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Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015
Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015
REGIÕES HOMOGÊNEAS DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL COM BASE
NA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL MENSAL
LARISSA PEREIRA RIBEIRO1*, PAULO EDUARDO TEODORO
2, FRANCISCO EDUARDO TORRES
3
1 Discente do curso de Agronomia, UEMS, Aquidauana-MS. Fone: (67) 9941-1950, [email protected]
2 Mestrando em Agronomia, UEMS, Aquidauana-MS. Fone: (67) 9649-3467, [email protected]
3 Docente do curso de Agronomia, UEMS, Aquidauana-MS. Fone: (67) 9988-2676, [email protected]
Apresentado no
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015
15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil
RESUMO: O objetivo do trabalho foi determinar períodos homogêneos, de acordo com a
sazonalidade da precipitação mensal do Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Os dados de
precipitação pluvial de 32 estações (locais) do Estado do Mato Grosso do Sul foram obtidos do Banco
de Dados da Agência Nacional de Águas – ANA, coletados do período de 1954 a 2013. Em cada local
e ano, somaram-se os dados diários de precipitação pluvial, obtendo-se a precipitação pluvial mensal,
em mm mês-1
, de cada um dos 12 meses do ano. Em cada uma das 384 séries temporais de
precipitação pluvial mensal calculou-se a média (m) e para o agrupamento dos meses com m similar,
aplicou-se a análise de agrupamento, utilizando o método hierárquico aglomerativo de Ward. A
variação sazonal da precipitação pluvial no Estado de Mato Grosso do Sul possui três períodos
estatisticamente definidos como seco, de transição e chuvoso.
PALAVRAS–CHAVE: período chuvoso, período de transição, período seco.
HOMOGENEOUS REGIONS OF MATO GROSSO DO SUL STATE BASED ON MONTHLY
RAINFALL
ABSTRACT: This study aimed was to determine homogeneous periods, according to the seasonality
of monthly rainfall in the state of Mato Grosso do Sul, Brazil. The rainfall data of 32 stations (sites) of
Mato Grosso do Sul state were obtained from the Bank of National Agency data Water - ANA,
collected from 1954 to 2013. In each period place and year, were added to the daily rainfall data,
obtaining the monthly rainfall in mm month-1
, each of the 12 months of the year. In each of the 384
time series of monthly rainfall calculated the mean (m) and for the grouping of months with similar m,
applied to cluster analysis, using the agglomerative hierarchical method of Ward. The seasonal
variation of rainfall in the state of Mato Grosso do Sul has three periods statistically defined as dry,
transition and rainy.
KEYWORDS: rainy season, transition season, dry season.
INTRODUÇÃO O Estado do Mato Grosso do Sul (MS) ocupa uma área de, aproximadamente, 350 mil km
2,
dos quais 13 mil km2 são explorados pela agricultura, sendo as culturas de maior expressão a soja, o
milho, o algodão, a cana-de-açúcar e o arroz irrigado (CONAB, 2014).
O papel das precipitações pluviométricas é enfatizado por Rodrigues et al. (2013) como
principal fonte de água para a agricultura, que por vezes tem comprometido o desenvolvimento da
produção agrícola em função de sua variabilidade não uniforme, ora com grandes períodos de
estiagem, ora com chuvas de alta intensidade, que superam a capacidade de retenção de água pelo
solo, provocando enchentes e inundações.
É recomendado identificar regiões similares de precipitação em condições de variabilidade
espaço-temporal da precipitação pluviométrica, escassez de estações climatológicas e necessidade de
séries longas de dados em análises climatológicas (Lyra et al., 2006). Diniz et al. (2003) sugerem o
emprego da análise de agrupamento (Cluster), por ser um algoritmo estatístico efetivo, que pode
utilizar elementos meteorológicos observados. Dentre os principais métodos de agrupamento, o
hierárquico de Ward vem sendo amplamente utilizado em estudos climatológicos com resultados
satisfatórios (Lyra et al., 2006).
O objetivo do trabalho foi determinar períodos homogêneos, de acordo com a sazonalidade da
precipitação mensal do Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados de precipitação pluvial de 32 estações (locais) do Estado do Mato Grosso do Sul
foram obtidos do Banco de Dados da Agência Nacional de Águas – ANA, coletados do período de
1954 a 2013. Em cada local e ano, somaram-se os dados diários de precipitação pluvial, obtendo-se a
precipitação pluvial mensal, em mm mês-1
, de cada um dos 12 meses do ano. Assim, formaram-se 384
séries temporais (12 meses × 32 locais), com número diferenciado de anos de observações em cada
série, definidas em função da disponibilidade de dados meteorológicos.
Em cada uma das 384 séries temporais de precipitação pluvial mensal calculou-se a média (m)
e para o agrupamento dos meses com m similar, aplicou-se a análise de agrupamento (Cluster). Foi
utilizado o algoritmo hierárquico aglomerativo de Ward, tendo como medida de dissimilaridade a
distância euclidiana (Everitt & Dunn, 1991):
2
1
1
,, )²(
n
j
jkjpe PPd
em que de é a distância euclidiana; e Pp,j e Pk,j são as variáveis quantitativas j dos indivíduos p
e k, respectivamente.
