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Relações sinérgicas e efeitos sobre a produção setorial no sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil Rossana Lott Rodrigues 1 Antonio Carlos Moretto 2 Umberto Antonio Sesso Filho 3 Ricardo Kureski 4 Resumo: O presente artigo tem como objetivo estimar e analisar o nível das interações sinérgicas e o transbordamento do efeito multiplicador da produção setorial entre o Paraná e o chamado Restante do Brasil” (Brasil exceto Paraná), utilizando sistemas inter-regionais de insumo- produto estimados para os anos de 1995 e 2000. Os principais resul- tados mostraram que: a) a dependência da produção do Paraná em relação ao fluxo de comércio com o Restante do Brasil se elevou de 25% em 1995 para 33% em 2000; b) somente 1,36% da produção do Restante do Brasil dependeu do fluxo de insumos (bens e serviços) en- tre este e o Paraná em 1995, reduzindo esta dependência para 0,56% em 2000; c) a média do transbordamento do efeito multiplicador da produção dos setores da economia paranaense no sentido Restante do Brasil aumentou de 16% em 1995 para 20% em 2000, enquanto no sentido Restante do Brasil-Paraná, se manteve em 1%. Diante desses resultados, o poder público estadual, por meio de políticas que visem 1 Doutora em Economia Aplicada pela Esalq/USP e professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] 2 Doutor em Economia Aplicada pela Esalq/USP e professor do Departamento de Eco- nomia da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] 3 Doutor em Economia Aplicada pela Esalq/USP e professor do Departamento de Eco- nomia da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] 0 Doutor em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), investigador do Laboratório de Contabilidade Social da UFPR e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). E-mail: [email protected]

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Relações sinérgicas e efeitos sobre a produção setorial no sistema inter-regional

Paraná-Restante do Brasil

Rossana Lott Rodrigues1

Antonio Carlos Moretto2

Umberto Antonio Sesso Filho3

Ricardo Kureski4

Resumo: O presente artigo tem como objetivo estimar e analisar o nível das interações sinérgicas e o transbordamento do efeito multiplicador da produção setorial entre o Paraná e o chamado “Restante do Brasil” (Brasil exceto Paraná), utilizando sistemas inter-regionais de insumo-produto estimados para os anos de 1995 e 2000. Os principais resul-tados mostraram que: a) a dependência da produção do Paraná em relação ao fluxo de comércio com o Restante do Brasil se elevou de 25% em 1995 para 33% em 2000; b) somente 1,36% da produção do Restante do Brasil dependeu do fluxo de insumos (bens e serviços) en-tre este e o Paraná em 1995, reduzindo esta dependência para 0,56% em 2000; c) a média do transbordamento do efeito multiplicador da produção dos setores da economia paranaense no sentido Restante do Brasil aumentou de 16% em 1995 para 20% em 2000, enquanto no sentido Restante do Brasil-Paraná, se manteve em 1%. Diante desses resultados, o poder público estadual, por meio de políticas que visem

1 Doutora em Economia Aplicada pela Esalq/USP e professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] Doutor em Economia Aplicada pela Esalq/USP e professor do Departamento de Eco-nomia da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] Doutor em Economia Aplicada pela Esalq/USP e professor do Departamento de Eco-nomia da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected] Doutor em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), investigador do Laboratório de Contabilidade Social da UFPR e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). E-mail: [email protected]

624 Relações sinérgicas e efeitos sobre a produção setorial no sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil

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melhorar a infra-estrutura estadual e de políticas de estímulos setoriais, poderá colaborar, criando o aparato logístico e designando incentivos fiscais e/ou creditícios específicos que auxiliariam a iniciativa privada na implementação de suas atividades, de modo a tornar mais eficiente e vantajoso o comércio inter-regiões.

Palavras-chave: insumo-produto; interações sinérgicas; transborda-mento da produção; economia regional.

Abstract: The present article has as objective to calculate and to analyze the level of the synergic interactions and the overflow of the multiplying effect of the sectorial production between Parana and the Rest of Brazil (Brazil except Parana), using interregional systems of input-output estimated for the years of 1995 and 2000. The main results showed that: a) the dependence of the production of Parana in relation to the flow of trade with the Rest of Brazil raised from 25% in 1995 to 33% in 2000; b) only 1.36% of the production of the Rest of Brazil depended on the flow of input (goods and services) between this and Parana in 1995, reducing this dependence to 0,56% in 2000; c) the overflowing average of the multiplier effect of the production of the sectors of the economy of Parana in direction of the Rest of Brazil raised from 16% in 1995 to 20% in 2000, while in direction of the Rest of Brazil-Parana, it kept on 1%.

