regras básicas para trabalhos de direito - fdl

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 Universidade de Zurique Instituto de Ciências Jurídicas Prof. Doutor Reto M. Hilty Regente para a cadeira de Direito dos Bens Intelectuais Regras básicas para a autoria de trabalhos de ciência do Direito em seminários 1. Objectivo do trabalho O objectivo do trabalho é relatar de modo abrangente o estado da doutrina sobre um determinado tema. Para isso, deve-se: - Em primeiro lugar, colocar o tema no seu mais amplo contexto e depois circunscrevê-lo ao seu estado actual; - Pôr a questão com exactidão (quais são os problemas que vão ser tratados?) e estruturá-la em pontos separados; - Trabalhar adequadamente o material existente na estrutura escolhida, separando as opiniões divergentes umas das outras e confrontando-as (não se trata de simplesmente tomar em consideração uma única opinião!); - Formar uma opinião própria e em cada ponto – a seguir à apresentação das opiniões divergentes – tomar uma posição fundamentada. As remissões devem ser as mais actualizadas (nacionais e - contando que sejam relevantes para o tema – europeias e internacionais), isto tanto quanto à respectiva  jurisprudência como à doutrina. Convém notar que as opiniões actuais nem sempre se encontram em lições ou comentários, devendo antes ser procuradas em revistas. Quem não encontrar nenhum ponto de apoio no Direito interno pode também socorrer-se no caso de uma vista de olhos sobre o Direito estrangeiro, depois de se ter assegurado que a situação jurídica aí existente é comparável com a da sua própria ordem jurídica. 2. Extensão do trabalho

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Elemento de apoio a formulação de trabalhos juridicos.

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  • Universidade de Zurique

    Instituto de Cincias Jurdicas

    Prof. Doutor Reto M. Hilty

    Regente para a cadeira de Direito dos Bens Intelectuais

    Regras bsicas para a autoria de trabalhos de cincia do Direito em seminrios

    1. Objectivo do trabalho

    O objectivo do trabalho relatar de modo abrangente o estado da doutrina sobre um

    determinado tema.

    Para isso, deve-se:

    - Em primeiro lugar, colocar o tema no seu mais amplo contexto e depois circunscrev-lo

    ao seu estado actual;

    - Pr a questo com exactido (quais so os problemas que vo ser tratados?) e

    estrutur-la em pontos separados;

    - Trabalhar adequadamente o material existente na estrutura escolhida, separando as

    opinies divergentes umas das outras e confrontando-as (no se trata de simplesmente tomar

    em considerao uma nica opinio!);

    - Formar uma opinio prpria e em cada ponto a seguir apresentao das opinies

    divergentes tomar uma posio fundamentada.

    As remisses devem ser as mais actualizadas (nacionais e - contando que sejam

    relevantes para o tema europeias e internacionais), isto tanto quanto respectiva

    jurisprudncia como doutrina. Convm notar que as opinies actuais nem sempre se

    encontram em lies ou comentrios, devendo antes ser procuradas em revistas. Quem no

    encontrar nenhum ponto de apoio no Direito interno pode tambm socorrer-se no caso de uma

    vista de olhos sobre o Direito estrangeiro, depois de se ter assegurado que a situao jurdica a

    existente comparvel com a da sua prpria ordem jurdica.

    2. Extenso do trabalho

  • A parte de texto deve circunscrever-se a 15 pginas (por exemplo, com tipo de letra

    Times New Roman, tamanho 12, espao simples entre linhas e justificado).

    3. Avaliao do trabalho

    Para que o trabalho possa ser avaliado positivamente, ele deve satisfazer tanto os

    requisitos de contedo como os de forma. Em especial, ser dado grande valor correco e

    uniformidade da apresentao formal e ao continuado cumprimento das regras mais correctas e

    actuais de ortografia. Trabalhos incorrectos sero devolvidos ao autor com a possibilidade de

    serem retocados. Haver anotaes do regente segundo a prescrio de correco do

    dicionrio.

    4. Estrutura

    A estrutura correcta de um trabalho cientfico em Direito baseia-se na seguinte

    sequncia:

    - Pgina do ttulo;

    - Sumrio;

    - ndice bibliogrfico:

    - Eventual indicao das abreviaturas e das fontes utilizadas;

    - Texto;

    - Eventual apndice.

    4.1 Pgina do ttulo

    Os trabalhos de seminrio comeam com uma pgina de ttulo. Ela contm o tema do

    trabalho, a designao do curso, o nome do professor regente, assim como o nome, morada e

    nmero de telefone do autor.

    A pgina do ttulo no conta para a numerao de pginas.

