relatório de actividades 2010

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2 RELATÓRIO DE ACTIVIDADES ANO 2009/2010 EQUIPA DE INTERVENÇÃO SOCIAL ERGUE-TE A Equipa de Intervenção Social ERGUE-TE é uma das valências da Fundação Madre Sacramento, pertencente à Congregação Religiosa das Irmãs Adoradoras. Trata-se de uma Resposta Social inovadora, existente desde Novembro de 2009. Tem a sua sede na Avenida Fernão de Magalhães, n.º 136, 3.º-Z, 3000-171 Coimbra. Este Relatório de Actividades diz respeito à Intervenção realizada no ano de 2010, bem como aos meses de Novembro e Dezembro de 2009. Estes dois meses iniciais foram, basicamente, para preparar e reunir as condições necessárias para o funcionamento da Equipa. A Equipa registou o início pleno de toda a sua actividade nomeadamente ao nível dos recursos humanos em Janeiro de 2010. 1. POPULAÇÃO-ALVO: - Mulheres que se prostituem e exercem esta prática nas ruas, estradas, matas, casas de prostituição, pensões, apartamentos e em casas de alterne conotadas com a prostituição; - Companheiros e filhos das mulheres que se prostituem, e outros elementos do núcleo familiar; - Proxenetas das mulheres que se prostituem; - Mulheres em situação de vulnerabilidade e/ou exclusão social; - Clientes das mulheres que se prostituem (a Equipa ainda não desenvolveu nenhuma intervenção com este grupo, devido ao facto de ainda se encontrar numa fase inicial de actividade). 2. ÂMBITO GEOGRÁFICO: - Distrito de Coimbra

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Page 1: Relatório de actividades 2010

2

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES – ANO 2009/2010

EQUIPA DE INTERVENÇÃO SOCIAL ERGUE-TE

A Equipa de Intervenção Social ERGUE-TE é uma das valências da Fundação Madre Sacramento,

pertencente à Congregação Religiosa das Irmãs Adoradoras. Trata-se de uma Resposta Social

inovadora, existente desde Novembro de 2009. Tem a sua sede na Avenida Fernão de Magalhães, n.º

136, 3.º-Z, 3000-171 Coimbra.

Este Relatório de Actividades diz respeito à Intervenção realizada no ano de 2010, bem como aos

meses de Novembro e Dezembro de 2009. Estes dois meses iniciais foram, basicamente, para

preparar e reunir as condições necessárias para o funcionamento da Equipa. A Equipa registou o

início pleno de toda a sua actividade – nomeadamente ao nível dos recursos humanos – em Janeiro

de 2010.

1. POPULAÇÃO-ALVO:

- Mulheres que se prostituem e exercem esta prática nas ruas, estradas, matas, casas de

prostituição, pensões, apartamentos e em casas de alterne conotadas com a prostituição;

- Companheiros e filhos das mulheres que se prostituem, e outros elementos do núcleo

familiar;

- Proxenetas das mulheres que se prostituem;

- Mulheres em situação de vulnerabilidade e/ou exclusão social;

- Clientes das mulheres que se prostituem (a Equipa ainda não desenvolveu nenhuma

intervenção com este grupo, devido ao facto de ainda se encontrar numa fase inicial de

actividade).

2. ÂMBITO GEOGRÁFICO:

- Distrito de Coimbra

Page 2: Relatório de actividades 2010

3

3. PRINCÍPIOS ORIENTADORES:

- Intervir de forma específica em cada situação;

- Promover a participação activa da mulher e sua família;

- Proporcionar um espaço de escuta; seguro, confidente e de respeito pela liberdade

da mulher.

4. OBJECTIVOS:

- Facilitar o encontro com a mulher no seu contexto, com o objectivo de lhe oferecer

informação, apoio e alternativas à sua situação;

- Oferecer um lugar de referência - onde se contribui para o desenvolvimento integral da

mulher e sua família - e facilitar a sua inserção sócio-laboral;

- Em situações de emergência, proporcionar encaminhamento para espaço de acolhimento;

- Possibilitar alternativas à mulher, que lhe permitam viver em plena liberdade e autonomia;

- Trabalhar na sensibilização e consciencialização da sociedade civil, no que se refere à

problemática da prostituição e violência de género.

