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Page 1: RELATÓRIO DE AUDITORIA INTERNA LAVAGEM DE MÃOS · eficácia da lavagem das mãos por parte dos profissionais de saúde com dois objectivos primordiais: a) Sensibilizar os profissionais

RELATÓRIO DE AUDITORIA INTERNA LAVAGEM DE MÃOS Hospital de São Gonçalo – EPE

CCI, Setembro/07

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Comissão de Controlo de Infecção – HSG - EPE

Setembro/2007 1

1- Introdução Na sequencia do surto de organismos multi-resistentes que surgiu no Hospital de São Gonçalo – EPE, nos meses de Junho e Julho de 2007, a CCI entendeu ser necessário proceder a uma avaliação da eficácia da lavagem das mãos por parte dos profissionais de saúde com dois objectivos primordiais: a) Sensibilizar os profissionais para a eficácia da lavagem das mãos b) Rastrear as mãos dos profissionais com o objectivo de detectar portadores de microrganismos problemáticos É importante referir que a lavagem das mãos é considerada pelos CDC, como o método mais eficaz e barato no controlo de infecção. Foi solicitada autorização ao Conselho de Administração para o efeito. O relatório que se segue é relativo a esse levantamento.

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Comissão de Controlo de Infecção – HSG - EPE

Setembro/2007 2

2- Métodos Foi realizada auditoria interna aleatória às mãos dos profissionais de saúde em actividade na Instituição. Para o efeito, os elementos da CCI deslocaram-se aos vários serviços solicitando aos profissionais a respectiva colaboração. Foram pesquisados os dedos polegar, indicador e médio da mão direita. As polpas dos dedos foram impressas segundo a técnica da impressão digital, em placas de gelose-sangue e meio de Mac-Conkey (selectivo para Bacilos Gram negativos), após o que os profissionais eram convidados a efectuar uma lavagem das mãos à escolha, entre os métodos de lavagem ou esfrega. Após esta lavagem o método era repetido como anteriormente. As placas foram encubadas por 24 horas sendo processadas consoante os tipos de crescimento detectados, com vista a proceder-se à identificação dos agentes isolados. Os profissionais auditados foram convidados a dirigir-se ao Laboratório de Microbiologia para observarem as respectivas placas e poderem assim avaliar a eficácia da lavagem que haviam efectuado. Os dados foram tratados em folha de Excel, sendo calculadas taxas de eficácia da lavagem, em função do número de unidades formadoras de colónias detectadas por dedo. Considerou-se como critério de eficácia a presença de menos de 5 unidades formadoras de colónias por dedo.

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Setembro/2007 3

3- Amostra A CCI, através dos elementos que participaram activamente na Auditoria foi igualmente auditada, desconhecendo os respectivos profissionais quando a avaliação seria feita. Estes elementos foram considerados como formando um serviço atendendo a que dois dos elementos auditados não pertencem a serviços clínicos. Foram auditados 40 profissionais, sendo 10 médicos, 21 enfermeiros e 9 auxiliares de acção médica, distribuídos pelos serviços de Medicina, Cirurgia, Ortopedia, Urgência e Consulta Externa. Deve ser referido que alguns alunos de enfermagem foram também auditados, estando os respectivos resultados incluídos na classe de enfermagem. Os resultados foram analisados por serviços e por classes profissionais.

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Setembro/2007 4

4- Resultados A eficácia da lavagem das mãos por serviço pode ser observada no Gráfico 1. Gráfico 1

Eficácia da lavagem das mãos por Serviço

6 85

13

4 4

40

6 85

11

4 4

38

36

25

31

20

05

101520

2530354045

Ortopedia Cirurgia Urgência Medicina Consulta CCI Total

indivíduos

antes

após

A taxa global de eficácia anda perto dos 50%, o que significa que muitos dos profissionais de saúde não executam correctamente este procedimento. O Serviço de Cirurgia, juntamente com a Consulta Externa, apresentaram os piores resultados, conforme se verifica no Gráfico 2. Deve ser referido que um dos profissionais que prestam serviço na CCI apresentou um resultado pior e com bactérias diferentes, após a lavagem por método de esfrega, o que desencadeou procedimentos de pesquisa, por parte da equipa, no sentido de esclarecer a situação. Foi analisado o sabão e respectivo dispensador utilizado na lavagem tendo sido detectado no mesmo uma estirpe de Enterobacter cloacæ, semelhante à detectada nas mãos do profissional. Este facto desencadeou já uma alteração de procedimentos dentro da Instituição no que se refere aos cuidados de higiene e desinfecção a ter com os respectivos dispensadores.

