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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 01 de Setembro de 2014| ed. 254 | 0.50 O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284 03 Cidade das Tradições promove Cante Alentejano Cidade das Tradições promove Cante Alentejano 03 Cenas ao Sul com milhares de espetadores PÁG.05 O A programação cultural que está a animar a cidade de Évora desde Julho estende- -se até ao fim de setembro com a designação de Cenas ao Sul. A diversidade das expressões ar- tísticas, dos espaços onde vai acontecendo, das pessoas e instituições envolvidas, é apontada como a sua principal característica. À entrada do terceiro e último mês do programa Cenas ao Sul, os primeiros balanços falam do êxito do projecto, de muito público na rua, do regresso da anima- ção cultural à Cidade Património Munidal. Évora, Portalegre e Algarve com Costa PÁG.04 Os novos protagonistas das distritais socialistas vão ser esco- lhidos este fim de semana e, à par- tida, António Costa parte para este combate com alguma vantagem nos apoios dos candidatos às federações. Se o presidente da Câmara de Lisboa vencer as eleições federativas, os seus apoiantes vão reclamar a con- vocação de um congresso para finais de Outubro. “PERIFERIAS” Festival de Cinema de Marvão PÁG.10 Conversas com a presença de 5 Realizadores: O cinema de autor produzido em Portugal e na América Latina vai estar em destaque na segunda edição do Festi- val “Periferias”. O “Periferias”, que teve no ano passado a sua primeira edição, dedica- da a frica, é um festival de cinema através do qual se pretende divulgar filmografias de diversas latitudes que tenham por ob- jecto as vivências comunitárias em regiões de periferia e do mundo rural. Passos elogia sector agrícola PÁG.07 O primeiro-ministro, Pedro Pas- sos Coelho, elojiou na passada semana, em Penafiel, o sector agrícola português considerando ter sido dos que mais aju- dou a vencer a crise que afectou o país nos últimos anos. “Espero que a minha visita, depois desta crise grave por que passámos, mostre que este sector foi muito importan- te para nos ajudar a vencer a crise”, decla- rou Pedro Passos Coelho, quando visitava a Feira Agrícola do Vale do Sousa (Agrival). D.R. PUB

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Edição 254 do Semanário Registo

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Page 1: Registo 254

www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 01 de Setembro de 2014| ed. 254 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

266771284

03Cidade das Tradições promove Cante AlentejanoCidade das Tradições promove Cante Alentejano 03

Cenas ao Sul com milhares de espetadores Pág.05 O A programação cultural que está a animar a cidade de Évora desde Julho estende--se até ao fim de setembro com a designação de Cenas ao Sul. A diversidade das expressões ar-tísticas, dos espaços onde vai acontecendo, das pessoas e instituições envolvidas, é apontada como a sua principal característica. À entrada do terceiro e último mês do programa Cenas ao Sul, os primeiros balanços falam do êxito do projecto, de muito público na rua, do regresso da anima-ção cultural à Cidade Património Munidal.

Évora, Portalegre e Algarve com CostaPág.04 Os novos protagonistas das distritais socialistas vão ser esco-lhidos este fim de semana e, à par-tida, António Costa parte para este combate com alguma vantagem nos apoios dos candidatos às federações. Se o presidente da Câmara de Lisboa vencer as eleições federativas, os seus apoiantes vão reclamar a con-vocação de um congresso para finais de Outubro.

“PERIFERIAS” Festival de Cinema de MarvãoPág.10 Conversas com a presença de 5 Realizadores: O cinema de autor produzido em Portugal e na América Latina vai estar em destaque na segunda edição do Festi-val “Periferias”. O “Periferias”, que teve no ano passado a sua primeira edição, dedica-da a Africa, é um festival de cinema através do qual se pretende divulgar filmografias de diversas latitudes que tenham por ob-jecto as vivências comunitárias em regiões de periferia e do mundo rural.

Passoselogia sector agrícola Pág.07 O primeiro-ministro, Pedro Pas-sos Coelho, elojiou na passada semana, em Penafiel, o sector agrícola português considerando ter sido dos que mais aju-dou a vencer a crise que afectou o país nos últimos anos. “Espero que a minha visita, depois desta crise grave por que passámos, mostre que este sector foi muito importan-te para nos ajudar a vencer a crise”, decla-rou Pedro Passos Coelho, quando visitava a Feira Agrícola do Vale do Sousa (Agrival).

D.R

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Page 2: Registo 254

2 01 Setembro ‘14

Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected])

Propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 750 140 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento

Comercial [email protected] Redacção Pedro Galego Fotografia Luís Pardal (editor) Paginação Arte&Design Publicreative Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Colaboradores António Serrano; Miguel Sampaio;

Luís Pedro Dargent: Carlos Sezões; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt |

Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 Tiragem 10.000 ex Distribuição Nacional Periodicidade Semanal/Quinta-Feira Nº.Depósito Legal

291523/09 Distribuição PUBLICREATIVE

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

A Abrir

Cenas são, na l inguagem dos adoles-centes, coisas mais ou menos inde-terminadas ou indef inidas ou, num exercício de preguiça juvenil , uma ca-tegor ização onde cabe tudo o que te-mos à mão.

É assim que os meus f i lhos classi-f icam um prato que costumo confe-cionar misturando massa, cogumelos, atum, bacon e mais o que encont ro disponível, cober to com natas ou com qualquer out ro ingrediente. Dizer isto tudo ou dizer “massa com cenas” faz toda a diferença… em tempo de diá-logo.

Este verão a cidade viveu (ainda vive) um conjunto de cenas que foram mudando a visão habitual do pat r imó-nio imóvel e mudo, acrescentando-lhe vida contemporânea à vida nele im-pressa pelos tempos.

Cenas que envolveram mult idões ou pequenos gr upos, mais eruditas ou mais populares, com mais ou menos luz, na praça grande ou na acrópole, na praça do Ser tór io ou nos largos das aldeias, em espaço fechado ou aber to.

Sent imos a cidade a respi rar em cada sor r iso, em cada olhar atento ou espantado, em cada cr ít ica azeda dos que não entendem como foi possível fazer acontecer, nas ci rcunstâncias em que deixaram o concelho.

Foram cenas essencialmente produ-zidas por t rabalhadores locais da cul-tura , ar t istas e produtores, cr iadores e também de gente que demonst ra que quem t rabalha com números, projectos e f inanciamentos não tem de ser ne-cessar iamente um burocrata f r io, que ut i l iza o léxico das janelas de opor-tunidade, das alavancagens e out ras cenas t r istes.

Foram cenas que envolveram inst i-tuições, menos preocupadas com pro-tagonismos do que com a vida no ter-r itór io que de uma forma ou de out ra também tutelam.

Talvez se perceba assim o ambiente vivido no dia 29 de Agosto, durante um espectáculo que envolvia mais de oitenta par t icipantes, com um cenár io que demorou milénios a ser const ruí-do.

A cidade a respirarEduardo Luciano

De tempos a tempos (e, nos últimos anos, com grande regularidade) somos bom-bardeados com notícias sobre os nossos problemáticos Orçamentos de Estado. Seja na fase de concepção, de aprovação, de implementação, de rectif icação ou correcção ao longo do ano, é sempre um tema polémico, dado a muita demagogia e populismos. Os governos alegam a fal-ta de folga e o carácter rígido de mui-tos dos encargos previstos, as oposições clamam, tipicamente, por mais dinhei-ro para gastar – isto, na componente da despesa. Como o dinheiro, infelizmente, ainda não cai do céu, temos de contar também com a componente das receitas. E, aqui, é inevitável não falar dos (mui-tos) impostos que cidadãos e empresas têm de pagar para fazer face às saídas de dinheiro previstas. Por muitas voltas que se possam dar, a matemática é uma ciência exacta, pelo que não existem fór-mulas mágicas para garantir o equilíbrio dos orçamentos e o respeito pelos com-promissos que assumimos no âmbito da União Europeia – isto é, temos que gerir, com rigor, as despesas para que elas não f iquem muito além das receitas.

Este “colete-de-forças” é óbvio e ra-cional. Só podemos investir aquilo que temos, só podemos gerar resultados em

função de um determinado conjunto de recursos. Contudo, a forma como é ge-rado, baseado nos muitos compromis-sos e encargos f ixos (salários, custos de estrutura, entre outros) vem retirar toda a margem de manobra a uma gestão pública saudável, orientada para o cum-primento das missões do Estado – sejam elas de regulador, garante, prestador de serviços ou…incentivador de estratégias de carácter nacional.

