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Relatório Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama SETÚBAL AVALIAÇÃO EXTERNA DAS ESCOLAS Área Territorial de Inspeção do Sul 2015 2016

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Relatório Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama SETÚBAL

AVALIAÇÃO EXTERNA DAS ESCOLAS

Área Territorial de Inspeção do Sul

2015 2016

Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama – SETÚBAL

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CONSTITUIÇÃO DO AGRUPAMENTO

Jardins de Infância e Escolas EPE 1.º CEB 2.º CEB 3.º CEB SEC

Escola Secundária Sebastião da Gama, Setúbal • • Escola Básica de Aranguez, Setúbal • • Escola Básica de Azeda, Setúbal • • Escola Básica de Montalvão, Setúbal • • Escola Básica de Praias do Sado, Setúbal • Escola Básica n.º 1 de Setúbal • Escola Básica n.º 8 de Setúbal •

Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama – SETÚBAL

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1 – INTRODUÇÃO A Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, definindo orientações gerais para a autoavaliação e para a avaliação externa. Neste âmbito, foi desenvolvido, desde 2006, um programa nacional de avaliação dos jardins de infância e das escolas básicas e secundárias públicas, tendo-se cumprido o primeiro ciclo de avaliação em junho de 2011.

A então Inspeção-Geral da Educação foi incumbida de dar continuidade ao programa de avaliação externa das escolas, na sequência da proposta de modelo para um novo ciclo de avaliação externa, apresentada pelo Grupo de Trabalho (Despacho n.º 4150/2011, de 4 de março). Assim, apoiando-se no modelo construído e na experimentação realizada em doze escolas e agrupamentos de escolas, a Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) está a desenvolver esta atividade consignada como sua competência no Decreto Regulamentar n.º 15/2012, de 27 de janeiro.

O presente relatório expressa os resultados da avaliação externa do Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama – Setúbal, realizada pela equipa de avaliação, na sequência da visita efetuada entre 11 e 14 de janeiro de 2016. As conclusões decorrem da análise dos documentos fundamentais do Agrupamento, em especial da sua autoavaliação, dos indicadores de sucesso académico dos alunos, das respostas aos questionários de satisfação da comunidade e da realização de entrevistas.

Espera-se que o processo de avaliação externa fomente e consolide a autoavaliação e resulte numa oportunidade de melhoria para o Agrupamento, constituindo este documento um instrumento de reflexão e de debate. De facto, ao identificar pontos fortes e áreas de melhoria, este relatório oferece elementos para a construção ou o aperfeiçoamento de planos de ação para a melhoria e de desenvolvimento de cada escola, em articulação com a administração educativa e com a comunidade em que se insere.

A equipa de avaliação externa visitou a escola- -sede do Agrupamento e todos os outros estabelecimentos de educação e ensino que o constituem.

A equipa regista a atitude de empenhamento e de mobilização do Agrupamento, bem como a colaboração demonstrada pelas pessoas com quem interagiu na preparação e no decurso da avaliação.

ESCALA DE AVALIAÇÃO

Níveis de classificação dos três domínios

EXCELENTE – A ação da escola tem produzido um impacto consistente e muito acima dos valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Os pontos fortes predominam na totalidade dos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais consolidadas, generalizadas e eficazes. A escola distingue-se pelas práticas exemplares em campos relevantes.

MUITO BOM – A ação da escola tem produzido um impacto consistente e acima dos valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Os pontos fortes predominam na totalidade dos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais generalizadas e eficazes.

BOM – A ação da escola tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. A escola apresenta uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais eficazes.

SUFICIENTE – A ação da escola tem produzido um impacto aquém dos valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. As ações de aperfeiçoamento são pouco consistentes ao longo do tempo e envolvem áreas limitadas da escola.

INSUFICIENTE – A ação da escola tem produzido um impacto muito aquém dos valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Os pontos fracos sobrepõem-se aos pontos fortes na generalidade dos campos em análise. A escola não revela uma prática coerente, positiva e coesa.

O relatório do Agrupamento apresentado no âmbito da

Avaliação Externa das Escolas 2015-2016 está disponível na página da IGEC

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2 – CARACTERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO O Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama, localizado na cidade de Setúbal, resultou da agregação, em abril de 2013, da escola secundária com a mesma designação, atual escola-sede, e do ex-Agrupamento de Escolas de Cetóbriga, sujeitos à avaliação externa das escolas em janeiro de 2011 e março de 2010, respetivamente. Constituído por sete estabelecimentos de educação e ensino, anteriormente identificados, é agrupamento de referência para a Intervenção Precoce na Infância e para a Educação de Alunos Cegos e com Baixa Visão. Na Escola Básica de Aranguez funciona ainda uma unidade de ensino estruturado para a educação de alunos com perturbações do espetro do autismo e o Centro de Recursos TIC para a Educação Especial (CRTIC).

No ano letivo de 2015-2016 frequentam o Agrupamento 119 crianças na educação pré-escolar (cinco grupos), 807 alunos no 1.º ciclo do ensino básico (35 turmas), 395 no 2.º (19 turmas), 733 no 3.º (32 turmas) e 74 em cursos vocacionais de nível básico (quatro turmas). Estudam no ensino secundário, 732 alunos (25 turmas) em cursos científico-humanísticos, 168 (10 turmas) em cursos profissionais e 24 (duas turmas) em cursos vocacionais. A oferta formativa abarca também cursos de educação e formação de adultos de nível básico e secundário (250 adultos, 10 turmas) e o ensino secundário recorrente (42 alunos, duas turmas), totalizando 3344 crianças, jovens e adultos, dos quais 4,9% são estrangeiros, oriundos maioritariamente do Brasil. No que respeita à ação social escolar, verifica-se que 77% não beneficiam de auxílios económicos. Relativamente às tecnologias de informação e comunicação, 81% dos alunos do ensino básico e 84% dos do ensino secundário possuem computador com ligação à internet.

