relatório de atividades 2016 - gênero e número · já na edição de estreia o conteúdo da...
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Sumário
1. Olá
2. Concepção e premissas iniciais
3. Edições da web revista
- Edição 1- Edição 2- Edição 3- Edição 4
4. Articulação, eventos e fellowship
- Parcerias estratégicas- Participação em eventos- Organização de eventos- Fellowship
5. Alcance e engajamento
6. Perspectivas para o futuro
Olá! Que ótima notícia você estar interessado(a) em ler sobre a Gênero e Número.
Para falar sobre quem somos e o que fizemos ao longo de 2016, preparamos este relatório. Mesmo que você já nos acompanhe, na web e fora dela, esta publicação permite entender mais a fundo como uma organização de mídia independente atenta aos desafios dos campos de gênero e da comunicação, e disposta a inovar em formatos e em modelo de negócio, surge e busca a sua consolidação. Surgimos no mundo como iniciativa independente de jornalismo no segundo semestre de 2016, com o compromisso de contribuir para qualificar o debate de gênero no Brasil, a partir de narrativas construídas com base em dados e evidências.
Dados não são, em si, instrumentos de mudanças, mas contribuem para o discurso de mudança ao
identificar necessidades, dar suporte a uma bandeira de luta e
aferir progresso de iniciativas.
Liderada por mulheres, a web revista foi nosso principal produto neste ano e se propôs a desvelar o cotidiano de iniquidades de gênero com pautas jornalísticas aprofundadas, apresentadas em formato atraente e inovador. Desde a primeira edição da web revista, a Gênero e Número busca extrapolar o jargão ativista para alcançar um público mais amplo, transcendendo polarizações e permitindo uma visão clara da dimensão e da complexidade das violências perpetradas contra mulheres e transexuais no Brasil e em outros países da América Latina. O debate é, antes de tudo, sobre cidadania e direitos.
Quando a Gênero e Número foi planejada, no início de 2016, o país viu retrocessos sobre direitos sociais acenarem e se efetivarem após
conturbados momentos políticos. Falar sobre gênero passou a ser ainda mais relevante e necessário.
Em um ano de impeachment da primeira presidenta eleita no Brasil, tratar de assimetrias de gênero na própria política e em diversos outros campos essenciais e intrínsecos à vida em sociedade, como fez a Gênero e Número, significou estabelecer (e fortalecer) contranarrativas ao discurso midiático dominante, que normaliza constantemente as violações aos direitos das mulheres e não contribui para o avanço rumo à condição de igualdade entre gêneros.
Em concepção desde janeiro de 2016 pelas diretoras Giulliana Bianconi, Maria Lutterbach e Natália Mazotte, a Gênero e Número recebeu o apoio da Fundação Ford em maio de 2016, o que possibilitou concretizar o escopo inicial do projeto, estruturado em edições mensais da web revista e em formação de rede com suporte de eventos e da atuação em redes sociais. A estreia da web revista aconteceu em agosto,
com uma edição dedicada ao tema “Mulheres no esporte” e enfoque nos Jogos Olímpicos do Rio. As edições mensais seguiram até novembro, com uma edição estendida até dezembro.
Em paralelo às edições, outras atividades foram desenvolvidas pela equipe. O espaço online é nosso principal ponto de convergência e de referência. Mas, para além de uma plataforma online, impulsionamos encontros e dinâmicas offline, como a participação em debates e conferências e a organização de eventos, um programa de fellowship e parcerias institucionais.
PREMISSAS
Apenas seis meses após entrar no ar a Gênero e Número já desponta como uma referência no cenário jornalístico independente e de gênero no Brasil. Para além das métricas quantitativas, o principal êxito identificado nessa primeira fase do projeto foi a consolidação do posicionamento da Gênero e Número junto à sua audiência. As premissas definidas na estruturação da revista foram mantidas em sua execução:
#1 Ser uma REFERÊNCIA para o acesso e a interpretação de DADOS que se diferencie
pela abordagem jornalística e VISUAL dos temas considerados urgentes pela equipe;
#2 Trazer todos os conteúdos contextualizados, com o objetivo de impactar no COLETIVO. Os
conteúdos não se esgotam em histórias de INDIVÍDUOS;
Todas as edições da revista trouxeram dados para
contextualizar as histórias produzidas, coletados
a partir de fontes oficiais - órgãos públicos e
centros de pesquisa - ou sistematizados pela
diretoria de Dados da Gênero e Número. Nas
quatro edições, consolidamos ao menos uma
base de dado inédita, além de disponibilizar
todas as demais bases consultadas em formato
aberto na seção Código-fonte do site.
