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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 24 de Fevereiro de 2011 | ed. 143 | 0.50 PUB Maria Filomena Mendes em ENTREVISTA NOVO HOSPITAL DE ÉVORA AVANÇA ATÉ FINAL DO ANO Presidente do conselho de administração do HESE diz que projecto “não tem derrapagens” e quer ver o arranque das obras ainda em 2011. 06/07 Montemor contra cortes no transporte de doentes Pág.09 Um abaixo-assinado contra o corte nas cre- denciais de transporte de doentes não urgentes já reco- lheu cerca de 4 mil assinaturas em Montemor-o-Novo. O objectivo é pressionar o Ministério da Saúde a “recu- ar” numa decisão criticada por populações, autarcas e bombeiros que, desde o início do ano, registam uma re- dução superior a 30% nas requisições de transporte de doentes, em comparação com 2010. ESPECIAL Michel Giacometti Pág.18 Foi recentemente editada a filmografia com- pleta do etnólogo Michel Giacometti, que integra a sé- rie “Povo que Canta”, produzida pela RTP entre 1970 e 1974. No Convento dos Remédios, em Évora, pode ser vista até 26 de Fevereiro uma exposição que reúne 80 fotografias da colecção de Giacometti que desenvol- veu um trabalho de investigação, recolha e estudo da música tradicional em Portugal. Bloco acusa Câmara de Évora de “navegar à vista” Pág.05 Miguel Sampaio, dirigente do Bloco de Es- querda, acusa o Executivo socialista na Câmara de Évora de “estar a navegar à vista” e defende a necessi- dade de uma “clarificação” quanto ao rumo da autar- quia: “Não é apenas a política cultural da Câmara que se tem vindo a esfumar. Neste momento, o Executivo camarário está a navegar à vista e isso reflecte-se das opções meramente conjunturais que são tomadas”. ÉVORA Agentes culturais protestam A plataforma que reúne 9 associações culturais organizou ontem uma manifestação frente aos Paços do Concelho. Em causa o não pagamento de subsídios camarários relativos a 2010 e os 200 mil euros em dívida desde o segundo semestre de 2009. 03 Turismo do Alentejo, autarquias e operadores turísticos aproveitam a Bolsa de Turismo de Lisboa para promover as potencialidades da região. Alentejo fechou 2010 com crescimento de 6,7%. 14 14 Alentejo na BTL promove-se Luis Pardal | Registo Luis Pardal | Registo D.R.

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Edição 143 do Semanário Registo

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Page 1: Registo ed143

www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 24 de Fevereiro de 2011 | ed. 143 | 0.50€

PUB

Maria Filomena Mendes em ENTREVISTANOVO HOSPITAL DE ÉVORA AVANÇA ATÉ FINAL DO ANOPresidente do conselho de administração do HESE diz que projecto “não tem derrapagens” e quer ver o arranque das obras ainda em 2011.

06/07

Montemor contra cortes no transporte de doentes

Pág.09 Um abaixo-assinado contra o corte nas cre-denciais de transporte de doentes não urgentes já reco-lheu cerca de 4 mil assinaturas em Montemor-o-Novo. O objectivo é pressionar o Ministério da Saúde a “recu-ar” numa decisão criticada por populações, autarcas e bombeiros que, desde o início do ano, registam uma re-dução superior a 30% nas requisições de transporte de doentes, em comparação com 2010.

ESPECIALMichel GiacomettiPág.18 Foi recentemente editada a filmografia com-pleta do etnólogo Michel Giacometti, que integra a sé-rie “Povo que Canta”, produzida pela RTP entre 1970 e 1974. No Convento dos Remédios, em Évora, pode ser vista até 26 de Fevereiro uma exposição que reúne 80 fotografias da colecção de Giacometti que desenvol-veu um trabalho de investigação, recolha e estudo da música tradicional em Portugal.

Bloco acusa Câmara de Évora de “navegar à vista”

Pág.05 Miguel Sampaio, dirigente do Bloco de Es-querda, acusa o Executivo socialista na Câmara de Évora de “estar a navegar à vista” e defende a necessi-dade de uma “clarificação” quanto ao rumo da autar-quia: “Não é apenas a política cultural da Câmara que se tem vindo a esfumar. Neste momento, o Executivo camarário está a navegar à vista e isso reflecte-se das opções meramente conjunturais que são tomadas”.

ÉVORA Agentes culturais protestamA plataforma que reúne 9 associações culturais organizou ontem uma manifestação frente aos Paços do Concelho. Em causa o não pagamento de subsídios camarários relativos a 2010 e os 200 mil euros em dívida desde o segundo semestre de 2009.

03

Turismo do Alentejo, autarquias e operadores turísticos aproveitam a Bolsa de Turismo de Lisboa para promover as potencialidades da região. Alentejo fechou 2010 com crescimento de 6,7%.

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Alentejo

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2 24 Fevereiro ‘11

A Abrir

Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected]) Editor Luís Maneta

Propriedade

Nothing Else-.meios&comunicação; Contribuinte 508 561 086 Sede Travessa Ana da Silva, n.º6 -7000.674 Évora - Tel: 266 751 179 fax 266 730847 Administração Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento Comercial Teresa

Mira ([email protected]) Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Fotografia Luís Pardal (editor) Colaboradores Pedro Galego; Pedro Gama; Carlos Moura; Capoulas Santos;

Sónia Ramos Ferro; Carlos Sezões; Margarida Pedrosa; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; Luís Martins Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da

Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 ERC.ICS 125430 Tiragem 10.000 ex Distribuição Nacional Periodicidade Semanal/Quinta-Feira Nº.Depósito Legal

291523/09 Distribuição Miranda Faustino, Lda

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

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Turismo do Alentejo, ERT

Pç. Da República, 12-1º | Apartado 3357800-427 Beja | Portugal(Tel) 284 313 540 | (Fax) 284 313 550(E-mail): [email protected]

“O dominó revolucionário chega à Líbia”

O presidente da Turismo do Alentejo apos-ta na BTL, depois de um ano “em grande” para o turismo regional, com um cresci-mento de 6,7% nas dormidas.

O Solar dos Lobos (grupo Lobo da Silveira) afirma-se como um projecto empresarial de sucesso com vinhos premiados a nível nacional e internacional.

Protagonistas

ww

w.egoisthedonism

.wordpress.com

Pedro H

enriques | Cartoonista

P11

P23

Ceia da Silva

Filipa Lobo da Silveira

Ventos de Mudança

Mouhaydine TleMçaniProfessor na universidade de Évora

Os manuais de história, espelho da me-mória dos povos, estão no mundo árabe cheios de exemplos de levantamentos e revoluções. Os ventos revolucionários que sopram nestes últimos tempos da margem sul do mediterrâneo não estão alheios a um passado revolucionário e a um presente em constante mudança. Individualmente ou colectivamente, os povos árabes têm um longo historial de lutas, levantamentos e revoluções cuja dialéctica obedece aos mesmos determi-nismos e constrangimentos das restantes sociedades humanas. Estes povos têm também aspirações a ideias universais tais como a liberdade, a justiça e o pro-gresso. Estes ideais estiveram sempre presentes no léxico ideológico e cultural dos povos árabes.

As suas formulações linguísticas e as suas simbologias mitológicas ou histó-ricas integram símbolos sociopolíticos idiossincrásicos com matrizes objectivas idênticas aos restantes povos da bacia do mediterrâneo. É natural que assim seja, o mare nostrum, mesmo antes de conhe-cer esta denominação já era um espaço informativo de intensas trocas à imagem das redes sociais de hoje.

As reivindicações populares nestes países são de natureza política ou eco-nómica? O Egipto é a segunda economia de África a seguir a África de sul, não tem grandes reservas de petróleo nem ouro nem diamantes. Mas tem conhecido um crescimento económico de 5 a 7 por cento por ano na última década. A Tu-nísia tem um Produto interno bruto por habitante de catorze mil dólares por ano. Um valor superior ao de países da união europeia como a Roménia, por exemplo. O Produto interno bruto por habitante no Bahrein, que ao contrário do que se pode pensar não tem petróleo, é de vinte e cin-co mil dólares e é igual ao da França. São estes os países onde se deram início os levantamentos populares.

São também países com maiores ín-dices de discrepância na distribuição da riqueza produzida. Curiosamente ou

não, pois percebe-se a razão, são países que conheceram reestruturações eco-nómicas ditadas pelo Fundo Monetário Internacional que consistem em priva-tizações generalizadas e cortes selva-gens nos investimentos públicos, outrora amortecedores de oscilações económi-cas e financeiras. Estas políticas tiveram consequências directas no mercado de emprego, especialmente nas populações jovens. Assiste-se a uma precarização e consequente sobre-exploração de uma larga faixa destas populações. A título de exemplo, oitenta por cento da popu-lação egípcia tem menos de 30 anos. Isso explica, em grande parte, a característica demográfica destas revoltas. O seu traço espontâneo, enérgico e irresistível é típi-co de uma juventude em efervescência. Na sua essência, as suas preocupações não são diferentes das preocupações da juventude grega ou islandesa, que tam-bém, num vento de protesto, derrubaram não há muito tempo os seus governos.

Os sistemas políticos como os seres vivos aprendem, fruto de um processo de Selecção Darwiniana. Aprenderam a sobreviver com uma grande capacidade de resistência, mais ou menos flexível, às mudanças. É essa a razão porque é difícil e raro transformar as revoltas em revoluções. Os processos revolucio-nários são fenómenos complexos e não lineares como os sismos, os furacões e os crashs das bolsas. O que torna a mu-dança mais provável e exactamente a sua espontaneidade e imprevisibilidade. Ao escrever estas linhas não deixo de pensar nas palavras de Mouncef Marzouki, um dos rostos da revolta tunisina: Os tempos geológicos não são os tempos das civili-zações e os tempos das civilizações não são os tempos dos regimes e por fim o tempo dos regimes não é o tempo dos Homens. Uma revolução é como semear no deserto: parece em vão! Mas, quando chove, não há palavras para descrever aquilo que brota do deserto. Uma coisa é certa, as sementes estavam lá...E tam-bém estão cá e em todo o lado!

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3

Política

Redacção | Registo

Dezenas de pessoas manifesta-ram-se ontem frente à Câmara de Évora para protestar contra o atraso no pagamento de subsí-dios aos agentes culturais e con-tra o “esvaziamento cultural” da cidade. Em causa está o atraso no pagamento de 200 mil euros de subsídios relativos ao segundo semestre de 2009 e o não paga-mento de subsídios municipais em 2010.

“Isto é grave, porque põe em causa a vida cultural da cidade. É preciso inverter este processo. Estamos a falar de muito pouco dinheiro e a cidade não mere-ce que aconteça isto à Cultura”, disse José Russo, do Centro Dra-mático de Évora, uma das 9 asso-ciações que integra a Plataforma pela Cultura em Évora, que con-vocou a manifestação.

“Já há situações de redução de actividade, situações de salários em atraso, pessoas que foram dispensadas porque as asso-ciações não têm hipótese de as aguentar. Isto pode ganhar ou-tras proporções”.

“Achamos que devem ser as-sumidos compromissos que estão para trás. A situação é in-sustentável e não somos só nós que nos queixamos. Temos uma população inteira a queixar-se do esvaziamento da vida cul-tural de Évora”, garantia Diana Mira, da associação Pédexumbo, enquanto distribuía maçãs com uma etiqueta elucidativa: “A Cultura dá frutos”.

O protesto foi convocado pela Plataforma pela Cultura em Évora, que reúne nove agentes culturais da cidade.

Nuno Veiga | Lusa

Agentes culturais protestam contra ”esvaziamento cultural“ da cidade

Manifestação

Vereadora diz já que já pagou 531 mil eurosRedacção | Registo

A vereadora da Cultura na Câ-mara de Évora, Cláudia Sousa Pereira, diz que em 2010 a au-tarquia atribuiu um total de 531 mil euros aos 9 agentes cul-turais que ontem promoveram uma manifestação frente aos Paços do Concelho contra a não atribuição de subsídios relativos ao ano passado.“Durante o ano de 2010 foram atribuídos apoios pontuais e foram contratualizadas diver-sas actividades constituindo, de facto, verbas comprometidas e que serão pagas com a maior brevidade possível”.Sem apontar uma data concreta para regularizar os compromis-sos assumidos perante os agen-tes culturais da cidade – em dí-vida estão igualmente cerca de 200 mil euros relativos aos sub-sídios do segundo semestre de 2009 – a vereadora refere que os 571 mil euros “avaliados e apro-

vados” nas reuniões públicas de câmara incluem 137 mil euros correspondentes à cedência de espaços e 95 mil euros de despe-sas de funcionamento do Teatro Municipal Garcia de Resende.Cláudia Sousa Pereira reafirma o que disse em reunião de câ-

mara – e repetiu em entrevista ao Registo no dia 3 de Feverei-ro – de que não serão “atribuídos subsídios sem a actualização de todos os protocolos existen-tes entre a Câmara Municipal e os agentes”. Ou seja, sem que o novo regulamento esteja apro-

vado.“O Tribunal de Contas impõe que a CME passa a exigir, como condição prévia da concessão de apoios, documentação pre-visional da aplicação dos finan-ciamentos, com o propósito de permitir que o Município faça um juízo sobre o modo como os potenciais beneficiários pla-neiam investir as verbas que venham a ser concedidas, asse-gurando a compatibilidade des-se investimento público com as disposições legais vigentes”, as-sinala a vereadora da Cultura.Segundo Cláudia Sousa Perei-ra, “apenas a implementação de um novo regulamento” de apoio às actividades culturais “per-mite ao Executivo municipal a definição de objectivos a serem prosseguidos pela atribuição de dinheiros públicos, bem como salvaguardar a transparência do modo como esses dinheiros são aplicados, avaliando os re-sultados a que conduzem”.

Cláudia Sousa Pereira, vereadora da Cultura na Câmara de Évora

Luis Pardal | Arquivo

“É muito importante que se dê a conhecer o quão grave é a situ-ação da cultura em Évora”, acres-centou Helena Zuber, do Eborae Musica, presente na manifesta-ção a título pessoal.

Um dos motivos do protes-to prende-se com a decisão do Executivo autárquico de não conceder a atribuição de novos subsídios antes da aprovação de um regulamento municipal de

apoio à actividade cultural, pro-cesso que se arrasta há mais de um ano.

“A vereadora [da Cultura] quer deixar-nos dependentes de um regulamento que não se sabe

quando vai ser aprovado. Nós dizemos que estamos num esta-do de direito e regemo-nos pelas leis que existem até haver ou-tras. Há uma lei que até aqui fi-nanciou os agentes da Cultura. E enquanto não houver um novo regulamento, não pode haver anos zero”, contrapõe José Rus-so, recordando que a associações “continuam a funcionar” e a ter de suportar encargos fixos. “Tudo isto é muito penalizador”.

“Nunca nos foi comunicado, antes pelo contrário, que não ha-via dinheiro. Só agora em Janei-ro é que a vereadora o disse na entrevista que deu [ao Registo]”, acrescentou o actor e encenador do Cendrev, manifestando a “in-quietação” dos agentes culturais face à postura da autarquia: “São muitas associações que estão em causa, profissionais e colectivi-dades e associações de bairro”.