Key-words: input-output; synergic interactions; overflow of the produc-tion; regional economy.

JEL Classification: C67, D57, R15

1. Introdução

O processo de globalização em curso tende a reforçar as relações entre as economias, tanto no sentido da troca das informações quanto no que se refere ao comércio de bens e serviços e ao fluxo de capitais. No Brasil, a economia começa os anos 90 sob a égide dos programas de liberalização comercial que, desde meados de

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1980, vêm, progressivamente, sendo implantados. A competição mais acirrada, resultante do processo de abertura econômica, exige a modernização e a reestruturação dos setores produtivos nacionais e regionais. Essa exigência encontra, no Brasil e no Paraná, diferenças no que se referem à infra-estrutura, ao parque produtivo, ao capital humano, à distribuição de renda, etc., o que requer grande esforço local para sua superação.

Com o objetivo de situar a economia paranaense relativamente à do Restante do Brasil, a Tabela 1 apresenta três importantes indicadores, os quais revelam que o Paraná é um estado equilibrado no que se refere ao número de habitantes e produtos, apresentando renda per capita maior que a do Restante do Brasil e a nacional em 2000.

Tabela 1 - Estatísticas do Paraná, Restante do Brasil e Brasil, 2000.

RegiõesPIB

(milhões R$)PIB(%)

PopulaçãoPopulação

(%)PIB per capita

(R$)

Paraná 65.969 5,99 9.585.731 5,63 6.882

Restante do Brasil

1.035.286 94,01 160.544.809 94,37 6.449

Brasil 1.101.255 100,00 170.130.540 100,00 6.473

Fonte: Ipardes (2004).

Quanto à estrutura econômica, o Paraná vem se transformando ra-pidamente ao longo das últimas décadas. Embora as bases para essas transformações tenham sido lançadas na década de 1970, a consolida-ção de alguns setores ocorreu nos anos 90, com a abertura comercial da economia brasileira. Um exemplo é a indústria automobilística, que recebeu incentivos fiscais, financeiros e de infra-estrutura do governo do estado para instalação de empresas na região de Curitiba, com pre-visão de surgimento de novos empregos e aumento da produção. Hoje, a estrutura do parque industrial automotivo paranaense possui carac-terísticas próximas à de outros centros nacionais, embora apresente, como principais entraves, a pouca tradição de fornecimento, a retração do mercado consumidor e o grande poder concorrencial do setor (Pinto e Meza, 2003).

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Outros setores da economia paranaense foram acionados a partir de 1995, com a política de incentivos do governo estadual, como os de metalurgia, madeira e mobiliário, celulose, papel e gráfica, têxtil, ves-tuário, calçados, couros e peles, alimentar, serviços públicos, constru-ção civil (industrial e residencial), transporte e comunicação, gerando mudanças importantes no processo produtivo e nas relações com o mercado.

O ajuste da base produtiva do Paraná promoveu a concentração pa-trimonial e produtiva em alguns setores e regiões do estado, resultando, ainda, em impactos negativos sobre os postos de trabalho, conforme Oliveira (2003).

Segundo Alves (1997), dos R4 8,6 bilhões de investimentos em an-damento em 1996, o setor metalmecânico absorveu 56%, cabendo a maior parte (24,3% ou cerca de R$ 2,1 bilhões) às montadoras de auto-móveis. No caso específico do setor automobilístico, os efeitos espera-dos sobre a economia estadual, no que se referem à geração de empre-gos, não se confirmaram, gerando dúvidas sobre os benefícios advindos da política implementada (Motim et al., 2004).

Em relação à concentração espacial, a forte predominância dos in-vestimentos na região de Curitiba pode ser vista na Tabela 2.

No entanto, as transformações em curso no Paraná trouxeram a modernização da estrutura produtiva do estado, com novos produtos, processos e tecnologias, além de dinamizar as relações com outros mer-cados, tornando mais complexo, dinâmico e diversificado o perfil in-dustrial paranaense.