5. SERVIÇOS:

- Atendimento / Acompanhamento Social;

- Acompanhamento Psicológico;

- Consulta Jurídica;

- Encaminhamento para Serviço Nacional de Saúde;

- Fornecimento de Material de Informação e Prevenção de IST’s;

- Encaminhamento para Teste de Rastreio de VIH;

- Formação Sócio-Laboral;

- Orientação e Inserção Laboral.

6. RECURSOS HUMANOS:

- Equipa Multidisciplinar, constituída por: Assistente Social, com funções de Directora

Técnica; Psicóloga; Educador Social; Supervisor; Jurista; e por um Grupo de

Colaboradores/as (em regime de voluntariado), com formação em diferentes áreas.

Page 3: Relatório de actividades 2010

4

A multidisciplinaridade da Equipa tem permitido diferentes perspectivas das problemáticas,

diferentes abordagens e tipos de intervenção, o que tem possibilitado uma intervenção

mais rica e complementar, mas ao mesmo tempo sem perder a especificidade característica

de cada área de formação.

7. ESPAÇOS DE ACÇÃO:

- Gabinete de Atendimento / Sede da Equipa, situado na Avenida Fernão de Magalhães nº

136, 3º Z (Edifício Azul), 3000- 171 Coimbra;

- Giros no exterior com recurso a veículo cedido pela comunidade das Irmãs Adoradoras, nas

ruas, estradas, pensões, bares e apartamentos conotados com a prática da prostituição, no

Distrito de Coimbra. (Desde Janeiro de 2011 estes giros são efectuados com recurso a uma

unidade móvel, adaptada para o efeito).

8. PARCERIAS:

- Formais: Centro Distrital de Segurança Social de Coimbra, Caritas Diocesana de Coimbra,

Associação Para o Planeamento da Família, Rede Social de Coimbra;

- Informais: Centro de Saúde Fernão de Magalhães, Coordenação Nacional para a Infecção

VIH/sida, Polícia Judiciária, Centro de Atendimento e Detecção Precoce de VIH, Ser+,

Câmara Municipal de Coimbra, entre outras.

Page 4: Relatório de actividades 2010

5

ANÁLISE DE DADOS REFERENTES À INTERVENÇÃO REALIZADA

Apesar de a Equipa só ter informação completa das Utentes com Processo Individual aberto

(cerca de 22%), decidiu incluir na seguinte caracterização todas as Utentes atendidas

durante o período em causa. Assim sendo, nalguns dos gráficos destaca-se a coluna com

falta de informação, devido ao facto de carecermos dos dados em causa, em mais de

metade das Utentes.

1. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO

GRÁFICO 1. POPULAÇÃO COM ATENDIMENTO/ACOMPANHAMENTO

Durante o período em causa, a Equipa contactou 422 Utentes. Destas, 94 tinham Processo Individual

de Utente (aberto em Gabinete de Atendimento) e usufruíram de acompanhamento regular por

parte da Equipa. As Utentes sem Processo e com acompanhamento regular, referem-se a Utentes

abordadas e acompanhadas regularmente, apenas em Giros de Exterior efectuados pela Equipa. As

94(22%)

39 (9%)

289 (69%)

Utentes Com Processo (com acompanhamento regular)

Utentes Sem Processo (com acompanhamento regular)

Utentes Sem Processo (com acompanhamento pontual)

Total: 422 Utentes

Page 5: Relatório de actividades 2010

6

416 (98%)

7 (2%)

Feminino

Masculino

Total: 422 Utentes

Utentes sem Processo e com acompanhamento pontual dizem respeito àquelas abordadas em Giros

de Exterior, cerca de uma ou duas vezes.