“Numa cidade Património da Humanidade, como é possível após os cortes que houve por parte do Ministério da Cultura somarem-se agora estes cortes por parte da Câmara?”, interroga.

José Russo diz que da parte da Plataforma existe “disponi-bilidade total para o diálogo”. Mas lamenta que “pedidos de reunião” tenham ficado “sem resposta” do município: “Não há disponibilidade para um diálo-go constante e produtivo que dê indicações de como resolver o problema”.

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4 24 Fevereiro ‘11

Política

anTónio cosTa da silvaeconomista

Notícias tristes numa sociedade empobrecida

Foi muito badalada na semana pas-sada uma notícia sobre a descoberta do corpo de uma senhora octogená-ria que se encontrava desaparecida há nove anos que residia na Rin-choa, Sintra.

A idosa foi encontrada depois de o apartamento ter sido vendido num leilão das Finanças e a nova pro-prietária ter entrado pela primeira vez na casa.

Na mesma semana, coincidência ou não, foram encontradas mais duas pessoas mortas nas suas resi-dências.

Estas notícias são extremamente preocupantes. Na realidade, a exis-tência destas situações demonstram claramente o mau caminho que a nossa sociedade segue. É verda-de que em períodos de crise estas situações são mais susceptíveis de acontecer, mas não há nada que o desculpe.

Procurar desculpar todos os ma-les com o Estado parece-me que é um erro grave. È inadmissível estas situações acontecerem. Demons-tram a indiferença com que os seres humanos se relacionam e se tratam, porque ninguém quer saber do ou-tro. O materialismo absoluto apode-rou-se totalmente dos seres huma-nos, é essa a nossa triste realidade.

As famílias são altamente res-ponsáveis pelo abandono dos seus idosos. Os velhos passaram a ser

empecilhos nesta sociedade apres-sada e ansiosa de consumo. Os ve-lhos são tratados como se não exis-tissem. O ensinamento dos mais velhos (mayores, como dizem os espanhóis) já pouco interessa nes-ta sociedade do conhecimento e da tecnologia. A família na sua pleni-tude já pouco importa. Importa sim, oferecer tudo aos filhos, custe o que custar. Interessa sim, ter tudo o que nos apetecer, dê por onde der.

Vivemos numa sociedade em crise, onde os valores rareiam cada vez mais. Custa-me compreender como é que sociedades com baixos níveis de riqueza conseguem ter um respeito maior pelos mais velhos do que as sociedades mais ricas. Tal-vez seja por isso mesmo, as socie-dades mais abastadas estão a valo-rizar apenas o que não é essencial.

È claro que a violência destas notícias são o despertar duma rea-lidade que todos conhecem perfei-tamente, nessa mesma sociedade onde se convive diariamente com a maior das indiferenças. Notícias destas abundam permanentemente nos noticiários, cruzando com o si-lêncio e sentença das pessoas. Pas-sam em horários nobres, ao mesmo tempo que se levantam os olhares indiferentes da ração diária. É triste mas é mesmo assim.

Quem sabe se esta crise financei-ra serve de despertar para as ques-

tões fundamentais da vida. Será que a nossa sociedade tem vontade de mudar?

Se não for assim, também tere-mos o destino marcado: Encontra-dos pelas Finanças.

Custa-me compreender como é que sociedades com baixos níveis de riqueza conseguem ter um respeito maior pelos mais velhos do que as sociedades mais ricas.

A ciência dos númerossónia raMos ferroJurista

Os recentes acontecimentos sobre a impossibilidade de milhares de eleitores exercerem o seu direito de voto, aquando da eleição presi-dencial, gerou nos actores políticos grande insatisfação, ao ponto de alguns pedirem a demissão do Mi-nistro da Administração Interna. Recusando o Governo e o visado, tirar as necessárias consequências políticas, demite-se o Director-ge-ral da Administração Eleitoral, cuja demissão foi aceite sem reservas.

Para acalmar as hostes, em vez de se estudar séria e ponderadamente a questão aceitando, por exemplo, a proposta do PSD de criação de uma comissão para avaliar as questões do recenseamento eleitoral, o Go-verno resolve deliberar a extinção do cartão de eleitor e substituí-lo pelo número de identificação civil, com efeitos a partir de Janeiro de 2013. Assim, é seguramente mais fácil e mais rápido resolver esta questão e tentar abafar as críticas que lhe têm sido dirigidas nesta matéria. Se não pode demitir o Mi-nistro, demite o cartão. Mas fica a dúvida: e se houver eleições anteci-padas?

Os juros da divida pública por-tuguesa continuam acima dos 7% nas obrigações do tesouro a 5 anos, e continuam a subir, e acima dos 7,4% nas obrigações a 10 anos. Há meses que os juros ultrapassaram a “barreira” que o Ministro das Finanças estabeleceu para uma to-mada de posição relativamente à in-tervenção do FMI, mas continuam a afirmar que Portugal não precisa de ajuda externa.

Não admira que alguns empre-sários bem sucedidos deste país, venham a público dizer que o Go-verno continua a mentir sobre a si-tuação do país e que o mínimo que seria exigido é que os governantes falassem verdade. Nada mais acer-tado.

Acertadas, também, as declara-ções do governador do Banco de Portugal relativamente à situação de recessão, pois com menos ren-dimentos disponível, as pessoas gastarão menos e portanto tal com-portamento repercutir-se-á na eco-nomia.

Sócrates veio a público confir-mar os números avançados pelos órgãos de comunicação social, re-

“Se a receita subiu em função do aumento de impostos e a despesa desceu em função do corte de salários na função pública, onde está o mérito do Governo?”

lativamente à execução orçamental de Janeiro do corrente ano. Com toda a pompa, anuncia um corte de 58,6% no deficit da Administração Pública Central, que em Janeiro se fixou em 281,1 milhões de euros. Tal redução foi feita à custa do cor-te de salários na função pública em consequência disso, a despesa com salários baixou.

Por outro lado, o Governo au-mentou impostos directos e indirec-tos, que em Janeiro deram os seus frutos, razão pela qual a receita au-

mentou. Mais faltava que este “co-cktail” de PEC’s e a austeridade do Orçamento para 2011 não surtisse um efeito anestesiante.

Como afirmou Passos Coelho, e bem, não há milagres. Se a re-ceita subiu em função do aumen-to de impostos e a despesa desceu em função do corte de salários na função pública, pergunta o comum dos mortais, onde está o mérito des-te Governo? O mérito é de todos aqueles que suportaram no seu ren-dimento, directamente, a redução do deficit, ou seja, o mérito é dos portugueses!

Fica por provar (o que seria in-teressante) se tal redução se deveu também à custa de uma melhor ges-tão do erário público.

Sócrates poderia apresentar os números referentes ao valor da pou-pança efectuada até agora com as entidades públicas que extinguiu aquando da aprovação do Orçamen-to de Estado para 2011 (ao que se sabe, apesar de extintas, continuam a existir, naturalmente) e com a re-dução efectiva da despesa corrente na Administração Pública (à excep-ção dos salários), mas essa aumen-

tou 0.9%, se compararmos com o mês homólogo de 2010.

E porque o optimismo de Sócra-tes não convence, os mercados e a União Europeia continuam a man-dar recados. Jean-Claude Trichet foi muito claro quanto à necessida-de de aplicação rigorosa do plano de austeridade, afirmando que “cabe aos países serem convincentes” face à desconfiança dos mercados internacionais.

E se os números são tão bons, porque é que ninguém acredita em Sócrates? Porque todos sabem que a economia está estrangulada, a recessão é real, a subida da receita não é, por isso, sustentável e a di-minuição do deficit não foi feita do lado da despesa e não é uma ligeira subida das exportações que vai ca-tapultar Portugal. (ajuda mas não é tudo)

Sócrates está irritado porque nin-guém partilha da sua visão deslum-brante sobre o futuro: nem empresá-rios, nem os mercados, nem a União Europeia, sequer o Governador do Banco de Portugal. São todos “mal-criados” porque dinheiro não signi-fica “berço”. E é bem verdade.

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5

Política

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Luís Maneta | Registo

Miguel Sampaio, dirigente do Bloco de Esquerda, acusa o Executivo socialista na Câmara de Évora de “estar a navegar à vista” e defende a necessidade de uma “clarificação” quanto ao rumo da autar-quia: “Não é apenas a política cultural da Câmara que se tem vindo a esfumar. Neste momento, o Executivo camarário está a navegar à vista e isso reflecte-se das opções meramente conjunturais que são tomadas”.

Além de apoiar a manifestação de agentes culturais ontem realizada frente aos Paços do Concelho – “[foi] uma mani-festação daqueles que como o João sem Medo, não querem ter uma abóbora no lugar da cabeça” – Miguel Sampaio diz mesmo que o protesto constitui o “início da oportunidade” para uma “clarifica-ção” da situação política em Évora.

“Nada tenho nada contra a organiza-ção de espectáculos na Arena ou contra o Festival do Alentejo mas existem prio-ridades e compromissos assumidos, com os agentes culturais e não só, que não es-tão a ser respeitados. Isso é matar a Cul-tura na cidade, apostar em investimen-tos que não são estruturantes”.

Como exemplo dessa “navegação à vista”, o dirigente bloquista refere igual-mente o caso do Centro de Artes Tradicio-nais (Museu do Artesanato), encerrado para dar lugar ao Museu do Artesanato e do Design de Évora, albergando uma colecção de design industrial. “O Centro de Artes Tradicionais foi encerrado com a justificação da falta de verbas. Mas a Câmara vai acabar por gastar muito mais dinheiro num projecto que ainda se des-conhece em absoluto do que aquilo que seria necessário para rentabilizar o Cen-tro de Artes Tradicionais”.

“Não existe um investimento pensado para a Cultura na cidade. Responde-se a estímulos, organizam-se eventos que funcionam como show off mas o que subjaz à ideia de cultura, que é o inves-timento e a integração das populações na vida da cidade, não acontece. Cultura não é só espectáculo”, acrescenta Miguel Sampaio.

Para o Bloco de Esquerda, a maioria socialista na autarquia eborense está a viver numa espécie de “encarniçamen-to terapêutico”, “prolongando artificial-mente a vida do Executivo camarário”.

O ex-candidato do BE à Câmara de Évo-ra desafia ainda o PS a apresentar uma

Bloco acusa Câmara de Évora de estar a “navegar à vista”

Autarquia

Redacção | Registo

O vereador do PSD na Câmara de Évora, António Dieb, justificou em comunica-do a aprovação do Regulamento e Tabela de Taxas do município assegurando que os valores encontrados vêm “introduzir mais justiça e equidade na distribuição do esforço pedido aos munícipes no pa-gamento das taxas administrativas pre-

vistas na lei para garan-

tir o funcio-n a mento

d a s

autarquias locais”.“Sem cálculos eleitorais e com a preo-

cupação centrada apenas no imperativo institucional de equilibrar a necessida-de de responder às graves carências fi-nanceiras da Câmara com a justa reparti-ção dos encargos por todos os munícipes, demonstrámos uma vez mais o nosso empenhamento na procura de soluções consensuais em torno dos problemas do concelho”, acrescenta António Dieb.

Segundo o autarca, o PSD “exigiu o compromisso de que nenhuma taxa te-ria agravamentos superiores a 50%, con-trariamente ao projecto inicialmente apresentado, de forma a não agravar os custos das famílias e das empresas num momento de crise económica”

“Em matéria de benefícios fiscais ficou acordado no novo texto que as empre-sas que vierem a beneficiar de isenções ou reduções de taxas municipais estão obrigadas a manter a sua actividade no concelho de Évora por um período míni-mo de três anos, procurando dessa forma garantir-se a manutenção da actividade económica e o emprego quando estimu-lados por apoios públicos”, acrescenta o vereador social-democrata.

No comunicado, António Dieb destaca ainda ter sido possível reunir o “consen-so necessário” para introduzir no regu-lamento um mecanismo de cobrança de água escalonado de acordo com os con-sumos: “Esta medida, que já começou a ser sentida por muitos consumidores, permite uma efectiva redução da factura mensal de água para todos os consumi-dores”.

PSD justifica aprovação de novas taxas

Regulamento

moção de confiança à Assembleia Muni-cipal: “É necessária mais transparência. Por uma questão de cidadania, as pes-soas têm de saber o que se passa na vida da cidade. E, a partir dessa clarificação, porque não eleições antecipadas?”, inter-roga.

Miguel Sam-paio diz que o

Executivo municipal “já não tem condições para gerir a cidade”. E defende a “criação de uma ruptura que permita sair do marasmo”.

“Não creio, honestamen-te, que o suporte eleitoral do PS seja o mesmo das últimas eleições autárquicas. Não creio que se deva forçar a nota mas o sentir dos muní-

cipes tem de ser levado em conta”, resu-

me.

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6 24 Fevereiro ‘11

Entrevista

”Temos de ter uma estratégia de redução do défice sem deteriorar a qualidade“

Maria Filomena Mendes, presidente do conselho de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora

Luís Maneta | Registo

A redução do défice público obriga os hospitais a corta-rem 15% nos custos opera-cionais. Vai ser possível o Hospital de Évora efectuar cortes neste montante?

Obviamente que teremos de cumprir as indicações da tute-la para redução do défice. Num hospital como o nosso, que é um hospital central destinado a uma vasta região e que tem tido uma gestão muito rigorosa, é muito difícil dizermos que há muito por onde cortar.

Não sendo fácil, será possí-vel?

Tem de ser possível, nós temos de reduzir custos. Temos de re-duzir 5% nos vencimentos, são as indicações que temos.

Isso é mais fácil pois o corte nos salários é automático.

Não, não é automático. Temos uma tabela de redução para apli-car em função do salário das pes-soas. E temos no hospital muitas pessoas com salários que não são muito altos, aos quais vamos retirar uma percentagem mais baixa. Os 5% correspondem a

um valor global na redução dos vencimentos e teremos de fazer um esforço de muita contenção neste capítulo.

E além do pessoal?Estamos neste momento a

fazer uma revisão de todos os contratos de manutenção o que, como deve calcular, também não é uma tarefa fácil. Os nos-sos contratos de outsourcing são contratos públicos e amarram-nos a um determinado montan-te. Estamos a renegociar e a ver em que medida, em áreas como manutenção de equipamentos e

fornecimento de serviços exter-nos, poderemos conseguir algu-ma redução de valores.

Quanto aos medicamentos?Também tem de haver conten-

ção nos gastos com medicamen-tos mas tivemos algum apoio por parte da tutela pois existem despachos que garantem a redu-ção no preço de alguns medica-mentos. Isso para nós significa que baixam os custos.

Ou seja, vai cumprir os 15% de redução de custos?

Estamos a fazer todos os possí-

veis para cumprir as determina-ções do Ministério da Saúde para que possamos reduzir o défice e colaborar neste esforço conjunto do País.

A questão é também saber em que medida os cortes nos orçamentos dos hospitais podem comprometer a qua-lidade do serviço prestado aos cidadãos? É um risco que se corre?

