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RELAÇÃO ENTRE PROCESSOS FÍSICOS E A COR DO OCEANO ATLÂNTICO TROPICAL Viviane Vasconcellos de Menezes Dissertação de Mestrado em Sensoriamento Remoto orientada pelo Dr. Márcio Luiz Vianna, aprovada em 21 de setembro de 1999 INPE São José dos Campos 2001 MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS

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RELAÇÃO ENTRE PROCESSOS FÍSICOS E A COR DO OCEANO

ATLÂNTICO TROPICAL

Viviane Vasconcellos de Menezes

Dissertação de Mestrado em Sensoriamento Remoto

orientada pelo Dr. Márcio Luiz Vianna, aprovada em 21 de setembro de 1999

INPE São José dos Campos

2001

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS

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Retângulo
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RELAÇÃO ENTRE PROCESSOS FÍSICOS E A COR DO OCEANO

ATLÂNTICO TROPICAL

Viviane Vasconcellos de Menezes

Dissertação de Mestrado em Sensoriamento Remoto

orientada pelo Dr. Márcio Luiz Vianna, aprovada em 21 de setembro de 1999

INPE São José dos Campos

2001

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS

Adriana_2
Texto digitado

“Necessito do mar porque me ensina

não sei se aprendo música ou consciência

não sei se é onda só ou ser profundo

ou apenas rouca voz ou deslumbrante

suposição de peixes e navios.

O fato é que até quando adormecido de algum modo magnético

circulo na universidade da marugem”

Pablo Neruda

Aos meus pais, Mario e Neia,

e aos meus irmãos Mario Cesar e Elaine.

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Marcio Luiz Vianna pela orientação, respeito, apoio e, principalmente,

por sua amizade durante o decorrer de todo o trabalho;

Às Dras Evlyn M. L. Novo e Corina de Freitas pelas sugestões e incentivo;

Aos membros da banca examinadora Dra. Áurea Ciotti, Dra. Cláudia Zuccari

e Dr. João Lorenzzetti pelas críticas e sugestões

Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais pela oportunidade de realizar o

Curso de Mestrado em Sensoriamento Remoto e à CAPES (Fundação

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela concessão

da bolsa de estudo;

Ao PODAAC/NASA (Physical Oceanography Distributed Active Archive

Center-Jet Propulsion Laboratory) pelas bases de dados GOSTA e CZCS;

Aos colegas da “sala 24” pelas discussões, compreensão e incentivo, sempre.

Em especial à cartógrafa Magaly O. Mortara e à turma de 1997 do

sensoriamento remoto .

Aos colegas Jaqueline Madruga e Antônio Caltabiano pela força e ajuda

durante o decorrer do trabalho.

À Coordenação do Curso de Pós-Graduação pelo apoio e à Etel pelo bom

humor e a disposição de ajudar desde o início;

Ao Departamento de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro pela minha formação e apoio para continuar nesta profissão. Em

especial a prof. Izabel M. N. Gurgel.

À minha família pelo incentivo e torcida para que tudo desse certo, sem os

quais não teria “resistido”.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização

deste trabalho.

RESUMO

Neste trabalho, questões relativas ao problema de se estimar a biomassa e a produtividade primária a partir da cor do oceano no Atlântico Tropical são abordadas através da descrição dos processos físicos responsáveis pelas florações do fitoplâncton. Apesar da importância da produtividade primária do Atlântico Tropical, os processos que a controlam não são bem conhecidos. Assim, este trabalho primeiro revê os fundamentos que possibilitam o sensoriamento remoto da cor do oceano e sua relação com a concentração de pigmentos fotossintéticos e a produtividade primária. Em seguida, a distribuição espaço-temporal destes pigmentos através de imagens da cor do oceano; o papel das forçantes físicas locais ligadas ao aporte de nutrientes na camada fótica do mar e os processos físicos locais forçados pelo cisalhamento de vento, como o chamado “bombeamento de Ekman”, são estimados e descritos para o Atlântico Tropical. Para tanto, combinaram-se imagens do sensor Coastal Zone Color Scanner (CZCS)-nível 3, dados de temperatura da superfície do mar das bases de dados Global Ocean Surface Temperature Atlas (GOSTA) e Comprehensive Ocean Atmosphere Data Set (COADS) e de ventos de superfície das bases de dados do European Centre for Medium Range Weather Forecasts (ECMWF) e COADS, para a determinação do ciclo sazonal médio destas variáveis no período 1978 e 1986. Devido as diferenças entre as bases de dados, os procedimentos empregados consistiram basicamente em mapear os dados para uma grade padrão de resolução de um grau. Apesar das limitações impostas pelas imagens CZCS, principalmente a ausência de dados que fez com que a análise de correlação com as variáveis físicas fosse restrita ao biênio 1978-1980, foi possível observar que o Atlântico exibe três regiões com alta concentração de pigmentos que têm como característica marcante forte sazonalidade. Destas três regiões, a que apresenta maior extensão é a que ocorre no Atlântico Tropical Leste e a discussão sobre os fatores que controlam a produtividade foi restrita a esta região. Pôde-se observar que as forçantes físicas locais não são suficientes para explicar a indução e a manutenção das altas concentrações observadas nas imagens, o que remete a importância das forçantes remotas nesta região, cujos centros de ação são determinados. Apesar de fugir do escopo deste trabalho, uma revisão dos mais recentes resultados da literatura a este respeito é apresentada, bem como sugeridas novas metas de pesquisa.

PHYSICAL PROCESS AND OCEAN COLOR IN THE TROPICAL ATLANTIC

ABSTRACT

In the present work questions relative to the problem of estimation of the biomass and marine primary production in the Tropical Atlantic are discussed in the light of the description of the physical processes responsible for observed phytoplankton blooms. In spite of the importance of the Tropical Atlantic primary productivity, not only due to impacts on the biogeochemical cycles but also due to its importance in sustaining rich fishery areas, the process which control primary production are still not well known. Hence, this work first reviews the known basic processes controlling primary production according to published literature, as well as the estimation methods based on bio-optical algorithms, which makes possible the remote sensing of ocean color and its relation to phytoplankton pigment concentration. Next, a study of the space-time distribution of this concentration based on available satellite imagery; a description of the role of the local physical forcing agents related to productivity and upwelling of cold water, that induce the upwelling of nutrients to the photic zone; certain local processes induced by the wind stress, as Ekman Pumping, are calculated and described for the area. To this end, monthly images obtained from the Coastal Zone Color Scanner (CZCS) level 3, sea surface temperature based on the Global Ocean Surface Temperature Atlas (GOSTA) and Comprehensive Ocean Atmosphere Data Set (COADS) data sets, surface winds and wind stress fields based on European Centre for Medium Range Weather Forecasts (ECMWF) and COADS data sets, are studied to determine the seasonal cycle between 1979 and 1986, the lifetime of the CZCS sensor. Due to differences on the data sets, the procedures used for the analysis were done to map the data into a standard 1 degree grid. Correlations between the variables were made in the 1978-1980 period, due to limitations in the CZCS data set. However, it was possible to reproduce results described in the recent literature, and it was possible to show that the Tropical Atlantic exhibits three blooms that are dominated by the seasonal cycle. The most extensive bloom that is occurring in the eastern Atlantic, which made us decide to do the analysis of the forcing factors to this region. It was concluded that local forcing is not sufficient to explain the maintenance of the blooms observed in the images. Examination of the non-local forcing effects, with their centers of action being determined, is beyond the scope of this study, but a discussion on it is included for completeness, based on recent literature, as well as suggestions for future research.

SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 25

1.1. O que controla as florações fitoplanctônicas no Atlântico Tropical? ................ 27

1.2. Objetivos .............................................................................................................................................................. 29

1.3. Organização do trabalho ........................................................................................................................ 29

CAPÍTULO 2 – PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA MARINHA E SENSORIAMENTO REMOTO DA COR DO OCEANO: UMA REVISÃO

2.1. Fitoplâncton, Produtividade Primária e Fatores Físicos .............................................. 31

2.2. Cor do Oceano: Um Breve Histórico ............................................................................................ 37

2.3. Princípios da Estimativa de Biomassa e Produtividade pela Cor do Oceano ................................................................................................................................................................. 39

2.4. Fatores que Influenciam a Cor do Oceano

2.4.1. A Água e seus Componentes................................................................................................. 40

2.4.2. A Atmosfera .......................................................................................................................................... 44

2.5. Principais Missões da Cor do Oceano: CZCS e SeaWiFS ...................................... 47

2.6. Limitações e Perspectivas Futuras................................................................................................. 55

CAPÍTULO 3 – PROCESSOS FÍSICOS NO ATLÂNTICO TROPICAL

3.1. Características Gerais .............................................................................................................................. 57

3.2. Ressurgência .................................................................................................................................................. 59

3.3. Circulação .......................................................................................................................................................... 60

CAPÍTULO 4 – BASES DE DADOS UTILIZADAS ................................................................... 65

4.1. Imagens Cor do oceano ......................................................................................................................... 66

4.2. Temperatura da Superfície do Mar (TSM) ............................................................................. 70

4.3. Ventos..................................................................................................................................................................... 71

CAPÍTULO 5 – PROCEDIMENTOS EMPREGADOS ............................................................. 73

5.1. Leitura dos Dados ....................................................................................................................................... 75

5.2. Delimitação do Atlântico Tropical ................................................................................................... 77

5.3. Padronização dos Dados de Ventos ........................................................................................... 77

5.4. Estimativa do Bombeamento de Ekman ................................................................................ 79

5.5. Análise dos Dados ...................................................................................................................................... 86

CAPÍTULO 6 – RESULTADOS

6.1. Avaliação sobre as Bases de Dados.

6.1.1. Imagens da Cor do Oceano ................................................................................................ 89

6.1.2. Temperatura da Superfície do Mar ............................................................................... 96

6.1.3. Ventos .................................................................................................................................................... 98

6.2. Análise sobre as Aproximações Empregadas para Estimar o Bombeamento de Ekman .....................................................................................................................

101

6.3. Variabilidade das Forçantes Físicas Locais

6.3.1. O Ciclo Sazonal.............................................................................................................................. 105

6.3.2. O Período 1978-1986 ............................................................................................................... 122

6.3.3. Cor do Oceano: Variabilidade da Concentração de Pigmentos .......... 122

6.4. Correlação entre as Variáveis Físicas Locais e a Concentração de Pigmentos ......................................................................................................................................................... 128

CAPÍTULO 7 – DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 135

7.1. O Atlântico Tropical Leste ..................................................................................................................... 136

CAPÍTULO 8 - CONCLUSÕES .................................................................................................................. 143

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................ 145

APÊNDICE A - Rotinas utilizadas para leitura dos dados e derivar as

variáveis físicas: cisalhamento e bombeamento de Ekman .............................. 161

APÊNDICE B – Gráficos: TSM, cisalhamento e seus respectivos

componentes e bombeamento de Ekman por região 1978-1986 ...............

167

APÊNDICE C – Tabela: Média da Concentração de Pigmentos por região,

desvio padrão e número de observações............................................................................

173

APÊNDICE D – Média mensal 1979/1980 ........................................................................................ 175

LISTA DE FIGURAS

Pág.

2.1 Transmissão da luz visível na água do mar................................................................. 32

2.2 Perfis verticais: fotossíntese e respiração..................................................................... 33

2.3 Ciclo anual da biomassa fitoplanctônica em diferentes regiões geográficas para o hemisfério norte ..................................................................................

35

2.4 Curva de absorção para água pura..................................................................................... 41

2.5 Curva de absorção de substâncias amarelas ........................................................... 42

2.6 Diagrama esquemático: sensoriamento remoto da cor do oceano ........ 45

2.7 Satélite NIMBUS-7, sensor CZCS e esquema de imageamento............... 47

2.8 Absorção dos principais componentes opticamente ativos da água

em relação as bandas do sensor CZCS ........................................................................

48

2.9 Distribuição temporal das imagens CZCS..................................................................... 50

2.10 Satélite SeaStar e sensor SeaWiFS ................................................................................. 52

2.11 Absorção dos principais componentes opticamente ativos da água

em relação as bandas do sensor SeaWiFs..................................................................

52

3.1 Relação entre direção do vento, correntes superficiais e transporte de Ekman nas latitudes tropicais ...................... ...................................................................

57

3.2 Seção esquemática leste-oeste no oceano equatorial ...................................... 59

3.3 Diagrama esquemático da circulação de superfície (0-100 m) no

Atlântico Tropical ................................................................................................................................

61

3.4 Diagrama esquemático da circulação de subsuperfície (100-500 m)

no Atlântico Tropical ........................................................................................................................ 62

4.1 Diagrama: sistema de processamento dos dados CZCS ............................... 67

4.2 Representação esquemática de um arquivo HDF/modelo RIS8 .............. 69

5.1 Diagrama Esquemático: Procedimentos Empregados ...................................... 74

6.1 Comparação entre imagens CZCS e dados in situ .............................................. 90

6.2 Disponibilidade de dados CZCS no Atlântico Tropical para o período

de novembro de 1978 a junho de 1986 .........................................................................

92

6.3 Disponibilidade de dados CZCS no Atlântico Tropical por ano ................. 93

6.4 Disponibilidade de dados CZCS no Atlântico Tropical por mês ................ 94

6.5 Comparação entre as bases de TSM COADS e GOSTA, ao longo do

transecto equatorial ......................................................................................................................... 97

6.6 Diagramas de dispersão entre as bases GOSTA e COADS para o parâmetro TSM, por transecto................................................................................................. 98

6.7 Localização dos transectos: comparação dos dados COADS e

ECMWF ......................................................................................................................................................

99

6.8 Correlação entre as bases COADS e ECMWF para o parâmetro intensidade do cisalhamento, por transecto ............................................................... 100

6.9 Cisalhamento do vento no transecto equatorial: COADS e

ECMWF.......................................................................................................................................................

101

6.10 Estimativa de we pelo procedimento de Hsieh e Boer (1992) referente ao mês de junho de 1979 para diferentes valores do coeficiente de amortecimento ................................................................................................. 103

6.11 Estimativa de we por uma única equação em função do coeficiente

de amortecimento. Junho de 1979 ..................................................................................... 104

6.12 Localização das áreas analisadas ...................................................................................... 105

6.13 Climatologia TSM média entre 10oN-10oS ................................................................... 106

6.14 TSM – Média Mensal Climatológica ................................................................................ 107

6.15 Ciclo sazonal da TSM, média por região ...................................................................... 108

6.16 Cisalhamento do Vento – Média Mensal Climatológica .................................. 110

6.17 Desvio padrão para o período 1978-1986: cisalhamento;

componente zonal e meridional ............................................................................................ 112

6.18 Ciclo sazonal do cisalhamento do vento, média por regiões ....................... 113

6.19 Componente Zonal do Cisalhamento – Média Mensal Climatológica... 115

6.20 Componente Meridional do Cisalhamento – Média Mensal

Climatológica .........................................................................................................................................

116

6.21 Ciclo sazonal da componente meridional do vento, por regiões............... 117

6.22 Ciclo sazonal da componente zonal do vento, por regiões ........................... 118

6.23 Bombeamento de Ekman – Média Mensal Climatológica .............................. 120

6.24 Ciclo sazonal do bombeamento de Ekman ................................................................. 121

6.25 Imagens CZCS nível 3 – Média Mensal ......................................................................... 123

6.26 Variabilidade temporal da concentração de pigmentos entre

novembro de 1978 e novembro de 1980, média por regiões .................... 126

6.27 Média anual da concentração de pigmentos e bombeamento de Ekman .........................................................................................................................................................

129

6.28 Coeficiente de correlação em cada ponto de grade ........................................... 130

6.29 Diagramas de dispersão entre a concentração de pigmentos e as

variáveis físicas locais no ATL ............................................................................................... 131

6.30 Ciclo sazonal da concentração de pigmentos e do bombeamento de Ekman para uma subárea do ATL ......................................................................................

133

7.1 Modelo conceitual proposto por Monger et al. (1997) para explicar a

variabilidade da concentração de pigmentos no ATL ........................................

140

7.2 Ciclo sazonal da profundidade da nitraclina ............................................................... 142

LISTA DE TABELAS

Pág.

2.1 Principais grupos fitoplanctônicos, pigmentos característicos e comprimentos de onda de absorção..................................................................................

43

2.2 Principais características do sensor CZCS e do satélite

NIMBUS7................................................................................................................................................... 49

2.3 Informações sobre produtos CZCS..................................................................................... 50

2.4 Principais características do satélite SeaStar e do sensor

SeaWiFS..................................................................................................................................................... 54

5.1 Características das bases de dados: ATROP .......................................................... 78

6.1 Correlação entre as bases GOSTA e COADS ......................................................... 97

6.2 Correlação entre a concentração de pigmentos e as variáveis físicas

locais por região...................................................................................................................................

131

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ADEOS - Advanced Earth Observing Satellite

ATL - Atlântico Tropical Leste

ATO - Atlântico Tropical Oeste

ATROP - Atlântico Tropical

CA - Corrente de Angola

CB - Corrente do Brasil

CC - Corrente do Caribe

CCNE – Contra-corrente Norte Equatorial

CCSE - Contra-corrente Sul Equatorial

CDC - Climate Diagnostic Center

CESS - Corrente Equatorial Subsuperficial

CG - Corrente da Guiné

CGCSS - Corrente do Gabão-Congo Subsuperficial

CGGSS - Corrente das Guianas Subsuperficial

CIPREA - Circulation et Production a l’equateur dans l’Atlantic

CNBSS - Corrente Norte do Brasil Subsuperficial

CNE – Corrente Norte Equatorial

CNESS - Corrente Norte Equatorial Subsuperficial

COADS - Comprehensive Ocean Atmosphere Data Set

COI - Comissão Oceanográfica Intergovernamental

CSE – Corrente Sul Equatorial

CSEC - Corrente Sul Equatorial Ramo Central

CSEE - Corrente Sul Equatorial Ramo Equatorial

CSEN - Corrente Sul Equatorial Ramo Norte

CSES - Corrente Sul Equatorial Ramo Sul

CSESS - Corrente Sul Equatorial Subsuperficial

CZCS - Coastal Zone Color Scanner

DA - Domo de Angola

DG - Domo da Guiné

ECMWF - European Centre for Medium Range Weather Forecasts

EMV - Estimador de Máxima Verossimilhança

EOS - Earth Observing System

FAB - Frente Angola-Benguela

FOV - Field-of-View

FTP - File Transfer Protocol

GA - Giro de Angola

GAC - Global Area Coverage

GG - Golfo da Guiné

GOSTA - Global Ocean Surface Temperature Atlas

GRIB - Gridded Binary

GSFC - Goddard Space Flight Center

HDF - Hierarquical Data Format

HN - Hemisfério Norte

HNLC - High Nutrient-LOw Chlorophyll

HS - Hemisfério Sul

ICITA - International Cooperative Investigation of the Tropical Atlantic

IDL - Interactive Data Language

IFOV - Instantaneous Field-of-View

LAC - Local Area Coverage

MIT - Massachusetts Institute of Technology

MOD - Matéria Orgânica Dissolvida

NASA - NAtional Aeronautic and Space Administration

NASDA - National Space Agengy of Japan

NC - Nível de Cinza

NCAR - National Center for Atmospheric Research

NCDC - National Climatic Data Center

NCSA - National Center for Supercomputing Applications

NE – Nordeste

NEA - Nordeste da América do Sul

NetCDF - Network Common Data Format

NOA - Noroeste da África

NOAA - National Oceanographic and Atmospheric Administration

NOB - Número de Observações

OCTS - Ocean Color and Temperature Scanner

PACS - Pan-American Climate Studies

PIRATA - Pilot Research Moored Array in the Tropical Atlantic

PMC - Profundidade de Máxima Concentração de Pigmentos

PMEL - Pacific Marine Environmental Laborator

PMP - Profundidade de Máxima Produtividade Primária

PODAAC - Physical Oceanography Distributed Active Archive Center

REM - Radiação Eletromagnética

RSMAS - Rosentiel School of Marine and Atmospheric Science

SE – Sudeste

SeaWiFs - Sea-Viewing Wide Field-of-view Sensor

SEQUAL/FOCAl - Seasonal Equatorial Atlantic Experiment/Français Océan-Climat en

Atlantique Equatorial

TMAP - Thermal Modeling and Analysis Project

TSM - Temperatura da Superfície do Mar

ZCIT – Zona de Convergência Intertropical

25

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Com o crescente interesse em conhecer os mecanismos que controlam as mudanças

climáticas globais, várias pesquisas têm sido conduzidas para determinar o papel

exercido pelos oceanos na dinâmica do clima. Uma das principais linhas de pesquisa

é estimar a produtividade primária marinha e o seu papel no ciclo global do carbono,

visto que os oceanos são responsáveis por mais da metade da fixação de matéria

orgânica do planeta e o gás carbônico (CO2) é o principal determinante do chamado

efeito estufa.

No meio marinho, a produção primária, isto é, a fixação de carbono inorgânico através

da fotossíntese, é dominada pelo fitoplâncton, que contribui com aproximadamente

95% da produtividade total (Kennish, 1990). O fitoplâncton pode ser definido como o

conjunto de vegetais, flutuantes, habitantes das zonas fóticas e espacialmente

distribuídos na forma de agregados (Gower et al., 1980). Como são produtores

primários, ocupam a base da cadeia alimentar dos oceanos e regulam a produtividade

biológica marinha. Conhecer sua distribuição e dinâmica é essencial para determinar e

conhecer os ciclos biogeoquímicos globais (Longhurst e Harrison, 1989; Longhurst,

1991; Mitchell, 1994). E, assim, no futuro poder responder a principal indagação dos

dias atuais: a biosfera marinha, especialmente o fitoplâncton, mitiga ou contribui para

o aumento dos gases de origem antropogênica que contribuem para o efeito estufa ?

(GSFC, 1999).

Um dos avanços mais marcante nesta linha de pesquisa foi o advento de sensores

remotos especialmente desenvolvidos para monitorar a cor do oceano no final da

década de 70. Através das imagens coletadas por aquele tipo de sensor é possível

inferir a concentração de pigmentos (clorofila a + feopigmentos), que é um indicador

de biomassa, e indiretamente derivar a produtividade primária marinha. Esta técnica

apresenta basicamente duas vantagens sobre a coleta de dados tradicional (in situ):

seu caracter sinóptico, pois cada imagem pode cobrir instantaneamente uma área de

centenas de quilômetros e sua repetitividade que permite a formação de séries

temporais. Apesar destas vantagens tal técnica não substitui a amostragem in situ já

que não é possível obter perfis na coluna d’água nem informações abaixo da camada

superficial, e, sabe-se que no oceano muitas vezes a produção primária máxima

ocorre em maiores profundidades (McClain et al., 1993). O capitulo 2 apresenta os

26

fundamentos desta forma de coleta de dados, suas limitações, os principais sensores

e as perspectivas futuras.

A primeira missão de sensoriamento remoto da cor do oceano foi a do sensor Coastal

Zone Color Scanner (CZCS), colocado em órbita pela agência espacial americana,

National Aeronautic and Space Admnistration (NASA), em novembro de 1978. O

CZCS funcionou durante oito anos coletando neste período cerca de 68 mil imagens

sobre os oceanos. Os estudos derivados destas imagens foram os primeiros a

demonstrar em escala global a variabilidade espaço-temporal da biomassa

fitoplânctonica (McClain et al., 1993).

Uma das principais constatações obtidas a partir das imagens CZCS é que oceanos

tropicais não são imensas áreas desérticas, isto é, de baixa produção primária, como

anteriormente acreditava-se. Não sendo grandes “desertos”, seu impacto sobre o ciclo

global do carbono e, consequentemente, sobre as mudanças climáticas globais, é

maior do que podia-se avaliar (Longhurst, 1993; Monger et al., 1997). Por exemplo,

Platt et al. (1991) utilizando modelagem matemática, dados in situ e imagens do CZCS

concluíram que a produção primária no Atlântico tropical é superior a toda área de

florações (“blooms” ) das regiões temperada e subártica do Atlântico Norte, sendo

assim a área mais produtiva do Atlântico.

Como conseqüências àquelas observações, novas questões a respeito da dinâmica

fitoplanctônica nos oceanos tropicais tem sido levantadas. A principal, talvez, seja: o

que induz e mantém a alta produtividade destes oceanos? Segundo Yoder et al.

(1993), os modelos clássicos propostos para explicar a variabilidade temporal da

produtividade não são adequados para as regiões tropicais, pois os fatores que

controlam o crescimento e o desenvolvimento do fitoplâncton variam com a latitude e

com as condições oceanográficas.

De todos os oceanos tropicais, sem sombra de dúvida, o mais estudado, neste

aspecto, é o Pacífico, com menor atenção sendo devotada ao Atlântico e ao Índico.

Porém, os recentes conhecimentos obtidos nos estudos no Pacífico tem levado a um

aumento de interesse sobre a dinâmica do fitoplâncton no Atlântico. Principalmente,

pela observação que a concentração de clorofila (biomassa) nesta região é igual ao

dobro da observada no Pacífico e quatro vezes maior que a do Indico (Chavez e

Smith, 1996).

27

Várias são as hipóteses para explicar tamanha diferença de biomassa entre os

oceanos tropicais. No caso do Pacífico, a mais aceita é que haja limitação do

crescimento do fitoplâncton por metais traços, especialmente o ferro, que faz com que

a região seja definida como High Nutrient-Low Chlorophyll (HNLC) - Alta concentração

de nutrientes e Baixa concentração de clorofila (Cullen, 1991; Frost, 1991).

No Atlântico tropical, considera-se que o principal fator controlador da produtividade

seja a concentração de nutrientes (Voituriez e Herbland, 1979; Monger et al., 1997),

que, por outro lado, é controlada pelos processos físicos responsáveis pelo transporte

destes nutrientes da subsuperfície à camada superficial. Segundo Monger et al.

(1997), com os avanços no conhecimento da dinâmica desta região é agora possível

estudar as interações físicas e biológicas de forma mais detalhada que anteriormente.

É esta, a linha que conduz o presente estudo.

1.1. O QUE CONTROLA AS FLORAÇÕES FITOPLÂNCTONICAS NO ATLÂNTICO

TROPICAL ?

De forma simplificada, há quatros fatores principais que controlam o desenvolvimento

do fitoplâncton: irradiância solar incidente, suprimento de nutrientes, estratificação da

coluna d’água e pastagem pelo zooplâncton herbívoro (Sverdrup et al., 1942;

Raymont, 1976, Kennish, 1990; Yoder et al., 1993).

É óbvio que tais processos não são independentes uns dos outros, mas para

simplificar o problema é necessário que os consideremos separadamente. Aqui, será

examinado apenas a relação entre as forçantes físicas, que controlam principalmente

o suprimento de nutrientes e a estratificação da coluna d’água, e as florações do

fitoplâncton.