GRÁFICO 2. GÉNERO

Sendo a população-alvo mulheres, a Equipa foi confrontada, nomeadamente em apartamentos

conotados com a prática da prostituição, com um número considerável de homens e travestis. A

Equipa apenas apoiou pontualmente aqueles que se dirigiram ao Gabinete de Atendimento a

solicitar os seus serviços. De salientar que esta população se encontra privada de qualquer tipo de

apoio social, facto que justifica a solicitação ao CDSS de alargamento da população-alvo.

Page 6: Relatório de actividades 2010

7

GRÁFICO 3. FAIXAS ETÁRIAS

A Percentagem mais elevada referente à informação etária em falta, diz respeito a Utentes

acompanhadas pontualmente, das quais carecemos de bastante informação. Predominam as Utentes

nas faixas etárias entre os 26 e os 45 anos.

0

50

100

150

200

250

300

30 (7,1%)

43 (10,1%)

47(11,1 %) 25

(5,9) 11(2,6%)

266(63 %)

N.º

Faixas Etárias

17-25 anos

26-35 anos

36-45 anos

46-55 anos

> 55 anos

sem info

Page 7: Relatório de actividades 2010

8

GRÁFICO 4. NACIONALIDADES

Destacamos neste gráfico a população brasileira que prevaleceu sobre a portuguesa, seguindo-se a

de nacionalidade romena.

132 (31,2%)

174 (41,2%)

43 (10,1%)

2

2

2

3

1

6 (1,4%)

1

2

1

4

1

1

47 (11,1%)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Portugal

Brasil

Roménia

Ucrânia

Gana

Equador

Rússia

Reino Unido

Nigéria

Espanha

Colômbia

Guiné-Bissau

Cabo Verde

Moçambique

Rep. Dominicana

sem info

N.º

Paí

ses

Total: 422 Utentes

Page 8: Relatório de actividades 2010

9

GRÁFICO 5. ESTADO CIVIL

Das Utentes com informação, prevalece o estado civil de solteiro. Sabendo nós que grande parte das

mulheres tinha companheiro, existiu uma clara dificuldade da parte das Utentes em assumir tal

facto, por receio de associação a situação de exploração.

GRÁFICO 6. ESCOLARIDADE

Das Utentes com Processo Individual de Utente na Equipa, verificamos uma baixa escolaridade,

factor que condicionou e dificultou qualquer processo de integração sócio-laboral.

0

50

100

150

200

250

300

350

42(9,9% 16

3,8%)4

0,9%)

15(3,5%)

6(1,4%)

24(5,7%)

315(74, 6%)

N.º

Solteiro

Casado

Viúvo

Divorciado

Separado

União de facto

Sem info.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

6(1,4%)

20(4,8%)

23(5,4%)

13(3%)

5(1,1%)

1(0,2%)

0(0%)

354 (84%)

N.º

Analfabeto

1º Ciclo

2º Ciclo

3º Ciclo

Secundário

Freq. Universitária

Licenciatura

sem info.

Page 9: Relatório de actividades 2010

10

GRÁFICO 7. PERCURSO PROSTITUCIONAL DAS UTENTES

As 9 Utentes referenciadas no gráfico que não têm percurso de prostituição, referem-se a algumas

Utentes que foram transferidas da Resposta Social “Casa N.ª Sr.ª da Paz” (que foi substituída pela

actual) e que ainda não apresentavam condições de autonomia plena, tendo sido acompanhadas

pela Equipa. Outras eram casos de situações de vulnerabilidade e/ou exclusão social, com risco de vir

a desencadear em percursos de prostituição.

De salientar que a grande maioria das Utentes apresentava um percurso longo de prostituição,

denunciando situações de vulnerabilidade e exclusão que, nalguns casos, atravessam gerações.

0

50

100

150

200

250

300

9(2,1%)

23(5,4%)

24(5,7%)

68(16,1%)

298(70,6%)

N.º

Sem Percurso

Curto (< 1 ano)

Médio (< 5 anos)

Longo (> 5 anos)

Sem info.

