registo por depÓsito e registo por transcriÇÃo

Upload: ana-martinho

Post on 07-Jul-2015

1.509 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Mestrado em SolicitadoriaDIREITO REGISTAL Docente Dr. J. De Seabra Lopes

Registo por Depsito E Registo por TranscrioAno lectivo 2010/2011 6 De Junho de 2011

Discente Ana Martinho 20100084

ndice de Abreviaturas

ACE AEIE BRN CF. DL CT CRCOM CRCIVIL CRPREDIAL CIRS CIVA CSC DGRN EPE EIRL FCPC IRN IES PORT. RNPC RRNPC RRCOM RERN

AGRUPAMENTO COMPLEMENTAR DE EMPRESAS AGRUPAMENTO EUROPEU DE INTERESSE ECONMICO BOLETIM DOS REGISTOS E DO NOTARIADO CONFORMEDECRETO-LEI

CONSELHO TCNICO CDIGO DO REGISTO COMERCIAL CDIGO DO REGISTO CIVIL CDIGO DO REGISTO PREDIAL CDIGO DO IMPOSTO SOBRE PESSOAS SINGULARES CDIGO DO IMPOSTO SOBRE VALOR ACRESCENTADO CDIGO DAS SOCIEDADES COMERCIAIS DIRECO GERAL DOS REGISTOS E DO NOTARIADO ENTIDADES PBLICAS EMPRESARIAIS ESTABELECIMENTO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA FICHEIRO CENTRAL DE PESSOAS COLECTIVAS INSTITUTO DOS REGISTOS E DO NOTARIADO INFORMAO EMPRESARIAL SIMPLIFICADA PORTARIA REGISTO NACIONAL DE PESSOAS COLECTIVAS REGULAMENTO DO REGISTO NACIONAL DE PESSOAS COLECTIVAS REGULAMENTO DO REGISTO COMERCIAL REGULAMENTO EMOLUMENTAR DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

1

ndicendice de Abreviaturas ................................................................................................... 1 1. 2. 3. Introduo .................................................................................................................. 4 Enquadramento Legal ............................................................................................. 5 Fins do Registo Comercial ...................................................................................... 6

3.1. Princpios orientadores do Registo Comercial ...................................................... 6 3.1.1. 3.1.2. 3.1.3. 3.1.4. 3.1.5. 3.1.6. 3.1.7. Princpio da Instncia ...................................................................................... 6 Princpio da Tipicidade ou numerus clausus.................................................. 7 Princpio da Presuno da Verdade Registal ................................................. 7 Princpio da Publicidade .................................................................................. 8 Princpio da Legalidade ou da Qualificao .................................................. 8 Princpio da Prioridade .................................................................................... 9 Princpio do Trato Sucessivo ......................................................................... 10

3.2. Actos de registo ...................................................................................................... 10 4. Registo por depsito e registo por transcrio Distino ................................ 10

4.1. Prazo de Feitura e Data do Registo ...................................................................... 12 4.2. Da competncia para Efectuar o Registo ............................................................. 13 4.3. Causas de Rejeio do Pedido de Registo por Depsito e por Transcrio ...... 14 4.4. Do cumprimento das obrigaes fiscais ............................................................... 14 5. Factos sujeitos a registo por depsito Enumerao ......................................... 15

5.1. Menes do registo por depsito........................................................................... 18 5.2. Registo da Prestao de Contas ............................................................................ 18 6. 7. Factos registados por transcrio Enumerao ............................................... 19 Processo de registo por depsito ........................................................................... 24

7.1. Rejeio do Pedido ................................................................................................. 25 8. Processo de Registo por Transcrio ................................................................... 26

8.1. Apresentao pessoal ............................................................................................. 27 8.2. Apresentao pelo correio ..................................................................................... 27 8.3. Apresentao por via electrnica ......................................................................... 28 8.4. Da recusa, provisoriedade e desistncia ............................................................... 29 9. I. I. Documentos a apresentar para o registo por transcrio .................................. 30 EIRL DL 248/86, de 25 de Agosto ..................................................................... 31 Sociedades Comerciais ............................................................................................ 322

II. Sociedade Unipessoal por Quotas ............................................................................ 33 10. Concluso ................................................................................................................ 34 Bibliografia .................................................................................................................... 36

3

1. IntroduoO presente trabalho subordinado ao tema REGISTO POR DEPSITO E REGISTO POR TRANSCRIO, que v o seu regime jurdico estabelecido no DL n. 403/86, de 3 de Dezembro, e regulamentado pela Portaria n. 657-A/2006, de 29 de Junho, a que corresponde o Regulamento do Registo Comercial (RRCom). Em cumprimento dos objectos do tema referido, do qual pretendo fazer uma abordagem um tanto ou quanto exaustiva como o regime jurdico que trata desta matria mais de ndole informativa quanto aos aspectos e questes que se levantam em torno das formas de registo enunciadas. Como forma de enquadramento, farei uma breve abordagem dos fins do registo comercial e dos seus princpios orientadores. Estes ltimos, analisados na ptica do registo por depsito e por transcrio e na parte em que lhes so aplicveis. J no mbito do registo por depsito e por transcrio, para alm da distino entre uma e outra forma de registo, farei referncia ao prazo a respeitar na feitura dos mesmos; quem tem competncia para efectuar o seu registo; quais as causas de rejeio e da apresentao ou do pedido de registo e, necessria correspondncia com os princpios basilares do registo comercial. Da mesma forma, breve referncia ao registo da prestao de contas, mais comummente designada por Informao Empresarial Simplificada (IES), desde a entrada em vigor do Decreto-Lei 8/2007, de 3 de Janeiro. Por fim, a tramitao do processo de registo por depsito e por transcrio, referindo: as diferentes formas de apresentao que consubstanciam o princpio da instncia; os incidentes decorrentes do pedido de registo, como so a recusa, a provisoriedade e a desistncia do pedido e, finalmente, quais os documentos que serve de base ao pedido de registo por transcrio.

4

2. Enquadramento LegalO registo comercial actualmente regulado pelo Cdigo do Registo Comercial e pelo Regulamento do Registo Comercial. O Cdigo do Registo Comercial foi aprovado pelo DL 403/86, 3/12, rectificado por Declarao de Rectificao de 31/01/1987, tendo vindo a ser sucessivamente alterado, quase anualmente desde 1988 at 2005. De realar as alteraes introduzidas no ano de 2006: Lei n.. 52/2006, 15 de Maro e o DL 76A/2006, 29 de Maro. Em 2007, entraram em vigor os Decretos-Lei n.s 8/2007, 17 de Janeiro e 318/2007, 26 de Setembro. E mais recentemente alterado pelos Decretos-Lei n.s 34/2008, 26 de Fevereiro, 116/2008, 4 de Julho, (Declarao de Rectificao n. 46/2008, 25 de Agosto), pela Lei n. 73/2008, 16 de Abril, DL 247-B/2008, 30 de Dezembro, Lei n. 19/2009, 12 de Maio, DL 122/2009, 21 de Maio, DL 185/2009, 12 de Agosto, DL 292/2009, 13 de Outubro. O DL 125/2006, 29 de Junho alterado pelo DL 318/2007, 26 de Setembro no alterou qualquer disposio do CRCom, mas instituiu o regime especial de constituio on-line de sociedades. Tambm a Portaria n. 1416-A/2006, de 19 de Dezembro alterada pela Port. 562/2007, 30 de Abril, vem regular a promoo on-line de actos de registo comercial e criou a certido permanente. O Regulamento do Registo Comercial foi aprovado pela Port. 657-A/2006, 29 de Junho, posteriormente alterada pelas Port. 1416-A/2006, de 19 de Dezembro, 562/2007, de 30 de Abril, 234/2008, de 12 de Maro e 4/2009, de 2 de Janeiro. E, naquilo em que o Cdigo de Registo Comercial e respectiva regulamentao for omisso, so subsidiariamente aplicveis as normas do Cdigo do Registo Predial.