Explicito: qualquer decisor e gestor público está hoje “de pés e mãos atadas” em termos do desenvolvimento de uma estratégia. Os orçamentos de Estado, que deviam estar ao serviço da estratégia de desenvolvimento do País, estão ape-nas desenhados, essencialmente, para sustentar as estruturas já existentes. A maior parte delas são, aparentemente, in-tocáveis e irreformáveis. Sustentam-se a si próprias, desligadas da sociedade que deviam servir.

Não teria, obrigatoriamente, de ser as-sim. Um exercício mais eficaz seria gerir com base em Estratégias. Estratégias, preferencialmente, trans-sectorais (que não estivessem compartimentadas nas fronteiras estanques dos ministérios), balizadas por objectivos intercalares e f inais – e com impactos sociais bem ex-

Gerir…Com base num Orçamento ou numa Estratégia?

carLoS SEZÕESGestor

plícitos. Uma estratégia para fomentar a economia do mar, uma estratégia para a inovação e internacionalização das nos-sas empresas ou uma estratégia para a investigação científ ica não devia estar dependente do f inanciamento pulveri-zado de estruturas como agências, ins-titutos ou direcções-gerais – devia, pelo contrário, ser f inanciada pelos recursos necessários para os ditos objectivos.

Deve partir de uma análise inteligen-te, com base em cenários prospectivos e alinhada de modo a que todos os interve-nientes estejam focalizados em esforços conjuntos e metas comuns. E conter um conjunto de métricas para uma avalia-ção objectiva e eficaz do desempenho de cada “célula” (leia-se instituição) e res-pectivas iniciativas. Convém, igualmen-te, que apresente com clareza as relações causa-efeito dos investimentos efectua-dos. Em síntese, que consiga alinhar a Estratégia com a Execução através de um sistema integrado de monitorização, por todos assumido e utilizado.

Cenário utópico? Não é, certamente. É uma filosofia de gestão que, não sendo exequível a curto prazo, devíamos pro-jectar a 5 – 10 anos. É um modelo que se pode interligar com o conceito de orça-mento “base zero” que, ignorando o his-tórico de despesas e receitas, nos leva a gerir os recursos em função das estraté-gias de desenvolvimento e não pela tra-dição na afectação de dinheiro. É tempo de os gestores públicos assumirem o seu importante papel de decisores e não se-rem meros contabilistas e certif icadores da despesa tradicional. É tempo de ge-rirmos com base em Estratégias e Objec-tivos.

Noite de emoções, “largo” cheio, fu-são de cante, música popular, música

erudita e out ras cenas. Quase a termi-nar, uma avar ia fez com que a energia eléct r ica saísse de cena deixando tudo às escuras e os inst rumentos musicais calados.

Ninguém ar redou pé, não se ouviu um assobio ou uma imprecação. Ape-nas palmas sincopadas que exigiam a cont inuação. Foi nesse momento que os Cantares de Évora, a Ronda dos Quat ro Caminhos, a Mara, o Eborae Musica, o Coral Évora e a Sinfonieta de Lisboa cantaram, com o público a fazer o coro e a respeitar em silêncio os momentos do solista e do alto. E to-dos t ivemos a nossa “got inha de água” de emoção indizível.

Que nome dar a momentos como aquele? Como se def ine uma lágr ima que teima em cor rer pelo rosto, ou um sor r iso de fel icidade em tempos tão negros?

Se Dinis est ivesse a assist i r e per-guntasse a Isabel que sor r iso era aquele que ela levava no regaço, quase aposto que responder ia: “são cenas, senhor, são cenas”.

“Os governos alegam a falta de folga e o carácter rígido de muitos dos encargos previstos, as oposições clamam, tipicamente, por mais dinheiro para gastar – isto, na componente da despesa.”

“Noite de emoções, “largo” cheio, fusão de cante, música popular, música erudita e outras cenas. ”

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Actual

a cidade das Tradições “convoca” a região do alentejo e o cante alentejano.

INATEL promove 2ª edição da “Cidade das Tradições” dedicada ao Cante AlentejanoO desígnio da Fundação INATEL, de convocar publicamente, num grande evento festivo, as associações culturais e as comunidades, os agentes culturais e os artistas envolvidos dia-riamente na missão de preservação e divul-gação das artes, práticas e manifestações cul-turais tradicionais, concretizou-se em pleno na 1ª edição da Cidade das Tradições, projeto que reflete e representa os valores e objetivos pelos quais se pauta a atividade da Fundação no âmbito da salvaguarda do património cul-tural imaterial.

Em 2014, mantendo a fidelidade aos prin-cípios de participação, de aproximação e de diversidade cultural, a Cidade das Tradições “convoca” a região do Alentejo e o Cante Alentejano como tema central, numa de-monstração da vitalidade e do envolvimen-to das comunidades no que respeita a esta manifestação tradicional e numa ação de acompanhamento e visibilidade da candi-datura do Cante Alentejano a Património da Humanidade da UNESCO, nos dias 19, 20 e 21 de setembro no Parque de Jogos 1º de Maio, em Lisboa (Alvalade).

PROgRAMA (provisório):ESPETÁCULOS DE PALCO Atuações em palco com presença de agrupamentos com dimensão e experiência em artes performa-tivas

Ronda dos Quatro Caminhos, Gaiteiros de Lisboa, Orquestra de Violas Beiroas, Orques-tra de Harmónicas de Ponte de Sor, Pedro Mestre e Orquestra de Violas Campaniças; Amadeu Magalhães Duo (O cavaquinho do Amadeu; Pauliteiros de Miranda d’ Os Zoelas – Associação de Cultura Mirandesa; Grupos Corais e de Cante Alentejano; Ranchos Fol-clóricos e Grupos Etnográficos

ESPETÁCULOS DE RUA E ATIVIDADES AO AR LIVRE Atuações e atividades reali-

zadas no recinto, acústicos e sem estrutura de palco, de fácil e rápida logística, convocando a aproximação entre artistas e públicos e a par-ticipação espontânea

Aberturas: Grupo Coral dos Operários Mi-neiros de Aljustrel; Lançamento do Manual Método de Viola Beiroa; Sociedade União Musical Alenquerense; Cabeçudos de Viana do Castelo

Ao longo do dia: Pregões Antigos de Lisboa e do Porto (Grupo Etnográfico Mil Raízes e Rancho Folclórico do Porto), Jogos e Brinque-dos Tradicionais (Museu do Brincar e Rancho Tradicional de Cinfães), Oficinas de Histórias Itinerantes / Contos Tradicionais (Fundação Calouste Gulbenkian), Teatro Tradicional / Teatro de Robertos, Fotógrafo à la minuta, Passeios de Burro Tradicional Português, Desfiles de Grupos Corais

TENDAS DE WORKSHOPS Espaços de aprendizagem e participação coletiva, de fá-cil e rápida logística, pensados como convites à descoberta por meio da transmissão, de-monstração e experimentação

Música tradicional: Viola Beiroa (constru-ção e execução), Cante Alentejano e Viola Campaniça, Concertina, Cavaquinho, Har-mónica

Danças tradicionais: Lhaços de Pauliteiros de Miranda, Contradanças, Chulas, Modas de saias, Danças de Roda, Cantigas bailadas, danças palacianas

Técnicas específicas: Mirandês, Construção de Marionetas, Construção de Brinquedos Tradicionais, Construção de Cabeçudos e Gi-gantones, Aprendizagem de Modelação de Cabedal, Construção de Apitos Tradicionais, Olaria de Nisa e de S. Pedro do Corval, Tapetes

de Arraiolos, Micro Calçada Portuguesa, Flo-res de Papel de Campo Maior

TENDAS DE ARTES E OFÍCIOS Espaços de exposição e demonstração de saberes e faze-res associados às artes e ofícios tradicionais, incluindo a mostra e venda de produtos / artigos específicos de produção gastronómica regional/local

Alentejo: Arte de Chocalheiro e fabrico de guizos, Bonecos de Estremoz, Cortiça e Vime de Portalegre, Olaria de Nisa e de S. Pedro do Corval, Tapetes de Arraiolos, Flores de Campo Maio e Redondo

Produtos Gastronómicos Regionais (Alen-tejo): Vinhos, Mercearias Gourmet, Queijaria, Pão e Pastelaria, Cozinha Alentejana

Resto do País: Arte de Bonecreiro, Artesana-to em Couro e Peles, Brinquedos tradicionais em madeira, Cerâmica figurativa de Barcelos, Cortiça; Escultura / cerâmica, Instrumentos musicais (barro vermelho), Instrumentos Tradicionais de Corda, Latoaria, Miniaturis-mo popular, Tecelagem manual, Trançaria e chapelaria, Vidro pintado

Produtos Gastronómicos Regionais (Lisboa e Vale do Tejo e Beiras): Infusões, Apicultura / mel e derivados, azeite, charcutaria e quei-jaria

ESPAÇO CINEMA PCI Espaço dedicado à divulgação de práticas e expressões em regis-to cinematográfico/videográfico

Sinfonia Imaterial de Tiago Pereira, Bor-dado de Viana do Castelo de Carlos Eduardo Viana (AO NORTE Associação de Produção e Animação Audiovisual); Premiados Concur-so de Vídeo INATEL / Património Imaterial; Registos audiovisuais do Projeto Memória Media / Cooperativa Memória Imaterial

ESPAÇO EXPOSITIVO Arqueólogos do Imaterial

D.R.

