relatorio antepenutimo final

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FACULDADE ADELMAR ROSADO – FAR CURSO DE SERVIÇO SOCIAL CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA SANTANA A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS: UMA ANALISE NO MUNICIPIO DE ANTÔNIO ALMEIDA - PI

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FACULDADE ADELMAR ROSADO – FAR

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA SANTANA

A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS: UMA

ANALISE NO MUNICIPIO DE ANTÔNIO ALMEIDA - PI

TERESINA/PI

DEZEMBRO/2008

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CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA SANTANA

A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS: UMA

ANALISE NO MUNICIPIO DE ANTÔNIO ALMEIDA - PI

Relatório apresentado como exigência para aprovação na disciplina Pesquisa Social III, do curso de Serviço Social, sob orientação da professora Rosa Maria Alves da Silva.

TERESINA/PI

DEZEMBRO/2008

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CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA SANTANA

DEDICATÓRIA

A todos os profissionais que acreditam nesta profissão e que compartilham desse projeto. Aqueles que acreditam que homens e mulheres são sujeitos da Historia e que, portanto, “um outro mundo é possível”

TERESINA/PI

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DEZEMBRO/2008

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CONCEIÇÃO DE MARIA PEREIRA SANTANA

AGRADECIMENTOS

A meus filhos, “amores da minha vida”Por eles, luto para este sonho se concretizar.

TERESINA/PI

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DEZEMBRO/2008

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SUMÁRIO

Resumo..................................................................................................................................... 6

CAPÍTULO I -

Introdução................................................................................................................................ 7

CAPÍTULO II – Assistência Social no Brasil

Serviço Social no Brasil........................................................................................................... 9

Serviço Social e Assistência Social........................................................................................ 10

A prática Profissional do Assistente Social............................................................................ 12

Proteção Social Básica............................................................................................................ 14

CRAS...................................................................................................................................... 14

CAPÍTULO III – CRAS no Município de ANTÔNIO ALMEIDA - PI

Contexto Histórico do Município de ANTÔNIO ALMEIDA – PI........................................ 18

Procedimento Metodológico................................................................................................... 18

Um novo Paradigma de reorganização Social no município.................................................. 21

O Reconhecimento da Família: Uma relação de confiança com o CRAS.............................. 22

Influência do Método.............................................................................................................. 23

CAPÍTULO IV – Analise e Discussões.

O Centro de Referência de Assistência Social – ANTÔNIO ALMEIDA – PI....................... 25

Perfil Sócio-Econômico das Famílias atendidas pelo CRAS.................................................. 26

Atividades desenvolvidas no CRAS....................................................................................... 27

CRAS promove Oficinas para garantir mais opções de emprego e renda.............................. 28

Atenção Integral...................................................................................................................... 31

Considerações Finais............................................................................................................... 31

Bibliografia............................................................................................................................. 33

Anexos.................................................................................................................................... 34

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6RESUMO

Este estudo tem como foco “A Prática Profissional do Assistente Social: uma analise no Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS), no município de Antônio Almeida – Piauí” tem como objetivo central conhecer de forma mais sistematizada o fazer profissional do assistente social no âmbito da proteção social básica desta instituição que presta relevante serviço à população em situação de vulnerabilidade social.

O interesse em pesquisar a prática do assistente social no referido local, se deu primeiramente pela vivencia pessoal e profissional da pesquisadora, e num segundo momento pelo trabalho desenvolvido no município como Assistente Administrativa, onde no cotidiano viveram-se diversas situações e atividades junto a assistente social da instituição, sendo então, esta pesquisa uma oportunidade de poder aprofundar e sistematizar os conhecimentos a cerca da prática do assistente social na referida instituição. Dessa forma, a escolha por esta temática se deu em conhecer as respostas profissionais que vêm sendo dadas às demandas postas no CRAS.

Neste sentido, essa pesquisa ancorou-se no movimento do real, pretendendo identificar as novas determinações e mediações essenciais para compreender a prática do assistente social no CRAS em Antônio Almeida - PI, buscando captar a partir do trabalho concreto a direção social que o assistente social está imprimindo em seu exercício cotidiano. Entendendo que essa direção social deve estar em consonância com os princípios de um projeto profissional coletivo, distinto do projeto neoliberal pretensamente hegemônico. Objetivamos também, conhecer o espaço sócio-ocupacional e as condições de trabalho do assistente social no CRAS em Antônio Almeida - Pi, bem como mapear o perfil dos usuários .

Acredita-se que a elaboração desta pesquisa possa contribuir para o debate sobre o exercício profissional dos assistentes sociais, entendo-os como trabalhadores submetidos aos mesmos constrangimentos que sofrem o conjunto de trabalhadores brasileiros, mas também como sujeitos que protagonizam trajetórias profissionais singulares e particulares, que na multiplicidade das relações que compõem o mundo do trabalho, constroem a história coletiva. Trata-se de estudo teórico-metodologico, de caráter qualitativa e as técnicas utilizadas para coleta de dados serão leituras bibliográficas, documental, questionário com perfil ao usuário, entrevista semi-estruturada a assistente social.

Este estudo está ancorado numa perspectiva dialética-critica por esta analisar a realidade social em suas múltiplas dimensões, tanto social, política, econômica e cultura.

Palavras – chave: Serviço Social, Prática Profissional do Assistente Social5 e CRAS.

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7CAPITULO I

1. INTRODUÇÃO

O Serviço Social é caracterizado como uma profissão de intervenção na realidade humana e social, tornando assim o Assistente social um profissional capacitado para lidar com as demandas sociais, abrangendo tanto as questões ligadas à própria sobrevivência, quanto às questões voltadas a valores e comportamentos.

O processo de trabalho no Serviço Social é determinado por configurações estruturais e conjunturais da questão social, processo de exclusão e as formas que a sociedade dispõe e implementa para atenuá-los.

As demandas que hoje se apresentam à profissão têm configurações que dão novas dimensões aos velhos fenômenos, como novos papeis da sociedade civil, a segmentação social dos usuários, as novas formas de organização do trabalho, reeditando situações do século passado nos dias atuais. Tem-se, assim, que o perfil profissional pretendido supõe um Assistente Social capacitado para ações qualificadas no plano teórico, metodológico, pratico operativo e ético-politico. Parte daí, a relevância desse estudo, pois a prática do assistente Social é muito importante, em todos os seus aspectos, para a sociedade.

Nesses termos, estudo se propõe a identificar e analisar a importância da prática profissional do assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) no município de Antônio Almeida – Piauí, e nesta mesma perspectiva, busca traçar o perfil sócio-demografico do usuário do referido local.

Ademais, esta pesquisa tem como objetivo central conhecer e analisar a importância da prática profissional do assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), também conhecida como “casa das famílias” no município de Antônio Almeida – Piauí. Neste sentido busca também, conhecer o perfil dos usuários, identificar a satisfação dos usuários em relação ao atendimento da Assistente social, avaliar a qualidade do atendimento no CRAS e analisar as principais atividades desenvolvidas pelo Assistente social no Centro de Referencia de Assistência Social - CRAS de Antônio Almeida – PI.

Assim em linhas gerais, esta pesquisa se justifica pela necessidade de identificação da prática do assistente social, buscando-se no seu cotidiano no CRAS a sua valorização e formação. Para obter respostas às questões que nortearam a pesquisadora serão levados em consideração os aspectos das falas, gestos e expressões dos sujeitos pesquisados.

Dessa forma, a escolha por esta temática se deu em conhecer as respostas profissionais que vêm sendo dadas às demandas postas no CRAS; Neste sentido, essa pesquisa ancorou-se no movimento do real, pretendendo identificar as novas determinações e mediações essenciais para compreender a prática do assistente social no CRAS em Antônio Almeida - Pi, buscando captar a partir do trabalho concreto a direção social que o assistente social está imprimindo em seu exercício cotidiano. Entendendo que essa direção social deve estar em consonância com os princípios de um projeto profissional coletivo, distinto do projeto neoliberal pretensamente hegemônico. Objetivamos também, conhecer o espaço sócio-ocupacional e as condições de trabalho do assistente social no CRAS em Antônio

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Almeida - PI, bem como mapear o perfil dos usuários e a concepção dos mesmos a cerca da atuação do assistente social.

8Acredita-se que a elaboração desta pesquisa possa contribuir para o debate

sobre o exercício profissional dos assistentes sociais, entendo-os como trabalhadores submetidos aos mesmos constrangimentos que sofrem o conjunto de trabalhadores brasileiros, mas também como sujeitos que protagonizam trajetórias profissionais singulares e particulares, que na multiplicidade das relações que compõem o mundo do trabalho, constroem a história coletiva. Trata-se de estudo teórico-metodologico, de caráter qualitativa e as técnicas utilizadas para coleta de dados serão leituras bibliográficas, documental, questionário com perfil ao usuário, entrevista semi-estruturada a assistente social. Este estudo está ancorado numa perspectiva dialética-critica por esta analisar a realidade social em suas múltiplas dimensões, tanto social, política, econômica e cultura.

Nestes termos a presente pesquisa foi conduzida pelas seguintes hipóteses de trabalho: a primeira parte-se do pressuposto que as ações desenvolvidas pela Assistente social no âmbito do Centro de Referencia de Assistência social (CRAS) no município de Antônio Almeida – Piauí estar influenciando de forma positiva no cotidiano dos usuários, tendo em vista a sua alta estima e a segunda é que o Centro de Referencia de Assistência social (CRAS) possui estratégia mediante suas ações que pode contribuir efetivamente para a qualidade de vida destes usuários.