#3 Oferecer conteúdos desenvolvidos a partir de dados e evidências para PAUTAR e EMBASAR
diálogos entre grupos da sociedade civil, além de oferecer CONTRAPONTO a conteúdos superficiais ou insuficientes sobre o tema publicados pela grande imprensa;
Já na edição de estreia o conteúdo da Gênero e Número, publicado sob licença Creative Commons, foi republicado e/ou citado por diferentes veículos de mídia online, como a Agência Pública, o site do Juca Kfouri e a BBC Brasil. As matérias alimentaram debates nas redes sociais e nos sites dos republicadores.
#4 Além de ser o principal ponto de referência do projeto, integrar uma estratégia de
comunicação que tem, entre seus objetivos, alcançar públicos que estejam além dos que já discutem temas de gênero, e por isso ser VISUAL e COMPARTILHÁVEL;
#5 Retratar os temas de forma original, a partir da IDENTIDADE VISUAL do projeto.
A discussão que a plataforma levanta tem sempre visível a marca do projeto, embora a CAUSA seja coletiva;
Em seu primeiro semestre, a Gênero e Número
consolidou uma marca e uma identidade visual
próprias, o que permite ao público reconhecer
seus conteúdos em diferentes canais. Também
criou um formato de conteúdo exclusivo
para as redes sociais - o Dado de Bolso -, um
produto visual que destaca os dados mais
significativos de cada edição. A estratégia serve
tanto à difusão de conteúdos, já que seu apelo
visual facilita o compartilhamento nas redes,
quanto para estimular o debate em torno do
dado em destaque. A produção multimídia da
Gênero e Número se soma como um importante
componente da estratégia de comunicação para
ampliar o alcance dos conteúdos da revista.
Aconstrução da identidade visual da Gênero
e Número partiu de um estudo de layouts,
formatos e navegabilidade de páginas de
outras organizações, principalmente de mídia
mainstream e independente. O estudo levou em
conta um dos principais desafios da web revista:
traduzir dados e informações visualmente, de
forma acessível e atrativa.
#6 Reafirmar a vocação do projeto, que traz CONTEÚDO + ARTICULAÇÃO na sua essência.
A presença das diretoras da Gênero e Número em diferentes eventos - foram seis deles nos seis primeiros meses, a organização de dois encontros abertos ao público e a consolidação de parcerias com importantes atores da cena jornalística e de gênero - marcou o primeiro
semestre de atividades da iniciativa, para além da web revista.
Outra conquista importante para esta fase do projeto foi o reconhecimento por pares do campo de gênero como Think Olga - que incluiu as diretoras da Gênero e Número em sua lista de Mulheres Inspiradoras de 2016 - e Agência Patrícia Galvão, que repercutiu os conteúdos de diferentes edições da Gênero e Número na página principal de seu site.
A Gênero e Número também conseguiu um feito inédito como veículo independente, que foi a parceria com o Jornal Nacional para a apuração de uma matéria jornalística. A pauta e os dados que a embasaram partiram da Gênero e Número e receberam a validação da principal emissora do país, com citação em seu telejornal de maior audiência.
A validação também veio da Agência
Pública, principal referência em matéria
de jornalismo independente do país, que
escolheu a Gênero e Número como a primeira
iniciativa a receber mentoria e incubação
na Casa Pública, sua sede no Rio de Janeiro.
A proposta de trabalhar com conteúdo mais analítico e guiado por dados conquistou credibilidade para a web revista junto a pesquisadores e pesquisadoras. Além das citações em diferentes grupos de pesquisa relacionados a questões de gênero nas mídias sociais, a chamada da Gênero e Número para receber materiais acadêmicos sobre o tema teve mais de mil compartilhamentos noFacebook e gerou o acesso a mais de 80 publicações.
Sempre buscando se conectar aos temas que pautaram o debate público, a revista estreou com uma edição dedicada à participação
feminina na Rio 2016, no mês em que todos os holofotes estavam direcionados ao maior evento esportivo do mundo. Estruturamos e disponibilizamos bases de dados inéditas para mostrar como as mulheres, apesar de avançarem em participação nos Jogos Olímpicos, ainda enfrentam obstáculos para ocupar cargos diretivos no esporte e ganhar salários equivalentes aos seus pares homens.
