estas pesquisas estejam na maioria das vezes, relacionadas a temas específicos de interesse nacional, há casos em que há convergência de interesses, isto é, o tema nacional também é relevante para uma região específica.

Em relação ao Paraná, a SETI é o órgão responsável pela concepção e condução da política de C&T no estado e que para alcançar os seus objetivos específicos se utiliza de duas agências de fomento: a Fundação Araucária e a UGF. A SETI, ao estabelecer a política de C&T, determina as áreas prioritárias para o Paraná, cabendo às agências de fomento dar o suporte financeiro necessário aos projetos considerados essenciais para o desenvolvimento regional. Neste sentido, as áreas de interesse governamental, as regras a serem obedecidas e os valores pertinentes a cada uma das áreas de pesquisa são explicitados em editais públicos, que são confeccionados e disponibilizados aos pesquisadores de todas as instituições sediadas no Paraná. As propostas de pesquisa apresentadas são selecionadas pelos comitês científicos das agências de fomento de acordo com critérios científicos estabelecidos nos editais públicos.

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É dentro deste contexto que os pesquisadores das IES da região norte do Paraná (e das demais IES do estado) realizam as suas pesquisas e, ao mesmo tempo, estabelecem o grau de relacionamento com o ambiente que as cerca. No tocante a esta questão, dois instrumentos conhecidos, a colaboração universidade-empresa e a produção de patentes, não são explorados ou o são numa escala bastante reduzida. No primeiro caso, não existe de fato nenhum tipo de programa específico que propicie uma troca de experiências de pesquisadores das IES com as empresas.

Universidade Estadual de Londrina - UEL

A maneira pela qual as universidades lidam com o problema das patentes é ilustrativo do incentivo que é dado internamente à criatividade dos grupos de pesquisa. No caso da UEL a resolução de número 1312/88 estabelece as regras e o tratamento dado à propriedade intelectual na instituição. O artigo 2° da resolução coloca os benefícios financeiros destinados da seguinte forma: 33% aos autores, 14% à Administração Central da UEL, 20% ao fundo de apoio ao ensino pesquisa e extensão, 33% aos Departamentos ou Unidades aos quais pertencem os autores. Tabela 3.13.

Tabela 3.13 Distribuição percentual de recursos oriundos de patentes na U.E.Londrina

Autores 33,0 Administração central da UEL 14,0 Fundo de apoio ensino, pesquisa e extensão 20,0 Departamento/unidade dos autores 33,0 Total 100,0

Fonte. Resolução 1312/88 UEL

Por outro lado, desde 2003 há uma resolução adicional e complementar à 1312/88 que regulamenta a propriedade intelectual (compreende as patentes de invenção e modelo de utilidade, registros de desenho industrial, marcas, direito autoral, etc.) na UEL (CA No. 251/2003). Ela determina a participação de docentes, servidores técnico-administrativos e alunos no resultado financeiro da exploração dos direitos. A titularidade dos direitos de propriedade intelectual resultantes de projetos ou atividades desenvolvidas durante o exercício das atividades funcionais ou com recursos, dados, meios, informações, materiais, instalações ou equipamentos da instituição, pertence à Universidade, conservando-se a condição de autor da obra, inventor ou melhorista. Essa titularidade, por sua vez, pode ser compartilhada com outras instituições, mediante formalização de instrumento jurídico.

Além dessas resoluções com as regras básicas para a atribuição da propriedade intelectual na UEL, existe também um órgão encarregado dessa área. O Escritório de Proteção ao Conhecimento da UEL foi criado em 1997 e desde 2000 conta com recursos do CNPQ/FINEP desde 2002 através do Edital TIB para o seu funcionamento. Tem como objetivos:

• -Sensibilizar acerca da importância e necessidade da proteção intelectual;

• -Prestar orientação quanto às formas e procedimentos de proteção das obras intelectuais;

• -Fornecer informações tecnológicas e incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias e;

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• -Estimular e promover a aplicação da capacidade existente na UEL para interação com a sociedade.