Diante dessa nova realidade, a integração entre as regiões torna-se fator sine qua non para o melhor desempenho do Paraná no atual cenário mundial, uma vez que a auto-suficiência não é possível, nem desejável, do ponto de vista econômico. A maior interação entre diferentes regiões promove, concomitantemente, maiores efeitos sinérgicos e dependência econômica entre estruturas produtivas diferentes. O aumento da produção setorial em determinada região do Brasil tem impacto sobre a produção de diversas indústrias fora da localidade de origem, o que se chama efeito transbordamento do multiplicador de produção. Portanto, a mensuração das interações sinérgicas e do efeito transbordamento do multiplicador de produção torna-se importante

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fonte de informações para a análise do desenvolvimento regional e elaboração de políticas públicas, identificando as indústrias que apresentam maior dependência de insumos provenientes de outras regiões.

Tabela 2 - Distribuição regional dos investimentos no Paraná, 1996.

Em %

Gêneros Região de Curitiba Demais Regiões Total

Agroindústria 19,52 80,48 100Minerais não-metálicos 100 0 100Metalurgia 88,89 11,11 100Mecânica 95,38 4,62 100Material elétrico e comunicação 96,75 3,25 100Material de transporte 100 0 100Madeira/mobiliário 9,52 90,48 100Química 86,25 13,75 100Papel e papelão 0 100 100Produtos de matérias plásticas 48,28 51,72 100Perfumaria 100 0 100Bebidas 24,32 75,68 100Gráfico 100 0 100Total 70,23 29,77 100

Fonte: Alves (1997).

Alguns trabalhos foram desenvolvidas para o Brasil com o objetivo de estudar a sinergia entre regiões, como os de Guilhoto et al. (1998), Guilhoto et al. (1999), Guilhoto et al. (2001), e/ou o transbordamento do multiplicador de produção (Sesso et al., 2003). Para o Paraná, estu-dos sobre sinergia foram realizados por Moretto (2000) e Simões et al. (2003). No entanto, o efeito transbordamento do multiplicador de pro-dução ainda não foi avaliado entre o Paraná e o Restante do Brasil.

Assim, o objetivo desta pesquisa é mensurar o nível das interações sinérgicas resultantes do fluxo de bens e serviços e o transbordamento do efeito multiplicador da produção setorial entre o Paraná e o Restante do Brasil, comparando os anos de 1995 e 2000, período de grande transfor-mação na estrutura produtiva estadual. Especificamente, pretende-se:

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a) estimar as interações sinérgicas entre o Paraná e o Restante do Brasil (RBR);

b) estimar o transbordamento do multiplicador tipo I da produção se-torial do Paraná e do Restante do Brasil e

c) realizar comparações dos indicadores econômicos (transbordamen-to e sinergia) entre as regiões.Este artigo está estruturado em 3 seções, além da introdução. Ini-

cialmente, é exposta a metodologia. Posteriormente, são analisados os resultados e, por fim, apresentadas as considerações finais.

2. Metodologia

2.1. Fonte dos dados

Este estudo tem como fonte de dados as matrizes insumo-produto estimadas para o Paraná em 1995 por Rodrigues (2000) e Moretto (2000) e em 2000 por Nuñes et al. (2003), além da matriz insumo-produto na-cional de 1995, construída pelo IBGE (1997), e de 2000, estimada por Guilhoto et al. (2002).

A partir das matrizes, foram estimados os sistemas inter-regional de insumo-produto Paraná-Restante do Brasil para 1995 e 20005.

2.2. Métodos de Análise

2.2.1. Interações sinérgicas entre regiões

A metodologia relativa às interações sinérgicas foi desenvolvida por Sonis et al. (1997) e possibilita examinar, por meio das interdependên-cias internas e externas dadas pelas ligações, a estrutura das relações comerciais entre duas regiões. Está baseada num sistema de insumo-produção partilhado e utiliza técnicas que produzem multiplicadores à esquerda e à direita da inversa de Leontief, dentro de um preestabe-lecido par de combinações hierárquicas dos subsistemas de ligações econômicas.

5 O sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil já foi usado em outros trabalhos, como Simões et al. (2003), Sesso et al. (2004) e Rodrigues et al. (2005).

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Considerando-se um sistema de insumo-produção representado pelo bloco de matrizes, A, de insumos diretos:

(1)

em que A11 e A22 representam matrizes quadradas de insumos diretos dentro da primeira e segunda regiões, respectivamente, e A12 e A21 são matrizes retangulares dos insumos diretos adquiridos pela segunda re-gião e vice-versa, é possível interpretar a matriz A como um sistema de duas regiões em que a segunda região representa o restante da econo-mia menos a primeira região.