Lançada em plena campanha para as eleições municipais, a segunda edição jogou luz na enorme assimetria de gênero do universo político brasileiro. Enfrentamos o desafio de navegar pelo repositório de dados do Tribunal Superior Eleitoral para analisar o abismo da representação de gênero, destacando em números - e a partir da série histórica de pleitos - como a lei 9504/1997, que determinou o preenchimento de 30% vagas de candidaturas nos partidos por mulheres, ainda não surtiu o efeito esperado. Os dados e estudos acadêmicos levantados também descortinaram o tamanho da desigualdade em cada um dos três poderes.
Em outubro, enquanto as urnas ainda esfriavam, a Gênero e Número lançou sua terceira edição, esmiuçando o resultado eleitoral e revelando - com dados e de forma inédita - uma prática já conhecida dos cientistas políticos mais atentos às questões de gênero: as candidaturas fantasmas de mulheres. Para preencher a cota de 30% exigida por lei, as coligações que disputam cargos no Legislativo passaram a arregimentar mulheres que não recebem apoio ou fazem campanha para, de fato, disputar o pleito. A pauta foi destaque no Jornal Nacional do dia 27 de outubro, que citou o levantamento da Gênero e Número.
A quarta edição aproveitou o momento de reflexões que acompanha o Dia internacional de combate à violência contra as mulheres, em 25 de novembro, para mergulhar no tema da violência doméstica. Após 10 anos de sua aprovação, a Lei Maria da Penha traz mudanças e impactos causados no sistema de justiça e no comportamento da sociedade que já podem ser medidos. Analisamos os dados ainda escassos e precários sobre as políticas de enfrentamento ao cenário de agressões domésticas no Brasil e na América Latina.
Edição 1: Mulheres no esporte (Agosto/2016)Sobre ler e escrever capítulos olímpicos olhando para as questões de gênero#Editorial
O desafio de confiar em uma base de dados olímpica#Código-fonte
Mulheres nos Jogos: 120 anos depois#Interativo
Mania de musa: As atletas segundo a mídia esportiva#Vídeo
Chris Mosier, triatleta trans: “Falta consciência pública sobre identidade de gênero”#Entrevista
Por que não há mulheres na canoa olímpica? #História
A maratona olímpica pela equidade de gênero#História
Mulheres recebem menos na maioria dos esportes#História
No quadro de medalhas, latino-americanas crescem e aparecem#História
Linha do tempo: Conheça marcos de atletas olímpicas e paralímpicas desde Maria Lenk#História
Exposição das atletas na mídia esportiva#Dadodebolso
Gênero nas colunas esportivas#Dadodebolso
Atletas e menstruação#Dadodebolso
Edição 2: Mulheres na política (Setembro/2016)Na trincheira da velha política, mulheres lutam para vencer estruturas machistas#Editorial
Como analisamos os dados do TSE para esta edição#Código-fonte
Mulheres nas eleições#Interativo
Candidaturas trans despontam nas eleições 2016#Vídeo
“Na política eu e meu pai seguimos caminhos distintos, e a dificuldade de se entender e respeitar isso também é fruto do machismo”
#Entrevista
Cotas aumentam candidaturas, mas ainda não alavancam número de eleitas#História
Com vitórias marcantes na vereança, mulheres seguem sub-representadas após primeiro turno#História
Cidades onde mulheres são maioria na Câmara não refletem emancipação feminina na política#História
Legislativo é o mais desigual dos três poderes em representação feminina#História
Deputadas levam ao Congresso 1/3 das propostas que avançam em direitos das mulheres#História
Processo de impeachment escancara nas redes e no Congresso violência política contra a mulher#História
Candidaturas trans nas Eleições 2016#Dadodebolso
Quem pauta os direitos femininos no Congresso?#Dadodebolso
Representatividade feminina nas eleições 2016#Dadodebolso
Edição 3: Mulheres na política II (Outubro/2016)Política em 2016: os espaços que já deveriam ser delas#Editorial
“Gênero fantasma”: o desafio de classificar os dados de gênero da política#Código-fonte
Latino-americanas no poder#Interativo
A mídia política tem gênero?#Vídeo
“Mulheres não são eleitas porque não são financiadas”, afirma Laisy Moriére#Entrevista
Partidos recorrem a candidatas “fantasmas” para preencher cota de 30% para mulheres#História