    A Proteco do Know-how

    Seminrio de Direito sobre bens intelectuais

    Semestre de Vero de 2003

    Prof. Doutor Reto M. Hilty

  • Apresentado por:

    Thomas Muster

    Kandidatenstrasse, 1

    8000 Zurique

    Tel.:

    6. Semestre

    Ilustrao 1.1

    4.2 ndice

    O ndice contm todos os ttulos com o correspondente nmero de pgina. Ele d ao

    leitor uma perspectiva sobre a estrutura do trabalho e a sua ponderao temtica.

    Para a parte de texto, recomenda-se a estruturao segundo esta sistematizao

    habitual: A.I.1.a) aa). Pode tambm recorrer-se aplicao de um sistema decimal (1 1.1 1.2

    1.2.1 1.2.2 e por a adiante), mas no, porm, a uma mistura de sistemas.

    Observao: quem usa uma alnea a), tem tambm de usar uma alnea b). Tratando-se

    da subdiviso de um ponto, devem aparecer pelo menos dois pontos de subdiviso.

    Nenhuma subdiviso deve ser colocada na parte do texto dedicada introduo, nas

    observaes conclusivas, no sumrio, assim como num eventual apndice.

    Ilustrao 1.2

    4.3 Bibliografia

    A bibliografia serve a documentao e a simplificao das citaes em notas de rodap.

    Ela contm (nica e exclusivamente) as obras citadas no trabalho, sempre na ltima edio,

    ordenadas por ordem alfabtica dos nomes dos autores.

    Os dados pessoais especficos so dispostos numa sequncia determinada e

    estandardizada (ateno colocao de vrgulas; no fim, no se coloca ponto!).

    Em obras autnomas (exposies sistemticas, comentrios) devem figurar na

    bibliografia os seguintes dados:

    - Apelido do autor (sem ttulo acadmico), em letra maiscula quando possvel;

    - Nome do autor, em letra maiscula quando possvel;

  • - Ttulo da obra; o subttulo ser delimitado com ponto (em vez de vrgula);

    - Se necessrio, o tomo;

    - Edio (quando no se trate da primeira edio); adicionais como ampliada,

    completada, etc., so de omitir;

    - Srie do livro (abreviadamente) e nmero do tomo;

    - As dissertaes so registadas com a indicao Diss. e o nome da Universidade,

    quando no estejam publicadas;

    - Lugar da edio (sem o nome da editora);

    - Ano da edio.

    Exemplo: REHBINDER, MANFRED, Urheberrecht, 10. Auf., Mnchen, 1998

    WEINMANN, CONRAD, Die Rechtsnatur der Lizenz, SMI Bd. 40, Bern, 1996

    As obras no autnomas devem surgir na bibliografia com os seguintes dados:

    - Apelido do autor (sem ttulo acadmico), em letra maiscula quando possvel;

    - Nome do autor, em letra maiscula quando possvel;

    - Ttulo do artigo;

    - Lugar da recolha:

    - Colectnea: coordenador (apelido, nome, com a indicao de coordenador) e

    ttulo da obra (com excepo dos volumes em homenagem):

    - Revista: ttulo da revista e ano (sem o nmero de tomo, a no ser que no seja

    de outro modo identificvel);

    - Ano;

    - Pgina do incio e pgina do fim.

    Exemplo: WEBER, ROLF H., Datenbankenrecht Regelungsbedarf fr die Schweiz?, in: Weber, Rolf

    H./Hilty, Reto M. (Coordenadores), Daten und Datenbank. Rechtsfragen zu Schutz und Nutzung, ZIK Bd. 4,

    Zrich/Baden-Baden, 1999

    Nas citaes retiradas da Internet, deve ser indicado como lugar de recolha o endereo

    de Internet completo (URL), assim como indicadas as demais circunstncias.

    Se uma obra redigida por vrios autores ou continuada por um outro autor, o seu

    nome deve aparecer como um duplo nome separado pelo sinal /.

    Exemplo: GAUL, DIETER/BARTENBACH, KURT/GENNEN, KLAUS, Patent- und Know-how-Vertrag, 5.

    Auf., Kln, 2001.

    Caso a bibliografia contenha vrias obras do mesmo autor, devem pr-se estas

    seguidas, em sequncia, citando-se do mesmo modo.

  • Ilustrao 1.3

    4.4 Fontes e abreviaturas

    Na bibliografia so indicada apenas as obras usadas (conferir a figura 1.3). No devem

    ser indicadas leis ou colectneas de textos legislativos, decises jurisprudenciais, colectneas de

    decises judiciais e meros ttulos de revistas ou de obras colectivas.

    No caso de vir a haver uma utilizao acentuada de fontes de Direito ou materiais

    jurdicos remotos, como leis de pouco uso ou leis estrangeiras, trabalhos preparatrios ou

    relatrios, estatutos de associaes, estatsticas, apontamentos privados, conveniente inserir

    um ndice das fontes depois da bibliografia e das abreviaturas, a fim de aliviar as notas no texto.