A construção dos blocos de pares de combinações hierárquicas dos subsistemas de ligações intra e inter-regionais, num sistema de insumo-produção, é dada pelas matrizes A11 , A12 , A21 e A22 , as quais correspon-dem a quatro blocos básicos de matrizes:

(2)

A decomposição do bloco de matrizes (1) pode ser feita por meio da soma de dois blocos de matrizes, sendo cada um deles a soma dos blocos de matrizes de (2). Dessa forma, pode ser apresentado um conjunto de multiplicadores regionais internos, derivados das matrizes inversas, as quais são blocos construídos das interações sinérgicas entre os subsistemas econômicos. O uso das diferentes interações sinérgicas possibilita analisar e mensurar como ocorrem as transações entre regiões. Assim, é possível verificar o quanto as relações de produção em uma dada região afetam a produção de outra região.

O Quadro 1 e a Figura 1 mostram, respectivamente, as possí-veis interações sinérgicas e as combinações das partes da matriz A1. Cada entrada no Quadro 1 consiste de dois níveis: o primeiro descreve a estrutura e mostra a correspondente forma da matriz A1, enquanto o segundo mostra as decomposições aditivas da matriz bloco de Leontief. A visão do sistema de hierarquias de ligações

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fornecerá novas interpretações das propriedades das estruturas que são reveladas.

Além disso, Sonis et al. (1997), Guilhoto et al. (1998) e Guilhoto et al. (1999) sugerem a seguinte tipologia de categorias que podem ser empregadas:

1. tipo de ligação para trás (VI, IX): poder de dispersão;2. tipo de ligação para frente (V, X): sensibilidade de dispersão;3. tipo de ligações intra e inter-regionais (VII, VIII): dispersão interna

e externa;4. estilo de interações de região isolada versus o restante da economia

(I, XIV, IV, XI) e5. estilo de subsistema triangular versus as interações inter-regionais

(II, XIII, III, XII).

Assim, os sistemas de insumo-produção partilhados podem diferenciar-se entre os vários tipos de dispersão (como 1, 2 e 3) e entre os vários modelos de interações inter-regionais (como 4 e 5). Essencialmente, as 5 categorias e os 14 tipos de pares de combinações hierárquicas de ligações econômicas propiciam a oportunidade de escolher de acordo com as qualidades espe-ciais das atividades de cada região e com o tipo de problema que se apresen-ta, evidenciando que as opções existem para as bases de uma tipologia dos tipos de economia baseados na estrutura hierárquica (Quadro 1).

Quadro 1 - Ordenação das interações sinérgicas entre os subsistemas econômicos.

(Continua)

Nível 1 Descrição Forma da matriz A1

Nível 2 ( ) ( )IMLLLIMLL R111L1 −+=−+=

I. Hierarquia da região isolada versus o restante da economia

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II. A ordem da hierarquia substituída das ligações inter-regionais da segunda região versus o subsistema triangular inferior

III. A ordem da hierarquia substituída das ligações inter-regionais da primeira região versus o subsistema triangular superior

IV. A ordem da hierarquia substituída das ligações para trás e para frente da primeira região versus o restante da economia

V. Hierarquia das ligações para frente da primeira e da segunda regiões

VI. Hierarquias das ligações para trás da primeira e segunda regiões

VII. Hierarquia das relações intra versus inter-regionais

VIII. Hierarquia das relações inter versus intra-regionais

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IX. Ordem de hierarquia substituída de ligações para trás

X. Ordem de hierarquia substituída de ligações para frente

XI. Hierarquia das ligações para trás e para frente da primeira região versus o restante da economia

XII. Hierarquia do subsistema triangular superior versus as ligações inter-regionais da primeira região

XIII. Hierarquia do subsistema triangular inferior versus ligações inter-regionais da segunda região

XIV. Hierarquia do restante da economia versus a segunda região isolada

Fonte: Sonis et al. (1997).

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Figura 1 - Representação esquemática das formas possíveis da matriz A1 - o caso de duas regiões.

I II III IV V

• • • •

• •

VI VII VIII IX X

• • • •

• • • • • •

XI XII XIII XIV XV

• • • • • • • •

• • • • • • • •

Fonte: Moretto (2000).