Em 2017, maioria das capitais terá esvaziamento de vereadoras#História
Mulheres não são nem 1/3 dos parlamentos na América Latina; Brasil só fica à frente do Haiti#GNLatinoamérica
Candidatas fantasmas nas eleições 2016#Dadodebolso
Representatividade feminina na América Latina#Dadodebolso
Mulheres no noticiário político #Dadodebolso
Edição 4: Violência anunciada (Novembro/2016)Maria da Penha, nossa vizinha#Editorial
Dados precários são obstáculos para avançar no enfrentamento à violência doméstica#Código-fonte
América Latina avança em legislação para mulher, mas ainda não contém violência #Interativo
Racismo agrava cenário de mortes anunciadas #Vídeo
“Muitas mulheres buscam primeiro a proteção do Estado, não a prisão dos agressores, e Estado ainda não consegue responder a todas”
#Entrevista
A proteção da lei pode não ser o bastante#História
Em relatos por telefone, violências física, psicológica e moral somam mais de 80% dos casos em anos recentes
#História
Quando não mata, violência doméstica deixa marcas e dura batalha judicial para as mulheres #História
A era Maria da Penha em 5 dados contextualizados#História
Com pressão internacional, condenações de Estados beneficiam luta contra a violência#GNLatinoamérica
Violência dentro de casa #Dadodebolso
Índice de homicídios de mulheres#Dadodebolso
Aumento dos relatos de violência#Dadodebolso
PARCERIAS ESTRATÉGICAS
❖ # Casa PúblicaA convite da Agência Pública de Jornalismo Investigativo, a Gênero e Número está participando desde agosto de 2016 de uma incubação dentro da Casa Pública, no Rio de Janeiro. A mentoria oferecida pela equipe da Pública, mais diretamente na figura da codiretora Natalia Viana, abarca tanto o acompanhamento da produção jornalística da web revista quanto a construção de processos e o desenvolvimento do modelo de negócio da iniciativa. Ao longo deste primeiro semestre, desenvolvemos em parceria o fellowship de jornalismo de dados com foco em gênero, durante o qual a Gênero e Número ofereceu um workshop gratuito sobre análise de base de dados para a construção de narrativas jornalísticas na Casa Pública.
❖ # Chicas PoderosasChicas Poderosas é um projeto liderado pela designer multimídia Mariana Santos que busca fomentar o desenvolvimento de habilidades narrativas e tecnológicas entre meninas latino-americanas e
a formação de uma rede de aprendizagem entre elas. A aproximação com a rede de chicas poderosas possibilitou a participação da codiretora da Gênero e Número Natália Mazotte em uma residência no reconhecido centro de jornalismo de dados FiveThirtyEight, sediado em Nova York. A imersão de duas semanas na organização, em agosto, envolveu o trabalho com dados com enfoque em gênero e resultou na produção de conteúdo publicado na plataforma do FiveThirtyEight. Em novembro, a parceria entre as duas iniciativas se consolidou com o fellowship realizado em colaboração também com a Agência Pública.
❖ # Agência Patrícia GalvãoA Agência Patrícia Galvão, organização social sem fins lucrativos voltada à comunicação e direitos das mulheres, iniciou diálogo com a Gênero e Número para a reprodução e difusão de conteúdos da web revista e para o planejamento de ações conjuntas de pesquisa e sistematização de dados sobre gênero. A codiretora Giulliana Bianconi esteve no lançamento do dossiê digital sobre Feminicídio, em São Paulo, e estreitou a parceria com as diretoras da entidade.
❖ # Veículos de mídiaA busca por mais alcance para os conteúdos produzidos pela Gênero e Número passa necessariamente pela construção de parcerias com veículos da mídia convencional e independente que possam amplificar essa produção para além do nicho que já se interessa e busca se informar sobre temas de gênero. Uma das prioridades da iniciativa para 2017, essas parcerias de republicação começaram a ser perseguidas ainda em 2016, com conversas realizadas junto a veículos de grande alcance, como a BBC, El País e as revistas Tpm e Claudia . Em dezembro, a convite da Tpm, a codiretora da Gênero e Número Giulliana Bianconi publicou na revista um texto sobre as leis que criminalizam o aborto no Brasil.