Entretanto, algumas considerações sobre a influência dos demais fatores no Atlântico

Tropical podem ser traçadas. De todos, o mais difícil de quantificar é o efeito da

pastagem pelo zooplâncton herbívoro. Como demonstrado por Cullen (1991) e Frost

(1991) há uma grande dificuldade metodológica envolvida neste caso. Mas, sua

importância no controle das florações no Atlântico Tropical não pode ser descartada.

Principalmente no Atlântico Tropical Leste já que segundo Herbland et al. (1985) e

Monger et al. (1997), a comunidade fitoplanctônica nesta região é dominada por

pequenas células cujo desenvolvimento é fortemente controlado por pastagem de

28

zooplâncton protista. Quanto à irradiância solar incidente, estando a região estudada

localizada na faixa tropical do globo, é provável que tal fator não seja o principal

limitante ao desenvolvimento do fitoplâncton, como o é nas regiões subtropical e

temperada.

PROCESSOS FÍSICOS E NUTRIENTES

Nas décadas de 70 e 80, dois processos físicos foram propostos para explicar o

enriquecimento de nutrientes no Atlântico Tropical. Voituriez e Herbland (1979)

propuseram que o principal processo seria a mistura turbulenta entre a corrente sul

equatorial (CSE) (atualmente conhecida como ramo da norte da CSE) e a corrente sul

equatorial subsuperficial (CESS). Minas et al. (1983) e Herbland et al. (1983)

propuseram que a ressurgência resultante da divergência equatorial seria o principal

mecanismo. Na década de 90, Longurst (1993) observou que tais processos não eram

suficientes para explicar a extensão e a variabilidade temporal da biomassa, e propôs

que a dinâmica da termoclina e os ventos locais seriam os principais controladores do

suprimento de nutrientes. Monger et al. (1997), partindo dos estudos anteriores

propuseram um modelo mais completo que inclui a dinâmica relativa entre nitraclina e

a CESS e, a propagação de ondas equatoriais.

Um parênteses deve ser feito antes de qualquer conclusão sobre a importância de

cada um dos processos físicos mencionados anteriormente.

Os dados sobre biomassa e/ou produtividade no Atlântico Tropical são conflitantes

entre si, principalmente com relação à ausência ou presença do ciclo sazonal. Tal

assunto vem sendo discutido desde as primeiras medições realizadas na década de

50. Tanto que, em 1963, a Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI)

organizou o programa International Cooperative Investigation of the Tropical Atlanctic

(ICITA/EQUALANT). Este programa teve como objetivo principal descrever as

características físicas, químicas, meteorológicas e biológicas de toda a bacia entre

20oN e 20oS, em duas estações. De modo a responder a principal indagação da

época: a produção orgânica no Atlântico Tropical é constante ao longo do ano? Ou

apresenta significantes variações sazonais? (Herbland et al., 1983).

Após o programa ICITA, outras campanhas foram realizadas durante as décadas de

70 e 80 (CIPREA -1978/1979; FGGE - 1979; SEQUAL/FOCAL -1983/1984; PIRAL -

29

1986, entre outras). Por apresentarem resultados discordantes, não foi possível

determinar de forma consistente se havia variabilidade temporal significativa na

produtividade ou biomassa (Longhurst, 1993).

Este parênteses para explicar a contradição que existe foi feito para se avaliar o

quanto é difícil determinar qual é o principal processo responsável pelo fluxo de

nutrientes pois, dependendo do conjunto de dados analisado, a inferência sobre tal

processo pode variar totalmente.

1.2. OBJETIVOS

Tendo em vista as considerações anteriores, este trabalho teve como objetivo principal

descrever a variabilidade da concentração de pigmentos (biomassa) no oceano

Atlântico Tropical a partir de imagens da cor do oceano e examinar o papel das

forçantes físicas locais ligadas ao suprimento de nutrientes.

As variáveis físicas estudadas foram: cisalhamento do vento e seus respectivos

componentes, temperatura da superfície do mar e bombeamento/sucção de Ekman.

Estas variáveis representam os principais processos físicos locais que controlam os

nutrientes na camada superficial.

Para tanto, combinaram-se várias bases de dados: obtidas por sensoriamento remoto,

no caso a do sensor CZCS, e derivadas de coletas in situ. Assim, o período estudado

vai de novembro de 1978 a junho de 1986, que eqüivale a vida útil daquele sensor.

1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Para facilitar sua compreensão, o presente documento foi organizado em capítulos: o

primeiro faz uma breve introdução sobre o problema estudado (presente capítulo); no

segundo apresenta-se uma revisão sobre alguns aspectos do sensoriamento remoto

da cor do oceano: principais missões, limitações atuais e perspectivas futuras; o

terceiro trata da dinâmica física e da circulação superficial do Atlântico Tropical; o

quarto e o quinto capítulos descrevem, respectivamente, as características das bases

de dados utilizadas e a metodologia empregada na realização do trabalho; no sexto,

os resultados obtidos são analisados; no sétimo, é apresentada uma breve discussão

sobre a indução e a manutenção dos florações fitoplanctônicas no Atlântico Tropical

30

com base nos resultados obtidos e na literatura, já que aqui analisou-se apenas as

forçantes físicas locais; o oitavo capítulo apresenta as conclusões e recomendações

derivadas do presente estudo.

31

CAPÍTULO 2

PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA MARINHA E SENSORIAMENTO REMOTO DA COR DO OCEANO: UMA REVISÂO

2.1. FITOPLÂNCTON, PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA E FATORES FÍSICOS

No meio marinho, a produção primária, conversão de carbono inorgânico em matéria

orgânica através da fotossíntese, é dominada pelo fitoplâncton, que contribui com

aproximadamente 95% da produtividade total. Se pensarmos que os oceanos cobrem

aproximadamente 72% da superfície terrestre, estes pequenos organismos

autotróficos tornam-se o mais importante grupo de produtores primários do planeta.

Como gerador de matéria orgânica, ocupam a base da cadeia alimentar dos oceanos,

desempenhando papel vital no fluxo de energia e nos ciclos biogeoquímicos de

elementos como o carbono, nitrogênio, fósforo, oxigênio e enxofre (Perry, 1986;

Kennish, 1990; McClain et al., 1993).

O fitoplâncton pode ser definido como o conjunto de microorganismos fotossintéticos,

habitante das zonas fóticas e distribuído espacialmente na forma de agregados, os

chamados “patches”. Não sendo dotado de mobilidade própria, sua locomoção na

massa d'água é reduzida, restrita à migração vertical de uns poucos metros por dia e,

determinada pelo sistema de correntes e regime de marés. Geralmente, os

organismos fitoplanctônicos são classificados com base no tamanho da célula em:

picoplâncton (<2 μm); ultraplâncton (2 a 5 μm de diâmetro); nanoplâncton (5 a 20 μm);

microfitoplâncton (20 a 200 μm) e macrofitoplâncton (> 200 μm), sendo que metade

das espécies pertence às classes ultraplâncton e nanoplâncton. Englobam uma

diversidade de grupos de algas dos quais os principais são: diatomáceas (família

Bacillariophyceae), dinoflagelados (família Dinophyceae), cocolitoforídeos (família

Prymnesiophyceae), silicoflagelados (família Chrysophyceae) e algas verdes-azuis

(família Cyanophyceae). A identificação destes grupos é feita com base em certas

características das células, como estruturas especializadas e composição de

pigmentos fotossintéticos (Kennish, 1990; Alfutis e Casey, 1998).

A fotossíntese é um processo pelo qual a partir de dióxido de carbono e água,

moléculas orgânicas de alta energia (carboidratos) são sintetizadas, sendo o oxigênio

liberado como produto final das reações. Apesar deste processo ser semelhante nos

32

ecossistemas terrestres e aquáticos, os fatores que controlam a produtividade,

quantidade de carbono orgânico fixado por unidade de área, ou volume, e por unidade

de tempo, diferem muito entre os dois meios. Sobre a produtividade primária marinha

atuam fatores mutuamente dependentes, dos quais os mais importantes são:

luminosidade, disponibilidade de nutrientes, pastagem pelo zooplâncton herbívoro

(grazing) e mecanismos físicos (ressurgência, convergência, divergência, turbulência,

entre outros) (Sverdrup et al., 1942; Raymont, 1976; Kiorboe, 1993).

A importância da luminosidade é óbvia, pois para que a reação fotossintética ocorra é

necessário uma certa quantidade de energia solar. Como a intensidade da luz visível

decaem exponencialmente com a profundidade (Figura 2.1), a fotossíntese não é

uniforme dentro da camada fótica, tendo um perfil vertical como o da figura 2.2. No

perfil, pode ser observado que a produção máxima não ocorre na superfície, mas num

ponto abaixo desta devido à fotoinibição. A fotoinibição deve-se ao excesso de energia

disponível e ao efeito destrutivo da radiação ultravioleta na superfície (Kirk,1986;

Neshyba,1987).

Fig. 2.1 – Transmissão da luz visível na água do mar. FONTE: Adaptada de MBLC (1999)

33

Ao contrário da fotossíntese, a respiração é um processo que depende principalmente

do metabolismo dos organismos e é responsável pelo consumo de cerca de 10% da

produtividade primária bruta. Ao se observar os perfis verticais de produção e

respiração pode-se identificar um ponto no qual a fotossíntese iguala-se à respiração.

Este ponto, denominado de profundidade ou ponto de compensação, é definido como

a profundidade na qual o carbono fixado em 24 horas (ou oxigênio produzido) pela

fotossíntese é igual ao carbono dissipado (ou oxigênio consumido) na respiração

durante o mesmo período. Acima deste ponto o fitoplâncton pode crescer e multiplicar-

se, abaixo tem que se manter com reservas acumuladas (Neshyba,1987). Outro ponto

importante que pode ser identificado no perfil fotossintese-respiração é a profundidade

crítica definida como a profundidade na qual a produtividade primária bruta na coluna

d’água é igual à respiração total na mesma coluna d’água (Kirk, 1986;Neshyba,1987).

Fig. 2.2 – Perfis verticais: fotossíntese e respiração. FONTE: Neshyba (1987, p.241-242)

A luminosidade, além de determinar a distribuição vertical do fitoplâncton na coluna

d'água, atua, também, no domínio temporal, pois a intensidade de luz não é constante

ao longo do ano, variando de acordo com as estações. Assim, a importância da luz

34

como fator limitante é função da região geográfica, de tal forma que diminui à medida

que desloca-se dos pólos para os trópicos (Raymont, 1976; Kennish, 1990).

Além da energia luminosa, o fitoplâncton, como as plantas terrestres, necessita de

nutrientes para crescer e manter seu sistema fisiológico. A maioria destes nutrientes

está presente em grandes quantidades na água do mar, mas os compostos

fosfatados, nitrogenados, silicatados e alguns metais traços como cobre, níquel e

ferro, existentes em pequenas concentrações na zona fótica, são os mais críticos,

limitando a produtividade na maioria das regiões do globo (Raymont, 1976; Kennish,

1990).

Geralmente, a relação entre os fatores luminosidade e disponibilidade de nutrientes é

tal que, em regiões tropicais, onde a energia luminosa é aproximadamente constante

ao longo do ano, os nutrientes são os principais controladores da produtividade. Nas

médias latitudes, a interação entre os dois fatores é responsável por um ciclo sazonal

bem marcado e, nas altas latitudes, a influência da luminosidade se sobrepõe à

disponibilidade de nutrientes (Figura 2.3) (Kennish, 1990).

35

Fig. 2.3 – Ciclo anual da biomassa fitoplanctônica em diferentes regiões geográficas para o hemisfério norte. FONTE: Yoder et al. (1993, p.182)

Sendo a disponibilidade de nutrientes um dos principais limitantes à produtividade, é

de vital importância conhecer as fontes destes compostos para a coluna d'água. Nas

áreas costeiras, o escoamento superficial e concentrado, a chamada descarga

terrestre, é a principal fonte. Mas, nas regiões oceânicas, o suprimento vem das águas

subsuperficiais, que representam um reservatório de nutrientes para a zona fótica. Tal

reservatório é conseqüência, basicamente, de dois fatos: à medida que a profundidade

aumenta, diminui a quantidade de organismos fitoplanctônicos e, consequentemente,

o consumo de nutrientes da coluna d’água, ao mesmo tempo em que há, pela

decomposição dos organismos, a regeneração dos nutrientes. Assim, pode-se dizer

que nas regiões oceânicas a produtividade está conectada aos processos físicos que

transportam os nutrientes à zona superficial. Do ponto de vista do suprimento de

nutrientes, os processos físicos mais importantes são a turbulência na camada de

36

mistura (mistura vertical) e a ressurgência (entrada de águas subsuperficiais na

camada de superfície). Tais processos são gerados por ondas, ventos, correntes ou

marés e variam com a região geográfica e com o tempo (Gargett, 1991).

O último dos fatores principais que controlam a produtividade primária marinha é a

pastagem (grazing), isto é, a alimentação pelo zooplâncton herbívoro dos organismos

fitoplanctônicos. Alguns estudos têm demonstrado que em áreas com concentração

relativamente alta de nutrientes e luminosidade adequada, a produtividade deve ser

controlada pela pastagem do zooplâncton. Em geral, é difícil estabelecer o grau de

influência deste fator, pois há uma grande dificuldade metodológica envolvida neste

tipo de pesquisa, seja em laboratório ou no campo (Cullen, 1991; Frost, 1991) .

Deve ser observado que, além dos fatores brevemente descritos, há ainda uma série

de outros, como temperatura, salinidade, pH, composição de espécies, que interferem

na fisiologia e reprodução dos organismos, e cuja influência varia de região para

região e ao longo do tempo. Isto demonstra que a distribuição espacial e temporal da

produtividade primária marinha depende da complexa interação de adaptação

fisiológica, reprodução, disponibilidade de luz e nutrientes, pastagem pelo zooplâncton

e mecanismos físicos, necessitando ainda hoje de grande número de estudos para

que se possa compreender o grau de controle de cada um dos fatores acima. E assim,

avaliar como a produtividade primária marinha participa do ciclo global do carbono e

das mudanças climáticas passadas e futuras.

37

2.2. COR DO OCEANO: UM BREVE HISTÓRICO

Nos últimos quarentas anos, uma das técnicas mais empregadas para estimar a

produtividade primária baseia-se no perfil vertical da concentração de clorofila-a, que é

um indicador de biomassa fitoplânctonica. Esta técnica tem a vantagem de ser simples

e de baixo custo quando comparada a outras técnicas, como os métodos do 14C e do

oxigênio; porém, não é a mais precisa, apesar da relação direta entre biomassa e

produtividade (Gower et al., 1980; Neshyba, 1987; Jeffrey et al., 1997).

Independentemente da técnica empregada, é difícil, com amostragem in situ,

monitorar a produtividade primária em escala global. Este fato tem várias origens, das

quais as mais relevantes são: esquema de amostragem ineficiente, já que se coletam

dados em estações oceanográficas discreta e falta de continuidade espacial e

temporal dos dados. Neste contexto, a utilização de imagens de satélite permite

observações e medidas em escalas inviáveis por amostragem tradicional (Prasad e

Haedrich, 1993). Apresenta basicamente duas vantagens: seu caráter sinóptico, pois

cada imagem cobre instantaneamente uma grande área, que pode chegar a centenas

de quilômetros; e a sua repetividade, isto é, permite obter séries temporais de dados

(Gower et al., 1980; Robinson, 1985; Elisenger e Iverson, 1986).

Apesar das vantagens, dados remotos não substituem amostragem in situ. Como será

abordado mais adiante, a técnica de sensoriamento remoto também traz implícito uma

série de limitações. A principal limitação é que por, intermédio das imagens, só é

possível inferir parâmetros na superfície, e não em um perfil na coluna d'água (Mueller

e LaViollete, 1981; Barale e Fay, 1986; Barale, 1991). Assim, é consenso que para

estimar a produtividade de forma acurada o ideal é integrar, através do

desenvolvimento de algoritmos, dados de coletas in situ e de satélites, aproveitando as

vantagens dos dois métodos (Smith e Wilson, 1981; Robinson, 1985; Morel e Berton,

1989).

Foram as observações pioneiras realizadas a partir da década de 60 que

demonstraram o potencial da utilização de sensores remotos no monitoramento dos

pigmentos fotossintéticos e impulsionaram a NASA a desenvolver tecnologia orbital

para monitorar a cor do oceano (Hovis, 1981; Stewart, 1985; Armstrong, 1994).

Em sensoriamento remoto, a cor do oceano é definida pelo espectro de energia

eletromagnética na faixa do visível (0,4 a 0,7 μm) proveniente do sol que atravessa a

38

atmosfera, interage com a camada superficial dos oceanos e retorna à atmosfera,

atravessando-a novamente, sendo captada então pelo sensor. Esta radiância que o

sensor capta traz informações sobre os componentes que influenciam as

características ópticas da água do mar, como por exemplo os pigmentos

fotossintéticos. E, através de processamento adequado das imagens é possível inferir

as concentrações daqueles componentes (Müeller e LaViolette, 1981; Robinson, 1985;

Barale, 1991; Mobley, 1994).

O primeiro sensor orbital especificamente desenvolvido com a finalidade de monitorar

a cor do oceano foi o CZCS, lançado em 1978, pela NASA a bordo do satélite

meteorológico NIMBUS-7. Em quase 8 anos de operação, o CZCS coletou,

aproximadamente, 68 mil imagens sobre os oceanos, que demonstram a viabilidade

de utilizar dados remotos no estudo da dinâmica do fitoplâncton (Hovis, 1981; Stewart,

1985; Armstrong, 1994; CZCS, 1997).

Apesar da importância das imagens de cor do oceano, somente em 1996 foi lançado o

segundo sensor com esta finalidade: Ocean Color and Temperature Scanner (OCTS),

colocado em órbita pela agência espacial japonesa, National Space Agency of Japan

(NASDA), em 17 de agosto de 1996, a bordo do satélite Advanced Earth Observing

Satellite (ADEOS). Devido a problemas no painel solar da espaçonave, o satélite

deixou de operar em 30 de junho de 1997, apenas sete meses após ter sido lançado

(Agência Espacial do Japão, 1999).

Em agosto de 1997, após quase uma década sem imagens da cor do oceano, a NASA

finalmente colocou em órbita o sucessor do CZCS: o sensor Sea-viewing Wide

Field-of-view Sensor (SeaWiFS). O SeaWiFS, ao contrário do CZCS, que foi

experimental, é um sensor operacional, e traz melhorias em relação ao primeiro, que

resultam em melhores estimativas da concentração de pigmentos, inclusive, clorofila-a

(Evans e Gordon, 1994; Ackein et al., 1995).

39

2.3. PRINCÍPIOS DA ESTIMATIVA DE BIOMASSA E PRODUTIVIDADE PELA COR DO OCEANO

O pressuposto da utilização de sensores remotos para monitorar a produtividade

primária é que a radiância emergente através da superfície do mar, resultado da

interação da energia eletromagnética (REM) com o corpo d’água, é função da

concentração dos pigmentos fotossintéticos (clorofila + feopigmentos). Entretanto,

como será abordado no próximo item, os pigmentos são apenas um dos componentes

que interagem com a REM dentro do corpo d’água.

De uma maneira geral, estimar a produtividade por dados remotos envolve duas

etapas distintas: primeiro, determinar a concentração de pigmentos a partir da

radiância coletada pelo sensor; como um indicador da biomassa fitoplanctônica e,

depois, a partir da biomassa calcular a produtividade por meio de algoritmos que

podem ser empíricos, semi-analíticos ou analíticos. Assim, pode-se dizer que o êxito

em determinar a produtividade está conectado à acurácia das estimativas da

concentração de pigmentos derivada das imagens da cor do oceano (Perry, 1986;

Morel e Berton, 1989).

O principal problema de estimar a concentração de pigmentos a partir de dados

remotos é que a radiância emergente na superfície do mar é pequena quando

comparada à parcela derivada dos efeitos atmosféricos, também coletada pelo sensor.

Neste caso, a atmosfera chega a contribuir com mais de 90% da radiância coletada

pelo sensor e, assim, antes de estimar qualquer parâmetro relacionado a cor do

oceano é necessário uma correção atmosférica acurada, isto é, retirar da radiância

coletada pelo sensor toda a parcela originada na atmosfera (Gordon e Clark, 1980;

André e Morel, 1991).

Após a remoção dos efeitos atmosféricos, a radiância resultante, que seria a que

emerge na superfície do mar, é utilizada em algoritmos para estimar a concentração

de pigmentos. Em geral, estes algoritmos tem como base análises de regressão entre

medidas remotas e in situ, modelos de classificação bio-ópticos, ou diversas

combinações entre os dois métodos (Gordon et al., 1983).

40

2.4. FATORES QUE INFLUÊNCIAM A COR DO OCEANO

Tradicionalmente, os componentes opticamente ativos da água, isto é, aqueles que

interagem com a radiação eletromagnética através de processos como absorção e

espalhamento, são classificados em três grandes categorias: matéria orgânica

dissolvida, partículas em suspensão e pigmentos fotossintéticos. Cada categoria afeta

em grau distinto as propriedades ópticas da água e, consequentemente, o sinal

captado pelos sensores. Além dos efeitos dos componentes, há, também, aquele

exercido pelas próprias moléculas de água (Mobley, 1994).

Nos próximos tópicos serão abordados, de forma geral, como cada um destes

componentes afeta individualmente as propriedades ópticas da água. Entretanto, deve

ser observado que as características ópticas de um corpo d’água é o resultado da

interação de todas as substâncias presentes na coluna d’água.

2.4.1. A ÁGUA E SEUS COMPONENTES

Água Pura

A água pura, isto é, sem a presença de compostos dissolvidos ou em suspensão,

apesar de parecer à primeira vista incolor, é, na realidade, um líquido azul. A cor

azulada deve-se à absorção seletiva da luz: fraca nas faixas do azul (0,4 a 0,5 μm) e

do verde (0,5 a 0,6 μm) e forte nos comprimentos de onda do vermelho (0,6 a 0,7 μm)

(Figura 2.4). Neste caso, os processos de absorção e espalhamento são controlados

apenas pela estrutura e arranjo das moléculas de água (Jerlov, 1968; Seibert,

1980;Kirk, 1986).

41

50

40

30

20

10

0

2

1,8

1,6

1,4

1.2

1

0,9

0,8

0,4

0,2

0

CO

EFIC

IEN

TE D

E AB

SO

ÃO

(por

met

ro)

Comprimento de onda (nm)

CO

EFIC

IEN

TE D

E AB

SOR

ÇÃO

(por

met

ro)

1000900800700600500400300

Fig. 2.4 – Curva de absorção para água pura. FONTE: Robinson (1985, p.158)

Matéria Orgânica Dissolvida (MOD)

A matéria orgânica dissolvida, também conhecida como substância amarela, húmica,

gelbstoff ou gilvin é o resultado da decomposição microbiana de organismos mortos e

produtos da excreção de organismos vivos (Kirk, 1986). A presença de matéria

orgânica afeta, principalmente, a absorção nos comprimentos de ondas curtos (Figura

2.5), podendo ser, em áreas costeiras, um dos principais atenuadores da radiação na

faixa do azul (Robinson, 1985).

42

COMPRIMENTO DE ONDA (nm)

Abs

orçã

o (m

)-1

400 7000

1

2

500 600

Fig. 2.5 – Curva de absorção de substâncias amarelas. FONTE: Robinson (1985, p. 160)

Partículas em Suspensão e Pigmentos Fotossintéticos

O material particulado é definido como a fração que fica retida quando se filtra uma

amostra de água em um filtro Milipore com diâmetro de 0,45. Normalmente, é o

principal determinante das propriedades de absorção e espalhamento de um corpo

d’água, sendo responsável, em grande parte, pela variabilidade espacial e temporal

daquelas propriedades. Em ambientes aquáticos, o material particulado pode ter duas

origens: física ou biológica (Seibert, 1980; Mobley, 1994).

O material particulado inorgânico (origem física) é constituído, geralmente, por areia

quartzosa fina, minerais de argila e óxidos metálicos. Afeta principalmente o

retroespalhamento e apresenta um espectro de absorção semelhante ao da matéria

orgânica (Seibert, 1980; Mobley, 1994).

Em relação às frações de origem biológica, de todas as partículas orgânicas a mais

importante do ponto de vista óptico é o fitoplâncton. O efeito do fitoplâncton sobre a

atenuação da luz se dá através do espalhamento e absorção. Os pigmentos

fotossintéticos, dos quais os mais conhecidos são as clorofilas a, b e c, absorvem luz

principalmente nas faixas do azul e vermelho como pode ser observado na tabela 2.1

43

(Yentsch, 1960). Além de seu papel como grande absorvedor, o fitoplâncton é,

também, um eficiente espalhador da radiação, especialmente via difração, visto que

seu tamanho é, geralmente, maior do que os comprimentos de onda da faixa do visível

(Seibert, 1980; Kirk, 1986; Robinson, 1985; Mobley, 1994).

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS GRUPOS FITOPLANCTÔNICOS, PIGMENTOS CARACTERÍSTICOS E COMPRIMENTOS DE ONDA DE ABSORÇÃO

Grupo Pigmento Faixas de

comprimento de onda (nm)

Diatomáceas Cocolitoforídeos

Clorofila a, c β-caroteno, ficoxantina, diatoxantina

400 – 560 640 – 700

Dinoflagelados Peridina, Clorofila a,c

400 – 440 640 – 700

Cianobactérias Clorofila a, β-caroteno, ficocianina

400 – 480 600 – 700

Adaptada de Jeffrey et al. (1997,p. 20-21)

Em resumo, pode-se dizer que os pigmentos fotossintéticos e a MOD são os

principais absorvedores da radiação sendo o material particulado inorgânico o principal

retroespalhador (Sturm, 1980).

Uma das formas de classificar corpos d’água em função de suas propriedades ópticas

é através dos modelos bio-ópticos, dos quais os mais importantes são os propostos

por Jerlov (1968) e por Morel e Prieur (1977) de acordo com Mobley (1994). O modelo

proposto por Jerlov define 8 tipos de águas marinhas: 1, 3, 5, 7 e 9 e I, II e III, que

representam, respectivamente, águas costeiras (algarismos arábicos) e oceânicas

(algarismos romanos) com graus de transmitância diferenciados. O modelo de Morel e

Prieur (1977) define apenas 2 tipos de água: “caso 1” e “caso 2”. Águas “caso 1” são

aquelas nas quais a concentração de pigmentos é bem maior que a concentração de

sedimentos inorgânicos ou MOD. Nestas águas a clorofila e outros pigmentos são os

principais atenuadores da luz. Águas “caso 2” são definidas como sendo todas as

demais, isto é, águas onde as partículas inorgânicas ou orgânicas dissolvidas

dominam o espectro de absorção, sendo a influência da concentração de pigmentos

44

de menor importância no coeficiente de absorção total. Assim, pode-se introduzir o

conceito de estado bio-óptico, que representa o efeito exercido pelos processos

biológicos nas propriedades físicas (ópticas) de corpos d´águas. Este conceito é

importante em sensoriamento remoto, pois é o estado bio-óptico que pode ser captado

pelos sensores (Smith e Baker, 1978).