Os dados relativos à formação académica dos pais e das mães mostram que, em relação aos estudantes do ensino básico, 19% têm habilitação superior e 27% possuem o ensino secundário, valores que correspondem a 13% e 11%, respetivamente, no que aos alunos do ensino secundário diz respeito. Quanto à sua ocupação profissional, 27% no ensino básico e 20% no secundário exercem atividades de nível superior e intermédio. O serviço educativo é assegurado por 319 docentes, dos quais 77% pertencem aos quadros, indicando alguma estabilidade. A sua experiência profissional é muito expressiva, pois 85% lecionam há 10 ou mais anos. O pessoal não docente engloba 111 trabalhadores (96 assistentes operacionais, 13 assistentes técnicos e duas psicólogas, uma delas a tempo parcial).

De acordo com os dados de referência disponibilizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência relativamente ao ano letivo de 2013-2014, os valores das variáveis de contexto do Agrupamento, quando comparados com os das outras escolas públicas, são bastante favoráveis, em especial a média do número de anos da habilitação dos pais e das mães, a percentagem de alunos que não beneficiam de auxílios económicos no âmbito da ação social escolar e o número de docentes do quadro no 1.º ciclo.

3 – AVALIAÇÃO POR DOMÍNIO Considerando os campos de análise dos três domínios do quadro de referência da avaliação externa e tendo por base as entrevistas e a análise documental e estatística realizada, a equipa de avaliação formula as seguintes apreciações:

3.1 – RESULTADOS

RESULTADOS ACADÉMICOS

No ano letivo de 2013-2014, os resultados, no 1.º ciclo do ensino básico, quando comparados com os dos agrupamentos com valores análogos nas variáveis de contexto, situam-se acima dos valores esperados em todos os indicadores analisados (taxa de conclusão e provas finais de ciclo de português e matemática), evidenciando simultaneamente uma tendência de melhoria em relação ao ano letivo

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anterior. No 2.º ciclo, por sua vez, ainda que os desempenhos dos alunos fiquem aquém dos valores esperados na taxa de conclusão, naquele ano, mantêm-se acima do esperado nas provas de avaliação externa daquelas disciplinas, corroborando os resultados alcançados no ano letivo de 2012-2013.

No 3.º ciclo, regista-se uma evolução positiva ao nível da percentagem de alunos que o concluíram e na taxa de sucesso das provas finais de português, atingindo-se, em 2013-2014, resultados acima e em linha com os valores esperados, respetivamente. No que diz respeito à avaliação externa da disciplina de matemática, persistem desempenhos aquém do esperado, mostrando que se trata de uma área que carece de especial investimento. No ensino secundário, ainda que se verifique, na generalidade, uma melhoria em todos os indicadores considerados, as médias dos exames nacionais de matemática e de história continuam, mesmo assim, aquém dos valores esperados, em 2013-2014, evidenciando a necessidade de uma intervenção mais consistente nestas disciplinas.

Deste modo, os resultados académicos, considerados globalmente os ensinos básico e secundário, situam-se em linha com os valores esperados. Todavia, dado que o Agrupamento se encontra inserido num contexto com variáveis bastante favoráveis, são expectáveis melhores desempenhos dos alunos, pelo que o investimento na sua melhoria, que constitui já uma das prioridades delineadas no planeamento estruturante, deverá continuar a merecer o enfoque da ação dos diferentes responsáveis.

Relativamente aos cursos profissionais, desenvolvidos nos triénios 2011-2012 a 2013-2014 e 2012-2013 a 2014-2015, assinalam-se taxas de conclusão bastante satisfatórias, como a registada no de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva, mas predominam resultados marcados por elevados índices de desistência, motivados, em vários casos, por constrangimentos relacionados com a falta de alguma articulação entre entidades promotoras deste tipo de oferta. Subsiste, contudo, o grande desafio de melhorar substancialmente a eficácia destes cursos no quadro estratégico da missão do Agrupamento, pelo que a instituição de dinâmicas concelhias no âmbito da definição e gestão da rede escolar e a articulação com os cursos técnicos superiores profissionais do Instituto Politécnico de Setúbal estabelecem-se como oportunidades, a par de outras ações da responsabilidade do Agrupamento. Já o ensino vocacional constitui uma modalidade que apresenta resultados bem mais positivos, atingindo a taxa de conclusão de 86,7%, em 2013-2014, e 77,9% em 2014-2015.

As estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica e os órgãos do Agrupamento procedem à análise e reflexão em torno da evolução das aprendizagens das crianças e dos resultados dos alunos com o objetivo de assegurar continuamente a melhoria do sucesso educativo. Nos ensinos básico e secundário, aqueles processos são desencadeados através de informação estatística detalhada, disponibilizada periodicamente pela equipa de autoavaliação, que tem permitido conhecer os desempenhos internos e externos nas diferentes áreas curriculares e o seu posicionamento face aos resultados concelhios, distritais e nacionais. A análise e a reflexão realizadas têm conduzido ainda à implementação de diversas medidas de promoção do sucesso escolar, onde se destacam o apoio educativo, o apoio ao estudo, as atividades de recuperação e a sala de estudo. Todavia, a identificação das causas do sucesso/insucesso encontra-se muito centrada em fatores exógenos, pelo que o aprofundamento da reflexão em torno de outras causas, de natureza interna, assume-se como relevante no sentido de serem desencadeadas as respetivas estratégias de melhoria.

Em matéria de abandono escolar/desistência, além do que já se referiu a propósito dos cursos profissionais, registaram-se, em 2014-2015, índices elevados no 12.º ano, com uma taxa de 25,7%. No ensino básico, embora os valores, no último ano letivo, sejam pouco expressivos, persiste permanentemente a ambição da sua redução/eliminação.