O público alvo é a Comunidade da UEL, docentes, discentes e servidores técnico-administrativos . Atualmente o Escritório de Proteção ao Conhecimento conta com 4 integrantes em sua equipe: 1 coordenador, 2 técnicos e 1 secretária.

Do quadro acima esboçado fica claro que a produção intelectual na UEL está mais vinculada à instituição do que aos seus autores no que se refere aos benefícios financeiros dessa produção. Por outro lado, o apoio às salvaguardas dessa produção parece ser insuficiente (o órgão encarregado conta com apenas 4 funcionários).

Por outro lado os incentivos e as barreiras às relações entre a Universidade de Londrina e as Empresas são vistas de forma diferente segundo os atores regionais. A UEL considera como incentivo a sua própria infra-estrutura disponibilizada para a P&D (pesquisadores, laboratórios, recursos de informação, etc.), aliada ao respeito e notoriedade que possui junto à população da região de Londrina. Enquanto barreira, a própria UEL coloca as suas deficiências organizacionais, como por exemplo, a precariedade que a Divisão de Informação e Transferência de Tecnologia (DITT), responsável pela interação com as empresas, desenvolve suas atividades, sem recursos humanos suficientes e sem recursos financeiros que possam viabilizá-la de fato, apesar dos esforços envidados pela administração da UEL.

Além das barreiras administrativas e organizacionais, existem aquelas da cultura dentro da instituição. Por exemplo, para a maioria dos pesquisadores e servidores técnico-administrativos, o conhecimento produzido deve ser disseminado em qualquer circunstância, mesmo quando a pesquisa resulta em um desenvolvimento tecnológico. Não se compreende que esse conhecimento tem um valor que pode e deve ser apropriado pela universidade ou por quem o financia. Uma outra barreira cultural é a relação entre pesquisadores e empresários, que não é vista como o desenvolvimento de um negócio. Ela é tratada no mesmo nível com que realizam uma parceria com departamentos distintos da própria UEL. Isto aliás decorre do que foi apontado anteriormente como uma barreira cultual. Além disso, reconhece-se que a própria legislação existente é quase sempre empregada para facilitar os trâmites burocráticos das pesquisas dentro da universidade e fora dela, ou seja, nos objetivos meios e não nos fins.

Quando se fala com os empresários as respostas são um pouco conflitantes com a auto-imagem que a UEL tem de si. Para todos eles a universidade é uma grande parceira e desfruta de grande prestígio. No entanto, quando questionados sobre as atividades que desenvolveram em conjunto, das experiências concretas que tiveram em tramites com a UEL, a maioria diz que nunca teve essa experiência e não sabe como faria para obter uma cooperação ou realizar um trabalho conjunto. O questionamento geral que decorre dessas respostas é qual é de fato a importância dessa apregoada parceria para os empresários!

Já com aqueles poucos que vivenciaram essas experiências as reclamações estão mais próximas da auto-avaliação que a UEL faz das suas barreiras culturais: dificuldades operacionais já nos primeiros contactos (com quem conversar) a enorme burocracia na elaboração de contratos; o não cumprimento de prazos, etc.

A Universidade de Londrina tem alguns programas cujo objetivo é a cooperação com empresas. Cada um tem características próprias, no entanto, um ponto em comum entre eles parece ser a pouca disponibilidade de recursos.

Um dos programas mais importantes é o INTUEL, Incubadora internacional de empresas de base tecnológica da UEL. Esse programa recebe da universidade a disponibilização de espaço físico, rede elétrica, telefone, Internet, água, segurança, recursos para organização e

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realização de eventos; colaboração e orientação de professores. Está gradativamente centralizando outros programas existentes na UEL

Outro programa é a existência de Empresas Juniores. É um programa destinado aos alunos da universidade. Ele também recebe a disponibilização de espaço físico, rede elétrica, telefone, Internet, água, segurança, recursos para organização e realização de eventos; colaboração e orientação de professores da instituição aos alunos das Empresas Juniores.