2.4.2. A ATMOSFERA

Como mencionado anteriormente, a radiância emergente através da superfície do mar,

fração que contém informações sobre os componentes opticamente ativos, propaga-se

pela atmosfera antes de ser captada pelos sensores. A atmosfera atua de tal modo

sobre este fluxo de energia que somente uma pequena parcela da radiância captada

pelo sensor (Ls) é realmente proveniente da superfície, geralmente menor que 10 %

(Wang, 1999) (Figura 2.6).

Para se obter o fluxo emergente (trajetórias C e E na figura 2.6) e poder inferir a

concentração dos componentes é necessário remover a fração devido à atmosfera

(trajetórias A, B, D e F na mesma figura). Aqui, considera-se como fração devido à

atmosfera o fluxo de energia que chega ao sensor sem ter interagido com a camada

superficial dos oceanos, incluindo assim a parcela devido ao glitter solar (trajetória B).

Glitter solar é a reflexão especular direta dos raios solares na superfície do mar

(Barale, 1991). Geralmente, tal parcela é minimizada através da geometria de visada

do sensor (Kirk, 1986)

45

FONTE DE ENERGIAELETROMAGNÉTICA (L )

T

SATÉLITEA

A - B - Radiância devido à reflexão especular direta na superfície do mar ( );

C -

D - Radiância refletida pela atmosfera;

E - Radiância emergente na superfície do mar devido à absorção e espalhamento por outras substâncias presentes na água

F - Radiância espalhada pela atmosfera que alcança a superfície do mar e é refletida novamente, sem interagir com a camada superficial dos oceanos;

L - Energia solar;

L - Radiância captada pelo sensor: L = L + L , onde

L = Radiância devido à atmosfera (trajetórias a + b + d + f)

glitter solar

T

S S a t m w

a t m

Radiância espalhada pela atmosfera;

Radiância emergente na superfície do mar devido à absorção e espalhamento pelo fitoplâncton;

L = Radiância emergente na superfície do mar devido à interação com a camada superficial (trajetórias c +e)

w

Trajetórias:

camada superficial do oceano

Atmosfera

B

EF

FITOPLÂNCTON demais substâncias presentesna água

CD

Fig. 2.6 – Diagrama esquemático: sensoriamento remoto da cor do oceano. FONTE: Adaptada de Alfutis e Casey (1998)

A atenuação do fluxo de energia pela atmosfera deve-se aos processos de absorção e

espalhamento. Em sensoriamento remoto da cor do oceano, a atenuação deve-se,

principalmente, ao espalhamento, já que as bandas dos sensores não estão

localizadas em regiões de forte absorção por gases atmosféricos (Barale, 1991).

46

Os raios solares podem ser espalhados tanto pelas moléculas presentes na atmosfera

(gases) quanto pelos aerossóis. Os aerossóis são partículas pequenas, sólidas ou

líquidas, podendo ter origem continental ou marinha (Robinson, 1985).

O espalhamento pelas moléculas, também conhecido como espalhamento Rayleigh,

decresce rapidamente com o aumento do comprimento de onda, por um fator de

aproximadamente λ-4. O efeito do espalhamento por aerossóis também decresce com

o aumento do comprimento de onda, mas não tão rapidamente quanto o do

espalhamento Rayleigh (Robinson, 1985).

Assim, de forma geral, pode-se dizer que a magnitude do espalhamento é

inversamente proporcional ao comprimento de onda, isto é, comprimentos de onda

curtos são espalhados com maior intensidade do que comprimentos de ondas longos.

E, são justamente os comprimentos curtos, como o azul, que trazem as informações

sobre o fitoplâncton, já que esta é uma das regiões de absorção da clorofila. Além

disto, o espalhamento é dito um processo multiplicativo, ou seja, um fluxo espalhado

por uma partícula pode novamente ser espalhado por outra, fazendo com que a

modelagem matemática deste processo seja complexa (Robinson, 1985).

Em geral, a redução dos efeitos atmosféricos é feita utilizando medidas na região

espectral do vermelho, para o sensor CZCS, ou do infravermelho próximo, para o

SeaWiFS (Wang, 1999). Tal procedimento é viável porque a água absorve

praticamente toda a energia naquelas regiões do espectro, sendo possível assumir

que a radiância nestas faixas deve-se ao espalhamento atmosférico e não à interação

da REM com a camada superficial dos oceanos. No caso do CZCS, entretanto, a

suposição que a água absorve toda a energia na faixa do vermelho não é totalmente

válida, principalmente nas águas “caso 2” pois há agentes retroespalhadores

presentes na própria água, como os sedimentos em suspensão, que atuam na faixa do

vermelho (Barale, 1991).

47

2.5. PRINCIPAIS MISSÕES DA COR DO OCEANO: CZCS E SeaWiFS

MISSÃO CZCS

O principal objetivo da missão CZCS foi determinar se sensores remotos que

coletassem a radiância no visível poderiam ser utilizados para monitorar substâncias

dissolvidas ou em suspensão na água, como por exemplo os pigmentos fotossintéticos

(Gordon et al., 1983; CZCS, 1997).

O sensor CZCS foi lançado, em caráter experimental, a bordo do satélite

meteorológico NIMBUS-7 e esteve em operação entre novembro de 1978 e junho de

1986. Cada passagem do CZCS cobria uma área de, aproximadamente, 2 milhões de

quilômetros quadrados, com resolução espacial, tamanho do pixel no nadir, de 825

metros (IFOV de 0,0496°) (Figura 2.7).

Largura da faixa

imageada = 1566 Km

altitude = 955 km

trajetória do satélite

Resoluçãoespacial = 0,825 Km

IFOV = 0,0496o

FOV=78,68o

(c) ESQUEMA DE IMAGEAMENTO(b) SENSOR CZCS

(a) SATÉLITE NIMBUS-7

Fig. 2.7 - (a) Satélite NIMBUS-7, (b) sensor CZCS e (c) esquema de imageamento. FONTE: Adaptada de SeaWiFS (1999)

48

O CZCS era um radiômetro multiespectral de varredura mecânica que coletava dados

co-registrados e calibrados internamente em seis bandas: quatro no visível [443 - 453

nm (azul); 510 - 530 nm (verde); 540 - 560 nm (amarelo) e 660 - 680 nm (vermelho)],

uma no infravermelho próximo (700 - 800 nm) e uma no infravermelho termal (10,5 –

12,5 μm), que falhou ainda no primeiro ano da missão (Figura 2.8). Além deste

problema, em 1981 foi diagnosticada a degradação da sensibilidade radiométrica no

visível, principalmente na banda do azul, e que persistiu até o final das operações em

1986 (Feldman et al., 1989; Evans e Gordon, 1994).

Vapor dágua

Água

400 450 500 550 650

Comprimento de onda (nm)

0

banda 1 banda 2 banda 3 banda 4

Abso

rção

0,5

1

Irradiância extraterrestre média

Oxigênio

Fluorescência Clorofila

Substâncias Amarelas

Ficoeritrina

Diatomáceas

Clorofitas

600 700

Fig. 2.8 – Absorção dos principais componentes opticamente ativos da água em relação as bandas do sensor CZCS. FONTE: Adaptada de Hocker et al. (1992)

Tendo em vista que a radiância emergente dos oceanos sofre grande interferência da

energia retroespalhada na atmosfera e da reflexão solar (“glitter”), o sensor foi

projetado com: alta sensibilidade radiométrica; alta relação sinal/ruído; oscilação do

sistema óptico que podia variar de –20o a 20° em incrementos de 2o; e ganho variável,

de um a quatro, no amplificador. Tanto os valores de ganho quanto a oscilação do

sistema óptico eram ajustados de acordo com o ângulo de elevação solar na cena

imageada e sua configuração transmitida com as imagens (Hoovis et al., 1980; Gordon

49

e Morel, 1983; Gordon et al. 1983; Robinson, 1985). As principais características do

satélite e do sensor encontram-se descritas na tabela 2.2.

TABELA 2.2 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SENSOR CZCS E DO SATÉLITE NIMBUS-7

SATÉLITE NIMBUS-7 Data de Lançamento: 24 de outubro de 1978

Término: 2 de junho de 1986 Orbita: Circular, polar, síncrona com o sol

Altitude nominal: 955 Km Inclinação: 104,9°

Cruzamento com o equador: 12:00 h (ascendente ) Sensor CZCS (Coastal Zone Color Scanner)

Bandas λ (nm) Propriedades SR2 1 443 – 453 Absorção pela Clorofila 150 2 510 – 530 Correlação com a Clorofila 140 3 540 – 560 Substância amarela, Sedimentos 125 4 660 – 680 Absorção pela Clorofila 100 5 700 – 800 Identificação da linha de costa/nuvens 100 6 10,5 – 12,5 (μm) Temperatura da Superfície do Mar N/D3

Cobertura Global Repetição 6 dias (ou 83 órbitas)

Largura da Faixa Imageada 1566 Km (FOV =78,68o) Resolução Espacial 825 m (nadir) (IFOV=0,0495o) Digitalização 8 bits (256 NC) Oscilação do sistema óptico +/- 20o (em incrementos de 2o)

Adaptado de UNESCO (1986, p. 40) e Esaias et al. (1998, p.1253)

1 Unidade de Radiância = mW/(cm2.sr.μm) 2 Relação sinal/ruído 3 N/D = Não disponível

Atualmente, os dados CZCS encontram-se arquivados e disponíveis no Goddard

Space Flight Center Distributed Active Archive Center (Goddard DAAC) na URL

http://seawifs.gsfc.nasa.gov/SEAWIFS (Figura 2.9). Incluem 5 produtos: nível 1, nível

1a, nível 2 e nível 3 (Tabela 2.3).

50

ano

núm

ero

de im

agen

s

1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 198619780

500

1000

1500

Fig. 2.9 – Distribuição Temporal das Imagens CZCS. FONTE: SeaWiFS (1999)

TABELA 2.3 - INFORMAÇÕES SOBRE PRODUTOS CZCS

Nível Parâmetros Unidades Resolução 1 Radiância calibrada MW/(cm2.sr.μm) 1 km X 1 km

1a Radiância calibrada MW/(cm2.sr.μm) 4 km X 4 km

2

Concentração de pigmentos Coeficiente de atenuação difusa Radiância ascendente na superfície do

mar normalizada @ 443 nm Radiância ascendente na superfície do

mar normalizada @ 520 nm Radiância ascendente na superfície do

mar normalizada @ 550 nm Radiância do Aerossol @ 670 nm

mg/m3

----

mW/(cm2.s r.μm)

mW/(cm2.sr. μm)

mW/(cm2.sr. μm) mW/(cm2.sr. μm)

4 km X 4 km 4 km X 4 km

4 km X 4 km

4 km X 4 km

4 km X 4 km 4 km X 4 km

3 Os mesmos do nível 2 ~ 18,5 Km no

equador

Adaptada de CZCS (1997)

51

MISSÃO SeaWiFS

A missão SeaWiFS faz parte da “Missão ao Planeta Terra” (MPE), gerenciada pela

NASA, e foi concebida para examinar os fatores biogeoquímicos que afetam as

mudanças climáticas globais (McClain et al., 1995). Dentre os objetivos determinados

pelos coordenadores do programa SeaWiFS, os mais importantes, do ponto de vista

científico, são: determinar a distribuição, temporal e espacial, de florações

fitoplanctônicas e da produtividade primária marinha ao nível global; quantificar o

papel exercido pelos oceanos no ciclo global do carbono bem como em outros ciclos

biogeoquímicos, e identificar e quantificar as relações entre a física oceânica e a

distribuição espacial da produtividade (Hocker et al., 1992).

O satélite SEASTAR, lançado em primeiro de agosto de 1997 pelo veículo Pegasus,

carrega a bordo o sensor SeaWiFS, e foi colocado em uma órbita hélio-sincrona,

quase polar, descendente, com cruzamento equatorial, aproximadamente, ao meio dia

local (SeaWiFS, 1999).

O sensor SeaWiFS é composto de um scanner óptico e de um módulo eletrônico

(Figura 2.10). Possui oito bandas espectrais: seis no visível (402 - 422 nm; 433 - 453

nm; 480 – 500 nm; 500 – 520 nm; 545 - 565 nm; 660 - 680 nm) e duas no

infravermelho próximo (745 - 785 nm; 845 – 885 nm). Os seis primeiros canais foram

escolhidos por serem bandas de influência dos componentes opticamente ativos

d’água, e o quinto e o sexto, utilizado para a distinção terra/água e para a correção

atmosférica (Figura 2.11).

O SeaWiFS, ao contrário do CZCS, que foi experimental, é um sensor operacional e

traz melhorias em relação ao primeiro, como: maior resolução espectral (8 bandas) o

que possibilita uma correção atmosférica mais acurada e melhores estimativas da

concentração de pigmentos, principalmente nas áreas costeiras; maior resolução

radiométrica com 1024 níveis de cinza; maior relação sinal/ruído entre 442 e 667;

melhor calibração radiométrica, gerando estabilidade na sensibilidade do sensor,

condição necessária quando se lida com radiâncias tão baixas como a dos oceanos e

imageamento contínuo, o que resulta em maior número de imagens, possibilitando

52

melhor monitoramento das condições ambientais (Evans e Gordon, 1994; Ackein et

al., 1995; Esaias et al., 1998).

(a) (b)

Fig. 2.10 - (a) Satélite SEASTAR e (b) sensor SeaWiFS. FONTE: SeaWiFS (1999)

Vapor dágua

Água

400 450 500 550 650

Comprimento de onda (nm)

0

banda 1 banda 2 banda 3 banda 4 banda 5 banda 6

Abs

orçã

o

0,5

1

Irradiância extraterrestre média

Oxigênio

Fluorescência Clorofila

Substâncias Amarelas

Ficoeritrina

Diatomáceas

Clorofitas

600 700

Fig. 2.11 - Absorção dos principais componentes opticamente ativos da água em relação as bandas do sensor SeaWiFS. FONTE: Hocker et al. (1992)

53

Assim como o CZCS, para minimizar os problemas devido ao efeito do glitter solar, o

sistema óptico do sensor SeaWiFS pode ser posicionado em –20o, 0 e + 20° em

relação ao nadir (Hocker et al., 1992). Em condições normais, isto é, sem inclinação

do sistema óptico, a faixa imageada pelo sensor tem 2 801 Km de largura, cobrindo,

assim, uma área de aproximadamente 2 milhões de quilômetros quadrados em cada

cena. O sensor possui FOV de cerca de +/- 58,3°, o que, a uma altura nominal de 705

Km, determina uma resolução espacial de cerca de 1,1 Km (IFOV de 1,6 mrads).

As imagens SeaWiFS são digitalizadas em 10 bits (1024 níveis de cinza) e

transmitidas para as estações de recebimento terrestres numa taxa de 665 kbps-1, em

tempo real, ou gravadas a bordo quando o satélite está fora das áreas de cobertura

das estações. As características principais do satélite e do sensor encontram-se na

tabela 2.4.

Atualmente, as imagens SeaWiFS estão disponíveis em 3 níveis: nível 1, em modo de

cobertura local (LAC) ou de cobertura global (GAC); o nível 2, em resolução GAC ou

LAC, inclui os dados processados de: concentração de pigmentos e clorofila-a;

coeficiente de atenuação difusa em 490 nm; radiância normalizada emergente na

superfície do mar; radiância devido aos efeitos dos aerossóis atmosféricos; e o nível 3,

composto dos mesmos parâmetros do nível 2, mas dispostos em uma grade global,

com resolução de aproximadamente 9 Km, além das estatísticas associadas às

médias que podem variar de diária a anual (SeaWiFS, 1999).

54

TABELA 2.4 – CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO SATÉLITE SEASTAR E DO

SENSOR SeaWiFS

SATÉLITE SEASTAR Data de Lançamento: 1o de agosto de 1997

Orbita: Circular, polar, síncrona com o sol altitude nominal: 705 Km

Inclinação: 98, 217° Cruzamento com o equador: 12 :05 h (órbita descendente)

Carga Útil: Sensor SeaWiFS SeaWiFS (Sea-viewing Wide Field-of-view Sensor)

Bandas λ (nm) Radiância de Saturação 1

Radiância de Entrada1 SR2

1 402 – 422 13,63 9,10 499 2 433 – 453 13,25 8,41 674 3 480 – 500 10,50 6,56 667 4 500 – 520 9,08 5,64 640 5 545 – 565 7,44 4,57 596 6 660 – 680 4,20 2,46 442 7 745 – 785 3,00 1,61 455 8 845 – 885 2,13 1,09 467

Cobertura Global Repetição 2 dias

Largura da Faixa Imageada/FOV

2,801 Km / 58,3 ° (LAC) 1,502 Km/ 45,0 ° (GAC)

Resolução Espacial 1,13 Km (LAC) 4,5 Km (GAC)

Digitalização 10 bits (1024 NC) Oscilação do sistema

óptico + 20°, 0°, - 20°

Produtos Local Area Coverage (LAC) Global Area Coverage (GAC)

Adaptada de SeaWiFS (1999)

1 unidade = mW/(cm2.sr.μm) 2 Relação sinal/ruído

55

2.6. LIMITAÇÕES E PERPECTIVAS FUTURAS

Apesar do sensoriamento remoto da cor do oceano ser uma técnica totalmente

operacional, o que representa uma capacidade sem precedentes para analisar a

variabilidade espacial e temporal da biomassa fitoplanctônica na camada superficial

dos oceanos, ainda não é possível obter estimativas acuradas da produtividade

primária a partir destes dados. Behrenfeld et al. (1994) e Abbott et al. (1994) fazem

uma ampla discussão sobre os vários aspectos desta limitação. Segundo os autores,

os problemas vão desde a falta de definição dos termos envolvidos, como

produtividade, até a formulação dos modelos empregados. Os aspectos mais

relevantes de sua discussão foram:

O termo “produtividade primária” não tem uma definição única, varia em

função dos objetivos do estudo (fisiologia, biogeoquímica, ecologia etc.) e

com as escalas espacial e temporal;

A radiância emergente na superfície do mar na região do visível não é

determinada apenas pela clorofila-a. Há uma série de outros componentes

que a influenciam: outros pigmentos fotossintéticos, a água pura, a MOD e

partículas em suspensão. Além disto, há ainda a interferência da atmosfera

que contribui com mais de 90% da radiância coletada pelo sensor;

A biomassa, medida como concentração de clorofila-a refere-se à quantidade

de carbono fixado ou matéria orgânica produzida enquanto produtividade é

uma taxa de variação. Além disto, a biomassa não é o único determinante da

produtividade primária que varia de acordo com as espécies, com as

condições fisiológicas dos organismos e com os parâmetros ambientais.

As medidas de produtividade in situ, as chamadas “verdades do mar”, que

são utilizadas para validar e avaliar os algoritmos, não são calibradas,

variando em até 300% em função da técnica empregada;

Não há uma padronização dos algoritmos, que podem variar desde modelos

empíricos simples até modelos analíticos complexos. Como são sensíveis à

56

parametrização, para um mesmo conjunto de dados os vários modelos dão

resultados totalmente diferentes.

Atualmente, com o lançamento do SeaWiFS, vários dos problemas anteriormente

citados vem sendo minimizados, como definição dos termos, das técnicas de coleta,

das medidas que são utilizadas como “verdades do mar”, melhor correção atmosférica

e desenvolvimento de algoritmos globais (SeaWiFS, 1999). Espera-se que, com o

avanço das pesquisas, dentro em breve seja possível estimar com acurácia a

produtividade primária marinha, fator indispensável aos estudos sobre mudanças

climáticas.

57

CAPÍTULO 3

PROCESSOS FÍSICOS NO ATLÂNTICO TROPICAL

A dinâmica superficial dos oceanos tropicais, na escala sazonal, é regida,

principalmente, pelo forçamento devido ao cisalhamento dos ventos alíseos.

De modo geral, os oceanos tropicais apresentam um sistema de fortes correntes,

áreas de ressurgência e subsidência. A característica única de tais oceanos é o fato

que o parâmetro de Coriolis (2Ωsenθ, onde Ω é a velocidade angular de rotação da

Terra e θ é a latitude) é nulo no equador, resultando em uma resposta rápida e intensa

do oceano ao forçamento pelo vento (Vinogradov, 1981; Brown et al., 1989; Philander,

1990).

3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS

Na figura 3.1 encontra-se esquematizado o padrão geral da circulação de superfície

dos oceanos tropicais, a direção predominante dos ventos e o transporte médio das

águas superficiais, o chamado transporte de Ekman.

20 N

10 N

0

10 S

20 S

Correntes Transporte Ventos

correntenorte equatorial

contra-correntenorte equatorial

correntesul equatorial

convergência

divergência

divergênciaequatorial

- - - - - - -

- - - - - - -

Ventos Alíseos NE

Ventos Alíseos SE

- - - - - - -

contra-correntesul equatorial

Fig. 3.1 – Relação entre direção do vento, correntes superficiais e transporte de Ekman nas latitudes tropicais. FONTE: Brown et al. (1989, p. 123)

58

Os ventos alíseos sopram de nordeste (NE) no hemisfério norte e de sudeste (SE) no

hemisfério sul, sendo que os de sudeste atravessam o equador, em virtude da Zona

de Convergência Intertropical (ZCIT) se situar no hemisfério norte. A ZCIT caracteriza-

se por ventos fracos, os chamados “Doldrums”, nuvens convectivas e TSM elevada,

marcando o chamado equador termal (Cane, 1987; Brown et al.,1989).

O padrão de distribuição de ventos descrito anteriormente associado ao transporte de

Ekman (que é à direita do vento no hemisfério norte e à esquerda no hemisfério sul)

induz a divergência das águas superficiais ao longo da faixa equatorial e a

convergência próximo à latitude de 4o N. Esta zona de convergência em 4oN forma-se

pelo encontro das águas transportadas por influência dos alíseos de SE com as águas

da ZCIT (Brown et al., 1989).

Em conseqüência à divergência equatorial, as águas subsuperficiais alcançam a

superfície naquela região, caracterizando o evento de ressurgência. Nos oceanos

tropicais, a ressurgência é um dos processos físicos mais importantes, responsável

por grande parte do suprimento de nutrientes na camada superficial (Brown et al.,

1989).

Duas outras características importantes sobre os oceanos tropicais podem ser

observadas na figura 3.1. A primeira é que o sistema de correntes superficiais não é

simetricamente disposto em relação ao equador mas, na realidade, deslocado para

norte, pelo maior volume de terras naquele hemisfério. E, a segunda, é que há um

fluxo superficial contínuo de leste para oeste, que é compensado pelas contra-

correntes responsáveis pelo transporte de massa no sentido oposto (Brown et al.,

1989).

Em conseqüência ao fluxo contínuo para oeste, a camada de mistura naquele lado é

mais profunda que no lado leste da bacia (Figura 3.2). Tal fato tem importante

influência sobre as características químicas das águas que ressurgem no equador. No

lado leste, como a termoclina está mais próxima à superfície, as águas ressurgidas

tendem a ser mais ricas em nutrientes do que no oeste. Isto porque, no leste, as águas

ressurgidas originam-se abaixo da camada de mistura, ao passo que, no oeste, onde a

camada de mistura e a termoclina são mais profundas, parte da água ressurgida vem

da própria camada de mistura e, assim, pobre em nutrientes (Vinogradov, 1981; Mann

e Lazier, 1996).

59

camada de mistura

termoclina

Contra-correnteabaixo da influência

do vento

Fig. 3.2.- Seção esquemática leste-oeste no oceano equatorial. FONTE: Brown et al. (1989, p. 126)

3.2. RESSURGÊNCIA

As variações de intensidade da ressurgência são determinadas pela divergência dos

fluxos horizontais de água. Este aspecto da circulação tem uma relação direta com a

velocidade vertical média (we) medida na base da camada de mistura. Tal velocidade

é uma das variáveis mais importantes indicadora de ressurgência e, apesar de não ser

mensurável in situ é possível estimar localmente sua magnitude por formulações

simples. Estes processos locais (efeitos na área em que atuam diretamente) serão

estudados com maior detalhe nos próximos capítulos e constituem-se no chamado:

Bombeamento ou Sucção de Ekman - para o oceano longe de áreas costeiras

e do equador depende do rotacional do campo de cisalhamento do vento;

Divergência Costeira - depende do componente do cisalhamento paralelo à

costa;

Divergência Equatorial - depende do componente zonal do cisalhamento.

60

Na área tropical, além dos processos locais citados anteriormente, as variações de

intensidade da ressurgência são, também, determinadas pelos efeitos remotos ou

“não-locais”. Assim como os processos locais, os efeitos remotos são forçados pela

variabilidade espacial e temporal do cisalhamento dos ventos alíseos (Vinogradov,

1981; Brown et al., 1989; Mann e Lazier, 1996). Este é o caso do processo do tipo “El

Niño” que ocorre no Atlântico Tropical.

Neste processo, variações temporais do cisalhamento no lado oeste da bacia excitam

ondas de Kelvin equatoriais baroclínicas. Essas se propagam para leste, refletem na

costa do Golfo da Guiné como ondas de Rossby, e se superpõem em um padrão de

interferência que torna-se responsável por boa parte da variância dos parâmetros

oceanográficos da região. Esta interferência modifica o ciclo sazonal da profundidade

da termoclina e afeta, inclusive, o ciclo sazonal da ressurgência/subsidência devido

aos processos locais (Weisberg e Tang, 1987; Philander, 1990; Weisberg e Tang,

1990; Monger et al., 1997; Servain et al., 1998). Pelo fato do Atlântico, em oposição ao

Pacífico, ser um oceano estreito em relação aos comprimentos das ondas equatoriais,

estes padrões de interferência são importantes, não somente no leste, mas também

no oeste da bacia (Holvorcem e Vianna, 1992).

3.3. CIRCULAÇÃO

Nas figuras 3.3 e 3.4 encontram-se mapas das principais correntes no Atlântico

Tropical em superfície entre 0 e 100 metros, e em subsuperfície (100 e 500 metros).

