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RELATO DE EXPERIÊNCIA: OFICINA DIDÁTICA A FUNÇÃO DO ESTADO EM JOHN RAWLS E ROBERT NOZICK Eli Schmidtke 1 Gustavo Henrique Martins 2 Geovani Godoi 3 Medéia L. Reis 4 Patrícia Joca Martins 5 Yaquelini Gomez Maidana 6 Professor Supervisor: Gilberto Neske PIBID - GRUPO PREMEN: UNIOESTE Palavras-chave: Equidade; Justiça; Direitos; Estado Mínimo; Robert Nozick; John Rawls. INTRODUÇÃO: O presente trabalho tem por finalidade explicitar uma experiência pedagógica dos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID, vinculado ao departamento de filosofia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE, Campus Toledo, vivenciada no Colégio Estadual Presidente Castelo Branco PREMEN e no Colégio Estadual Jardim Europa em 2016/2017. A prática pedagógica foi vivenciada pelos bolsistas nas escolas públicas e por meio do projeto PIBID puderam aplicar as teorias adquiridas na Universidade, numa situação real do processo de ensino-aprendizagem. Ocorreu por meio de oficina, baseada 1 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência PIBID 2 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 3 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 4 Acadêmica do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 5 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 6 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID

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Page 1: RELATO DE EXPERIÊNCIA: OFICINA DIDÁTICA · apresentou os bolsistas do projeto PIBID à turma, finalizando como uma breve contextualização da oficina e dos objetivos de trabalhar

RELATO DE EXPERIÊNCIA: OFICINA DIDÁTICA

A FUNÇÃO DO ESTADO EM JOHN RAWLS E ROBERT NOZICK

Eli Schmidtke1 Gustavo Henrique Martins2

Geovani Godoi3

Medéia L. Reis4 Patrícia Joca Martins5

Yaquelini Gomez Maidana6 Professor Supervisor: Gilberto Neske

PIBID - GRUPO PREMEN: UNIOESTE

Palavras-chave: Equidade; Justiça; Direitos; Estado Mínimo; Robert Nozick; John Rawls.

INTRODUÇÃO:

O presente trabalho tem por finalidade explicitar uma experiência pedagógica dos

bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, vinculado

ao departamento de filosofia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE,

Campus Toledo, vivenciada no Colégio Estadual Presidente Castelo Branco – PREMEN e

no Colégio Estadual Jardim Europa em 2016/2017.

A prática pedagógica foi vivenciada pelos bolsistas nas escolas públicas e por

meio do projeto PIBID puderam aplicar as teorias adquiridas na Universidade, numa

situação real do processo de ensino-aprendizagem. Ocorreu por meio de oficina, baseada

1 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID 2 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 3 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 4 Acadêmica do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 5 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID 6 Acadêmico do curso de Filosofia da Universidade do Oeste do Paraná e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID

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na leitura e problematização de referencias teóricos, extraídos da fundamentação teórica

em Robert Nozick, “o conceito de estado mínimo” e com John Rawls, “os conceitos de

Direito” e “Justiça como Equidade”. Também foi explorado parcialmente os artigos (Art.

1º, e Art. 6º) que tratam sobre a educação na Constituição Federal.

Fica evidente que a teoria de Rawls assegura a liberdade igual para os cidadãos

e uma distribuição de todos os outros bens que aumentem as expectativas dos que estão

em situação pior. A ideia original do filósofo é a de estabelecer um processo equitativo, de

forma que qualquer princípio seja justo; para isso devemos partir da hipótese de que as

partes estão cobertas por um véu – o véu da ignorância - véu esse que irá denotar

imparcialidade na escolha dos princípios. Assim, Rawls concebe o conceito de justiça

como equidade, conceito esse que parte de 2 princípios fundamentais: princípio da igual

liberdade e o princípio da igualdade de oportunidade. Para o princípio da igual liberdade,

o filósofo comenta que cada pessoa deve ter um direito igual ao mais extenso sistema

total de liberdades básicas, compatível com um sistema que seja similar de liberdade para

todos. No segundo princípio, o da igualdade de oportunidade, também admite que as

desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de forma que sejam: para o

maior benefício dos menos favorecidos, consistentes com o princípio de poupança justa, e

vinculadas a cargos e posições abertos a todos sob condições de justa igualdade de

oportunidade. De acordo com Baleral, Robert Nozick afirma que

[...] a garantia da não interferência ou proteção é o papel principal de seu Estado Mínimo, não existindo relevância a manutenção de uma conjuntura favorável aos indivíduos para que prossigam com os planos projetados/esperados e suas expectativas de vida. A saúde, a educação e tantas outras prestações, que são tratados por muitos autores como direitos, são bens na teoria nozickiana, assim como a segurança e os sistemas de proteção, de maneira que podem ser ofertados e adquiridos livremente no mercado. As diferenças entre os indivíduos são ignoradas por Nozick, pois o direito natural pertencente a todos é a liberdade, em seu sentido negativo. Neste aspecto há um sensível distanciamento comparado com outros autores, por exemplo, John Rawls. Para Rawls, uma concepção política de justiça deve buscar a garantia da liberdade, o acesso às oportunidades, sem que se torne uma teoria igualitarista, posto que as desigualdades são justificadas e permitem o constante incremento e desenvolvimento da dinâmica social [...]. (BALERAL, 2015, p.106).