Contudo, visando atender aos objetivos aqui expostos a presente pesquisa encontra-se estrutura em quatro capítulos.

O primeiro capitulo, diz respeita a Introdução, onde fazemos uma abordagem geral sobre o tema em estudo; O segundo capitulo Procura-se expor “O Serviço Social no Brasil: dentro de um contexto peculiar do capitalismo (a era monopolista), aliada a prática profissional do Assistente social, levando em conta a literatura produzida por alguns autores, como também uma pequena abordagem sobre Proteção social Básica e CRAS; O terceiro capitulo “ Contexto histórico do município de Antônio Almeida-Pi”, destacando os aspectos econômico e social; O quarto capitulo, “Analise e Discussões” “O Centro de Referencia de Assistência Social em Antônio Almeida” faz –se uma leitura e interpretação dos dados coletados na pesquisa, abordando uma reflexão sobre a prática profissional do Assistente Social junto aos usuários do Centro de Referencia de Assistência social (CRAS).

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CAPITULO II - Assistência Social no Brasil

2 Serviço Social no Brasil

Neste capitulo, objetiva analisar de forma critica o profissional do Serviço Social no Brasil dentro de um contexto peculiar do capitalismo (a era monopolista), levando em conta a literatura produzida por alguns autores.

Fundamentalmente, a trajetória histórica do serviço social está relacionada ao contexto macro societário do país. A profissão se origina a partir das contradições entre capital e trabalho. “No Brasil a origem da profissão está indissoluvelmente ligada a ação da Igreja e a sua estratégia de adequação às mudanças econômicas e práticas que alteravam a face do país naquele período” (Castro, 1993: p.104).

Inicialmente a prática do serviço social foi orientada pela influência conservadora da moral religiosa, pelas tendências teóricas inspiradas em traços do positivismo-funcionalismo.

“O Serviço Social surge como resposta á questão social e, em particular à presença do movimento operário e popular, estimulado por contingentes que desenvolviam uma ativa prática de apostolado católico, provenientes das classes dominantes.”(Castro, 1193:p.104).

Da década de 1960 a 1980 a profissão passa por três distintos momentos (Netto,1996) de reflexão teórico-metodológico, denominados reconceituação:Araxá(1967), Teresepólis (1970)esse momento é chamado de uma tendência modernizadora, com forte influência positivista e funcionalista. Temos ainda os documentos de Sumaré (1978) e Alto da Boa Vista (1984) visto como uma reatualização dos aspectos conservadores do serviço social. E por fim a ruptura surge com o movimennto baseado nas teorias criticas de Marx (método BH, 1960) iniciando um projeto político para a profissão.

Neste sentido, partimos do entendimento de que o Serviço Social consiste em uma profissão cuja emergência na chamada divisão sócio-técnica do trabalho ocorre em uma fase bastante peculiar do capitalismo – a era monopólica. É exatamente a dinâmica imposta pelo monopólio, que acirrando as contradições inerentes à ordem do capital, passa a exigir novas modalidades de intervenção do Estado sobre as expressões da “questão social”. Assim, este

Estado incorpora um novo rol de funções e responsabilidades, as quais visam desde a efetiva manutenção e garantia do sistema através das políticas de financiamento e empreendimento, até a reprodução da força de trabalho, garantindo, desta forma, sua legitimidade política.

É exatamente sobre o entendimento brevemente exposto até então que localizamos o surgimento das políticas sociais no Brasil e com elas a construção do espaço sócioocupacional do assistente social, este tradicionalmente incorporado pelo conjunto de programas e instituições sociais, como um dos seus instrumentos de intervenção no âmbito da reprodução material e, sobretudo, ideológica da classe trabalhadora.

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NETTO apud (AMORIM p. 7 2006) na década de 1980, com o período de efervescência política no Brasil e de redemocratização do país, aliado, posteriormente, à aprovação da Constituição Federal de 1988 (elevando as políticas sociais à condição de

10direitos de cidadania), enfim, as condições favoráveis daquela determinada conjuntura levam parte da categoria profissional a pensar uma direção estratégica vinculada a um projeto de mudança da ordem social estabelecida, legitimada pelo pensamento de Marx e à luz da teoria histórico-crítica, em favor de um novo projeto societário.

NETTO, apud Ortiz (p. 15 2005) o projeto profissional hoje hegemônico, denominado projeto ético-político do Serviço Social, significa um conjunto de intenções de comprometimento da profissão com outra ordem social diferente do capitalismo, por isso a dificuldade de ser implementado nesta sociedade, dinâmica e de natureza dialética, e no interior da profissão. Está expresso nas atribuições e competências profissionais (Lei nº. 8662/93), no Código de Ética de 1993 e nas diretrizes curriculares da formação profissional (1998) e os seus elementos constitutivos são vistos a partir das atribuições e objetivos profissionais, dos valores e princípios, dos instrumentos e técnicas, das racionalidades e do referencial teórico-metodológico.

Assim, Iamamoto (1998) sugere que para a apreensão e enfrentamento do cenário atual, marcado pelos aspectos já tratados anteriormente, faz-se necessário uma apropriação mais rigorosa da base teórico-metodológica para construir alternativas, sem desconsiderar o caráter interventivo da profissão, o que exige o aperfeiçoamento técnico-operativo. O lugar e o papel do instrumental, tema que sempre pareceu prioritário para a categoria em detrimento do conhecimento teórico-metodológico, precisa ser redimensionado para que não corramos o risco do tecnicismo de um lado, ou do teoricismo do outro.

Além disso, há de se buscar o efetivo engajamento político nos movimentos sociais e reconhecimento da dimensão política da profissão. Contudo, nos alerta Iamamoto (1998), que a afirmação deste pressuposto sem a devida fundamentação teórico-metodológica e técnico-operativa para decifrar os processos sociais, consiste em um equívoco já amplamente.

Discutido no interior da categoria, dada a possibilidade de, como nos anos 70 encaminharmonos ao politicismo ou militantismo e, por conseguinte, a posturas messiânicas e voluntaristas. Para Iamamoto:

“O grande desafio na atualidade é, pois, transitar da bagagem teórica acumulada ao enraizamento da profissão na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, uma maior atenção às estratégias, táticas e técnicas do trabalho profissional, em função das particularidades dos temas que são objetos de estudo e ação do assistente social” (IAMAMOTO, 1998, p.52).

3. Serviço Social e Assistência Social

Conforme Martinelli apud (CFESS 2007) o Serviço Social como profissão, em sete décadas de existência no Brasil e no mundo, ampliou e vem ampliando o seu raio ocupacional para todos os espaços e recantos onde a questão social explode com repercussões no campo dos direitos, no universo da família, do trabalho e do “não trabalho”,da saúde, da educação, dos 0(as) idosos (as), da criança e dos(as) adolescentes, de grupos étnicos.... Tais situações demandam ao Serviço Social projetos e ações sistemáticas de pesquisa e de intervenção de conteúdos os mais diversos, quem vão além de medidas ou projetos de Assistência Social.

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O primeiro curso de Serviço Social no Brasil surgiu em 1936 e sua regulamentação ocorreu em 1957. O processo de reconceituação gestado pelo Serviço Social

11desde a década de 1960 permitiu à profissão enfrentar a formação tecnocrática conservadora e construir coletivamente um projeto ético-político profissional expresso no currículo mínimo de 1982 e nas diretrizes curriculares de 1996 e no Código de Ética de 1986 e 1993, nos quais as políticas sociais e os direitos estão presentes como uma importante mediação para construção de uma nova sociabilidade. Trata-se de uma profissão de nível superior, que exige de seus (as) profissionais formação teórica, técnica, ética e política, orientando-se por uma Lei de Regulamentação Profissional e um Código de Ética.

A política de Assistência Social, por sua vez, comporta equipes de trabalho interprofissionais, sendo que a formação, experiência e intervenção histórica dos (as) assistentes sociais nessa política social não só os habilitam a compor as equipes de trabalhadores(as), como atribuem a esses(as) profissionais um papel fundamental na consolidação da Assistência Social como direito de cidadania.

A Constituição Federal de 1988 situou-a no âmbito da Seguridade Social e abriu caminho para os avanços que se seguiram. Entendendo que estes são os parâmetros que balizam a defesa da Seguridade Social, deve incluir todos os direitos sociais previstos no artigo 60 da Constituição Federal (educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência e Assistência Social) de modo a conformar um amplo sistema de proteção social, que possa responder e propiciar mudanças nas perversas condições econômicas e sociais dos (as) cidadãos (ás) brasileiros (as). A Seguridade Social deve pautar-se pelos princípios da universalização, da qualificação legal e legítima das políticas sociais como direito, do comprometimento e dever do Estado, do orçamento redistributivo e da estruturação radicalmente democrática, descentralizada e participativa.