O que significa fidelizar clientes?Significa corresponder ao seu grau de exigência e às suas expectativas garantindo a permanên-cia com a empresa e a resistência a ofertas da concorrência o que, posteriormente se reflecte em taxas específicas de retenção. Sendo o pro-pósito de ter clientes fiéis um ponto comum a todas as unidades hoteleiras, será que a fide-lização é tão forte ao ponto do cliente resistir indiscutivelmente ao apelo de um concorrente que ofereça uma melhor, mais convincente ou acrescida proposta de valor? Claro que não!

Num mercado muito competitivo e com clientes cada vez mais informados e exigentes, para além da prestação de um serviço de quali-dade (nalguns casos de excelência), criando em tempo útil produtos que satisfaçam e, definindo acções de fidelização ao nível do marketing de relacionamento, algumas unidades hoteleiras vão mais longe e adoptam estratégias de ma-rketing individualizado (one-to-one) e de CRM (customer relationship management) que per-mitem procurar, guardar e partilhar informa-

ções dos clientes de modo a proporcionar-lhe uma experiência personalizada e única. Estas actuações integradas, sistemáticas e contínuas de comunicação e promoção visam reter os clientes para os quais são ainda adicionalmente desenvolvidas diversas formas de compensação pela manutenção do seu vínculo e compromisso com a empresa.

Um estudo desenvolvido no Departamen-to de Gestão da Universidade de Évora, sob a orientação das Professoras Maria Raquel Lucas e Leonor Vacas de Carvalho, demonstra que os estabelecimentos Hoteleiros de 4 e 5 estrelas do concelho de Évora baseiam as suas estratégias de fidelização em ferramentas de gestão como o Marketing Relacional, o Marketing One-to-One e o CRM, num modelo de negócio centrado no cliente. Esta orientação implica uma concepção estratégica da organização, pressupõe uma cul-tura de empresa e assenta numa articulação de todos os recursos (humanos, tecnológicos, co-nhecimento e, tempo, entre outros) no alcançar da vantagem competitiva da diferenciação.

São cinco as dimensões das unidades hote-leiras na sua orientação ao cliente que são de-terminantes na formação da atitude e do com-portamento de fidelização: estratégia, cultura, tecnologia, processos e pessoas. Para haver um compromisso intenso assumido pelo consumi-dor que o leve a repetir de forma persistente a aquisição do serviço numa unidade hoteleira que reune a sua preferência e confiança, a di-mensão tecnologia deve envolver competên-cias para identificar e gerir a informação para o CRM, definir modelos de dados dos clientes e segmentar os clientes. A dimensão estraté-gia orienta a liderança a pensar o futuro e a desenvolver uma estrutura organizacional e filosofia orientadas ao cliente, a perceber as suas necessidades e expectativas e a definir o valor do cliente. Também relacionada com a competência organizacional, a dimensão cul-tura envolve também a cooperação inter e in-traorganizacional. Redefinir ou ajustar proces-sos organizacionais e de comunicação efectiva com os clientes é outra dimensão fundamen-

tal, assim como, a disseminação do modelo de gestão centrado no cliente a todas as pessoas na unidade hoteleira.

Cooperação inter e intraorganizacional são possíveis no sector hoteleiro? Sim! Embora não se possa falar em cooperação interempresarial sem referir o conceito de Eficiência Coletiva no qual se pressupõe que, para competir em mer-cados globalizados é exigido às unidades hote-leiras ou empresas que cooperem para conse-guirem obter ganhos e melhorias de eficiência que num nível individual não seriam possíveis de alcançar. Sobretudo em unidades hoteleiras softbrand.

Será a coopetição, enquanto mecanismo de cooperação, uma nova tendência nas unidades hoteleiras e na fidelização de clientes? Talvez…se as empresas cooperarem para a criação de mais valor e, simultaneamente competirem por parcelas desse valor. Essa é aliás a tendência em diversas parcerias de programas de fidelização e de retenção de clientes que beneficiam os con-sumidores.

Fidelizar Clientes no Setor Hoteleiro, é possível?

Eduardo MarTinSMestre em Gestão, especialização em Marketing, departamento de Gestão da universidade de Évora

Dinâmicas da Gestão

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Actual

a menos de um mês das eleições primárias, há mais de 40 mil inscritos para votar no dia 28 de Setembro.

Évora, Portalegre e Algarve com CostaOs novos protagonistas das distritais so-cialistas vão ser escolhidos este fim de semana e, à partida, António Costa parte para este combate com alguma vantagem nos apoios dos candidatos às federações. Se o presidente da Câmara de Lisboa vencer as eleições federativas, os seus apoiantes vão reclamar a convocação de um con-gresso para finais de Outubro.

O prazo para entregar as candidaturas terminou há quinze dias e ao todo há 32 candidatos envolvidos na disputa eleito-ral marcada para os dias 5 e 6 de Setem-bro. Nestas eleições há oito líderes que se recandidatam ao cargo como acontece, por exemplo, no Porto e em Lisboa, as duas maiores federações.

Em doze distritos (Viana do Castelo, Braga, Aveiro, Coimbra, Leira Federação Regional do Oeste, Lisboa, Setúbal, Bra-gança, Viseu, Castelo Branco e Santarém) há duas listas em confronto. Em Viana do Castelo há duas candidaturas afectas a Se-guro a disputar a liderança da federação e em Castelo Branco concorrem duas listas afectas a António Costa.

No Porto, Vila Real, Guarda, Beja, Al-garve, Portalegre e Évora há candidaturas únicas. No Porto, o secretário-geral do PS tem a vitória garantida, mas a candidatu-ra de José Luís Carneiro tem uma particu-laridade: resulta de um consenso com a facção conotada com Costa protagonizada por Manuel Pizarro, um aliado desde a primeira hora do presidente da Câmara de Lisboa.

Os votos dos militantes de Vila Real, da Guarda e de Beja, cujas candidaturas são encabeçadas por Francisco Rocha, José Al-bano Marques e Pedro Carmo, respectiva-mente, vão também para o líder do PS. No Algarve, Portalegre e Évora vitória perten-ce a António Costa.

Há, no entanto, federações em que o combate é considerado renhido como é o caso de Bragança, Viseu e Setúbal. Dois so-

D.R.

cialistas, Carlos Miguel (Costa) e João Tomé (Seguro) disputam a Federação Regional do Oeste e o autarca de Lisboa é conside-rado o favorito

A um mês das eleições primárias, há mais de 40 mil inscritos para votar no dia 28 de Setembro. A informação foi avan-çada à Lusa pelo presidente da comissão eleitoral do sufrágio, Jorge Coelho, que revelou também que 90% dos inscritos fizeram-no através da Internet e os restan-tes presencialmente. Os distritos de Lisboa, Porto e Coimbra são os que apresentam

mais inscritos.Em Évora, Capoulas Santos, sem oposi-

ção interna, apresenta-se com uma moção intitulada Pelo Alentejo Mobilizar o Dis-trito de Évora.

Considerando que o Congresso Federa-tivo que se realiza em Vendas Novas no próximo dia 20, ocorre num dos períodos mais difíceis da vida do país, Capoulas re-flete, ainda, também sobre a vida interna do PS que considera “ viver momentos de inquietação e dúvida sobre as capacidades da actual liderança nacional em ser alter-

nativa à direita no poder” .Capoulas fala da sua candidatura “ como

abrangente e unificadora” defendendo um” PS forte” e “que honre a história da Federação de Évora que se confunde com a história do próprio PS, sem perder de vista o futuro”, pode ler-se no texto da moção.