A DITT, Divisão de Informação e Transferência de Tecnologia, oferece para a comunidade empresarial o serviço de informação “DisqueTec”. O “DisqueTec” fornece respostas técnicas (soluções de problemas tecnológicos) a pequenas e microempresas, ou potenciais empresários. Essa atividade utiliza os ativos da UEL especialmente os pesquisadores de diferentes áreas e os recursos de informação, como o Portal de Periódicos da CAPES. Esse serviço aproxima o empresário da UEL e gera outras demandas. As tentativas de acessar essa divisão foram infrutíferas. Não há nenhuma indicação da sua existência no site principal da UEL e nenhum empresário entrevistado referiu-se a ele

ITEDES, Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento Social, é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos e declarada de utilidade publica com sede na UEL.Entre os seus objetivos está integrar os vários departamentos da UEL, integrar a própria UEL com outras IES e institutos de pesquisa bem como integrá-la com a comunidade.

FAUEL.Fundação da universidade estadual de Londrina. O seu papel é auxiliar a UEL no tramite de processos e parcerias com outras instituições e atores. Sendo fundação possibilita maior agilidade legal e administrativa nos contratos. No entanto, ainda que seja mais flexível que a estrutura das universidades essas fundações ainda assim enfrentam problemas com o aparato burocrático.

Por outro lado, não existe nenhum programa concreto de intercambio entre professores e pesquisadores da UEL e as empresas dos diferentes setores econômicos. A UEL não mantém nenhum programa do gênero.

Universidade Estadual de Maringá - UEM

Já no que tange as patentes, a UEM criou um comitê específico para acompanhar as solicitações de registros de propriedade intelectual, tanto patentes quanto marcas. Em 1998, o patenteamento de invenção foi regulamento através da Resolução no 264/98 do Conselho de Administração (CAD) da UEM. Esta resolução prevê forma de registro de propriedade intelectual, valores percentuais dos resultados das patentes, entre outros. Neste sentido, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) instituiu, por meio da Portaria no 007/99, uma Comissão Permanente, denominada de COPATEN (Comissão Permanente de Assessoramento ao Desenvolvimento de Inventos), composta por um representante de cada Centro, o qual fica sendo responsável por três tarefas: 1) transmitir ao meio universitário todas as informações acerca da propriedade industrial; 2) executar todos os procedimentos necessários para o depósito de uma patente junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial); e 3) acompanhar o processo até a obtenção do registro final. A finalidade desta comissão é coordenar os procedimentos relativos aos pedidos de patente, de modelo de utilidade e de concessão de registro industrial que sejam desenvolvidos pelos professores da UEM.

No período de 1998 a maio de 2006, foram depositadas por pesquisadores da UEM um total de 26 patentes. Conforme a tabela 3.14, os registros de patentes sofreram um aumento significativo a partir de 2004, o que parece indicar que há uma certa “conscientização” por parte dos pesquisadores em relação à importância e necessidade de proteção intelectual, além do fato da

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universidade estar supostamente melhorando os seus canais de informação e o incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias.

Tabela. 3.14- Nº. de Patentes na UEM, 1998-2006

ANO Nº. de PATENTES 1998 1 1999 1 2000 3 2001 - 2002 2 2003 1 2004 5 2005 10 2006 (até maio) 3 TOTAL 26

Fonte: Elaborado com dados da UEM.

Torna-se importante ressaltar alguns aspectos importantes no que se refere a colaboração entre universidades e empresas. As informações obtidas na pesquisa revelam que o intercâmbio é positivo e desejado por ambos os lados. Do ponto de vista da universidade, a obtenção de recursos extras para financiar novas pesquisas, a incorporação de alunos da graduação estimula o aprendizado prático e possibilita a sua inserção no mercado de trabalho, a complementaridade salarial para os pesquisadores, a potencialização de novas cooperações e o aumento do conhecimento prático das tecnologias utilizadas no setor produtivo são os pontos mais destacados.