Essa é uma questão de honra, um risco que não podemos cor-rer. Temos de ter uma estratégia de redução do défice sem dete-

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”Temos de ter uma estratégia de redução do défice sem deteriorar a qualidade“

Hospital mantémprazos

Nesta conjuntura de di-ficuldade económica e cortes nos investimentos públicos, mantém-se de pé a construção do novo hos-pital de Évora?

Sem dúvida.

Ainda não recebeu ne-nhuma indicação de abandono do projecto?

Não recebemos nenhuma indicação nesse sentido nem queremos receber. É o único projecto de construção de no-vos hospitais a nível nacional que está entregue nas mãos do conselho de administra-ção, não é uma parceria pú-blico-privada. Somos nós que temos a responsabilidade de levar para a frente a constru-ção do novo hospital, obvia-mente com o apoio da tutela, do Governo. O novo hospital central de Évora é de tal ma-neira importante para a po-pulação do Alentejo que não pode deixar de ser construído. Temos de ser muito rigorosos nos cortes que temos de fazer e na gestão dos dinheiros pú-blicos para garantir que com o mínimo de investimento possamos obter os melhores resultados possíveis.

E esta é uma prioridade absoluta?

Tem de ser uma prioridade do Alentejo, não só da Saúde mas da população, de todos os partidos políticos.

Tem sentido alguma au-sência de solidariedade?

Não, não. Mas todos temos de nos sentir parte de um pro-jecto comum pois o novo hos-pital central de Évora é um projecto para uma geração. É um projecto de futuro, para os nossos filhos e para os nos-sos netos, que terão aqui um hospital que garanta melho-res condições de atendimento e o alargamento da resposta já existente.

Será aberto este ano o con-curso de construção?

Está tudo a correr sem der-rapagens. Em meados do ano estará terminado o projecto de arquitectura e técnico, de construção. A partir daí, tendo luz verde por parte do Governo, lançamos o concur-so para a construção e para o equipamento. Se tudo correr bem, no final do ano podere-mos ter a primeira pedra.

A partir não haverá possi-bilidade de retrocesso.

Estamos todos demasiado comprometidos com o novo hospital central de Èvora. É um projecto de tal maneira importante para a região que não podemos voltar atrás.

região Alentejo. Esses custos vão agravar o nosso défice. Outro exemplo: a hemodinâmica. Sa-bemos que uma das principais causas de morte na região é o en-farte agudo do miocárdio e nós temos capacidade para garantir uma urgência diária em termos de hemodinâmica e não o esta-mos a fazer por uma questão de custos. São desafios que temos de garantir para dar cada vez melhor atendimento à popula-ção do Alentejo, onde os níveis de acessibilidade à saúde são in-feriores à média nacional.

Há aqui um equilíbrio que é complicado de alcançar?

Muito, muito complicado. Mas não podemos perder esta noção da qualidade do serviço.

Qual é o passivo do Hospital de Évora?

É sempre difícil apontar um valor. Tivemos nos últimos anos uma gestão em termos opera-cionais muito rigorosa que per-mitiu uma redução do défice do hospital, aproximando-nos da sustentabilidade. Continuamos a tentar que os valores [do pas-sivo] sejam cada vez mais redu-zidos.

Lembro-me de anos anterio-res em que o hospital entrou em situações de ruptura fi-nanceira, com empresas a admitirem cortes nos forne-cimentos por causa do acu-mular de dívidas.

São situações do passado que desconheço mas que eventu-almente estarão relacionadas com prazos de pagamento. O orçamento do hospital tem de ser gerido com muita disciplina, tentando sempre privilegiar as áreas clínicas para dar um aten-dimento de qualidade à popu-lação. É um facto que, às vezes, os prazos de pagamento podem deslizar. Por vezes acabamos por não conseguir cumprir os prazos, mas para isso era preci-sávamos de ter um orçamento diferente.

Tem algum número do passi-vo relativo a 2010?

Não lhe posso adiantar ne-nhum número, estamos a encer-rar as contas de 2010.

Passou a existir no discurso político uma preocupação muito grande com os núme-ros da Saúde e, às vezes, nem tanto com os doentes. Parti-lha esta opinião?

Sem dúvida absolutamente nenhuma que o Serviço Na-cional de Saúde é o maior bem que os portugueses têm neste momento, mas também temos de nos preocupar com a susten-tabilidade. Ou seja, temos de dar atenção aos números porque podemos correr o risco de, que-rendo dar todo o atendimento em todas as circunstâncias, não poder dar o essencial para man-ter a qualidade de vida e a saúde

“Estamos todos demasiado comprometidos com o novo hospital central de Évora.É um projecto de tal maneira importante para a região que não podemos voltar atrás”.

das pessoas. Temos de tentar ser sustentáveis o que é muito difí-cil pois temos uma população muito envelhecida, com muitas carências, e quanto mais enve-lhecida é a população mais ne-cessita dos cuidados de saúde.

Ouviram-se críticas ao facto de o Hospital de Évora ter fei-to incidir os cortes salariais de 2011 nas horas extraordi-nárias feitas em 2010. É uma situação que já está pacifica-da?

O que fizemos foi cumprir as determinações dos Ministé-rios da Saúde e das Finanças. Fizemo-lo nós e fizeram todos os hospitais.

Foi uma decisão que gerou contestação.

Gerou. E com base nisso, o conselho de administração pe-diu esclarecimentos à Admi-nistração Central do Sistema de Saúde (ACSS) para saber quais os fundamentos dessa orienta-ção. Fizemos cumprir a lei, não tínhamos outra alternativa. Se existir outra leitura estaremos disponíveis para reconsiderar mas terá de ser sempre a tutela a decidir. A propósito de gestão de recursos, o hospital inaugurou a radioterapia mas ainda há do-entes da região a serem encami-nhados para Lisboa.

Em que medida pode ser ul-trapassada esta situação?

Estamos a fazer todo o possível para a divulgação por todos os doentes e por todos os médicos da região da unidade de radiote-rapia, da sua forma de funciona-mento e do grau de satisfação dos utentes. Como em tudo, é preciso um período de habituação e as coisas estão a encaminhar-se no sentido de as pessoas que pre-cisam de fazer tratamentos de radioterapia a possam fazer no Hospital de Évora onde têm re-cursos humanos e equipamen-tos tecnologicamente muito de-senvolvidos.

Não há justificação para os doentes não serem encami-nhados para Évora?

Nenhuma. Nós poupamos muito dinheiro ao Serviço Na-cional de Saúde e ganhamos em qualidade de vida para os uten-tes pois as pessoas podem fazer o tratamento de radioterapia próximo do seu local de residên-cia. Foi um bom projecto para o hospital, para os privados que connosco colaboram e para os utentes, tanto que foi premiado pelo Hospital de Futuro.

Haverá novas respostas clí-nicas?

Queremos também avançar para a Medicina Nuclear e tal-vez adoptemos o mesmo mode-lo de parceria público-privada a que recorremos para a radiote-rapia. É um projecto ainda para este edifício pois o prazo de cons-trução do novo hospital é dila-tado no tempo e os doentes não podem ficar à espera, têm de ser tratados. Mas temos de ponderar pois não podemos pensar que tudo se faz independentemente dos custos envolvidos.

<A construção do novo hospital de Évora custará 67 milhões de euros, sem contar com o

investimento em equipamento. O projecto de arquitectura foi

ganho por uma equipa liderada por Souto Moura.>

67NÚMERo

“Tivemos nos últimos anos uma gestão em termos operacionais muito rigorosa que permitiu uma redução do défice do hospital, aproximando-nos da sustentabilidade”.

Luis Pardal | Registo

riorar a qualidade assistencial. No nosso caso temos algumas dificuldades principalmente porque sendo um hospital cen-tral queremos dar uma resposta a toda a região. Dou-lhe como exemplo a radioterapia. Quan-do falamos na redução do défice estamos a comparar com 2009 e nós, nesse ano, tivemos o serviço de radioterapia a funcionar ape-nas no final do ano. É um custo que o hospital tem, relacionado com a assistência aos doentes da região mais próxima, 150 a 180 mil habitantes, mas depois temos os 500 mil habitantes da

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8 24 Fevereiro ‘11

Regional

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Redacção | Registo

O canil municipal de Évora ce-deu 28 cães ao hospital veteriná-rio da universidade. O número é avançado por fonte da Direcção-Geral de Veterinária (DGV) que intimou a Câmara de Évora a interromper esta prática no âm-bito de um processo de averigua-ções relativamente às denúncias efectuadas por associações de defesa dos animais.

Em causa está um acordo en-tre a autarquia e a Universidade de Évora que incluia a cedência de cães recolhidos no canil mu-nicipal para servirem como co-baias. “Pedimos que nos sejam enviados alguns animais vivos cuja eutanásia esteja eminente, comprometendo-nos a usar os animais cumprindo as mais ri-gorosas regras de ética”, confir-mou na altura o director do hos-pital veterinário, José Tirapicos Nunes.

“Se houver lugar a uma inter-venção cirúrgica é sempre prati-cada sob anestesia profunda, da qual [os animais] não acordam”.

“É uma prática ilegal uma vez

Veterinária contabiliza 28 cães cedidos como cobaias

que os animais só podem ser ce-didos a particulares que tenham condições para os adoptar ou a associações zoófilas”, disse, por sua vez, Alexandra Moreira,

uma das vozes que denunciou o caso.

Segundo apurou o Registo junto de fonte do Ministério da Agricultura, a 18 de Novembro

do ano passado e depois de re-ceber várias denúncias sobre os procedimentos adoptados no centro de recolha de animais de Évora, a DGV realizou uma visi-

ta de “controlo” às instalações do canil com verificação dos regis-tos e audição dos visados.

“Dos factos apurados foi possí-vel identificar a cedência à Uni-versidade de Évora de 28 ani-mais (cães) recolhidos por aquele centro”, refere a fonte.

A DGV, entidade cujas com-petências incluem a emissão de autorizações para a utilização de animais para fins experi-mentais ou científicos, garante que vai reforçar as “medidas de controlo e divulgação” dando “especial atenção aos registos da origem dos animais utilizados para fins experimentais, aquan-do das visitas de controlo reali-zadas a unidades de ensino”.

Serão igualmente “reforçados os controlos dos centros de reco-lha oficiais, nomeadamente no que se refere ao destino dado aos animais aí recolhidos”.

A cedência de animais vivos ao Hospital Veterinário da Uni-versidade para “servirem de co-baias em aulas práticas do cur-so de medicina veterinária” foi denunciada no decurso de uma manifestação realizada em Évo-ra contra o “abate indiscrimina-do” de animais no canil ordena-do pelo veterinário municipal, Flor Ferreira.

O presidente da autarquia or-denou na altura a abertura de um inquérito para apurar as condições de funcionamento do canil, cujas conclusões ainda não são conhecidas.

Câmara de Évora abriu inquerito ao funcionamento do canil

Évora

Luis Pardal | Registo

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Regional

Montemor recolhe milhares de assinaturas contra cortes no transporte de doentes

Saúde

Pedro Gama | Registo

Um abaixo-assinado contra o corte nas credenciais de trans-porte de doentes não urgentes já recolheu cerca de 4 mil assina-turas, só em Montemor-o-Novo. O objectivo é levar novamente o assunto à Assembleia da Repú-blica. E evitar a concretização da medida anunciada pelo Minis-tério da Saúde.

Para além dos utentes do Ser-viço Nacional de Saúde, a me-dida é também criticada por autarcas e bombeiros, segundo os quais alguns utentes, “sem recursos económicos, irão deixar de ir às consultas e tratamentos”. O problema agrava-se pelo facto de ser através destes transportes pagos pelo Estado que advêm muitos dos rendimentos de cada associação de bombeiros.

Em causa está um despacho do secretário de Estado da Saúde que instituiu a obrigatoriedade de os doentes não urgentes que necessitem de transporte com-provarem a sua situação econó-mica para ter direito a este servi-ço de forma gratuita.

À Comissão de Utentes dos Ser-viços Públicos de Montemor-o-Novo (CUSPMN) chegam, a cada dia que passa, novos relatos de histórias de doentes que se vêem privados do transporte para tra-tamentos de saúde em Lisboa, Setúbal ou Évora.

“É uma decisão que está a atingir a população mais idosa, mas não só e também aqueles que têm fracos rendimentos. São idosos que têm as reformas míni-mas, que têm, por exemplo, uma consulta em Lisboa, com um transporte que custa, em média, à volta de 120 euros. Como é que poderão pagar isso com reforma na ordem dos 300 euros? As pes-soas não estão sequer a ir ao mé-dico. Simplesmente não vão ao médico nem aos tratamentos”, diz Sandra Matias, representan-te do CUSPMN.

Com mais uma acção de pro-testo marcada para o próximo dia 1 de Março junto à Admi-nistração Regional de Saúde do Alentejo, Sandra Matias diz esperar que estas iniciativas fa-çam “recuar” o Governo, já que se assim não for, há “pessoas que vão morrer mais depressa”.

Para o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-No-vo, Carlos Pinto Sá, trata-se de uma situação “em que as orien-tações para poupar dinheiro se estão a traduzir em termos práti-cos, em piorar de forma drástica a saúde de um conjunto vasto de pessoas. É absolutamente inacei-tável”.

Segundo o autarca, apenas critérios “economicistas” podem explicar o corte nas credenciais para transporte de doentes: “Se um doente hemodialisado se vê

Bombeiros apreensivos quanto ao futuro estudam alternativaCom 21 operacionais a tempo inteiro, 20 ambulâncias ao serviço e com obras a decorrer no valor 1,7 milhões de euros, os bombeiros de Montemor-o-Novo dizem-se “apreensivos” quanto ao futuro, caso se man-tenham os cortes no transporte de doentes. Como já aconteceu em diversas corporações, Carlos Bucha, pre-sidente da Associação Humani-tária dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Novo, teme que tenha de vir a vender ambu-lâncias e despedir pessoal para conseguir suportar as despesas da associação. Antes de chegar a esse ponto, espera que o Gover-no recue na sua decisão.Carlos Bucha mostra-se contra medidas mais drásticas, como a realização de uma greve dos bombeiros em todo o país. Mas não deixa de concordar que, caso isso acontecesse, o País “iria sentir e bem” a falta deste tipo de resposta: “Os bombeiros são, acima de tudo, soldados da

Paz, da concórdia e do auxílio às populações e é isso que quere-mos fazer”.A situação dos bombeiros preocupa também a autarquia local. “É evidente que esse é um problema adicional que põe em causa o próprio equilíbrio emo-cional e económico dos bombei-ros”, diz o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-No-vo, Carlos Pinto de Sá, acrescen-tando que no concelho existem outras duas associações [Cabrela e Casa do Povo de Lavre] “que estão licenciadas, fizeram os investimentos necessários para assegurar o transporte de doen-tes e estão sem credenciais”.

Despacho “irrevogável”

Já esta semana, durante uma reunião com o de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) concordou em elaborar e entre-gar ao Ministério da Saúde um regulamento com as especifici-

obrigado a ir no seu carro pesso-al a Lisboa porque não lhe dão uma credencial, estamos a falar, simplesmente, de um critério economicista. Não há outra ex-plicação”. “Este é um problema político e tem de ser resolvido do ponto de vista político”, realça o autarca.