Nozick admite que os direitos como saúde e educação são considerados como

bens, então não é função do Estado garantir a população, como defende Rawls na sua

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teoria da justiça como equidade. Não é função do Governo interferir na vida do indivíduo;

a função do Estado seria apenas de garantir as liberdades individuais e proteção da

propriedade privada, ou seja, o ônus da responsabilidade pelos gastos com saúde e

educação é do próprio cidadão. Nesse sentido, a oficina trabalhou a diferença entre estes

dois filósofos liberais, tendo como objetivo desenvolver no aluno do ensino médio uma

atitude político-crítica, mediante a compreensão do conceito de justiça de cada filósofo,

bem como, compreender e identificar elementos teóricos comuns e opostos nos

referenciais teóricos.

Na efetivação da oficina didática, optou-se pela proposta metodológica em quatro

etapas: a sensibilização, problematização, investigação e produção de conceitos. Pois,

essa proposta além de permitir organizar melhor o desdobramento do trabalho

pedagógico (na divisão daquilo que se pretende fazer em cada etapa), também auxilia no

controle do tempo de cada uma e, todavia corrobora para fomentar debates, reflexões,

discussões e a produção de conceitos - como resultado final do processo de ensino e

aprendizagem.

Público participante: No colégio PREMEN, além dos 6 bolsistas do PIBID e do

professor supervisor Gilberto Neske e do coordenador de área do PIBID, prof. Douglas

Antonio Bassani, participaram 25 alunos do terceiro ano C, do período matutino,

totalizando 32 pessoas. No Colégio Jardim Europa, participaram 5 bolsistas, a professora

regente e mais 17 alunos do 1º ano período noturno, num total de 23 pessoas.

Duração: No desenvolvimento das atividades foi utilizado o tempo de 1h30min

(duas aulas de 45 minutos) para cada oficina.

Objetivos da oficina: Propiciar aos bolsistas a oportunidade de vivenciarem na

prática a realidade do professor de filosofia no ensino da educação básica numa situação

de realidade concreta. Aos alunos, o objetivo é instigá-los a reflexão sobre o objetivo do

estado mínimo em Robert Nozick; problematizar os conceitos de equidade e igualdade em

John Rawls; investigar e identificar esses conceitos nos textos de ambos os filósofos.

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Recursos didáticos: Microfone, câmera filmadora (protótipo), projetor multimídia,

notebook, caneta, papel sulfite tamanho A4, cartolina e recorte de textos selecionados.

DESENVOLVIMENTO:

A oficina começou com a organização do ambiente do trabalho. No centro da sala

ficou um protótipo de câmera filmadora direcionada para os pibidianos. De frente à turma

foi colocado três cadeiras e mesas com um microfone sobre cada uma. Foi conectado um

notebook no projetor de multimídia já instalado na sala. E por último, três membros do

grupo PIBID ocuparam as cadeiras e mesas, enquanto os outros três permaneceram em

pé de frente para os alunos. Concluído os preparativos da sala, o professor supervisor

explicou aos alunos a proposta da oficina e da organização do ambiente. E, em seguida,

apresentou os bolsistas do projeto PIBID à turma, finalizando como uma breve

contextualização da oficina e dos objetivos de trabalhar a temática, a saber, sobre os

conceitos de Direito e Justiça como Equidade em John Rawls, e o conceito de estado

mínimo em Robert Nozick.

1ª ETAPA: SENSIBILIZAÇÃO

A finalidade da sensibilização é despertar no aluno a atenção pelo tema, envolvê-

lo na discussão, provocá-lo para uma postura proativa, para que participe da aula com

argumentos pertinentes ao conteúdo e que reflita e confronte as teorias com a realidade

vivificada.

No início da oficina foi usada uma encenação teatral com reportagens; o

(professor supervisor) representou o repórter âncora de uma emissora de TV (imagem 1

abaixo) e dois pibidianos representaram os repórteres de campo. Além disso, outros dois

pibidianos esclareceram o conceito geral da Constituição Federal (imagem 2). Após cada

apresentação era solicitado aplausos, simulando um cenário de auditório. O repórter

âncora fez a abertura da oficina esclarecendo a temática com base nos dois filósofos que

representam o pensamento liberal moderado (Rawls) e liberal radical (Nozick). Em

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seguida, o âncora evocou a questão da Constituição Federal e indagou os alunos sobre o

significado dela.