O algoritmo de Ward forma grupos, minimizando a dissimilaridade, ou minimizando o total
das somas de quadrados dentro de grupos, também conhecida como soma de quadrados dos desvios
(SQD). Em cada etapa do procedimento, são formados grupos, de tal maneira que a solução resultante
tenha o menor SQD dentro de grupos. Nessas etapas, são consideradas as uniões de todos os possíveis
pares de grupos e, os dois que resultam em menor aumento de SQD são agrupados até que todos os
grupos formem um único, reunindo todos os indivíduos (Everitt & Dunn, 1991).
Valores médios da precipitação mensal foram organizados na forma de matriz Pn x p, em que o
elemento Pij representava o valor da i-ésima variável (localidade) do j-ésimo indivíduo (mês). Desta
forma, cada vetor linha representava uma localidade e cada vetor coluna um mês.
Depois do agrupamento dos meses com precipitação similar, aplicou-se novamente o método
de Ward para determinar, dentro de cada um dos períodos mensais definidos, as regiões homogêneas
de localidades com similaridade da precipitação. Nesse caso, a matriz Pn x p foi organizada de forma
que os indivíduos representavam as localidades e os meses agrupados (períodos), as variáveis.
As análises estatísticas foram realizadas com os aplicativos GENES e Microsoft Office
Excel®.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O corte transversal do dendrograma a 50% para definição do número de períodos foi
fomentado na sazonalidade da precipitação pluvial mensal e na distância de ligação entre os grupos,
conforme preconizado por Lyra et al. (2006). Estes autores, ao utilizarem à análise de agrupamento de
Ward, identificaram períodos distintos (seco, de transição e chuvoso) para a precipitação pluvial
mensal, no Estado de Táchira (Venezuela), assemelhando-se aos resultados desta pesquisa. Utilizando
metodologia similar, Diniz et al. (2003) identificaram as regiões homogêneas de temperatura máxima
e mínima no Rio Grande do Sul (Brasil) e inferem que estas regiões homogêneas, uma vez
determinadas, servirão de subsídios a estudos mais detalhados para zoneamentos climáticos e
agroclimáticos para o Estado.
Pela análise de agrupamento dos períodos de precipitação pluvial mensal homogênea,
observaram-se dois períodos bem diferenciados para chuva mensal, sendo um correspondente ao
período seco (abril a outubro) e outro ao úmido (novembro a março) (Figura 1), coincidindo com as
características sazonais da precipitação pluvial no Estado. O período seco apresenta ainda uma
subdivisão que separa os meses de transição (abril e maio; setembro e outubro), no início e final desse
período, daqueles totalmente secos (junho, julho e agosto). Dessa forma, definem-se estatisticamente
três períodos denominados: seco, de transição e chuvoso.
Figura 1. Dendrograma dos períodos de precipitação pluvial mensal homogênea das localidades do
Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, pelo método de agrupamento de Ward.
Pela análise de agrupamento das localidades com períodos de precipitação pluvial mensal mais
homogênea, observaram-se a formação de cinco regiões (50% de similaridade). A primeira região foi
formada pelos municípios: Rio Pardo, Três Lagoas, Campo Grande, Bataguassu, Santa Rita do Rio
Parto, Nova Andradina, Porto Murtinho, Aquidauana, Anastácio, Maracaju, Rio Brilhante,
Anaurilândia, Caarapó e Dourados, na qual se verificou baixa ocorrência de precipitações pluviais
extremas (tanto altas como baixas) em um determinando período do ano (Figura 2).
Os municípios de Glória de Dourados, Naviraí, Iguatemi, Amambai e Ponta Porã compuseram
a segunda região, obtendo as maiores médias de precipitação no período seco, além de ser o grupo
com maior precipitação média anual. A terceira região foi composta pelos municípios de Aparecida
do Taboado, Selvíria, Miranda, Bodoquena e Corumbá, que possuem as menores médias de
precipitação pluvial no período seco. A quarta região foi formada pelos municípios de Camapuã, Água
Clara, Coxim e Rio Negro. A quinta região foi constituída por Chapadão do Sul, Costa Rica, Inocência
e Paranaíba, apresentando as maiores precipitações médias do período chuvoso, especialmente nos
meses de março e dezembro.
Figura 2. Dendrograma das regiões homogêneas pelo método de agrupamento de Ward baseado na
precipitação mensal das localidades do Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.
CONCLUSÕES
A variação sazonal da precipitação pluvial no Estado de Mato Grosso do Sul possui três
períodos estatisticamente definidos como seco, de transição e chuvoso.
Os resultados obtidos neste trabalho fornecerão subsídios para o planejamento dos recursos
hídricos no Estado de Mato Grosso do Sul, além de fornecer suporte para futuras pesquisas
meteorológicas.
REFERÊNCIAS
CONAB: Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos,
décimo levantamento, 2014. 65p.
Diniz, G., Berlato, M. A., Clarke, R. T., Fontana, D. C. Identificação de regiões homogêneas de
temperaturas máxima e mínima do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrometeorologia,
v.11, n.1, p.303-312, 2003.
Everitt, B. S.; Dunn, G. Applied multivariate analysis. London: Edward Arnold, 1991. 400p.
Lyra, G. B.; Garcia, B. I. L.; Piedade, S. M. S.; Sediyama, G. C.; Sentelhas, P. C. Regiões homogêneas
e funções de distribuição de probabilidade da precipitação pluvial no Estado de Táchira,
Venezuela. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, n.5, p.205-215, 2006.
Rodrigues, J. A.; Santos Filho, J.; Chaves, L. M. Funções densidade de probabilidade para a estimativa
da precipitação mensal. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, v.34, n.1, p.03-08, 2013.