Na área da saúde esta não é a primeira luta da autarquia mon-temorense que já viu o governo recuar, há cerca de 4 anos, na decisão de “acabar” com serviço de apoio permanente (SAP) no Centro de Saúde local, tendo sido encerradas na altura cinco ex-tensões rurais.

Neste caso o autarca conside-ra que “nem sequer se trata” de uma medida destinada a poupar dinheiro: “Há o exemplo de São Geraldo em que o médico passa à porta do posto médico, total-mente equipado, não pára por-que não o deixam parar e segue para o Ciborro. A população vai atrás para ter consulta”.

Carlos Pinto de Sá e Sandra Matias criticam “economicismo” do despacho do secretário de Estado da Saúde que restringiu o apoio ao transporte de doentes.

Pedro Gama | Registo

<os bombeiros registaram uma redução superior a 30% nas requisições de transporte de doentes

não urgentes no mês de Janeiro, em comparação

com o ano anterior.>

30%

NÚMERo

dades do seu serviço de trans-porte de doentes, que o diferen-cie dos demais operadores.

No final do encontro, o presidente da LBP afirmou que o governante reconheceu as especificidades do serviço dos bombeiros no transporte de doentes e que, apesar de ter rei-

terado o “carácter irrevogável do despacho”, admitiu a necessida-de de tornar específica a missão dos bombeiros neste domínio.

“Deste modo, manifestou disponibilidade para que apre-sentássemos um regulamento próprio específico do transporte de doentes realizado pelos bom-beiros, diferenciado dos demais operadores”.

Quanto ao conteúdo desse documento, Duarte Caldeira afirma que o mesmo vai ser trabalhado no congresso, que se realiza no sábado, para ser en-tregue ao Governo na segunda-feira.

Especificamente sobre o transporte de doentes e a neces-sidade de estarem preenchidos os requisitos de prescrição clíni-ca e de insuficiência económica dos utentes, Duarte Caldeira sublinhou que os bombeiros não são entidade fiscalizadora, pelo que está posto de parte soli-citarem qualquer comprovativo de rendimento.

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Regional

As grandes filosofias políticas ocidentais preocuparam-se com a relação entre as sociedades contemporâneas e os seus estados, desde que a instituição “Estado” adquiriu, há dois séculos, a maior parte dos traços que caracterizam os “estados-nação” actuais: monopólio da força arma-da organizada, do direito de legislar, da justiça. Mas o crescimento da instituição “estado” foi muito além destas funções básicas.A invasão da vida social pelo estado, que se desenvolveu como um fenóme-no imparável, torna difícil decidir se o “Estado” pertence à sociedade ou se é a sociedade que é pertença, “propriedade” do estado. Os nossos tempos assistem a um duplo movimento, aparentemente contraditório: por um lado, numerosas sociedades lutam pela construção de estados independentes, separando-se das sociedades de que antes dependiam. Onde as coisas correm bem, referendos permitem decidir: independência do sul do Sudão, sucesso no Kosovo. Noutros casos, é impossível organizar tais referen-dos (Córsega, País Basco, Catalunha). Por outro lado, as sociedades organizadas em estados independentes encontram cada vez mais dificuldades em controlar o monstro “Leviatã” em que os seus estados se tornaram, ao ver a sua capacidade de controlo sobre todos os aspectos da vida dos cidadãos levada a graus antes ini-magináveis. Uma profunda contradição opõe hoje o “Estado” à “sociedade civil”, termo cujo crescente sucesso é só por si um indício.Aspirámos (e aspiramos) à democracia, ao direito de voto, à liberdade de expressão: mas estes direitos revelam ser insuficien-tes para garantir um verdadeiro controlo dos “estados” pelos cidadãos. Em inúme-ros domínios, as opções dos governantes (eleitos) contradizem a vontade dos seus eleitores; o direito à plena informação esbarra com os “Segredos de Estado”; as opções desejadas pelos cidadãos, com a “razão de Estado”.Como é possível que, havendo eleições livres e democráticas, o “sistema”, como diria Habermas, se afaste a esse ponto da sociedade, mais, entre em contradi-ção tantas vezes frontal com ela? Ao ser “colonizado” por interesses particulares, o Estado comporta-se como um sistema com interesses próprios e defende-se con-tra a intrusão do cidadão comum. Novo pensamento político, precisa-se.

CIDEHUS - Universidade de Évora e Academia Militar

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antropólogoJosé rodrigues dos santos*

Um olhar antropológico

As sociedades e os seus estados

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Meditação para Grávidasisabel lealescritora

“Cada criança que nasce é a prova que Deus não desistiu dos seres humanos”, Rabindranath Tagore.

Cada Ser tem nasce marcado de ca-racterísticas que o tornam único no mundo. O planeta Terra é um Ser lindo que visto do espaço não é igual a mais nenhum deste sistema solar. É um pla-neta sagrado como tudo o que vem de Deus, tem vida e um plano a seguir. Todos nós amamos as crianças. O sor-riso e a movimentação graciosa de uma criança sempre nos transportam para um reino mágico. Muita desta magia é perdida ao longo do crescimento. De-cidir ter uma criança é uma enorme responsabilidade material mas também espiritual. Cada alma nasce numa famí-lia com um proposito. As crianças nas-cem puras, sem manias, sem bloqueios. Compete aos pais saber ouvir e perceber que a criança necessita de parâmetros e de ser escutada. Desde o momento que a mulher sabe que está grávida que co-meça uma relação que deve ser cuidada e estimada em todas as suas vertentes.

Diria até, desde o momento que o ca-sal decide ter uma criança ou sabe que a gravidez é um facto que esta relação deve estar imediatamente presente. Sa-bendo que somos uma alma é mais fácil perceber que mesmo com o corpo físico em formação na barriga da mãe o Ser já está a registar, a ouvir tudo o que se passa a sua volta. A primeira infância é o período de mais intensa formação da alma da criança. As aulas de meditação a grávidas e seus maridos são dadas em países como os EUA há décadas. São ensinadas técnicas de postura, respira-ção e paz interior que colocam a futura mãe em contacto consigo, em união com o pai da criança e ambos em sintonia com a criança ainda em estado de alma. Famílias com este tipo de preparação sabem que o parto será um momento mais tranquilo e seguro. Os primeiros meses da vida da criança normalmente agitados porque o bebé é exigente, com poucas horas de sono e sobretudo pouco tempo para o casal e para cada um deles individualmente, são meses de grande

stress e zonas temporais onde ocorre muitas vezes descoordenação, desen-tendimentos e em alguns casos separa-ções. Famílias que abraçam a técnica da meditação têm uma ligação energética mais forte e mais eficaz para ultrapassar todos os momentos de tenção. O bebé sente esta paz e harmonia que vem dos pais. A casa e o ambiente familiar, o mundo da criança não é assim muito di-ferente do ambiente vivido por 9 meses na barriga da mãe. A saúde, o sistema imunológico, o equilíbrio e tranquilida-de são denominadores comuns para uma gestação saudável, um parto ameno e o desenvolvimento da criança sustentado, criativo e harmonioso.

Livros recomendados:Meditação, alimento para a alma – elizabeth clare Prophet – ed. summitcem promessas o meu bebé – Mallika chopra – ed. Pergaminhocomo ser uma supermamã – lorraine Thomas – ed. arte Pluralwww.criancasdeumnovomundo.com

Évora separa 1 713 toneladas de lixoAmbiente

A população do concelho de Évo-ra, consciente da importância da reciclagem para a preservação do meio-ambiente, tem vindo a adoptar comportamentos cada vez mais con-sentâneos com este desígnio, e em 2010 separou 1 713 toneladas de lixo.

Segundo os dados mais recentes da empresa Gesamb – Gestão Am-biental e de Resíduos, EM, disponibi-lizados no sítio da Internet, Évora, no ano passado, separou 607 toneladas de vidro, 791 toneladas de papel/car-tão e 315 toneladas de plástico/metal.

Com este comportamento, os mu-nícipes eborenses contribuem deci-sivamente para a melhoria da quali-dade de vida de todos, constituindo um excelente exemplo de cidadania e de respeito para com o espaço pú-blico. Para a obtenção destes resul-tados não é alheio o esforço da edi-lidade, nomeadamente ao nível das diversas campanhas que se promo-vem, junto da comunidade escolar e população em geral, sendo a mais

recente, “O Natal Limpo”, em que se recuperou 104 toneladas de papel/cartão.

Ainda segundo os dados da Ge-samb, em termos globais (12 muni-cípios -Alandroal, Arraiolos Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Redondo, Reguen-gos de Monsaraz, Vendas Novas e Vila Viçosa), desde a sua entrada em funcionamento, em Janeiro de 2004, tem-se verificado, ano após ano, um aumento na quan-tidade e qua l ida-de dos r e s í duo s r e c i c l á -veis re-col h idos nos eco-pontos.

N o ano de 2010, ob-

servou-se, pela primeira vez, um decréscimo de 6,5% na recolha se-lectiva de embalagem de vidro em relação a 2009, situação verificada em praticamente todo o território nacional, que poderá estar associa-da ao decréscimo de consumo.

No que diz respeito a recolha se-lectiva de embalagens de plástico e metal e ao papel/cartão, não se veri-ficaram alterações significativas de 2009, para 2010.

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Actual

Redacção | Registo

A Turismo do Alentejo vai de-senvolver novas iniciativas es-tratégicas para a dinamização do turismo cultural e para o re-forço da promoção no mercado interno. O objectivo é consoli-dar a tendência de crescimento registada nos últimos dois anos.

Em 2010, o Alentejo conse-guiu o melhor ano turístico de sempre, registando uma subida no número de dormidas de 6,7 por cento comparativamente com o ano anterior, apesar da crise económica e financeira.

De acordo com dados divul-gados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o número de dormidas nas unidades hotelei-ras do Alentejo ascendeu o ano passado a 1,17 milhões. Quanto aos proveitos, a região teve um crescimento de 5%.

Estes resultados “são inéditos” porque “ter dois anos consecu-tivos como os melhores anos turísticos de sempre é muito Ceia da SIlva, presidente da Entidade Regional Turismo do Alentejo

Turismo do Alentejo anuncia iniciativas

Promoção

importante para o turismo da região e para a afirmação de um destino de qualidade e exce-lência”, diz Ceia da Silva, desta-cando que o bom desempenho demonstra que a estratégia da entidade regional de turismo “tem resultado”, nomeadamen-te através das acções promo-cionais “No Alentejo há mais” e “Alentejo, tem tempo para ser feliz”.

“Não ficamos adormecidos com os resultados obtidos. Esta-

mos conscientes que temos de lutar para conseguir manter os dados que conseguimos atingir nestes dois anos, o que é difícil”.

Entra as acções previstas para este ano destacam-se o congres-so internacional “Alentejo: Pa-trimónio do Tempo”, agendado para dias 15 e 16 de Abril em Portalegre, e o lançamento da campanha promocional “Turis-mo Sénior”.

“O Alentejo, enquanto desti-no turístico de excelência, tem como desafio principal o reforço e a consolidação do seu desem-penho turístico no panorama nacional. Mais do que acções de marketing e de promoção, te-mos vindo a preparar e a dotar a Região de alicerces que posicio-nam o Alentejo como um caso de sucesso no turismo em Por-tugal”, acrescenta Ceia da Silva.

Para reforçar a promoção tu-rística será ainda desenvolvida uma campanha dirigida aos “seniores”, assente na diversida-de de oferta.

Arronches inaugura hotel

O município de Arronches inaugurou um hotel rural com 29 quartos, num investimento de 2,5 milhões de euros.

O Hotel Rural de Santo Antó-nio criou 10 postos de trabalho e ocupa uma área superior a 3 mil metros quadrados, numa propriedade da autarquia.

Foto | Arquivo

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12 24 Fevereiro ‘11

Actual

Parques de Natureza

Luís Maneta | Registo

Crocodilos do Nilo, girafas, ti-gres, piranhas-vermelhas, rãs venenosas e até uma anaconda proveniente da bacia amazó-nica … no Alentejo “profundo” não faltam animais selvagens à espera de uma visita.

Inaugurado há 11 anos numa área de 90 hectares em Vila Nova de Santo André, o Badoca Safari Park é visitado anualmente por cerca de 110 mil pessoas e conta hoje com 300 animais selvagens. Entre os mais recentes incluem-se duas crias de girafa com cerca de um ano e meio de idade, che-gadas em Junho de Zlin Zoo, um parque congénere da República Checa.

Pela herdade já andava um macho, que agora passa a ter companhia. “O nosso objectivo é aumentar as colecções de ani-mais e promover a diversidade genética, através da aposta em animais da mesma espécie mas de diferentes origens”, diz Mar-garida Brás, relações pública do Badoca.

“Impulsionar a reprodução das espécies é outra das priorida-des, sendo uma das vias através das quais concretizamos a nossa missão de conservação e preser-vação de espécies”.

Mais infeliz foi a história de Abril, a primeira cria de chim-panzé nascida no Alentejo. Re-jeitada pela mãe e tratada com indiferença pelo pai – dois ani-mais vítimas de tráfico e maus-tratos que foram apreendidos pela GNR no Norte do país e le-vados para o Badoca – a maca-quinha foi encontrada por um tratador e recolhida pela equipa de veterinários mas, apesar de todos os esforços, acabaria por morrer.

Para além do safari, o parque tem outros atractivos como o parque dos primatas ou um “raf-ting” africano a bordo de um barco pneumático que percorre 500 metros em águas turbulen-tas.

Entre as novidades deste ano incluem-se duas crias de arara amarela e azul, as últimas que nasceram na herdade e apresen-tam um “excelente desenvolvi-mento” graças ao “bom acom-panhamento dos progenitores, que alimentam e cuidam das crias com um forte sentido de protecção, dificultando mesmo a aproximação dos tratadores nos primeiros dias”.

Quando chegaram ao Monte Selvagem – parque que abriu portas em Maio de 2004 num montado tipicamente alente-

jano de sobreiros e azi-nheiras próximo de Lavre, Montemor-o-Novo – em ple-no inverno de 2010, os cinco Crocodilos do Nilo, com mais de cinco metros de comprimen-to, mal se mexiam.

“Durante o Inverno estão em semi-hibernação pois como são répteis precisam de tempera-turas quentes”, diz Diogo Pin-to Gouveia, director técnico do Monte Selvagem.

A chegada do calor, pôs os cro-codilos em movimento, trans-formando-os nas “novas estre-las” do parque.

À espera dos visitantes, em cerca de 20 hectares, estão 450 animais de 80 espécies, entre as quais se inclui outra novidade: duas suricatas originárias do deserto do Kalahari e que esco-lhem os troncos mais altos para ter uma visão segura sobre o terreno que as rodeia. Também os macacos-rabo-de-porco, uma espécie que a caça ilegal colocou à beira da extinção, dificilmente escapam ao olhar atento dos vi-sitantes.