Posteriormente o âncora chama dois pibidianos encarregados para apresentar a

biografia de cada um dos filósofos liberais (imagem 3).

2ª ETAPA: PROBLEMATIZAÇÃO

Após a apresentação da biografia de Rawls e Nozick a qual pontuou alguns

aspectos da vida e do pensamento de cada filósofo sobre o papel do Estado na resolução

dos problemas sociais, o âncora inquiriu os representantes do liberalismo moderado

(imagem 4) e do liberalismo radical (imagem 5) para que cada um respondesse a três

questões, a saber: o que é o indivíduo? O que é liberdade? Qual a sua proposta de

inserção do indivíduo na sociedade? Após ambos elucidarem as questões, foi dado

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abertura à turma para participarem com perguntas sobre a exposição das teorias dos

filósofos.

Na problematização, na medida em que cada uma das questões eram elucidadas,

os pontos comuns, as diferenças de posicionamento dos filósofos, a função do Estado, o

papel do indivíduo na sociedade e a concepção de liberdade, também se tornavam mais

claras aos alunos.

Encerrado o processo de problematização sobre a função do Estado, entre os dois

representantes (imagens 5 e 6), os alunos foram divididos em dois grupos de acordo com

a imagem do filósofo que cada um recebia (imagem 1A). Na sequência foi entregue a

cada grupo excertos de texto ao grupo de Rawls e de Nozick. Também receberem

recortes do Artigo 1º e 6º da Constituição. A partir de então, deu-se o início a etapa da

investigação.

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3ª ETAPA: INVESTIGAÇÃO

A proposta da investigação é desenvolver no aluno o hábito de confrontar o senso

comum com o pensamento crítico-reflexivo e investigar como cada filósofo desenvolveu

seu conceito. O objetivo era perceber a contraposição no pensamento dos filósofos.

Assim, nesta penúltima etapa da investigação, cada grupo ficou sob a coordenação de

dois pibidianos. Primeiramente fizeram a leitura dos excertos, tiraram as dúvidas com os

coordenadores e, posteriormente foram induzidos a problematizar os textos,

confrontando-o com os Artigos 1° e 6° da Constituição Federal que trata sobre a função

do Estado, da liberdade e educação. A ideia é refletir se há ou não consonância entre o

que diz a teoria do filósofo com o exposto nos artigos da Constituição, a partir de

questões como: todos os cidadãos devem ter os mesmos direitos básicos garantidos pela

Constituição? Devemos dar garantias à liberdade de consciência e desenvolver as

aptidões inatas dos indivíduos por meio da educação?

Os excertos as seguir foram usados pelos grupos na investigação de Rawls

(imagens 7 e 7A) e de Nozick (imagens 8 e 9A), e os Artigos 1º e 6º da Constituição

Federal comuns aos dois grupos.

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Excertos: de Rawls

“[...] em qualquer sociedade, cada pessoa se encontrará colocada, ao nascer, em

uma posição determinada, e a natureza de tal posição afetará substancialmente os seus

projetos de vida. Já uma sociedade que satisfaça os princípios da “justiça como equidade”

tenderá a aproximar-se ao máximo, de um esquema voluntário, para que se possa chegar

aos princípios equitativos, aos quais pessoas livres e iguais consentiriam em submeter-

se” (RAWLS, 1997, p. 79-80).

“[...] As liberdades básicas do cidadão são, de forma geral, a liberdade política (o

direito de voto e a elegibilidade para cargos públicos) associada à liberdade de expressão

e de reunião; a liberdade de consciência e de pensar; a liberdade pessoal associada ao

direito à propriedade; e a liberdade de não ser preso arbitrariamente e de não ser retido

fora das situações definidas na lei. Estas liberdades são todas necessárias, para que se

possa atingir o princípio primeiro, pois todos os cidadãos de uma sociedade justa devem

ter os mesmos direitos básicos” (RAWLS, 1997, p. 65-69).

Excertos: de Nozick

[...] O Estado deve assegurar a liberdade negativa das pessoas, ou seja, o Estado

deve garantir que ninguém interfira nos direitos básicos de cada cidadão, tais como a vida

e a propriedade. Já com a liberdade positiva, o Estado não deve se preocupar, pois “ele

não tem a obrigação de fornecer nada aos indivíduos para que possam levar adiante seus

planos de vida. [...] se você for forçado, seja pelo Estado, seja por alguém, a contribuir

para o bem-estar de terceiros, seus direitos estarão sendo violados. [...] se possuo a mim

mesmo, possuo meus talentos, e se possuo meus talentos, possuo qualquer coisa que

produza por meio deles. “A exigência de tributação redistributiva dos talentosos para os

desfavorecidos viola a posse de si mesmo” (BALERAL, 2015, p.8).