❖ # AbrajiA Abraji convidou a Gênero e Número para participar da concepção de um projeto que tem como objetivo mapear o assédio enfrentado por jornalistas mulheres no Brasil. A pesquisa quantitativa e qualitativa vai buscar revelar o contexto de desconforto ao qual essas mulheres
estão submetidas diariamente, a despeito de serem maioria na profissão. Uma outra frente de colaboração entre a Gênero e Número e a Abraji é um projeto de fortalecimento da Lei de Acesso à Informação, ainda em processo de captação, que tem entre seus propósitos a especificação de diretrizes para a obtenção de informações relevantes produzidas ou custodiadas pelo poder público que possam atacar o problema da desigualdade de gênero no país.
❖ # Instituto Tecnologia e SociedadeUm dos principais “think and do tanks” do Brasil, o Instituto de Tecnologia e Sociedade, sediado no Rio de Janeiro, realiza periodicamente eventos de debate chamados “Varandas ITS”. Nesse evento, a cada edição, um tema é debatido por especialistas, com a presença de público que se inscreve via internet. Na edição sobre Dados Abertos no Jornalismo, a Gênero e Número foi convidada pelo ITS a coorganizar o evento e a participar da mesa de debatedores especialistas. As inscrições para o evento se esgotaram um dia após o anúncio da atividade, demonstrando interesse no assunto em pauta.
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
❖ # LatamChequeaAntes mesmo do lançamento da primeira edição da revista Gênero e Número, a codiretora Giulliana Bianconi esteve no LatamChequea, em junho de 2016, evento promovido pela organização Chequeado, uma das pioneiras na mídia independente argentina. No LatamChequea, estiveram reunidos gestores e profissionais sêniores de organizações de diferentes países da América Latina que estão buscando inovar no jornalismo e também apoiar a área. Modelos editoriais da mídias e de negócio foram debatidos ao longo de dois dias, em um evento-imersão em que a Gênero e Número pode identificar possíveis futuros parceiros, mentores e financiadores. Foi um evento importantíssimo do ponto de vista institucional.
❖ # Eleições Municipais 2016 e os novos rumos da democracia digital
O Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas promoveu, em setembro, debate sobre as eleições municipais, com um dos painéis voltado a discutir como o feminismo avançaria com conquistas
nas eleições de 2016. A codiretora Giulliana Bianconi foi convidada a fazer parte. Na ocasião, havíamos lançado a primeira edição, “Mulheres no Esporte”.
❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ # International Open Data Conference
A Gênero e Número marcou presença no principal evento internacional de dados abertos, a IODC, ponto de encontro de uma comunidade global que quer debater e estudar o futuro dos dados abertos. A codiretora Natália Mazotte participou da mesa Data + Inequality, com a proposta “Gender and number: open data and the debate of gender equality”, levantando a importância da produção e divulgação de dados com recorte de gênero para a promoção de políticas públicas que considerem essas assimetrias.
❖ # Mediatonapower Chicas México
Como parte do lançamento do capítulo mexicano da rede Chicas Poderosas, o evento #mediatonapower reuniu mais de 100 mulheres de diferentes perfis - jornalistas, designers, publicitárias, programadoras - para trabalhar por dois dias na produção de materiais jornalísticos, apoiados na utilização de dados, que contribuíssem para visibilizar o grave problema da desigualdade de gênero no México e na América Latina. A codiretora Natália Mazotte participou como mentora de um dos grupos e ofereceu o workshop “Como lidar com dados de gênero em suas histórias”.
❖ # Conferência Cidades Inteligentes e Big Data
A Gênero e Número foi convidada para participar do evento “Cidades inteligentes e big data: desafios e perspectivas”, realizado na Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas/FGV, que buscou discutir questões de grande relevância na atual agenda de cidades inteligentes: o uso de big data pela administração pública e os desdobramentos dessa ação nos esforços de proteção de dados pessoais; o controle e a vigilância de espaços públicos; e como
a tecnologia influencia a discussão sobre o direito à cidade. Abordamos a perspectiva de gênero nas cidades inteligentes, com a participação da codiretora Natália Mazotte na mesa “Dados pessoais nas cidades inteligentes: como estamos?”.