“Queremos contribuir para a preservação da biodiversidade e nos momentos de lazer que as crianças das escolas e as famí-lias aqui passam tentamos que sintam a maravilha que é a na-

tureza para terem vontade de a proteger”, refere Ana Paula San-tos, directora-geral do parque, cujos animais são provenientes de outros zoos ou encaminha-dos pelos serviços de protecção da natureza.

Ali bem próximo fica o Flu-viário de Mora, considerado o melhor museu de 2008 pela As-sociação Portuguesa de Museo-logia e que este ano assinala o seu terceiro aniversário.

Um casal de lontras asiáticas (o macho apelidado de Ronaldo e a fêmea de Mariza) faz as de-lícias da criançada, mas por en-tre os 500 peixes de 55 espécies diferentes, algumas delas em risco de extinção, há muito mais para ver. Por exemplo: piranhas e anacondas oriundas do Bra-

sil, uma enguia-dinossauro dos grandes lagos africanos, ou o esturjão, uma espécie já desaparecida dos rios portugueses.

No primeiro grande aquário de água doce da Europa, os vi-sitantes são ainda convidados a desvendar a fauna e flora de um rio entre a nascente e a foz. No Fluviário, férias e fins-de-sema-na São aproveitados para acti-vidades como visitas nocturnas (“Lusco-Fusco no Fluviário), ses-sões de histórias para “estimular a imaginação” das crianças e visitas aos bastidores, o “mundo secreto” por detrás dos aquários.

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Actual

A temporada de 2011 promete mais diversão e novidades pelo litoral alentejano, onde poderá conhecer os mais recentes habitantes do Badoca: uma família de três girafas (Giraffa camelopardalis rothschildi) que veio juntar-se ao antigo residente da espécie, o BadoKas. A nova família chegou do Zlin Zoo, na Repúbli-ca Checa, e é composta por duas fêmeas e um macho, todas as crias entre dois anos e dois anos e meio.Começando pelo Safari, os visitantes terão a oportunidade de conhecer num só dia cerca de 500 animais selvagens de 45 espécies. A Ilha dos Primatas, onde é recriado o habitat natural destes mamíferos, é também um ponto de visita obrigatório.Para quem não resistir mesmo a brincar com os animais, poderá participar na ali-mentação dos Lémures, interagindo com estes simpáticos primatas em vias de extinção, que no estado selvagem apenas existem em Madagáscar.

Girafas no litoral

Após três meses de “hiberna-ção”, para manutenção das suas estruturas e protecção de algumas espécies, o Monte Selvagem promete para 2011 novos actividades pedagógi-cas, novos divertimentos, no-vos animais acolhidos por questões de bem-estar, uma nova sala de tratamentos vet-erinários, uma nova cozinha de preparação de alimentos para animais, mais joguetes e nova sinalética didáctica.

Mais de 4 mil crianças de dezenas de escolas já marcar-am este ano visitas ao espaço, cujas estrelas continuam a ser os crocodilos do Nilo en-tre mais de 400 animais de 75 espécies diferentes que aguar-dam os visitantes nos 20 hect-ares do parque.

Além dos animais, do tram-polim gigante familiar, das ca-sas nas árvores, dos escorregas, dos baloiços e dos passeios de tractor pela herdade, há pro-gramas pedagógicos prepara-dos a cada ano. Independente-mente da sua imagem de lazer, o parque tem como objectivo principal a recolha e aloja-

mento de animais selvagens e a educação ambiental, através do contacto directo com a Na-tureza.

Desde que abriu, em Maio de 2004, o Monte Selvagem já recebeu mais de 400 mil visi-tantes, a maioria crianças em grupos escolares e famílias. Se-deado em Montemor-o-Novo, freguesia do Lavre, o parque é um dos destinos turísticos mais procurados na região, detendo uma média anual de mais de 60 mil visitantes, du-rante os nove meses em que está aberto ao ano.

Entre as diferentes espé-cies recolhidas neste espaço contam-se uma família de Ma-cacos de Tarrafe e uma famí-lia de Macacos-rabo-de-porco – resgatada na Holanda pelo AAP (Santuário Europeu de Animais Exóticos).

O Monte Selvagem aloja também cangurus, zebras, iaques, iguanas, crocodilos, lémures, jibóias, macacos, en-tre muitos outros, além de uma quinta de qnimais domésticos onde todos podem entrar e contactar directamente com os

“residentes”. Uma verdadeira farmville ao vivo!

Integrado num montado de sobreiros e azinheiras, o es-paço inclui uma área com 5 ha de visita pedestre com equi-pamentos de entretenimento para adultos e crianças e uma zona ampla de 12 ha para um passeio de tractor onde o visi-tante é guiado até junto de al-gumas espécies de mamíferos e de aves corredoras que vi-vem em liberdade.

O Monte Selvagem possui um projecto educacional que estimula o gosto pela apren-dizagem e o respeito pelo am-biente, pelos animais e pela flora circundante.

Neste sentido, destacam-se no campo da educação, ex-emplos como a manutenção dos animais e das plantas em condições de bem-estar, o apoio a estágios e a trabalhos universitários, registos actu-alizados, gestão racional de recursos e redução de desperdí-cios, incentivo á separação do lixo e participação em projec-tos de conservação da vida sel-vagem.

Farmville selvagem em Mora

Situado no Parque Ecológico do Gameiro, o Fluviário é “hab-itado” por mais de 500 peixes de 55 espécies diferentes, tendo re-sultado de um investimento su-perior a 6 milhões de euros e de uma parceria entre o município de Mora, proprietário do equipa-mento, e o Oceanário de Lisboa.

Restaurante, galeria multi-média, sala de exposições tem-porárias, biblioteca e laboratório são outras das valências do equi-pamento.

Animais: Lontras, esturjões, saramugos, pirapitingas, pira-

nhas, anaconda, enguia-di-nossauro, peixes-gato, entre

outros.

FluviárioNo Monte Selvagem, situado em Lavre, Montemor-o-Novo, existem cerca de 300 animais distribuídos por entre 70 espé-cies selvagens e domésticas que encontram refúgio num montado típico alentejano. Um destino onde crianças e adultos podem observar vários animais em semi-liberdade, aprendendo mais sobre o ambiente.

Bares e esplanadas, parque de merendas e áreas para festas são outras valências.

Animais: Crocodilos do Nilo, jibóias, camelos, macacos, can-gurus, guaxinis, iaques, tartaru-gas, zebras, watussis, são alguns dos animais a visitar.

Monte SelvagemCriado em 1999, o Badoca Safari Park é um parque natural com uma área de 90 hectares local-izado entre Santiago do Cacém e Sines, que assumiu como objecti-vo “a conservação e preservação das espécies” e a sensibilização ambiental. O safari proporciona a crianças e adultos uma opor-tunidade única de observar de perto animais selvagens.

Outras valências são a ilha dos primatas, o “rafting” africano, res-taurantes e parque de merendas.

Animais: Zebras, girafas, orixes, gnus, lémures, flamingos, tucanos, chimpanzés, babuínos, papagaios, turacos, cacatuas, en-tre outros.

Badoca Parque

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Economia & Negócios

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Redacção | Registo

Diversos municípios alentejanos aproveitam a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a decorrer até 27 de Fevereiro, para promover as suas potencialidades turísticas. Reguengos de Monsaraz, Monte-mor-o-Novo e Avis, por exemplo, não deixam escapar a oportuni-dade de se mostrar naquele que é considerado o maior certame do sector turístico no nosso País.

Presente pelo quinto ano con-secutivo na BTL, Reguengos de Monsaraz tem a sua promoção integrada no stand da Turismo do Alentejo, que dispõe de um balcão para o pólo de turismo “Terras do Grande Lago”. Assim, na sexta-feira, dia 25 de Feverei-ro, a Olaria Bulhão fará demons-trações de pintura de peças de artesanato do Centro Oleiro de São Pedro do Corval, considera-do o maior do país, enquanto no sábado a mostra estará a cargo da Olaria Carrilho Lopes. Du-rante a tarde de sexta-feira have-rá também uma prova de vinhos da CARMIM.

“É muito importante apostar na promoção turística do conce-

lho, pelo que nos últimos anos temos estado presentes nos prin-cipais certames do sector na Pe-nínsula Ibérica, como a BTL e a Feira Internacional de Turismo de Madrid, entre outras, pois são espaços de eleição para os profis-sionais ligados à área do turismo e são visitados por centenas de milhar de pessoas”, reconhece José Calixto, presidente da Câ-mara Municipal de Reguengos de Monsaraz.

O autarca diz ser “essencial identificar e captar novos tu-ristas, mantendo contacto com aqueles que já conhecem o des-tino Reguengos de Monsaraz e a quem podemos apresentar novas propostas, identificando hábitos, comportamentos e ne-cessidades deste target consumi-dor”.

Montemor oferece “vouchers”

Para Montemor-o-Novo será já a sétima participação na BTL para “divulgar turisticamente o mu-nicípio, promover os produtos, os recursos e as entidades turís-ticas do concelho e desenvolver o relacionamento com outras

Municípios promovem turismo

BTL

Empresas lançam ”escapadinha“

O Monte Selvagem, o Évora Hotel, o Fluviário de Mora e a Amieira Marina desenvolve-ram um pacote de fim-de-se-mana no Alentejo, apresentado na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). Denominado “Então vá! Em busca do Alentejo!”, o pro-duto destina-se a particulares e a grupos, sendo comercializado pela empresa Férias Alenteja-nas, e visa potenciar o número de visitantes naqueles espaços através de um programa inte-grado com oferta diferenciada no Alentejo.

Évora Hotel – Mais um aniversáriodia 17 de fevereiro festejámos mais um aniversário do Évora hotel.Tem sido uma fonte de enorme satisfação poder contar com os amigos, famílias, parceiros de negócio e todos aqueles que nos apoiam nos projectos, ao longo destes anos.encaramos este desafio com alegria. Todos os dias sorrimos, e só assim achamos que vale a pena continuar.a nossa missão é prestar o melhor serviço a quem nos visita, indo ao encontro das expectativas de quem nos escolhe. um bem-haja!

as condições geográficas privi-legiadas em que nos encontra-mos”, refere fonte da autarquia, recordando que a feira é visitada pelo público em geral e também pelos profissionais do turismo

Montemor-o-Novo estará pre-sente no Pavilhão 2 com um “espaço dinâmico, funcional e apelativo”. Para além de in-formação, os visitantes podem ganhar excelentes ofertas, con-cretizadas através de “vouchers” em alojamento, restauração e produtos.

“Em Montemor o turismo pode ser o fio condutor de todo um processo de desenvolvi-mento sustentado, assente pela crescente aposta cultural, das tradições, das actividades econó-micas, do património histórico, cultural, natural, gastronómico e, sobretudo, pela hospitalidade, o que leva o turista a sentir-se integrado no concelho que visi-ta”, refere a mesma fonte,.

Natureza em Avis

Já o concelho de Avis volta a estar representado na BTL para promover o turismo de natureza.

Tal como sucedeu na Nauticam-po, realizada no início de Feve-reiro, o Parque de Campismo da Albufeira do Maranhão estará integrado no espaço do Roteiro Campista – Guia de Parques de Campismo, que reúne diversos empreendimentos congéneres para dar a conhecer aos adeptos do campismo e do caravanismo, a oferta nacional deste sector.

“A BTL pode definir-se como um evento agregador de uma oferta turística à escala mundial que, num único espaço reúne os principais agentes para dar a conhecer a profissionais e ao pú-blico em geral as melhores opor-tunidades de negócio”, assinala a autarquia.

Na BTL, o Parque de Campis-mo irá proceder ao sorteio de um fim-de-semana para duas pes-soas num dos seus apartamen-tos entre os visitantes do stand. Os visitantes apenas têm que preencher um cupão para se ha-bilitarem a este prémio que no início do mês conferiu a Paulina Simões, da Amadora, o direito a uma “escapadinha” de duas noi-tes neste acolhedor empreendi-mento.

entidades nacionais e interna-cionais” presentes no evento.

“Por experiência dos anos anteriores sabemos que os vi-sitantes que passaram por esta feira de carácter internacional, demonstraram interesse pela oferta turística do concelho e por novas oportunidades que o Alentejo, em particular Mon-temor, tem para oferecer dado

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Economia & Negócios

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O presidente da Associação Na-cional dos Produtores de Milho e Sogro (ANPROMIS), Luís Vas-concellos e Souza, diz que 2011 poderá constituir um ano de oportunidades para o sector em virtude do regadio associado ao projecto de Alqueva.

“Numa altura, em que vão surgindo em Portugal novas áreas de regadio, destacando-se de forma notória o perímetro de Alqueva, com solos de elevado potencial produtivo, importa criar condições para que o mi-lho possa contribuir de forma significativa para o imprescin-dível aumento do nosso grau de auto-abastecimento em cereais e para o acréscimo do nosso Pro-duto Agrícola Bruto”, defende o responsável.

Perante a actual conjuntura económica, que acarreta uma subida no preço dos alimentos e uma dependência crescente do país face dos mercados externos, Luís Vasconcellos e Souza ape-lou a um maior apoio do Estado para que Portugal possa garan-

Produtores de milho querem “ideias claras” para o Alqueva

Agricultura

ços na campanha de 2009/2010 - 125 euros a tonelada, cerca de 10 euros abaixo do “break even” (o custo da produção) – levou a que os produtores não semeassem, gerando uma quebra na produ-ção que levou agora a uma su-bida “em flecha” dos preços, que estão na ordem dos 240 euros a tonelada.

O presidente da ANPROMIS acrescenta que Portugal tem condições para fazer “milho competitivo”, apesar de estar a competir com países que pagam factores de produção (como elec-tricidade e adubos) a preços mais baixos, que não têm que regar e com dimensão da propriedade muito superior.

Sobre as potencialidades que se abrem com Alqueva, lamenta que a política se tenha “sobrepos-to” à questão técnica: “Alqueva é um projecto nacional que tem que ter ideias claras, sob pena de se ter investido dois mil milhões de euros e andar-se a discutir o que se faz com este investimen-to. Não faz sentido”.

Chuva afecta culturas

A chuva intensa afectou o cul-tivo de cereais e impediu que se concretizasse a recuperação da área cerealífera que se esperava, face ao aumento dos preços nos mercados internacionais. As previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), que se reportam a 31 de Janeiro, apontam para um decréscimo da superfície cerealífera, ao con-trário do que se esperava, depois

de o ano passado ter havido uma das piores campanhas das últimas décadas.O INE salienta que o enchar-camento dos terrenos impediu a realização das sementeiras e que as oscilações de temperatu-ra afectaram negativamente as pastagens, levando a aumen-tar o consumo das forragens armazenadas, sobretudo para os bovinos.

tir o seu auto-abastecimento e não produzir apenas um terço do milho que consome.

“Numa altura em que o merca-do mundial de cereais vive uma acentuada volatilidade de pre-ços, importa cada país apoiar de forma decidida a sua agricultura mais competitiva. Em Portugal, a agricultura competitiva é, e será sempre, a de regadio”.

Nos últimos 5 anos, semea-ram-se em média em Portugal

cerca de 190 mil hectares de mi-lho, dos quais 135 mil hectares foram para grão e 55 mil para si-lagem, existindo cerca de 67 mil explorações.