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Comissão de Controlo de Infecção – HSG - EPE

Setembro/2007 5

Gráfico 2

Tx de ineficácia da lavagem das mãos por serviço

100% 100% 100%

85%

100% 100%

50%

75%

40% 38%

75%

25%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Orto

pedia

Cirurgia

Urgên

cia

Med

icina

Consu

ltaCCI

tx cont rel antes

tx cont rel depois

A eficácia da lavagem por classe profissional pode ser observada no Gráfico 3. Constata-se que um elemento de enfermagem e um auxiliar de acção médica apresentavam mãos convenientemente lavadas antes da pesquisa. No entanto o grupo de auxiliares auditados demonstrou que utiliza uma técnica de lavagem pouco eficaz, tal como aliás sucede na classe médica. Gráfico 3

Eficácia por Classe Profissional

10

21

9

40

10

20

8

38

6 8 6

20

0

10

20

30

40

50

Méd Enf AAM Total

indivíduos

antes

após

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A taxa de eficácia de lavagem na classe médica ronda os 40% conforme pode ser observado no gráfico 4 (apenas 4 em 10 lavaram as mãos convenientemente). Gráfico 4

Eficácia da lavagem nos médicos

21

2 21

2

10

21

2 21

2

10

1 12

1 10

6

0

2

4

6

8

10

12

Ortopedia Cirurgia Urgência Medicina Consulta CCI Total

indivíduos

antes

após

Relativamente à classe de enfermagem, e conforme já referido, um dos elementos apresentava as mãos convenientemente desinfectadas antes da auditoria. Dos restantes pode dizer-se que apresentavam uma taxa de eficácia de lavagem de 60%, conforme se observa no Gráfico 5. Gráfico 5

Eficácia da lavagem nos enfermeiros

3 3 2

9

2 2

21

3 3 2

8

2 2

20

2 1 03

1 1

8

0

5

10

15

20

25

Ortopedia Cirurgia Urgência Medicina Consulta CCI Total

indivíduos

antes

após

Os auxiliares de acção médica apresentaram os piores resultados desta avaliação com taxas de eficácia de apenas 25%. Pela positiva refere-se a constatação de que um dos elementos apresentava as mãos convenientemente desinfectadas antes da colheita inicial (gráfico 6).

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Setembro/2007 7

Gráfico 6

Eficácia da lavagem nos Auxiliares de Acção Médica

1

4

12

10

9

1

4

1 1 10

8

0

4

01 1

0

6

0

2

4

6

8

10

Ortopedia Cirurgia Urgência Medicina Consulta CCI Total

indivíduos

antes

após

Relativamente à flora detectada nas mãos dos profissionais optou-se por classificá-la em dois grupos: comensais e patogénicos (ou com potencial patogénico). Antes da lavagem foram detectadas bactérias patogénicas ou com potencial patogénico em 8 profissionais, o que corresponde a uma taxa de 20%. Estas bactérias foram identificadas como MRSA, MSSA e Acinetobacter spp. Estes dois últimos grupos foram considerados como potencialmente patogénicos devido à grande capacidade que apresentam em adquirir resistências, tornando-se facilmente organismos problemáticos. Gráfico 7

Flora dos profissionais antes da lavagem

3

10

5

12

4 4

38

1 1 15

0 0

8

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Ortopedia Cirurgia Urgência Medicina Consulta CCI Total

Comensais

Patogénicos

Após a lavagem, 21 profissionais (52.5%) não apresentavam as mãos convenientemente higienizadas. No entanto, neste universo, não foram detectados quaisquer microrganismos problemáticos, sendo encontrados apenas comensais habituais da pele.

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Gráfico 8

Flora dos profissionais após a lavagem

2

8

1

6

31

21

0 0 0 0 0 0 00

5

10

15

20

25

Ortopedia Cirurgia Urgência Medicina Consulta CCI Total

Comensais

Patogénicos

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5- Conclusões Na sequência da Auditoria Interna realizada anteriormente por esta equipa da CCI, estes resultados vem confirmar as conclusões já retiradas anteriormente. Assim verifica-se a pouca adesão dos profissionais da Instituição a este procedimento simples e eficaz. Deve ser sublinhado, que para além desta, se pode detectar também a existência de técnicas de lavagem menos correctas, facto demonstrado pela elevada taxa de contaminação após a lavagem. Conforme já referido, numa situação particular detectou-se a contaminação do próprio dispensador de sabão, situação essa que levou ao desencadeamento de alterações de procedimentos no que toca à manutenção destes elementos. A colocação de dispensadores de solução alcoólica aos pés das camas dos doentes foi, após autorização pelo Conselho de Administração, uma medida considerada fundamental para a melhoria do procedimento de lavagem de mãos. Quando comparado com período homólogo de 2006, o aumento de consumo de solução alcoólica para este ano, até 31 de Agosto, é de cerca de 50% (média de 40 litros por mês). Este facto pode significar, só por si, que a simples presença dos dispensadores de solução alcoólica pode funcionar como motivador para a lavagem. Não é, no entanto, a única medida a adoptar neste contexto. Observa-se a existência, entre os profissionais, de má técnica de lavagem, conforme se pode deduzir do facto de cerca de 50% dos mesmos continuarem a apresentar contaminação após a mesma, independentemente do método de lavagem utilizado. Este facto verifica-se em todas as classes profissionais auditadas (médicos, enfermeiros e AAM). Sendo a lavagem de mãos considerada pelos CDC como o método mais simples, barato e eficaz, no controle de infecção, o investimento neste procedimento é crucial para a Instituição. Assim, a CCI recomenda fortemente o desencadear de acções de formação para os profissionais da Instituição no âmbito da lavagem

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de mãos. Deve sublinhar-se que está em preparação esta formação para os profissionais que exercem actividade no Bloco Operatório, pela respectiva Equipa de Qualidade. Esta formação poderia ser aproveitada para toda a Instituição. A CCI sugere a publicitação deste relatório junto dos profissionais, o que poderá também funcionar como elemento sensibilizador dos mesmos para este problema, através da entrega do mesmo e da disponibilização na Intra e Internet.