61

20 S

20 N

10 S

0

10 N

70 W 50 W 30 W 10 E10 W200 m

200 m

CCNE

DG

R

R

R

R

CNE

CG

CSEN

CESS

CSEECSESS

CSEC

CCSE

CSES

CB

CNB

DA

GA

FAB

CA

CGCSS

(A)

20 S

20 N

10 S

0

10 N

70 W 50 W 30 W 10 E10 W

200 m

200 m

CCNE

DG

R

R

R

CNE

CG

CSENCESS

CSEC

CCSE

CSES

CB

CNB

GA

FAB

(B)

Fig. 3.3 – Diagramas esquemáticos mostrando a distribuição das principais correntes

na camada superficial (entre 0 e 100 m) no Atlântico Tropical: (a) situação típica de outono/HS (março, abril e maio). (b) situação típica de primavera/HS (setembro, outubro e novembro). FONTE: Stramma e Schott (1999, p. 289)

62

ABREVIATURAS FIGURA 3.3

CA - Corrente de Angola; CB - Corrente do Brasil; CCNE - Contra-corrente Norte Equatorial; CCSE - Contra-corrente Sul Equatorial; CESS - Corrente Equatorial Subsuperficial; CG - Corrente da Guiné; CGCSS - Corrente do Gabão-Congo Subsuperficial; CNB - Corrente Norte do Brasil; CNE - Corrente Norte Equatorial; CSEC - Corrente Sul Equatorial ramo central; CSEE - Corrente Sul Equatorial ramo equatorial; CSEN - Corrente Sul Equatorial ramo norte; CSES - Corrente Sul Equatorial ramo sul; CSESS - Corrente Sul Equatorial Subsuperficial; DA - Domo de Angola; DG - Domo da Guiné; FAB - Frente Angola-Benguela; GA - Giro da Guiné; R - Áreas de provável ressurgência.

20 S

20 N

10 S

0

10 N

70 W 50 W 30 W 10 E10 W

200 m

200 mDG

R

R

R

CNE

CSENCESS

CSEECSESS

CSES

CCSE

CB

GA

CNBSSCSEC

CGCSS

CNESS

CGGSS

Fig. 3.4 – Diagramas esquemáticos mostrando a distribuição das principais correntes

na camada subsuperficial (entre 100 e 500 m) no Atlântico Tropical. FONTE: Stramma e Schott (1999, p. 292)

ABREVIATURAS FIGURA 3.4

CB - Corrente do Brasil; CCSE - Contra-corrente Sul Equatorial; CESS - Corrente Equatorial Subsuperficial; CGCSS - Corrente do Gabão-Congo Subsuperficial; CGGSS - Corrente das Guianas Subsuperficial; CNBSS - Corrente Norte do Brasil Subssuperfical; CNE - Corrente Norte Equatorial; CNESS - Corrente Norte Equatorial Subsuperficial; CSEC - Corrente Sul Equatorial ramo central; CSEE - Corrente Sul Equatorial ramo equatorial; CSEN - Corrente Sul Equatorial ramo norte; CSES -

63

Corrente Sul Equatorial ramo sul; CSESS - Corrente Sul Equatorial Subsuperficial; DA - Domo de Angola; DG - Domo da Guiné; FAB - Frente Angola-Benguela; GA - Giro da Guiné; R - Áreas de provável ressurgência.

De forma simplificada, a circulação superficial do Atlântico Tropical é formada pelas

seguintes correntes (Richardson e Walsh, 1986; Pickard e Emery, 1995) :

Corrente norte equatorial (CNE), fluindo para oeste, a norte de 10o N, com

velocidade média de 10-15 cm/s;

Contra-corrente norte equatorial (CCNE), fluindo para leste entre 8o N e 3o N;

Corrente sul equatorial (CSE) fluindo para oeste a sul de 3oN.

Atualmente, a CSE por apresentar uma estrutura muito complexa é subdividida em 3

ramos distintos: um mais ao norte (corrente sul equatorial ramo norte - CSEN), um

central (corrente sul equatorial ramo central - CESC) e um ao sul (corrente sul

equatorial ramo sul - CSES) (Stramma e Schott, 1999). Tais ramos são separados,

respectivamente, pela corrente sul equatorial subsuperficial (CSESS) que flui entre 3o

S e 5o S e pela contra-corrente sul equatorial (CCSE) que flui para leste entre 7o S e 9o

S. Stramma (1991) já indicava isto claramente; ver também Silveira et al. (1994).

Próximo à costa do Brasil, a sul de 10o S, a CSES ramifica-se formando a corrente do

Brasil (CB) que flui para sul com velocidade média de 10-15 cm/s e a corrente norte do

Brasil (CNB) que cruza o equador e acelera, alcançando em 2o N a velocidade de 81

cm/s. Nesta localidade, 2o N, a CNB une-se à CSEN, fluindo próximo à costa na

direção norte (Richardson e Walsh, 1986; Stramma,1991). Devido à complexa

estrutura da CSE no lado oeste da bacia atlântica, a localização exata da origem da

CNB não é bem definida (Silveira et al., 1994).

Durante a segunda metade do ano, tipicamente de julho a setembro, a CNB divide-se

próximo a 8o N-50o W: uma parte continua para norte próximo à costa, primeiro como

corrente das Guianas (CGG) e depois como corrente do Caribe (CC); outra parte

inflete-se para fora da costa, alimentando a CCNE (Richardson e Walsh, 1986; Silveira

et al., 1994). Este processo é conhecido como a retroflexão da CNB. Segundo Johns

et al. (1990), a separação da CNB é um processo fortemente estratificado, isto é, a

camada superficial da CNB alimenta a CCNE; a camada da termoclina alimenta a

corrente equatorial subsuperficial (CESS); e camada sub-termoclina, que é

64

permanentemente retro-refletida entre 3o N e 5o N, alimenta a corrente norte equatorial

subsuperficial (CNESS).

A CESS, também conhecida como corrente de Lomnosov, em homenagem ao

primeiro navio que a observou, flui para leste, entre 50 e 300 metros de profundidade,

a uma velocidade média de cerca de 100-110 cm/s. Próximo ao continente africano,

alcança a superfície durante o evento de ressugência equatorial (Vinogradov, 1981;

Brown et al., 1989; Höll et al., 1999).

Esta estrutura complexa de correntes que ocorrem no Atlântico Tropical ainda é motivo

de debate quanto à sua gênese. Estudos teóricos têm sugerido o caráter inercial da

CESS, colocando-a como uma parte de uma célula tri-dimensional de circulação

(circulação zonal, meridional e vertical) unindo o trópico ao subtrópico (Pedlosky,

1996). Outras teorias incluem os efeitos forçados pelos fluxos de calor à superfície,

com subsidência das águas no subtrópico/oeste da bacia, devido ao aumento da

densidade causada pela evaporação, e ressurgência no equador e mais a leste,

devida à divergência de Ekman, causando uma célula meridional/vertical de circulação

(McCreary e Lu, 1994). Seus ingredientes incluem uma mesma massa de água mais

salina (37 psu), o transporte geostrófico de água da termoclina no sentido do equador,

o gradiente equatorial zonal de pressão que causa um elevação do seu núcleo no

sentido de leste, e um transporte de Ekman no sentido do Polo Sul.

No momento, para a quantificação e modelagem correta dos processos descritos

anteriormente, é necessário obter uma base de dados mais completa e adequada, o

que vem sendo realizado na parte de variáveis físicas pelo Projeto Pilot Research

Moored Array in the Tropical Atlantic (PIRATA). Este projeto, iniciado no final de 1997,

faz parte de um esforço multinacional, envolvendo o Brasil, a França e os Estados

Unidos para monitorar a variabilidade oceanográfica e meteorológica do Atlântico

Tropical (Servain et al.,1998).

65

CAPÍTULO 4

BASES DE DADOS UTILIZADAS

A primeira base de dados a ser adquirida para a realização do trabalho foram as

imagens da cor do oceano. Neste caso, optou-se por aquelas coletadas pelo sensor

CZCS que se encontram disponíveis na URL http://podaac.jpl.nasa.gov, em CD-ROM.

A opção pela base de dados CZCS deve-se, principalmente, a dois fatos. O primeiro e,

talvez, o mais importante, é que quando o presente trabalho teve início as imagens do

sensor SeaWiFs ainda estavam em fase de avaliação quanto a sua qualidade (volume

de dados, qualidade radiométrica, acurácia no procedimento de georreferenciamento

etc.), já que o sensor havia sido colocado em órbita há pouco tempo (McCLain et al.,

1998). O segundo, é que as imagens CZCS são mais adequadas aos objetivos do

estudo, pois já encontravam-se processadas e formavam uma série temporal.

De posse das imagens CZCS, buscou-se obter os dados de TSM e de ventos

“compatíveis” com as imagens. Aqui, o termo compatível refere-se a dados coletados

na mesma época, com a mesma resolução temporal e espacial. Esta compatibilidade

é necessária para permitir análises e comparações entre os dados.

A melhor resolução espacial disponível para os dados de TSM e ventos, equivalente

às imagens CZCS, foi de um grau. Para os dados de vento, a base adquirida foi a do

Comprehensive Ocean-Atmosphere Data Set (COADS). Quanto aos dados de TSM,

além do COADS havia outra base com característica semelhante: Global Ocean

Surface Temperature Atlas (GOSTAPlus). Ambas foram adquiridas para a realização

do trabalho. Os dados GOSTAPlus encontram-se disponíveis na URL

http://podaac.jpl.nasa.gov em CD-ROM e o COADS para “file transfer protocol” (FTP)

na URL:ftp://ftp.cdc.noaa.gov.

Após os dados terem sido adquiridos, a fase posterior consistiu em analisá-los. Nesta

fase, constatou-se que a base COADS, tanto de TSM quanto de ventos, no Atlântico

Tropical, apresentava extensas regiões sem dados. Tal fato prejudicava a

continuidade do trabalho, já que não se poderia estudar a variabilidade do campo de

ventos, peça chave para a compreensão da dinâmica dos oceanos tropicais. Para

minimizar o problema, uma nova base foi adquirida: a do European Centre for

Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF). Estes novos dados apresentam

66

resolução espacial mais degradada que os do COADS (2,5o versus 1o), mas tem a

vantagem de não apresentar “buracos”, isto é, regiões sem dados.

4.1. IMAGENS DA COR DO OCEANO

As imagens da cor do oceano adquiridas para o presente estudo são derivadas das

imagens coletadas pelo sensor CZCS no período entre 1978 e 1986, e disponíveis no

CD-ROM distribuído pelo Physical Oceanography Distributed Active Archive Center

(PODAAC/NASA). Tais imagens são o resultado do chamado “esforço de

processamento global” conduzido pelo Goddard Space Flight Center (GSFC/NASA)

em cooperação com o Rosenstiel School of Marine and Atmospheric Science

(RSMAS/Universidade de Miami).

Deve ficar claro aqui que as imagens adquiridas correspondem à concentração de

pigmentos, em mg/m3, pertencendo ao chamado nível 3. O nível 3 é composto por

imagens mensais do período compreendido entre novembro de 1978 e junho de 1986.

Estas imagens são dispostas em grades globais com resolução nominal de 18 km.

Segundo Feldman et al. (1989), os passos envolvidos no processamento para o nível

3 são (Figura 4.1):

Conversão dos números digitais para radiância, cujos procedimentos incluem

calibração e correção da degradação radiométrica do sensor;

Correção atmosférica através do algoritmo proposto por Gordon et al. (1988);

Estimativa da concentração de pigmentos através do algoritmo padrão da

NASA denominado “algoritmo de dois canais”. Por este algoritmo, a

concentração de pigmentos (clorofila-a + feopigmentos) é estimada como

proporcional à razão das bandas 1 e 3 (azul/verde) nas áreas com baixa

concentração de pigmentos, e nas regiões com alta concentração de

pigmentos, como proporcional à razão das bandas 2 e 3 (Madruga et al.,1997);

Georreferenciamento;

Geração de imagens média diária;

Formação de imagens globais através do mosaico das imagens diárias e

reamostragem do “pixel” para a resolução nominal de 18 Km;

67

Geração das imagens mensais através do cálculo da média aritmética das

imagens globais diárias. Tal procedimento é realizado somente para “pixels”

válidos. “Pixels” válidos são aqueles que foram aprovados no controle de

qualidade. O controle de qualidade das imagens foi um processo interativo e

realizado em todas as etapas do processamento. Para maior detalhe sobre os

critérios de qualidade adotados pelos coordenadores do programa CZCS

consulte Feldman et al. (1989).

Fig. 4.1- Diagrama: Sistema de processamento de dados CZCS. FONTE: Feldman et al. (1989, p.636)

No CD-ROM CZCS/PODAAC além das imagens mensais na resolução de 18 Km, que

correspondem ao padrão do nível 3, há dois outros produtos disponíveis: imagens com

resolução de 1o, que equivale a aproximadamente 108 Km, e imagens climatológicas

na resolução de 18 Km. A imagem com resolução de 1o nada mais é que uma

reamostragem da imagem 18 Km a cada 6 “pixels”. As imagens climatológicas são

médias mensais de todo o “período de vida” do CZCS, isto é, médias aritméticas de

todos os meses de janeiro, fevereiro e assim por diante.

DADOS BRUTOS

PROCESSAMENTO

CONTROLE DE QUALIDADE

INTERATIVO

RE-AMOSTRAGEM E MOSAICO

COMPOSIÇÃO GLOBAL

DIÁRIA

MENSAL

SAZONAL

ANUAL

DISTRIBUIÇÃO E ARQUIVO

Média

68

Deve ser observado que as imagens adquiridas, em um total de 196 (92 de médias

mensais em cada resolução (18 Km e 1o) e 12 de climatológicas na resolução de 18

Km), contém apenas dados válidos, ou seja, não interpolados. E, não há disponível, no

CD-ROM, as “estatísticas” associadas à geração destas imagens médias. Entenda-se

como “estatísticas” o número de observações e os desvios-padrões de cada medida.

Todas as imagens encontravam-se no formato Hierarquical Data Format (HDF).

O HDF, criado pelo National Center for Supercomputing Applications (NCSA), é um

formato dito científico, sendo escolhido como o formato padrão de todos os produtos

Earth Observing System (EOS).

O formato HDF permite que um mesmo arquivo contenha dados de vários tipos:

numéricos, simbólicos ou gráficos. Tem a vantagem de ser “transparente”, isto é,

independe da plataforma de acesso (micro-computadores e estações de trabalho), e,

ser auto-descritor, ou seja, o próprio arquivo HDF contém as informações sobre que

tipo de dados encontram-se armazenados (GOSTA, 1996).

Há vários modelos de dados HDF. As imagens CZCS encontram-se no modelo

denominado “8-bit raster image set” ou RIS8. Este modelo suporta três tipos de

objetos (dados): imagem de 8 bits (256 níveis de cinza); dados numéricos sobre a

dimensão da imagem (seus atributos) e uma paleta de cores (Figura 4.2). Cada

arquivo CZCS/HDF contem apenas uma imagem, cujas dimensões são: 2048 colunas

por 1024 linhas (para a resolução de 18 Km) e 360 colunas por 180 linhas (resolução

de 1o). Ambas dimensões eqüivalem, em coordenadas geográficas, à área delimitada

pelos paralelos 90o S e 90o N e pelos meridianos 0oE e 360oE (Feldman et al., 1989;

Tran et al., 1993).

69

Imagem 8 bits Níveis de Cinza Atributos Paleta de Cores

colunaslinhas

OBJETOS ARQUIVO HDF ( )MODELO RIS8

Hierarquical Data Format

OBRIGATÓRIO FACULTATIVO

Fig. 4.2 - Representação esquemática de um arquivo HDF/Modelo RIS8.

FONTE: Modificada de GOSTA (1996)

A imagem CZCS/HDF é uma grade bi-dimensional, equiretangular, formada por

elementos ou “pixels”, cujos valores de níveis de cinza (NC), no caso, variam de zero a

255. A relação entre NC e pigmentos é dada pela equação (Tran et al., 1993):

)4,1*012,0(10 −= NCpigC (mg/m3) (4.1)

onde,

Cpig é a concentração de pigmentos em mg/m3;

NC é o nível de cinza do pixel (0 a 255).

A relação expressa pela equação anterior é válida para NC variando de um a 245.

Para os demais, são válidas as seguintes relações:

Quando o nível de cinza é igual a zero, significa ausência de dados;

As faixas de 246 a 251 não são utilizadas;

As faixas de 253, 254 e 255 indicam, respectivamente, continentes, gelo e linha

de costa. Assim, o NC=1 representa a mínima concentração de pigmentos, que

equivale a 0,0409 mg/m3, e o NC=245 representa a máxima concentração que

equivale a 34,67 mg/m3.

70

4.2. TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR (TSM)

Como mencionado anteriormente, os dados de TSM pertencem a duas bases:

GOSTAPlus e COADS. Ambos são dados de médias mensais dispostos em grades

globais, com resolução espacial de 1o x 1o, e medidos em graus Celsius.

GOSTAPlus

É um Atlas de médias mensais de TSM, temperatura da superfície terrestre e

cobertura por gelo, desenvolvido a partir de dados in situ. É resultado do projeto

conjunto do UK Meteorological Office e do Department of Earth, Atmospheric and

Planetary Sciences/Massachusetts Institute of Technology (MIT) (GOSTA, 1998).

A versão do ATLAS que foi utilizada está disponível em CD-ROM desde 22 de abril de

1998. No cd, os dados GOSTA são agrupados em 4 seções: ATLAS-7, ATLAS-8,

GISST22 e LANDSST. Os dados TSM na resolução de 1o (há outras resoluções mais

degradadas), fazem parte da seção GISST22 e cobrem o período que vai de 1903 a

1994.

Cada arquivo TSM/GISST encontra-se no formato binário e contém dois anos de

dados mensais, isto é, 24 meses. De todos os arquivos disponíveis, só foram

utilizados aqueles correspondentes ao período das imagens CZCS, em um total de

cinco, a saber: GSST7778.raw, GSST7980.raw, GSST8182.raw, GSST8384.raw e

GSST8586.raw. Para a leitura destes arquivos há disponível no próprio cd uma rotina

escrita em linguagem C: raw2ascii.exe.

Assim como o CZCS/1o, cada dado mensal de TSM é disposto em uma grade global

de 180 linhas por 360 colunas, englobando a área delimitada pelos paralelos 90o S e

90o N e pelos meridianos 180o W a 180o E. Todos os valores na grade são inteiros.

Sobre os continentes e nas regiões cobertas por gelo, o valor na grade é constante e

assume, respectivamente, os seguintes valores: -32768 e -1000. Nas demais regiões,

os valores são armazenados como TSM multiplicada por 100.

COADS

71

Este é um projeto americano conduzido pela agência National Oceanographic and

Atmospheric Administration (NOAA) em cooperação com o National Center for

Atmospheric Research (NCAR). Foi iniciado em 1981, com o objetivo de compilar, em

uma mesma base, dados físicos coletados in situ, facilitando o acesso pela

comunidade científica. Para maiores detalhes sobre os procedimentos empregados

nesta tarefa consulte a URL http://www.cdc.noaa.gov/coads/news.html. Atualmente, os

dados COADS estão disponíveis em três organizações: no National Climatic Data

Center (NCDC), no Climate Diagnostics Center (CDC), ambos laboratórios da NOAA, e

no NCAR (COADS, 1998).

Os dados adquiridos para o presente trabalho fazem parte do sub-programa

Pan-American Climate Studies (PACS), versão realçada. A versão realçada inclui,

além de dados coletados por navios, aqueles adquiridos por outras plataformas in situ.

Deve ser salientado que tal versão não foi submetida a nenhum tratamento estatístico

e contém apenas dados que passaram no controle de qualidade designado pelos

coordenadores do projeto COADS.

O PACS/realçado é composto por médias mensais do período entre 1960 e 1995.

Cada média é disposta em uma grade global delimitada pelos paralelos 90oN e 90oS e

pelos meridianos 0oE e 360oE, com resolução espacial de 1o. Todas as grades

encontram-se em um mesmo arquivo no formato Network Common Data Format

(NetCDF). Da mesma forma que o HDF, o NetCDF é um formato científico,

auto-descritor e independente da plataforma.

4.3. VENTOS

Ao contrário dos dados de TSM, os dados de vento pertencem a duas bases com

características totalmente distintas: PACS/COADS e ECMWF. Enquanto o COADS é

uma base de médias mensais com resolução espacial de 1o, o ECMWF compõe-se de

médias de 10 dias com resolução espacial de 2,5º.

COADS

Como as características das grades de vento são semelhantes às descritas

anteriormente para a TSM, não serão novamente reportadas aqui.

72

Deve ficar claro que tais dados são de superfície e compreendem os seguintes

produtos: velocidade escalar (w), zonal (u) e meridional (v) e pseudo-cisalhamento

zonal e meridional. O pseudo-cisalhamento é resultado do produto da velocidade

escalar pelas componentes “u” e “v”. A unidade de velocidade é o m/s e do

pseudo-cisalhamento é o m2/s2 (COADS, 1999).

ECMWF

Os dados de vento do ECMWF fazem parte do Projeto de Re-análise (ERA), estando

disponível no CD-ROM Seasonal Simulations, distribuído por aquela instituição.

O Projeto ERA foi iniciado em 1993 com o objetivo de gerar dados atmosféricos

confiáveis, com base nas melhores observações disponíveis e em sistema de

assimilação de dados. A primeira tarefa do projeto ERA, denominado ERA-15, foi

finalizada em setembro de 1996 e teve, como produto final, dados do período

compreendido entre março de 1979 e dezembro de 1993. Após o ERA-15, o projeto

dedica-se agora a analisar os dados de 1958 até o presente (ECMWF, 1999).

Os dados adquiridos para o presente estudo fazem parte do projeto ERA-15, e

compõem-se de médias de 10 dias dos seguintes produtos: componentes zonal e

meridional do cisalhamento do vento (em N/m2). Cada média de dez dias é disposta

em uma grade global delimitada pelos paralelos 90oN e 90oS e pelos meridianos 0oE e

2,5o W, com resolução espacial de 2,5º. Todas as grades encontram-se em arquivos

no formato Gridded Binary (GRIB). O GRIB é um formato do tipo binário, não

diretamente acessível à leitura.

73

CAPITULO 5

PROCEDIMENTOS EMPREGADOS

Os procedimentos empregados no presente trabalho podem ser divididos em 5 fases

distintas: leitura dos dados; delimitação da região “Atlântico Tropical”; padronização

dos dados de ventos; estimativa do bombeamento/sucção de Ekman; e análise dos

dados.

A leitura dos dados foi realizada com o apoio do programa Interactive Data Language

(IDL) através do desenvolvimento de rotinas escritas naquela linguagem (Apêndice A).

A programação em IDL é uma alternativa à programação em C ou FORTRAN, com a

vantagem de ser mais fácil e rápida para usuários não-programadores. Além disto, o

IDL permite a entrada e saída de dados em formatos científicos (HDF, NetCDF e

CDF).

As demais fases do trabalho foram conduzidas no programa FERRET versão 4.45. O

FERRET é um programa desenvolvido pelo Thermal Modeling and Analysis Project

(TMAP) no Pacific Marine Environmental Laborator (PMEL/NOAA), em Seattle. É ideal

para visualização e análise de dados oceanográficos e meteorológicos, pois trabalha

com conceito de grades multi-dimensionais, geralmente: latitude, longitude,

profundidade e tempo. Tem a vantagem de ser um programa de alto nível, flexível e

simples, em que o usuário pode definir novas variáveis e desenvolver aplicações

especificas através de rotinas, as chamadas “go tools”, sem a necessidade de ser um

programador experiente. “Go tools” são arquivos que contêm seqüências de

comandos FERRET e são executados com o comando GO. Além de “go tools”, o

usuário pode, ainda, utilizar rotinas externas escritas em linguagem FORTRAN. O

formato padrão do FERRET é o NetCDF, mas tem a flexibilidade de entrada e saída

de dados em ASCII, binário ou TMAP.

Os procedimentos empregados em todas as fases são descritos em maior detalhe nos

itens deste capítulo, e podem ser visualizados de uma forma geral no diagrama da

figura 5.1.

74

Fig. 5.1 – Diagrama Esquemático: Procedimentos Empregados.

AQUISIÇÃO DE DADOS

DELIMITAÇÃO ATROP*

BASE DE DADOS: ATROP

PADRONIZAÇÃO

dados TSM

ESTIMATIVA: bombeamento de

Ekman

ANÁLISE DOS DADOS

dados pigmento

dados ventos

LEITURA

* Atlântico Tropical

75

5.1. LEITURA DOS DADOS

A leitura dos dados, primeira etapa do trabalho, consistiu na geração de arquivos

compatíveis com o programa FERRET. Para facilitar a compreensão desta etapa, os

procedimentos empregados serão descritos separadamente para cada conjunto de

dados.

IMAGENS CZCS

As imagens CZCS, em formato HDF, foram lidas individualmente por intermédio da

rotina czcs.pro, escrita em linguagem IDL . Esta rotina permitiu: converter os níveis de

cinza (NC) em concentração de pigmentos, atribuindo o valor -1.E+34 para as regiões

nas quais não houve coleta de dados e, também, sobre os continentes; rotacionar a

matriz resultante em 270o no sentido anti-horário; e, gerar arquivos de saída em ASCII.

O total de arquivos ASCII gerados foi igual ao número de imagens, ou seja, 196.

A conversão de NC em concentração de pigmentos foi feita com base na equação 4.1

(capítulo 4). O valor atribuído de -1.E+34 aos continentes e às regiões com ausência

de dados equivale ao valor padrão para ausência de dados (“missing”) no programa

FERRET. Dados rotulados como “missing” não entram em análises quantitativas

(Hankin e Denham, 1996). Isto significa que as regiões continentais e sem dados

foram excluídas de todos os cálculos e análises realizados posteriormente à fase de

leitura de dados.

Quanto à rotação da matriz, o motivo foi facilitar a visualização no FERRET, que lê os

arquivos no sentido de baixo para cima. Tal manipulação não altera os dados e evita

que a imagem fique de “cabeça para baixo” ao ser visualizada naquele programa.

Após a leitura das imagens, os arquivos ASCII foram convertidos para o formato

NetCDF. A conversão foi feita de forma que os arquivos de saída contivessem séries

temporais de mesma resolução espacial, a saber:

CZCS_F.CDF ⇒ Contendo 92 meses de dados na resolução 18 Km;

CZCS_B.CDF ⇒ Contendo 92 meses de dados na resolução 1o;

CZCS_M.CDF⇒ Contendo as mensais climatológicas na resolução 18 Km;

76

DADOS GOSTAPlus

Os cinco arquivos TSM/GOSTA, que cobrem o período que vai de janeiro de 1977 a

dezembro de 1986, foram lidos utilizando o executável disponível no próprio cd:

raw2ascii.exe. Para selecionar os dados entre novembro de 1978 e junho de 1986, e

adequá-los ao programa FERRET, criou-se uma rotina em IDL: tsm.pro .

De uma maneira geral, as rotinas czcs.pro e tsm.pro são semelhantes. A grande

diferença entre elas é quanto ao formato do arquivo original. Após a leitura, da mesma

forma que o CZCS, os arquivos resultantes foram convertidos para NetCDF, formando

a base de dados:

TSM_B.CDF ⇒ Contendo 92 meses de dados na resolução 1º.