Luís Vasconcellos e Souza diz que o milho é, neste momento, uma cultura “muito interessan-te” para os produtores, já que os preços atingidos por este cereal constituem “uma oportunidade para ganhar dinheiro a sério”.

A quebra acentuada dos pre-

D.R.

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Economia & Negócios

Redacção | Registo

O Tribunal de Contas (TC) já re-cebeu a nova versão do contrato de alta velocidade ferroviária respeitante à construção e ex-ploração do troço entre Pocei-rão e Caia, tendo agora 30 dias úteis para apreciar os termos do contrato e conceder ou rejeitar o visto prévio. Sem visto do TC as obras não podem avançar.

A versão reformulada do con-trato assinado entre o Estado e o consórcio Elos (liderado pela Soares da Costa e pela Brisa) foi apresentada em meados de Fe-vereiro.

O troço de Alta Velocidade en-tre o Poceirão e Caia terá custos de 2,1 mil milhões de euros até 2050, segundo uma portaria pu-blicada em Diário da República. O diploma estabelece os paga-mentos para cada ano a partir de 2010, sendo que “as importâncias referidas no número anterior fo-ram calculadas tendo por base uma estimativa de inflação de 2%, devendo as mesmas ser ac-tualizadas anualmente”. Estes encargos serão suportados pelo Orçamento do Estado pela dis-ponibilidade da infra-estrutura.

Segundo o diploma, 2022 e 2023 serão os aos em que o Esta-do irá pagar mais , com 96 e 94 milhões de euros respectiva-mente. A concessão começa a pagar IVA a partir de 2014.

O troço é o primeiro em parce-ria público privada para a Alta Velocidade portuguesa e irá ligar

D.R.

Tribunal de Contas decide TGV em Março

Troço entre Poceirão e Caia

CDS chama Oliveira Martins ao Parlamento

O CDS-PP vai chamar ao Parla-mento o presidente da comissão para reavaliar as parcerias público-privadas e o TGV, Gui-lherme d’Oliveira Martins (que preside igualmente ao Tribunal de Contas). “Há nesta matéria um fingi-mento. Oficialmente, diz-se que o TGV está em reavaliação e depois na prática, nas portarias, nos despachos e nos contratos, o TGV está a avançar a grande velocidade”, diz Paulo Portas.

O líder do CDS diz que as obras “nunca ficarão abaixo dos dez mil milhões de euros”, num país com uma dívida pública que ul-trapassa “os 150 mil milhões de euros” e que tem “todas as luzes encarnadas acesas contra si” por causa da dívida. Portas lembrou que “quando negociaram o Orçamento” o PSD e o Governo acordaram em constituir uma comissão para reavaliar as parcerias público-privadas, incluindo o TGV.

o Poceirão à fronteira espanhola em Caia, incluindo a construção da estação de Évora.

Em Outubro, a Refer e a Rave decidiram retirar o pedido de visto prévio à concessão “na se-quência de pedidos de esclare-cimento formulados oportuna-mente pelo Tribunal de Contas em relação a aspectos particula-res do contrato”.

A deliberação acerca do visto prévio deve ser tomada em 30 dias, contados sem as interrup-ções para pedidos de esclareci-mento. Os pedidos foram contí-nuos e, na véspera de terminar esse prazo, a Rave entendeu reti-rar o contrato antes de enfrentar uma recusa de visto. Na altura, nem o TC, nem a Rave adian-taram pormenores acerca das questões que estavam a levantar dúvidas aos peritos do TC.

Agora, algumas dessas dúvi-das ficam mais claras.O Estado teve de retirar a garantia pessoal com que avalizou o pedido de empréstimo de 300 milhões de euros que a concessionária efec-tuou junto do Banco Europeu de Investimentos - garantia essa que foi despachada por Carlos Costa Pina a 7 de Maio, na vés-pera da assinatura do contrato de concessão. Essa garantia terá, agora, de ser suportada, segundo o fonte do Governo, por um sin-dicato bancário.

Uma outra alteração que ne-cessitou de ser introduzida foi a eliminação do “anexo referente ao acordo relativo aos efeitos da variação do indexante da taxa de juro”. Tal como os contratos das subconcessões rodoviárias da Estradas de Portugal, desde que foram apresentadas as pro-

postas iniciais e até que foram aceites as propostas finais, as condições financeiras do merca-do agravaram-se muito.

O mais recente avanço no pro-jecto foi o lançamento, a 28 de Dezembro, do concurso para o projecto da estação internacio-nal de Elvas/Badajoz. O concur-so, com um preço-base de 7,5 mi-lhões de euros, está a decorrer e a despertar o interesse das prin-cipais empresas ibéricas de con-sultoria de engenharia, que têm até dia 16 de Março para apre-sentar as respectivas propostas.

Portugal recebe fundos Três projetos portugueses foram selecionados para receberem fundos comunitários ao abrigo da rede transeuropeia de trans-portes, um dos quais de desen-volvimento do projecto ferroviá-rio de alta velocidade (TGV),.

O executivo comunitário indi-cou esta semana que, no quadro das subvenções atribuídas para 2010 para a construção e moder-nização de importantes infra-estruturas de transportes na União Europeia, foram seleccio-nados 51 projectos, com a parti-cipação de 24 Estados-membros, e que receberão no total 170 mi-lhões de euros.

Entre eles encontram-se dois de 974.500 euros para estudos re-lativos ao desenvolvimento do programa do projecto de imple-mentação da rede ferroviária de alta velocidade em Portugal.

O Alentejo, mais precisamen-te no concelho da Vidigueira, foi a região escolhida pelo casal holandês, Inge e Cees de Bruin, para a criação de um projecto vitivinícola a que deram o nome Quinta do Quetzal. Desde a aquisição da propriedade, em 2002, o projecto tem vindo a eviden-ciar-se no mercado interno e externo com duas gamas de vinhos, Quinta do Quetzal e Guadalupe. Só em 2010 a quinta arrecadou 12 meda-lhas e menções honrosas, a maioria delas em concursos internacionais de renome.

A última medalha de ouro chegou da Alemanha, atribuída ao vinho Quinta do Quetzal Reserva Tinto 2007. Considerado o maior concurso internacional em prova cega, homologado pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o MUNDUSvini recebeu, para prova na edição de 2010, o in-crível número de 5883 vinhos oriundos de 42 países. O júri internacional, composto por 285 especialistas em vinhos, de 49 nacionalidades diferen-tes, avaliou todos os néctares durante seis dias.

“Os anfitriões são holan-deses mas o projecto é bem português. Desde o início que temos o cuidado de trans-portar para os dias de hoje a história e a tradição dos vi-nhos alentejanos, aliando a estes uma equipa de trabalho multifacetada desde a viti-cultura à enologia que, com os investimentos dos proprie-tários, conseguem explorar o fantástico terroir da Quinta do Quetzal”, diz Rui Correia, responsável de marketing e vendas da Quinta do Quetzal.

Na antiga propriedade outrora Herdade do Monte da Vargem, apenas foram deixados os talhões de vinha antiga com elevado potencial enológico. A restante vinha sofreu uma reconversão, onde optaram por plantar castas mais adequadas ao terroir da Quinta do Quetzal.

Nos 40 hectares de vinha predominam hoje as cas-tas Antão Vaz, Trincadeira, Alicante Bouschet, Aragonês, Roupeiro e Petit Syrah. Cabe aos enólogos José Portela e Rui Reguinga compor os famosos néctares Quinta do Quetzal que têm vindo a ser apreciados pelos mais impor-tantes críticos internacionais.

A par da paixão pela cultu-ra e pelos vinhos portugueses de Inge e Cees de Bruin está também a paixão pela arte. O casal ergueu na Quinta do Quetzal uma moderna adega, cujo projecto arquitectónico foi inspirado na história da vizinha Vila Romana de S. Cucufate.

Holandesesinvestemna Vidigueira

Vinho

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Cultura

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O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 | Horta das Figueiras | 7005-320 Évora | 266771284

Redacção | Registo

A Câmara Municipal de Évo-ra e a Associação Académica da Universidade de Évora pro-movem mais uma edição do concurso de bandas do Mês da Juventude. O concurso visa proporcionar oportunidades aos jovens com talento na área musical, oferecendo a possibili-dade de lançá-los no meio, esti-mular a formação e o trabalho desenvolvido pelas bandas de garagem e oferecer um evento caracterizado por diferentes es-tilos musicais aos jovens e à co-munidade em geral.Podem concorrer todos os pro-jectos colectivos ou individuais a nível nacional, que ainda não tenham sido alvo de qualquer contrato discográfico, ou não te-nham sido vencedores (primei-ro prémio) da anterior edição deste concurso.Para participar os interessados devem apresentar três temas. O tempo de duração total não pode exceder os vinte minutos. Os trabalhos apresentados de-vem ser acompanhados das res-pectivas letras dactilografadas,

referindo o nome dos autores das letras e das músicas junta-mente com a ficha de inscrição que existe para o efeito.O período de inscrição e entre-ga de maquetas termina a dia 28 de Fevereiro, devendo ser preenchida a ficha de inscrição disponível nas páginas electró-nicas das entidades organizado-ras, acompanhada respectiva-mente de um pequeno historial e uma fotografia da banda.As bandas concorrentes, efecti-vas e suplentes, serão contacta-das directamente pela Associa-ção Académica e informadas sobre datas, horas e locais de actuação, a partir do dia 7 de Março. Os resultados estarão também disponíveis online a partir dessa data. O concurso terá lugar no dia 12 de Março de 2011, no Monte Alentejano.O primeiro prémio consiste na gravação de três temas, fican-do o vencedor obrigado a apre-sentar o trabalho de gravação numa actuação organizada pela Câmara de Évora. Os três primeiros classificados serão convidados a actuar na Queima das Fitas e na Feira de São João.

Évora promove concursode bandas de garagem

Inscrições até 28 de Fevereiro

Já foi lançado o catálogo da exposição “A Colecção Fotográfica da Sociedade Harmonia Eborense”, patente no Museu de Évora até 10 de Março.

A exposição surgiu a partir de uma selecção de fotogra-fias do acervo fotográfico da Sociedade Harmonia Eborense, que foi depositado pela associação no Arquivo Fotográfico municipal, em Janeiro de 2010, que no âmbi-to desse acordo inventariou a colecção e procedeu ao seu tratamento e acondiciona-mento.

Composta por 339 espé-cies, esta colecção inclui 154 provas a preto e branco, 61 provas a cor e 124 provas de albumina coladas sobre cartão. Algumas das imagens estavam datadas, podendo balizar-se a colecção entre finais do séc. XIX (1898?) e os anos 80/90 do século XX.

Das imagens existentes, a maioria refere-se a eventos da vida social da Sociedade Harmonia Eborense, tais bai-les, festas e exposições e um grande número de retratos de sócios e de artistas de teatro.

Colecçãofotográfica

Évora

A 28ª edição da Ovibeja já tem confirmado o principal cartaz de espectáculos. Xutos & Pontapés é a grande aposta para a noite de 7 de Maio, num convite aos públicos de todo o país para uma visita à maior feira agrícola portu-guesa.

Com a animação da primei-ra noite da feira, 4 de Maio, a cargo da irreverência de Tunas Académicas, o pro-grama cultural da Ovibeja “brinda” ainda os visitantes com Expensive Soul (dia 5) e Buraca Som Sistema (6).

Ovibeja divulgacartaz

D.R.

Retábulo no roteiro das grandes obras O Retábulo da Catedral de Évora, considerado o maior e um dos mais importantes conjuntos de pintura flamenga existentes em Portugal, deve ser “colocado no roteiro das grandes obras interna-cionais” do género. “É importante colocar o Retábulo de Évora no roteiro das grandes obras inter-nacionais de pintura flamenga, já que é uma obra importantíssi-ma e tem tido pouca divulgação”, defendeu Joaquim Oliveira Cae-tano, do Museu Nacional de Arte Antiga, durante o Congresso In-

ternacional “O Retábulo de Évora e a Pintura Flamenga do Sul da Europa”, que decorreu em Évora.

“Durante os séculos XV e XVI, foram feitas outras encomendas do mesmo género, de países do sul da Europa, como Portugal, Espanha e Itália, a grandes ofici-nas de pintura da Europa, nome-adamente flamenga”.

“É fundamental procurar um avanço de conhecimento sobre as relações artísticas no renas-cimento entre o Norte e Sul da Europa”, diz Joaquim Caetano,

revelando que “já existem al-guns projectos de investigação que cruzam os conhecimentos do Retábulo de Évora com outros casos em Itália e em Espanha”.

Encomendado pouco depois de 1495 pelo bispo D. Afonso de Portugal, o Retábulo da Catedral de Évora tem “uma dimensão enorme”, composto por 19 pintu-ras. “O retábulo não é assinado. Provavelmente, terá sido mais do que uma oficina de Bruges (Bélgica) a trabalhar no retábulo e é isso que gera interesse, co-

nhecimento e discussão sobre a peça”, acrescentou.

Considerando o maior e um dos mais importantes conjuntos de pintura flamenga existentes em Portugal, o Retábulo da Cate-dral de Évora foi incorporado no património do Estado em 1911, pertencendo, atualmente, às co-leções do Museu de Évora.

As pinturas que compõem o retábulo foram restauradas e es-tudadas pelo atual Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) entre 2005 e 2008.

Vencedor será convidado a actuar na Queima das Fitas

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Cultura

Michel Giacometti

Etnografia

uma vida dedicada a recolher e a divulgar a música tradicional portuguesa.

António Gavela | Sociólogo

Foi recentemente editada a Fil-mografia completa do etnólogo Michel Giacometti que integra a série Povo que Canta, produ-zida pela RTP, entre 1970 e 1974, e inclui também outros dois fil-mes por ele realizados.

Este facto suscitou um gran-de interesse junto de quem já conhecia a sua obra e também junto de muitos que pratica-mente desconheciam esta per-sonagem que marcou a cultura portuguesa no século XX.

Michel Giacometti nasceu na Córsega, França, em 1929, e des-de a infância que teve contacto com outros países e outras cul-turas, nomeadamente no Norte de África, onde viveu com o tio que era funcionário colonial.

Em 1948, em Paris, estudou música e arte dramática e, na Sorbonne, frequentou o curso de Letras e Etnografia que inter-rompeu para participar na gre-ve contra a discriminação dos árabes em relação à sua partici-pação na vida pública em Argel.

Em 1956, com o objectivo de investigar as tradições popula-res de todas as ilhas mediter-rânicas, organizou a Mission Méditerranée 56, que teve que abandonar por razões de saúde.

É nesta altura que conhece a obra do compositor e musicólo-go Kurt Schindler, Folk Music and Poetry of Spain and Por-tugal, e fica entusiasmado pelo trabalho que poderá fazer para salvar um “património único” que corre o risco de se perder. Michel Giacometti não perde tempo e, em 1959, vem para Por-tugal onde inicia o seu trabalho de recolha com as canções de Trás-os-Montes.

Foi na sequência deste tra-balho que, em finais de 1960, Giacometti criou os Arquivos Sonoros Portugueses, tendo convidado o compositor Fer-nando Lopes-Graça para cola-borar neste projecto.