5

3. Fins do Registo ComercialO registo comercial visa publicitar a situao dos comerciantes, sociedades comerciais e demais entidades a ele sujeitas, tendo em vista a segurana do comrcio jurdico. Trata-se de uma publicidade registal, dado que no se limita a tornar pblico o facto que registado ou dele dar notcia, mas dele decorrem indissoluvelmente os efeitos legalmente previstos.1

3.1. Princpios orientadores do Registo Comercial 3.1.1. Princpio da InstnciaEst previsto no art. 28., do CRCom, traduzindo-se no facto de o registo ser efectuado a pedido dos interessados, salvo a situaes de oficiosidade previstas na lei, como so as situaes previstas nos art.s 65., n. 4, e art. 71., n. 1, do CRCom, relativas ao prazo especial de vigncia das inscries provisrias por natureza e publicitao dos actos de registo. O pedido de registo pode ser efectuado de forma verbal ou escrita, nos termos do disposto nos n.s 1 e 2, do art. 4., do RRCom. O pedido formulado verbalmente quando efectuado presencialmente por pessoa com legitimidade para o efeito, sendo nos restantes casos, o pedido efectuado de forma escrita, em impresso de modelo aprovado pelo IRN, ou, promovido online, nos termos da Port. 1416-A/2006, de 19 de Dezembro, alterada pela Port. 562/2007, de 30 de Abril. Os modelos de pedido de registo actualmente em uso so: Modelo 1 requerimento para registo por transcrio Modelo 2 requerimento para registo por depsito (excepto registos de factos respeitantes a quotas e partes sociais e respectivos titulares) Modelo 3 requerimento para registo por depsito (factos relativos a quotas, partes sociais e respectivos titulares)

1

Pedro Nunes Rodrigues, Direito Notarial e Direito Registal, pg. 359. 6

3.1.2. Princpio da Tipicidade ou numerus claususEst previsto nos art.s 2. a 10., do CRCom, onde so enumerados os factos jurdicos que, relativamente a cada entidade abrangida pelo registo comercial, podem dele constar. S podem ser levados a registo os factos jurdicos que a lei indica que a ele esto sujeitos e s estes. Note-se que a alnea f), do art. 10., do CRCom, coloca algumas dvidas quanto aplicao deste princpio quando refere quaisquer outros factos que a lei declare sujeitos a registo comercial, para alm dos enumerados j referidos. Ora, o entendimento a seguir neste caso ser o de respeitar este princpio da tipicidade, porque a lei assim o diz, partindo do princpio de que existem factos sujeitos a registo no previstos no CRCom, mas esto previstos numa outra lei. Exemplo de um facto contemplado nesta alnea o registo por depsito da designao e destituio do representante comum dos obrigacionistas, conforme dispe o n. 4, do art. 358., do CSC e a alnea i), do n. 4, do art. 53. - A do CRCom. A propsito do princpio da tipicidade ou numerus clausus, em conjugao com a alnea f), do art. 10. do CRCom, o parecer de 21 de Maro de 1997, in Boletim dos Registos e do Notariado (BRN), n. 5/2000, pg. 22, no qual o Dr. Felcio Noronha, refere que, I - O princpio dos numerus clausus dos factos sujeitos a registo comercial implica a impossibilidade de respectiva enumerao legal serem pelo intrprete acrescentados novos factos, a ttulo de integrar lacunas na lei. Sobre este Parecer recaiu despacho de concordncia do Director-Geral, de 12 de Maro de 1998.2

3.1.3. Princpio da Presuno da Verdade RegistalO enquadramento deste princpio est previsto no art. 11. do CRCom, sendo apenas aplicvel ao registo por transcrio definitivo, ao contrrio do registo por transcrio provisrio3 e do registo por depsito.

2

Parecer proferido no mbito do processo R. Co. 25/97 DSJ, publicado no Boletim dos Registos e do Notariado n. 5/2000. 3 Exemplo: Constituio de sociedade antes de titulado o acto art. 64., n. 1alinea a), do CRCom. 7

Segundo este princpio a situao jurdica resultante do registo existe, nos precisos termos em que definida. Em regra, o registo comercial tem efeito declarativo, donde decorre que a presuno meramente iuris tantum. Todavia, existem casos em que o registo comercial tem efeito constitutivo do qual resulta uma presuno iuris et de iure a constituio de sociedade.

3.1.4. Princpio da PublicidadeEm termos gerais, o registo comercial destina-se a dar publicidade situao jurdica das pessoas singulares e colectivas, da ser reconhecido o direito a qualquer pessoa de ser informada de quais os factos constantes do registo. Existem actos de registo cuja publicitao obrigatria, conforme previsto no art. 70., do CRCom. A publicitao tem carcter oficioso, pblico, podem ser emitidas cpias no certificadas do teor do registo a quem o solicite, nos termos dos art.s 71., 73. e 74., do CRCom.

3.1.5. Princpio da Legalidade ou da QualificaoRefere-se este princpio a propsito do registo por transcrio, nos termos do art. 47., do CRCom, o Conservador aprecia a viabilidade do pedido desta forma de registo, tendo em conta as disposies legais aplicveis e os registos efectuados anteriormente, verificando especialmente a legitimidade dos interessados, a regularidade formal dos ttulos e a validade dos actos neles contidos. Estabelece o art. 32., do CRCom, que s podem ser objecto de registo os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem, no podendo ser registados actos nulos, o que no implica a recusa de registo de actos anulveis. Desde as alteraes introduzidas pelo DL 76-A/2006, de 29 de Maro, que a qualificao do Conservador incide apenas sobre os factos registados por transcrio. A responsabilidade pela observncia deste princpio no que respeita ao pedido de registo por depsito de factos relativos a quotas ou participaes sociais cabe sociedade, nos termos do disposto no art. 242.-E, n. 1, do CSC.

8

3.1.6. Princpio da PrioridadeO princpio da prioridade encontra-se vertido no art. 12., do CRCom, nos termos do qual o facto registado em primeiro lugar prevalece sobre os que lhe seguirem, relativamente s mesmas quotas ou partes sociais. Segundo a ordem do respectivo pedido. A referida disposio restringe a aplicao deste princpio aos factos relativos a quotas ou partes sociais, pelo que, sociedade que cabe a responsabilidade de respeitar este princpio. Esta situao poder eventualmente levantar questes ao nvel do controlo da aplicao deste princpio, bem como da segurana jurdica. que o registo que tenha como objecto factos relativos a quotas ou partes sociais efectuado por depsito em cuja disciplina no cabem nem provisoriedade nem a recusa, nos termos dos art.s 1, 3 e 5, do art. 53.-A, e art.s 47. a 49., CRCom. Acrescendo o facto de o registo por depsito no estar vinculado ao princpio da legalidade ou qualificao por consistir no mero arquivamento dos documentos que titulam os actos. No ser excessivo se afirmarmos que o cumprimento do disposto no art. 12., do CRCom, depender do grau de responsabilidade e de conscincia dos profissionais do Direito e, naturalmente dos representantes das sociedades. A ordem pela qual o registo deve ser promovido est fixada no CSC, no art. 242.-C, que dirigido sociedade e no entidade competente para o efectuar, o que se compreende face ao que j foi referido. Por seu turno, entidade competente referese o art. 6. do RRCom, o qual determina que o registo por depsito de factos relativos a quotas ou partes sociais e respectivos titulares deve ser efectuado pela ordem do respectivo pedido. Refere Maria Ema Bacelar Guerra, O que interessa para conferir a prevalncia de um direito sobre outro a data do respectivo pedido de registo e no a data do documento que titula o acto cujo registo solicitado4.