❖ # Debate Mídias Livres no Contexto Pós-Golpe
O lançamento do livro “Golpe16” (org. Renato Rovai/Edições Fórum) foi acompanhado de um debate com transmissão ao vivo entre jornalistas da mídia independente, como Intercept Brasil, Mídia Ninja, Cafezinho e Caneta Desmanipuladora, com mediação da pesquisadora Ivana Bentes. A codiretora da Gênero e Número Maria Lutterbach levou o recorte de gênero para a discussão sobre a construção atual de novas narrativas pelas iniciativas independentes de jornalismo, a disputa pela audiência e os desafios na busca por modelos de negócio que possam tornar os veículos emergentes economicamente sustentáveis.
ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS
❖ # Workshop “Entrevistando Bases de Dados” - novembro, Rio de Janeiro
Realizado na Casa Pública e com mais de 30 participantes, o workshop coordenado pela Diretora de Dados da Gênero e Número, Natália Mazotte, apresentou processos e ferramentas para manusear e analisar bases de dados com mais rapidez e precisão. Algumas das planilhas que serviram de fonte na produção de conteúdos da Gênero e Número foram utilizadas pelos participantes nos exercícios, que propunham a extração de insights para a construção de narrativas baseadas em números.
❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖
❖ # Varanda ITS Jornalismo de Dados - 3 de novembro, Rio de Janeiro
O evento organizado em parceria entre o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) e a Gênero e Número reuniu mais de 50 pessoas em torno de um aprofundado debate sobre a prática da mineração e análise de dados. Com participação de Amanda Rossi, produtora da TV Globo, Giulliana Bianconi, codiretora da Gênero e Número, e Marco Túlio Pires, coordenador global da School of Data, a conversa abordou o trabalho com dados no cenário da mídia convencional e independente, analisando o impacto do novo instrumental tecnológico disponível para extrair, organizar e limpar grandes volumes de dados.
FELLOWSHIP
O primeiro programa de fellowship no Brasil sobre jornalismo de dados com foco em gênero foi realizado entre 11 e 22 de novembro, com o objetivo de refletir e debater em rede as questões de gênero que perpassam a América Latina e produzir, ao longo de duas semanas de trabalho, conteúdos e narrativas a partir do levantamento e tratamento de dados.
A iniciativa foi resultado da parceria entre a Gênero e Número, a rede Chicas Poderosas e a Agência Pública de Jornalismo Investigativo, que viabilizaram a viagem e hospedagem de duas jornalistas latino-americanas para dar continuidade ao trabalho de formação e produção jornalística com dados abertos iniciado na #mediatonapower Chicas Poderosas no México.
Além de colaborar na produção da quarta edição da revista, as fellows participaram do workshop “Entrevistando bases de dados”, oferecido como
atividade aberta na Casa Pública, e compartilharam conhecimentos e ferramentas com a equipe da Gênero e Número e da Casa Pública. Os conteúdos produzidos pelas jornalistas foram publicados na seção GN Latinoamérica, que reúne produções assinadas por jornalistas de países vizinhos.
Giulliana Bianconi, as fellows Kennia Velazquez e Gia Castello, Natália Mazotte e Maria Lutterbach
ALGUMAS MÉTRICAS QUANTITATIVAS
* A duração média de permanência na plataforma Gênero e Número é de cerca de 3 minutos. Levando em conta a taxa de rejeição (usuários que visitam o site mas não chegam a navegar), que diminui a média de tempo do acesso, o tempo de permanência obtido é um indicativo de que há interesse do público na leitura dos artigos.
❖ * Número de acessos às bases de dados disponíveis na plataforma da Gênero e Número: Todas as bases de dados são disponibilizadas atualmente na seção Código-fonte, em formato aberto e disponível para cópia e download no sistema de armazenamento em nuvem Google Drive. Considerando todas as visitas aos artigos dessa seção nas quatro edições publicadas, o total de visualizações de páginas desta seção foi cerca de 780 vezes.
❖ * Números do engajamento e alcance de conteúdos nas redes sociais: A Gênero e Número tem presença em três redes: Facebook, com mais de
8 mil curtidas; Twitter, com mais de 800 seguidores, e Instagram, com quase 300 seguidores. Esses são os números até dezembro, após quatro meses de lançamento dos perfis nessas plataformas. A rede de maior alcance é o Facebook, com picos de acesso e engajamento especialmente nas semanas de lançamento das edições, e desempenho orgânico, não raramente, superior ao pago (impulsionado com publicidade).