2.2.2. Efeito transbordamento do multiplicador de produção

Para estimar o efeito transbordamento do multiplicador da produção é necessário, primeiramente, calcular o multiplicador, o qual permite analisar o impacto da variação na demanda final de determinado setor sobre a variável econômica de interesse (Miller e Blair, 1985).

No presente estudo, a variável usada será a produção. Assim, dado que ( ) 1−−= AIL é a matriz inversa de Leontief, o multiplicador seto-rial de produção do setor j será:

(3)

em que lij representa os elementos da matriz inversa de Leontief e MPj

é o multiplicador de produção do tipo I.O multiplicador representa o valor total de produção de toda a eco-

nomia, que é acionado para atender à variação de uma unidade na demanda final do setor j. Como este estudo é desenvolvido para 32 setores, i = j = 64.

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Assim, o somatório dos elementos da matriz inversa referente à pró-pria região constitui o efeito multiplicador interno, enquanto o somató-rio dos elementos da coluna j referente ao fluxo inter-regional de bens e serviços é o valor do transbordamento (efeito multiplicador fora da re-gião de origem do setor). Como pode ser observado na equação (1), os elementos lij da matriz Lll, somados em colunas, são o efeito multiplica-dor dentro da região L, enquanto os somatórios das colunas da matriz LML são transbordamentos dos setores da região L para a região M.

O transbordamento do efeito multiplicador de dado setor de uma região em relação à outra pode ser apresentado tanto em termos abso-lutos quanto em valores percentuais. O efeito transbordamento mostra como o aumento da produção setorial em dada região impacta a produ-ção dos setores de outra região.

3. Resultados e discussão

3.1. Interações sinérgicas e transbordamento do efeito multiplicador da produção entre o Paraná e o Restante do Brasil

Os resultados das interações sinérgicas para o Paraná e o Restante do Brasil para os anos de 1995 e 2000 estão resumidos na Figura 2. Ao analisá-los, nota-se que a produção do Paraná se tornou mais depen-dente do fluxo de comércio entre este e o Restante do Brasil de 1995 para 2000.

Em 1995, a interação entre o Paraná e o restante do país determinou que, cerca de, 25% da produção paranaense dependessem do fluxo de bens e serviços em direção ao Restante do Brasil e 7,5% do nível da produção nacional. Já em 2000, esses valores se elevam para cerca de 33% e 9%, respectivamente.

Paralelamente, o Restante do Brasil, que já apresentava elevada importância nas próprias relações intersetoriais para sua produção em 1995 (cerca de 98%), reforça essa posição em 2000, quando 99% da produção é determinada pelas ligações entre os setores de sua economia. Além disso, somente 1,36% da produção do Restante do Brasil dependeu do fluxo de insumos (bens e serviços) entre este e o Paraná em 1995, reduzindo essa dependência para 0,56% em 2000 (Figura 2).

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Figura 2 - Contribuição (%) de cada bloco de matriz para a participação total de (y1-f) em y, Paraná (PR) e Restante do Brasil (RBR), 1995 e 2000.

Sistema Paraná-Restante do Brasil em 1995

ParanáRestante do Brasil

PR RBR PR RBR

PR 67,08 25,31 PR 0,34 0,09 PR

RBR 0,12 7,49 RBR 1,36 98,21 RBR

Sistema Paraná-Restante do Brasil em 2000

ParanáRestante do Brasil

PR RBR PR RBR

PR 58,23 32,82 PR 0,16 0,08 PR

RBR 0,04 8,91 RBR 0,56 99,20 RBR

Fonte: Cálculo dos autores.

A comparação dos resultados obtidos para os anos em tela indica que o Paraná aumentou a interação com os outros estados do País. Pode-se afirmar que houve relativo aumento do fluxo de insumos no sentido Restante do Brasil-Paraná, resultando em maior dependência da estrutura produtiva (consumo intermediário) deste estado em rela-ção ao restante do País, ao mesmo tempo em que houve redução das vendas de insumos das empresas paranaenses para o restante do Brasil. Em 2000, as relações intersetoriais no Paraná eram responsáveis por 58,23% da produção, contra 67,08% em 1995 (Figura 2).

A maior interação sinérgica indica, ao mesmo tempo, a abertura da economia estadual e sua relativa dependência em relação aos fluxos de bens e serviços utilizados no consumo intermediário. Portanto, pode-se prever que o Paraná deve apresentar maior transbordamento do efeito multiplicador da produção setorial que o Restante do Brasil. Assim, o aumento global da produção estadual implicará na necessidade de incremento do fluxo de comércio entre este estado e o restante do País e o conseqüente aumento da produção em outras

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localidades, gerando o efeito transbordamento do multiplicador de produção.