4

Maria Ema A. Bacelar A. Guerra, Cdigo do Registo Comercial Anotado, 4. edio, 2001, Ediforum. 9

3.1.7. Princpio do Trato SucessivoSegundo este princpio, os titulares dos direitos devem constar do registo de forma continuada, isto , o titular actual do direito tem que o ter adquirido do titular imediatamente anterior, assim como, o seguinte s pode adquirir do titular actual o mesmo direito. O princpio do trato sucessivo era acolhido pelo art. 31., do CRCom, tendo sido revogado pelo art. 61., do DL 76-A/2006, de 29 de Maro, eliminando-o do CRCom. Actualmente, no CSC que se encontra previsto, no art. 242.-D, o qual dispe quanto sucesso de quotas. A responsabilidade de cumprir este princpio foi transferida para a sociedade, ficando, assim, sem controlo de legalidade a aplicao do princpio do trato sucessivo, com as repercusses ao nvel da segurana jurdica, como foi referido a propsito do princpio da prioridade.

3.2. Actos de registoO Cdigo do Registo Comercial identifica como actos de registo, a matrcula, no art. 62., as inscries, art. 63., os averbamentos, art.s 68. e 69., e as anotaes.

4. Registo por depsito e registo por transcrio DistinoNos termos do art. 53.-A, n. 1, do CRCom, o registo comercial pode assumir duas formas distintas por depsito ou por transcrio. O registo por transcrio consiste na extractao dos elementos que definem a situao jurdica das entidades sujeitas a registo constantes dos documentos apresentados, assim dispe o n. 2 art. 53.-A CRCom. Por sua vez, o registo por depsito, previsto no n. 3, do referido artigo, consiste no mero arquivamento dos documentos que titulam os factos sujeitos a registo.

10

Os actos de registo so efectuados em suporte informtico, sendo as inscries e averbamentos lavrados por extracto, donde decorre a matrcula, nos termos do art. 58., n. 1 e 2, do CRCom. Os documentos que servem de base ao registo por transcrio so obrigatoriamente arquivados, assim dispe o n. 1, do art. 59., do CRCom. Para este efeito as conservatrias dispem de um dirio, em suporte informtico, no qual feita a anotao cronolgica dos pedidos de registo por transcrio e dos documentos que estiveram na sua base, como referem as alneas a) e b), do n. 1, do art. 1., e art. 2., n. 1, do RRCom. Sendo o registo efectuado por via no electrnica, a requisio assim como os documentos que serviram de base ao registo, so arquivados na pasta da entidade sujeitas a registo, conforme dispe o art. 3., e a alnea c), do n. 1, do art. 1, do RRcom. Quanto aos documentos que acompanham o pedido de registo por transcrio, podem ser redigidos em lngua inglesa, espanhola ou francesa, desde que o funcionrio domine a lngua e dispense a traduo, nos termos do art. 32., n. 2, do CRCom. No registo por depsito procede-se ao arquivamento dos documentos na sede da sociedade at ao encerramento da liquidao, assim dispe o n. 3, do art. 242.-E, do CSC, ou outra entidade que o promova, sendo apenas feita a meno do registo na ficha informtica de registo, nos termos do n. 1, do art. 2., do RRCom. Estes documentos apenas podem ser redigidos em lngua portuguesa a contrario sensu art. 32., n. 2, do CRCom. Aps o encerramento da liquidao ser dado a estes documentos o mesmo tratamento que aos livros e aos demais documentos e elementos de escriturao da sociedade, os quais, de acordo com o disposto no n. 4 do art. 157. do CSC, devem ser mantidos, pelo perodo de 5 anos, por um depositrio, designado pelos scios na deliberao de aprovao do relatrio e contas finais da liquidao. Desde logo, o registo por transcrio difere do registo por depsito, no que respeita ao contedo. O registo por transcrio compreende a matrcula das entidades11

sujeitas a registo, as inscries, averbamentos e anotaes, conforme estabelece o disposto no art. 55., n. 1, do CRCom, ao contrrio do registo por depsito, que abrange apenas os documentos arquivados e a respectiva meno na ficha de registo, nos termos do n. 2, do art. 55., do CRCom. A presuno derivada do registo tambm diferente, uma vez que a transcrio do registo constitui presuno de que existe a situao jurdica, nos precisos termos em que definida, estando sujeito a despacho de qualificao, nos termos dos art.s 11. e 47., do CRCom. O registo por depsito, no goza desta presuno, presumindo-se apenas que os documentos que titularam os factos foram apresentados a registo. Sujeito ao princpio da legalidade, o pedido de apresentao de registo a efectuar por transcrio, deve ser apreciado em face das disposies legais aplicveis, dos documentos apresentados e dos registos anteriores, verificando-se em especial a legitimidade dos interessados, a regularidade formal dos ttulos e a validade dos actos titulados nos documentos apresentados a registo, conforme dispe o art. 47., do CRCom. No registo por depsito, a manifestao do princpio da legalidade praticamente inexistente. Os princpios do trato sucessivo e da prioridade, no so aplicveis ao registo por transcrio. No que toca ao registo de quotas ou partes sociais, efectuado por depsito, este est sujeito ao princpio da prioridade do registo, prevalecendo o facto registado em primeiro lugar sobre aqueles que se seguirem. O registo por transcrio pode ser afectado pelos vcios de nulidade e inexactido, j o registo por depsito apenas pode ser afectado pelo vcio da inexactido, nos termos dos art.s 22. e 23., do CRCom, sem prejuzo das causas de nulidade previstas na lei civil.

4.1. Prazo de Feitura e Data do RegistoQuanto ao prazo para a feitura do registo por transcrio superior ao prazo do pedido de registo por depsito, o que se justifica pela natureza da interveno da conservatria que se verifica no mbito do registo por transcrio, como foi atrs

12

referido a propsito do princpio da legalidade. No registo por depsito, a interveno da conservatria no vai muito alm do mero arquivamento. Assim, dispe o art. 54., n.1, do CRCom, que o prazo de realizao do registo por transcrio, quando a apresentao seja efectuada pela via normal, efectuado no prazo de 10 dias, sem prejuzo da necessidade de suprimento de deficincias art. 52., do CRCom, ou 1 dia, caso seja requerida a urgncia no registo, devidamente fundamentada e mediante o pagamento do dobro dos emolumentos previstos para o acto ou actos a registar, conforme prev o art. 22, n. 10, do RERN. O registo por transcrio online dever ser efectuado em dois dias teis a contar da confirmao do pagamento efectuado pelos interessados, nos termos do art. 11. da Port. 1416.-A/2006, de 19 de Dezembro, alterada pela Port. 562./2007, de 30 de Abril. Nos termos do n. 3, do art. 54., a data do registo por depsito a do dia em que o pedido for efectuado, independentemente da via ser, a normal ou online. A data do registo tambm diferente, nos termos do disposto no art. 55, n.s 4, 5 e 6, do CRCom, a data do registo por transcrio a da apresentao ou, se desta no depender, a data em que tiver lugar. A data do registo por depsito a do respectivo pedido de registo. No que concerne ao pedido de registo de prestao de contas, efectuado por depsito, atravs da IES, a do respectivo pagamento por via electrnica.