DADOS ECMWF

De todos os dados ECMWF disponíveis (a base cobre o período que vai de março de

1979 a dezembro de 1993) só foram submetidos à leitura aqueles correspondentes ao

período de funcionamento do CZCS, em um total de 8 arquivos.

A seqüência adotada para a leitura dos dados ECMWF segue o padrão empregado

anteriormente: inicialmente, com o auxílio de um programa disponível no próprio CD-

ROM (WGRIB), os arquivos foram convertidos do formato GRIB para o formato ASCII;

após a conversão, os arquivos ASCII, em um total de 265, foram adequados ao

programa FERRET por meio de uma rotina escrita em IDL: ecmwf.pro; e depois,

transformados para o formato NetCDF, formando a base de dados:

ECMWF.CDF ⇒ Contendo 265 médias de 10 dias na resolução 2,5º.

DADOS COADS

Os dados derivados do COADS (TSM, velocidade do vento e pseudo-cisalhamento)

por já se encontrarem no formato NetCDF, foram lidos diretamente no programa

FERRET, sem a necessidade do desenvolvimento de rotinas de leitura. Como o

período de dados ia de 1960 a 1995, criou-se um subconjunto destes dados

equivalente à vida útil do CZCS (novembro de 1978 a junho de 1986).

5.2. DELIMITAÇÃO DO ATLÂNTICO TROPICAL

77

A etapa posterior à leitura dos dados consistiu em delimitar a região “Atlântico

Tropical”, reduzindo assim o volume de dados. Tal delimitação foi integralmente

realizada no programa FERRET.

5.3. PADRONIZAÇÃO DOS DADOS DE VENTOS

Como mencionado anteriormente, as bases COADS e ECMWF possuíam

características diferentes entre si, tanto em relação à resolução temporal como

espacial. Assim, esta etapa do trabalho teve o objetivo de compatibilizá-las, isto é,

converter os dados, de modo que passassem a representar o mesmo parâmetro com

as mesmas características. No caso do COADS, isto significou estimar o cisalhamento

do vento e seus respectivos componentes. Para a base ECMWF, consistiu em gerar

médias mensais dispostas em grades equivalentes às das demais variáveis.

O cisalhamento (τ) foi estimado utilizando a equação padrão que relaciona τ ao

quadrado da velocidade escalar do vento, com o coeficiente de arrasto proposto por

Large e Pond (1981). A formulação utilizada aqui é a mesma proposta pelos referidos

autores:

),(),( vuWcdaryx ∗∗∗= ρττ (N/m2) (5.1)

onde

(τx, τy) são, respectivamente, os componentes zonal e meridional do cisalhamento;

ρar é a densidade da ar = 1,2 x 10-3 Kg/m3 ;

W é a velocidade escalar do vento (m/s);

cd é o coeficiente de arrasto (adimensional):

cd= 0,0012 para 0<W<11 m/s

cd= 0,00049 + 0,000065*W para W>11 m/s;

(u,v) são, respectivamente, os componentes zonal e meridional da velocidade W.

A conversão dos dados ECMWF foi realizada em duas etapas: inicialmente geraram-

se grades mensais através da média aritmética dos dados de dez dias e depois, já

naquelas grades, fez-se a sub-amostragem do tamanho do pixel, originalmente

78

definido como 2,5o, para 1o, refinando a grade por intermédio de um interpolador

linear. Esta metodologia é a mesma utilizada por McDermott et al. (1997) para

converter vários produtos de ventos a um mesmo padrão.

Finalizando esta fase do trabalho, os dados com resolução espacial de 1o foram

inseridos na base denominada ATROP.cdf (Tabela 5.1). Base esta utilizada em todas

as demais fases do trabalho.

TABELA 5.1 - CARACTERÍSTICAS DA BASE DE DADOS ATROP

Base de Dados Variável Título Unidade

Pontos na Grade4 Tempo

i j k l

ATR

OP

PIGMENTO Concentração de pigmentos mg/m3 40 90 1 92 Nov/78 a

Jun/86

SST_G1 TSM oC 40 90 1 92 Nov/78 a Jun/86

SST_C2 TSM oC 40 90 1 92 Nov/78 a Jun/86

UCIS_C2 Componente zonal do cisalhamento N/m2 40 90 1 92 Nov/78 a

Jun/86

VCIS_C2 Componente meridional do cisalhamento N/m2 40 90 1 92 Nov/78 a

Jun/86

UCIS_E3 Componente zonal do cisalhamento N/m2 40 90 1 88 Mar/79 a

Jun/86

VCIS_E3 Componente meridional do cisalhamento N/m2 40 90 1 88 Mar/79 a

Jun/86

1 G: Dados GOSTAPlus; 2 C: Dados COADS; 3 E: Dados ECMWF; 4 Definição da grade: i (X/longitude), j (Y/latitude), k (Z/profundidade), l (T/tempo);

5.4. ESTIMATIVA DO BOMBEAMENTO DE EKMAN

79

No oceano, a circulação das águas, em geral, é tridimensional: além dos processos

advectivos horizontais, responsáveis pelas chamadas correntes oceânicas, há,

também, uma componente de advecção vertical em cada ponto (Williams e Follows,

1998). Apesar desta componente possuir intensidade muito menor que as horizontais,

seu fluxo integrado sobre grandes áreas pode não ser desprezível. Dentre os

principais processos envolvendo a advecção vertical pode-se citar:

Bombeamento ou Sucção de Ekman como resultado da convergência e

divergência horizontal das correntes;

Turbulência na camada de mistura;

Ondas planetárias e seus efeitos na circulação.

Dos processos advectivos verticais mencionados anteriormente, o presente trabalho

abordará apenas o primeiro: o bombeamento/sucção de EKman. Tal processo,

definido como a velocidade vertical na base da camada de mistura forçada pelo vento,

é, nos oceanos tropicais, um dos mais importantes mecanismos físicos responsáveis

pelo suprimento de nutrientes (McClain et al., 1990; Brock et al., 1991; McClain e

Firestone, 1993; Fiedler, 1994). Aqui, o bombeamento/sucção de Ekman será

representado pela variável we.

Como em geral we não é mensurável in situ estima-se sua magnitude a partir da

combinação de duas formulações básicas da oceanografia física: as equações do

movimento e da continuidade. O sinal de we, então, expressa a seguinte situação: se o

eixo vertical, z, for orientado positivo para cima, então velocidades verticais positivas

significam que águas subsuperficiais estão sendo deslocadas à superfície,

caracterizando um evento de ressurgência. Em contrapartida, se we é negativa, então

as águas superficiais estão sendo impelidas para baixo, caracterizando a subsidência.

No oceano aberto, ocorre ressurgência nas áreas onde as águas superficiais

divergem, e subsidência onde estas convergem. No caso do bombeamento de Ekman,

a ressurgência ou a subsidência são resultantes do forçamento local direto do

cisalhamento do vento na superfície (Gargett, 1991; Pond e Pickard, 1997).

Para derivar os campos de we no Atlântico Tropical foram utilizadas três

aproximações:

A clássica na qual estimou-se we a partir das equações clássicas do transporte

de Ekman;

80

A proposta por Hsieh e Boer (1992) e aplicada por Fiedler (1994) em estudo

semelhante ao realizado aqui;

E, uma versão modificada da aproximação anterior.

O objetivo de utilizar várias aproximações foi tentar estimar a magnitude de we na

região equatorial onde o método clássico falha, já que o parâmetro de Corolis é nulo.

Todas as aproximações foram colocadas em prática por meio de rotinas escritas no

programa FERRET, e serão tratadas em maior detalhe nos próximos itens do presente

capítulo.

A PRIMEIRA APROXIMAÇÃO

Para deduzir we é necessário inicialmente considerar as equações do movimento.

Supondo um estado estacionário, isto é, em que não há variações temporais na

velocidade (aceleração é nula), e desconsiderando os efeitos não lineares (como os

termos advecctivos etc.), aquelas equações podem ser assim escritas (Pond e

Pickard, 1997):

zxPfv

dtdu x

∂∂

+∂∂

−==τ

αα0 , (5.2)

zyPfu

dtdv y

∂+

∂∂

−−==τ

αα0 (5.3)

onde,

u é a componente da velocidade no eixo x, sendo positiva para leste;

v é a componente da velocidade no eixo y, sendo positiva para norte;

du/dt é a aceleração na direção x;

dv/dt é aceleração na direção y;

fv e fu são os termos que indicam a força de Coriolis associada à rotação da Terra;

f é o parâmetro de Coriolis dado por 2Ωsenθ, sendo Ω a velocidade angular da Terra

e θ a latitude;

81

yP∂∂α e

xP∂∂α são os termos gradiente horizontal da pressão, indicando a tendência de

um fluido a mover-se da alta para baixa pressão;

α(∂τx/∂z) e α(∂τy/∂z) são os termo gradiente vertical do cisalhamento;

α é o volume específico, sendo ρ

α 1= onde ρ é a densidade da água.

Como o sistema anterior é linear, então é possível separar o termo velocidade em

duas partes: uma associada ao termo gradiente de pressão (ug, vg), isto é, ao fluxo

geostrófico e outra ao termo cisalhamento (ue, ve). Assim, soluciona-se separadamente

cada parte e depois as soluções são somadas (Pond e Pickard, 1997).

Então, na ausência dos termos gradiente de pressão, as equações do movimento

tornam-se:

zfv x

e ∂∂

−=τ

α (5.4)

zfu y

e ∂

∂=

τα (5.5)

onde,

ue e ve são respectivamente os componentes zonal e meridional da velocidade,

definidas como velocidades de Ekman.

Arrumando as equações 5.4 e 5.5, pode-se escrever que:

xe ddzfv τρ −= (5.6)

ye ddzfu τρ = (5.7)

Nas equações anteriores, os termos a esquerda da igualdade representam os fluxos

de massa por unidade de tempo e espaço nas respectivas direções, através da área

de profundidade dz. Para obter o fluxo total de massa em uma dada profundidade z

integra-se as equações anteriores:

zs xxz xz e ddzvf τττρ +−=−= ∫∫00

(5.8)

zs yyz yz e ddzuf τττρ −== ∫∫00

(5.9)

82

onde,

s indica superfície, isto é, z = 0;

z indica profundidade (negativo porque o eixo z é orientado positivo para cima, com a

origem colocada na superfície do oceano).

Determinando que z é uma profundidade abaixo da camada forçada pelo vento, na

qual o cisalhamento é nulo, as equações ficam, então, resolvidas:

fV sx

e ρτ−

= (5.10)

fU sy

e ρτ

= (5.11)

onde,

Ue e Ve são os componentes do fluxo de Ekman integrado na profundidade, ou

transporte de Ekman.

A velocidade vertical na camada de Ekman pode ser obtida integrando a equação da

continuidade na profundidade z:

0=∂∂

+∂∂

+∂∂

zw

yv

xu (5.12)

Na superfície, z = 0 ⇒ w = 0; em z = -h ⇒ w = we, então:

0)0( =−+∂∂

+∂∂

eee w

yV

xU (5.13)

onde,

we é a velocidade na base da camada forçada pelo vento.

Substituindo a equação do transporte de Ekman na equação anterior tem-se que:

83

( )

⎟⎟⎟⎟⎟

⎜⎜⎜⎜⎜

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

−∂

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

= −

yf

xf

w

ssy

e

ττ

ρ 1 (5.14)

Mas ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

∂−

yxss xy ττ

é a componente vertical do rotacional do vento, assim pode-se

escrever que:

ρ

τ )(f

rotw

Z

e = (5.15)

De forma prática, o primeiro passo para estimar we foi calcular, a partir dos dados de

cisalhamento do vento, o componente vertical do rotacional de (τ/f), e, depois, we pela

equação anterior, assumindo ρ constante = 1000 kg/m3. Como mencionado

anteriormente, este método falha na região equatorial, onde o parâmetro de Coriolis

tende a zero e, assim, as equações 5.4 e 5.5 não são válidas. Neste caso, a definição

da faixa equatorial é arbitrária. Halpern et al. (1994) a definiu como 3oN-3oS; McClain

et al. (1990), como 5oN-5oS; e McClain e Firestone (1993), como 5oN-5oS. No presente

trabalho, definiu-se como faixa equatorial a área compreendida entre as latitudes 2oS e

2oN. Em tal área, não estimou-se we.

SEGUNDA APROXIMAÇÃO

Na segunda aproximação, proposta por Hsieh e Boer (1992), para calcular we parte-se

do modelo forçado pelo cisalhamento do Canadian Climate Center (CCC). Neste

modelo, as equações do movimento, supondo um estado estacionário, ausência do

gradiente de pressão e dos efeitos não lineares, são escritas como:

xUfV ατδ =+− (5.16)

yVfU ατδ =+ (5.17)

84

onde,

U e V representam o transporte horizontal.

A diferença entre as equações acima e aquelas do modelo clássico (equações 5.4 e

5.5) é a presença do termo δ. O termo δ é um coeficiente de amortecimento que

representa de forma simples os efeitos devido à fricção, negligenciados na primeira

aproximação. Assim, os termos du/dt e dv/dt, nas equações do movimento horizontal,

foram substituídos por (d/dt +δ)u e (d/dt +δ)v, respectivamente.

O coeficiente δ equilibra o forçamento pelo vento no equador onde a força de Coriolis

é nula, sendo negligenciável na região extra-equatorial. Quando δ é zero, então as

equações reduzem-se às equações clássicas do transporte de Ekman.

Para um δ diferente de zero, ou seja, por definição, a região equatorial, os

componentes Ue e Ve, do transporte horizontal, são dadas por:

( )22

)(δρτδτ

+

+=

ff

U ss yxe (5.18)

( )22

)(δρτδτ

+

−=

ff

V ss xye (5.19)

Da mesma forma que anteriormente, integrando a equação da continuidade pode-se

escrever que:

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

+∂∂

=y

Vx

Uw ee

eρ (5.20)

Mas ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

+∂∂

yV

xU ee é a divergência do transporte horizontal, então:

ρe

eM

w⋅∇

= (5.21)

onde,

Me é o transporte horizontal integrado na profundidade z.

Pelo modelo descrito anteriormente, we é estimada por dois sistemas: um na região

extra-equatorial, quando o coeficiente de amortecimento é nulo e as equações

85

reduzem-se às equações clássicas do transporte de Ekman, e outro na faixa

equatorial, quando é necessário supor ou conhecer o valor de δ. Para o Pacífico,

Hsieh e Boer (1992), baseado em observações sobre o transporte na camada

superficial e a intensidade média do cisalhamento do vento, estimaram δ igual a (4,8)-1

dias.

No presente trabalho como não era possível estimar o valor da coeficiente de

amortecimento, pois faltavam os dados mencionados anteriormente, adotou-se o

mesmo valor utilizado no Pacifico Tropical. Posteriormente, verificou-se se aquele era

“adequado”. Desta primeira avaliação, resultaram novas suposições sobre os valores

daquele coeficiente. Tanto a primeira avaliação quanto os demais coeficientes

utilizados serão apresentados no próximo capítulo. Aqui, novamente, foi considerado

como faixa equatorial a região delimitada pelas latitudes 2oN e 2oS.

TERCEIRA APROXIMAÇÃO

A partir de observações sobre os resultados obtidos com a segunda aproximação, que

serão tratados no próximo capítulo, um outro procedimento foi empregado para tentar

estimar we na faixa equatorial. Este procedimento partiu das mesmas equações da

segunda aproximação, mas, neste caso, o bombeamento/sucção de Ekman foi obtido

utilizando uma única equação. Isto porque, o coeficiente de amortecimento foi

considerado constante para toda a região tropical sem distinção entre as faixas

equatorial e extra-equatorial como feito anteriormente.

Por esta aproximação, we fica determinado por:

ρδ

τδ

τδ

τδ

τδ

δ⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛+

∂−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+

∂+⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+

∂+⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛+

=22222222 f

ff

fff

w

xy

yx

yy

xx

e )( (5.22)

5.5. ANÁLISE DOS DADOS

A última fase do trabalho consistiu em analisar os dados. Tal análise compôs-se das

seguintes etapas:

86

1. Avaliar as bases de dados adquiridas. Para as imagens da cor do oceano consistiu

no cálculo do número de observações por “pixel” (NOB). O NOB, calculado em

cada “pixel”, expressa a disponibilidade de imagens CZCS sobre o Atlântico

Tropical. Para os dados de TSM e ventos consistiu na comparação quali-

quantitativa das bases COADS e GOSTA; COADS e ECMWF, respectivamente.

Estas comparações foram realizadas em transectos através de gráficos “tempo x

longitude” e “tempo x latitude” e estimativas dos coeficientes de correlação linear

entre aquelas bases de dados. A localização dos transectos são apresentadas no

próximo capítulo;

2. Analisar as aproximações empregadas para estimar o bombeamento de Ekman,

escolhendo a mais adequada aos objetivos do estudo;

3. Estudar a variabilidade das forçantes físicas locais no Atlântico Tropical,

representadas pelas variáveis: TSM, cisalhamento e seus respectivos

componentes e bombeamento de Ekman. Este estudo consistiu em: calcular a

climatologia para cada uma daquelas variáveis e os desvios padrões, para período

estudado; gerar imagens temáticas mensais e extrair a série temporal daquelas

variáveis. A extração da série temporal foi realizada de acordo com os

procedimentos empregados por McClain et al. (1990) e será tratada em maior

detalhe no próximo capítulo;

4. Examinar a variabilidade da concentração de pigmentos no Atlântico Tropical

através das imagens da cor do oceano. Para tanto, gerou-se imagens temáticas

mensais e extraiu-se a série temporal desta variável. Como no item anterior, a

obtenção da série temporal será tratada em maior detalhe no próximo capítulo;

87

5. Analisar em conjunto a concentração de pigmentos e as forçantes físicas locais.

Esta análise foi realizada com base nas informações obtidas nos itens anteriores e

através do cálculo dos coeficientes de correlação entre as séries temporais

daquelas variáveis. Como o número de observações era pequeno, utilizou-se a

correlação não paramétrica (Coeficiente de Spearman). Tais cálculos foram

realizados tanto por “pixel” (cada “pixel” tem uma série temporal) quanto por

região, e será abordado em maior detalhe no próximo capítulo:

89

CAPÍTULO 6

RESULTADOS

6.1. AVALIAÇÃO SOBRE AS BASES DE DADOS

Para o presente trabalho, foram adquiridos três conjuntos de dados distintos: ventos,

TSM e pigmentos. Tais dados foram processados conforme os procedimentos

descritos no capítulo anterior, gerando a base denominada ATROP.cdf. Deve ser

lembrado que cada um dos conjuntos de dados foi representado por duas variáveis

distintas, a saber:

TSM ⇒ COADS e GOSTA;

Ventos ⇒ COADS e ECMWF;

Pigmentos ⇒ CZCS nas resoluções 18 Km e 1o.

Assim, a fase de avaliação das bases de dados consistiu em escolher quais daquelas

variáveis eram mais adequadas para alcançar os objetivos propostos, avaliando suas

limitações.

6.1.1. IMAGENS DA COR DO OCEANO

Seguindo a mesma seqüência adotada no processo de aquisição dos dados, a

primeira base a ser analisada foram as imagens da cor do oceano. Neste caso, como

já mencionado, optou-se pela imagem 1o pois esta é que fornece maior grau de

compatibilidade com as demais variáveis estudadas. Apesar disto, há algumas

vantagens em utilizar imagens com tal resolução. Strubb et al. (1990) sugerem que, no

caso do CZCS, a utilização de imagens com resolução de 1o permite a formação de

séries temporais mais regulares do que aquelas formadas com cenas individuais, ou

mesmo com resolução de 18 Km. Segundo os autores, apesar de se perderem

informações sobre as feições de meso-escala, as imagens 1o são representativas da

variabilidade em escala global, que é o objeto de estudo do presente trabalho.

Após “escolher” o conjunto de dados CZCS que seria utilizado, algumas dúvidas

naturais surgiram a seu respeito. Estas dúvidas podem ser resumidas pelas seguintes

questões:

90

Até que ponto se poderia confiar nas estimativas de pigmentos obtidas das

imagens ?

As falhas observadas na série temporal seriam significativas ? Se afirmativo,

ainda assim a climatologia seria representativa da variabilidade sazonal no

período 1978-1986 ? E, seria possível estudar a variabilidade interanual com

aquelas imagens ?

A primeira destas indagações foi respondida através do trabalho de Monger et al.

(1997). Neste trabalho, os autores compararam os dados obtidos das imagens com

dados coletados in situ durante o projeto CIPREA, realizado no decorrer do biênio

1979-1980 na região do Golfo da Guiné. O método adotado para tal comparação foi o

proposto por Gordon e Clark (1980). Segundo os autores, as imagens CZCS daqueles

anos apresentam concordância relativamente boa com os dados in situ, conforme

pode ser observado na figura 6.1.

0,01

Pigm

ento

s C

ZCS/

PAD

RÃO

(mg/

m)

3

Abril Junho-JulhoOutubro-NovembroJaneiro

10

1

0,1

0,01 0,1 1 10

Pigmentos (mg/m )

in situ3

Fig. 6.1 – Comparação entre imagens CZCS e dados in situ. FONTE: Monger et al. (1997, p.12406)

Analisando a figura 6.1, observa-se que, em janeiro, os dados das imagens tendem a

superestimar a concentração de pigmentos in situ. Como as estações onde foram

coletados os dados in situ localizam-se próximo à foz do rio Zaire (África) e, sabendo-

se que as estimativas de pigmentos em águas do caso 2 são problemáticas, os

autores propõem a exclusão destas estações nas análises. Além do mês de janeiro,

91

outras que não apresentam boa concordância são as medições realizadas durante o

bimestre junho-julho. Neste bimestre, as imagens tendem a subestimar a

concentração in situ por um fator superior a 4. Monger et al. (1997) investigaram as

possíveis origens desta baixa concordância e propuseram algumas modificações no

processamento das cenas individuais que deveriam ser empregadas para o Atlântico

Tropical. Segundo os autores, duas possíveis origens podem ser levantadas: a

primeira, com respeito à correção atmosférica das imagens e a segunda, devido à

redução de matéria orgânica dissolvida (MOD) na camada superficial durante o evento

de ressurgência equatorial, que ocorre naquele bimestre. Para detalhes sobre os

procedimentos de reprocessamento que deveriam ser empregados consulte Monger et

al. (1997).

Assim, pode-se concluir que as estimativas de pigmentos obtidas das imagens para o

Atlântico Tropical são representativas do que ocorre no campo, exceto no bimestre

junho-julho.

Dois fatos relevantes devem, ainda, ser mencionados: primeiro que não é possível

avaliar toda a base CZCS quanto à confiabilidade das estimativas de pigmentos pois

os dados in situ no Atlântico Tropical são esparsos durante o período de

funcionamento do sensor, e nem sempre concomitantes à passagem do satélite;

segundo, a base CZCS não foi reprocessada, pois as cenas brutas não foram

adquiridas no início do trabalho.

Para responder à segunda indagação feita anteriormente, analisou-se a série temporal

formada pelas imagens CZCS, através do número de observações por pixel (NOB).

Este número, dado em porcentagem, expressa a quantidade de dados válidos em uma

determinada época, sendo um indicativo da cobertura do CZCS. No presente trabalho,

foi calculado para três períodos distintos:

em relação ao total de dados, no caso, noventa e duas médias mensais;

para cada ano, isto é, em relação a doze meses;

para cada mês, ou seja, em relação às oito observações mensais (em oito

anos de funcionamento do sensor).

No Atlântico Tropical, como em outras regiões do globo, a cobertura do CZCS foi

irregular (Figura 6.2). Somente três localidades apresentam NOB superior a 40%, o

que eqüivale a, pelo menos, trinta e sete dados, dos noventa e dois possíveis, a saber:

92

uma localizada próxima à costa norte da América do Sul, entre as longitudes 70oW e

45oW e as latitudes 20oN e 10oN (localidade A na figura); outra, próxima à costa

africana entre 20oN e 5oN (localidade B); e a mais extensa, localizada no hemisfério

sul, entre o equador e 15oS (localidade C);

Nas demais regiões, a cobertura é inferior a 20%, o que eqüivale, a no máximo, cerca

de dezoito observações. Fiedler (1994), examinado cenas individuais, sugeriu que esta

irregularidade deriva do esquema de funcionamento intermitente e dos problemas de

calibração do sensor, antes que da cobertura por nuvens, típico das regiões tropicais.

Longhurst (1993) acrescentou, que além destes fatores, as regiões tropicais deixaram

de ser áreas prioritárias do programa CZCS após 1979, fato este que teria contribuído

em muito para aquela irregularidade.

20 No

10 No

0o

10 So

20 So

60 Wo 40 Wo 20 Wo 20 Eo0

20

40

60

80

100

A B

C

A, B, C - Áreas com maior NOB

Fig. 6.2 – Disponibilidade de dados CZCS no oceano Atlântico Tropical para o período de novembro de 1978 a junho de 1986.

Analisando o NOB por ano (Figura 6.3), observa-se que a melhor amostragem do

CZCS ocorreu em 1979, quando a maior parte do Atlântico Tropical apresenta pelo

menos 70% de observações, o que significa aproximadamente 10 dados válidos entre

12 possíveis. Nos outros anos do período de funcionamento do CZCS, o NOB foi

baixo, em média 30% a 40%. Exceção a este padrão ocorreu em 1983 e 1984, nos

quais praticamente não há dados sobre o Atlântico.

93

1978 1979 1980

1981 1982 1983

1984 1985 1986

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

NOB (%) em relação a um total de 12 imagens possíveis

Fig. 6.3 – Disponibilidade de dados CZCS no oceano Atlântico Tropical por ano, no período de 1978 a 1986.

Esta irregularidade observada ao longo dos anos também é observada no NOB por

mês (Figura 6.4). Somente na climatologia do último trimestre (outubro a dezembro) é

que o NOB é de pelo menos 40% na maior parte da bacia, o que eqüivale a

aproximadamente três imagens das oito possíveis. Nos demais meses, o número de

observações é baixo, de 10 a 20% em média.

94

Janeiro Fevereiro Março Abril

Maio Junho Julho Agosto

Setembro Outubro Novembro Dezembro

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

NOB (%) em relação a um total de 8 imagens possíveis

Fig. 6.4 – Disponibilidade de dados CZCS no oceano Atlântico Tropical por mês, no período de 1978 a 1986.