A moção assenta nos valores da defesa do estado social, do desenvolvimento eco-nómico da região Alentejo e propõe “actos concretos no sentido da Regionalização, como sejam a alteração das competência e composição das CCDR`s”.

Formação política marca rentrée do PSD em Castelo de VideA semana que antecede o regresso à política ativa por parte do Governo, dos partidos da maioria (PSD e CDS) e do principal partido da oposição (PS), fica, de novo, marcada pelo PSD pre-cisamente no Alentejo. Em Castelo de Vide abre, hoje, a edição da Universi-dade de Verão 2014 do PSD.

Apesar destas iniciativas ficarem marcadas na vida dos políticos portu-gueses do amanhã, para a sociedade em geral são a intervenções dos no-mes mais importantes das diferentes forças políticas que vão marcando a agenda noticiosa até ao discurso do líder, Passos Coelho no próximo Do-mingo.

Em Castelo de Vide, desde 2003 que se realizam as Universidades de Ve-rão promovidas conjuntamente pela JSD, PSD, pelo Instituto Sá Carneiro e pelo Partido Popular Europeu. A ini-ciativa liderada pelo eurodeputado Carlos Coelho decorre de hoje até dia

7 de Setembro.Mais de uma centena de jovens

têm oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos nas mais diver-sas áreas da sociedade. Numa sema-na intensa de aulas, a Universidade de Verão do PSD terá como ‘professo-res’ Carlos Pimenta, Poiares Maduro, António Barreto, António Vitorino, Marcelo Rebelo de Sousa, Maria Luís Albuquerque e Leonor Beleza, entre outros.

A sessão de abertura conta com a presença de Carlos Coelho, Matos Rosa e do Coordenador permanen-te da Comissão política Nacional do PSD, Marco António Costa.

A Universidade de Verão do PSD acolherá cem jovens, divididos em dez grupos de dez, cuja média etária está nos 24 anos, sendo que o equi-lí brio de género está garantido pois participarão 50 rapazes e 50 rapari-gas.

D.R.

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Actual

“Évora tem dois tipos de património: O património monumental, e outro ainda mais precioso que são as pessoas.”

Cenas ao Sul contam milhares de espetadores em ÉvoraA programação cultural que está a animar a cidade de Évora desde Ju-lho estende-se até ao fim de setembro com a designação de Cenas ao Sul. A diversidade das expressões artísticas, dos espaços onde vai acontecendo, das pessoas e instituições envolvi-das, é apontada como a sua principal característica.

À entrada do terceiro e último mês do programa Cenas ao Sul, os primei-ros balanços falam do êxito do pro-jecto, de muito público na rua, do re-gresso da animação cultural à Cidade Património Munidal.

Acrescentar património ao Patrimó-nio em ÉvoraRelacionar o patrimónionio edifica-do com os outros patrimónios de Évo-ra, foi a intenção de partida para a construção deste programa que apre-senta quase centena e meia de inicia-tivas.

“Évora tem dois tipos de patrimó-nio: O património monumental, e outro ainda mais precioso que são as pessoas. O cruzamento desses dois pa-trimónios torna-a numa cidade muito especial, uma cidade de encontros”. A expressão é do vereador da cultura da Câmara de Évora, Eduardo Luciano, para explicar o conceito de base desta programação.

O património e as pessoas - As diferentes iniciativas propostas ao público pelo Cenas ao Sul, inspi-ram-se na necessidade de os cidadãos se aproximarem do seu património. De o reconhecerem, valorizarem e defenderem. “ Há nesta cidade um património com que os cidadãos se cruzam no dia a dia e, às vezes, até se esquecem que existe.Ver um belo espectáculo que toma como cenário o Templo Romano ou a fachada da Sé de Évora, acrescenta vida a este patri-mónio e coloca-o no coração de quem assiste. Torna as pessoas mais prepa-radas para o defender e valorizar.”

“Cenas ao Sul” é uma primeira res-posta“ A cidade vinha definhando do pon-to de vista da actividade cultural que é uma das marcas da cidade. O Ce-nas ao Sul é a primeira resposta desta nova Câmara a essa realidade. É por isso que surge. Houve a necessida-de de criar um projecto comum, com todos os agentes culturais da cidade interessados em participar. Este foi o primeiro objectivo e foi conseguido”, afirmou Eduardo Luciano ao Registo.

Há públicos em ÉvoraA adesão do público - em crescendo ao longo do tempo do programa – é, segundo aquele responsável, um ele-mento relevante para um primeiro balanço. Ao mesmo tempo, a conver-gência e articulação de mais de duas dezenas de agentes culturais da cida-de neste projecto comum, é destaca-da como o primeiro grande êxito do Cenas ao Sul.

D.R.

E há grande diversidade de associa-ções culturaisÀ vontade destes agentes culturais de Évora, juntaram-se para viabilizar esta programação, o apoio financeiro do INALENTEJO, da Entidade Regio-nal de Turismo, e o empenhamen-to da Câmara de Évora. Questionado pelo jornal Registo sobre a continui-dade desta iniciativa no próximo ano, Eduardo Luciano afirma que quer aprofundar o caminho percorri-do com todos os que estiverem dispo-níveis para isso.

Sobre a forma como a autarquia se deve relacionar com a grande diver-sidade de agentes culturais que Évora tem, Eduardo Luciano defende uma cooperação não tutelar. “A Câmara não deve tutelar o movimento asso-ciativo cultural da cidade. Deve ser um parceiro. Um parceiro importan-te. Uma âncora. Deve facilitar a cria-ção e o desenvolvimento dessa diver-sidade.Não deve monopolizar, mas proporcionar os espaços e contextos para que a cultura aconteça na sua forma diversa”.

Cenas no mês de SetembroSetembro é o terceiro mês deste pro-grama. Para lá das iniciativas previs-tas no programa inicial, há ainda ou-tras que se lhes juntam nesta última fase. A participação dos Burgim, - a 6 de Setembro na Praça do Sertório - uma banda emergente, originária da vizinha estremadura espanhola,

é um sinal evidente da vontade de associar os festivais de Cáceres Sur e Trujilho Sur, ao Cenas ao Sul.

Está ainda anunciada, como no-vidade, a participação dos “Ciganos d’oro”, grupo de referência na música f lamenca e gitana, com espectáculo marcado para as 21.30h do dia 14 de setembro no auditório de ar livre da Malagueira.

Um terceiro exemplo do que se acrescenta ao programa inicial é o “Contanário”. Ou seja, de 23 a 27 de Se-tembro, há uma fonte de contos e de formas de contar, que alastra a vários pontos da cidade. O resultado é uma semana em que os contos vão surgir em vários cantos da cidade, e visi-tarão mesmo algumas freguesias do concelho. O “Contanário” anuncia-se como um programa em que os convi-dados são contadores e ilustradores de referência no panorama nacional e os anfitriões são os contadores locais, habituais animadores do encontro se-manal entre contos, contadores e ou-vidores com quantos pontos se conta um ponto? na associação é neste país. Vai haver contos na cidade, nas fre-guesias e nalgumas escolas, fazendo a ligação entre o tempo de verão e o regresso às aulas.

As diferenças entre o “ Viva a Rua” e o “Cenas ao Sul”Apesar das comparações frequen-tes, os dois programas culturais são bem distintos. O Viva a Rua, pro-

gramação que animou a cidade até 2001, procurou trazer a Évora nomes de relevo do panorama artístico do mundo. O Cenas ao Sul tem a sua primeira edição em 2014 e inspira--se nos criadores locais, nas associa-ções da cidade, nos produtores que aqui vivem, para apresentar um programa que mostra e valoriza as muito diversas expressões artísticas que Évora tem.O Viva a Rua era uma iniciativa de responsabilidade municipal. Permi-tiu encetar uma dinâmica e rela-cionamento com os agentes locais que é agora muito mais desenvol-vida pelo programa Cenas ao Sul. A proposta deste verão de 2014 já não é da responsabilidade exclusiva do Munícipio e conta agora com a responsabilização directa de vários parceiros e com o desempenho de um papel de referência por parte da autarquia.Os resultados apontam para uma forte interação dos públicos de Évora com os seus artistas. Somam já muitos milhares, o número de pessoas que este verão tem assistido, participa-do, aplaudido os artistasda sua cida-de. Afirma-se assim um património cultural que se sabia existir, mas que ganha agora maior visibilidade com o Cenas ao Sul. É património de todos, produzido numa cidade onde a cultu-ra é olhada por vários responsáveis como vetor estratégico de desenvol-vimento.