O efeito do transbordamento do multiplicador de produção é mos-trado, em valores e em percentuais, nas Tabelas 3 e 4 e ilustrado nas Figuras 3, 4, 5 e 6.

A análise dos resultados aponta que, se os setores do Paraná aumen-tassem sua produção, em média, 16% e 20% do efeito multiplicador, em 1995 e 2000, respectivamente, teria impacto fora do estado. Por outro lado, o transbordamento no sentido Restante do Brasil-Paraná não ultra-passaria 1% nos dois anos. Diante disso, pode-se afirmar que o Paraná apresentou crescimento de sua dependência em relação ao Restante do País e, ao mesmo tempo, elevação do efeito transbordamento (Tabela 3).

A análise mais detalhada mostra que o transbordamento do multipli-cador de produção Paraná-Restante do Brasil para 1995 foi maior para os setores Siderurgia e Metalurgia (4) e Indústria da Borracha (10), sendo que o aumento da produção dessas atividades no Paraná geraria um efei-to multiplicador de produção, fora da região de origem, que variaria entre 34% e 40%, em média. Por outro lado, se ocorresse aumento de produ-ção dos setores alimentares (16 a 21), Madeira e mobiliário (8), Celulose, papel e gráfica (9) e Serviços industriais de utilidade pública (24) no Restante do Brasil, haveria um transbordamento do efeito multiplicador da produção dentro do Paraná de 3% (Tabela 3 e Figuras 3 e 4).

Para 2000, o transbordamento do multiplicador de produção Paraná-Restante do Brasil mostrou que os setores Siderurgia e Metalurgia (4), Fa-bricação de elétrico/eletrônicos (6), Equipamentos de transporte e peças (7), Indústria têxtil (14) e Vestuário, calçados, couros e peles (15) apresen-taram os maiores valores, indicando que o aumento da produção dessas atividades no Paraná geraria um efeito multiplicador de produção fora da região de origem que variaria entre 31% e 44% (Tabela 4 e Figuras 5 e 6).

Em contrapartida, houve redução do transbordamento do efeito multiplicador de produção do Restante do Brasil para o Paraná em 2000. Assim, se ocorresse aumento de produção dos setores alimentares (18, 19, 21 e 22), Madeira e mobiliário (8) e Farmacêutica, veterinária e per-fumaria (12) no Restante do Brasil, haveria transbordamento do efeito multiplicador da produção dentro do Paraná que variaria de 2% a 5% (Tabela 4 e Figuras 5 e 6).

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Tabela 3 - Transbordamento do multiplicador de produção do sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil, 1995.

Setores

Paraná Restante do Brasil

ParanáRestante

doBrasil

Transbor-damento

(%)

Restantedo

BrasilParaná

Transbor-damento

(%)1 Agropecuária 1,46 0,15 9 1,59 0,02 12 Extrativa mineral 1,51 0,34 18 1,83 0,02 1

3Extrativismo de minerais não-metálicos

1,66 0,34 17 1,97 0,02 1

4 Siderurgia e metalurgia 1,42 0,90 39 2,29 0,02 15 Máquinas e equipamentos 1,32 0,45 26 1,76 0,01 1

6Fabricação de elétrico/eletrônicos

1,51 0,40 21 1,90 0,01 1

7Equipamentos de transporte e peças

1,64 0,56 26 2,19 0,01 1

8 Madeira e mobiliário 1,75 0,24 12 1,94 0,06 39 Celulose, papel e gráfica 1,88 0,24 11 2,07 0,06 3

10 Indústria da borracha 1,40 0,74 34 2,12 0,02 111 Química 1,51 0,40 21 1,88 0,02 1

12Farmacêutica, veterinária e perfumaria

1,56 0,26 14 1,81 0,02 1

13 Artigos plásticos 1,55 0,40 20 1,93 0,02 114 Indústria têxtil 1,68 0,55 25 2,21 0,02 1

15Vestuário, calçados, couros e peles

1,65 0,54 25 2,17 0,02 1

16 Indústria do café 1,94 0,45 19 2,33 0,06 3

17Beneficiamento de produtos vegetais

2,00 0,21 9 2,14 0,06 3

18 Abate de animais 2,12 0,23 10 2,29 0,07 319 Indústria de laticínios 1,93 0,50 21 2,37 0,07 320 Fabricação de açúcar 1,93 0,51 21 2,38 0,05 221 Fabricação de óleos vegetais 2,19 0,33 13 2,45 0,06 3