RESULTADOS SOCIAIS

Os valores da participação democrática, da responsabilização dos alunos no processo educativo e do exercício de uma cidadania ativa, plasmados no projeto educativo, são fomentados transversalmente

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desde a educação pré-escolar até ao ensino secundário. Naquele nível de educação, destaca-se, por exemplo, a atribuição de pequenas tarefas às crianças na organização do trabalho diário do grupo que tem continuidade, no 1.º ciclo, com a realização das assembleias de turma e com a eleição de delegados ou outros responsáveis, em várias turmas. Todavia, não há uma evolução gradual e significativa nas competências atribuídas a estes elementos de modo a potenciar a formação de lideranças estudantis com um papel mais relevante e ativo ao longo do seu percurso escolar. Nos ciclos/níveis seguintes, os delegados de turma começam a ter uma ação mais dinâmica pela sua participação em assembleias e integração nos conselhos de turma. No entanto, afigura-se como pertinente uma estimulação efetiva daqueles responsáveis para uma consulta prévia dos seus colegas a fim de que a sua intervenção seja ainda mais profícua no âmbito das funções de representação que lhes estão conferidas.

A recém-eleita associação de estudantes concebeu um plano de atividades que vai muito além dos tradicionais convívios entre alunos, contemplando, por exemplo, vários debates em torno de temáticas como a violência no namoro ou a comemoração dos 40 anos da Constituição da República Portuguesa e a edição de um jornal escolar. A integração destas iniciativas no plano anual do Agrupamento, conferindo-lhe uma maior intencionalidade, é um aspeto a realçar. Merece destaque, neste contexto, a recetividade manifestada pela direção, no acolhimento das propostas dos alunos.

A educação para a solidariedade, a tolerância e o respeito pelo outro constituem igualmente valores consignados no projeto educativo e concretizam-se através de iniciativas e projetos como a recolha de tampas, o Cabaz Solidário e os encontros entre gerações, por exemplo. Estas temáticas assumem especial relevo no âmbito da disciplina de educação e cidadania, oferta complementar no ensino básico, que assume ainda importância na promoção do bom ambiente educativo. A literacia em saúde, área destacada no Agrupamento, representa outra das linhas estratégicas seguidas, a par da abordagem de outros temas como os direitos humanos e a educação para a sustentabilidade, sendo de sublinhar também, neste último caso, a ação dos clubes do Ambiente e E(s)cológica. O planeamento daquela área disciplinar, nos 2.º e 3.º ciclos, deverá, contudo, assumir maior relevância pelos conselhos de turma no quadro da elaboração dos respetivos planos de trabalho.

A dinamização, em vários estabelecimentos de educação e ensino, de um projeto de xadrez, as atividades nas hortas pedagógicas e o desenvolvimento de muitas outras iniciativas constantes do plano anual, nos domínios artístico, científico, social, cultural e desportivo, proporcionam às crianças e aos alunos uma formação integral e abrangente e preparam-nos para o exercício de uma cidadania participativa.

As escolas do Agrupamento têm, no geral, um ambiente educativo tranquilo. Ainda que o número de procedimentos disciplinares instaurados esteja a diminuir progressivamente, facto positivo a salientar, persistem situações de indisciplina na escola-sede e na Escola Básica de Aranguez, com maior expressão na última, que fazem com que a melhoria do comportamento seja uma das áreas de intervenção prioritária do projeto educativo. O gabinete Disciplina na Escola, Vivência Enriquecida, estrutura de intervenção junto dos alunos que tiveram ordem de saída da sala de aula, também com a valência de atendimento, assume pertinência na resolução e prevenção das situações de indisciplina, juntamente com a atuação dos diretores de turma, assistentes operacionais e outros responsáveis e com a implementação de medidas como as tutorias. As ações levadas a cabo no âmbito do Programa Empresários para a Inclusão Social (EPIS), em especial a dinamizada com o projeto de voluntariado Vocações de Futuro, representam boas práticas no sentido da integração dos alunos.

RECONHECIMENTO DA COMUNIDADE

A informação resultante da aplicação de questionários na presente avaliação externa demonstra um grau de satisfação bastante positivo da generalidade dos elementos da comunidade educativa e realça um elevado agrado relativamente aos jardins de infância e às escolas do 1.º ciclo. O pessoal docente e não docente gosta de trabalhar no Agrupamento e considera a direção disponível. Os pais e encarregados de educação apreciam que os seus filhos frequentem os diferentes estabelecimentos de

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educação e ensino e destacam a boa ligação com o diretor de turma. Os alunos do 1.º ciclo assinalam o facto de gostarem da escola e os dos 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário revelam conhecer as regras de comportamento e os critérios de avaliação. Os menores índices de satisfação revelados pelos estudantes têm a ver com a utilização dos computadores em sala de aula. Sobressai ainda algum descontentamento em relação ao funcionamento dos serviços administrativos, corroborado pelas entrevistas realizadas.

Os resultados académicos e sociais são reconhecidos e valorizados através da afixação trimestral do quadro de mérito e da atribuição de prémios coletivos às melhores turmas de cada ano, em cerimónia pública na escola-sede. O Agrupamento foi, pela segunda vez consecutiva, enaltecido com o Prémio de Escola do Ano, pela coordenação local do Desporto Escolar, vertente que representa efetivamente uma área de excelência pela mobilização conseguida junto dos alunos e da comunidade através de um programa de atividades muito abrangente e diversificado, onde não pode deixar de ser mencionado o Centro de Formação Desportiva de Atividades Náuticas. Este campo assume ainda particular interesse num momento em que Setúbal é a Cidade Europeia do Desporto.