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Actual

Passos sublinhou a importância do sector na balança alimentar do país e nas exportações.

Passos elogia sector agrícola O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na passada semana, elojiou em Penafiel, o sector agrícola portu-guês considerando ter sido dos que mais ajudou a vencer a crise que afectou o país nos últimos anos.

“Espero que a minha visita, depois desta crise grave por que passámos, mostre que este sector foi muito im-portante para nos ajudar a vencer a crise”, declarou Pedro Passos Coelho, quando visitava a Feira Agrícola do Vale do Sousa (Agrival).

Em declarações aos jornalistas, o chefe do Governo sublinhou que, ac-tualmente, o sector agrícola é “forte-mente exportador e criador de rique-za”, prevendo que, no futuro, “pode ter um maior crescimento”.

Para o primeiro-ministro, “o dina-mismo grande” da Agrival “é bem uma prova de que o país tem na agri-cultura um parceiro importante de crescimento”.

“É um sector que traz melhor ren-dimento e que atrai mais jovens para a agricultura, muitos mais qualifica-dos do que antigamente”, assinalou.

A propósito, Passos sublinhou a importância do sector na balança alimentar do país e nas exportações, contribuindo para “gerar emprego e rendimento”.

“Muitos daqueles que acreditavam que este era um setor em remissão tiveram oportunidade de constatar que, nestes três anos, apesar da crise que nós vivemos, todo o sector agrí-cola foi daqueles que registou um de-senvolvimento mais dinâmico e um desenvolvimento social mais notado, com criação de postos de trabalho e valor acrescentado”, acrescentou.

O primeiro-ministro exortou “to-dos os agricultores” a aproveitarem o novo ciclo de financiamento euro-peu, utilizando, “pelo menos tão bem como até aqui”, os recursos disponí-veis.

Se fizerem os investimentos neces-sários, concluiu o chefe do Governo, poderão ajudar o país a crescer e ex-portar mais.

Comunistas defendem rendeiros da Herdade dos MachadosRendeiros da Herdade dos Macha-dos, no concelho de Moura, estão novamente sob a ameaça de terem de abandonar as courelas que recebe-ram das mãos de Sá Carneiro em 1980, quando o antigo primeiro-ministro procurou implementar o seu modelo de reforma agrária.

Num despacho datado de Junho passado, a Direcção Regional de Agricultura do Alentejo informou 15 desses rendeiros que “é intenção do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, resolver o contrato de arrendamento” que cele-braram com o Estado português para a exploração das courelas na Herda-de dos Machados, em 1 de Agosto de 1982.

Esta orientação significa que os rendeiros reformados têm de aban-donar as terras até ao final do ano agrícola em curso (31 de Outubro) por terem adquirido “voluntariamente a

qualidade de reformados“.A tutela justifica esta decisão com

o decreto-lei 158/91, nos termos do qual “não podem ser beneficiários de entrega [de terrenos] para exploração quaisquer funcionários ou agentes do Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação, nem reformados, nem detentores de dívidas ao Estado”.

João Ramos, deputado do PCP na Assembleia da República, já pediu es-clarecimentos à ministra da Agricul-tura e do Mar, Assunção Cristas, sobre o fundamento que foi apresentado para afastar os rendeiros da Herdade dos Machados.

A lei refere que os reformados não podem ser beneficiários da entrega de terrenos na posse do Estado para ex-ploração, mas o Governo, diz o depu-tado, pretende “aplicar este preceito a rendeiros que se tornaram beneficiá-rios quando ainda não eram reforma-dos”.

A manter-se a decisão do secretário de Estado no que respeita ao fim dos contratos com os reformados, “o caso acaba no Tribunal”, diz um dos ren-deiros, acrescentando que, de acordo com a lei, “o Estado pode denunciar o contrato para o fim do período contra-tual, mediante comunicação à empre-sa concessionária com a antecedência mínima de 18 meses”. Ora os rendeiros foram informados em Junho passado.

Num levantamento feito pelo de-putado comunista, em 2013 havia 53 rendeiros na Herdade dos Machados, com idades compreendidas entre os 34 e os 89 anos. Destes, 44 não desen-volviam outra actividade para além da agricultura. E apenas num caso os serviços do ministério fizeram repa-ros quanto à forma de exploração das parcelas. Em todos os outros é referi-do que os lotes (foram distribuídos, em média 38 hectares por rendeiro) são explorados de forma viável.

No total estão entregues por arren-damento 2019 hectares, pelo que, ten-do a herdade cerca de 6100 hectares, “são hoje explorados pelos antigos proprietários mais de 4000 hectares” conclui João Ramos.

Em 1980, o então primeiro-ministro Sá Carneiro dividiu a Herdade dos Machados em 200 parcelas para as distribuir por cerca de uma centena de trabalhadores que ali prestavam serviço desde que a herdade foi na-cionalizada em 1975. O primeiro-mi-nistro, Pedro Passos Coelho, elogiou este domingo, em Penafiel, o sector agrícola português considerando ter sido dos que mais ajudou a vencer a crise que afectou o país nos últimos anos.

“Espero que a minha visita, depois desta crise grave por que passámos, mostre que este sector foi muito im-portante para nos ajudar a vencer a crise”, declarou Pedro Passos Coelho, quando visitava a Feira Agrícola do Vale do Sousa (Agrival).

Em declarações aos jornalistas, o chefe do Governo sublinhou que, ac-tualmente, o sector agrícola é “forte-mente exportador e criador de rique-za”, prevendo que, no futuro, “pode ter um maior crescimento”.

Pedro Passos Coelho, acompanhado do presidente da câmara, Antonino Sousa, percorreu este domingo o cer-tame no qual participam cerca de 350 expositores.

Para o primeiro-ministro, “o dina-mismo grande” da Agrival “é bem uma prova de que o país tem na agri-cultura um parceiro importante de crescimento”.

“É um sector que traz melhor ren-dimento e que atrai mais jovens para a agricultura, muitos mais qualifica-dos do que antigamente”, assinalou.

A propósito, Passos sublinhou a importância do sector na balança

alimentar do país e nas exportações, contribuindo para “gerar emprego e rendimento”.

“Muitos daqueles que acreditavam que este era um setor em remissão tiveram oportunidade de constatar que, nestes três anos, apesar da crise que nós vivemos, todo o sector agrí-cola foi daqueles que registou um de-senvolvimento mais dinâmico e um desenvolvimento social mais notado, com criação de postos de trabalho e valor acrescentado”, acrescentou.

O primeiro-ministro exortou “to-dos os agricultores” a aproveitarem o novo ciclo de financiamento euro-peu, utilizando, “pelo menos tão bem como até aqui”, os recursos disponí-veis.

Se fizerem os investimentos neces-sários, concluiu o chefe do Governo, poderão ajudar o país a crescer e ex-portar mais.

Na visita ao certame, o chefe do Go-verno falou com vários expositores, deixando a mensagem de que a recu-peração económica do país trará mais oportunidades para as empresas.

Até ao final da 35ª edição da Agri-val, no dia 31 de agosto, são esperados mais de 140.000 visitantes.

PGR diz que os contratos se mantêmO Conselho Consultivo da Procura-doria-Geral da República considera, num parecer emitido no ano passado, que se mantêm “inalterados” os direi-tos dos arrendatários da Herdade dos Machados.

O Conselho salienta que a Casa Agrí-cola Santos Jorge (a empresa proprie-tária de 4000 hectares da Herdade dos Machados que reclama a devolução de cerca de 2000 hectares atribuídos aos rendeiros por Sá Carneiro) “não tem direito à entrega dos terrenos re-feridos” enquanto os contratos de ar-rendamento “subsistirem em vigor”.

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Destaque

Muitos animais atropelados não chegam a entrar nas estatísticas da associação.

Eixo Montemor- Valeira e Évora com mais de 120 animais mortos por ano e kilómetroA associação ambientalista Quercus regis-tou, no último ano, a morte de 56 animais por atropelamento em dois locais que está a monitorizar em Castelo Branco. Este núme-ro “preocupante” é apenas “a ponta do ice-bergue”, sublinha Samuel Infante, responsá-vel pelo Centro de Recuperação de Animais Selvagens (Ceras) do concelho.