95

Cruzando as informações obtidas pelas análises anteriores com a observação das

imagens individuais, algumas considerações sobre a base CZCS no Atlântico Tropical

podem ser traçadas. A primeira é que, na maior parte da bacia, a contribuição para as

imagens climatológicas vem do ano de 1979, exceto nas regiões em que há pelo

menos 40% de dados válidos. Assim, a climatologia não reflete a variabilidade sazonal

no período 1978-1986, sendo, na realidade, imagens de composição. Aqui, o termo

composição significa imagens que são compostas por informações de diferentes anos,

e não obtidas pela média dos dados no período considerado. A segunda

consideração, é que não é possível extrair informações sobre a variabilidade

interanual da concentração de pigmentos no Atlântico Tropical a partir da base CZCS.

A segunda consideração exposta aqui é discordante da feita por Longhurst (1993).

Segundo o autor, apesar da cobertura incompleta após 1980, há suficiente informação

para afirmar que o padrão observado em 1979 é típico da região, com alguma

variabilidade interanual. Ainda segundo o trabalho, esta variabilidade poderia ser

atribuída a perturbações originadas pelo El Niño de 1982-83.

Para chegar aquelas conclusões, Longhurst (1993) utilizou imagens 18 km e médias

sazonais, o que talvez pudesse explicar suas diferentes conclusões. Primeiro, porque

as imagens utilizadas aqui, como mencionado anteriormente, perdem informações

espaciais, e é possível que o autor tenha se referido às feições de meso-escala;

segundo, a utilização de imagens sazonais levam a considerações incorretas, já que,

como as imagens climatológicas, estas não refletem a variabilidade na estação, sendo,

na realidade, uma composição de diferentes datas.

Para verificar se o uso de imagens com diferentes resoluções levam a diferentes

conclusões, analisou-se também as imagens 18 km. Tal análise demostrou que

mesmo com as imagens de melhor resolução é difícil afirmar que o padrão observado

no ano de 1979 é típico da região.

Em resumo:

1) Após o ano de 1980 não há suficientes informações sobre a concentração de

pigmentos em grande escala nas imagens. E, assim, a base restringe-se a pouco

mais que doze meses;

96

2) Não é possível afirmar que o padrão observado em 1979 seja típico da região do

Atlântico Tropical. Além disto, nenhuma perturbação pode ser atribuída ao El Niño

de 1982-1983, porque não há dados suficientes naqueles anos;

3) A climatologia não reflete a variabilidade no período 1978-1986, exceto nos meses

de novembro e dezembro;

4) Como no biênio 1979-1980 as imagens apresentam concordância relativamente

boa com os dados in situ, o conjunto de dados CZCS é representativo, pelo menos

qualitativamente, do que ocorre no campo.

6.1.2. TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR (TSM)

Concluída a análise da base CZCS, a segunda a ser verificada foi a de TSM. Como

mencionado no capítulo 4, esta verificação demonstrou que a base COADS

apresentava grandes falhas, isto é, regiões com ausência de dados. Tais regiões

repetem-se ao longo do tempo, conforme pode ser observado na figura 6.5a. Como a

base GOSTA não apresenta tais falhas, pois resulta da combinação de observações e

modelos, optou-se por esta base para se estudar a TSM (Figura 6.5b). Comparando-

se os dois gráficos, verifica-se que nas regiões em que há dados em ambas as bases

existe uma concordância entre os padrões observados. Esta mesma concordância foi

verificada em outros transectos localizados ao longo da bacia, respectivamente em:

20oN, 10oN, 10oS e 20oS.

97

19

<19

21

22

2324

2526

27

28

29

30

>30

20

TSM

(C)

40 Wo 30 Wo 20 Wo 10 Wo 0o

(A) COADS

19

<19

21

22

2324

2526

27

2829

30

>30

20TS

M (C

)

40 Wo 30 Wo 20 Wo 10 Wo 0o

(A) GOSTA

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

Fig. 6.5 – Comparação entre as bases de TSM COADS (a) e GOSTA (b), ao longo do transecto equatorial.

Em termos quantitativos, também há uma boa concordância entre as bases GOSTA e

COADS, como pode ser observado na tabela 6.1 e nos diagramas de dispersão

(Figura 6.6).

TABELA 6.1 – CORRELAÇÃO ENTRE AS BASES GOSTA E COADS

Transecto Coeficiente de Correlação (r) Número de observações (n) 20 N 0,91 3303 10 N 0,82 3199

0 0,83 3429 10 S 0,81 1593 20 S 0,93 2663

98

Fig. 6.6 – Diagramas de dispersão entre as bases GOSTA e COADS para o parâmetro TSM, por transecto.

6.1.3. VENTOS

A terceira, e última, base a ser analisada foi a de ventos. Como mencionado

anteriormente, a base COADS apresentava grandes falhas. Desta forma, optou-se

pelos dados ECMWF para descrever o campo de ventos e estimar o bombeamento de

Ekman. Como a base escolhida não possuía as mesmas características das outras,

esta foi submetida ao tratamento descrito no capítulo anterior. Para confirmar se tal

tratamento era adequado, comparou-se o cisalhamento derivado dos dados do

COADS com aquele do ECMWF. Esta comparação foi realizada através de gráficos

“tempo x longitude” e “tempo x latitude” e cálculo do coeficiente de correlação ao longo

de transectos, cujas localizações podem ser observadas na figura 6.7. Deve ser

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

TSM (oC) COADS

TSM

(o C) G

OS

TA

2021

2223

2425

2627

2829

3031

3233

3435

20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

TSM (oC) COADS

TSM

(o C) G

OS

TA

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

TSM (oC) COADS

TSM

(o C) G

OST

A

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

TSM (oC) COADS

TSM

(o C) G

OS

TA

15

16

17

1819

20

21

2223

24

25

2627

28

29

30

15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

TSM (oC) COADS

TSM

(o C) G

OS

TA

20 N 10 N

EQUADOR

20 S 10 S

99

notado que os gráficos iniciam-se no mês de março de 1979, o primeiro mês dos

dados ECMWF.

20 So

10 So

15 So

5 So

0o

5 No

10 No

15 No

20 No

70 Wo 50 Wo 30 Wo 10 Wo 0o60 Wo 40 Wo 20 Wo 10 Eo 20 Eo

12

3

A

B

C

Legenda

A - transecto 10 No

B - transecto equatorial

1 - transecto 50 Wo

2 - transecto 30 Wo

3 - transecto 0o

Fig. 6.7 – Localização dos transectos: comparação dos dados COADS e ECMWF.

Na figura 6.8 encontram-se os coeficientes de correlação entre as bases COADS e

ECMWF para o parâmetro intensidade do cisalhamento, bem como o número médio

de observações em cada transecto. Nesta figura dois fatos podem ser observados:

primeiro que as correlações entre as bases COADS e ECMWF são bem menores que

aquelas observadas para o parâmetro TSM e segundo que as correlações crescem à

medida em que há um maior número de observações. A origem desta menor

correlação entre as bases COADS e ECMWF é o fato que o cisalhamento ao contrário

da TSM é um parâmetro derivado e para estimá-lo é necessário determinar o

coeficiente de arrasto. E no caso foram utilizados diferentes formulações para

determinar este coeficiente: o ECMWF utiliza um coeficiente variável e corrigido para a

estabilidade atmosférica e aqui foi utilizado o coeficiente de Large e Pond (1981) (veja

capítulo 5).

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90N

úmer

o M

édio

de

Obs

erva

ções

C

OA

DS

10s eq 10n 0w 30w 50w

transcetos

0,670,47

0,24

0,430,32

0,48

Fig. 6.8 – Correlação entre as bases COADS e ECMWF para o parâmetro intensidade do cisalhamento, por transecto (veja figura 6.7). Os coeficientes de correlação encontram-se acima de cada barra.

Apesar dos coeficientes de correlação serem relativamente baixos pode-se dizer, a

partir da comparação entre os gráficos e aqueles coeficientes, que pelo menos

qualitativamente existe boa concordância entre os dados COADS e ECMWF. Assim, a

reamostragem dos “pixels” e o cálculo de médias mensais mostrou-se um tratamento

adequado. Na figura 6.9, encontram-se os gráficos do transecto equatorial e pode ser

visto que os padrões observados em cada uma das bases são concordantes.

101

40 Wo 30 Wo 20 Wo 10 Wo 0o

1979

1981

1983

1985

1979

1981

1983

1985

40 Wo 30 Wo 20 Wo 10 Wo 0o

1979

1981

1983

1985

1979

1981

1983

1985

40 Wo 30 Wo 20 Wo 10 Wo 0o

1979

1981

1983

1985

1979

1981

1983

1985

40 Wo 30 Wo 20 Wo 10 Wo 0o

1979

1981

1983

1985

1979

1981

1983

1985

0,10

0,05

-0,05

0

τ x (N

/m)2

0,10

0,05

-0,05

0

τ x (N

/m)2

0,10

0,05

-0,05

0τ y

(N/m

)2

0,10

0,05

-0,05

0

τ y (N

/m)2

cisalhamento zonal/COADS cisalhamento zonal/ECMWF

cisalhamento meridional/ECMWF cisalhamento meridional/COADS

Fig. 6.9 – Cisalhamento do vento no transecto equatorial: à esquerda dados COADS e à direita dados ECMWF.

6.2. ANÁLISE DAS APROXIMAÇÕES EMPREGADAS PARA ESTIMAR O BOMBEAMENTO DE EKMAN

Como descrito no capítulo 5, foram utilizadas três aproximações para estimar o

bombeamento/sucção de Ekman: a clássica, a proposta por Hsieh e Boer (1992) e por

ultimo, uma versão modificada da aproximação anterior. O objetivo de utilizar outras

aproximações foi tentar determinar a magnitude we na região equatorial onde o método

clássico falha.

No caso da aproximação de Hsieh e Boer (1992), observou-se forte descontinuidade

entre as regiões equatorial e extra-equatorial quando foi adotado o mesmo coeficiente

do oceano Pacifico (4,8 d-1). Em virtude de tal fato, tentou-se ajustar um outro

102

coeficiente que, reproduzindo as feições teoricamente esperadas reduzisse a

descontinuidade entre aquelas regiões. Para tanto, vários coeficientes foram testados,

a saber: 10-7, 10-6, 5 x 10-6, 3 x10-6, 10-5, 10-4. O resultado principal dos testes

realizados, pode ser resumido pela seguinte frase: todos os coeficientes geraram

imagens com forte descontinuidade. De todos os coeficientes, o valor de 10-4 foi o

mais inadequado, pois gerou feições incompatíveis com a região equatorial: fraca

ressurgência (cerca de 0,1 x 10-5 cm/s) e subsidência.

Para a aproximação modificada, no qual we foi estimada por uma única equação em

toda a bacia, o que se pôde observar é que tal aproximação reproduzia incorretamente

as feições, tomando como padrão as imagens de we obtidas por McClain et al. (1990).

Exceção a este fato ocorreu quando o valor do coeficiente foi igual a 3 x 10-6 e igual a

10-7.

Tendo em vista que as duas aproximações utilizadas para estimar we no equador eram

sensíveis ao coeficiente de amortecimento, pois reproduziam feições distintas com

pequenas variações em seu valor, e, como não era possível estimá-lo

adequadamente, preferiu-se adotar a aproximação clássica. Tal fato significa que o

bombeamento de Ekman não foi calculado para a região equatorial, definida

arbitrariamente no presente trabalho como 2oN-2oS.

Deve ser ressaltado que, independentemente do procedimento empregado, estimar we

a partir de médias mensais do campo superficial de ventos subestima o valor real da

ressurgência ou subsidência em cada ponto (McClain e Firestone, 1993; Fiedler,

1994).

As figura 6.10 e 6.11 mostram respectivamente as imagens obtidas para o mês de

junho de 1979 em função das aproximações e dos vários coeficientes testados.

103

δ =Oceano Pacífico

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

δ = 10 -4 δ = 10

-5 δ = 10 -6

δ = 3 x 10-6 δ = 5 x 10

-6 δ = 10 -7

< -1,3 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 > 1,30,40,30,20,1

Bombeamento/Sucção de Ekman w ( x10 ) m/se

-5

Fig. 6.10 – Estimativa de we pelo procedimento de Hsieh e Boer (1992) referente ao mês de junho de 1979, para diferentes valores do coeficiente de amortecimento (δ).

104

δ = Oceano Pacífico

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

δ = 10 -4 δ = 10

-5 δ = 10-6

δ = 3 x 10 -6 δ = 5 x 10

-6 δ = 10-7

< -1,3 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 > 1,30,40,30,20,1

Bombeamento/Sucção de Ekmanw ( x 10 m/se

-5)

Fig. 6.11 – Estimativa de we por uma única equação em função do coeficiente de amortecimento. Junho de 1979.

105

6.3. VARIABILIDADE DAS FORÇANTES FÍSICAS LOCAIS

Em função do volume de dados, cerca de 100 imagens para cada uma das variáveis

estudadas (TSM, cisalhamento do vento e bombeamento de Ekman) a estratégia

adotada para analisá-las foi particionar a bacia do Atlântico Tropical em quatro

regiões, denominadas aqui de: Atlântico Tropical Leste (ATL), Atlântico Tropical Oeste

(ATO), Noroeste da África (NOA) e Nordeste da América do Sul (NEA) (Figura 6.12).

Tais regiões foram determinadas com base nos trabalhos de McClain et al. (1990),

Longhurst (1993), Banse e English (1994) e Longhurst (1995a).

20 So

10 So

15 So

5 So

0o

5 No

10 No

15 No

20 No

70 Wo 50 Wo 30 Wo 10 Wo 0o60 Wo 40 Wo 20 Wo 10 Eo 20 Eo

ATLATO

NO

A

NEA

Fig. 6.12 – Localização das áreas analisadas: ATL (20oW-10oE; 2oN-10oS); ATO (40/50oW-20oW; 2oN-10oS); NEA (10oN-5oN; 60oW-25oW) e NOA (25oW-0/10oE; 20oN-5oN).

Em cada uma das regiões citadas anteriormente, as séries temporais das variáveis

estudads foram extraídas de forma semelhante ao procedimento empregado por

McClain et al. (1990). Basicamente, consistiu no cálculo da média por região.

6.3.1. O CICLO SAZONAL

O ciclo sazonal descrito aqui foi determinado a partir das imagens temáticas

climatológicas e das médias das regiões. De maneira geral, o ciclo sazonal observado

no presente trabalho, apesar de ter sido obtido de uma climatologia de poucos anos

106

(1978 a 1986), é concordante com o padrão descrito para o Atlântico Tropical

(PIRATA,1996; Servain et al., 1998).

TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR

A distribuição de TSM no Atlântico Tropical é marcada por grandes diferenças entre os

lados leste e oeste da bacia (Figura 6.13). Enquanto o leste exibe um forte ciclo

sazonal com temperaturas variando em até 5oC de uma estação a outra, o mesmo não

é observado no oeste, quando as temperaturas mantêm-se elevadas e variam pouco

ao longo do ano, aproximadamente em 1oC.

18

19

20

21

22

23

24

40 Wo 30 Wo 20 Wo 0o10 Wo

J

F

M

A

M

J

J

A

S

O

N

D

J

F

M

A

M

J

J

A

S

O

N

D

25

26

27

28

29

30

TSM

(C)

Fig. 6.13 – Climatologia TSM para o período de 1978 a 1986. Média entre 10oN-10oS.

Durante a primeira metade do ano, de janeiro a maio, a distribuição espacial de TSM

segue um padrão constante caracterizado por uma extensa região com elevadas

temperaturas, em média 27o C, que ocupa a maior parte da bacia, indo da costa do

Brasil à África. Esta região quente é limitada a norte, em 10oN, e a sul, em 10oS, por

áreas de temperaturas relativamente baixas, cerca de 24oC (Figura 6.14).

A partir de maio observa-se uma mudança no padrão descrito anteriormente, que

passa a ser caracterizado por uma língua de águas frias que inicia-se no golfo da

107

>31<17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 3029

TSM ( C)o

Janeiro Fevereiro Março Abril

Maio Junho Julho Agosto

Setembro Outubro Novembro Dezembro

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

Fig. 6.14 – Temperatura da Superfície do Mar – Média Mensal Climatológica (1978/1986)

108

Guiné e propaga-se para oeste. Em agosto-setembro, esta língua ocupa a maior

extensão, quando também apresenta maior intensidade, chegando até a 17oC na

região ao sul, próximo à costa africana. De outubro a dezembro, esta língua de águas

frias reduz-se tanto em extensão quanto em intensidade, mas ainda ocupa grande

região a sul do equador (Figura 6.14).

Na figura 6.15 encontra-se a distribuição temporal da TSM por região. Pode ser

observado que as quatro regiões apresentam sazonalidade, que é mais forte no ATL

pela maior variabilidade de temperatura. Servain et al. (1985) e Kampel (1993),

utilizando diferentes bases de dados calcularam o desvio padrão da TSM para toda a

bacia. Estes autores observaram que as maiores variâncias no Atlântico Tropical

ocorrem no leste, uma área típica de ressurgência, enquanto a mínima variabilidade é

observada no equador termal que migra meridionalmente ao longo do ano de modo

similar à ZCIT..

Fig. 6.15 – Ciclo sazonal da TSM, média por região.

Nas regiões localizadas no hemisfério sul, ou seja, ATL e ATO, o ciclo anual de TSM

é marcado por uma estação quente que ocorre de janeiro a abril e uma estação fria

que vai de junho a setembro. A sucessão do evento quente ao frio segue as estações

do ano, isto é, as maiores temperaturas ocorrem durante o verão e as mais baixas

estão associadas ao inverno. Apesar de apresentarem a mesma evolução, no ATL o

21

22

23

24

25

26

27

28

29

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

TSM

(oC

)

ATL

ATO

NOA

NEA

109

ciclo sazonal é mais evidente pois a temperatura varia em até 5oC de uma estação a

outra, enquanto no ATO a variação é da ordem de 1oC. A maior variabilidade que

ocorre no ATL, como mencionado anteriormente, deve-se ao evento de ressurgência

das águas subsuperficiais que, por serem mais frias, reduzem a temperatura na

superfície.

No NEA e no NOA, regiões localizadas totalmente no hemisfério norte (HN), a

evolução do ciclo anual é inversa àquela observada anteriormente. Isto significa que a

estação fria ocorre de janeiro a abril, no inverno do HN, e a estação quente vai de

agosto a outubro, no verão-outono daquele hemisfério. Como para a região ATO, a

variação entre a máxima e mínima temperatura no NEA e no NOA é pequena, da

ordem de 1oC.

VENTOS

Os ventos são a principal forçante dos eventos oceanográficos que ocorrem no

Atlântico Tropical. Ao contrário do parâmetro TSM, a distribuição espacial do

cisalhamento do vento não apresenta grande variabilidade durante o ano,

caracterizando-se por ventos intensos no oeste da bacia equatorial, e ventos mais

fracos no leste (Figura 6.16) (Knox e Anderson, 1985).

Quanto à direção, os ventos são predominantemente de nordeste (NE) no hemisfério

norte e de sudeste (SE) no hemisfério sul. Exceção a este padrão ocorre no leste da

bacia, próximo à costa africana, quando são meridionais, de sul, e, rotacionados no

sentido horário para a África, devido à influência da massa continental (PIRATA,

1996).

O encontro dos alíseos de SE e NE marca a Zona de Convergência Intertropical

(ZCIT), caracterizada por ventos fracos, nuvens convectivas e TSM elevada (Brown et

al., 1989). Neste caso, observa-se uma forte sazonalidade na posição meridional da

ZCIT: No primeiro trimestre do ano, a ZCIT localiza-se próximo ao equador. Em abril,

começa a migrar para norte, quando os ventos de SE estão ligeiramente mais

intensos. Em agosto-setembro alcança sua posição mais ao norte, entre 5o e 10oN. Em

outubro, os ventos de SE enfraquecem-se e a ZCIT inicia o retorno a sua posição

equatorial. Em dezembro, os ventos de NE começam a se intensificar, trazendo a

110

0 0,05 0,1 0,15

τ (N/m ) 2

Janeiro Fevereiro Março Abril

Maio Junho Julho Agosto

Setembro Outubro Novembro Dezembro

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

Fig. 6.16 –Cisalhamento do Vento na Superfície – Média Mensal Climatologica (1978/1986)

111

ZCIT para o seu limite sul, próximo ao equador, até os meses de fevereiro-maio (Knox

e Anderson, 1985; Cane, 1987; Servain et al., 1998).

Na figuras 6.17 encontra-se o desvio padrão da intensidade do cisalhamento e seus

componentes, para o período compreendido entre 1979 e 1986. Pode-se observar que

a variância é maior no oeste da bacia. Segundo Servain et al. (1985) esta maior

variabilidade que ocorre no oeste coincide com a região de migração da ZCIT, de tal

forma que a flutuação máxima do componente zonal ocorre na posição média da ZCIT

enquanto que do componente meridional ocorre ao longo da própria ZCIT.

Esta maior variância no oeste fica clara quando plota-se a série temporal por região.

Nas regiões NOA e ATL, ambas localizadas no leste, a variação da intensidade ao

longo do ano é pequena: cerca de 0,05 N/m2 de uma estação a outra e não exibe

evidente ciclo sazonal, enquanto que no ATO e no NEA a variabilidade intra-anual é

superior a 0,1 N/m2, com forte ciclo sazonal (Figura 6.18).

Sabemos que é esta variabilidade do campo dos ventos alíseos do lado oeste da bacia

que se constitui na principal forçante da geração de ondas equatoriais (efeitos não

locais propagando-se zonalmente), e que afetam a dinâmica do ciclo sazonal,

superpondo-se aos forçamentos locais descritos pelo bombeamento de Ekman. No

entanto, a investigação sobre esta dinâmica não faz parte deste trabalho introdutório.

112

10 No

0o

10 So

20 So

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

Des

vio

Padr

ão

20 Eo

(A) INTENSIDADE DO CISALHAMENTO

(B) COMPONENTE ZONAL

(C ) COMPONENTE MERIDIONAL

10 No

0o

10 So

20 So

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

10 No

0o

10 So

20 So

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

Des

vio

Pad

rão

Des

vio

Padr

ão

Fig. 6.17 – Desvio-padrão para o período 1978-1986: (a) cisalhamento; (b) componente zonal e (c) componente meridional.

113

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

10 Wo 0o

Longitude

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

50 Wo 30 Wo40 Wo

Longitude

(b) NOA(a) NEA

0 0,05 0,1 0,15

τ (N/m )2

Longitude

Fig. 6.18 – Ciclo sazonal do cisalhamento do vento, média por regiões: (a) NEA; (b) NOA; (c) ATO e (d) ATL.

Analisando o cisalhamento do vento em termos de seus componentes, observa-se que

o componente zonal é geralmente mais intenso que o meridional, exceto no leste da

bacia, próximo à costa africana, quando este componente é de igual ou maior

magnitude que o zonal.

Quanto à distribuição espacial dos componentes, os ventos zonais seguem um mesmo

padrão durante o ano, caracterizado por ventos de leste (positivos) na porção central e

oeste da bacia, e ventos de oeste (negativos) próximo à costa africana. Em geral, os

ventos zonais são mais intensos no oeste que no leste, em média -0,05 N/m2 contra

114

0,01 N/m2. Apesar de manter este padrão de distribuição espacial durante o ano,

observa-se que, na faixa equatorial (entre o equador e 10oN), o limite onde o vento

passa de vento de leste a vento de oeste varia zonalmente. De janeiro a maio, tal

limite localiza-se aproximadamente em 15oW. Em junho, começa a migrar para oeste,

alcançando em agosto sua máxima posição, em 30oW. A partir de setembro, começa

retornar para leste, chegando, em dezembro, à posição observada no início do ano

(Figura 6.19).

De forma semelhante aos ventos zonais, a distribuição espacial do componente

meridional mantêm-se durante o ano, com ventos de sul (positivos), ao sul da faixa

5oN-equador, e ventos de norte (negativos), ao norte daquela faixa. O limite onde

ocorre esta “mudança de sentido” também migra ao longo dos meses, porém os

deslocamentos são menores do que aqueles observados nos ventos zonais (Figura

6.20).

As figuras 6.21 e 6.22 mostram a variabilidade temporal, respectivamente, dos

componentes meridional e zonal, nas regiões estudadas. Pode ser observado que

somente o componente zonal no lado oeste da bacia apresenta forte ciclo sazonal.

115

0,100,05-0,05 0

τ y (N/m )2

Janeiro Fevereiro Março Abril

Maio Junho Julho Agosto

Setembro Outubro Novembro Dezembro

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

Fig. 6.19 – Componente Zonal do Cisalhamento do Vento na Superfície – Média Mensal Climatológica (1978/1986)

116

0,100,05-0,05 0

τ x (N/m )2

Janeiro Fevereiro Março Abril

Maio Junho Julho Agosto

Setembro Outubro Novembro Dezembro

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo 40 Wo 20 Wo 0o 20 Eo

Fig. 6.20 – Componente Meridional do Cisalhamento do Vento na Superfície – Média Mensal Climatológica (1978/1986)

117

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

10 Wo

0o

Longitude

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

50 Wo 30 W

o

40 Wo

Longitude

(b) NOA(a) NEA

0,100,05-0,10 -0,05 0

τ y

(N/m )2

Fig. 6.21 - Ciclo sazonal do componente meridional do vento, por regiões: (a) NEA; (b) NOA; (c) ATO e (d) ATL. Região rachurada em cinza corresponde a áreas sobre o continente.

118

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

10 Wo 0o

Longitude

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

Longitude

(b) NOA(a) NEA

0,100,05-0,10 -0,05 0

τ x (N/m )2

50 Wo 30 Wo40 Wo

Fig. 6.22 – Ciclo sazonal do componente zonal do vento, por regiões: (a) NEA; (b) NOA; (c) ATO e (d) ATL. Região rachurada em cinza corresponde a áreas sobre o continente.

119

BOMBEAMENTO DE EKMAN.

Observando as imagens climatológicas de we (Figura 6.23) identificam-se três feições

distintas: uma com velocidade positiva de 0,2 a 0,5 x 10-5 m/s (ressurgência), ao longo

da costa africana; outra, com velocidade negativa de até -0,5 x 10-5 m/s (subsidência),

que ocupa grande parte da bacia, e uma terceira, com velocidade negativa muito

elevada, superior a -1,5 x 10-5 m/s, próximo ao equador.

A distribuição espacial daquelas feições varia ao longo do ano, sendo mais intensa

entre 4oN e 20oN. No verão-outono do HS, de janeiro a abril, o leste da bacia, ao longo

da costa africana, é caracterizado por velocidades positivas, sendo favorável à

ressurgência. Próximo à faixa equatorial, entre 4oN e 2oN, e entre 2oS e 3oS, localiza-

se uma zona de forte subsidência, que corresponde às contra-correntes equatoriais

adjacentes ao Equador (Bourles et al., 1998; Stramma e Schott, 1999). Esta zona

estende-se da costa do Brasil até aproximadamente 15oW. Nas demais áreas do

Atlântico Tropical a velocidade é baixa e negativa, em média -0,1 x 10-5 m/s.