O relacionamento entre universidades e empresas sempre envolve problemas e as informações obtidas na pesquisa confirmam a existência de vários obstáculos que dificultam um maior grau de colaboração entre as IES da região e o setor produtivo. Dentre os principais obstáculos, pode-se destacar os seguintes:

as diferentes “percepções de mundo” dos dois tipos de instituição no que tange a realização de projetos de P&D, uma vez que a concepção de tempo e de custos é bastante distinta em ambas. Além disso, há por parte das empresas uma noção ainda muito forte de que as pesquisas empreendidas nas universidades só têm serventia ao “mundo” acadêmico e, portanto, impraticáveis no “mundo” real em que a praticidade é condição essencial;

a pouca valorização dada pelas empresas ao trabalho empreendido pelos pesquisadores. Este obstáculo está associado ao fato de que as pequenas e médias empresas (grande maioria) na região têm um orçamento muito pouco flexível para arcar com os custos de uma despesa onerosa, como é o caso da pesquisa;

os impedimentos legais dentro das universidades para que pesquisadores de dedicação exclusiva ultrapassem determinado patamar de ganho (lei estadual no 11.500). Há uma percepção por parte dos pesquisadores da UEM de que o espírito empreendedor antes da legislação era bem maior;

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a excessiva burocracia das universidades que acaba por tornar muito moroso o percurso que vai da aprovação à execução do projeto de P&D;

a comunicação da IES da região com o mundo exterior é deficiente na medida em que as informações a respeito não só do potencial existente, como também das atividades desenvolvidas dentro dos portões das universidades, não chegam à sociedade. Uma tentativa de melhorar o canal de comunicação com a sociedade foi a elaboração, por parte da UEM, do seu Guia de Fontes, que explicita as suas competências, serviços e consultorias.

3.3 Instrumentos para facilitar o aproveitamento e a transferência de conhecimento

Universidade Estadual de Londrina - UEL

Embora haja o interesse da UEL na promoção de transferência tecnológica e na comercialização do conhecimento com os agentes socioeconômicos, a UEL praticamente não possui nenhum instrumento para concretizar essa transferência. O único instrumento declarado pela universidade é a incubadora de empresas, INTUEL. Assim mesmo essa incubadora que iniciou com 17 empresas, abrigava apenas 4 em 2004. Tabela 3.15.

O mecanismo mais flexível à disposição da UEL é a FAUEL, a fundação associada à universidade. Também não existe parque científico ou tecnológico na universidade.

Tabela 3.15 Instrumentos de promoção de transferência tecnológica UEL-2000/2004 Instrumentos – Atividade Total 2000 2001 2002 2003 2004 Contratos de P & D Apoio tecnológico e consultoria Licença de patentes Criação de empresas* 17 04 05 04 Contratos de formação para atividades com pouca demanda

*Empresas incubadas na INTUEL – Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL. Fonte: Proplan-UEL

Não existe na UEL uma oferta estruturada de tecnologia. Para a promoção de sua oferta tecnológica a UEL utiliza o seu site (http://www.uel.br) e editais publicados nos jornais de circulação local e nacional e, quando a legislação assim o exige, o Diário Oficial da União. No entanto, quando se realiza uma consulta a esse site a única informação encontrada sobre o assunto é o link com a INTUEL. O restante do site trata fundamentalmente de questões internas da universidade.

A INTUEL foi criada com o apoio e cooperação de diversas instituições e empresa privada. Por outro lado a cooperação com outros atores tem sido fundamentalmente com órgãos governamentais de fomento. Entre eles podemos citar:

CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – Órgão que proporciona aos empreendedores e centros tecnológicos o desenvolvimento de projetos a través da concessão de bolsas de fomento e subsídio de bolsistas para realização dos projetos aprovados.

SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio Empresarial- Parceiro com visão empresarial, por sua experiência com o mercado principalmente no que se refere as micro e

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pequenas empresas bem como à realidade futuro das empresas nascentes. Tem lançado editais e aprovados projetos importantes como por exemplo o prometo que visa alavancagem comercial e expansão de negócios e aproximação dos stakeholders interessados em adquirir os produtos inovadores ofertados pela empresas componentes do habitat da Incubadora Internacional de Base Tecnológica da UEL.

FINEP, Financiadora Nacional de Projetos - Parceiro governamental (federal) que tem desempenhado um importante papel lançando editais voltados a inovação e tecnológica tanto nas áreas médica, biológica, energética como também diretamente ligado a desenvolvimento da área de TI envolvendo a produção de games e desenvolvimento de software.

FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA – Parceiro governamental (estadual)que tem demonstrado interesses diversos a través de sues editais e tem contribuído diretamente com a disseminação e conscientização empreendedora e visão de inovação tecnológica participando com recursos destinados a movimentos de incubadoras e parques tecnológicos a través de investimento de recursos não reembolsáveis junto a esta instituição para realização de eventos e workshops de empreendedorismo servindo de forma nacional a rede incubadoras e parques tecnológicos.

DEPUTADO Luiz Carlos Hauli – como representante da governança municipal e estadual tem demonstrado a importância desta parceria lutando por ações junto ao governo federal aproximando esta interlação entre governo e instituições tecnológica e acadêmica como a INTUEL e a UEL. Estando presente em eventos que promovem a visão empreendedora e tecnológica e também contribuindo junto as instituições citadas com a liberação de recursos não reembolsáveis que tem sido utilizados para o desenvolvimento destas instituições no que engloba empreendedores, pesquisadores, professores, colaboradores e a sociedade ligada a Incubadora e à Universidade.

REPARTE – Rede Paranenese de Incubadoras e Parques Tecnológicos. Rede civil, com apoio do Governo do Estado, cujo objetivo é coletar e difundir as experiências existentes no Paraná, fornecendo oportunidades de novos conhecimentos, treinamentos, troca de experiências com as demais incubadoras e parques tecnológico. Tem contribuído também com a transferência de conhecimento e ampliação da visão empreendedora.

A rigor não existe um mecanismo eficiente na região possibilitando às universidades da área difundir os resultados das suas pesquisas e/ou as suas competências e potencialidades. O cidadão que se fizer a pergunta como a universidade x pode me ajudar na solução do problema e, terá grandes dificuldades para encontrar alguma resposta.

Existe na cidade de Londrina com forte influencia para a geração de tecnologia e indução de inovações nas atividades econômicas da região, dois grandes institutos de pesquisa na área do agronegócio: o IAPAR e a EMBRAPA/SOJA.1

O IAPAR, Instituto Agronômico do Paraná, instituição do governo estadual, está vinculado à secretária da Agricultura e Abastecimento do estado do Paraná. Essa instituição coordena toda a pesquisa agropecuária desenvolvida no âmbito da Secretária. Conta com cerca de 145 técnicos de nível superior sendo que mais de 80% deles são mestres e doutores.

A EMBRAPA//SOJA é a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, instituição do governo federal, dedicada à pesquisa da soja. Tem cerca de 70 pesquisadores e todos com formação de mestrado e doutorado.

Essas duas instituições são sempre apontadas como exemplos de atuação junto ao setor produtivo e pela importância dos seus vários laboratórios na prestação de serviços à comunidade. Essas entidades, pela sua própria natureza, são apontadas com mais visibilidade pelos

1 ADETEC,

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empresários e embora se saiba que há certa interação entre elas e a UEL isso não ficou bem esclarecido ao longo do trabalho.

Universidade Estadual de Maringá - UEM

A UEM tem feito esforços significativos ao longo dos últimos anos para melhorar o seu canal de comunicação com a sociedade. Embora existam, conforme mencionado acima, diversos obstáculos dificultando um melhor relacionamento da universidade com as empresas, é fato também, e isto merece ser salientado, que a própria instituição está ciente destas barreiras e, ao mesmo tempo, tem agido de forma a superar os entraves existentes.

Um mecanismo de interface que facilita a transferência e a exploração do conhecimento existente na UEM é a existência de um órgão de transferência dos resultados da pesquisa para a comunidade (OTRPC), denominado de Escritório de Negócios, que foi recentemente criado. Apesar da falta de dados relacionada ao recém-criado Escritório de Negócios, a questão fundamental é que a sua criação é, na verdade, uma resposta à necessidade da UEM ter um contato mais intenso com o seu meio externo.