Os movimentos específicos do Conjunto CFESS/CRESS na luta pela instituição e consolidação da Assistência Social como política pública e dever estatal situam-se nesta compreensão de direitos, Seguridade Social e cidadania. Esta tem sido a bússola que vem orientando, historicamente, sua ação em momentos importantes no processo de reconhecimento da Assistência Social como direito social e política de Seguridade Social, entre os quais cabe destacar:

Durante a Constituinte (1987-1988), o CFESS participou ativamente nas subcomissões e Comissão da Ordem Social, sendo um ardoroso defensor da Seguridade Social como amplo sistema de proteção social, que deveria incluir a Assistência Social. Neste processo, contrapôs-se às forças que defendiam que a Seguridade Social deveria se limitar à Previdência Social;

No transcorrer do processo de elaboração e aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (1989-1993), o Conjunto CFESS/CRESS combateu ferozmente o veto do então Presidente Collor ao primeiro Projeto de LOAS; articulou a elaboração e apresentação ao Congresso de um amplo e alargado Projeto de Lei de Assistência Social (que infelizmente não foi aprovado); lutou no âmbito do Legislativo contra vários Projetos de Lei que defendiam ações extremamente restritivas de Assistência Social; apresentou inúmeras emendas ao Projeto de Lei que veio a ser aprovado e sancionado em 1993, no intuito de ampliar a renda per capita para acesso ao Benefício de Prestação Continuada - BPC, incluir

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diferente programas, projetos e serviços e garantir a descentralização e o exercício do controle social de forma autônoma pelos Conselhos nas três esferas (muitas foram acatadas);

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Após a aprovação da LOAS, o CFESS continuou lutando arduamente para sua implementação: entrou com ação judicial para que o Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS fosse instituído em 1994; participou de cinco gestões no CNAS, representando o segmento dos(as) trabalhadores(as);e elaborou e publicizou diversas manifestações em defesa do cumprimento da LOAS e, mais recentemente, do SUAS;

Em todos os Estados brasileiros, os CRESS inseriram-se nas lutas pela formulação das leis orgânicas estaduais e municipais de Assistência Social e pela instituição dos conselhos de Assistência Social;

O Conjunto CFESS/CRESS participou ativamente dos processos de discussão e debates para elaboração da PNAS, da NOB/SUAS e da NOB/RH, tendo elaborado e encaminhado ao CNAS diversas sugestões para a NOB/RH, sendo que muitas foram incluídas no documento final.

O compromisso ético, político e profissional dos (as) assistentes sociais brasileiros(as), do Conselho Federal de Serviço Social e dos Conselhos Regionais de Serviço Social na luta pela Assistência Social não se pauta pela defesa de interesses específicos de uma profissão ou de um segmento, pois suas lutas fundamentam-se: - no reconhecimento da liberdade, autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; - na defesa intransigente dos direitos humanos e na recusa do arbítrio e do autoritarismo; - na ampliação e consolidação da cidadania, com vistas à garantia dos direitos das classes trabalhadoras; - na defesa da radicalização da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; - no posicionamento em favor da eqüidade e justiça social, que assegurem universalidade de acesso aos bens e serviços, bem como sua gestão democrática; - e no empenho para a eliminação de todas as formas de preconceito.

Por fim, estes são alguns dos princípios fundamentais que estruturam o Código de Ética dos (as) assistentes sociais brasileiros, que orientam e imprimem direção à intervenção do CFESS e que devem fundamentar a intervenção dos assistentes sociais na política de Assistência Social.

4. A Prática Profissional do Assistente Social

Iamamoto apud Oliveira (2006) O Serviço Social é uma profissão regulamentada pela Lei 8.662/1993 e como tal, o assistente social elabora, coordena e executam ações de saúde, assistência social, previdência, educação, habitação, atendimento a crianças, adolescente e idoso, dentre outros. Assim, garantir direitos é dever do Assistente social, no cotidiano de sua prática profissional.

A profissão seguiu caminhos diferentes em todos os pais. O Assistente social ligado às questões humanistas, que trabalhava o assistencialismo, a caridade, a filantropia, as explicações religiosas e as políticas sociais do Estado, estava em decadência e buscavam desempenhar um novo papel em que trabalhava o serviço Social como profissão, onde o Assistente Social iria trabalhar a personalidade das pessoas e o meio social na qual estão inseridos relacionando com famílias, a escola, os amigos, os empregos entre outros.

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Era necessário ter bases técnicas à prática sistemática que se exercia, para pouco a pouco o trabalho do Assistente Social perdesse seu caráter de voluntariado,

13paternalista, assistencialista. Esse profissional tenta criar novos espaços muda seu discurso de pobreza, caridade, políticas sociais e passam a falar em contradições, conflitos de classes sociais entre os trabalhadores, as reformas e revolução. Torna-se nesse momento imprescindível diferenciar que a prestação de serviços assistenciais não significa necessariamente ser assistencialista, essa é a nova idéia de prática profissional do Assistente Social, que não deixará de ter identificação e um comprometimento com a sociedade.

É indiscutível que novos horizontes estão surgindo para o serviço Social. As cidades crescem cada vez mais no Brasil, vivem mais pessoas na cidade que no campo, é dentro dessa realidade que o serviço Social busca redimensionar sua prática cotidiana. Nessa dimensão afirma (Estevão, 1999, p.63.) que:

O Serviço Social é uma prática profissional, de universitário, inserida na divisão social do trabalho como qualquer outra profissão, divide, com os trabalhadores urbanos, as incertezas e esperanças de quem são brasileiros e, apesar disso, tem fé na vida. O Serviço Social, hoje em vez de jogar “panos quentes” nas feridas do capitalismo, deve procurar melhores condições de vida para a população.

Assim, prática profissional do Serviço Social, como qualquer outra atividade considerada trabalho, necessita de precisões e discriminações em relação à transformação dos seus objetos de trabalho em produtos, assim como próprio processo desta transformação. Desta forma, cabe então ao assistente Social desenvolver novas e eficazes práticas.

Desta forma, (emancipação, 6(1): 9-23, 2006) Martinelli afirma que somos profissionais cuja prática está direcionada para fazer enfrentamentos críticos da realidade, portanto precisamos de uma sólida base de conhecimentos, aliada a uma direção política consistente em que nos possibilite desvendar adequadamente as tramas conjunturais, as forças sociais em presença. É neste espaço de interação entre estrutura, conjuntura e cotidiano que nossa prática se realiza. É na vida cotidiana das pessoas com as quais trabalhamos que as determinações conjunturais se expressam. Portanto, assim como precisamos saber ler conjunturas, precisamos saber ler também o cotidiano.

Neste contexto com visão de IAMAMOTO (1997), a prática profissional do Assistente social neste estudo será compreendida como uma atividade essencialmente histórica, criadora, dinâmica e critica que se desenvolve nas relações sociais conflituosas da sociedade capitalista. Em outros termos, a prática do assistente Social será vista como uma ação humana efetiva e abrangente, que é determinada pelas condições históricas e conjunturais da sociedade capitalista, em que se encontra envolvida.

Vista por este ângulo, a prática profissional é uma ação resultante de seus agentes sociais, não estando assim, determinada previamente, na sociedade. Ou seja, os rumos e direções que o profissional de Serviço social dará à sua prática e a sua postura, serão em ultima instancia determinado por um amplo conjunto de fatores, sofrendo assim, os reflexos das dificuldades, entraves e dilemas impostos pelo cotidiano, no desenvolvimento de suas relações com as instituições, com os indivíduos e os grupos sociais.

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145. Proteção Social Básica

“A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.” (PNAS, 2004)

É missão de todas as políticas públicas no projeto de Estado social de direito e, particularmente missão da política de Assistência social prover serviços e programas de proteção social.

A proteção social básica inclui a oferta de:

Serviços de referencia para escuta, informação, apoio psico-social, defesa, encaminhamentos monitorados;

Inclusão nos serviços das demais políticas públicas; Serviços e processos de fortalecimento da convivência social, do

desenvolvimento do sentido de pertencimento, desenvolvimento de competências e oportunidades de inclusão no mundo societário.

Os serviços de proteção social básica serão executados de forma direta nos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e em outras unidades básicas e públicas de assistência social, bem como de forma indireta nas entidades e organizações de assistência social da área de abrangência dos CRAS.

6. CRAS

A assistência social ao longo dos anos passou a ser direito do cidadão e dever do Estado. Esta moldado para prestar serviços de proteção social básica que são prevenir situações de riscos por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, fortalecendo os vínculos familiares e comunitários, tendo como publico-alvo, a população que vive em situação de vulnerabilidade social em decorrência da pobreza que se espelha em uma ausência de renda precária.

No entanto, em novembro de 2004, foi criada a atual Política Nacional de Assistência social que busca incorporar as demandas presentes na sociedade, no que tange a responsabilidade política, objetivando tornar claras suas diretrizes na efetivação da assistência social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado. Para o PNAS (2004), alem dever constituir a rede de proteção já mencionada deve funcionar como uma espécie de alavanca para incluir no ciclo dos bens, serviços e direitos existentes na sociedade os grupos sociais injustamente impedidos dessa participação, voltando assim, não apenas para a pobreza relativa ou para a desigualdade social que vem aumentando o desacordo entre ricos e pobres sendo identificada como um processo de exclusão social, m,as para todas as linhas de pobreza existentes.

De acordo com a atual Política Nacional de Assistência social (PNAS) – 2004 a família e o território são privilegiados: isso significa que a proteção, as pessoas e as

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circunstancias passam pela família e pelo local onde vivem. Sendo assim, em cumprimento à referida Política Nacional de Assistência social (PNAS), foram criados os Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) que foi previsto em 2004, como responsável pelo

15Programa de atenção Integral à Família – PAIF como porta de entrada da proteção social básica.