22Fabricação de outros produtos alimentares

1,91 0,38 17 2,25 0,04 2

23 Indústrias diversas 1,57 0,35 18 1,90 0,02 1

24Serviços industriais de utilidade pública

1,51 0,07 5 1,53 0,05 3

25 Construção civil 1,39 0,23 14 1,61 0,01 126 Comércio 1,39 0,17 11 1,55 0,01 127 Transporte 1,44 0,22 13 1,65 0,01 128 Comunicações 1,18 0,06 5 1,24 0,00 029 Instituições financeiras 1,29 0,06 5 1,35 0,01 030 Aluguel de imóveis 1,07 0,02 2 1,09 0,00 031 Administração pública 1,37 0,11 7 1,46 0,01 132 Outros serviços 1,38 0,15 10 1,52 0,02 1

Média 1,60 0,33 16 1,90 0,03 1

Fonte: Cálculo dos autores.

638 Relações sinérgicas e efeitos sobre a produção setorial no sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil

RESR, Piracicaba, SP, vol. 46, nº 03, p. 623-646, jul/set 2008 – Impressa em outubro 2008

Tabela 4 - Transbordamento do multiplicador de produção do sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil, 2000.

Setores

Paraná Restante do Brasil

ParanáRestante

doBrasil

Transbor-damento

(%)

Restantedo

BrasilParaná

Transbor-damento

(%)1 Agropecuária 1,57 0,22 12 1,77 0,02 12 Extrativa mineral 1,24 0,26 17 1,50 0,00 0

3Extrativismo de minerais não-metálicos

1,64 0,34 17 1,97 0,01 0

4 Siderurgia e metalurgia 1,36 1,05 44 2,40 0,01 05 Máquinas e equipamentos 1,24 0,48 28 1,71 0,00 0

6Fabricação de elétrico/eletrônicos

1,39 0,67 33 2,05 0,01 0

7Equipamentos de transporte e peças

1,48 0,66 31 2,13 0,01 0

8 Madeira e mobiliário 1,70 0,35 17 2,01 0,03 29 Celulose, papel e gráfica 1,76 0,31 15 2,05 0,01 1

10 Indústria da borracha 1,62 0,62 28 2,23 0,01 011 Química 1,49 0,56 27 2,04 0,01 0

12Farmacêutica, veterinária e perfumaria

1,57 0,40 20 1,93 0,04 2

13 Artigos plásticos 1,63 0,51 24 2,13 0,01 014 Indústria têxtil 1,68 0,81 33 2,48 0,01 0

15Vestuário, calçados, couros e peles

1,48 0,72 33 2,19 0,01 1

16 Indústria do café 2,20 0,20 8 2,37 0,03 1

17Beneficiamento de produtos vegetais

1,99 0,26 12 2,23 0,03 1

18 Abate de animais 2,31 0,27 11 2,54 0,04 219 Indústria de laticínios 2,11 0,25 11 2,32 0,04 220 Fabricação de açúcar 1,94 0,32 14 2,24 0,01 121 Fabricação de óleos vegetais 2,26 0,32 12 2,45 0,13 5

22Fabricação de outros produtos alimentares

2,03 0,30 13 2,27 0,06 3

23 Indústrias diversas 1,41 0,54 28 1,94 0,01 0

24Serviços industriais de utilidade pública

1,47 0,19 11 1,65 0,01 0

25 Construção civil 1,37 0,36 21 1,73 0,01 126 Comércio 1,47 0,40 21 1,86 0,01 027 Transporte 1,60 0,44 21 2,03 0,01 028 Comunicações 1,11 0,17 13 1,28 0,00 029 Instituições financeiras 1,17 0,30 21 1,47 0,00 030 Aluguel de imóveis 1,05 0,03 3 1,08 0,00 031 Administração pública 1,21 0,22 16 1,43 0,00 032 Outros serviços 1,41 0,24 15 1,64 0,01 1

Média 1,59 0,40 20 1,97 0,02 1

Fonte: Cálculo dos autores.