No Estado mínimo, [...], não há redistribuição porque nunca houve uma distribuição

e ninguém tem um direito a quaisquer bens materiais além daqueles que adquiriu como

propriedade privada. [...] Ninguém tem qualquer direito a bens que se destinam a colocar

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essa pessoa em uma determinada condição material. O que deve ser seguido quando nos

referimos a propriedades são os três princípios libertários retrocitados. O Estado mínimo

trata-nos como indivíduos invioláveis, que não podem ser usados para outros meios. Este

é o único Estado que respeita a individualidade e permite que sejam escolhidas as formas

de vida que mais satisfaçam e contribuam para a realização dos nossos fins (BALERAL,

2015, p.12).

Excertos: Artigos 1º e 6º Constituição Federal.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito

e tem como fundamentos:

I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição (BRASIL, 1988, p.

108).

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a

moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015); (BRASIL, 1988, p. 110).

4ª ETAPA: PRODUÇÃO DE CONCEITOS

Dada por encerrada a última etapa da investigação, cada grupo se encarregou de

apresentar a turma os conceitos extraídos dos filósofos liberais John Rawls (imagens 10 e

10A) e Robert Nozick (imagens 9 e 9A). Assim cada grupo procurou na apresentação com

cartazes, problematizar as teorias desses filósofos, ou seja, se elas corroboram para a

manutenção ou a supressão dos Artigos 1° e 6° da Constituição Federal, que trata sobre a

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educação, em especial, de garantir o acesso e a permanência de todos à educação. Ficou

explícito que o liberal moderado John Rawls defende a necessidade do governo

estabelecer políticas que atendam de maneira equitativa tanto o grupo mais favorecido

como o mais desfavorecido. Enquanto que, para o liberal radical Nozick, a função do

governo é apenas garantir as liberdades individuais e a propriedade privada. A educação

e saúde, não são direitos, mais sim bens, portanto cabe ao próprio indivíduo pagar por

esses serviços, e se torna injusto o Estado tirar de uns para dar a outros.

AVALIAÇÃO DA OFICINA:

A oficina teve o objetivo de atingir dois alvos: o primeiro foi o de provocar os

alunos a pensarem sobre o real significado de um Estado mínimo, como na proposta do

atual governo federal de redução e no congelamento de gastos nas áreas da saúde e da

educação. Assim, mobilizar os alunos a uma leitura crítica da realidade contraposta aos

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teóricos estudados. O segundo, de servir de laboratório para uma experiência pedagógica

dos acadêmicos bolsistas do PIBID, que acreditamos contribuir positivamente para a

formação dos futuros professores de filosofia, além de entrarem em contato com filósofos

pouco estudados na graduação, e ausentes, ou de pouca profundidade no livro didático

do ensino médio.

Assim concluímos que os objetivos foram alcançados parcialmente, a saber, o de

transmitir ao aluno por meio de dinâmicas diversas, como identificar problemas e

conceitos de um texto filosófico clássico, e que tenha significado para a vida do aluno.

Afirmamos apenas parcialmente em razão da complexidade dos textos e por falta de

aprofundamento teórico, bem como pela falta de empenho de alguns membros da equipe

e a constante entrada e saída de pibidianos no grupo. Em relação ao PIBID, podemos

dizer que ele produziu subsídios para repensar a relação entre a teoria e prática

pedagógica dos pibidianos; a interação entre a universidade e o ensino da educação

básica pública; para a aplicação da proposta metodológica que envolveu a sensibilização,

a problematização, a investigação e a produção de conceitos, proporcionando maior

interação pedagógica entre os alunos e bolsistas (imagem 11).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALERAL, José Eduardo Ribeiro. Robert Nozick e sua teoria política. In: Seria uma

abordagem razoável para a Sociedade contemporânea? Londrina, UEL, Revista de

Filosofia v.12, n.2, 2015, 106 p. Disponível em: <

https://www2.ufrb.edu.br/griot/images/vol12-n2/7.pdf>> Acessado em: 10 Dez. 2016.

BRASIL, Constituição Federal de 1988, p. 108-110. Disponível em:<<

http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/constituicaofederal1988.pdf>> Acesso em:

17 Nov. 2016.

NOZICK, Robert. Anarquia, Estado e Utopia. Trad. Fernando Santos. São Paulo: Martins

Fontes, 2011.

RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 65-79.