Raposas, lontras, ouriços-cacheiros, texu-gos, fuinhas, corujas e mochos são as espé-cies de fauna selvagem ali atropeladas em maior número. Aos 56 animais registados juntam-se “várias dezenas” de répteis e an-fíbios, especialmente vulneráveis por terem pouca mobilidade e menor capacidade para evitar o atropelamento, e também por lhes ser atribuída menos importância. “As pes-soas valorizam pouco o impacto que a mor-te dos anfíbios tem no ecossistema, mas eles fazem controlo de pragas, ao alimentarem--se de caracóis e insectos”, exemplifica Sa-muel Infante.

O Ceras de Castelo Branco iniciou no ano passado a monitorização da mortalidade em dois locais mais problemáticos no concelho: junto à ponte do rio Ponsul na estrada nacio-nal (EN) 18 que liga Castelo Branco e Malpi-ca do Tejo, e no troço da estrada municipal (EM) 1230 junto à Barragem de Santa Ague-da. “São zonas que se destacam por estarem inseridas num parque natural [Parque Na-tural do Tejo Internacional], com presença de diversas espécies e populações mais nu-merosas, e também pelas condições da geo-grafia da estrada e da vegetação”, explica o responsável do centro.

A estes dois “pontos negros” juntam-se ou-tros dois já identificados: no troço da EN240 de Castelo Branco para o Ladoeiro, e na EM 351 entre Monforte da Beira e Cegonhas.

Mas muitos animais atropelados não chegam a entrar nas estatísticas da associa-ção. “Alguns são comidos por outros e uma percentagem significativa acaba por morrer longe da estrada, ou então morre durante a noite quando há menos gente na estrada para os detectar”, afirma Samuel Infante.

Segundo um estudo realizado no Alen-tejo pela Universidade de Évora, designado MOVE (acrónimo de Montemor-Valeira--Évora, principais localidades nas quais de-corre a amostragem), morrem anualmente, em média, 120 animais por quilómetro de estrada naquela zona.

Samuel Infante lembra que o atropela-mento é uma das principais causas de mor-te de espécies em perigo de extinção como o lobo e o lince-ibérico. Por exemplo, em

Tavira festeja Dieta Mediterrânica De modo a festejar a inscrição da Dieta Mediterrânica na lista representativa do Património Cultural Imaterial da UNES-CO, realiza-se, entre os próximos dias 05 e 07, no centro histórico de Tavira, ao longo das margens do rio e zonas adjacentes, a II Feira da Dieta Mediterrânica, cuja abertu-ra está prevista, para dia 05, pelas 18 horas, na presença das instituições coorganiza-doras e de dezenas de organizações convi-dadas.

O número de entidades participantes duplicou em relação à primeira edição. 120 instituições de todas as áreas relacio-nadas com a Dieta Mediterrânica marcam presença na Feira, nomeadamente, nos seguintes domínios: agricultura e pescas, saúde e nutrição, cultura e património, ati-vidade física, gastronomia e restauração, turismo cultural, entre outras.

Tavira, como comunidade representati-va de Portugal, acolhe, ainda, as represen-tações da Grécia (Koroni) e de Marrocos (Chefchouen), as quais integram os setes estados com culturas mediterrânicas que subescreveram esta candidatura transna-cional.

O programa apresenta atrativos para todos, feira Institucional, mercado de pro-dutores, oficinas de culinária (22 horas de sessões), praça da convivialidade com restauração e provas de vinhos e azeites, músicas e oficinas de danças mediterrâni-cas, bailes tradicionais, aconselhamento nutricional e cardiológico, jogos popula-res, exposições temáticas, lançamento de

“praça da convivialidade”, na qual decor-rerão aulas e demonstrações culinárias, provas de produtos, organizadas pelas Es-colas de Hotelaria e Turismo do Algarve e de Vila Real de Santo António em conjun-to com outras entidades.

Os restaurantes do concelho apresentam menus que valorizam a diversidade da gastronomia relacionada com a Dieta Me-diterrânica, produtos locais consumidos de acordo com as estações do ano.

A Feira da Dieta Mediterrânica surge no âmbito do Plano de Salvaguarda, um con-junto de obrigações que os estados propo-nentes assumiram perante a UNESCO.

Será um momento de celebração das culturas de partilha e entreajuda, de festa coletiva e artes, de valorização dos produ-tos locais da terra e do mar, de encontro de amigos à volta da mesa, de transmissão de conhecimentos sobre alimentação e com-portamentos saudáveis.

A Dieta Mediterrânica, com origem no grego “díaita”, é um estilo de vida com mais de 3 mil anos. Possui comprovadas impli-cações na proteção da biodiversidade e das paisagens culturais, na agricultura fami-liar e de proximidade, na valorização das festividades cíclicas e na saúde das popula-ções. A DM é um valor económico e um pa-drão alimentar de excelência reconhecido pela Organização Mundial de Saúde – OMS, como preventivo das doenças cardiovascu-lares e coronárias, do cancro e outras “doen-ças da civilização”, uma herança dos nossos antepassados de enorme atualidade.

edições, brinquedos e jogos para crianças, exposição de espécies mediterrânicas.

Estão agendados seminários promovi-dos pela UAlg, CCDR Algarve, DRAP Al-garve, IN LOCO, EMPET, LNEG, visitas às coleções de fruteiras de Centro Agrário e às exposições do Museu Municipal de Tavira, marcha passeio da Dieta Mediterrânica e atividades de animação turística - passeios pedestres, passeios de interpretação am-biental, passeios na Ria Formosa, observa-ção de aves, de cavalos-marinhos e de gol-finhos, passeios de BTT e pesca desportiva.

Estão, ainda, previstos espetáculos to-das as noites com apresentação de novos trabalhos: o “Canto das Ervas” de Celina da Piedade (dia 1, 22h00), Vá de Viró (dia 2, 22h00), “Argvs” de Luísa Amaro (dia 04, 22h00), “Cavaquinho. pt” de Júlio Pereira (dia 5, 21h15), Le Ninfe della Tamorra (dia 6, 21h00) com música tradicional do sul de Itália e Rao Kyao e Eduardo Ramos (dia 7, 21h30). Além destes muitos outros espetá-culos de folclore, cante alentejano, perfor-mance poética e animações de rua…

Durante a Feira haverá também uma

Espanha, na região da Andaluzia, onde o lince-ibérico tem vindo a ser reintroduzido através do programa LIFE Iberlince, só entre Junho e meados de Agosto morreram atro-pelados sete exemplares deste que é o felino mais ameaçado do mundo, segundo a infor-mação disponível no site do projecto.

O Ceras vai agora pedir reuniões com os municípios do distrito de Castelo Branco, e com outras entidades responsáveis pela gestão das estradas, para pedir a aplicação de medidas de minimização, como a colo-cação de sinalética, de lombas para redução da velocidade ou de passagens para a fauna. “Queremos também sensibilizar os condu-tores para que conduzam com mais atenção nas zonas de parque natural ou florestais, e reduzam a velocidade, até porque existe ris-co para as pessoas. Atropelar um animal de grandes dimensões, como um javali, pode ser perigoso”, sublinha Samuel Infante. Quem encontrar animais atropelados pode ligar para o SOS Ambiente (808 200 520), pe-dindo que sejam recolhidos.

Nos últimos 15 anos, deram entrada no Ce-ras de Castelo Branco cerca de 200 animais atropelados, que os técnicos do centro ten-tam recuperar. Mas o atropelamento não é o único risco para a fauna selvagem. No ano em que comemora 15 anos de existência, o Ceras tenciona divulgar as 15 principais ameaças às espécies de fauna selvagem - além do atropelamento, o envenenamento, a electrocussão, a caça ou a queda dos ni-nhos, entre outros - e vai sugerir 15 medidas de protecção.

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Jorge Roque “Às vezes” faixa a faixa na primeira pessoaVencedor da Operação Triunfo 2010 (RTP), Jorge Roque, editou em 2013 o seu primei-ro álbum a solo. Com o título de “Às Vezes”, o disco vai ser aqui descodificado pelo próprio Jorge Roque.

A PENA DE UM ELEFANTEEste é dos temas que mais gozo me deu a fazer. Inicialmente composto à guitarra, é um dos temas mais fortes do álbum. O texto é de uma complexidade sentimen-tal muito inquietante, o que contrasta com a leveza ou a ligeireza dos arranjos. Muito desprendidos da essência do texto, a base musical transporta o tema para outras influências que se misturam pelo disco fora. É um tema muito pessoal.