Page 10: Relatório de actividades 2010

11

GRÁFICO 8. PROBLEMÁTICAS ASSOCIADAS

Como se percepciona no gráfico, as nossas Utentes recorreram à prostituição para colmatar uma

situação global de carência e falta de recursos. É também evidente a falta de suporte familiar e/ou

social em que se encontravam. O factor imigração também foi responsável por grande parte dos

percursos de prostituição. Considerando a Equipa que a prostituição é, por si só, uma situação de

violência, mesmo assim conseguimos identificar alguns casos onde a violência, a coacção e a

exploração eram evidentes. Estes casos reflectem-se na problemática “vítima de violência de

género”.

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Pobreza

Sem abrigo

Sem suporte familiar ou social

Vítima de violência de género

Monoparentalidade

Prostituição

Imigração

Toxicodependência

Alcoolismo

Doença Psiquiátrica

422 (100%)

4 (0,9%)

392 (93%)

20 (4,7%)

27 (6,4%)

413 (98%)

241 (57%)

17 (4%)

10 (2,4%)

4 (0,9%)

N.º

Page 11: Relatório de actividades 2010

12

2. ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS COM A POPULAÇÃO-ALVO

GRÁFICO 1. INTERVENÇÃO SOCIAL

O n.º elevado de atendimentos/acompanhamentos sociais resulta do facto da Equipa considerar

como tal todas as vezes que abordou as Utentes no seu contexto prostitucional, para além de todos

os contactos efectuados no Gabinete de Atendimento de cariz social. As visitas domiciliárias

realizaram-se a pedido das Utentes, ou porque já existia uma relação de confiança construída. A

distribuição de lanches, bem como de preservativos e outro material de prevenção de IST’s, fez parte

da estratégia de abordagem adoptada pela Equipa para se aproximar das mulheres que se

encontravam em contexto de prostituição, para além de ter a função que lhes é devida.

0

500

1000

1500

2000

2500

30002625

1777

984 1023

24

N.º

N.º de Atendimentos/ Acompanhamentos

N.º de Abordagens no Local onde exerce a Prostituição

N.º de Lanches distribuídos

N.º de distribuições de material de prevenção de IST's

N.º de Visitas Domiciliárias

Page 12: Relatório de actividades 2010

13

GRÁFICO 2. APOIOS SOCIAIS

Dadas as características de privação em que vive uma parte considerável da nossa população, a

Equipa sentiu - em muitos momentos - premência em colmatar algumas necessidades básicas,

nomeadamente em termos de apoios com alimentação. De salientar que a grande maioria das

Utentes não usufruía de nenhum outro tipo de apoio por parte de outras instituições, muito devido a

um sentimento de vergonha associado à prática da prostituição.

0

50

100

150

200

250

33

225

168

1813

49

6 10

N.º

Tipo de Apoios

Senhas de transporte

Distribuição de Géneros alimentares

Distribuição de Enxovais e outros produtos infantis

Distribuição de Produtos de Higiene e Limpeza

Apoios Monetários

Compra de Medicação

Distribuição de Roupa

Apoio com Electrodomésticos

Apoio com Mobiliário

Page 13: Relatório de actividades 2010

14

GRÁFICO 3. ENCAMINHAMENTOS / ACOMPANHAMENTOS DE SAÚDE

Graças a uma parceria informal estabelecida com o Centro de Saúde Fernão de Magalhães, a Equipa

encaminhou um número considerável de Utentes para o Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente

mulheres imigrantes que careciam de qualquer suporte a nível da saúde. A maioria das consultas de

Medicina Geral e Familiar foram no âmbito de Planeamento Familiar. Os testes de Despiste Rápido

de HIV foram realizados pela Caritas, no âmbito de uma parceria formal estabelecida. Existe uma

parceria com a Associação para o Planeamento da Família (APF) no âmbito de uma candidatura que,

caso seja aprovada, viabilizará a curto prazo a realização de testes de Despiste Rápido de HIV na

unidade móvel da Equipa.