Em maio, a zona de ressurgência que ocorre entre 4oN e 20oN começa a migrar para

noroeste, alcançando, em agosto, sua máxima extensão, quando ocupa uma área que

vai da África ao Brasil. No mesmo período, a zona de subsidência intensifica-se,

estendendo-se para leste até 10oW. Observa-se também um aumento da extensão da

zona de ressurgência no sudeste da África. Nas demais áreas, o padrão mantém-se

praticamente inalterado, com pequenos de pontos de ressurgência aparecendo na

costa brasileira.

De setembro a novembro, a zona de subsidência mantém-se fortalecida e, a de

ressurgência, observada ao norte enfraquece-se, retornando em dezembro à sua

posição inicial. Neste período, a região de ressurgência no sudeste migra para oeste,

ocupando a área a leste de 10oW.

O padrão espacial descrito aqui é concordante com o obtido por McClain et al. (1990),

exceto em relação à zona de forte subsidência. Isto porque tal zona localiza-se na

região onde, naquele trabalho, we não foi calculada (faixa equatorial foi 5oN-5oS).

Na Figura 6.24 encontram-se os gráficos “tempo x longitude” da série temporal de we,

por região. Ao contrário das variáveis anteriores, para as quais a série temporal foi

obtida por uma média aritmética simples, neste caso, a série foi extraída através de

média ponderada pela área. Este fato, deve-se a observação de que em determinadas

120

Janeiro Fevereiro Março Abril

Maio Junho Julho Agosto

Setembro Outubro Novembro Dezembro

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

<-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 >2

Bombeamento/Sucção de Ekman W (x 10 m/s)

e

- 5

Fig. 6.23 - Bombeamento/Succão de Ekman - Média Mensal Climatológica (1978/1986)

121

regiões, alguns pontos com velocidade muito elevada superestimavam a média

simples.

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

10 Wo

0o

Longitude

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

50 Wo 30 W

o

40 Wo

Longitude

(b) NOA(a) NEA

<-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 >2

Bombeamento/Sucção de EkmanW (10 m/s)

e

- 5

JF

MA

MJ

JA

SO

ND

Fig. 6.24 – Ciclo sazonal do bombeamento de Ekman, por regiões: (a) NEA; (b) NOA; (c) ATO e (d) ATL. Regiões rachuradas em cinza corresponde a áreas sobre continente.

Analisando a Figura 6.24, observa-se que, no Atlântico Tropical, we não exibe um

nítido ciclo sazonal, exceto em uma parte do ATO, entre 40oW e 25oW, e na região

NEA. De uma maneira geral, as regiões localizadas no leste são favoráveis à

122

ressurgência (we é positivo) durante todo o ano, enquanto as localizadas no oeste são

caracterizadas por subsidência.

Este padrão de distribuição temporal é consistente com o trabalho de Levitus (1988),

que demostrou que apenas a faixa entre o equador e 10oN (aqui inserida

predominantemente na região NEA) apresenta variação anual significativa,

caracterizada por velocidades positivas de março a outubro e por velocidades

negativas de outubro a março. Este padrão de distribuição reflete a migração para

oeste da zona de ressurgência observada na costa noroeste da África.

6.3.2. O PERÍODO 1978-1986

No apêndice B encontram-se os gráficos que mostram a distribuição temporal durante

o período que vai de 1978 a 1986 dos parâmetros: TSM; cisalhamento; componentes

meridional e zonal do cisalhamento; e we. Observa-se que, apesar de alguma

variabilidade interanual, o ciclo sazonal observado na climatologia é verificado quando

em todos os anos do período 1978-1986.

De todos os parâmetros, o que apresenta ciclo sazonal melhor definido é a TSM. A

variação que ocorre é derivada de variações interanuais na amplitude do ciclo sazonal.

O mesmo não ocorre com os demais parâmetros, que apresentam um comportamento

“irregular” quando comparados à TSM. Esta “irregularidade” é originada tanto por

variações na amplitude quanto na duração do ciclo sazonal. Apesar da

“irregularidade”, a forma das curvas (Figura apendice B) é semelhante àquelas

observadas na climatologia, constatando que o ciclo sazonal é o maior sinal do

Atlântico Tropical, durante o período examinado.

6.4. COR DO OCEANO: VARIABILIDADE DA CONCENTRAÇÃO DE PIGMENTOS

Como demostrado no item 6.1.1, a base CZCS sobre o Atlântico Tropical restringe-se

ao período que vai de novembro de 1978 a fevereiro de 1980. Na figura 6.25

encontram-se as imagens deste período. Observando-as torna-se claro que, apesar

deste ser o período mais completo, ainda sim, a cobertura do CZCS sobre o Atlântico

Tropical é bastante irregular. Tal fato prejudicou em muito as análises sobre a

variabilidade temporal da concentração de pigmentos.

123

Novembro_1978 Dezembro_1978 Janeiro_1979 Fevereiro_1979

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

0,04 0,1 0,2 0,3 0,4 0,6 1 4 7 10

Concentração de Pigmentos (mg/m )3

Fig. 6.25 - Imagens CZCS nível 3 - Média Mensal 1978 a 1980.

(continua)

(conclusão Figura 6.25)

124

Janeiro_1980 Fevereiro_1980

Março_1979 Abril_1979 Maio_1979 Junho_1979

Julho_1979 Agosto_1979 Setembro_1979 Outubro_1979

Novembro_1979 Dezembro_1979

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo 20 S

o

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

0,04 0,1 0,2 0,3 0,4 0,6 1 4 7 10

Concentração de Pigmentos (m/gm )3

125

No período 1979-1980, de uma maneira geral o Atlântico Tropical foi caracterizado por

apresentar baixas concentrações de pigmentos ao longo do ano, no máximo de 0,1

mg/m3. Exceção a este padrão ocorre em três regiões:

Atlântico Tropical Leste (ATL), a leste de 20oW entre 2oS e10oS;

Nordeste da América do Sul (NEA), de 50oW até 35oW entre 10oN e 5oN;

Noroeste da África (NOA), a leste de 20oW entre 20oN e 5oN.

Deve ser observado que o ATL engloba a região conhecida como Golfo da Guiné.

Para melhor analisar a variabilidade temporal, como feito anteriormente para as

forçantes físicas, o Atlântico Tropical foi particionado em quatro regiões, para as quais

foram calculadas as respectivas médias e desvios padrão, que servem de índices

mais fáceis de se analisar, ver Servain (1991) como exemplo. Para evitar que as

médias fossem superestimadas, “pixels” com valores superior a 10 mg/m3 foram

considerados dados espúrios ( “outliers” ) e excluídos dos cálculos .

Campbell et al. (1995) demostraram que as medidas de concentração de pigmentos

tendem a distribuir-se lognormalmente (o logaritmo da concentração de pigmentos é

normalmente distribuído) e propuseram que a média de tais medidas deve ser

calculada por um estimador de máxima verossimilhança (EMV) para variáveis

distribuídas lognormalmente. Segundo aqueles autores este método é mais acurado

que a média aritmética simples, e vem sendo utilizado para obter os produtos nível-3

do sensor SeaWiFS. Este estimador foi anteriormente empregado por Monger et al.

(1997) em estudo semelhante, sendo dado pela equação abaixo:

)exp(2

2x

xmles

mX +=

onde,

xmle é o estimador da média de amostras distribuídas lognormalmente;

mx é a média ponderada pela área;

s2x é a variância ponderada pela área.

Na Figura 6.26 encontram-se as médias da concentração de pigmentos das quatro

regiões estudas, obtidas pelo método EMV. Deve ser observado que só foram

126

plotados os meses em que havia pelo menos 40% de “pixels” válidos. Apesar da

ausência de dados, verificou-se que as médias estimadas representam

qualitativamente a variabilidade observada nas imagens, e melhor ilustram o ciclo

sazonal no Atlântico Tropical.

Fig. 6.26 – Variabilidade temporal da concentração de pigmentos entre novembro de 1978 e fevereiro de 1980, média por regiões.

Analisando a figura anterior em conjunto com as imagens de pigmentos, algumas

considerações sobre o ciclo sazonal da concentração de pigmentos podem ser

traçadas:

A oeste de 20oW, na região ATO, a concentração de pigmentos é a mais baixa,

cerca de 0,2 mgm-3, e uniforme ao longo do ano;

Nas demais regiões, há uma evidente variabilidade temporal, com a mínima

concentração ocorrendo por volta de abril-maio-junho de 1979, e a máxima,

ocorrendo em outubro-novembro-dezembro do mesmo ano;

Daquelas três regiões com evidente ciclo sazonal, a que apresenta maior

concentração de pigmentos é NOA. Entretanto, nesta região é difícil

acompanhar a evolução do ciclo anual devido à ausência de dados.

A região ATL apresenta a maior extensão de áreas com alta concentração de

pigmentos. Nesta região, a concentração de pigmentos começa a intensificar-

se no mês de junho de 1979, na área próxima à costa africana. De junho a

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

meses 1978 a 1980

conc

entra

ção

de p

igm

ento

s (m

g/m

3)

ATL

ATO

NOA

NEA

127

dezembro do mesmo ano, observa-se uma elevação da concentração

concomitante a sua propagação para oeste. A partir de janeiro 1980, a

concentração de pigmentos diminui em toda a região ATL;

A feição mais nítida nas imagens da cor do oceano sobre o Atlântico Tropical é

a que ocorre na região do NEA. Nesta região, a área de alta concentração de

pigmentos é caracterizada pelo seu formato ondulatório, estendo-se da costa

norte da América do Sul até aproximadamente 35oW. Esta feição é nítida e

intensa, com com valores de até 1 mg/m3, em outubro de 1979 e ausente nos

meses de janeiro. O formato ondulatório desta feição tem origem na retroflexão

sazonal da Contra-Corrente Norte Equatorial (CCNE), assunto muito abordado

na literatura (Muller-Karger et al, 1988; Johns et al., 1990; Holvorcem e Vianna,

1992), e deve-se a vórtices e ondas equatoriais, processos físicos fora do

escopo deste trabalho.

Os resultados descritos anteriormente são consistentes com os aqueles encontrados

por McClain et al. (1990), Longhurst (1993), Yoder et al. (1993), McClain e Firestone

(1993), Banse e English (1994) e Monger et al. (1997). Apesar destes estudos

utilizarem produtos e procedimentos diferentes, a caracterização do ciclo sazonal da

concentração de pigmentos foi de maneira geral semelhante.

É natural que a concordância não fosse perfeita pois Longhurst (1993) e Monger et al.

(1997) realizaram suas análises sobre imagens CZCS na resolução de 18 km,

enquanto o presente trabalho, o de McClain et al. (1990) e Banse e English (1994)

utilizaram imagens 1o, que degradam a qualidade das informações espaciais. Além

disto, a caracterização da variabilidade temporal foi realizada por diferentes métodos.

Longhurst (1993) se baseou apenas na descrição visual das imagens; Monger et al.

(1997) restringiram suas análises à região do ATL, estimando a média entre 3oN e 3oS

pelo método adotado aqui, e calculando a produtividade primária na região delimitada

por 25oW-10oE e 5oN-5oS; Banse e English (1994), ao invés da média utilizaram a

mediana, em três regiões que não são totalmente concordantes com as definidas no

presente trabalho; McClain et al. (1990) extraíram a série temporal através da média

aritmética, em algumas regiões que também não possuem a mesma extensão e

localização das adotadas aqui.

128

Em geral, os trabalhos citados anteriormente adotaram critérios menos rígidos para

plotar os dados e, por este motivo, as curvas obtidas por eles não apresentam falhas.

Aqui, adotou-se o critério de utilizar somente as médias que foram estimadas com

40% dos “pixels” válidos. Como pode ser observado nas tabelas que se encontram no

apêndice C, algumas regiões possuíam apenas 7 “pixels” válidos! E, assim, tais

médias não são representativas da concentração de pigmentos em regiões tão

extensas como as adotadas aqui. Por tal motivo, foram excluídas dos gráficos e dos

cálculos do coeficiente de correlação.

6.5. CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS FÍSICAS LOCAIS E A CONCENTRAÇÃO DE PIGMENTOS

A análise conjunta das variáveis: pigmentos, TSM, cisalhamento e we restringiu-se ao

período que vai de março de 1979 a fevereiro de 1980. Esta análise consistiu

basicamente em:

Verificar visualmente a distribuição espacial daquelas variáveis;

Calcular a correlação entre a concentração de pigmentos e as variáveis

relacionadas às forçantes físicas locais. Como descrito na metodologia, foi

calculado o coeficiente de correlação linear tanto em cada ponto da grade

quanto para as regiões mencionadas anteriormente. Devido ao baixo número

de observações (n < 12) optou-se pela correlação não paramétrica, que é mais

adequada nestes casos. O coeficiente de correlação utilizado foi o coeficiente

Spearman.

O objetivo de estimar a correlação foi ter uma primeira idéia do peso de cada uma das

variáveis, que representam os vários processos locais que afetam o fluxo vertical de

nutrientes, na variabilidade temporal da concentração de pigmentos. Deve ser

observado que tais análises foram muito prejudicadas pelo reduzido número de

observações e não são conclusivas.

A ausência de dados nas imagens CZCS não se restringe ao Atlântico Tropical, sendo

inclusive um fato comum na maioria das regiões do globo. Outros autores (Strubb et

al., 1990; Comiso et al., 1993; Fieldler, 1994) minimizaram este problema quando

testaram a correlação fazendo uma análise qualitativa dos coeficientes de correlação

comparando-os entre si. Esta estratégia foi também adotada no presente trabalho.

129

Este fato significa que não foram feitos todos testes e considerações necessárias da

análise de regressão.

No apêndice D, encontram-se as imagens de: TSM, cisalhamento e seus

componentes e bombeamento de Ekman para o período estudado: março de 1979 a

fevereiro de 1980. Analisando essas imagens em conjunto com as de pigmentos,

observa-se que de todas as variáveis relacionadas à física, a que apresenta maior

similaridade com a distribuição espacial da concentração de pigmentos é o

bombeamento de Ekman. A figura 6.27 mostra as médias anuais destas variáveis.

Pode ser observado que, em geral, as concentrações de pigmentos são altas nas

regiões onde we é favorável à ressurgência. Infelizmente, não é possível quantificar tal

relação pois não foi calculada a correlação entre as imagens. Esta concordância

espacial foi, também, anteriormente notada por McClain et al. (1990) e McClain e

Firestone (1993).

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

<-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

W(1

0m

/s)

e

-5

1,5

>2

Fig. 6.27 – Média anual da concentração de pigmentos (à esquerda) e bombeamento de Ekman (à direita).

A figura 6.28 mostra o coeficiente de correlação em cada ponto da grade, e na tabela

6.1 encontra-se a matriz de correlação por região. De uma maneira geral, no Atlântico

Tropical, a correlação entre a concentração de pigmentos com às forçantes físicas é

maior do aquelas obtidas por Comiso et al. (1993) no Oceano Austral (com a TSM r

variou de -0,07 a -0,064; com o cisalhamento r variou de -0,217 a 0,085; e com we r

variou de -0,085 a -0,001) e por Fiedler (1994) no Pacífico Tropical.

130

0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1

0,2

0,4

0,6

0,8

coef

icie

nte

de c

orre

laçã

o (r

)

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

(A) PIGMENTO X TSM

0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1

0,2

0,4

0,6

0,8

coef

icie

nte

de c

orre

laçã

o (r

)

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

(B) PIGMENTO X CISALHAMENTO

0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1

0,2

0,4

0,6

0,8

coef

icie

nte

de c

orre

laçã

o (r

)

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

(C ) PIGMENTO X COMPONENTE ZONAL

0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1

0,2

0,4

0,6

0,8

coef

icie

nte

de c

orre

laçã

o (r

)

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1

0,2

0,4

0,6

0,8

coef

icie

nte

de c

orre

laçã

o (r

)

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

(D) PIGMENTO X COMPONENTE MERIDIONAL (E) PIGMENTO X BOMBEAMENTO

20 So

10 So

0o

10 No

20 No

60 Wo

40 Wo

20 Wo

0o

20 Eo

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Núm

ero

de o

bser

vaçõ

es

(F) NÚMERO DE OBSERVAÇÕES

Fig. 6.28 – Coeficiente de correlação em cada ponto de grade e o número de observações.

- 131 -

TABELA 6.2 – CORRELAÇÃO ENTRE A CONCENTRAÇÃO DE PIGMENTOS E AS

VARIÁVEIS FÍSICAS LOCAIS POR REGIÃO

TSM CIS ZON MER WE ATL -0,255 -0,772 0,473 -0,827 0,182NOA 0,5 -0,267 -0,817 -0,633 0,533NEA 0,482 0,009 0,045 0,073 -0,145

Em virtude da discussão neste trabalho ser restrita ao ATL, só será analisado os

coeficientes de correlação nesta região. Na figura 6.29 encontram-se os gráficos de

dispersão entre a concentração de pigmentos e as variáveis físicas locais no ATL.

Fig. 6.29 - Diagramas de Dispersão entre a concentração de pigmentos e as variáveis físicas locais no ATL.

Analisando a figura 6.28 em conjunto com a tabela 6.2 pode-se observar que no ATL,

as variáveis físicas melhor correlacionadas com a concentração de pigmentos foram: o

componente meridional do cisalhamento (r = ~-0,8) e a intensidade do cisalhamento (r

= ~-0,7). Deve ser notado que no ATL, os ventos são predominante de sul

132

(componente meridional), sendo a componente zonal desprezível, tanto que a

intensidade do cisalhamento e o componente meridional são altamente

correlacionados (r foi igual a 0,97, o que explica 94 % da variância da intensidade).

O surpreende na alta correlação que há entre as séries temporais de pigmentos e o

cisalhamento é sua relação inversa. Os ventos meridionais na região próxima à costa

africana induzem a ressurgência das águas subsuperficiais, o que poderia explicar a

alta correlação que há entre estas variáveis no ATL. Porém, não explica a relação

inversa que há entre elas. O que se é esperado é que, à medida que o componente

meridional intensifique-se, aumente a ressurgência costeira e a concentração de

pigmentos na coluna d’água seja realçada, isto é, haja uma relação direta, e não

inversa, como foi o caso. Um dos motivos que pode explicar esta forte relação inversa

é o fato que as imagens CZCS no bimestre junho-julho, de acordo com Monger et al.

(1997), subestimam a concentração de pigmentos por um fator superior a 4.

De todas as variáveis físicas locais a que apresentou menor correlação com

pigmentos foi o bombeamento de Ekman (r= 0,18). Tal fato significa que a

variabilidade temporal da concentração de pigmentos é controlada por outros

processos que não a ressurgência gerada por ventos locais, apesar da distribuição

espacial daquela variável estar condicionada ao bombeamento de Ekman. Para

ilustrar este fato, extraiu-se a série temporal de ambas as variáveis para uma subárea

do ATL, localizada entre 5oS-10oS e 0o a costa africana (Figura 6.30). Pode-se

observar que não há relação evidente entre os ciclos sazonais da concentração de

pigmentos e do bombeamento.

133

00.10.20.30.40.50.60.70.80.9

11.11.21.31.41.51.61.71.81.9

2

mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

meses

conc

entra

ção

de p

igm

ento

s (m

g/m

3)

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

we

(x 1

0-5

m/s

)

pigmentowe

Fig. 6.30 – Ciclo sazonal da concentração de pigmento e do bombeamento de Ekman para uma subárea do ATL (5oS-10oS e 0o a costa africana).

Nota-se, ainda, que apesar da TSM e da concentração de pigmentos exibirem relação

inversa, como era esperado, o coeficiente foi relativamente baixo, cerca de –0,25. Isto

nos leva a supor que a TSM do ATL não seja apenas governada pelos processos

dinâmicos do oceano, mas também por processos termodinâmicos da interface

oceano-atmosfera (Houghton, 1991; Servain et al., 1998).

Resumindo a relação entre a distribuição da concentração de pigmentos e as variáveis

físicas locais no ATL pode ser descrita como :

1. A zona de alta concentração de pigmentos no ATL ocorre em uma área que é

favorável a ressurgência durante todo o ano;

2. Na qual a TSM varia sazonalmente em cerca de 5oC de uma estação a outra

(mínimos valores de TSM ocorrendo por volta de junho a outubro e máximos

ocorrendo de janeiro a maio);

3. Onde os ventos são predominantemente meridionais (de sul); a intensidade do

cisalhamento varia pouco (desvio padrão é em média 0,01 N/m2), com máxima

intensidade do componente meridional ocorrendo em maio-junho;

134

4. A única das variáveis físicas examinadas que apresentou correlação significante

com a variabilidade da concentração de pigmentos foi o componente meridional

(e/ou intensidade do cisalhamento), sendo esta relação inversa.

135

CAPÍTULO 7

DISCUSSÃO

Como observado nas imagens CZCS, o Atlântico Tropical exibiu no biênio 1978-1980

três áreas com alta concentração de pigmentos, localizadas, respectivamente: no

noroeste da África; no nordeste da América do Sul e, o mais extenso, no Atlântico

Oriental.

Devido à baixa resolução das imagens utilizadas (1o), não foi possível separar a área

costeira do Golfo da Guiné (GG) daquela do Atlântico Tropical Leste como feito em

trabalhos anteriores. Sobre este assunto, Longhurst (1993) considera o GG como um

caso especial do ATL, e Monger et al. (1997) propõem que alguns dos mecanismos

que induzem e mantêm o alta concentração no ATL são semelhantes àqueles

discutidos por Longhurst para o GG. Assim, não é tão errôneo considerá-los como

uma única área, como feito aqui.

A principal característica da variabilidade da concentração de pigmentos nas regiões

citadas anteriormente é a sazonalidade, conforme pôde ser observado na figura 6.26.

A constatação de que o ciclo sazonal é muito importante no Atlântico Tropical é

apoiada pelo exame das forçantes físicas, cuja base de dados é mais completa do que

a de pigmentos, como demonstrado no capítulo anterior.

Além da sazonalidade, as regiões analisadas apresentam também variação interanual.

Esta variação é mais nítida no lado leste da bacia: diferença de 0,3 mg/m3 entre os

meses de dezembro de 1978 e de 1979 no ATL, e, 0,45 mg/m3 no NOA, contra 0,1

mg/m3 no NEA. Em geral, as áreas de alta concentração no último bimestre de 1979

foram mais intensas e extensas do que aquelas observadas em 1978.

McClain et al. (1990), analisando várias regiões no Atlântico, inclusive o ATL e NOA,

investigaram as possíveis origens daquela diferença, e, sugerem que esta é realmente

uma variabilidade interanual, e não originada pela redução da sensibilidade

radiométrica do sensor. Como se sabe, a perda radiométrica nas bandas 1 (443 nm) e

2 (520nm) foram maiores do que na banda 3 (550 nm) (Gordon et al., 1983; Evans e

Gordon, 1994). Se o procedimento de correção deste problema não é eficiente, a

concentração de pigmentos derivada das imagens tende a aumentar com o tempo, de

forma semelhante em todas as regiões. McClain et al. (1990) basearam-se nesta

premissa, e observaram que das regiões analisadas por eles, em um total de 11,

136

somente aquelas localizadas no leste do Atlântico Tropical apresentavam diferenças

entre os anos de 1978 e 1979. E, assim, concluíram que tais diferenças derivam da

variabilidade interanual.

Estendendo o raciocínio de McClain et al (1990) para as demais regiões do Atlântico

Tropical, concluí-se que sobreposto à forte sazonalidade, a concentração de

pigmentos exibe também variabilidade interanual em toda a bacia. Infelizmente, não é

possível com a base CZCS documentar de forma consistente esta variabilidade, já que

a série temporal formada por aquelas imagens é curta.

Tendo em vista a extensão e a complexidade do assunto, afinal, como descrito no

capítulo anterior, as condições oceanográficas e o ciclo anual são diferentes para as

diferentes regiões, aqui será analisado apenas aquele que ocorre no Atlântico Tropical

Leste. Para maior detalhe sobre as demais regiões, consulte: Müeller-Karger et al.

(1988); Müeller-Karger et al. (1989); Longhurst (1993); Longhurst (1995b); Müeller-

Karger et al. (1995) (para a alta concentração associada a dispersão das águas do rio

Amazonas e a retroflexão da CNB que ocorre na região NEA); Wooster et al. (1976),

Nelson e Conway (1979), McClain et al. (1990), Van Camp et al. (1991), Longhurst

(1993), McClain e Firestone (1993) (para a região NOA).

7.1. O ATLÂNTICO TROPICAL LESTE

Como descrito no capítulo anterior, a formação do área de alta concentração de

pigmentos no ATL teve início em junho de 1979 e alcançou sua máxima intensidade e

extensão durante o último bimestre do ano. Neste bimestre, ocupou toda a área a leste

de 20oW entre 2oN e 10oS chegando a 1 mg/m3, em média. Deve ser salientado que as

imagens dos meses de junho e julho tendem a subestimar a concentração de

pigmentos in situ e, assim, a concentração de pigmentos neste bimestre é maior do

que a derivada das imagens.

Como demonstrado por Herbland e Voituriez (1979), no ATL existe uma associação

permanente entre a profundidade de máxima concentração de clorofila (PMC), o topo

da nitraclina e a profundidade de máxima produtividade primária (PMP). A nitraclina

como definida por Minas et al. (1983) corresponde ao ponto de inflexão no perfil

vertical de nitrato, dividindo a camada superficial, em duas partes: acima da nitraclina,

as águas são pobres em nitrato e, abaixo, possuem alta concentração. Nesta segunda

137

camada, a intensidade luminosa é geralmente um fator limitante, principalmente

quando a nitraclina é profunda.

O fato de estatisticamente a PMC, a nitraclina e PMP serem coincidentes significa que

ao contrário do Pacífico, a produtividade no ATL é limitada por nutrientes (Voituriez e

Herbland, 1979; Monger et al., 1997).

McClain et al. (1990) investigaram o possível papel do transporte eólico de nutrientes

traços do deserto do Saara para a região ATL e concluíram que aparentemente este

não é um fator que influencie a variabilidade de biomassa na região. Assim, pode-se

concluir que a indução e a manutenção da alta concentração é conectada,

principalmente, aos mecanismos físicos que transportam nutrientes à camada

superficial.

Como mencionado no capítulo 1, nos anos 80, dois mecanismos foram propostos para

explicar o enriquecimento de nutrientes: ressurgência resultante da divergência

equatorial forçada pelo cisalhamento dos ventos (Minas et al., 1983 e Herbland et al.,

1983) e mistura turbulenta entre o ramo norte da Corrente Sul Equatorial (CSEN) e a

Corrente Equatorial Subsuperficial (CESS) (Voituriez e Herbland, 1979). Entretanto,

como observado por Longhurst (1993), tais processos não são suficientes para

explicar a extensão e a variabilidade temporal da concentração de pigmentos no ATL,

como demonstrado pelas imagens CZCS.