CORAÇÃO DE FITA-COLANum dos dias que saía da Berklee College of Music, em Boston, ao telefone com a minha namorada falávamos de algumas coisas. Lembro-me vagamente de falarmos em coração e em seguida qualquer coisa com fita-cola- nesse mesmo momento, antes de desligar o telefone, disse-lhe que acabara de me dar uma grande ideia para um tema. Um Coração ligado com fita-cola. Com pres-sa voltei à escola, corri para uma das cabi-nes com piano acústico e compus a base do tema que hoje existe neste álbum.

DALLAEsta composição foi feita substancial-mente a pensar no compositor e cantau-tor italiano Lucio Dalla. É sem dúvida a grande inspiração na minha maneira de compor e de escrever. Nele como em mim, não há uma fórmula única de com-posição , nem tão pouco um estilo apenas. Depois de ter estado a muito pouco de o conhecer numa “trattoria”, aquando da minha visita a Bolonha, onde vão os boé-mios cantores bolonheses, resolvi compor esta canção depois da sua morte. Fica a homenagem de um dos autores que me-lhor conheço.

O HORIZONTE QUE NÃO HAÉ um dos temas que mais gosto neste disco. Foi uma das músicas feitas antes

de 2010 e tem um arranjo perfeito para a minha forma de cantar. É um tema com influências dos grandes clássicos ameri-canos, e onde me sinto perfeitamente à vontade. Tem a singularidade, que para mim o distingue pela positiva, é cantado em português. E tem ainda uma curio-sidade. Inicialmente a letra era da Rosa Lobato Faria, mas como os familiares demoraram algum tempo a permitir que eu usasse um poema seu, por sinal muito bonito, eu e a Eugénia Ramos escrevemos este texto num bar em Vendas Novas, du-rante uma pausa nas sessões de estúdio.

NASCEREsta música, foi composta antes de 2009, e foi dedicada ao meu filho. Uma dedicató-ria suigéneris, com uma mensagem bem implícita, que não é fácil descortinar. Mas

que provavelmente será transversal a to-dos os que já foram pais.

ÀS VEZESÉ o tema que dá nome ao álbum. É o tema mais autobiográfico. Foi curiosamen-te um dos primeiros que compus e que por sinal demorou menos tempo. Cerca de uma hora. Letra e música no mesmo momento. De seguida enviei para o meu amigo e director musical que fez os arran-jos para o piano. Sou um pianista frustra-do (risos)

CAPITÃO VADIOÉ o tema mais antigo do álbum. Foi dos primeiros a ser gravado e teve várias ver-sões, e talvez por isso a maneira como está estruturado seja mais distante de todos os outros do disco. A letra é interessante.

ANJO OU DEMÓNIOFoi um dos primeiros temas que compus ao piano a par de Às Vezes. De harmonia fácil, é um tema que optei por deixar sem refrão, pois a mensagem não precisa dele. A letra é bem melhor do que a música.

CRISEDepois de já ter composto a maior parte dos temas do álbum, este tema encontrou a luz do dia, a partir das notícias que me chegavam todos os dias através dos tele-jornais. A crise dos nossos dias, transpor-tada na história para uma mãe que, mes-mo depois de trabalhar noite e dia, tem que se preocupar em alimentar os filhos e já não sabe como o fazer. Sobra apenas o que não tem preço, o amor que lhes dá.

UMA FRACÇÃO DE FAÍSCAO meu produtor, Carlos Barreto Xavier, disse-me que tinha uma amiga que tinha umas letras excepcionais para as minhas músicas. Chegou até mim uma letra que andava à deriva, sem música para ela. E assim, surgiu este tema, juntamente com uma amizade e complementaridade com a Eugénia Ramos que escreve entre ou-tros, para o Paulo Gonzo, e com quem te-nho o privilégio de partilhar dois temas neste álbum.

QUALQUER DIAFoi um tema que compus a caminho da residencial em Boston, que fazia todos os dias a pé. É uma simples troca de pa-lavras que se encaminha para um rela-cionamento. A ideia era começar o verso seguinte com a palavra que terminara o anterior. Os arranjos são do Pedro Zagalo.

LUMARÉUÉ um tema que conheço desde os meus 16 ou 17 anos. Conheço o autor, Rui Mareco, desde os meus 13 ou 14 anos. É um tema lindíssimo, que apenas tive o privilégio de poder interpretar com outra roupa-gem. Curiosamente é um tema inédito, esta é a primeira vez que chega ao grande público.

Radar

Jorge Roque editou o seu primeiro album a solo em 2013.

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O Periferias nasceu de uma iniciativa cidadã, contando, desde a primeira hora, com o apoio da Câmara.

Radar

“PERIFERIAS” - Festival Internacional de Cinema de MarvãoConversas com a presença de 5 Realizadores:

O cinema de autor produzido em Por-tugal e na América Latina vai estar em destaque na segunda edição do Festival “Periferias”, a realizar em Marvão, entre os dias 11 e 14 de Setembro.

O “Periferias”, que teve no ano passado a sua primeira edição, dedicada a Africa, é um festival de cinema através do qual se pretende divulgar filmografias de di-versas latitudes que tenham por objecto as vivências comunitárias em regiões de periferia e do mundo rural.

A edição do presente ano abre com a apresentação do documentário “Alente-jo, Alentejo”, de Sérgio Tréfaut, uma obra realizada em viagem pelo território onde se documenta a permanência da tradição musical do “cante” alentejano na actuali-dade (Melhor Filme Português do “Indie Lisboa, 2014”).

Sérgio Tréfaut é uma das presenças já confirmadas no Festival, a par de José Miguel Ribeiro e Jorge Murtei-ra, realizadores das áreas da animação e documentário, respectivamente, de quem poderão ser vistas várias obras por estes dias.

Depois do sucesso da primeira edição, com um total de dezoito projecções realiza-das e uma adesão significativa do público português e espanhol, a organização do Festival pretende reforçar, este ano, a sua dimensão de evento transfonteiriço. Nes-se sentido, está planeado o lançamento de um Projecto Cinematográfico da Raia Ibérica, centrado em Marvão e partilha-do com outros espaços.

A intenção dos organizadores passa não só pelo cinema enquanto propos-

ta de exibição, mas também como meio de desenvolvimento social, criando-se as condições para que a população lo-cal actue como protagonista, através da realização de produções audiovisuais ba-seadas na valorização do território.

O Periferias nasceu de uma iniciativa cidadã, contando, desde a primeira hora, com o apoio da autarquia de Marvão, além de um conjunto de patrocinadores locais, que lhe permitem consolidar a sua afirmação enquanto importante evento cinematográfico a realizar anualmente.

A organização do programa obedece a uma vontade de descentralização cultu-ral, visando- se facilitar o acesso a bens e serviços culturais que normalmente se concentram nas grandes cidades e que, por essa razão, dificilmente chegam às populações rurais.

O ProgramaO programa do “Periferias” apresenta um naipe de propostas diversificadas, que vão do filme de animação à curta e longa metragem, passando pelo documentário. Em paralelo, decorre um conjunto de iniciativas onde se incluem exposições, música, oficinas para crianças e uma fei-ra de produtores locais (sábado vivo).

O arranque do Festival acontece a 11 de Setembro, quinta-feira, na estação de comboios da Beirã, com a exibição do pre-miado filme de Sérgio Tréfaut, “Alentejo, Alentejo”. O filme servirá de mote para uma conversa com o realizador.

O segundo dia começa com uma ma-ratona de curta-metragem, selecção ofi-cial do “PLAY”, Festival Internacional do Cinema Infantil e Juvenil de Lisboa, na aldeia de Santo António das Areias.

Na Casa da Cultura de Marvão, da parte da tarde, é apresentada uma pequena re-trospectiva de Jorge Murteira, na qual se incluem os documentários “A Ideia Nun-ca Abala” e “A Casa do Barqueiro”, contan-do com a presença do realizador.

Ainda em Marvão, no largo do Calvário, tem lugar a sessão nocturna, com exibição da curta de animação “A Suspeita”, de José Miguel Ribeiro, e da longa metragem chilena “No”, premiada em vários festivais de renome (Cannes, São Paulo) e com uma nomeação para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

“Cultura Inquieta - Cinema e Literatura” é a proposta temática para o terceiro dia, sábado, 13 de Setembro. É apresentada ao público português a obra “Cortázar”, rea-lizada por Tristán Bauer (Argentina), na qual se presta homenagem ao escritor Julio Cortázar, por ocasião do centenário do seu nascimento. Na mesma ocasião, exibe-se “O Pão que o Diabo Amassou”, de José Vieira.