Aquela atenção especifica de antecipação às situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários (LOPES, 2006, p..88). Seus programas projetos serviços e benefícios destinam à população em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação ou fragilização de vínculos afetivos relacionais e de pertencimento social (descriminações etárias, étnicas de gêneros ou por deficiências, dentre outras).

O PAIF, criado em 18 de abril de 2004 (Portaria nº 78), pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS aprimorou a proposta do Plano Nacional de Atendimento Integrado à Família (PNAIF) implantado pelo Governo Federal no ano de 2003. Em 19 de maio de 2004, o PAIF tornou-se “ação continuada da Assistência Social”, passando a integrar a rede de serviços de ação continuada da Assistência Social financiada pelo Governo Federal (Decreto 5.085/2004).

Tem como diretrizes metodológicas; Articular o conhecimento da realidade das famílias com o planejamento do trabalho; Potencializar a rede de serviços e o acesso aos direitos; Valorizar as famílias em sua diversidade, valores, cultura, com sua história, trajetórias, problemas, demandas e potencialidades; Potencializar a função de proteção e de socialização da família e da comunidade; Adotar metodologias participativas e dialógicas de trabalho com as famílias; implementar serviços socioassistenciais em caso de trabalho com famílias indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais.

O Sistema Único da Assistência Social (SUAS), por ser um sistema universalista que abrange todos os territórios, é estipulado pela Norma Operacional Básica de Assistência social (NOB-SUAS), um numero de CRAS de acordo com o porte do município, como também da dimensão do território, definidos por um numero Maximo de famílias que vivem no território de abrangência do CRAS e da taxa de vulnerabilidade do município, como podemos observar abaixo:

Pequeno Porte I – município de ate 20.000 habitantes/5.000 famílias – mínimo de 1 CRAS para ate 2.500 famílias referenciadas;

Pequeno Porte II – município de 20.001 a 50.000 habitantes/de 5.000 a 10.000 famílias – mínimo de 1 CRAS para ate 3.500 famílias referenciadas;

Médio Porte – município de 50.001 a 100.000 habitantes/de 10.000 a 25.000 famílias – mínimo de 2 CRAS, cada um para ate 5.000 famílias referenciadas;

Grande Porte – município de 100.001 a 900.000 habitantes/de 25.000 a 250.000 famílias – mínimos de 4 CRAS, cada um para ate 5.000 famílias referenciadas;

Metrópole – município de mais de 900.000 habitantes/mais de 250.000 famílias mínimo de 8 CRAS, cada um para 5.000 famílias referenciadas. (GUIA DE ORIENTAÇÃO TECNICA – SUAS, 2005, p.07)

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Cabe a equipe técnica os seguintes procedimentos recepção e cadastramento das famílias; levantamento e identificação das necessidades das famílias tratadas; realização

16do atendimento sócio-assistencial; encaminhamento e avaliação dos serviços assistenciais; registros de todos os contatos realizados com o grupo familiar, devendo ser composta pelos profissionais a qual a tabela abaixo mostra:

Categoria Profissional

Até 500 famílias atendidas/ano

De 501 a 1000 famílias

atendidas/ano

Carga Horária (sugerida)

Assistente social 01 02 40 horas semanaisPsicólogo 01 02 40 horas semanaisAuxiliar Adm. 01 02 40 horas semanaisEstagiários 04 06Coordenador 01 01 40 horas semanais

Fonte: Guia de Orientação Técnica – SUAS, 2005, p. 09

O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é também conhecida como casa das famílias sendo uma unidade pública estatal responsável pela oferta de serviços continuados de proteção social básica de assistência social às famílias, grupos e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, de acordo com os indicadores definidos na Norma Operacional Básica (NOB) e no Sistema Único de Assistência social (SUAS).

Sendo assim, sabemos que para se trabalhar o individuo em qualquer situação que seja, faz se necessário trabalhar primeiro a família no que diz respeita a socialização da convivência familiar, como também, a comunitária nas diferentes formas de organização e grau de vunerabilidade a qual vivenciam a centralidade da família e a superação da focalização, no âmbito da política de assistência Social, repousam no pressuposto de que para a família prevenir, proteger, promover e incluir seu membros é necessário, em primeiro lugar, garantir condições de sustentabilidade para tal, e é nesse sentido que a política de assistência Social é pautada: na família seus membros e indivíduos.

A Norma Operacional Básica (NOB) e no Sistema Único de Assistência social (SUAS), foram fundadas em pacto entre os entes federativos os quais asseguram a unidade de concepção e de âmbito da política de assistência social em todo território nacional, sob o paradigma dos direitos à proteção social publica de seguridade social e a defesa da cidadania do usuário. Assegurando ainda a primazia e a precedência da regulação estatal sobre essa atividade publica cuja dinâmica democrática sob controle social prevê a participação da sociedade na formulação e controle das ações e o comando único das ações em cada esfera de governo.

Vale ressaltar, que o Sistema Único de Assistência social (SUAS) é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo que tem por função a gestão do

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conteúdo especifico da assistência social no campo do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários tendo como pólos de atendimento o Centro de Referência de

17Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS).

No entanto, podemos constatar que o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) como unidade pública estatal que presta serviços de proteção social básica, está inserida dentro do Sistema Único de Assistência social (SUAS) que é um sistema descentralizado e participativo casando assim com os objetivos do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) no conteúdo especifico da assistência social como campo da proteção social brasileira.

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CAPITULO III - CRAS no Município de ANTÔNIO ALMEIDA-PI

7. Contexto histórico do município de Antônio Almeida-Pi

Antônio Almeida (Capital do Calcário), originado do povoado Urucu, foi Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de Antônio Almeida, pela lei estadual nº 2.514, de 02-12-1963, desmembrado do município de Guadalupe, teve sua emancipação política em 31-03-1964, esta localizada a 410 km de Teresina capital do Piauí, com população total de 3.231 habitantes (IBGE – CENSO, 2008), com uma densidade de 3,9 hab / km2 e possuindo uma área de 652,732 km², com 100% de domicílios particulares permanentes. A economia do município gira em torno da agricultura familiar de subsistência, pequenos comércios, pecuária de pequeno porte e mineração de calcário.

A situação da população hoje, é diferente da época de sua instalação, houve um avanço em todos os aspectos, tendo em vista que o Índice de Desenvolvimento Humano – (IDH - PNUD) de 1970 (0,223), 1980 (0,263), 1991 (0364) e 2000 (0,643), como se pode observar, o avanço é notório.

O Antônio Almeida habilitado na Gestão Básica do Sistema Único da Assistência Social desde 2005, vem promovendo o reordenamento da Assistência Social no município caracterizando o território como espaço de expressão da cidadania e da reconquista dos direitos sociais. As políticas publicas na cidade consideram as expressões territoriais para combater as desigualdades sociais buscando construir referencias sobre condições de vida e satisfação de necessidades conforme padrões básicos de cidadania. Para concretização destas políticas os serviços são oferecidos no CRAS.

8. Procedimentos metodológicos

Há aproximadamente 12 anos compôs ó cenário da legislação social brasileira uma lei que se propunha à ampliação da seguridade social no Brasil. A LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) encarregaram-se de apresentar, não apenas novos direitos sociais, mas indicar que seu gerenciamento não poderia prescinde princípios e diretrizes que coadunassem com a redemocratização e fortalecimento da sociedade civil no controle das políticas públicas. Assim a importante combinação de ampliação concreta de benefícios sociais e princípios de direitos e valorização da participação popular, desafiava os antigos paradigmas e conseqüente a prática da assistência social.

A Política Nacional de Assistência Social de 2004 traz consigo a concepção de matricialidade familiar, a partir da qual todas as ações devem contemplar a família, para a construção do processo de autonomia e emancipação.

Neste contexto, desde o ano de 2007, o município de Antônio Almeida tem investido e reorganizado sua estrutura a fim de caminhar junto com os avanços da Política de Assistência Social. Desta forma foi implantado neste mesmo ano o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), que abrange de 500 famílias usuárias sendo que 75 famílias estão no CadUnico.

Os serviços de Proteção Social Básica no CRAS o município de Antônio Almeida estão baseados no diagnóstico social local e se estruturam nos eixos: atendimento

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social/acompanhamento familiar; grupos de famílias; capacitação e qualificação profissional; geração de renda, ações com a rede socioassistencial e intersetorial.

19Dentre as ações de proteção social básica podemos destacar:

Atendimento Social / Acompanhamento Familiar: Atendimento individual; Concessão de benefícios eventuais; Acompanhamento familiar; orientações; Encaminhamentos; trabalho com grupos de famílias; Cadastramento no sistema de informações e atendimento, orientação jurídica, ações de desenvolvimento local, capacitação profissional, ações de inserção produtiva, atividades recreativas e culturais dentre outras ações como busca espontânea; Recepção / pré-atendimento; reunião de acolhida; Escuta qualificada; visita domiciliar; Plano de ação com a família e desligamento, conforme fluxo.

Figura 1: Fluxo do Atendimento Social

Entrevista

Estudo Social

Plano de Açãocom a Família

Visita Domiciliar

Benefício Eventual

Capacitação eQualificação Profissional

Grupos de Inserção Produtiva

Rede socioassistencial

Grupos socioeducativos

Acolhida

Mercado Formal de Trabalho

AssociativismoCooperativismo

Renda

Desligamento

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20 Grupos de Famílias: ações continuadas de atendimento à família visando

desenvolver habilidades pessoais, formas de expressão, ludicidade, exercício de cidadania e pertencimento. Atualmente no CRAS são: 01 grupo de jornada ampliada, totalizando 20 crianças e adolescentes de 6 a 12 anos; 05 grupos de famílias, dentre as ações diretas e indiretas, totalizando 30 participantes; 02 grupos de convivência da Terceira Idade com 20 participantes; 01 grupos de jovens com 25 participantes; 02 grupos de adolescentes 28 participantes; com 01 grupo de alfabetização com 10 participantes; 02 grupos de inserção produtiva com 14 participantes.