    Uma lista de abreviaturas s necessria quando sejam usadas abreviaturas cujo

    conhecimento no possa pressupor-se.

    4.5 Texto

    O ncleo do trabalho constitudo pelo texto (o qual no no entanto sinalizado como

    tal). Ele compe-se de:

    - Introduo;

    - Parte principal;

    - Concluses.

    A introduo apresenta o tema ao leitor e informa-o do escopo do trabalho. Debaixo do

    ponto de vista da problemtica geral, o tema delimitado de outras questes e relacionado com

    o mtodo e estrutura do trabalho apresentado. Podem estabelecer-se tambm definies

    basilares para o conjunto do trabalho. No cabem na introduo observaes sobre o esforo do

    autor no tratamento do tema ou na busca das fontes de investigao relevantes.

    Na parte principal - que, no entanto, no deve ser sinalizada como tal tratam-se todos

    os pontos estruturantes especificados no sumrio.

    Para ttulo de cada um dos pontos estruturantes convm notar que:

    - Devem ser escolhidos trechos impressivos e concisos;

    - No constituem frases separadas;

    - No so partes componentes do texto (eventualmente, o enunciado do ttulo pode ser

    repetido no texto que se segue);

    - No se conclui nunca com um ponto final.

  • O texto deve ser terminado com a apresentao de concluses. Elas possibilitam ao

    leitor apressado ficar a saber, antes de uma leitura substancial, se pode fazer uso dele para o

    seu propsito. As concluses devem remeter para os pontos principais da respectiva abordagem

    e nunca adoptar o carcter de um excerto.

    Como exigncia de validade deve ser aposta no final do trabalho a assinatura do autor,

    com indicao do lugar e data. Com isso, pretende-se atestar que o autor elaborou o trabalho

    sem ajuda alheia e que a bibliografia reproduz a doutrina por ele utilizada (e apenas esta).

    5. Modo de citar

    Cada abordagem cientfica uma participao numa discusso. No se pode

    simplesmente apresentar a sua prpria posio, sem explicar se este problema j foi reflectido

    noutro lugar e quais as opinies que a seu propsito foram defendidas at agora. Existe at um

    mandamento de honorabilidade intelectual para a indicao das fontes (ningum se deve

    enfeitar com as penas dos outros!).

    Por isso, vale:

    - Todas as frases do texto so documentadas com a prova das fontes;

    - Transcries literais no so admitidas, seno quando o texto visado seja adaptado na

    escrita e ajustado numa exposio prpria;

    - Apenas quando dependa de uma formulao literal, por exemplo, no confronto com

    uma definio, pode um dado trecho ser repetido textualmente, devendo, porm, ser sempre

    identificado entre parntesis e aspas;

    - Uma citao no deve ser feita nunca sem comprovao (a denominada citao cega).

    Muito frequentemente, as citaes feitas por outro autor referem-se a outro assunto ou muito

    simplesmente foram compreendidas de modo errneo.

    A indicao do lugar da descoberta deve ser feita como nota de rodap e sempre na

    mesma pgina a que pertence o texto, tornando necessrio seguir-se um modo uniforme de

    citao em todo o trabalho. Aqui sero utilizadas apenas citaes curtas:

    - Indica-se somente o autor, e eventualmente o modo de citar fixado na bibliografia. Para

    isso, as obras sero citadas sistematicamente com o nmero de pgina e onde exista

    numerao margem, com esta. Os comentrios sero sempre citados com o artigo e notas,

    nunca com o nmero de pgina.

    Exemplos: HILTY, 312.

    REHBINDER, Urheberrecht, Rn. 73.

    BK-REHBINDER, OR 319 N 2.

  • - A chamada de ateno para um lugar de comprovao acontece, quando possvel,

    sem especificao, se necessrio, por exemplo, com veja-se tambm ou assim, porm. A

    abreviatura frequentemente utilizada cfr. em geral descabida: um confronto supe uma

    contraposio, no uma comprovao;

    - Em artigos de revista ou de anurios o lugar de recolha e o nmero da pgina devem

    ser repetidos de novo;

    Exemplo: SCHLOSSER, sic! 1998, 272;

    - Se a citao abrange as pginas seguintes, acrescenta-se ao nmero de pgina x a

    indicao segs.;

    Exemplo: HILTY, pg. 732 e segs.

    - Cada nota de rodap inicia-se com letra maiscula e termina com um ponto final.

    - Entre o autor e a pgina coloca-se uma vrgula;

    - Havendo vrias citaes na mesma nota de rodap, cada uma delas separa-se por um

    ponto e vrgula.

    Exemplo: HILTY, 312; SCHLOSSER, sic! 1998, 271.