Pode afirmar-se que a partir deste momento Michel Giaco-metti desenvolve um trabalho sistemático e rigoroso que tem

como linhas mestras a recolha, estudo e divulgação da música tradicional portuguesa.

O trabalho realizado ultrapas-sa o domínio da música e integra também a recolha da cultura de raiz tradicional. Um trabalho feito com total empenhamen-to mas com grandes carências económicas face às quais Giaco-metti conseguiu sobreviver.

A edição da Filmografia com-pleta agora vinda a lume in-tegra um conjunto valioso de depoimentos de musicólogos e personalidades que tiveram um contacto directo com Giaco-metti. Percebe-se nesses depoi-mentos que Michel Giacometti tinha uma estratégia no seu trabalho que passava pela va-lorização das formas de cultura que faziam parte da identidade da população das várias regiões do país.

Essa valorização tinha no in-quérito, que integrava o registo áudio, fotográfico e cinemato-gráfico, um método moderno que era fundamental para que essas formas culturais e musi-cais identitárias constituíssem formas eficazes de resistência e luta contra o fascismo. Apenas como exemplo importa referir que o título da série televisiva Povo que Canta era o início de uma canção de resistência da guerra civil espanhola - “Povo que canta não pode morrer”.

Estamos perante um trabalho de permanente militância que, a par do que está disperso e per-dido, entre 1960 e 1983, realiza a publicação de várias colecções discográficas, num total de 24 discos, sendo de destacar a co-lecção da Antologia de Música Regional Portuguesa.

Em 1962, Michel Giacomet-ti foi autor do filme O Alar da Rede realizado por Manuel Ruas, com produção da Rádio Televisão Portuguesa. Para a salvaguarda da literatura oral, iniciou em 1965 a sua recolha sistemática, a par e passo com a recolha musical.

Em 1975, dirigiu o Plano de Trabalho e Cultura, Recuperar a cultura popular portuguesa, di-

rigido aos estudantes do Serviço Cívico.

Em 1981, com Fernando Lo-pes-Graça editou o Cancioneiro Popular Português, obra impor-tante que integra canções e mú-sicas instrumentais e pretende mostrar a multiplicidade dos géneros e estruturas musicais, na diversidade das característi-cas regionais.

No Alentejo, Michel Giaco-metti realizou importantes re-colhas como A Festa da Santa Cruz na Aldeia da Venda, Bo-necos de Santo Aleixo e muita Polifonia Popular.

Podemos afirmar que Giaco-metti demonstrou ao longo da sua vida que a sua principal qualidade foi a de ter amor ao trabalho que fazia e um amor sincero ao povo com quem partilhou grande parte da sua vida. Michel Giacometti veio a falecer em Novembro de 1990, tendo sido enterrado em Pero-guarda a seu pedido.

Nota: A propósito de Michel Giacometti realiza-se no próximo

dia 26 de Fevereiro, às 18h30, no Convento dos Remédios, em

Évora, a sessão “Conversas com música em torno da Viola Cam-paniça”, integrada na Exposição

“Michel Giacometti 80 Anos 80 Imagens” (ver artigo nestas

páginas).

Michel Giacometti tinha uma estraté-gia no seu trabalho que passava pela valorização das formas de cultura que faziam parte da identidade da popu-lação das várias regiões do país.

A Câmara Municipal de Évora prolongou até 26 de Fevereiro a apresentação da exposição “Michel Giacometti, 80 anos, 80 imagens” no Convento dos Remédios e organizou neste período um programa de acti-vidades todas as sextas-feiras, às 18:30, que têm procurado levar-nos a descobrir e apro-fundar mais o trabalho de Giacometti.

No dia 25 de Fevereiro a ses-são intitula-se “Andem cá que já vos contamos” e terá como convidados Ana Paula Gui-marães (Directora do IELT), Luís Carmelo (investigador e contador de contos), Domin-gos Morais (membro do IELT e Professor na Escola Supe-rior de Teatro e Cinema), Oria-na Alves (editora da BOCA e membro do IELT) e José Bar-bieri (fundador do Memoria-media e membro do IELT).

A maioria dos convidados são investigadores do IELT (Instituto de Estudos de Litera-tura Tradicional), instituto que reconhece na literatura tra-dicional/oral/popular como parte intrínseca do patrimó-nio imaterial e universal da humanidade, por excelência veículo de afirmação da iden-tidade e de aproximação entre os povos (UNESCO, 1989).

Nesta sessão será também apresentado o áudio livro “Anda cá que eu já te conto”, da autoria de Luís Carmelo com o apoio do IELT.

A última sessão tem lugar no dia de encerramento, dia 26 de Fevereiro, e intitula-se “Conversas com música em torno da Viola Campaniça” e contará com a presença dos músicos Pedro Mestre (tocador e construtor de viola campa-niça) e Manuel Bento (tocador

80 anos

Page 19: Registo ed143

19

Cultura

de viola campaniça), que irão proporcionar aos visitantes um momento musical neste último dia de exposição inter-pretando as suas modas, inter-calando com breves conversas sobre as suas histórias e con-textualizam as suas vivências com esta prática musical.

Recorde-se que esta expo-sição consiste em mais uma iniciativa integrada no projec-to Oralidades e foi cedida pelo Museu da Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria, da Câmara Municipal de Cascais, e assinala a efeméride dos oi-tenta anos do nascimento do etnomusicólogo Michel Gia-cometti. Nela é apresentada uma selecção de 80 imagens que fazem parte da colecção fotográfica de Giacometti, que desenvolveu um trabalho de investigação, recolha e estudo da música tradicional em Por-

tugal.A exposição conta ainda

com uma mostra de vários instrumentos musicais da tra-dição alentejana e exempla-res dos tradicionais Bonecos de Santo Aleixo, entre outros objectos, que foram cedidos por diversas entidades e que contribuíram para o enrique-cimento da exposição, pois trata-se de objectos que foram documentados por Michel Giacometti no seu trabalho de recolha no Alentejo.

Procurou-se acrescentar deste modo à exposição as tradições musicais que con-tinuam a estar presentes nos nossos dias e o que é feito hoje por pessoas e instituições, que preservam e divulgam este património, assumindo um papel que é em muito seme-lhante ao que Giacometti teve no Alentejo e no nosso país.

80 imagens

Arquivos sonorosMichel Giacometti criou os Ar-quivos Sonoros Portugueses em Dezembro de 1960 que preten-dia virem a ser a origem de um autêntico museu que reunisse um grande número de ecos so-noros a serem postos à disposi-ção dos investigadores, numa diversidade de ruídos, vozes e música.

Portugal era um dos raríssi-mos países da Europa a não pos-suir uma antologia da sua mú-sica tradicional e um arquivo sonoro, pelo que este projecto era, em seu entender, o cami-nho para a sua salvaguarda.

No seguimento da recusa da Comissão de Etnomusico-logia da Fundação Calouste Gulbenkian em apoiar a sua proposta de investigação em Trás-os-Montes, Giacometti deu forma a um novo plano, bem estruturado e inovador, que previa a recolha, o estudo e a di-vulgação da música tradicional portuguesa. Teve do seu lado, nesta grande empresa, o com-positor Fernando Lopes-Graça, que o apoiou ao longo de trinta anos.

Os Arquivos Sonoros Portu-gueses constituíram-se como um centro de investigação, onde se preparavam as prospec-ções no terreno, se acolhia e tra-tava a documentação levantada e se preparavam, por fim, as edi-ções discográficas.

Apesar das dificuldades em obter apoios financeiros, o tra-balho avançou e, como resul-tado, ficámos perante um dos mais importantes arquivos do género na Europa, representan-do 85% das recolhas realizadas por meios mecânicos, desde 1932, em Portugal.

Estes registos sonoros inte-gram a gravação de músicas, canções, poesia, teatro popular e entrevistas.

O trabalho de campo era orga-nizado exclusivamente por Gia-cometti, quer do ponto de vista científico, quer na preparação da logística para a sua concre-tização, com a angariação de fundos junto de várias entida-des como empresas, associações culturais e Juntas Distritais.

A preparação das edições con-tava com o trabalho de Lopes-Graça na análise, estudo e se-lecção dos espécimes musicais e nos textos que acompanham os discos.

Entre 1960 e 1983, os Arqui-vos Sonoros publicaram várias colecções discográficas num total de 24 discos. O material fonográfico foi seleccionado em exclusivo a partir das recolhas feitas em todo o país.

A divulgação era realizada por meio de um catálogo e a distribuição feita com recurso a um sistema de subscrições.

Algumas edições tiveram o apoio de entidades como a Folkway Record de NY, Philips, Le Chant du Monde, Torralta, Círculo de Leitores, Câmaras Municipais e as antigas Juntas Distritais.

Missões pelo paísA investigação de Michel Giacometti, as suas várias missões de prospecção realizadas em todo o país, durante trinta anos, a reco-lha sistemática da música tradicional, da literatura popular, a observação da vida do povo e a fixação da sua cultura de tradição oral nos mais diversos suportes (fitas magnéticas, filmes, fo-tografias, fichas de recolha) geraram diferentes colec-ções documentais, além de uma colecção de objectos etnográficos e outra de ins-trumentos musicais.

Quando chegou a Portu-gal, encontrou um país rico de tradições seculares que já não se encontravam numa Europa industrializada e, segundo ele, “o lugar de sín-tese da Civilização Mediter-

rânea”, pelo que era urgente fixar estes documentos vivos que não tardariam a desaparecer.

Esta decisão teve uma importância enorme na salvaguarda da cultura popular portuguesa, se pen-sarmos que se está perante um património imaterial de grande fragilidade e que na década de sessenta e setenta do século XX.

Em Agosto de 1990, numa campanha em Peroguarda, o trabalho do etnomusicó-logo foi acompanhado pelo jornalista Adelino Gomes, que fez a última reportagem sobre o seu trabalho. Giaco-metti dizia que a “primeira qualidade que um etnomu-sicólogo precisa de ter é o amor ao trabalho e o amor sincero ao povo”.

D.R.

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20 24 Fevereiro ‘11

santiago do cacém“ScenaS do Lar”26 de fevereiro | 21h30 local: auditório Municipalalda Guerreiro é homenageada, em santiago do cacém, no espectáculo “scenas do lar”

beja“doroteia”

26 de feverei-ro | 21h30 local: auditó-rio Municipala encenação de “doroteia” pela compa-

nhia de Teatro na educação no bai-xo alentejo, em cena no auditório municipal de beja

redondo“SonHo de uMa noite de verão”26 de fevereiro | 18h30 local: auditório Municipalo grupo de teatro soirr-Jaa apre-senta uma encenação de William shakespeare no auditório

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Uma questão de saber

ÉvoraJazzlocal: espaço celeiros,rua eborim ,18 – ÉvoraTodas as Terças os alunos do curso de Jazz da universidade de Évora encontram-se no espaço celeiros para uma Jam em torno do Jazz.

ÉvoranoiteSdo PÉzinHo MarotoQuintas fei-ras | 22h00local: sede da sheÀs quintas, és tu quem põe música!

ÉvoracoMbo de Jazz

segundas-feiras | 21h30

MÚSicateatroÉvoracoLecção fotográfica da Sociedade HarMonia ebo-renSe6 de Janeiro a 9 de Março local: Museua sociedade harmonia eborense expõe um espólio fotográfico data-do a partir dos finais do século XiX

avis“PontoS de viSta”fotografiaS de ricardo do caLHau

1 de fevereiro a 6 de Março local: auditório Municipal José carlos ary dos santosa preto e branco, ricardo calhau reve-la cerca de 30 imagens diferenciadas

eXPoSição

MarvãoMarvão “ boM goSto”Quinzena gaStronóMica“coMidaS de azeite19 de fevereiro a 8 de Março local: restaurantes aderentesPratos confeccionados à base de azeite preenchem a ementa da Quinzena Gastronómica “comidas de azeite”

gaStronoMia

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ÉvoraducHaMP: a arte de negar a arte18 de fevereiro a 12 de Junholocal: forum eugénio de almeidaMarcel duchamp é considerado um dos impulsionadores do dada-ísmo, movimento iniciado em 1916 que defende a ruptura com as for-mas de arte tradicionais, a liberdade desenfreada do indivíduo e a espon-taneidade, dando lugar à antiarte.

local: estrada do bairro de almeirim,armazém 4combo de Jazz do imaginário.encontro semanal de músicos de vários instrumentos, com diogo Picão.

Montemorbanda co27 de Março | 22h00 local: socieda-de carlistaorganização: sociedade carlista

ÉvoraconcurSo de bandaS12 de Março o concurso visa proporcionar opor-tunidades aos jovens com talen-to na área musical, oferecendo a possibilidade de lançá-los no meio, estimular a formação e o trabalho desenvolvido pelas bandas de gara-gem e oferecer um evento caracte-rizado por diferentes estilos musi-cais aos jovens e à comunidade em geral.

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Lazer

1 9 6

4 2

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4 8 7 3 2

3 1 8

3 8 2

9 3

5 1 6

sudoKu

nota: o objectivo do jogo é completar os espaços em branco com algarismos de 1 a 9, de modo que cada número apareça apenas uma vez na linha, grade e coluna.