Capacitação e Qualificação Profissional: tem como objetivo estratégico implementar ações que promovam a auto-sustentabilidade da população em situação de risco e vulnerabilidade social, de forma a criar oportunidades de geração de trabalho e renda e melhorar as condições de acesso e/ou permanência no mercado de trabalho, assim como viabilizar a geração de renda.

Grupos de Inserção Produtiva: as ações de inserção produtiva, no âmbito de atuação da Proteção Social Básica, têm como proposta contribuir para o alcance do desenvolvimento sustentável de famílias que se encontra em situação de vulnerabilidade e risco social através da geração de alternativas de trabalho e renda. O trabalho com os grupos de inserção produtiva possui metodologia dividida em cinco etapas sendo: diagnóstico, sensibilização, capacitação, produção e apoio à comercialização. Respeitando a realidade e características de cada grupo, tais ações podem ser realizadas em três diferentes modalidades: cursos de inserção produtiva; oficinas de inserção produtiva e grupos de produção. As três modalidades que compõem a proposta de trabalho das ações de inserção produtiva se relacionam, no entanto, são independentes, podendo acontecer conforme a realidade e necessidade de cada grupo e da avaliação técnica.

Os grupos de inserção produtiva atuais do CRAS são: Corte e costura. Artesanato, Bordado, Cabeleleiro, Reciclagem de papel de jornal, Horta Quintal dentre outros.

Figura 2: Fluxo do eixo inserção produtiva

AÇÕES SOCIO-EDUCATIVAS

CURSOS

APERFEIÇOAMENTO

GRUPOS DEINSERÇÃOPRODUTIVA

COMERCIALIZAÇÃO

ENTRADA

SAÍDA

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21 Rede Socioassistencial e Intersetorial: trata-se das ações desenvolvidas em parceria

com a rede local e intersetorial para atendimento à população em situação de vulnerabilidade social residente no território de abrangência do CRAS.

De acordo com a PNAS (2004), a equipe do CRAS deve “se articular com a rede de proteção social local no que se refere aos direitos de cidadania, mantendo ativo um serviço de vigilância da exclusão social na produção, sistematização e divulgação de indicadores da área de abrangência do CRAS, em conexão com outros territórios. Realiza, ainda, sob orientação do gestor municipal de Assistência Social, o mapeamento e a organização da rede socioassistencial de proteção básica e promove a inserção das famílias nos serviços de assistência social local. Promove, também, o encaminhamento da população local para as demais políticas públicas e sociais, possibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais que visem a sustentabilidade, de forma a romper com o ciclo de reprodução intergeracional do processo de exclusão social, e evitar que estas famílias e indivíduos tenham seus direitos violados, recaindo em situações de vulnerabilidade riscos”.

9. Um novo paradigma de reorganização social no município

A origem de Antônio Almeida está vinculada à questão urbana, na forma como esse espaço é reconfigurado e administrado, sobretudo, a partir da década de 1940, quando Agostinho de Freitas Varão resolveu fazer doação de um hectare ao Estado, onde foi construído um Grupo Escolar, que funcionou a partir de 1949. Percebe-se um rápido desenvolvimento da povoação, com características fortemente rurais e destituída de infra-estrutura. O crescimento desta povoação foi atribuído aos dois primeiros comerciantes de Antônio Almeida, Martinho Gomes dos Santos e Vítor Vertunes da Rocha. Liderados pelo então Deputado Estadual João Clímaco de Almeida, os comerciantes Gervásio Gonçalves Guimarães, Raimundo Alves de Carvalho e Antônio da Silva Ribeiro promoveram a criação do Município, o que ocorreu em 1963.

Atualmente o município de Antônio Almeida tem uma população de 3.231 habitantes (IBGE – CENSO, estimativa 2008), com uma densidade de 3,9 hab / km2 e possuindo uma área de 652,732 km². A economia do município gira em torno da agricultura familiar de subsistência, pequenos comércios, pecuária de pequeno porte e mineração de calcário.

A situação da população hoje, é diferente da época de sua instalação, houve um avanço em todos os aspectos, tendo em vista que o Índice de Desenvolvimento Humano – (IDH - PNUD) de 1970 (0,223), 1980 (0,263), 1991 (0364) e 2000 (0,643), como se pode observar, o avanço é notório. Indicadores de habitação e saneamento (2000) demonstram 692 (100%) domicílios particulares permanentes, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), implantou 300 (trezentas) fossas sépticas através do Programa Saúde da Família (PSF). A taxa de analfabetismo houve um avanço, tendo em vista que em 1970 era 74,7% e em 2000 de 26,8%(INEP/MEC – censo escolar), o percentual de pobres de 1970 era 99,1% em 2000 69,7%. No município também existem conselhos Municipais deliberativos tanto na Assistência e Ação social quanto na Saúde.

No setor de comunicação, atualmente o município conta com uma Radio comunitária e aproximadamente 5 (cinco) orelhões espalhados nos seus diversos setores.

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22Em relação à saúde, o município conta com um Posto de Saúde, onde atuam

uma equipe do PSF para atender a demanda do município. Segundo informações colhidas no posto medico, as principais doenças que atinge a população são respiratórias......

Na área de segurança publica, inicialmente, o município contava com um Posto Policial Extensivo (PPO), que após uma reestruturação funciona como Delegacia, disponibilizando na sua estrutura física de duas celas.

Quanto a educação e cultura o município conta com uma Creche Tia Apolônia que atende 133 crianças, e mais 11 Unidades Escolares que atende no total de 802 alunos.(fonte Censo Escolar) e 150 jovens e adultos cadastrados no Programa Brasil Alfabetizado/2008 do Governo Federal.

Antônio Almeida conta com existência de vários templos religiosos como Igreja Batista, Igreja Universal. As igrejas Católicas são divididas por bairros, sendo uma no Bairro Ouro Preto e a outra no Centro da Cidade.

Atualmente o município é abastecido por um numero considerável proporcionalmente de pequenos comércios espalhados por toda a cidade, sendo observado uma quantidade razoável de bares. O município possui também uma horta comunitária que auxilia no sustento de algumas famílias.

10. O reconhecimento da família: uma relação de confiança com o CRAS

A partir do reordenamento da Política Nacional de Assistência Social (2004) e orientações técnicas para o acompanhamento das famílias, o CRAS adotou o atendimento por técnico de referencia e tem investido na prática social voltada para a família que sofre e não especificamente a família em risco ou incapaz.

A experiência do CRAS no trabalho com famílias preponderantemente está no reconhecimento das potencialidades de cada um de seus membros. A compreensão do contexto social, econômico, político, cultural e histórico em que a família está inserida têm garantido uma relação de igualdade, reconhecimento e valorização com vistas para a autonomia e emancipação das famílias.

A amplitude do olhar persistente e focado nos recursos e potencialidade das famílias e na sua capacidade de mobilização e transformação são os aspectos considerados na relação da família com o CRAS, contudo o cuidado para que aquele modelo estereotipado de família ideal não permeie as relações.

Apesar da renda não se constituir como único fator de vulnerabilidade social, o encaminhamento das famílias para o mercado de trabalho tem se constituído como fortalecimento da rede local e ampliação das oportunidades e possibilidades para as famílias.

São muitos os resultados alcançados até o momento, muitos subjetivos e quase impossíveis de dimensionar, mas destaca-se:

A participação das famílias no processo de consolidação da assistência social como política pública de direito;

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A redução da expectativa clientelista e assistencialista; O reconhecimento do assistente social como referência técnica; A referência do CRAS como equipamento público;

23 A participação das famílias nas ações sócio-educativas; Maior número de famílias portadoras dos documentos pessoais; Maior número de crianças, adolescentes e jovens na escola; Número relevante de mulheres, jovens e adolescentes encaminhados para capacitação

e qualificação profissional e mercado de trabalho;

Ainda é foco do CRAS o mapeamento dos vínculos relacionais no intuito de conhecer o nível de pertencimento da família em relação à comunidade. Entende-se que estes vínculos, se fortalecidos, maior é a possibilidade de autonomia e emancipação das famílias.

Levando em conta o contexto histórico da família e da assistência social no Brasil, a equipe do CRAS tem trabalhado arduamente com a expectativa de fortalecimento dos laços familiares, bem como da recuperação da confiança perdida no Estado, nas instituições e nos indivíduos, considerando a aparente correlação entre confiança e democracia.

“O CRAS pra mim significa escuta, respeito, confiança, amizade, esperança, caminhos e alternativas”

(sic).

Conceituando o termo confiança encontramos no dicionário da língua portuguesa:

“Confiança é sentimento de quem confia. Segurança de ânimo com que se faz alguma coisa. Crédito; fé”.

A sede do CRAS em Antônio Almeida foi inaugurada no dia 31 de março de 2007 na administração Municipal de João Batista Cavalcante Costa, tendo como Secretaria Assistencial Vanilda Cavalcante costa.