❖ * Número de países e estados brasileiros alcançados pelo conteúdo disponibilizado na plataforma Gênero e Número: Desde seu lançamento, o conteúdo da Gênero e Número já foi acessado de todos os estados brasileiros, e de mais de 700 cidades distintas. O conteúdo também repercutiu internacionalmente, com acessos vindos de 65 países distintos.
❖ * Número de parceiros em países da América Latina: A presença das diretoras da Gênero e Número em três redes de importância regional - Chicas Poderosas (com foco em empoderamento feminino com tecnologia na América Latina), Abrelatam (com foco em dados abertos na América
Latina) e Open Heroines (com foco em dados abertos e gênero) - permitiu o contato com jornalistas e ativistas atuando no campo de gênero de todos os países latino-americanos.
❖ * Número de citações na mídia mainstream: A Gênero e Número teve 8 citações em veículos da grande mídia registradas no período, incluindo o Jornal Nacional, com citação em áudio e nome em crédito do vídeo, além de veículos como a revista Trip, El País e Jovem Pan. [ver Clipping completo]
❖ * Número de citações em plataformas de mídia independente e nativas digitais: No total foram contabilizadas 27 menções à Gênero e Número, incluindo veículos de mídia independente como a Agência Pública, o Congresso em Foco e o Sul 21, além de veículos nativos digitais como o Knight Center da Universidade do Texas (que publica o conteúdo em três idiomas) e o Meio e Mensagem. [ver Clipping completo]
❖ * Número de participantes em eventos organizados: A Gênero e Número organizou dois eventos no primeiro semestre. O primeiro,
em parceria com a Casa Pública, foi o workshop “Entrevistando bases de dados” e teve a participação de cerca de 30 pessoas. O segundo foi organizado em parceria com o Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS), o “Varanda ITS sobre jornalismo de dados” e contou com a presença de cerca de 50 pessoas. No total, os dois eventos atraíram um público de 80 pessoas interessadas em narrativas guiadas por dados.
❖ * Número de participações em eventos de terceiros: As diretoras da Gênero e Número estiveram presentes em 6 eventos, dois deles internacionais, com grande potencial de networking e articulação.
❖ * Número de parcerias consolidadas no Brasil: Ao todo, foram consolidadas 4 parcerias com organizações do terceiro setor de jornalismo e/ou ativismo de gênero - Agência Pública, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Agência Patrícia Galvão e Instituto Tecnologia e Sociedade.❖
❖ * Número de republicações: No total, foram contabilizadas 22 republicações de conteúdos produzidos pela Gênero e Número em veículos de grande mídia e independentes.
A Gênero e Número saiu do ponto zero e, nos primeiros cinco meses lidando diretamente com a audiência, ganhou relevância e
conquistou uma reputação com públicos diferentes. Os recursos da doação obtida junto à Fundação Ford foram fundamentais para que isso ocorresse.
Enquanto a equidade de gênero ainda for uma pauta a ser fortalecida, a Gênero e Número pretende contribuir com produção jornalística e com o apoio à articulação entre sociedade civil, governo e ativistas. No Brasil, assim como no restante da América Latina, entendemos que só é possível avançar como sociedade democrática se houver uma atenção genuína aos diversos tipos de violações enfrentadas por mulheres e transexuais de diferentes raças e classes sociais.
Depois de uma fase inicial em que foi possível colocar em prática os primeiros processos de produção e gestão e experimentar formatos e estilos de conteúdo, a principal necessidade identificada é replanejar, com base nos aprendizados colhidos no período. É crucial para o futuro da iniciativa que ela deixe de ser projeto e
se torne organização, e essa é a prioridade de 2017.
A equipe executora da Gênero e Número organizou uma imersão em janeiro, com o objetivo de realizar ações que vão fortalecer a iniciativa a longo prazo, voltadas à institucionalização, à organização de processos de trabalho seguindo a nova dinâmica de produção de conteúdo, a ajustes de orçamento e recursos humanos para o projeto e ao avanço do modelo de negócio visando a sustentabilidade.
Como resultado do trabalho realizado com os recursos da doação da Ford, as principais entregas previstas no projeto original foram mantidos (edições de conteúdo, aplicativo, organização de dois eventos, estudo de sustentabilidade e e-book). Contudo, quanto às edições de conteúdo, foi necessário realizar adequações no cronograma (já citadas) e na frequência editorial para os meses seguintes. A partir de março, a web revista passa a ter novo formato.