A sua oferta educativa, desde a educação pré-escolar até ao ensino secundário, incluindo um conjunto muito vasto de respostas aos alunos com necessidades educativas especiais, abrangendo diversas modalidades específicas de educação (unidade de ensino estruturado e educação de alunos cegos e com baixa visão), contribui para a captação de públicos muito diversificados e realça a dimensão inclusiva do Agrupamento. Os cursos vocacionais e profissionais, em múltiplas áreas, apesar dos aspetos já referidos relativamente aos últimos, respondem de facto à heterogeneidade e possibilitam uma ligação ao tecido empresarial local, no âmbito da formação em contexto de trabalho, alguns fruto de parcerias bem consolidadas. A disponibilização do ensino secundário recorrente e de cursos de educação e formação de adultos reforça ainda o papel do Agrupamento na elevação dos níveis de qualificação da comunidade.

Promovem-se iniciativas de natureza diversa que abraçam e envolvem a participação de toda a comunidade, nomeadamente as já consagradas semanas da Cor, Som e Movimento e da Leitura. A adesão às diferentes atividades organizadas pela Câmara Municipal de Setúbal, como os festivais da Música e da Ilustração e Setúbal Mais Bonita, entre outras, sublinham a sua abertura e constituem oportunidades para as crianças e alunos exibirem publicamente os seus talentos. Esta dimensão é ainda explorada através da realização de exposições com as suas produções nos vários estabelecimentos de educação e ensino e em diversos espaços culturais da comunidade. A participação da Tuna da Aranguez nas comemorações do Dia da Cidade, a convite da autarquia, assim como a atribuição da medalha de mérito cultural da cidade ao extinto Agrupamento de Escolas de Cetóbriga, ilustram o reconhecimento do trabalho desenvolvido.

A qualidade dos espaços desportivos das escolas Básica de Aranguez e Secundária Sebastião da Gama, bem como o facto de estes estabelecimentos de ensino gozarem de uma localização privilegiada no centro da cidade, facilitam a utilização daqueles por diversas instituições, consolidando a interação com a comunidade, evidente ainda na cedência de outros espaços/equipamentos, como o auditório.

Em conclusão, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Apresenta uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais eficazes. Tais fundamentos justificam a atribuição da classificação de BOM no domínio Resultados.

3.2 – PRESTAÇÃO DO SERVIÇO EDUCATIVO

PLANEAMENTO E ARTICULAÇÃO

A promoção da gestão curricular articulada constitui um dos vetores estratégicos que atravessa coerentemente todo o planeamento estruturante. A atenção concedida a esta matéria é ainda evidente pela criação de um plano de articulação curricular que sistematiza as grandes opções em diferentes

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dimensões do conceito de articulação e traduz uma melhoria significativa relativamente às últimas avaliações externas. O documento, que reflete um trabalho ambicioso, estabelece prioridades e apresenta as ações a desenvolver nos diferentes níveis de educação e ensino e nos momentos de transição entre eles, focalizando-se ainda na gestão vertical do currículo desde a educação pré-escolar até ao ensino secundário.

A operacionalização deste trabalho, no âmbito da última vertente assinalada, representa o grande desafio para o Agrupamento, num processo que envolva conjuntamente os docentes na reflexão e na definição de práticas que se reflitam na ação a desenvolver em sala de atividades/aula de modo a garantir a evolução gradual das crianças e alunos e a sequencialidade das aprendizagens. Para tal, torna-se necessário que o planeamento delineado naquele documento não se circunscreva aos anos de transição, como previsto, mas se alargue, dentro de cada ciclo/nível, aos diferentes anos de escolaridade para assim se constituir verdadeiramente como uma política de gestão curricular vertical.

Apesar do caráter recente daquele plano, encontram-se já implementadas diversas ações, fruto da experiência desenvolvida no ex-Agrupamento de Escolas de Cetóbriga, em especial entre a educação pré-escolar e o 1.º ciclo. Neste contexto, merece referência o projeto Investigadores de Palmo e Meio no âmbito das áreas do conhecimento do mundo/estudo do meio. Relativamente à gestão horizontal do currículo, os planos de turma, nos 2.º e 3.º ciclos, não evidenciam um planeamento estruturado em torno da articulação dos conteúdos das diferentes disciplinas, o que se constitui como uma área a investir. Identificam-se, contudo, iniciativas como as visitas de estudo que resultam da interligação entre os diferentes saberes. Na educação pré-escolar e no 1.º ciclo, há um trabalho conjunto entre os docentes titulares de grupo/turma e os responsáveis pela dinamização das atividades de animação e apoio à família e de enriquecimento curricular, respetivamente, no seu planeamento, acompanhamento e avaliação.

O Agrupamento tem desenvolvido outras ações centradas no momento de transição das crianças e dos alunos e que visam facilitar a sua integração no nível/ciclo seguinte. Aqueles são envolvidos em visitas aos estabelecimentos de ensino que vão frequentar, promovem-se atividades/projetos em conjunto e têm sido dinamizadas estratégias de apadrinhamento dos mais novos. Entre a educação pré-escolar e o 1.º ciclo, os docentes realizam também reuniões para transmissão de informação e análise de casos. Estas práticas são complementadas pelas receções às crianças e alunos e pelos processos de orientação vocacional dirigidos aos do 9.º ano, pelos serviços de psicologia, que têm ainda uma intervenção junto dos estudantes do 12.º, em parceria com o projeto Popular Inspiring Future. Os planos de grupo/turma apresentam também uma caracterização e efetuam o diagnóstico dos problemas a partir dos quais se desenham intervenções de forma a assegurar a integração e o sucesso educativo.

O trabalho colaborativo entre docentes representa outra das prioridades definidas em interligação com as questões da articulação, opção pertinente numa altura em que se congregam experiências com historiais diferentes. É no seio dos departamentos curriculares e respetivas subestruturas que se efetua o planeamento das atividades letivas, concretizado entre os professores que lecionam o mesmo ano de escolaridade/disciplina, no caso dos ensinos básico e secundário. Registam-se práticas de partilha de materiais e os planos de melhoria dos departamentos evidenciam uma ação mais concertada dos docentes ao nível da avaliação das aprendizagens. As vantagens da criação de múltiplas subestruturas, pouco facilitadoras de um trabalho mais articulado, em especial nos 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário, carecem, todavia, de especial reflexão no quadro das opções estratégicas delineadas.