GRÁFICO 4. DILIGÊNCIAS / ENCAMINHAMENTOS PARA EMPREGO E FORMAÇÃO

Das várias opções de encaminhamento para a inserção no mercado de trabalho, a Equipa recorreu

em maior número ao contacto directo (Outros) com as entidades empregadoras, no sentido de

0

10

20

30

40

50

60

70

9

61

4 4 3

N.º

Áreas

Testes de Despiste de HIV

Medicina Geral e Familiar

Consulta de Psiquiatria

Consulta de Alcoologia

Ginecologia e Obstetrícia

0

10

20

30

40

50

3 3

14

42

N.º

IEFP

UNIVA's

Formação

Outros

Page 14: Relatório de actividades 2010

15

tentar integrar laboralmente as Utentes. De salientar que a baixa escolaridade, bem como a falta de

hábitos de trabalho e de cumprimento de horários, foram factores que dificultaram e inviabilizaram

alguns processo de inserção.

GRÁFICO 5. OUTROS ENCAMINHAMENTOS / DILIGÊNCIAS

Grande parte das nossas Utentes recorreu à Equipa solicitando ajuda para procura de Habitação ou

Espaço de Acolhimento. As que recorreram à segunda opção eram situações limite, em que a mulher

se encontrava em situação de perigo ou risco iminente. A regularização de documentação esteve

relacionada com o facto de uma grande parte da população ser imigrante.

0

5

10

15

20

25

30

18

27

8

1

N.º

Espaço de acolhimento

Habitação

Regularização de Documentação

Refeições

Page 15: Relatório de actividades 2010

16

GRÁFICO 6. INTERVENÇÃO FAMILIAR

Em 10% da nossa população houve Intervenção Familiar. Esta referiu-se a uma multiplicidade de

necessidades expostas pelas Utentes, entre as quais: distribuição de géneros alimentares,

aconselhamento jurídico, regularização de documentação, acompanhamento de Processos de

Promoção e Protecção, inserção no mercado de trabalho, encaminhamento para Cursos de

Formação, encaminhamento para infantários, creches, espaços de ocupação de tempos livres, etc.

GRÁFICO 7. INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA

Como constatamos no gráfico, foram acompanhadas a nível psicológico 9 mulheres perfazendo um

total de 56 sessões individuais. De salientar que, ao longo deste ano, a Equipa sentiu uma

380 (90%)

42 (10%)

Utentes sem intervenção Familiar

Utentes com Intervenção Familiar

0

10

20

30

40

50

60

9

56

N.º

N.º de Utentes em acompanhamento psicológico

N.º de Sessões de acompanhamento psicológico

Page 16: Relatório de actividades 2010

17

considerável resistência na adesão das Utentes ao Acompanhamento Psicológico, visto não estar

ainda criada uma relação de confiança. Devido às características específicas desta população há uma

dificuldade por parte das Utentes em manter um acompanhamento consistente e com continuidade

no tempo. No entanto, reiteramos a grande necessidade que estas mulheres têm de apoio e

acompanhamento psicológico, visto esta ser uma problemática que imprime profundas marcas a

nível psicológico e afectivo.

GRÁFICO 8. APOIO JURÍDICO

Um dos serviços disponíveis na Equipa é o Apoio Jurídico, que foi muito requisitado pelas Utentes,

nomeadamente relacionado com a crescente divulgação da Equipa e seus serviços. Também

verificamos que as Utentes têm um número elevado de questões legais pendentes, em diversos

âmbitos.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

12

16

10

8

N.º

N.º de Utentes em acompanhamento jurídico

N.º de Sessões de Aconselhamento Jurídico

N.º de Acompanhamentos Jurídicos

N.º de Encaminhamentos Jurídicos

Page 17: Relatório de actividades 2010

18

GRÁFICO 9. GIROS DE RUA

Até ao final de Dezembro de 2010 foram efectuados 187 giros nas estradas referenciadas,

perfazendo um total de 19.831 Quilómetros percorridos. A E.N. 234 situa-se na Mealhada, sendo

esta localidade pertencente ao distrito de Aveiro. A intervenção da Equipa nesta área prende-se com

alguns factores, nomeadamente porque: grande parte das mulheres que lá se prostituía residia no

distrito de Coimbra; não há nenhum tipo de intervenção ali realizada por outro organismo; situa-se

próxima de Coimbra.