O rapaz do pijama as riscas

Sugestão de filmeSugestão de leitura

Autores: John Boyne Director: Alex KendrickSinópse:

o casamento está em vias de extinção. a cada ano, aumenta o número de divórcios no mundo. e, mesmo entre aqueles que resistem à “solução” da separação, muitos apenas se suportam, vivendo in-felizes debaixo do mesmo teto. o filme “a Prova de fogo” toca nessa ferida, aponta os prováveis e mais comuns motivos desse problema e propõe a solução para ele.caleb holt é capitão do corpo de bombeiros de albany, eua, tido como herói em sua cidade. a metáfora é evidente: ele salva pessoas quase todos os dias, mas é incapaz de

A Prova de Fogo

Sinópse:

ao regressar da escola um dia, bruno constata que as suas coisas estão a ser empacotadas. o seu pai tinha sido promovido no trabalho e toda a família tem de deixar a luxuosa casa onde vivia e mudar-se para outra cidade, onde bruno não encontra ninguém com quem brin-car nem nada para fazer. Pior do que isso, a nova casa é delimitada por uma vedação de arame que se estende a perder de vista e que o isola das pessoas que ele consegue ver, através da janela, do outro lado da vedação, as quais, curiosamente, usam todas um pijama

Carta da Semana: 9 de Paus, que signifi-ca Força na Adversidade.Amor: O seu erotismo e criatividade vão fazer milagres na sua relação, o seu par gostará da surpresa.Saúde: Período sem problemas.Dinheiro: Nada o preocupará a este nível.Números da Sorte: 1, 18, 22, 40, 44, 49Dia mais favorável: Segunda-Feira

Carta da Semana: A Rainha de Copas, que significa Amiga Sincera.Amor: Os seus familiares precisam de maior atenção da sua parte. Seja cari-nhoso. Que o amor esteja sempre no seu coração!Saúde: Cuidado com possíveis dores de cabeça.Dinheiro: Pode fazer aquele negócio que tanto deseja.Números da Sorte: 7, 19, 23, 42, 43, 48Dia mais favorável: Domingo

Carta da Semana: A Imperatriz, que signi-fica Realização.Amor: O ciúme não é um bom conselheiro, aprenda a saber ultrapassá-lo.Saúde: Poderá sofrer de algumas dores de cabeça fortes, que indicam que precisam de repousar mais.Dinheiro: Graças ao seu bom desempenho poderá ganhar algum dinheiro extra.Números da Sorte: 3, 11, 19, 25, 29, 30Dia mais favorável: Quarta-Feira

Carta da Semana: 4 de Espadas, que sig-nifica Inquietação, Agitação.Amor: Não descarregue nas pessoas de quem mais gosta a má disposição. A feli-cidade é de tal forma importante que deve esforçar-se para a alcançar.Saúde: Procure fazer um regime alimen-tar, só terá a ganhar com isso.Dinheiro: Período pouco favorável para contrair empréstimos.Números da Sorte: 2, 4, 22, 36, 47, 48Dia mais favorável: Quarta-Feira

Carta da Semana: Cavaleiro de Ouros, que significa Pessoa Útil, Maturidade.Amor: Converse com o seu par, só ganhará com isso. Aprenda a aceitar-se na sua glo-balidade, afinal você não tem que ser um Super-Homem!Saúde: Descanse quando o seu corpo pedir.Dinheiro: Cuidado, seja mais amável no lo-cal de trabalho.Números da Sorte: 19, 26, 30, 32, 36, 39Dia mais favorável: Sexta-Feira

Carta da Semana: O Papa, que significa Sabedoria.Amor: Os seus amigos poderão vir a estra-nhar a sua ausência, não se afaste deles. Que o Amor e a Amizade sejam uma cons-tante na sua vida!Saúde: Procure não fazer muitos esforços físicos, respeite o seu corpo.Dinheiro: O seu poder económico terá um aumento significativo.Números da Sorte: 3, 24, 29, 33, 38, 40Dia mais favorável: Sexta-Feira

Carta da Semana: 8 de Ouros, que significa Esforço Pessoal.Amor: Pense mais com o coração do que com a razão. Que a luz da sua alma ilumine todos os que você ama!Saúde: Cuide melhor da sua saúde espiritual procurando ter pensamentos mais positivos.Dinheiro: As suas economias poderão sofrer uma quebra inesperada.Números da Sorte: 5, 9, 17, 33, 42, 47Dia mais favorável: Terça-Feira

Carta da Semana: Valete de Ouros, que significa Reflexão, Novidades.Amor: Poderá ter de enfrentar uma forte discussão com um dos elementos da sua família. Seja verdadeiro, a verdade é eter-na e a mentira dura apenas algum tempo.Saúde: O cansaço irá invadi-lo, tente re-laxar.Dinheiro: A sua conta bancária anda um pouco em baixo, seja prudente nos gastos.Números da Sorte: 4, 11, 17, 19, 25, 29Dia mais favorável: Domingo

Carta da Semana: 6 de Espadas, que signi-fica Viagem Inesperada.Amor: Procure encontrar mais tempo na sua vida para estar com as pessoas que realmen-te ama. Saúde: Não cometa excessos alimentares.Dinheiro: As suas finanças poderão sofrer uma quebra substancial. Não se deixe mani-pular pelos seus próprios pensamentos!Números da Sorte: 8, 9, 22, 31, 44, 49Dia mais favorável: Domingo

Carta da Semana: Valete de Copas, que significa Lealdade, ReflexãoAmor: Não pense que as pessoas são todas iguais, não descarregue na pessoa que tem a seu lado o que outras lhe fizeram que o deixou magoado. Seja honesto consigo próprio, não tenha receio de reconhecer os seus erros e traçar novas rotas de vida.Saúde: Procure com maior frequência o seu médico de família.Dinheiro: Tudo correrá dentro da normalidade.Números da Sorte: 5, 17, 22, 33, 45, 49Dia mais favorável: Segunda-Feira

Carta da Semana: Cavaleiro de Copas, que significa Proposta Vantajosa.Amor: Os momentos de confraternização fa-miliar estão favorecidos. Não perca o contacto com as coisas mais simples da vida.Saúde: Procure fazer uma alimentação mais equilibrada.Dinheiro: Nada de marcante acontecerá, o que não significa que se pode deixar levar pelos impulsos consumistas.Números da Sorte: 2, 8, 11, 28, 40, 42Dia mais favorável: Quarta-Feira

Carta da Semana: 5 de Espadas, que sig-nifica Avareza.Amor: A harmonia está neste momento pre-sente no seu ambiente familiar. Tanto a triste-za como a alegria são hábitos que pode educar, cabe-lhe a si escolher qual deles prefere!Saúde: Cuidado com o sistema nervoso, pois está neste momento com tendência para as depressões.Dinheiro: Não terá problemas de maior nesta área da sua vida.Números da Sorte: 2, 8, 11, 25, 29, 33Dia mais favorável: Sábado

Carneiro

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Caranguejo Leão Virgem

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salvar o próprio casamen-to. Percebendo a situação, o pai dele propõe um desafio antes de o casal partir para a separação. relutante, caleb aceita. (detalhe: o ator princi-pal é Kirk cameron, que estrelou na adolescência uma série de sucesso e decidiu, depois, dedicar-se a projetos que promoves-sem o bem.)

às riscas. como bruno adora fazer explorações, certo dia, desobedecendo às ordens expressas do pai, resolve investigar até onde vai a vedação. É então que encontra um rapazinho mais ou menos da sua idade, vestido com o pijama às riscas que ele já tinha observado, e que em breve se torna o seu melhor amigo…

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23

Eventos

Pedro Gama | Registo

Um vinho Solar dos Lobos “tem estrutura, aromas sem-pre muito frutados e exube-rantes. Aromas que se notam logo ao primeiro contacto que temos com o vinho, ao abrir a garrafa. E têm muita cor. Uma cor carregada e com tom de violáceas, como se costuma dizer na gíria”. É desta forma que o enólogo António Patrí-cio descreve os vinhos produ-zidos na adega Solar dos Lo-bos, junto à Serra d’Ossa, em Redondo.

Numa região demarcada – e sendo o Alentejo “paraíso” para muitos e bons vinhos – o projecto Solar dos Lobos tem vindo a demarcar-se em pou-cos anos. Pela qualidade, pela originalidade e pela imagem.

António Patrício é primo de Filipa e de Miguel Lobo da Sil-veira, que, por sua vez, são ir-mãos. Os laços são importan-tes de mencionar já que este é um projecto, acima de tudo, familiar, que foi iniciado, há cerca de onze anos.

Desde 2007 muito mudou com a entrada dos filhos no “negócio da família”, o que trouxe para a empresa a irre-verência da juventude, a ino-vação dos conhecimentos e a aposta em novas ideias.

“As primeiras vinhas foram plantadas em 2000”, conta Filipa Lobo da Silveira. “Em 2007, entrámos para a equi-pa, também com o auxílio da Susana Esteban, enóloga con-sultora, que acompanha os nossos vinhos e começámos a estruturar as coisas de ou-

tra forma. Mudámos o layout dos vinhos. Os rótulos foram modificados. Também houve algumas alterações a nível da vinha, da própria vinificação, e foi esse percurso que come-çámos a trilhar: ter um bom produto com uma boa ima-gem”.

Mas nem só de imagem vive o vinho e a qualidade acompanhou o mesmo per-curso. Os prémios e destaques na imprensa começaram a aparecer. ”Já todos [os vinhos] ganharam prémios e todos tiveram boas pontuações. Agora temos o Grande Esco-lha 2008 que foi considerado o melhor tinto do Alentejo”, conta Filipa Lobo da Silveira.

Recentemente foi lançado a nova “referência” da empresa. Chama-se “Loup Noir” e vem trazer uma nova tendência no que ao “bag-in-box” diz respeito. Pela primeira vez um vinho de “caixa” é de co-lheita seleccionada, e o design da nova caixa, que suporta apenas dois litros, foi pensada para, também pela primeira vez, aparecer entre a zona de garrafas dos hipermercados Continente.

“Apercebemo-nos que ha-via um nicho de mercado em Portugal, que estava por ex-plorar, que era um bag-in-box com qualidade para beber to-dos os dias, em que não hou-vesse desperdício. É uma das nossas grandes apostas, que está a ter uma procura como nunca imaginámos e está a revolucionar um pouco o mercado do bag-in-box”, diz a responsável pela parte finan-

Solar dos Lobos aposta em vinhos com inovação e design

Empresa

Solar dos Lobos branco reserva

Lançado no Natal de 2010, é composto por duas castas portugue-sas: Arinto e Antão Vaz. Com estágio de seis meses em Barrica de Carvalho Francês, é um vinho com algu-ma estrutura na boca, tem aromas a tropical, com algumas notas da Barrica como seja a baunilha.

Lupe noir (Bag-in-Box)

É um vinnho de col-heita seleccionada, estando acima de um vinho Regional. Com estadia de oito meses em Barrica de Carv-alho Francês, é com-posto das castas Sirá, Aragonês e Touriga Nacional. Tem uma cor forte com boa es-trutura e muito alegre no nariz.

grande escolha 2008

Feito de Alicante Bou-ché e Touriga Nacio-nal, estagiou 12 meses em barricas novas de Carvalho Francês. É um vinho muito estruturado, que se pode mastigar. É muito exuberante no nariz, porque tem notas muito florais, da Tou-riga Nacional. É um vinho mais fresco.

ceira da empresa, que também se movimenta no marketing e área comercial.

Filipa Lobo da Silveira ex-plica ainda que a caixa deste Loup Noir “foi estudada, no que diz respeito à dimensão, sendo mais alta, mais estreita e apenas com dois litros para poder estar numa prateleira junto a garrafas, como se tives-se uma garrafa dentro”.

Com uma aposta em vinhos de gama média-alta e alta, o reconhecimento já chegou a nível nacional (Revista de Vi-

nhos) e do estrangeiro – em Bruxelas, no Concurso Inter-nacional, o Reserva e o Gran-de Escolha foram vencedores de medalhas de ouro. Também em Londres, o International Wine Chalenge e a revista Dechantuary atribuíram me-dalhas de outro e prata a estes dois vinhos.

Por fim a grande vitória aconteceu no ano passado, com o Grande Escolha que foi considerado em Cantão, Chi-na, o melhor vinho da Feira Internacional de Vinho, en-

frentando produtos de todo o mundo.

Com as exportações a subi-rem de ano para ano, situan-do-se actualmente em 15%, 2011 poderá ser o ano da aber-tura de portas em mercados como Brasil e China e com perspectivas de chegar tam-bém à Suécia.

O segredo: “muita dedicação, rigor, trabalho e organização. O facto de sermos uma em-presa familiar leva-nos a dar muito mais pela nossa própria empresa”.

Luis Pardal | Registo

António Patricio , Miguel e Filipa Lobo da Silveira na adega do Solar dos Lobos

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SEMANÁRIO

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Redacção | Registo

A GNR deteve um grupo de 6 indivíduos de nacionalidade portuguesa acusado de comprar viaturas usadas com recurso a notas falsas. A investigação foi desencadeada na sequência da passagem de moeda falsa em di-versos estabelecimentos comer-ciais dos concelhos de Odemira e Santiago do Cacém.

Segundo fonte da GNR, o gru-po é igualmente suspeito da prá-tica de “roubos violentos a pesso-as idosas”.

Entre os detidos – três homens e três mulheres com idades com-preendidas entre os 39 e os 62 anos – encontra-se um indiví-duo que se havia evadido do es-tabelecimento prisional de Vale de Judeus.

Buscas domiciliárias efectu-adas às residências dos detidos,

em São Luís (Odemira) e Alen-quer, resultaram na apreensão de mais de 14 mil euros em no-tas falsas de 50 e de 20 euros, três armas brancas e quatro armas de fogo, além de dezenas de mu-nições de diversos calibres. Fo-ram ainda apreendidos 836 eu-ros, 30 pepitas de ouro, diversos títulos de registo de propriedade e livretes de veículos, além de automóveis, cartões multibanco e material informático.

“Estamos a falar de um gru-po que negociava a compra de viaturas em stands de beira da estrada e as pagava utilizando notas falsas”, acrescenta a mes-ma fonte, referindo que o valor dos automóveis envolvidos “não era muito elevado”.

A GNR está ainda a investigar a possível implicação destes seis indivíduos noutros casos de pas-sagem de moeda falsa ocorridos

no Baixo Alentejo: “É natural que tendo disponibilidade de acesso a dinheiro contrafeito o tenham usado noutras ocasiões. Há registos de queixas apresen-tadas por comerciantes de diver-sos municípios”.

Violador condenado O Tribunal de Mértola condenou um homem, de 44 anos, a uma pena de oito anos de prisão por sete crimes, entre os quais rapto e violação de uma mulher e pos-se de arma proibida.

O homem atraiu a vítima atra-vés da troca de mensagens na Internet. Foi condenado por um crime de coação, um de rapto, um de ameaça agravada e dois de violação de uma mulher e dois crimes de detenção, um de arma proibida e outro de muni-ções proibidas.

No próximo dia 26 será inaugura-do em Moura o Centro de Joalha-ria Contemporânea Alberto Gor-dillo, situado no edifício do antigo quartel dos bombeiros, na Rua da Vista Alegre, junto à Praça Sacadu-ra Cabral.

O Centro terá um núcleo de 226 peças, das quais 50 estarão em ex-posição permanente e, além do espaço expositivo, estará vocacio-nado para o funcionamento de ateliês e áreas de trabalho e para a realização de oficinas e workshops de joalharia. A inauguração do Centro de Joalharia será acom-panhada pelo lançamento do respectivo catálogo, da autoria do historiador de arte Rui Afonso Santos (Museu do Chiado).

Alberto Gordillo, natural de Moura, revolucionou a arte da joalharia portuguesa criando pe-ças vanguardistas como o Colar-Teia, com 300gr de platina e 150 brilhantes, que esteve exposto na Bolsa de Diamantes de Londres.

O Centro de Joalharia é uma das componentes do Projecto de Re-qualificação do Castelo de Moura e zona envolvente e a sua criação implicou um investimento na or-dem dos 500 mil euros.

Amieira Marina

Carta de marinheiroA Amieira Marina, empresa que gere os barcos-casa no Alqueva, disponibiliza este ano a emissão de Carta de Marinheiro e de Patrão Local.Apesar de não ser preciso carta para conduzir um barco-casa, a empresa antevê o aumento de embarcações no grande lago, possibilitando aos futuros marinheiros os documentos essenciais a uma boa navegação na barragem.A carta de marinheiro, acessível a maiores de 14 anos, permite a condução de embarcações de recreio até sete metros de comprimento (titulares com mais de 18 anos) ou até 5 metros de comprimento (titulares dos 14 aos 18 anos); motas de água e pranchas (jet-ski) sem limite de potência.

Joalharia em Moura

GNR DETÉM GRuPO quE PASSAVA NOTAS FALSAS

Museu Crime

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Foto | Arquivo