PRÁTICAS DE ENSINO

As respostas educativas proporcionadas às crianças e aos alunos com necessidades educativas especiais têm subjacente uma boa articulação entre os docentes envolvidos, técnicos e famílias na procura de soluções para os problemas diagnosticados. As intervenções planeadas têm como foco a sala de aula, preconizando-se a plena inclusão dos alunos, o que acontece ainda pelo seu envolvimento e participação

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em múltiplas atividades promovidas com as respetivas turmas. O estabelecimento de diversas parcerias com instituições públicas e privadas, nomeadamente com a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Setúbal, possibilita aos alunos o acesso a terapias adequadas às suas necessidades específicas, à prática desportiva e ao desenvolvimento de competências de transição para a vida pós-escolar. O facto de estarem sediados no Agrupamento o CRTIC e a Equipa Local de Intervenção Precoce na Infância contribui também para uma reflexão mais profícua entre profissionais e facilita o acesso aos materiais/equipamentos disponibilizados pelo primeiro. A ação desenvolvida neste campo tem sido globalmente eficaz.

Os serviços de psicologia e orientação concretizaram um trabalho bastante interessante sobre o percurso escolar dos alunos com retenções, estimulando a reflexão na comunidade sobre o assunto e definindo estratégias de intervenção dirigidas a este público-alvo. Esta atuação tem sido complementada com diferentes medidas de promoção do sucesso escolar, já identificadas. Todavia, ainda que existam algumas ações de diferenciação pedagógica, que passam, por exemplo, por um apoio mais individualizado dos docentes e pela cooperação entre alunos, as visitas aos contextos educativos e as entrevistas confirmaram que se trata de uma área a explorar, tal como já havia sido sublinhado numa das anteriores avaliações externas. As próprias estratégias definidas em alguns dos planos de turma, na sequência do diagnóstico efetuado, não preconizam de facto a pedagogia diferenciada enquanto prática potenciadora da melhoria das aprendizagens e dos resultados. Conscientes da importância desta questão, o plano de formação prevê já uma ação nesta temática.

Os docentes, no geral, envolvem as crianças e os alunos em metodologias ativas que fomentam a sua participação nos processos educativos. Os trabalhos de grupo e de pesquisa, as apresentações orais à turma, as aulas de campo e de parceria e as dramatizações são algumas das metodologias levadas a cabo. A atividade prática e experimental, nas ciências, é desenvolvida na educação pré-escolar, com a área das experiências a ser incluída na organização do espaço, e nos restantes níveis de ensino, ainda que no básico, em várias turmas, a mesma careça de intensificação. Esta vertente em sala de aula tem sido complementada com a dinamização de iniciativas como os dias/semana das ciências, o Planetário Vem à Escola e as visitas a centros Ciência Viva e ao Pavilhão do Conhecimento, entre outras, que promovem a literacia científica.

As atividades letivas incluem ainda o recurso às tecnologias de informação e comunicação, designadamente o manual interativo, e concretizam-se diversas visitas de estudo que enriquecem as experiências educativas das crianças e alunos. Muitas delas têm lugar na cidade de Setúbal e resultam de um aproveitamento de espaços culturais/educativos, como os museus do Trabalho Michel Giacometti e de Arqueologia e Etnografia e o Teatro de Animação de Setúbal. O Mercado do Livramento, o Forte de São Filipe e as Ruínas de Tróia fazem também parte dos roteiros educativos traçados, iniciativas que proporcionam aprendizagens mais contextualizadas. Nos cursos vocacionais e profissionais, sublinha-se também o envolvimento dos alunos em atividades práticas relacionadas com as áreas de formação respetivas: os de informática, por exemplo, têm um papel ativo na manutenção dos computadores.

As bibliotecas escolares assumem-se cada vez mais como espaços de apoio ao desenvolvimento do currículo, organizando um conjunto de iniciativas, como Aprender com a BE e Menu à la Carte, que as colocam no centro do ensino e da aprendizagem, área onde se deverá continuar a investir, e constituem-se como polos dinamizadores de muitas das ações levadas a cabo. A promoção da literacia em leitura, através da concretização de múltiplas atividades, algumas concelhias, como Setúbal, Uma Baía a Ler, faz jus ao patrono do Agrupamento. A vertente artística do currículo detém alguma relevância no quadro da oferta educativa, onde há a mencionar os cursos científico-humanístico de Artes Visuais e profissional de Técnico de Artes do Espetáculo, cujos alunos são responsáveis por diversas manifestações, como o teatro, o canto e as exposições de pintura. A Tuna da Aranguez e outros projetos desenvolvidos, constantes do plano anual de atividades, sublinham efetivamente a importância desta dimensão.

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A supervisão da atividade letiva, identificada nas anteriores avaliações externas como um dos pontos fracos, ainda não foi alvo de particular atenção enquanto estratégia destinada à reflexão em torno das práticas de ensino e ao desenvolvimento profissional dos docentes, conducente à melhoria das aprendizagens e dos resultados.

MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO ENSINO E DAS APRENDIZAGENS

O plano de estudos e desenvolvimento do currículo estabelece uma política de avaliação das aprendizagens que procura orientar os docentes na sua prática. Estão definidos os critérios gerais, as modalidades, os instrumentos e alguns procedimentos que funcionam como referenciais no Agrupamento. Os critérios específicos de avaliação são divulgados junto dos alunos e das famílias, em respeito pelo princípio da transparência. Apesar disso, a sua elaboração, tendo por base uma matriz comum entre as diferentes disciplinas de cada ano, poderá ser equacionada como estratégia destinada a facilitar ainda mais a apropriação desta informação pelos seus destinatários.