GRÁFICO 10. GIROS A ESTABELECIMENTOS

A Equipa efectuou um total de 203 giros a 26 estabelecimentos (pensões, bares e apartamentos),

conotados com a prática da prostituição, perfazendo um total de 10.310 Quilómetros percorridos. O

66

46

35

40

0 20 40 60 80

N.º (Total: 187 Giros)

Zon

a

Baixinha de Coimbra (Diurnos e Nocturnos)

E.N. 1 (IC2) e E.N. 341 (IC3)

E.N. 17 (Interior do Distrito)

E.N. 109 (Figueira da Foz e Mira)

189

5

0 50 100 150 200

N.º (Total: 203 Giros)

Loca

is

Bares e Pensões

Apartamentos

Page 18: Relatório de actividades 2010

19

número reduzido de apartamentos justificou-se pelo facto destes não estarem identificados e a

Equipa não ser ainda suficientemente conhecida. Para além disso as mulheres que se prostituem

nestes espaços têm algum cuidado em preservar o anonimato dos mesmos.

CONTACTOS DE APARTAMENTOS

Como estratégia para chegar aos apartamentos, a Equipa recolheu periodicamente os contactos dos

classificados do Jornal “Diário de Coimbra”, como forma de tentar chegar e intervir com a população

que se prostituía em contexto de apartamento. Dos 589 SMS’s enviados a apresentar a Equipa, as

mulheres de 5 apartamentos requisitaram a presença e os serviços da mesma, outras deslocaram-se

ao Gabinete de Atendimento.

GRÁFICO 11. LOCALIZAÇÃO DAS UTENTES

Das 413 Utentes com percurso de prostituição, 60% destas encontrava-se em contexto de Bares e

Pensões, seguindo-se as que se encontravam na rua. Salvaguardamos o facto da Intervenção nos

250 (60%)

143 3(5%)

20 (5%)

Total de Utentes em Bares e Pensões

Total de Utentes na Rua

Total de Utentes em Apartamento

CONTACTOS DOS CLASSIFICADOS DO JORNAL

“DIÁRIO DE COIMBRA”

TOTAL DE CONTACTOS RECOLHIDOS E SMS ENVIADOS 589

Page 19: Relatório de actividades 2010

20

apartamentos estar ainda em fase inicial. No entanto, podemos adiantar que há um número

considerável de população de sexo feminino e também masculino nos mesmos. As mulheres de

nacionalidade brasileira encontrámo-las mais em bares, enquanto as de nacionalidade romena e

nigeriana se encontravam na rua. Durante este tempo de intervenção detectámos ainda que a

mobilidade nos bares e apartamentos é mais elevada que na rua.

ACTIVIDADES DE GRUPO

ACTIVIDADES DE GRUPO COM UTENTES N.º

N.º de Actividades de Grupo 4

N.º de Participantes 128

As actividades referenciadas foram maioritariamente momentos de encontro e diversão,

nomeadamente festas de aniversário e celebração de outras datas festivas, tais como Natal e outras.

No decurso do ano 2010 a Equipa deu maior ênfase a estas celebrações como forma de trazer as

mulheres até ao espaço da Equipa e, assim, dar a conhecer a Resposta Social.

ACOMPANHAMENTO E DILIGÊNCIAS PONTUAIS

ACOMPANHAMENTO E DILIGÊNCIAS PONTUAIS

Outros 22

Esta tabela refere-se a acompanhamentos e diligências pontuais a pessoas que não faziam parte da

população-alvo. Estes casos foram encaminhadas para outras instituições e/ou serviços.