Rossana Lott Rodrigues, Antonio Carlos Moretto, Umberto Antonio Sesso Filho e Ricardo Kureski 639

RESR, Piracicaba, SP, vol. 46, nº 03, p. 623-646, jul/set 2008 – Impressa em outubro 2008

Figu

ra 3

– T

rans

bord

amen

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%)

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plic

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-Res

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Bra

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20%

30%

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1 A

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Extra

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3 Ex

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Side

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5 M

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6 Fa

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rico/

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rôni

cos

7 Eq

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8 M

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mob

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9 C

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grá

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10 In

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11 Q

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12 F

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13 A

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14 In

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15 V

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, cal

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16 In

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20 F

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22 F

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640 Relações sinérgicas e efeitos sobre a produção setorial no sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil

RESR, Piracicaba, SP, vol. 46, nº 03, p. 623-646, jul/set 2008 – Impressa em outubro 2008

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Rossana Lott Rodrigues, Antonio Carlos Moretto, Umberto Antonio Sesso Filho e Ricardo Kureski 641

RESR, Piracicaba, SP, vol. 46, nº 03, p. 623-646, jul/set 2008 – Impressa em outubro 2008

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642 Relações sinérgicas e efeitos sobre a produção setorial no sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil

RESR, Piracicaba, SP, vol. 46, nº 03, p. 623-646, jul/set 2008 – Impressa em outubro 2008

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RESR, Piracicaba, SP, vol. 46, nº 03, p. 623-646, jul/set 2008 – Impressa em outubro 2008

4. Considerações finais

Este artigo teve como objetivo estimar e analisar o nível das intera-ções sinérgicas e o transbordamento do efeito multiplicador da produ-ção para 32 setores do sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil nos anos de 1995 e 2000.

As informações são oriundas das matrizes insumo-produto estima-das pelos autores para o Paraná, além da matriz insumo-produção na-cional de 1995, construída pelo IBGE (1997), e de 2000, estimada por Guilhoto et al. (2002).

A metodologia utilizada neste artigo ainda é pouco empregada em estudos relativos à economia paranaense e lança luzes aos complexos efeitos sócio-econômicos que as políticas públicas podem gerar.

Os resultados mostraram que a dependência do Paraná em relação ao Restante do Brasil cresceu no período em tela, indicando maior inte-ração comercial entre estas regiões. Em outras palavras, a sinergia entre as regiões se elevou, já que o fluxo de bens e serviços para alimentar o processo produtivo no interior do estado se intensificou no período. Foram encontrados, também, percentuais elevados de transbordamento do efeito multiplicador de produção em vários setores no Paraná, uma vez que a compra de bens intermediários e serviços que o estado fez de outras regiões impactou a produção destas economias.

Não obstante, o elevado efeito transbordamento da produção deve ser visto como um resultado de curto prazo, considerando que a tendência da economia estadual é produzir internamente parcela cada vez maior dos bens e serviços necessários ao seu processo produtivo. No médio e longo prazos, portanto, a exemplo do que ocorreu com a implantação do pólo automobilístico de Betim (MG), a economia paranaense criará as bases para atender às demandas oriundas da expansão, modernização e/ou dos novos setores componentes de sua estrutura produtiva.

Nesse sentido, o poder público, por meio de políticas que visem melhorar a infra-estrutura estadual e de políticas de estímulos setoriais, poderá colaborar, criando o aparato logístico e designando incentivos fiscais e/ou creditícios específicos que auxiliariam a iniciativa privada na implementação de suas atividades e na solução de problemas relati-vos ao comércio inter-regiões.

644 Relações sinérgicas e efeitos sobre a produção setorial no sistema inter-regional Paraná-Restante do Brasil

RESR, Piracicaba, SP, vol. 46, nº 03, p. 623-646, jul/set 2008 – Impressa em outubro 2008

Para estudos futuros, outras variáveis, além da produção, poderiam ser contempladas em trabalhos que objetivem estimar a sinergia e o transbordamento do multiplicador, a exemplo do emprego, da renda e dos impostos. Esses estudos poderiam ser realizados com matrizes estruturadas em maior número de setores, o que permitiria melhor de-sagregação da estrutura produtiva das regiões e, consequentemente, maior precisão dos indicadores encontrados, fato que superaria uma limitação importante do presente trabalho.

5. Referências bibliográficas

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Rossana Lott Rodrigues, Antonio Carlos Moretto, Umberto Antonio Sesso Filho e Ricardo Kureski 645

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