As crianças e os alunos são envolvidos em atividades de autoavaliação de modo a implicá-los na regulação das suas aprendizagens. Na educação pré-escolar, aquelas participam diariamente em balanços sobre as tarefas que realizaram. Os docentes recorrem a uma diversidade de instrumentos a partir dos quais procedem à avaliação das aprendizagens. Naquele nível, as educadoras efetuam registos dos desempenhos das crianças para conhecer os progressos realizados. Nos ensinos básico e secundário, os professores utilizam testes, relatórios, trabalhos de grupo e portefólios, por exemplo.

Algumas das evidências recolhidas demonstram que a avaliação formativa constitui uma das modalidades desenvolvidas, em todos os níveis de educação e ensino. Os planos de melhoria dos departamentos curriculares assinalam-na como uma das ações a desenvolver. Os docentes recolhem, a partir dela, informação que lhes possibilita reorientar as suas práticas e reforçar o trabalho em torno da melhoria das aprendizagens, se for caso disso. Também os alunos recebem feedback acerca dos seus desempenhos nas tarefas para que possam investir nos aspetos menos conseguidos. Porém, dada a importância desta modalidade de avaliação na promoção da qualidade das aprendizagens, poderão ser suscitadas reflexões, nas estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica, sobre esta temática, em particular sobre a articulação entre a avaliação formativa e a sumativa.

Os departamentos curriculares, no âmbito daqueles planos, têm implementado práticas que visam a garantia da equidade na avaliação e a fiabilidade dos instrumentos utilizados. Além da criação de matrizes, elaboram-se testes comuns e respetivos critérios de correção/classificação, na generalidade das disciplinas/anos, pelo menos uma vez por ano letivo, o que representa uma evolução positiva em relação a uma das avaliações externas anteriores. Foram ainda definidos colaborativamente procedimentos acerca da sinalização de erros e da informação sobre as cotações dos itens. A correção partilhada de tarefas/instrumentos, entre docentes, constitui, nesta linha, uma área a explorar.

Estão estabelecidos mecanismos de monitorização do desenvolvimento do currículo através da realização de balanços acerca do cumprimento das planificações que podem desencadear medidas de superação dos problemas detetados, como os tempos de compensação curricular. Os planos de grupo/ turma analisados preveem também, na generalidade, a avaliação das estratégias implementadas e a sua reformulação, se for o caso. Contudo, esta matéria poderá ser objeto de reflexão, entre os diretores de turma e respetivos coordenadores, no sentido de reforçar a utilidade destes documentos de planeamento e continuar o trabalho de harmonização de procedimentos.

A prevenção da desistência/abandono foi igualmente considerada uma área de intervenção prioritária. Neste campo, o Agrupamento tem desenvolvido diversas medidas destinadas à resolução e prevenção dos casos, nomeadamente a diversificação da oferta formativa. A atuação dos docentes, em especial os diretores de turma, e técnicos, em articulação com a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, que tem apostado também numa dimensão preventiva das situações de risco, e as ações desenvolvidas no

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âmbito do Programa EPIS, têm tido alguma eficácia. A implementação, para breve, de um plano estratégico, neste campo, é um aspeto a realçar.

Em síntese, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Apresenta uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais eficazes, o que justifica a atribuição da classificação de BOM no domínio Prestação do Serviço Educativo.

3.3 – LIDERANÇA E GESTÃO LIDERANÇA

As lideranças têm desempenhado um papel crucial na construção de uma cultura de agrupamento em respeito pela história e pela identidade de cada uma das escolas que lhe deu origem. A elaboração dos documentos estruturantes constituiu uma prioridade, já alcançada, com vista à definição de um rumo comum. O projeto educativo espelha claramente aqueles princípios ao reger-se pelo lema Construir a Igualdade no Respeito pela Diversidade que retoma a ideia-chave do projeto de intervenção da diretora A Construção da Identidade na Diversidade, evidências de que há um aposta clara na criação de um espírito de agrupamento e no desenvolvimento de um sentido de pertença por parte dos diferentes elementos da comunidade educativa, sem ruturas abruptas.

O planeamento estruturante encerra, assim, uma visão estratégica. Além daquela dimensão, o projeto educativo espelha ainda a ambição por um Agrupamento de referência não só pelo sucesso educativo mas também pela integração dos seus alunos. No geral, este documento encontra-se bem estruturado, define as áreas prioritárias de intervenção e estabelece um plano onde são delineados objetivos e respetivas metas. No entanto, algumas delas confundem-se com ações e não materializam a objetividade que caracteriza a sua maioria, o que dificultará o processo avaliativo que lhe está subjacente. Há, mesmo assim, uma evolução positiva relativamente a um dos pontos fracos assinalados nas avaliações externas anteriores.

A organização do plano anual de atividades, centrado, no presente ano letivo, em duas das vertentes daquele documento, corrobora de facto a visão estratégica das lideranças e a coerência da ação traçada. Porém, a sua conceção, desenhada a partir das propostas dos vários setores, acentua uma certa compartimentação, responsável até pela repetição desnecessária de várias iniciativas transversais, aspeto que se constitui, portanto, como área de melhoria, já identificado, aliás, por alguns dos interlocutores. A avaliação das diferentes atividades, que tem incidido praticamente no grau de realização das mesmas, deverá evoluir no sentido de se focalizar efetivamente nos seus impactos na qualidade das aprendizagens e dos resultados.

A diretora e os restantes elementos da sua equipa constituem um grupo coeso que tem imprimido um estilo de liderança adequado à realização dos objetivos já enunciados, nomeadamente os que se prendem com a criação de uma cultura de agrupamento. A abertura, a disponibilidade e a capacidade de trabalho são alguns dos atributos que têm ajudado à mobilização dos diferentes elementos da comunidade na concretização do rumo definido, onde todos se sentem envolvidos. A formação de parcerias com diversas organizações confirma também aquela abertura, como sublinhado ao longo deste relatório, ambicionando-se uma maior qualidade dos processos educativos.