4.2. Da competncia para Efectuar o RegistoA competncia para a realizao do registo por transcrio cabe ao conservador ou oficial de registo. Quanto ao registo por depsito apenas feita a respectiva meno na ficha, podendo ser efectuada para alm do Conservador e do Oficial de Registo, tambm pelo prprio requerente, quando o pedido seja efectuado por via electrnica5, conforme dispe o art. 55.-A, n.s 1, 2 e 4, do CRCom.

5

Portaria 1416-A/2006, de 19 de Dezembro. 13

4.3. Causas de Rejeio do Pedido de Registo por Depsito e por TranscrioAs causas de rejeio do registo por depsito e por transcrio so semelhantes, no entanto, so mais exigentes no registo por depsito, e so estabelecidas pelo art. 46., do CRCom. O que alis se compreende, face quase inexistncia do controlo da legalidade, surge o reforo dos requisitos a cumprir no que respeita ao pedido do registo por depsito, com vista salvaguarda do princpio da segurana jurdica. Todavia, este reforo apenas se manifesta quando legitimidade do requerente e a sujeio a registo do facto em causa: se o requerente no tiver legitimidade para requerer o registo, se no se mostrar efectuado o primeiro registo da entidade ou quando o facto no tiver sujeito a registo, dever ser rejeitado, nos termos previstos nas alneas a) a d), no n. 2, do art. 46., do CRCom. A propsito das causas de rejeio aplicveis ao pedido de registo por depsito, J. de Seabra Lopes6

refere, que apesar de o art. 47. do CRCom, apenas

estabelecer a aplicao do princpio da qualificao ao registo por transcrio, () a verdade que a aplicao do n. 2, do art. 46., implica um certo grau de qualificao, ainda que mnimo e insuficiente () .

4.4. Do cumprimento das obrigaes fiscaisConforme dispe o art. 51., do CRCom, apenas nos registos por transcrio caber ao Conservador ou Oficial verificar se esto pagos ou assegurados os direitos do fisco, em factos sujeitos a encargos de natureza fiscal. Quanto ao registo por depsito, conforme dispe o n. 2, do art. 51. do CRCom, a verificao do cumprimento das obrigaes fiscais no compete s conservatrias, mas so da responsabilidade da sociedade, que no dever levar a registo factos sujeitos a encargos fiscais, sem que estes se encontrem devidamente liquidados e pagos, nos termos das leis fiscais.

6

J. De Seabra Lopes, Direito dos Registos e do Notariado, 5. Edio, pg. 213, Maro de 2009, Almedina

14

De referir que previamente ao registo de factos sujeitos a encargos de natureza fiscal, a sociedade deve assegurar que estes se mostram pagos, no tendo todavia que aferir da correco da liquidao efectuada, conforme n. 2 do art. 242.E, do CSC. Refira-se que, caso promova o registo em violao deste dever, nos termos do n. 2 do art. 242.F do CSC, a sociedade solidariamente responsvel pelo cumprimento das obrigaes fiscais.

5. Factos sujeitos a registo por depsito Enumerao7Os factos registados por depsito so enumerados no art. 53.-A, n. 5, do CRCom :8

Art. 3., n. 1, alneas, b) a l), n), p), q), u), v) e z) - Factos relativos a sociedades comerciais e sociedades civis sob forma comercial, salvo o registo do projecto de constituio de sociedade annima europeia gestora de participaes sociais, bem como o da verificao das condies de que depende a sua constituio: A deliberao da assembleia-geral, nos casos em que a lei a exige, para aquisio de bens pela sociedade; A unificao, diviso e transmisso de quotas de sociedades por quotas, bem como de partes sociais de scios comanditrios de sociedades em comandita simples; A promessa de alienao ou de onerao de partes de capital de sociedades em nome colectivo e de sociedades em comandita simples e de quotas de sociedades por quotas, bem como os pactos de preferncia, se tiver sido convencionado atribuir-lhes eficcia real, e a obrigao de preferncia a que, em disposio de ltima vontade, o testador tenha atribudo igual eficcia; A transmisso de partes sociais de sociedades em nome colectivo, de partes sociais de scios comanditados de sociedades em comandita simples, a

7 8

Manual de Procedimentos do Registo Comercial, in http://www.irn.mj.pt/ Redaco dada pelo DL 185/2009, de 12 de Agosto. 15

constituio de direitos reais de gozo ou de garantia sobre elas e a sua transmisso, modificao e extino, bem como a penhora dos direitos aos lucros e quota de liquidao; A constituio e a transmisso de usufruto, o penhor, arresto, arrolamento e penhora de quotas ou direitos sobre elas e ainda quaisquer outros actos ou providncias que afectem a sua livre disposio; A exonerao e excluso de scios de sociedades em nome colectivo e de sociedades em comandita, bem como a extino de parte social por falecimento do scio e a admisso de novos scios de responsabilidade ilimitada; A amortizao de quotas e a excluso e exonerao de scios de sociedades por quotas; A deliberao de amortizao, converso e remisso de aces; A emisso de obrigaes, quando realizada atravs de oferta particular, excepto se tiver ocorrido, dentro do prazo para requerer o registo, a admisso das mesmas a negociao em mercado regulamentado de valores mobilirios; A prestao de contas das sociedades annimas, por quotas e em comandita por aces, bem como das sociedades em nome colectivo e em comandita simples quando houver lugar a depsito, e de contas consolidadas de sociedades obrigadas a prest-las; O projecto de fuso e de ciso de sociedades, bem como a deliberao de reduo do capital social da sociedade; O projecto de constituio de uma sociedade annima europeia por meio de fuso, o projecto de constituio de uma sociedade annima europeia por meio de transformao de sociedade annima de direito interno e o projecto de constituio de uma sociedade annima europeia gestora de participaes sociais; A deliberao de manuteno do domnio total de uma sociedade por outra, em relao de grupo, bem como o termo dessa situao;16

O contrato de subordinao, suas modificaes e seu termo; A emisso de warrants autnomos sobre valores mobilirios prprios, quando realizada atravs de oferta particular por entidade que no tenha valores mobilirios admitidos negociao em mercado regulamentado nacional, excepto se tiver ocorrido, dentro do prazo para requerer o registo, a admisso dos mesmos a negociao em mercado regulamentado de valores mobilirios. Art. 3., n. 2, alneas b), c) e e) Factos relativos s sociedades annimas europeia: A prestao das contas anuais e, se for caso disso, das contas consolidadas; O projecto de transferncia da sede para outro Estado membro da Unio Europeia; O projecto de transformao em sociedade annima de direito interno; Art. 5., alneas b) e d) Factos relativos a Entidades Pblicas Empresariais (EPE): A emisso de obrigaes e de ttulos de participao; A prestao de contas; Art. 6., alnea b) - Factos relativos a Agrupamentos Complementares de Empresas (ACE): A emisso de obrigaes; Art. 7., alnea g) - Agrupamentos europeus de interesse econmico (AEIE): O projecto de transferncia da sede; Art. 8., alnea e) Factos relativos a Estabelecimentos Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRL): As contas anuais; Art. 9. - Aces e decises se respeitarem a factos sujeitos a registo por depsito; Art. 10., alneas, a), d) e e) Outros factos sujeitos a registo:

17

O mandato comercial escrito, suas alteraes e extino; A prestao de contas das sociedades com sede no estrangeiro e representao permanente em Portugal; O contrato de agncia ou representao comercial, quando celebrado por escrito, suas alteraes e extino; E todos os factos que por lei especial estejam sujeitos a depsito.