O CRAS localiza-se na Rua Presidente Dutra, 20 – Centro CEP: 64855-000 Antônio Almeida – PI Fone/ Fax: (89) 3543 - 1129 E-mail: [email protected], sua equipe conta com uma Assistente Social, uma Psicóloga, contando com mais quatro membros da Equipe de Apoio o horário de funcionamento é das 7:00 às 18:00hs. Ininterrupto.

A meta de atendimento é 500 famílias cadastradas, destas 75 famílias estão inscritas no Bolsa Família. A estrutura física do CRAS é formada por 01 (uma) área para recepção, 01 (um) banheiro, 01 (uma) sala para atendimento e 01 (uma) cozinha com uma área ampla para oficinas, horta de quintal dentre outros.

Os sujeitos envolvidos na pesquisa foram 02 (duas) famílias usuárias do CRAS do município que responderam a um questionário e 01 (uma) assistente social do CRAS que respondeu para esta pesquisadora uma entrevista.

11. Influencia do método

Na construção deste estudo adotamos o método critico-dialetico, que nos possibilitou realizar uma analise mais ampla da realidade social, na qual os sujeitos da pesquisa estão inseridos.

A pesquisa foi realizada a partir de uma abordagem qualitativa que segundo Martinelli (1999,p. 115), “é uma pesquisa que se insere no marco de referencia da dialética, direcionando-se, fundamentalmente, pelos objetivos buscados”.

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Esta pesquisa teve como lócus empírico o município de Antônio Almeida-Pi, junto à Secretaria Municipal de assistência social (SEMAS).

24Os procedimentos de pesquisa a serem utilizados no estudo de campo dos

CRAS serão observações Sistemáticas em loco; a Entrevista semi-estruturada. Este é entendido como um procedimento de pesquisa qualitativa que congrega pessoas com alguma vivência sobre um tema central em estudo, no caso “a prática profissional do assistente social no CRAS”.

A pesquisa de campo é fundamentada em uma pesquisa bibliográfica. Nesta pesquisa também utilizamos pesquisa documental através dos seguintes documentos: Norma Operacional Básica do Sistema Único de assistência social (NOB/SUAS-2005), Política Nacional de Assistência Social.

Opto-se em gravar todas as entrevistas, garantindo assim a fidelidade das informações fornecidas pelos entrevistados e a riqueza do momento da entrevista, que por vezes não são expressas pela a fala e sim pelo o silencio, na pausa para refletir, nas risadas... Elaborou-se também, um “termo de consentimento” em anexo, que foi lido em cada uma das entrevistas e assinada pelas duas partes (entrevistados e entrevistador), no qual eram esclarecidos o objetivo da pesquisa e as condições de sua realização. Os instrumentos utilizados serão gravador, roteiro de entrevista semi-estruturado.

Os dados coletados serão analisados e se necessário será utilizado tabelas e/ou gráficos para expor alguns dados.

Lukatos (1991) “menciona que entrevista consiste em um dialogo efetuado frente a frente, de maneira metódica, através do qual se busca a obtenção de informações do entrevistado sobre determinado assunto.

Para o desenvolvimento da pesquisa foi explicado para o entrevistado o objetivo e a importância da sua colaboração, bem como afirmação da confidenciabilidade dos dados informados.

As categorias teóricas principais que serão relevantes para identificação da ação profissional são autores que tratam o tema em suas varias dimensões, mas especialmente em relação a prática profissional do assistente social, entre esses se destacam Faleiros (1991), Iamamoto (1994), Martinelli (1997), dentre outros. A intenção é que contribua com o conhecimento dos desafios postos pela ordem burguesa ao agir profissional compromissado com uma outra sociabilidade.

Os dados selecionados serão sistematizados, organizados e analisados à luz dos fundamentos teóricos e metodológicos escolhidos e apontados acima.

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CAPITULO IV - Analise e Discussões

12. O Centro de Referencia de Assistência Social – Antônio Almeida - PI

Tendo em vista que os CRAS devem instalar-se em áreas com famílias em situação de vulnerabilidade social, inicialmente, faz-se necessário traçar as principais características do município onde está instalado o nosso objeto de estudo.

O município de Antônio Almeida-Pi abrange uma população de 3.231 habitantes, destes, 1.525 são homens e 1.496 são mulheres (segundo o censo 2000 do IBGE estimativa 2007). Com relação ao saneamento básico, boa parte das residências possui esgotamento sanitário e 60% possuem banheiro sanitário. Em relação à habitação, sua grande maioria as casas são próprias.

A coleta de lixo é feita por caminhões de lixo. As ruas possuem iluminação pública e, quanto à segurança, Na área de segurança publica, inicialmente, o município contava com um Posto Policial Extensivo (PPO), que após uma reestruturação funciona como Delegacia, disponibilizando na sua estrutura física de duas celas. No que diz respeito às ruas, em torno de 85% são calçadas.

O comércio predominante o município é agricultura familiar de subsistência, pecuária de pequeno porte, pequenos comerciantes e mineração de calcário. Alguns meios de lazer são oferecidos no município, tendo em vista, que o mesmo possui quadras de esportes, praças, etc.

Na cidade de Antônio Almeida – PI encontram-se instalado um CRAS, localizado na Rua Presidente Dutra nº. 20, considerado área de maior concentração de famílias em vulnerabilidade social.

Deteremo-nos ao CRAS Antônio Almeida.

O CRAS em sua estrutura física comporta uma sala de recepção, uma do Serviço Social, uma para a Psicologia e outra destinada à coordenação, contando ainda com cozinha, dois banheiros e uma sala para reuniões e cursos profissionalizantes, computador, rampa de acesso a Pessoas Portadoras de Deficiência Física. Diante do exposto, constatamos que o Centro de Referência de Referência de Assistência Social em sua estrutura física atende o que está proposto no Guia de Orientações Técnicas- SUAS- nº. 1 de Proteção Social Básica.

Esta Instituição atende tanto a zona urbana quanto a rural, atuando com grupos de mulheres, gestantes, idosos e crianças, através de palestras sócio-educativas com temáticas variadas, tais como: sexualidade, violência, drogas e outros temas sugeridos pelos grupos, cursos profissionalizantes, visitas domiciliares, encaminhamentos e uma primeira escuta no atendimento psicológico.

Atualmente a Equipe Técnica do CRAS conta com um Assistente Social, uma Psicóloga, contando com mais quatro membros da Equipe de Apoio.

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No tocante à estrutura organizacional, o CRAS possui uma Coordenação (Assistente Social), todavia cada técnico (Assistente Social e Psicóloga) possui uma atribuição no âmbito da sua profissão.

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A concepção de política desta instituição está de acordo com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), tendo em vista que a política deste CRAS defende o acesso e a garantia de direitos.

Dos grupos atendidos pelo Centro de Referência de Assistência Social, no que diz respeito a sua classe, constituí-se de baixa-renda e, no que se refere à categoria profissional, oferecem sua mão-de-obra de modo informal, contribuindo para o fortalecimento do trabalho informal.

Segundo Nogueira e Mioto (s.d., p. 6-7), a interdisciplinaridade é compreendida como um processo de desenvolvimento de uma postura profissional que viabilize um olhar ampliado das especificidades que se conjugam no âmbito das profissões através de equipes multiprofissionais, visando integrar saberes e práticas voltadas a construção de novas possibilidades.

No âmbito do CRAS, quanto à interdisciplinaridade, faz-se presente na dinâmica institucional, na qual apesar de possuir uma organização hierárquica, há um planejamento em conjunto com a equipe.

A prática do Assistente Social é realizada por meio da rede de atendimento junto à Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) e parcerias, onde as famílias cadastradas ou não cadastradas no CRAS têm acesso a esses serviços, que são concretizados através de visitas domiciliares, reuniões institucionais, reuniões sócio-educativas nas comunidades atendidas pela instituição, encaminhamentos e acompanhamentos, ações comunitárias, articulações e fortalecimento de redes e grupos sociais e a implementação das ações de capacitação e inserção produtiva.

Nos itens seguintes procuramos situar as principais características das famílias atendidas no CRAS de Antônio Almeida.

12.1 Perfil sócio-econômico das famílias atendidas pelo CRAS

Para se abordar o perfil sócio-econômico das famílias atendidas pelo o CRAS em Antônio Almeida utiliza-se como coleta de dados um questionário aos usuários.

Ao analisarmos os resultados da pesquisa, podemos dizer que todos os usuários escolhidos para amostragem foram unânimes em relatar positivamente a implantação do CRAS em Antônio Almeida.

Conforme normas definida na Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004), o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é “porta de entrada” dos usuários à rede de proteção social básica que concretiza o direito socioassistencial quanto à garantia de acessos a serviços de proteção social básica com matricialidade socio-familiar e ênfase no território de referência, desta forma podemos ratificar a satisfação dos usuários que responderam ao questionário.

Em relação à renda familiar, foi constatado que a maioria dos usuários percebe entre ½ (meio) e 01(um) Salário mínimo, proveniente na sua maioria de trabalho

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informal (prestadores de serviços, ambulantes e outros) com índice elevado de desemprego, demandando na necessidade dos programas de capacitação, qualificação e geração de renda.

Daí a importância de se implantar um Centro de referencia de Assistência Social – CRAS no município para que as famílias tenham acesso às Políticas Publicas em

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relação à informação, prevenção e proteção social básica e que as mesmas não venham cair em situação de risco precisando, portanto da proteção social básica especial que é executada através dos Centros de Referencia Especializado da Assistência Social – CREAS.