Além deste mecanismo, a UEM também desenvolveu um outro mecanismo de interface que é a incubadora tecnológica. A idéia básica é a de desenvolver novas facilidades com o objetivo de fornecer melhores serviços. A incubadora tecnológica de Maringá tem duas modalidades: Pré-incubação e incubação. A primeira modalidade é destinada ao apoio dos empreendedores para a viabilização de novos negócios, tendo esta fase a duração máxima de 24 meses em que as empresas se instalam num espaço físico compartilhado e utilizam os serviços disponíveis pagando taxas módicas. Já a segunda modalidade (Incubação) tem por finalidade o suporte necessário para a geração e o desenvolvimento de processos, bens ou serviços de base tecnológica, recebendo os empreendedores toda a assessoria em termos de marketing, vendas, consultorias e treinamentos possível para que depois de 24 meses de incubação as empresas possam atuar no mercado com total independência.

Atualmente a incubadora tecnológica da UEM conta com uma empresa em fase de pré-incubação, dez incubadas e nove que atingiram a fase de “graduação”, ou seja, saíram da fase de incubação por terem conseguido atingir uma condição suficiente para entrar no mercado e atuar com desenvoltura e independência.

Um outro mecanismo existente é o Instituto Tecnópole de Maringá (ITM), que está em fase final de implantação e que foi criado por 12 entidades, além da UEM e da Prefeitura de Maringá, com o objetivo de implantar e promover o desenvolvimento do Tecnoparq (Parque Tecnológico de Maringá). Na realidade, o Tecnoparq abrange as áreas de biotecnologia, química fina, tecnologia da informação e agroindústria, e sua infra-estrutura (área para a instalação de empresas, incubação, laboratórios, etc.) foi construída com a finalidade de ser capaz de atrair empresas de base tecnológica para o município de Maringá. Um aspecto importante é o fato da UEM não só ter participado da criação do ITM, como também terá espaço físico no Tecnoparq.

3.4 Conclusão

Universidade Estadual de Londrina – UEL

Embora o discurso seja o da colaboração e da parceria da UEL com outros órgãos e atores regionais visando a contribuição da pesquisa à inovação regional, a realidade mostra que existem sérias barreiras a essa colaboração. Não obstante tais problemas podem ser encontrados exemplos de tentativas de superá-los como é o caso da aproximação com o IAPAR (Instituto

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Agropecuário do Paraná) que tem a intenção de uma parceria para futuros projetos de apoio a Inovação; o projeto Londrina Tecnópolis, que tem como foco o “Parque Tecnológico Francisco Sciarra”, é uma parceria entre a UEL, a Prefeitura do Município de Londrina e outras entidades.

Na avaliação da própria UEL as suas potencialidades e deficiências relacionadas com a contribuição da investigação para a inovação regional e estadual são as seguintes:

• Pontos fortes/Oportunidades:

o Maior universidade da região norte do Estado do Paraná; o Credibilidade em ensino, pesquisa e extensão em toda a região; o Considerada um potencial econômico e social para a região de Londrina; o Desenvolvimento de pesquisas reconhecidas nacionalmente; o Qualificação dos pesquisadores; o Grupos de pesquisa cadastrados no CNPq em várias áreas; o Recursos de informação disponíveis na Universidade (biblioteca, biblioteca

digital) e disponíveis para acesso (bancos e bases de dados nacionais e internacionais, portal de periódicos da CAPES);

• Pontos Fracos/Ameaças

o Recursos insuficientes para a pesquisa e inovação; o Falta de interação com empresas; o Cultura predominantemente voltada para a comunicação científica; o Falta de interesse dos pesquisadores de informar-se sobre a legislação de

inovação e propriedade intelectual; o A proximidade do pesquisador com a iniciativa privada está alicerçada na

troca de favores. O segundo workshop realizado com a participação de membros da UEL e da

comunidade de usuários apontou para os seguintes pontos a serem considerados sobre a contribuição das atividades de pesquisa na UEL para a inovação regional:

Pontos fortes

• Diversidade de cursos • Centro de inovações (INTUEL e outros) • Elevado número de pesquisas • Centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias • Instituição consolidada, recursos humanos e infra-estrutura • Desenvolvimento de metodologias próprias para o desenvolvimento

regional

Pontos fracos

• Produção cientifica “engavetada” • Falta de cultura de inovação • Infra-estrutura sucateada • Estrutura não preparada para se relacionar (financeiramente ?) com a

iniciativa privada • Inexistência de cursos para atender demanda de mercado (gestão publica,

engenharia química, engenharia mecânica, engenharia de alimentos,...)