5.1. Menes do registo por depsitoO depsito dos documentos que titulam os factos sujeitos a registo por depsito devem fazer constar os requisitos que constituem as menes gerais, constantes do art. 14, do RRCom, nomeadamente, a data do depsito; o facto a registar; o nome ou denominao, residncia habitual do sujeito activo do facto, assim como do nome de quem requereu o facto. Quanto s menes especiais do registo por depsito de documentos, so as estabelecidas de acordo com o facto a registar e esto previstas no art. 15., do RRCom.

5.2. Registo da Prestao de ContasO registo da prestao de contas regulado pelo DL 8/2007, de 17 d Janeiro, alterado pelo DL 116/2008, de 4 de Julho e pelo DL 292/2009, de 13 de Outubro, assim como pela Port. 208/2007, de 16 de Fevereiro, alterada pela Port. 8/2008, de 3 de Janeiro, Port. 499/2007, de 30 de Abril, alterada pela Port. 245/2008, de 27 de Maro, e pela Port. 562/2007, de 30 de Abril. Nos termos do art. 2, do referido decreto-lei a IES compreende um conjunto de obrigaes legais a que as sociedades e estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada tm que cumprir. Desde logo, a alnea c), respeita ao registo da prestao de contas, nos termos previstos na legislao do registo comercial. A informao constante da IES no que concerne ao cumprimento da obrigao ali prevista, est sujeita a publicao no stio das publicaes, sendo ainda

18

integrada na base de dados de contas anuais, da titularidade do Instituto dos Registos e do Notariado http://www.ies.gov.pt/ - http://publicacoes.mj.pt/. O prazo de apresentao da IES est previsto no n. 4, do art. 15., do CRCom e no art. 5., do DL 8/2007, de 17 de Janeiro, devendo o pedido de registo efectuado at ao final do 6. ms a contar do termo do exerccio econmico, considerando-se como data do pedido de registo da prestao de contas, a do respectivo pagamento por via electrnica.

6. Factos registados por transcrio Enumerao9O DL 247-A/2008, de 30 de Dezembro revogou o n. 4. do art. 53.-A, do CRCom, no qual constava a enumerao dos factos sujeitos a registo por transcrio, que se encontram no art. 2.; art. 3., n. 1, alneas, a), m), o), q), r), s), t) e n. 2, alneas, a), d), e), g), h) e i); art. 4., alneas, a), b), d) e e); art. 5., alneas a), c), e) e f); art. 6.; art. 7., alneas, a), b), c), d), e), f), h), i) e j); art. 8., alneas, a), b), c), d), f), g) e h); art. 9., alneas, a), d), i), j), l), m), n) e o) e art. 10., alneas, a), c) e e), do CRCom, que a seguir se indicam: Todos os factos sujeitos a registo relativos a comerciantes individuais art. 2.: Inicio, alterao e cessao da actividade do comerciante em nome individual; Modificao do estado civil e regime de bens Mudana de estabelecimento principal Factos relativos a sociedade comerciais e sociedades civis sob a forma comercial art. 3., n. 1: A constituio - alnea a); A designao e cessao de funes, por qualquer causa que no seja o decurso do tempo, dos membros dos rgos de administrao e de fiscalizao das sociedades, bem como, do secretrio da sociedade alnea m);

9

Manual de Procedimentos do Registo Comercial, disponvel em http://www.irn.mj.pt/ 19

A mudana de sede da sociedade e a transferncia de sede para o estrangeiro alnea o); A verificao das condies de que depende a constituio de uma sociedade annima europeia gestora de participaes comerciais alnea q); A prorrogao, fuso, ciso, transformao e dissoluo das sociedades, bem como o aumento, reduo ou reintegrao do capital social e qualquer outra alterao ao contrato de sociedade alnea r); A designao e cessao de funes, anterior ao encerramento da liquidao, dos liquidatrios das sociedades, bem como os actos de modificao dos poderes legais ou contratuais dos liquidatrios alnea s); O encerramento da liquidao ou o regresso actividade da sociedade alnea t). Factos relativos a sociedade annimas europeias art. 3., n. 2: A constituio alnea a); As alteraes aos respectivos estatutos alnea d); A transformao em sociedades annimas de direito interno alnea e); A dissoluo alnea g); O encerramento da liquidao ou o regresso actividade da sociedade alnea h); E os restantes factos referentes a sociedades annimas que, por lei, estejam sujeitos a registo alnea i). Factos sujeitos a registo relativos a cooperativas art. 4.: A constituio alnea a); A nomeao e cessao de funes, por qualquer causa que no sejam o decurso do tempo, de directores, representantes e liquidatrios alnea b);

20

A prorrogao, transformao, fuso, ciso e qualquer outra alterao de estatutos alnea d); A dissoluo e encerramento da liquidao alnea e); Factos relativos a ACE art. 6.: O contrato de agrupamento alnea a); A nomeao e exonerao de administradores e gerentes alnea c); A entrada, exonerao e excluso de membros do agrupamento alnea d); As modificaes do contrato alnea e); A dissoluo e encerramento da liquidao do agrupamento alnea f). Factos relativos a AEIE art. 7.: O contrato de agrupamento alnea a); A cessao total ou parcial de participao de membro do agrupamento alnea b); A clausula que exonere um novo membro do pagamento das dividas antes da sua entrada alnea c); A designao e cessao de funes, por qualquer causa que no seja pelo decurso do tempo, dos gerentes do agrupamento alnea d); A entrada, exonerao e excluso de membros do agrupamento aliena f), A dissoluo alnea h); A designao e cessao de funes, anterior ao encerramento da liquidao, dos liquidatrios alnea i); E o encerramento da liquidao alnea j). Factos relativos a EIRL art. 8.: A constituio alnea a);21

O aumento e reduo do capital de estabelecimento alnea b); A transmisso do estabelecimento por acto entre vivos e a sua locao alnea c); A constituio por actos entre vivos de usufruto e de penhor sobre o estabelecimento alnea d); As alteraes do acto constitutivo alnea f); A entrada em liquidao e o encerramento da liquidao do estabelecimento alnea g); A designao e a cessao de funes, anterior ao termo da liquidao, do liquidatrio do estabelecimento, quando no seja o respectivo titular alnea h). Todas as aces e decises judiciais sujeitas a registo, desde que respeitem a factos que devam ser registados por transcrio Factos relativos a EIRL art. 9.: As aces de interdio do comerciante individual e de levantamento deste alnea a); As aces de declarao de nulidade ou anulao de contratos de sociedade, de ACE e AEIE registados alnea c); As aces de declarao de nulidade ou anulao de actos de constituio de cooperativas e de EIRL alnea d); As sentenas de declarao de insolvncia de comerciantes individuais, de sociedades comerciais, de sociedades civis sob a forma comercial, de cooperativas, de ACE, de AEIE, dos EIRL e as de indeferimento do respectivo pedido, nos casos de designao prvia de administrador judicial provisrio, bem como o trnsito em julgado das referidas sentenas alnea i); As sentenas, com trnsito em julgado, de inabilitao e de inibio de comerciantes individuais para o exerccio do comrcio e de determinados22

cargos, bem como as decises de nomeao e de destituio do curador inabilitado alnea j); Os despachos de nomeao e de destituio do administrador judicial e do administrador judicial provisrio de insolvncia, de atribuio ao devedor da administrao da massa insolvente, assim como de proibio da prtica de certos actos sem o consentimento do administrador de insolvncia e os despachos que coloquem termo a essa administrao alnea l); Os despachos, com transito em julgado, de exonerao d passivo restante de comerciantes individuais, assim como os despachos inicial e de cessao antecipada do respectivo procedimento e de revogao dessa exonerao alinea m); As decises judiciais de encerramento do processo de insolvncia alnea n); As decises judiciais de confirmao do fim do perodo de fiscalizao incidente sobre a execuo de plano de insolvncia alnea o). Outros factos sujeitos a registo - art. 10.: O mandato comercial escrito, suas alteraes e extino alnea a); A criao, a alterao e o encerramento de representaes permanentes de sociedade, cooperativas, ACE, AEIE com sede em Portugal ou no estrangeiro, bem como a designao, poderes e cessao de funes dos respectivos representantes alnea c); O contrato de agncia ou representao comercial, quando celebrado por escrito, suas alterao e extino alnea e); E Quaisquer outros factos que a lei declare que esto sujeitos a registo comercial.