A pesquisa revela dados interessantes, onde pode constatar que 100% das famílias questionadas moram em casa própria, com mais de dois cômodos, fossas sépticas, água encanadas, energia elétrica e coleta de lixo.

Com relação à escolaridade, constatamos através de pesquisa que mais da metade dos responsáveis pelas famílias inseridas no CRAS, têm o ensino fundamental incompleto, afinal, esta não se resume apenas ao município de Antônio Almeida, conforme mostra os dados a seguir, mas também a realidade nacional.

Neste contexto, aparece o fenômeno da evasão escolar, que esta intrisicamente ligado à origem das crianças e adolescentes, pois quanto mais baixo o rendimento familiar, mais elevadas serão as taxas de evasão entre os filhos dessas famílias. Isto demonstra o abandono das crianças muito cedo nas escolas para ir à busca da sobrevivência, sem contar que muitas vezes o conteúdo definido nas escolas é bem diferente da realidade que os mesmo vivem.

Ademais as escolas precisam deixar de ser meramente transmissora de informação e transforma-se num lugar de analises críticos de produção da informação ao processo de aprendizagem, se não, será pouco provável que os alunos cheguem a aprender os conhecimentos necessários para o seu desenvolvimento pessoal e para sua capacidade de compreensão da realidade na qual esta inserida. Como afirma o educador Piaget:

Piaget afirma na sua teoria cognitiva que “criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo o momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas”

Segundo Vygotsky (1896-1934) “o aluno não é tão somente o sujeito da aprendizagem, mas, aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagem e o próprio conhecimento. A  aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pessoas.”

Ao longo da historia da educação brasileira foi possível perceber que para os governantes a educação não é prioridade, tendo em vista o pouco investimento. Em um país onde a ordem cronológica dos direitos foram invertidos, trazendo em primeiro lugar os direitos sociais, implantados por um ditador, depois vieram os direito políticos e por ultimo os direitos civis, que ainda hoje continuam a maioria da população não tendo acesso.

Desta forma, fez com que a população ficasse acuada, pois sabemos que o direito civil é o que de fato da cidadania e na falta de garantia dos direitos a população fica sem saber de fato o que lhe é de direito, acreditando que os direitos são favores prestados pelo Estado, indo totalmente contra a cidadania.

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13. Atividades desenvolvidas no CRAS

Tentando identificar as atividades desenvolvidas no CRAS do município, realizamos uma entrevista com Assistente Social do CRAS, para podermos fazer uma comparação com as falas dos usuários sendo que a mesma nos respondeu da seguinte forma:

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Atende as famílias que estão em situação de vulnerabilidade e risco social e pessoal, contemplando os conflitos familiares, violência, uso e abuso de drogas, entre outros;

Promove o acompanhamento sócio-assistencial da família por território; Palestras voltadas à comunidade ou à família, seus membros e indivíduos; Contribui para o processo de autonomia e emancipação social das famílias,

incentivando o melhor relacionamento em casa e no trabalho; Realiza cursos de geração de emprego e renda; Campanhas socioeducativas; Insere as famílias nos serviços, programas, projetos e benefícios sócio-assistenciais; Encaminhamento e acompanhamento de famílias, seus membros e indivíduos; Reuniões e ações comunitárias; Articulação e fortalecimento de grupos sociais locais; Produção de material para capacitação e inserção produtiva, para oficinas lúdicas e

para campanhas sócio-educativas, tais como vídeos, brinquedos, materiais pedagógicos e outros destinados aos serviços sócio-assistenciais;

Deslocamento da equipe para atendimento de famílias em comunidades em zonas rurais;

Realiza atendimento através da equipe (assistente social e psicólogo); Articula o atendimento aos serviços disponíveis nas diversas políticas públicas,

como saúde e educação.

13.1 CRAS promove oficinas para garantir mais opções de emprego e renda

O Centro de Referência da Assistência Social – CRAS de Antônio Almeida-Pi é uma unidade pública de assistência social que atende famílias em situação de vulnerabilidade social em decorrência da situação de pobreza, ausência de renda, precário acesso aos serviços públicos e rompimento ou fragilidades nas relações familiares e comunitárias.

Esta unidade de Antônio Almeida-Pi foi inaugurada no dia 31 de março de 2007, na Rua Presidente Dutra nº. 20 estendendo o atendimento a todas as localidades.

Nesse primeiro ano de intenso trabalho, o CRAS tem criado espaços multidisciplinares e descentralizados, onde se desenvolve ações objetivando a promoção, autonomia e emancipação daqueles que precisam de assistência social. O Prefeito João Batista Cavalcante Costa e a secretária da Pasta, Maria de Lourdes da rocha Sanches, foram criteriosos na escolha das acomodações do CRAS. As dependências são arejadas e cômodas para as necessidades, inclusive com acessibilidade para pessoas que dependem de cadeira de rodas para se locomoverem.

“Escolhemos um local estratégico para suprir as necessidades dos que procuram os serviços do CRAS e também as dos profissionais que ali trabalham”. São preocupações não só minhas, mas também do “Prefeito João Batista”, explica.

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Quanto à concepção desta profissional com relação às mudanças ocorridas no município após a implantação do CRAS, a profissional respondeu assim:

“Antônio Almeida após a implantação do CRAS, avançou principalmente a perspectiva de vida entre as mulheres que participam das atividades de capacitação produtiva e geração de trabalho e renda. Observamos a melhoria

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na auto-estima das pessoas que passaram a acreditar e lutar por uma vida melhor para si e seus familiares” (Assistente Social Maria Antônia).

Para melhor compreensão a fala acima, analisaremos a citação a baixo:

Deve-se se esclarecer que a complementação da renda familiar é um meio e não um fim. Portanto, deve esta associada ao conjunto de programas/serviços oferecidos pela política social com vistas a proteção social e ao desenvolvimento de condições para auto-sustenção do grupo familiar. Enquanto meio supõe um conjunto de ações e um processo que deve ser acompanhado e supervisionado (CARVALHO, 2005).

Percebe-se que os trabalhos sistemáticos e complementares que vem sendo desenvolvido conforme a fala a cima da Assistente Social junto as famílias é de suma importância, uma vez que complementa a renda familiar. Neste sentido programas de complementação de renda como o Programa Bolsa Família (alvo do CRAS), se faz necessário para que estas famílias não fiquem acomodadas a essa complementação de renda, entendendo como suficiente as suas necessidades básicas, o que nos leva a pensar o quanto a Política de Assistência Social tem sido relevante em suas diretrizes:

A Política de Assistência social tem cumprido a função de administradora terminal das políticas publicas juntas as faixas populacionais excluídas de seu acesso “normal”. Daí o seu caráter de fluidez. As atenções básicas garantidas pelo Estado não chegam às camadas da população em situação de exclusão, senão mediadas pela Assistência Social (Carvalho, 1994).

Com relação às condições objetivas para execução da prática profissional, verificamos que não há grande limitação para a implementação do Serviço Social na instituição referenciada, visto que há espaço físico e consciência da necessidade do trabalho do Assistente Social, como verificamos na seguinte fala:

“Trabalhamos em equipe – interno e intersetorial - é ótimo para a superação”. Sempre que nos deparamos com limitações buscamos o debate para o enfrentamento da questão “(Assistente Social Maria Antônia)”.

Diante da fala acima, podemos fazer uma reflexão:

[...] um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender ‘o tempo presente, os homens presentes, a vida presente’ e nela atuar, contribuindo, também para moldar os rumos de sua história (1999: 49).

Quanto ao instrumento de trabalho que a profissional utiliza, a mesma respondeu:

Instrumentais Cadastramento Único Guia de encaminhamento Ficha de acompanhamento do núcleo familiar

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Ficha de visita domiciliar Ficha de entrevista individual Ficha de entrevista familiar Ficha de acompanhamento da mulher grávida Ficha de entrevista do idoso Formulário de planejamento das atividades sócio-educativas Detalhamento das atividades, dentre outros (Assistente Social Maria

Antônia)

30Nesse aspecto, a profissional demonstrou conhecimento a cerca de tais instrumentos.

Pois a instrumentalidade, segundo Torres (2007) compreende a intervenção propriamente dita o conhecimento das tendências teórico-metodologicas, a instrumentalidade, os instrumentos técnico-operativos e os do campo das habilidades, os componentes éticos e os componentes políticos, o conhecimento das condições objetivas e o reconhecimento da realidade social.

Em relação ao embasamento teórico, a Assistente Social falou:

Constituição Federal de 1988; Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS/1993; Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA/1990; Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004; Política Nacional do Idoso-PNI/1994 ; Estatuto do Idoso; Política Nacional de Integração da Pessoa com Deficiência/ 1989; Norma Operacional Básica da Assistência Social – NOB SUAS/2005; Leis, decretos e portarias do MDS; Fundamentos éticos, legais, teóricos e metodológicos do trabalho social

com e para famílias, seus membros e indivíduos; Legislações específicas das profissões regulamentadas; Trabalho com grupos e redes sociais (Assistente Social Maria Antônia).