Odiaterminacomaprojecção,naPortagem, de”ViagemaCaboVerde”,deJoséMiguel Ribeiro, e da longa metragem “La Teta Asustada”, realizada por Claudia Llosa (Bolívia, Espanha), distinguida com o Urso de Ouro, no Festival de Berlim 2010.

O último dia, domingo, é preenchido com a apresentação de mais uma curta de animação de José Miguel Ribeiro, “Pas-seio de Domingo”, e dos documentários “A Matança do Porco / Vila da Esperança”, de Paulo Moreira, e “O Pão”, de Luís Vintém. A projecção destas obras abrirá espaço a uma conversa com os três realizadores.

O fecho do Festival é assinalado com um encontro-festa no espaço “Natural Bar”, em Marvão.

D.R.

Esporão brinda à música no LISB/ON #JardimSonoroA primeira edição do LISB/ON #Jardim Sonoro traz a música para o centro da cidade de Lis-boa, em plena luz do dia. O Esporão, produtor de vinhos no Alentejo e Douro, associa-se ao evento, brindando à união entre a cidade e a música, o turismo e a cultura, o lazer e o prazer.

Os jardins do Parque Eduardo VII serão o palco de dois dias de música, apresentando diversos projetos nacionais e internacionais de referência, com estilos que variam entre a música de dança, funk, soul e jazz.

Pelo LISB/ON #Jardim Sonoro passarão nomes como Roy Ayers, Rodrigo Leão, Dâm--Funk, Carl Craig, Moodymann, Tiger & Woo-ds, Moullinex, Vahagn & The Sky People, Sen-sible Soccers, Thunder & Co, entre outros, que prometem despertar sentidos e fazer vibrar a pista de dança.

Os vinhos do Esporão são a companhia perfeita para os momentos de diversão e des-contração que o evento promete. O produtor terá um wine bar no recinto e irá promover algumas iniciativas nas redes sociais, entre as quais um passatempo para oferta de con-vites duplos.

A associação à música já não é novidade para o produtor de vinhos. Durante os meses de verão, a Herdade do Esporão, no Alentejo, está a promover momentos descontraídos ao final da tarde, de sexta a domingo, que aliam

vinho, gastronomia e música. Como patroci-nador, o Esporão é também parceiro oficial de vários eventos musicais de referência a nível nacional.

Sobre o Esporão:Fundado em 1973 por José Roquette e Joa-

quim Bandeira, o Esporão é uma das mais importantes empresas de vinhos em Portu-gal.

Determinante na afirmação nacional e in-ternacional do Alentejo, o Esporão é também hoje um embaixador da cultura Portuguesa, desenvolvendo a sua atividade dentro dos li-

mites da sustentabilidade e construindo rela-ções próximas com clientes e consumidores em todo o mundo.

O Esporão está presente na região do Alen-tejo, onde produz vinhos tão emblemáticos como o Esporão Reserva e o Monte Velho, assim como azeites virgens extra. Integrado nas adegas, está o Enoturismo da Herdade do Esporão. Na continuidade do projeto do Espo-rão está a Quinta dos Murças, propriedade na região do Douro, onde são produzidos vinhos de terroir com selo de garantia Esporão.

O Esporão comercializa os seus produtos em todo o tipo de lojas e restaurantes em mais de 50 países em todo o mundo.

A abordagem holística na adaptação de uma alargada gama de práticas sustentáveis inovadoras do Esporão tem conduzido a vá-rios reconhecimentos nacionais e internacio-nais, de onde se destacam o prestigiado pré-mio “Sustainability of the year award” nos “The Drinks Business Green Awards 2013”. O Esporão foi também distinguido com o pré-mio nos “Green Project Awards 2013” pelas práticas de produção agrícola sustentável e obteve menção honrosa pelos projectos de redução de água, energia e resíduos.

Em 2014, o Esporão venceu os “European Business Awards for the Environment” na categoria de “Produtos e Serviços”.

D.R.

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SEMANÁRIO

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O Governo autorizou cerca de metade dos professores do ensino público a desvincularem-se do Es-tado ao abrigo do programa de res-cisões por mútuo acordo. Ao todo, são quase 1900 docentes que já não vão dar aulas no ano lectivo que começa na próxima semana.

Os directores das escolas espe-ram agora que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) tenha em consideração as vagas abertas no sistema com este processo no novo concurso de colocação de docentes, de modo a evitar que haja alunos sem professores em algumas disciplinas nas primei-ras semanas do novo ano.

Até ao final de Junho, data em que terminava o prazo de adesão ao programa de rescisões, foram apresentados 3606 requerimentos de docentes. Destes, foram auto-rizados 1889, o que corresponde a

52% do total de pedidos apresenta-dos. De acordo com o MEC, foram autorizados a celebrar um acordo de rescisão de contrato de traba-lho 1771 profissionais, aos quais se somam outros 118 processos de cessação de contrato de docentes que não tinham horário atribuído.

O MEC anunciou esta decisão em comunicado tornado público este sábado, onde também dava conta de que já começou o pro-cesso de notificação, por parte da Direcção-Geral da Administração Escolar, dos directores das escolas e agrupamentos onde trabalhavam estes quase 1900 professores. Nos primeiros dias da semana, as esco-las começam a ter conhecimento de quem são os profissionais com os quais deixam de contar para o serviço a partir deste ano lectivo.

“A decisão chega sobre a linha de meta”, reage o presidente da As-

sociação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Perei-ra, lamentando que o processo te-nha ficado concluído tão próximo do início do ano lectivo. Aquele responsável considera, porém, que as escolas ainda vão a tempo de dar resposta à situação a tempo do início das aulas.

A opinião é partilhada por Filinto Lima, da Associação Nacional de Di-rectores de Agrupamentos e Escola Públicas (ANDAEP), que considera a notícia “excelente”. Este dirigente tinha exigido, na semana passada, que o Governo tomasse uma deci-são sobre os processos de rescisões até à segunda semana de Setembro. “Assim consegue garantir-se que as saídas destes colegas não aconte-cem com o ano lectivo a decorrer. Os alunos vão poder ter os mesmos professores até ao final do ano e isso é o mais importante”, sublinha.

Monsaraz

Exposição de pintura taurinaA pintora espanhola Lucia Parra está a apre-sentar a exposição To(u)ros na Torre de Mena-gem do castelo da vila medieval de Monsaraz. Esta mostra integra o ciclo de exposições Monsaraz Museu Aberto e pode ser visitada diariamente até 28 de setembro, entre as 9h30 e as 13h e das 14h às 17h30. Nesta exposi-ção de pintura taurina, Lucia Parra propõe desenhos e quadros a óleo sobre tela. A artista espanhola, natural de Villanueva del Fresno, expõe pela terceira vez na vila medieval. Lucia Parra começou a pintar em finais da década de 1970, tendo aprendi-do com autores como Mariano Viguera, Jorge Pombo, Ernest, Nacho Frisuelos e Ninni Wallin. A pintora trabalha sobre-tudo a técnica do óleo, desenvolvendo também projetos de ilustração e fotografia. Antes experi-mentou tendências geo-métricas e criativas, mas regressou aos princípios figurativos.

Educação

D.R.

“Sou contra o que este gover-no tem feito como o que o an-terior estava a fazer. A política de Educação tem de ser feita a 10 anos e há eleições de quatro em quatro. Deviamos ter um acordo de incidência parlamen-tar entre os partidos do arco da governação para um orçamen-to para as universidades de, no mínimo, quatro anos. Quando um reitor se candidata, faz um programa para quatro anos e tudo pode ir por água abaixo com os orçamentos de ano a ano. Cria muita instabilidade. E há um desinvestimento na educação de uma forma geral. É um problema grave para o país. Costumo dizer que quando sair-mos da crise corremos o risco de não termos ninguém preparado para pegar no país nessa altura, se é que vamos sair da crise.” Sou contra o que este governo tem feito como o que o anterior estava a fazer. A política de Edu-cação tem de ser feita a 10 anos e há eleições de quatro em qua-tro. Deviamos ter um acordo de incidência parlamentar entre os partidos do arco da governa-ção para um orçamento para as universidades de, no mínimo, quatro anos.

Reitora defende acordos parlamentares

UÉvora

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Rescisão para quase 2000Professores