23

7. Processo de registo por depsitoO pedido de registo por depsito efectuado nos termos do disposto no art. 4., do RRCom, de forma verbal quando se por quem tenha legitimidade para o efeito, sendo, nos restantes casos efectuado de forma escrita e de acordo com os modelos aprovados pelo IRN, referidos no ponto 3.1.1, a propsito do princpio da instncia. sobre a sociedade que impende a responsabilidade de promover o registo de factos, podendo ainda ser promovido mediante solicitao de quem tenha legitimidade para esse efeito, como tambm j foi referido a propsito do princpio da instncia. Ainda a propsito da legitimidade, dispe o art. 242.-B, n. 2, que o transmissrio, o transmitente, o scio exonerado, o usufruturio e o credor pignoratcio, podem solicitar sociedade a promoo do registo e nos termos do n. 3, deve ser acompanhado dos documentos que titulem o facto a registar, bem como dos emolumentos, taxas e outras quantias que foram devidas. Porm, se a sociedade no promover o registo, nem por sua iniciativa, nem a solicitao de qualquer dos interessados, pode qualquer pessoa solicitar junto da conservatria que esta promova o registo por depsito, de factos relativos a participaes sociais e respectivos titulares, nos termos do art. 29.-A, n. 1, do CRCom. Este pedido dever ser efectuado por escrito para que possa ser depositado na pasta correspondente entidade em causa, devendo ser acompanhado pelos documentos que titulem o facto a registar no s por analogia com a regra estabelecida no n. 3, do art. 242.-B, do CSC, mas tambm para que seja dado cumprimento ao disposto no art. 29.-A, n. 2 e 3, do CRCom, em que a conservatria regista o facto, arquiva os documentos entregues e envia uma cpia dos mesmos sociedade, caso esta no promova o registo no prazo de 10 dias a contar da notificao efectuada pela conservatria, quando se verifique a situao prevista no n. 1, desta disposio legal. De referir, que da deciso do Conservador em promover o registo ou rejeitar o pedido cabe impugnao mediante a interposio de recurso hierrquico ou mediante impugnao judicial, conforme dispe o n. 6, do art. 29.-A, do CRCom.

24

Note-se, que a deciso referida neste n. 6, do art. 29., como sendo susceptvel de impugnao, no a deciso proferida sobre o pedido de registo mas sim a deciso de promoo do registo ou de rejeio do respectivo pedido.

7.1. Rejeio do PedidoComo j foi referido no ponto 4.3 o pedido de registo por depsito rejeitado nas situaes previstas no n. 2, do art. 46., do CRCom, cumulativamente com os casos de rejeio previstos para a apresentao, como refere a alnea a), que a seguir se indicam: Quando o requerimento no respeitar o modelo aprovado, no caso do pedido ser efectuado de forma verbal; Quando no forem pagas as quantias que se mostrem devidas; Quando a entidade objecto de registo no tiver numero de identificao de pessoa colectiva atribudo; Se o requerente no tiver legitimidade para requerer o registo Quando no se mostre efectuado o primeiro registo, nos termos previstos no art. 61.; Quando o facto no esteja sujeito a registo. Quando se verifique causa para a rejeio do pedido feita a meno do pedido com os elementos disponveis, salvo no que respeita alnea c), do n. 1, do art. 46., do CRCom. Pois dispe o n. 6, do art. 46., do CRCom, que nos casos em que a entidade se encontre registada sem que lhe tenha sido atribudo nmero de pessoa colectiva, a conservatria comunica esse facto ao Registo Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC) de modo que se proceda, no prprio dia, inscrio da entidade no Ficheiro Central de Pessoas Colectivas (FCPC). A rejeio do pedido dever ser fundamentada e desta dever o interessado ser notificado, para efeitos de impugnao.

25

Da rejeio do pedido cabe recurso nos termos previstos no art. 101. e seguintes do CRCom.

8. Processo de Registo por TranscrioEste processo inicia-se com a apresentao que consiste no acto atravs do qual se pede o registo, nos termos do art. 4., do RRCom. O pedido acompanhado pelos documentos comprovativos dos factos jurdicos que se pretendem levar a registo, sendo admitidas declaraes complementares dos ttulos nos casos previstos na lei, nos termos do art. 33. do CRCom. No que concerne identificao dos sujeitos das inscries e dos averbamentos pode ser feita por meio de declarao complementar, salvo no que respeita ao estado civil, cuja prova deve ser feita por um dos meios previstos no art. 211., do CRCivil. Todavia, o estado civil dos gerentes, administradores, directores, liquidatrios e demais representantes das pessoas colectivas pode ser indicado por meio de declarao complementar, visto que em relao a eles no se coloca a questo do trato sucessivo. Quanto a requisitos formais das declaraes complementares devem ser assinadas e conter a indicao efectuada pelo signatrio, dos elementos constantes do documento de identificao, conforme dispe o art. 45., do CRPredial, ex vi do art. 115., do CRCom. As declaraes complementares devem ser consideradas quer constem da requisio do registo quer de documento separado. Parecer do CT. O Processo 86/89-RP 310 J. De Seabra Lopes refere que declaraes complementares () so aquelas a que a lei se refere, como base acessria dos registos, destinados a suprir deficincias, erros,

10

Maria Ema A. Bacelar A. Guerra, obra citada, pg. 307. 26

omisses ou contradies dos ttulos sobre elementos indispensveis sua realizao.11 Relativamente forma de apresentao de documentos para registo, pode ser uma de trs, efectuada pessoalmente, por correio ou por via electrnica, nos termos previstos no art. 45., n. 1, do CRCom.

8.1. Apresentao pessoalAqui a apresentao feita ao balco da Conservatria, dentro do horrio legal de abertura ao pblico. Os documentos apresentados so anotados pela ordem de entrega dos pedidos, conforme dispe o art. 45., n. 2, do CRCom. A anotao da apresentao do pedido de registo por transcrio deve conter os elementos previstos no art. 5., n. 1, do RRCom: O numero de ordem e a data de apresentao; O nome completo do apresentante e o nmero do respectivo documento de identificao; O facto a registar; O nome, a firma ou a denominao da pessoa ou do estabelecimento; A espcie de documentos e o seu nmero; Nos termos previstos no n. 2, do art. 5, do RRCom, para fins de apresentao, a matrcula e o registo pedido constituem um s acto de registo.

8.2. Apresentao pelo correioDeve ser efectuada mediante carta registada na qual devem ser remetidos, o impresso de requisio devidamente preenchido, os documentos necessrios e, o emolumento devido pelo actos solicitado.