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• Baixa interação com o setor produtivo • Estrutura pesada e corporativa • Falta de interação entre as universidades publicas e privadas • Pouca interação da pós-graduação (pesquisa) com outras instituições de

P&D regionais

Oportunidades

• Universidade transformadora da realidade regional • Lei de inovação • Federal • Lei estadual de inovação sendo discutida • Criação de softwares livres • Necessidade do mercado a busca de inovação • Resgate do papel da universidade publica em prol da comunidade • Participar de maneira pro-ativa no projeto Arco norte • Participação da UEL nos movimentos de integração regional (Fórum

desenvolvimento + Terra Roxa) • Ampliar o relacionamento da UEL com o setor produtivo • Autonomia

Ameaças

• Outras instituições publicas e privadas ocupando os espaços da UEL • Dependência de recursos públicos • Perda de recursos humanos para outros centros • Duplicidade de pesquisa

Não há grandes discrepâncias entre a avaliação exclusiva da UEL e a oriunda do workshop com os usuários. Tanto uma como outra vê no numero e qualificação dos pesquisadores um grande potencial. Por outro lado também coincidem na observação que há dificuldades na cooperação com a comunidade em decorrência de burocracia e da cultura institucional. Por outro lado percebe-se nas respostas sobre o que é considerado ameaça o desperta de uma consciência de que se a universidade não cumprir a contento o que se espera dela outras instituições ocuparão o seu lugar.

Universidade Estadual de Maringá – UEM

Pontos Fortes

A UEM tem se fortalecido ao longo dos últimos anos. Ela tem um corpo de professores bem qualificado, os quais tem produzido pesquisa aplicada e básica, tendo esta, em determinadas áreas do conhecimento, reconhecimento nacional e internacional.

A UEM tem prestado serviços de consultoria e tem atuado com muito mais intensidade na sua região.

A UEM, ciente de suas dificuldades no relacionamento com as empresas, está tentando superar os obstáculos existentes, melhorando os canais existentes com o meio exterior.

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A UEM tem estado envolvida nas questões locais e regionais (de sua área de influência).

Pontos Fracos

Os mecanismos de transferência dos resultados da pesquisa ainda são muito incipientes.

A legislação estadual paranaense direcionada para as universidades públicas limita bastante as iniciativas dos seus pesquisadores, que não se sentem estimulados para estabelecer parcerias com a iniciativa privada.

É necessário um modelo e uma estrutura própria para incentivar e facilitar a colaboração entre a UEM e as empresas.

A colaboração com as empresas está, na maioria dos casos, restrita ao fornecimento dos serviços.

Oportunidades

Uma maior integração com o meio externo pode gerar novas possibilidades de pesquisas, além de se estar atendendo, cada vez mais, às demandas regionais.

A política de C&T implementada pela SETI pode estimular a UEM a ter um maior número de projetos de P&D, ampliar a sua colaboração com o setor produtivo e, consequentemente, tornar claro para todos que a atividade de P&D é um atributo essencial da universidade.

Ameaças

A existência de um descompasso entre a necessidade de uma produção científica cada vez mais elevada, o que é uma exigência do próprio Ministério da Educação (MEC) através da CAPES (Coordenação para o Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior), a sua agência de fomento que regula toda a pós-graduação no país, e as demandas regionais, uma vez que nem sempre é possível conciliar produção acadêmica com o atendimento de uma demanda específica.

Os preconceitos de ambos os lados, da universidade em relação ao setor produtivo e vice-versa, podem se constituir, caso nada seja feito para combatê-los, num verdadeiro obstáculo para uma integração da UEM com o meio externo.

A incerteza de futuros financiamentos pode interromper ou atrasar os esforços feitos para a melhoria da infra-estrutura científica e do número de projetos de P&D, sendo que a maior parte atende à demanda regional.

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