Os resultados obtidos no presente trabalho são consistentes com tal observação, pois

o coeficiente de correlação entre a variável we (que expressa a ressurgência forçada

por processos locais) e a concentração de pigmentos foi o menor entre todas as

variáveis analisadas (r = 0,18, o que explica apenas 3% da variabilidade da

concentração de pigmentos!). É lógico que a série de dados foi pequena e que há um

intervalo entre a injeção de nutrientes na camada superficial e o desenvolvimento do

fitoplâncton, fato não considerado na correlação estimada aqui. E assim, os resultados

devem ser interpretados com cautela.

Longhurst (1993) notou, também, que a formação da língua fria é concomitante ao

desenvolvimento das altas concentrações e acontece aproximadamente sobre a

mesma região, fato também observado aqui. Então, propôs que os mecanismos que

induzem a formação da língua de águas frias devem ser os mesmos que induzem a

formação da alta concentração.

138

O resfriamento no ATL ocorre não apenas pela ressurgência local, mas é, também,

forçado remotamente por variações na intensidade dos ventos alíseos de SE, no lado

oeste da bacia equatorial. Em maio, quando a componente zonal do vento nesta

localidade intensifica-se bruscamente, como conseqüência ao súbito deslocamento

para norte da ZCIT, induz, no final do mês, a formação de uma onda Kelvin de

ressurgência que propaga-se para leste.

Hastenrath e Merle (1987) mostraram que uma das conseqüências da intensificação e

relaxamento dos ventos zonais, a oeste de 35oW, é a variação na profundidade da

termoclina e da camada de mistura ao longo da bacia. Esta variação é tal que, de abril

a agosto, a termoclina e a camada de mistura tornam-se profundas no lado oeste, e

rasas no leste da bacia, como conseqüência de forçamentos diretos, e “não locais”.

Longhurst (1993) baseado em trabalhos anteriores (Voituriez et al., 1982 e Oudot,1987

citados por Longhurst, 1993; Herbland et al., 1983; Herbland et al., 1987), verificou

que, também a PMC e a nitraclina respondem de maneira semelhante ao forçamento

remoto. E concluiu que a sazonalidade observada nas imagens deve-se as variações

da PMC, que torna-se rasa durante junho-agosto, passível de ser detectada por

sensoriamento remoto, propondo o seguinte modelo conceitual para explicar as altas

concentrações de pigmentos em todo o ATL:

1) As altas concentrações observada nas imagens ocorre em uma região onde o

cisalhamento do vento apresenta pequena variabilidade sazonal, e o rotacional é

fraco e tem sinal negativo;

2) A indução da formação da zona de altas concentrações deve-se ao forçamento

remoto, originado pela intensificação do componente zonal do vento no oeste da

bacia equatorial. Os ventos zonais, ao tornarem-se intensos naquela região fazem

com que a termoclina, a nitraclina e a PMC tornem-se rasas no ATL, com

defasagem de 1 mês, tipicamente. Na mesma época, o componente meridional dos

ventos locais alcança sua máxima intensidade;

3) Esta componente meridional fortalecida intensifica o transporte de águas frias e

ricas em nutrientes através do gradiente termal. Combinado com a nitraclina rasa,

que não é mais limitada pela luminosidade, transforma a PMC em uma floração

superficial.

139

4) Esta floração mantém-se até o final do ano porque a termoclina e nitraclina

continuam em profundidades baixas, apesar do fluxo positivo de calor e da mistura

devido aos ventos meridionais locais.

Comparando o modelo proposto por Longhurst com os resultados obtidos no trabalho,

observa-se que realmente, no ATL, a variabilidade sazonal do cisalhamento do vento é

pequena, cerca de 0,02 N/m2, e o desenvolvimento da zona de altas concentrações

inicia-se quando o componente meridional dos ventos locais e o componente zonal no

ATO estão fortalecidas. Além disto, de todos os parâmetros avaliados, o que

apresentou maior coeficiente de correlação com a concentração de pigmentos foi o

componente meridional do vento, tanto em cada ponto de grade, quanto por regiões

(r= -0,8, o que explica cerca de 64% da variabilidade da concentração de pigmentos).

Apesar do modelo conceitual proposto por Longhurst (1993) explicar melhor a indução

da alta concentração de pigmentos do que os anteriores (Voituriez e Herbland, 1979;

Minas et al., 1983; Herbland et al., 1983), ele não consegue explicar de forma

satisfatória a sua manutenção até dezembro, e nem o seu enfraquecimento a partir de

janeiro. Além disto, não explica também a ausência de variabilidade sazonal entre 4oW

e 10oW, como observado nas imagens e estudos in situ.

Monger et al. (1997), baseados em estudos anteriores, verificaram que a dinâmica da

termoclina gerada por forçamento remoto não é suficiente para manter a alta

concentração após agosto, já que após este mês a termoclina retorna a sua condição

original, em maiores profundidades. Desta forma, utilizando os recentes

conhecimentos sobre a dinâmica dos oceanos tropicais, simulação por modelos,

dados in situ, e as imagens do CZCS, os autores propuseram um modelo conceitual

mais completo. Tal modelo explica a maior influência do forçamento remoto originado

pela intensificação do componente zonal do vento, no oeste da bacia equatorial.

Porém, a manutenção das altas concentrações no ATL é explicada pela variação

sazonal da posição relativa entre a CESS e a termoclina. Segundo Vinogradov (1981)

e Reverdin (1996), a CESS é a principal fonte de água subtropical que ressurge nos

oceanos Pacífico e Atlântico. O modelo proposto por Monger et al (1997) pode ser

resumido da seguinte forma (Figura 7.1):

1) Em abril, os ventos alíseos no ATL são moderados e geram fraca ressurgência.

Como o núcleo da CESS encontra-se acima da termoclina, e como

140

demonstrado por Herbland et al. (1983), corresponde à nitraclina, as águas que

ressurgem na superfície apresentam baixa concentração de nutrientes;

2) Em junho e julho, a termoclina, pelo forçamento remoto, torna-se rasa no ATL,

enquanto o núcleo da CESS não apresenta variações significativas de

profundidade. Assim, a água ressurgida apresenta alta concentração de nitrato;

3) A combinação de forte ressugência e alta concentração de nitrato produz um

forte fluxo vertical advectivo de nutrientes;

4) Em outubro e novembro, a termoclina retorna a sua posição original de maior

profundidade, porém o núcleo da CESS aprofunda-se em relação ao nível de

abril, encontrando-se na mesma profundidade que a termoclina. Assim, a água

ressurgida apresenta maior concentração de nitrato do que em abril. Além

disto, os ventos zonais no ATO são mais intensos neste bimestre do que

naquele mês, sendo favorável à ressurgência no leste, e ao fluxo vertical de

nutrientes.

5) No mês de janeiro, o núcleo da CESS encontra-se acima da termoclina e,

consequentemente, a água que ressurge é pobre em nutrientes, sendo o fluxo

vertical de nitrato extremamente reduzido.

0

20

40

60

80

100

2 So

0o

2 No

Prof

undi

dade

(m)

CESS

Jan-Mai

termoclina

2 So

0o

2 No

CESS

Jun-Ago

2 So

0o

2 No

CESS

Set-Dez

Fig. 7.1 - Modelo conceitual proposto por Monger et al. (1997) para explicar a variabilidade da concentração de pigmentos no ATL. CESS é a Corrente Equatorial Subsuperficial. A região rachurada é proporcional à concentração de nitrato. E as setas indicam o transporte. FONTE: Monger et al. (1997, p. 12403)

141

Quanto à ausência do ciclo sazonal entre 4oW e 10oW, Monger et al.(1997) a

explicaram através da propagação de ondas longas na região equatorial, também

geradas pela intensificação e relaxamento dos ventos alíseos de SE, no oeste da

bacia. Esta explicação foi feita pela primeira vez por Weisberg e Tang (1985, 1987),

como resultante de onda estacionária equatorial.

Recentemente, Loukos e Mémery (1999) utilizaram um modelo geoquímico de três

dimensões para simular o ciclo do nitrato no Atlântico Equatorial durante os anos de

1983-1984. Após comparar os resultados obtidos pela simulação com aqueles

derivados do programa FOCAL/SEQUAL, os autores sugerem que o enriquecimento

de nutrientes da camada superficial é função do comportamento da nitraclina e da

CESS, sendo a variabilidade sazonal o sinal predominante da produtividade no ATL.

Os resultados obtidos por tal simulação são consistentes com o modelo proposto por

Monger et al (1997). A figura 7.2 mostra a dinâmica sazonal da profundidade da

nitraclina no ATL, obtida pela simulação de Loukos e Meméry (1999). Pode ser

observado que durante junho-julho, no lado leste, a nitraclina esta próxima à superfície

cerca de 40 metros. Em setembro, aprofunda-se, mantendo-se até o final do ano em

uma profundidade média de 70 metros.

142

Fig. 7.2 – Ciclo sazonal da profundidade (em metros) da nitraclina (a esquerda) e anomalia de profundidade (a direita) no ATL (média entre 2oN-2oS). Aqui, a nitraclina eqüivale à concentração de nitrato é igual a 6 μmol/L. FONTE: Loukos (1998)

Apesar do modelo conceitual proposto por Monger et al (1997) explicar, em grande

parte, a variabilidade observada nas imagens CZCS e, assim, o ciclo sazonal da

biomassa fitoplanctônica, são necessárias investigações mais profundas para avaliar o

modelo conceitual e quantificar a influência de cada um dos mecanismos responsáveis

pelo suprimento de nutrientes. Principalmente se pensarmos que tal modelo foi

sugerido para explicar o ciclo sazonal observado em 1979, que pode não ser

considerado o padrão da região. Somente com as imagens do sensor SeaWiFS,

colocado em órbita em agosto de 1997, e de seus sucessores, será possível

determinar qual é realmente a distribuição espacial e temporal da produtividade

primária no ATL. E, com os avanços nos conhecimentos da dinâmica física dos

oceanos tropicais, verificar e quantificar o forçamento físico (tanto locais quanto

remotos) dos processos biológicos nesta região.

143

CAPÍTULO 8

CONCLUSÕES

A proposta do presente trabalho foi descrever a variabilidade da concentração de

pigmentos no Atlântico Tropical como um indicativo da produtividade primária na

região, examinando o papel das forçantes físicas locais.

Infelizmente, como demonstrado no capítulo 6, a ausência de imagens da cor do

oceano sobre o Atlântico Tropical restringiram às análises ao biênio 1979-1980.

Apesar das limitações, os resultados obtidos foram concordantes com os trabalhos

anteriores realizados por McClain et al. (1990), Longhurst (1993), Yoder et al. (1993);

McClain e Firestone (1993), Banse e English (1994) e Monger et al. (1997). O mais

surpreendente é que a descrição das variáveis associadas à física foram também

concordantes com aqueles trabalhos, apesar dos diferentes produtos e procedimentos

empregados para a realização dos mesmos.

Com base nos resultados obtidos, e na revisão bibliográfica realizada ao longo do

trabalho, algumas considerações e conclusões puderam ser traçadas, das quais

destacam-se :

1) Sem dúvida, o sensoriamento remoto da cor do oceano é uma ferramenta útil

no estudo da dinâmica do fitoplâncton. Apesar dos problemas inerentes à base

CZCS, foi possível avaliar a variabilidade espaço-temporal da concentração de

pigmentos. Tal avaliação seria mais difícil e complexa se tivesse como base

somente dados in situ;

2) Os produtos CZCS, processados para grades globais, se mostram mais

adequados para estudar a concentração de pigmentos e a produtividade

primária marinha em larga escala do que cenas individuais;

3) Com o lançamento do SeaWiFS, cujos produtos “nível 3” (grades globais),

além de apresentar estimativas mais acuradas da concentração de pigmentos,

possuem melhor resolução espacial (9 Km) e temporal (médias semanais),

será possível avaliar o desenvolvimento das zonas de alta concentração de

pigmentos. Por exemplo, em maio de 1979 a região ATL caracteriza-se por

apresentar baixa concentração de pigmentos, enquanto em junho já apresenta

altas concentrações em grande parte da área a leste de 20oW;

144

4) Não pode ser esquecida a importância dos dados in situ já que com as

imagens têm-se apenas informações sobre a superfície, e, como demonstrado,

a indução e a manutenção da alta concentração, está conectada aos

processos físicos que ocorrem na camada subsuperficial;

5) Atualmente, com o funcionamento concomitante de várias plataformas orbitais

(NOAA, TOPEX/POSEIDON, ERS etc. ) será possível adquirir-se dados sobre

os parâmetros físicos em conjunto com as imagens da cor do oceano. Tal fato

representa uma capacidade sem precedentes para analisar o forçamento físico

dos processos biológicos através da análise de dados de várias variáveis,

assimilados em modelos físico-biológicos adequados (Olson e Hood, 1994 ;

Servain et al. 1998; McClain et al., 1999);

6) Além disto, vários projetos internacionais estão em curso atualmente, coletando

dados tanto físicos quanto biológicos na coluna d’água Com tudo isto, o futuro

parece ser promissor, onde será possível quantificar a relação entre a dinâmica

física (processos locais e não locais) e a produção orgânica no Atlântico

Tropical.

Para finalizar, ao longo do trabalho aparecem algumas questões que não puderam ser

respondidas, e que podem servir como base para futuros trabalhos no Atlântico

Tropical:

Qual a magnitude da produtividade primária na região?

O ciclo sazonal da biomassa observado no ano de 1979 é o padrão do Atlântico

Tropical?

Há realmente variabilidade interanual, como observado entre novembro-dezembro

de 1978 e 1979?

O modelo proposto por Monger et al. (1997) pode explicar a variabilidade em

outros anos que não 1979?

145

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161

APÊNDICE A

ROTINAS UTILIZADAS PARA LEITURA DOS DADOS E DERIVAR AS VARIÁVEIS FÍSICAS: CISALHAMENTO E BOMBEAMENTO DE EKMAN

1. Dados CZCS

;===================================================================== ;ROTINA czcs.pro ; ; Uma rotina em IDL que permite ler os dados CZCS, nível 3, ;formato HDF (imagens raster 8 bits): Converte as imagens de NC para ;concentração de pigmentos, prepará-las para o FERRET e gera um ;arquivo de saida em ASCII. ;Variáveis: czcs= concentração de pigmentos em mg/m3 ; iczcs=grade czcs inversa ; ;01/99 V.V.Menezes ;===================================================================== PRO czcs,entrada,saida ;Arquivo de entrada entrada=’’ READ,PROMPT=’Entre com o arquivo de entrada(HDF):’,entrada ;Criando o arquivo de saída saida=’’ READ,PROMPT=’Entre com o arquivo de saida (DAT):’,saida OPENW,1,saida ;Para abrir o arquivo HDF x=HDF_OPEN(‘entrada’) ;Para ler os dados da imagem raster HDF_DFR8_RESTART HDF_DFR8_GETIMAGE,entrada,czcs,pal_orig ;Para converter NC em pigmento czcs=10^(czcs*0.012-1.4 ) czcs[WHERE(czcs LT 0.04)=-1.E+34 czcs[WHERE(czcs GT 35.0)=-1.E+34 ;Rotacionando a Matriz (X,Y)=(-X,Y) iczcs=ROTATE (czcs,7) ;Para gerar o arquivo de saida PRINTF,1,iczcs CLOSE,1 END

Em verde está descrito os passos realizados na rotina

Atribui a imagem raster, do arquivo entrada, à variável czcs;

e a paleta a variavel pal_orig

Argumentos da Rotina

Em maiúsculas, as funções do IDL Em letras minúsculas as variáveis definidas pelo usuário

LT - função menor que GT - função maior que

7 indica que a rotação é de 270o (A FUNÇÃO ROTATE ROTACIONA SEMPRE NO SENTIDO

ANTI-HORÁRIO)

162

2. Dados GOSTA ;===================================================================== ;ROTINA tsm.pro ; ; Uma rotina em IDL que permite ler os dados ;TSM/gostaplus,formato ascii (grades em resolução de 1o), separá-los ;por mês, prepará-los para o FERRET gerando ;arquivos mensais em ;ASCII. ;Variáveis: tsm=temperatura da superfície do mar (oC*100) ; itsm=grade tsm inversa em oC ;01/99 V.V.Menezes ;===================================================================== PRO tsm,entrada,original,saida,m ;Arquivo de entrada entrada=’’ READ,PROMPT=’Entre com o arquivo de entrada(TXT):’,entrada OPENR,1,entrada ;Criando o arquivo de saida saida=’’ READ,PROMPT=’Entre com o arquivo de saida (DAT):’,saida OPENW,2,saida ;Determinando o mês (0-11-> meses do 1o ano;12-23-> meses do ;2o ano m=’’ READ,PROMPT=’Entre com o mês (0 a 23)’,m ;Criando a variável que receberá os dados TSM/gostaplus original=INTARR(360,4320) READF,1,original ;Extraindo dos dados o mês especificado na variável m z=(m*180) x=z+179 tsm=original(*;z:x ) ;Igualando a grade de TSM a de pigmentos (valores missing) e ;”converte” para temperatura tsm=tsm/100. tsm[WHERE(tsm EQ -10.0)=-1.E+34 tsm[WHERE(tsm EQ -327.68)=-1.E+34 ;Rotacionando a matriz tsm (X,Y)=(-X,Y) itsm=ROTATE (tsm,7) ;Para gerar o arquivo de saida PRINTF,2,itsm CLOSE,1,2 END

Cria uma matriz*1 de inteiros de 360 linhas x 420 colunas, e associa o arquivo a esta matriz

Resultado da divisão é um FLOAT, automaticamente a

matriz gerada é uma matriz de FLOAT

*1O IDL lê o primeiro elemento da 1a linha até o último elemento, antes de iniciar a próxima linha: INTARR (coluna,linha) !

Dimensão da matriz tsm

163

3. Dados ECMWF ;===================================================================== ;ROTINA ecmwf.pro ; ; Uma rotina que prepara os grades ECMWF para o FERRET gerando ;arquivos mensais em ASCII. Obs: Neste caso, só foi necessário rotacionar a matriz ! ;;01/99 V.V.Menezes ;===================================================================== PRO ecmwf,entrada, saida entrada=' ' Read, Prompt= 'Entre com o arquivo input:', entrada OPENR,1,entrada saida= ' ' Read, Prompt='Entre com o arquivo saida:', saida OPENW,2, saida original=FLTARR (144,73) READF,1,original ivento=ROTATE (original,7) PRINTF,2,ivento CLOSE,1 CLOSE,2 FOR j=0,100 DO GOTO, in END

164

4. Cálculo do Cisalhamento no programa FERRET

calc_cisalhamento.jnl

!Description: cálculo da magnitude cisalhamento do vento e suas !respectivas componentes zonal e meridional CANCEL MODE VERIFY LET ro_ar=1.3 !densidade do ar LET awspd=ABS(wspd) !define velocidade do vento em valor absoluto LET cdf = 0.0012 LET cdff=0.00049+0.000065*awspd LET cd = IF awspd LT 11.0 THEN cdf ELSE cdff LET/TITLE="componente U do cisalhamento do vento em N/m^2"

ucis=ro_ar*cd*ustr LET/TITLE ="componente V do cisalhamento do vento em N/m^2"

vcis=ro_ar*cd*vstr LET/TITLE ="cisalhamento do vento" mcis=ro_ar*cd*(wspd^2) LET/TITLE ="cisalhamento do vento N/m^2" cis=ro_ar*cd*wspd*awspd SAVE/FILE=ATROP.cdf/APPEND ucis,vcis,mcis,cis SET MODE/LAST VERIFY

Comando para definir novas variáveis

Define o coeficiente de arrasto

Salva as novas variáveis no arquivo ATROP.cdf

165

5. Estimativa do Bombeamento de Ekman

cal_Ekmam.jnl

!Description: cálculo bombeamento de Ekman através das equações !clássicas de Ekman, exceto na faixa equatorial 2oN-2oS SET MODE/LAST VERIFY set grid GPU2 !define as variaveis let cis_zon=$1 let cis_mer=$2 !parametros das equacoes let ro_ag=1000 LET omega = 7.292e-5 !velocidade angular da Terra em rad.s-1

LET f = 2*omega*sin(y*3.14159/180) !parâmetro de Coriolis !equações let taux_f= cis_zon/f let tauy_f= cis_mer/f let tauy_x=tauy_f[i=@DDC] let taux_y=taux_f[j=@DDC] let rot=(tauy_x-taux_y)!rotacional de (tau/f) !calculando a ressurgencia de ekmam utilizando o rotacional let w=If j gt 18 AND j lt 22 then 0 else rot/ro_ag !Na faixa !equatorial

ekman != 0 let w1=ignore0 (w) LET/TITLE="Bombeamento de Ekman x 10^-5 m/s" we=w1*100000 SAVE/FILE=ATROP.cdf/APPEND we SET MODE/LAST VERIFY

166

167

APÊNDICE B

GRÁFICOS: TSM, CISALHAMENTO E SEUS RESPECTIVOS COMPONENTES, E BOMBEAMENTO DE EKMAN POR REGIÃO

1. TSM

24,5

25

25,5

26

26,5

27

27,5

28

28,5

29

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

TSM

(oC

)

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

NEA NOA

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

TSM

(oC

)

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

24

24,5

25

25,5

26

26,5

27

27,5

28

28,5

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

TSM

(oC

) 1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

21

22

23

24

25

26

27

28

29

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

TSM

(oC

) 1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

ATL ATO

168

2. Cisalhamento

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

cisa

lham

ento

(Nm

-2)

19791980198119821983198419851986

ATL ATO

NEA

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

cisa

lham

ento

(Nm

-2)

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

cisa

lham

ento

(Nm

-2)

19791980198119821983198419851986

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

cisa

lham

ento

(Nm

-2)

19791980198119821983198419851986

NOA

169

3. Componente Zonal do Cisalhamento do Vento

-0,04

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

cisa

lham

ento

zon

al (

Nm

-2)

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

-0,1

-0,09

-0,08

-0,07

-0,06

-0,05

-0,04

-0,03

-0,02

-0,01

0

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

cisa

lham

ento

zon

al (

Nm

-2)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6

-0 ,1 2

-0 ,1

-0 ,0 8

-0 ,0 6

-0 ,0 4

-0 ,0 2

0

0 ,0 2

0 ,0 4

0 ,0 6

0 ,0 8

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

cisa

lham

ento

zon

al (

Nm

-2)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6-0,14

-0,12

-0,1

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

cisa

lham

ento

zon

al (

Nm

-2)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6

ATL ATO

NOA NEA

170

3. Componente Merdional do Cisalhamento do Vento

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

cisa

lham

ento

mer

idio

nal (

Nm

-2)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6 -0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0

0,02

0,04

0,06

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

cisa

lham

ento

mer

idio

nal (

Nm

-2)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0

0,02

0,04

0,06

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

cisa

lham

ento

mer

idio

nal (

Nm

-2)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6-0,1

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0

0,02

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

cisa

lham

ento

mer

idio

nal (

Nm

-2)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6

ATL ATO

NOA NEA

171

4. Bombeamento de Ekman

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

we

(x10

-5 m

/s)

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

-1,2

-1

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

we

(x10

-5 m

/s)

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

meses

we

(x10

-5 m

/s)

1 9 79

1 9 80

1 9 81

1 9 82

1 9 83

1 9 84

1 9 85

1 9 86

-0,6

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

jan fev m ar abr m ai jun jul ago set o ut no v dez

mesesw

e (x

10-5

m/s

)

1 9 7 9

1 9 8 0

1 9 8 1

1 9 8 2

1 9 8 3

1 9 8 4

1 9 8 5

1 9 8 6

ATL

NOA NEA

ATO

APÊNDICE C

TABELA : MÉDIA DA CONCENTRAÇÃO DE PIGMENTOS POR REGIÃO, DESVIO-PADRÃO E NÚMERO DE OBSERVAÇÕES

ATL ATO NOA NEA med desv nobs1 nt2 med desv nobs1 nt2 med desv nobs1 nt2 med desv nobs nt

nov 0,4120 0,085 139 380 0,2781 0,054 187 258 0,42350 0,480 116 173 0,409 1,622 76 169 dez 0,4173 0,229 290 380 0,3057 0,413 226 258 0,47220 0,449 151 173 0,385 0,852 123 169 jan 0,4309 0,231 342 380 0,3203 0,543 234 258 0,55830 1,166 142 173 0,364 0,195 160 169 fev 0,3351 0,087 183 380 0,3271 0,366 61 258 0,54910 1,170 138 173 0,369 0,464 123 169 mar 0,3420 0,071 20 380 0,4081 2,716 29 258 0,70270 2,874 53 173 0,424 1,553 92 169 abr 0,2896 0,056 292 380 0,2744 0,298 233 258 0,76480 3,190 17 173 0,616 2,029 7 169 mai 0,3179 0,061 309 380 0,3024 1,039 209 258 0,43850 2,370 69 173 0,345 0,342 117 169 jun 0,3964 0,075 359 380 0,2905 0,180 242 258 0,42550 0,199 123 173 0,421 0,782 148 169 jul 0,4199 0,081 345 380 0,3002 0,255 237 258 0,40290 0,960 57 173 0,435 0,966 100 169 ago 0,4541 0,129 329 380 0,2844 0,056 237 258 0,56100 2,310 78 173 0,385 0,995 134 169 set 0,5345 0,406 300 380 0,3152 0,063 234 258 0,65350 2,448 102 173 0,532 0,715 156 169 out 0,6123 0,607 278 380 0,3832 0,076 213 258 0,80650 3,072 133 173 0,588 0,811 142 169 nov 0,6283 1,310 329 380 0,3749 0,087 238 258 0,87670 2,462 152 173 0,532 0,864 153 169 dez 0,7036 1,232 351 380 0,3731 0,298 237 258 0,91510 1,219 153 173 0,477 0,372 135 169 jan 0,5684 1,605 355 380 0,3540 0,321 230 258 0,63490 1,630 150 173 0,416 0,497 150 169 fev 0,4758 1,005 308 380 0,3026 0,058 198 258 0,65250 1,630 105 173 0,393 0,717 76 169

Med – média; Desv –desvio padrão; 1 – Número de pixels válidos na região; 2 – Número total de pixels na região;

173

175

APÊNDICE D

Média Mensal 1979-1980: TSM, componente zonal e meridional do

cisalhamento do vento na superfície e bombeamento de Ekman

176

Fig. D1 - Temperatura da Superfície do Mar – Média Mensal 1979 /1980

177

Fig. D2 - Componente Zonal do Cisalhamento do Vento na Superfície – Média Mensal 1979/1980

178

Fig. D3 - Componente Meridional do Cisalhamento do Vento na Superfície – Média Mensal 1979/1980

179

Fig. D4 - Bombeamento de Ekman – Média Mensal 1979-1980