11

Obra citada, pg. 249 27

Nos termos do n. 4, do art. 45., do CRCom, os documentos apresentados pelo correio pelo correio so anotados com a meno de correspondncia no dia da recepo e imediatamente aps a ltima apresentao pessoal. A apresentao pelo correio deve obedecer ao preceituado no art. 65., n. 2, do CRPredial, aplicvel ao registo comercial ex vi art. 115., do CRCom. Neste sentido foi emitido Parecer do CT, nos termos do qual I - A apresentao pelo correio ocorre no prprio dia em que so recebidos pela conservatria a requisio e os documentos para esse fim enviados com observncia do preceituado no art. 65. do CRP. II - Verifica-se essa recepo logo que tais documentos ficam disposio da conservatria no apartado dos correios que lhe est atribudo, por sua prpria opo.12

8.3. Apresentao por via electrnicaA apresentao por via electrnica est prevista na Port. 1416-A/2006, de 19 de Dezembro, da qual consta o regime da promoo electrnica dos actos sujeitos a registo comercial. Nos termos do disposto nos n.s 1 e 5 do art. 45. e dos art.s 2. e 5. da Portaria, a promoo online de actos de registo comercial feita atravs do stio da internet www.empresaonline.pt , sendo os pedidos anotados pela ordem da respectiva recepo; os recebidos aps o horrio de atendimento do pblico so anotados automaticamente, no dia seguinte, imediatamente antes da primeira apresentao pessoal ou por telecpia. De acordo com o n. 3. do art. 5., da Portaria, a hora de recepo dos pedidos de registo apresentados online tem por referncia a hora do meridiano de Greenwich, assinalada nas certides de registo pela aposio do acrnimo UTC (universal time, coordinated). O art. 24. da Portaria, estabelece quais os actos que podem ser pedidos online. Da mesma forma o Despacho n. 14871/2007 determinou que () podem ser promovidos por via electrnica os seguintes actos de registo comercial: penhor, penhora, arresto, amortizao de quotas, mandato, contrato de agncia, rectificao e12

Processo n 17/92 R.P.4 Apresentao pelo correio. Documentos depositados em apartado ordem de conservatria, publicado no Boletim dos Registos e do Notariado, n. 2/2002. 28

cancelamento de registos por depsito online, transformao de sociedade, alterao do contrato social, aumento de capital, reduo de capital social, fuso e cisofuso.13 Esta mesma Portaria determinou a incluso da Conservatria do Registo Comercial da Zona Franca da Madeira no servio de registos online, quanto a factos de registo respeitantes s entidades sediadas naquela Conservatria. Posteriormente o Despacho n. 914/2009 acrescentou os seguintes factos: dissoluo, dissoluo com nomeao de liquidatrios, dissoluo com encerramento da liquidao, encerramento da liquidao e requerimento inicial para extino imediata14.

8.4. Da recusa, provisoriedade e desistnciaO regime da recusa do registo por transcrio est previsto no art. 48., n. 1 do CRCom. A enumerao deste artigo taxativa, pelo que o registo s pode ser recusado se, quanto a ele, se verificar uma das hipteses ali previstas. Nos termos do n. 2 do mesmo artigo, alem dos casos previstos no n. 1, o registo s pode ser recusado se, por falta de elementos ou pela natureza do acto, no puder ser feito como provisrio por dvidas, como o caso de alguns averbamentos. O registo no pode ser recusado com base em qualquer outro fundamento, salvo se estiver expressamente determinado em legislao avulsa. o que acontece quando se verifica alguma das hipteses previstas no art. 58., do RRNPC. A este propsito a Orientao da DRGN vai no sentido de que, Na qualificao do registo do contrato de sociedade no pode o Conservador pr em causa o direito ao uso da firma regularmente emitida pelo RNPC com fundamento na violao do princpio da novidade ou exclusividade, posto que a atribuio do direito ao uso exclusivo de qualquer firma da exclusiva competncia do RNPC, tal qual salvo no caso de deciso judicial a declarao de perda desse direito.

13 14

Publicado no DR, II srie, 10 de Julho, http://dre.pt/ . Publicado no DR, II srie, 13 de Janeiro, http://dre.pt/ .

29

No que concerne ao registo provisrio, se as deficincias no forem sanadas nos termos do disposto no art. 52., mediante o suprimento de deficincias do pedido, registo por transcrio deve ser feito provisoriamente por dvidas quando existam motivos que obstem ao registo do acto tal como pedido e que no sejam fundamento de recusa, nos termos do art. 49., do CRCom. Os despachos de recusa e de provisoriedade por dvidas so lavrados pela ordem de apresentao dos respectivos pedidos de registo, salvo quando tenha que se aplicar o mecanismo de suprimento de deficincias, e destes os interessados so notificados nos dois dias seguintes, a contar do pedido de registo, conforme dispe o n. 1, do art. 50., do CRCom. Nos termos do disposto no n. 2, do art. 50., do CRCom, a qualificao dos registos provisrios por natureza notificada aos interessados no mesmo prazo, salvo no caso das alneas, a), c) e n), do n. 1, do art. 64., do CRCom. Quanto desistncia do pedido de registo, regula o art. 53., do CRCom, nos termos do qual a desistncia de um registo e dos que dele dependam s pode ser aceite: no caso de deficincia que motive a recusa ou se for junto documento comprovativo da extino do facto, desde que o pedido seja efectuado antes da assinatura do registo.

9. Documentos a apresentar para o registo por transcrioTal como j foi referido, o registo por transcrio efectuado mediante a entrega de um modelo oficial de requisio, quando no seja efectuado presencialmente ou por via electrnica, e dos documentos comprovativos dos factos sujeitos a registo. O registo inicial implica a matrcula da entidade sujeita a registo. Do disposto no n. 1, do art. 61. resulta que o primeiro facto cujo registo deve ser efectuado o do inicio de actividade do comerciante individual o da constituio de pessoa colectiva ou do estabelecimento de responsabilidade limitada. Exceptuando os comerciantes em nome individual que usem como firma apenas o seu nome, completo ou abreviado, e das representaes permanentes de30

pessoas colectivas, necessria a obteno do certificado de admissibilidade de firma ou denominao, nos termos do art. 56., do RRNPC. Nos termos do art. 110., n. 1, do CIRS15, a prova da prvia declarao de incio de actividade na Administrao Tributria no exigvel. Quanto s entidades enquadradas no regime do IVA, devem apresentar a declarao de incio de actividade no prazo de 15 dias a contar da data de apresentao do pedido de registo na conservatria, nos termos previstos no art. 30., n. 2, CIVA.16 Para efectuar a declarao de inicio de actividade o interessado j tem que possuir o NIF ou NIPC, quanto a este ltimo atribudo pelo RNPC e consta do certificado de admissibilidade de firma ou denominao. Para o registo definitivo de entidade cuja actividade dependa de qualquer autorizao especial, necessrio o arquivamento da respectiva autorizao, a no ser que a constituio seja celebrada por escritura pblica que a mencione, nos termos do art. 35., n. 1, do CRCom. No caso de haver entradas em espcie para a constituio de sociedades sujeitas a registo comercial, nos termos do art. 28., do CSC, e EIRL, DL 248/86, de 25 de Agosto necessria a apresentao de relatrio elaborado por Revisor Oficial de Contas. Devendo o ttulo constitutivo ou de alterao ser lavrado por instrumento pblico ou por documento particular autenticado, nos termos do art. 4.-A e art. 39., do DL 76-A/2006, de 29 de Maro. No que respeita ao comerciante em nome individual o registo efectuado com base em declarao do interessado, conforme previsto no art. 34., do CRCom. I. EIRL DL 248/86, de 25 de Agosto A constituio do EIRL deve ser reduzida a escrito, salvo se forma mais solene for exigida para a transmisso dos bens que representam o capital social do estabelecimento, art. 2., do DL.