A partilha de responsabilidades e competências representa outra das marcas da ação da direção, geradora de um clima de confiança propício ao crescimento organizacional. Há claramente uma valorização das lideranças intermédias, num quadro de gestão partilhada que é preconizado. Os coordenadores de estabelecimento detêm um papel muito ativo na gestão das escolas aos quais estão afetos. Têm autonomia no desenvolvimento das suas funções e são apoiados sempre que necessário, aspeto extensível aos coordenadores de departamento curricular e dos diretores de turma. A realização

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de reuniões frequentes com estes elementos com o objetivo de definir orientações comuns permite ainda à direção um conhecimento dos problemas e uma atuação mais eficaz na sua resolução.

Apesar disso, dada a relevância das lideranças pedagógicas na melhoria das práticas de ensino, os coordenadores de departamento poderão assumir maior protagonismo em matérias como a supervisão da atividade letiva em sala de aula e noutras vertentes do trabalho colaborativo entre docentes, ainda que estejam a ser dados passos significativos na última. O conselho geral tem contribuído para o bom funcionamento do Agrupamento através da análise crítica dos documentos que lhe compete aprovar e da apresentação de propostas concretas, colocando-se como desafio uma intervenção ainda mais exigente no âmbito da apreciação da execução e avaliação do plano anual de atividades.

GESTÃO

Os espaços e os equipamentos dos estabelecimentos de educação e ensino encontram-se, no geral, bem preservados e reúnem boas condições para o desenvolvimento da atividade educativa. Coexistem, todavia, algumas assimetrias: se, por um lado, a Escola Secundária Sebastião da Gama se destaca pela qualidade das instalações e dos recursos, a Escola Básica de Aranguez apresenta, por outro, alguns sinais de degradação. São de mencionar, nesta área, as intervenções da responsabilidade da direção e as levadas a cabo pelas juntas de freguesia na manutenção e restauro dos equipamentos, bem como as ações dos padrinhos das escolas do 1.º ciclo. O projeto Setúbal Mais Bonita contribui também para o embelezamento dos espaços escolares. A fraca eficiência energética constatada constitui já uma das preocupações da direção, perspetivando-se alternativas mais sustentáveis.

A gestão dos recursos humanos tem sido orientada por aspetos que valorizam a experiência, a formação profissional e o perfil dos trabalhadores. Em relação ao pessoal não docente, regista-se positivamente a sua circulação pelos diferentes estabelecimentos de educação e ensino, em situações que o exigem, embora esta prática possa ser potenciada num quadro de uma gestão ainda mais eficaz conjugada com uma priorização na afetação dos assistentes operacionais a setores vitais do funcionamento das escolas. Nos serviços administrativos, a disponibilidade dos diferentes elementos tem sido importante para responder à escassez de recursos humanos, ainda que possam ser ponderadas novas formas de organização dos horários, em resposta até às necessidades dos utentes.

No que diz respeito aos docentes, privilegia-se também o princípio da continuidade pedagógica, aplicável ao desempenho do cargo de diretor de turma, embora a atribuição destas funções, em alguns casos, possa suscitar uma maior reflexão no processo de distribuição de serviço. Encontram-se definidos critérios de constituição dos grupos e das turmas e de elaboração dos horários, prevalecendo os de natureza pedagógica que, no geral, visam a qualidade das aprendizagens e o sucesso escolar. Aos primeiros estão ainda subjacentes os princípios da equidade, da heterogeneidade e do equilíbrio de género.

O Agrupamento recorre ao Centro de Formação Ordem de Santiago para satisfazer as necessidades de formação previamente auscultadas junto dos trabalhadores e que integram o respetivo plano. São igualmente dinamizadas iniciativas internas que abarcam o pessoal docente e não docente, promovidas, entre outros, pelo serviço de psicologia e orientação, em temáticas como as tecnologias de informação e comunicação e as necessidades educativas especiais. De destacar o papel da coordenadora técnica no desenvolvimento da formação interpares, em especial junto dos elementos com contrato emprego-inserção, com o objetivo da sua plena integração no bom funcionamento dos serviços administrativos.

Algumas das ações previstas dirigem-se também aos pais e encarregados de educação num quadro de promoção da sua participação e envolvimento mais profícuos no acompanhamento do percurso escolar dos seus educandos. Ainda que algumas das respetivas associações desempenhem um papel muito ativo na colaboração com as escolas, outras têm-se mantido pouco dinâmicas. A criação de uma associação de

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pais e encarregados de educação única, já equacionada, poderá impulsionar o reforço da importância destas estruturas e uma participação mais ativa daqueles elementos.

Os circuitos de comunicação instituídos permitem, no geral, uma circulação eficaz da informação na comunidade educativa. Trata-se de um campo que está a ser intervencionado no quadro da agregação, destinado a promover ainda a identidade do Agrupamento, onde se identifica já a implementação do correio eletrónico institucional e a criação da página web, que disponibiliza um conjunto de informação pertinente. Nesta linha, está igualmente a ser produzido um logotipo, símbolo da imagem interna e externa de uma cultura que se pretende arreigar.

AUTOAVALIAÇÃO E MELHORIA

A autoavaliação foi identificada como um ponto fraco na última avaliação externa das duas organizações escolares que deram origem ao atual Agrupamento. Nos anos seguintes, cada uma prosseguiu o seu caminho de melhoria, valorizando, portanto, os contributos da avaliação externa. Presentemente, a constituição de uma equipa de autoavaliação, em 2014-2015, com elementos que integravam anteriormente os dois grupos responsáveis pela condução daquele processo, constituiu uma decisão estratégica que conjugou as várias experiências existentes. Esta equipa desenvolveu um trabalho baseado no modelo CAF (Common Assessment Framework) cujo relatório elaborado evidencia um empenho significativo dos seus elementos, atendendo à sua reduzida composição e ao período de tempo diminuto em que o mesmo foi concretizado. Apesar da importância deste documento, que constitui o primeiro grande diagnóstico do Agrupamento, identificam-se alguns aspetos que deverão merecer a devida reflexão com vista ao aperfeiçoamento da sua capacidade de regulação.