Page 20: Relatório de actividades 2010

21

3. ACTIVIDADES INTERNAS

REUNIÕES

TIPO DE REUNIÃO N.º

N.º de Reuniões de Equipa Alargada 9

N.º de Reuniões de Equipa Técnica 9

N.º de Reuniões de Supervisão de Equipa Técnica 4

N.º de Reuniões Externas 27

Dado tratar-se de uma Resposta Social nova e inovadora, a Equipa teve muita preocupação em

organizar reuniões periódicas de formação e avaliação, quer com a equipa técnica (técnico e técnicas

da Equipa), quer com a equipa alargada (técnico, técnicas e colaboradores/as). As reuniões de

supervisão reforçam a mesma necessidade. As Reuniões Externas estiveram relacionadas com o facto

da Equipa também se ter dedicado, neste primeiro ano, a dar-se a conhecer, reunindo com várias

entidades e organismos de Coimbra.

ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO E CONSCIENCIALIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL

ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO E CONSCIENCIALIZAÇÃO

N.º de Acções 12

Uma das actividades da Equipa é o trabalho na sensibilização e consciencialização da sociedade civil

no que se refere à problemática da prostituição e violência de género. Neste sentido desenvolveu

alguns eventos e acedeu a alguns convites.

Page 21: Relatório de actividades 2010

22

ACÇÕES DE FORMAÇÃO

ACÇÕES DE FORMAÇÃO

N.º de Acções 9

Para além da formação promovida pela Equipa, os elementos da mesma também participaram em

acções de formação promovidas por outros organismos, com temáticas relacionadas com a

prostituição, tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e violência de género.

Page 22: Relatório de actividades 2010

23

CONCLUSÃO

Analisados os resultados obtidos pela Equipa durante um ano e dois meses de intervenção,

concluímos que o fenómeno da prostituição no distrito de Coimbra é muito mais vasto do que aquilo

que prevíamos aquando da Candidatura enviada ao CDSS (para a qual se celebrou Acordo de

Cooperação que abrange 100 Utentes). Os recursos humanos afectos à Resposta Social (3 técnicos a

tempo inteiro) não tiveram mãos a medir, consoante se foram introduzindo no “emaranhado” da

problemática da prostituição e “submundos” que lhe estão associados.

O âmbito geográfico de intervenção da Equipa é o distrito de Coimbra - sendo que este é muito extenso

- e os estabelecimentos conotados com a prática da prostituição, bem como a localização das mulheres

que se prostituem, expandem-se um pouco por toda a área distrital. Tal facto justifica os muitos

quilómetros que a Equipa percorreu (cerca de 30000 no total) e o muito investimento feito nas

deslocações, em termos de tempo e recursos. Esta aproximação e “infiltração” na realidade têm sido

de extrema importância para dar a conhecer a existência da Equipa e seus serviços, por um lado, e para

percebermos melhor os contornos desta realidade e podermos - por outro lado - detectar algumas

situações ilícitas e/ou irregulares, que possam desencadear processos de desmantelamento de redes

(mais ou menos organizadas) de exploração e, assim, contribuirmos para a libertação das mulheres e

para a cessação de relações de exploração e encerramento de espaços. De salientar que contamos com

a colaboração estreita da Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo, da Polícia Judiciária

de Coimbra, no que concerne a processos mais delicados de libertação de mulheres que nos solicitam

ajuda, bem como na sinalização de casos onde possa haver possíveis crimes associados.

A constituição e efectivação desta Resposta Social veio colmatar a grande necessidade de apoio que

esta população necessitava para criar uma rede (alternativa) de suporte, que antes se restringia

apenas a pessoas ligada aos circuitos de exploração em que se encontram. Parece-nos que a Equipa

tem feito um bom trabalho, nomeadamente no que concerne a ganhar alguma credibilidade junto

desta população e na criação de relações de confiança.

Em termos de recursos humanos, as pessoas identificam-se muito com a acção que realizam e

demonstram muito empenho e dedicação. De salientar que os/as colaboradores/as, em regime de

voluntariado, muito têm ajudado e contribuíram em grande escala para o resultado da acção que

aqui apresentamos. Sem eles - integrados em todas as actividades - esta acção tinha sido impossível

de se fazer apenas com 3 técnicos.

Obrigado ao CDSS pelo voto de confiança na nossa acção.

Fica a certeza de que: a Equipa de Intervenção Social ERGUE-TE continuará empenhada e a dar o seu

melhor para que muitas Mulheres possam Erguer-se!