15 16

Na redaco dada pelo DL 111/2005, de 8 de Julho. Na redaco dada pelo DL 111/2005, de 8 de Julho. 31

O pedido de registo do EIRL deve ser instrudo com o documento comprovativo do acto constitutivo, o relatrio do ROC, se houver entradas em espcie e a declarao da responsabilidade dos scios em como o capital j se encontra depositado em instituio bancria em conta aberta em nome da sociedade, conforme art.s 3. e 4., do DL e art. 202., n. 4 e 277., do CSC. As alteraes do acto constitutivo do EIRL devem ser reduzidas a escrito; se a alterao envolver aumento de capital com entradas em bens diferentes de dinheiro para cuja transmisso a lei exija forma mais solene, deve revestir essa forma art. 16., n. 1, do mesmo DL. O EIRL pode, a todo o tempo, transformar-se numa sociedade por quotas unipessoal mediante declarao escrita do interessado, sem prejuzo da necessidade de prvia emisso do certificado de admissibilidade de firma desta sociedade, nos termos do art. 270.-A, n. 5, do CSC.

I.

Sociedades Comerciais O contrato de sociedade deve ser reduzido a escrito e as assinaturas dos seus subscritores devem ser reconhecidas presencialmente, salvo se forma mais solene for exigida para a transmisso dos bens com que os scios entram para a sociedade, devendo, nesse caso, o contrato revestir essa forma, sem prejuzo do previsto em lei especial, conforme dispe o art. 7., n.. 1, do CSC. No que concerne alterao do contrato, suficiente a acta da respectiva deliberao, salvo se esta, a lei ou o contrato de sociedade exigirem outro documento, nos termos do art. 85., n.. 4, do CSC. Caso se verifique que a alterao do objecto, deixando de incluir actividade especificada na firma tem que se modificar a firma, conforme art.s 200., n.. 3 e 275., do CSC. A deslocao da sede da sociedade dentro do territrio nacional feita mediante simples deliberao da gerncia ou administrao, salvo disposio em contrrio no contrato de sociedade, conforme art. 12., do CSC.

32

A reduo do capital pode ser deliberada pela sociedade, nos termos previstos no art. 95., do CSC. O aumento de capital para incorporao de reservas deve ser acompanhado do balano que serviu de base deliberao art. 93., do CSC. A fuso de sociedades deve revestir a forma exigida para a transmisso dos bens das sociedades incorporadas ou, no caso de constituio de nova sociedade, das sociedades participantes nessa fuso art. 120., do CSC. Regime idntico vigora quanto ciso. Na transformao da sociedade, os scios devem declarar por escrito, sob sua responsabilidade, que no houve oposio transformao art. 131.., n.. 2 e 3, do CSC, bem como, em caso de necessidade, reproduzir o novo contrato art. 140.-A, n. 1, do CSC. A dissoluo da sociedade no depende de forma especial nos casos em que tenha sido deliberada pela assembleia-geral, conforme previsto no art. 145., n. 1, do CSC.

II.

Sociedade Unipessoal por Quotas A constituio originria da sociedade unipessoal por quotas titulada por documento particular art. 7., n.. 1, do CSC, a no ser que forma mais solene seja exigida para a transmisso dos bens com que o seu titular entre para a sociedade. A transformao da sociedade originria efectua-se mediante a declarao do scio nico na qual manifeste a sua vontade de transformar a sociedade em sociedade unipessoal por quotas, podendo esta declarao constar do prprio documento que titule a cesso por quotas. Uma pessoa singular s pode ser scia de uma nica sociedade por quotas e uma sociedade por quotas no pode ter como scio nico uma sociedade unipessoal por quotas art. 270.- C, do CSC.

33

10. ConclusoO regime da transmisso e do registo de quotas sofreu alteraes profundas com a entrada em vigor do DL 76-A/2006, de 29 de Maro e pelo DL 8/2007, de 17 de Janeiro. As alteraes consistiram na desformalizao, ou seja, na dispensa de escritura pblica para os negcios translativos de quotas, que passaram a estar sujeitos apenas forma de documento particular e forma de registo por depsito. Este regime foi considerado por muitos, como um ataque, segurana jurdica registal e ao princpio da legalidade, a que apenas est sujeito o registo por transcrio. As alteraes, ento introduzidas, nomeadamente no que concerne ao registo por depsito, foram, por Mouteira Guerreiro, de forma desabridamente crtica, consideradas como um ataque e uma afronta ao princpio da legalidade, por colocarem em causa de forma um tanto ou quanto irreversvel a sustentabilidade e objectividade do registo. Ainda a propsito das alteraes ao Cdigo do Registo Comercial, Mouteira Guerreiro, refere que, () entre diversas novidades a dos chamados registos por depsito e a da desvalorizao dos princpios da legalidade e da presuno da verdade, () bastar dizer isto para imediatamente se pensar que, assim, o registo comercial no ir poder cumprir a sua funo. E, de facto, no vai.17 Quanto ao chamado registo por depsito, Mouteira Guerreiro, apelida-o de pseudo-registo, uma vez no se tratar de um registo no sentido prprio do conceito, no produzir quaisquer efeitos jurdicos, e mais, nunca pode ser declarado nulo ainda que viole qualquer disposio imperativa. J. Seabra Lopes no foi menos expansivo na anlise crtica as estas alteraes legislativas e, peremptoriamente, acusou o legislador de raiar a mediocridade na tarefa levada a cabo, e que o legislador ao, chamar registo ao mero arquivamento de

17

Temas de Registos e de Notariado, pg. 123. 34

documentos, sem qualificao pelo conservador, representa um manifesto abuso de linguagem jurdico-registal.18 Ser assim fcil de prever que a estrutura que sustentava o Registo Comercial ser fortemente abalada, deixando cair por terra os princpios: da verdade; da legalidade; da certeza; que outrora garantiam a segurana do comrcio jurdico registal. pacfica a previso de que as estruturas basilares em que se estribam o registo por depsito - que em nada se assemelha ao seu congnere registo por transcrio - abanem, desequilibrem, e impludam deixando cair por terra, a segurana jurdica de que no se revestiu; as cautelas que no foram tomadas; o bom senso que no lhe presidiu e a sabedoria que esteve ausente. No fundo e para terminar, tudo seria diferente se o legislador no fizesse tbua rasa do princpio constitucional e transversal a todo o ornamento jurdico que o Princpio da Legalidade e da segurana do comrcio jurdico registal.

18

Direito dos Registos e do Notariado, pg. 211. 35

BibliografiaD Ea, Francisca Almeida, Registos Online, 2. edio revista e actualizada, 2009, Almedina. Guerra, Maria Ema A. Bacelar A., Cdigo do Registo Comercial Anotado, 4. edio, 2007, Ediforum. Guerreiro, J. A. Mouteira, Direito dos Registos e do Notariado, 5. edio, 2009, Almedina. Lopes, J. de Seabra, Direito dos Registos e do Notariado, 5. edio, 2009, Almedina. Prata, Ana, Dicionrio Jurdico, 4. edio, 2005, Almedina. Santos, Filipe Cassiano dos, Afonso, Ricardo, Cdigo das Sociedades Comerciais e Legislao Conexa, 5. edio, 2009, Coimbra Editora. Rodrigues, Pedro Nunes, Direito Notarial e Direito Registal, 2005, Almedina.

36