Diante do que foi citado acima, podemos afirmar que a profissional estar antenada perante as leis que regulamenta a profissão. Para melhor entender a fala acima, analisaremos a citação abaixo:

Segundo Martinelli apud (emancipação, 6(1): 9-23, 2006. 15) “Somos profissionais cuja prática está direcionada para fazer enfrentamentos críticos da realidade, portanto precisamos de uma sólida base de conhecimentos, aliada a uma direção política consistente que nos possibilite desvendar adequadamente as tramas conjunturais, as forças sociais em presença. É neste espaço de interação entre estrutura, conjuntura e cotidiano que nossa prática se realiza. É na vida cotidiana das pessoas com as quais trabalhamos que as determinações conjunturais se expressam. Portanto, assim como precisamos saber ler conjunturas, precisamos saber ler também o cotidiano...”.

No tocante ao conhecimento acerca do Projeto Ético-Politico do Serviço Social a profissional falou:

“No trabalho desenvolvido com as famílias usuária da política de assistência social atendidas no CRAS objetiva a autonomia e emancipação do cidadão, família e comunidade”. Fomentamos a participação da sociedade na elaboração, execução e avaliação das ações. Compreendemos que dessa forma trabalhamos para a construção de uma sociedade mais justa, onde todos têm oportunidade de participar, conseqüentemente materializamos os princípios do Código de Ética do Serviço Social “(Assistente Social Maria Antônia)”.

A Assistente social mostrou-se precisa nas suas colocações, demonstrando idéias coerentes no tocante ap projeto ético-politico.

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Neste sentido, conforme destaca Sant’Ana (2000), o Assistente social ao se colocar a favor do Projeto Ético Político do Serviço Social, passa a ter uma postura critica frente à realidade. Vale ressaltar que tal postura não se constitui, na atualidade, majoritária na profissão, ao contrario, fica a cargo de uma minoria de Assistentes Sociais.

Durante os questionários voltadas às famílias usuárias de Antônio Almeida com o intuito de analisar a prática do assistente social junto aos mesmos na implantação do

31

CRAS tem influenciado positivamente, viu-se que o acesso aos serviços prestados pela política de assistência, no tocante o acesso as informações e cursos de capacitação para gerar emprego e renda, estiveram mais próximo da população, como se vê na seguinte fala:

Quando um dos usuários foi questionado sobre as atividades decorrentes com a criação do CRAS no município.

“Participei sim, foi muito bom, por causa que a gente aprendia a bordar e ainda conversava com amigas” (MARIA DA PAZ).

Percebe-se nesta fala o grau de satisfação da usuária, desta forma entende-se que o processo de descentralização esta embasado em melhoria da qualidade de vida dos usuários e o quanto esse processo facilitou no acesso as informações e a interação.

Quando perguntamos um dos usuários se a assistente social do CRAS tem conhecimentos sobre o seu trabalho, a usuária respondeu:

“Ela tem consciência, sabe explicar, é muito boa” (JOANA).

13.2 ATENÇÃO INTEGRAL

Além do atendimento social e psicológico, trabalhos de grande importância são realizados no Centro de Referência da Assistência Social – CRAS/Antônio Almeida – caso dos cursos de manicure, crochê e pintura em tecido, levando técnicas e novos conhecimentos a pessoas que se encontram desempregados, abrindo opções de trabalho e inserindo famílias em programas de geração de rendas. Segundo a assistente social do CRAS, Maria Antônia Araújo Silva, foi feito um levantamento de dados sobre o quadro de desemprego e de mão-de-obra qualificada na abrangência do CRAS/Antônio Almeida.

Ela explica que observou as necessidades de algumas mulheres ansiosas por trabalho e suas dificuldades financeiras e veio a decisão de promover oficinas profissionalizantes. “Embasadas nas indicações das pessoas ouvidas, decidimos montar oficinas de ofícios como manicure, crochê e pintura em tecido”, reafirma. A assistente social do CRAS/Antônio Almeida, Maria Antônia, comenta que a idéia do trabalho também tem o objetivo de promover o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. “Tudo aqui no CRAS é feito com muito carinho e dedicação. O ambiente é muito acolhedor e o propósito dessas oficinas é capacitar essas mulheres para o mercado de trabalho, resgatando suas auto-estima e fazer com que elas ajudem na renda mensal de suas famílias. Isso torna o convívio em casa mais ameno e mais acolhedor”, comenta a assistente social.

A equipe do CRAS é formada por uma assistente social, uma psicóloga, uma coordenadora e profissionais de outras áreas. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 12:00 às 17:30 hs, à Rua Presidente Dutra, 20 – Centro, CEP: 64855-000, Antônio Almeida – PI, Fone/ Fax: (89) 35431129, E-mail: [email protected] Maiores informações pelo telefone: 089 3543-1129.

15. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Cabe confessar certa satisfação em concluir esta pesquisa, visto que os resultados a qual chegamos, foram positivos aos objetivos da pesquisa, sendo que as mudanças ocorridas segundo as famílias usuárias e Assistente Social com a implantação do CRAS em Antônio Almeida, terem aproximados a população ao acesso as informações e as Políticas Publicas, indo de encontro com as falas da Assistente Social (Maria Antônia) durante a entrevista, quando a mesma comenta sobre o avançou em relação à perspectiva de

32vida entre as mulheres que participam das atividades de capacitação produtiva e geração de trabalho e renda, bem como a melhoria na auto-estima das pessoas que passaram a acreditar e lutar por uma vida melhor para si e seus familiares.

Nestes termos podemos afirmar que as hipóteses trabalhadas anteciparam as seguintes suposições:

As ações desenvolvidas pela Assistente social no âmbito do Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS) no município de Antônio Almeida – Piauí influencia de forma positiva no cotidiano dos usuários, tendo em vista a sua alta estima;

O Centro de Referencia de Assistência social (CRAS) possui estratégia mediante suas ações que pode contribuir efetivamente para a qualidade de vida destes usuários.

Portanto acredita-se que os resultados obtidos neste estudo possam contribuir efetivamente para o debate sobre o exercício profissional dos assistentes sociais, entendo-os como trabalhadores submetidos aos mesmos constrangimentos que sofrem o conjunto de trabalhadores brasileiros, mas também como sujeitos que protagonizam trajetórias profissionais singulares e particulares, que na multiplicidade das relações que compõem o mundo do trabalho, constroem a história coletiva..

Em conclusão, e partindo daquela velha problemática de exploração do capital sobre o trabalho vem se agravando, a efetivação do exercício profissional critica pressupõe necessariamente que seja estimulado junto aos assistentes sociais os seguintes entendimentos:

O conhecimento e analise criticas das possibilidades do real. Uma vez que a escolha das ações profissionais requer a consciência das possibilidades de agir e de qual direção este agir deve tomar, escolha esta que deve expressar os fins imediatos e as conseqüências refletidas da ação profissional;

Que não existem receitas prontas sobre a melhor forma de agir profissionalmente.

Por fim, temos a destacar que o papel do assistente social é fundamental, desde que o mesmo saiba colocar-se nos múltiplos cenários das organizações e crie, de forma estratégica, novas formas de trabalho que expressem a competência da profissão no trato com essa demanda emergente da realidade.

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16. BIBLIOGRAFIA

BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Centro de Referencia de Assistência Social, Brasília, Junho de 2006.

BRASIL, Constituição da Republica Federativa, promulgada em 05 de outubro de 1988.

CFESS, Conselho Federal de Serviço Social. Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogos (as) na Política de Assistência Social, Brasília - 2007.

BRASIL. Ministério da Previdência e da Assistência Social. Lei n. 8.742, de 7 de dezembro

de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências (Lei

Orgânica da Assistência Social).

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome/Secretaria Nacional de

Assistência Social. Norma Operacional Básica do SUAS – 01/2005. Brasília, 2005. ______.

Política Nacional de Assistência Social. Brasília, 2004.

NOGUEIRA, V. M. Ribeiro; MIOTO, Regina Célia. Sistematização, Planejamento e Avaliação dos Assistentes Sociais no Campo de Saúde. In:____Serviço Social e Saúde: Trabalho e formação profissional. s.d.

ABEPSS. Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social. In Cadernos ABESS n. 07. São Paulo, Cortez Editora, 1997.

BOSCHETTI, Ivanete. O SUAS e a Seguridade Social. In CNAS/MDS. Caderno de Textos da V Conferência Nacional de Assistência Social. Brasília, novembro, 2005.

Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Guia de orientação Técnica, nº 1. Proteção Social Básica.

SIMIONATO, Ivete. As expressões ideoculturais da crise capitalista na atualidade. In: Capacitação em serviço social e política social: crise contemporânea, questão social e serviço social. Módulo I. Brasília: CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB, 1999, p.77 - 90.

IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1998.

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ANEXO I

ROTEIRO DE ENTREVISTA A SER APLICADA A ASSISTENTE SOCIAL QUE ATUA NO CRAS

1. Qual o seu nome?

2. Desde quando você trabalha no CRAS?

3. Quais as atividades desenvolvidas no CRAS?

4. Quais objetivos dessas atividades?

5. Quais os instrumentos de trabalho utilizado na sua prática?

6. Existem dificuldades na execução das ações?

7. Na sua opinião, o que mudou no município após a implantação do CRAS?

8. Como você classifica a demanda?

( ) pequena ( ) media ( ) grande

9. Qual a sua relação com a rede, no que tange o encaminhamento dos usuários para resolução dos seus problemas?

10. Há limitações para exercer a sua prática profissional no CRAS?

11. Qual o seu embasamento teórico para exercer a sua prática profissional?

12. Qual o seu entendimento acerca do Projeto Ético-Politico do Serviço Social?