Um deles prende-se com a fraca participação da comunidade educativa nos questionários aplicados, em especial dos alunos do ensino secundário e dos pais e encarregados de educação deste nível de ensino. A própria adesão dos docentes (48%), ainda que significativa, fica muito aquém da amostra definida, correspondente à totalidade daquele corpo (314). São dados que traduzem um certo alheamento destes elementos face ao processo de autoavaliação e poderão comprometer a fiabilidade dos dados recolhidos.

Também a simplificação do volume de informação produzida, muito exaustiva, em alguns casos, em particular a que diz respeito aos questionários de resposta aberta, desdobrando-se em múltiplos pontos fortes e fracos, representa outro dos aspetos a ponderar no sentido de facilitar a sua apropriação pela comunidade educativa e o seu envolvimento no processo e a elaboração de planos de melhoria. Por outro lado, não são evidentes as vantagens da aplicação de outros questionários por um grupo responsável pela criação do projeto educativo. Além da duplicação de tarefas, esta situação não indicia uma valorização do trabalho da autoavaliação.

Constituem-se ainda como desafios para o Agrupamento, neste campo, a compilação e divulgação de indicadores de desempenho em áreas fundamentais como a participação dos pais e encarregados de educação, a indisciplina, a eficácia das medidas de promoção do sucesso escolar implementadas, entre outros, que se encontram algo dispersos, de modo a possibilitar um conhecimento da evolução registada e sustentar também a autoavaliação. Na verdade, deverá caminhar-se no sentido de se atingir o patamar de qualidade subjacente à organização e disponibilização de dados estatísticos sobre os resultados académicos. Também os planos de melhoria implementados no seio dos departamentos curriculares, que representam uma evolução relativamente a uma das anteriores avaliações externas, poderão ser aperfeiçoados, nomeadamente pela identificação dos responsáveis pelas diferentes ações, pela sua calendarização e pelo planeamento das atividades a desenvolver, em algumas delas, mais abrangentes, como as atividades formativas e a responsabilização dos pais e encarregados de educação.

A própria triangulação da informação resultante das várias fontes (atas, indicadores, entre outros) representa um aspeto a consolidar de modo a tornar a autoavaliação um processo ainda mais fiável que esteja efetivamente ao serviço da melhoria das aprendizagens e dos resultados. O recente alargamento

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da equipa, mais representativa da comunidade, onde foram incluídos elementos com formação específica na área e outros familiarizados com sistemas de certificação e de gestão da qualidade, a par da manutenção do núcleo mais experiente e responsável pelo historial da autoavaliação, perspetivam um bom desenvolvimento desta área no quadro dos novos desafios organizacionais.

Portanto, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. Apresenta uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas organizacionais eficazes. Tais fundamentos justificam a atribuição da classificação de BOM no domínio Liderança e Gestão.

4 – PONTOS FORTES E ÁREAS DE MELHORIA A equipa de avaliação realça os seguintes pontos fortes no desempenho do Agrupamento:

A disponibilização de uma oferta formativa muito diversificada, que inclui múltiplas respostas aos alunos com necessidades educativas especiais, realçando a dimensão inclusiva do Agrupamento.

A dinamização e a adesão a iniciativas mobilizadoras da comunidade que demonstram a sua abertura e têm impacto no reconhecimento do trabalho desenvolvido.

O envolvimento e a participação de crianças e alunos em vários projetos e atividades, nos domínios artístico, cultural, científico, social e desportivo, onde sobressaem as dinâmicas do Desporto Escolar, que lhes proporcionam uma formação integral.

A ação das bibliotecas escolares na promoção da literacia da leitura e no apoio ao desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem.

A visão estratégica subjacente ao planeamento estruturante, com um rumo bem delineado, focado em áreas relevantes, num momento decisivo para o desenvolvimento organizacional.

O exercício, pela direção, de uma liderança empenhada na construção de uma identidade para o Agrupamento, com o envolvimento dos diferentes elementos da comunidade, sem ruturas abruptas e em respeito pela diversidade.

A equipa de avaliação entende que as áreas onde o Agrupamento deve incidir prioritariamente os seus esforços para a melhoria são as seguintes:

No aprofundamento da reflexão sobre os fatores explicativos do insucesso/sucesso, de natureza interna, que possam desencadear a implementação de estratégias de melhoria dos resultados académicos, em especial no 3.º ciclo e no ensino secundário regular e profissional.

Na consolidação do trabalho delineado em torno da articulação curricular horizontal e vertical com vista à evolução gradual das crianças e alunos e à sequencialidade das suas aprendizagens, aspetos promotores do sucesso educativo.

Na generalização da implementação de práticas de diferenciação pedagógica que se repercutam eficazmente na qualidade das aprendizagens e na melhoria dos resultados.

Na supervisão da atividade letiva em sala de atividades/aula e na reflexão sobre as práticas de ensino, enquanto estratégias destinadas ao desenvolvimento profissional dos docentes e,

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consequentemente, à promoção do sucesso educativo, num quadro de uma maior assunção de protagonismo por parte das lideranças intermédias.

Na consolidação do trabalho no âmbito da autoavaliação de modo a torná-lo um processo ainda mais sustentado, centrado na melhoria das aprendizagens e dos resultados.

29-02-2016

A Equipa de Avaliação Externa: João Calado, Helena Afonso e Rui Castanheira

Concordo.

À consideração do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência, para homologação.

A Chefe de Equipa Multidisciplinar da Área Territorial de Inspeção do Sul

Filomena Nunes Aldeias 2016-04-04

Homologo.

O Subinspetor-Geral da Educação e Ciência

Em substituição do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência – nos termos do Despacho n.º 3765/2015, de 25 de março,

publicado no D.R. n.º 73, Série II, de 15 de abril