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Reformas Estruturais e Reformas Estruturais e Desenvolvimento Humano Desenvolvimento Humano Sulamis Dain ( Professora Titular) Sulamis Dain ( Professora Titular) Instituto de Medicina Instituto de Medicina Social-IMS/UERJ Social-IMS/UERJ [email protected] [email protected]

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Page 1: Reformas Estruturais e Desenvolvimento Humano Sulamis Dain ( Professora Titular) Instituto de Medicina Social-IMS/UERJ sulamis@uol.com.br

Reformas Estruturais e Reformas Estruturais e Desenvolvimento HumanoDesenvolvimento Humano

Sulamis Dain ( Professora Titular)Sulamis Dain ( Professora Titular)Instituto de Medicina Instituto de Medicina

Social-IMS/UERJSocial-IMS/UERJ

[email protected]@uol.com.br

Page 2: Reformas Estruturais e Desenvolvimento Humano Sulamis Dain ( Professora Titular) Instituto de Medicina Social-IMS/UERJ sulamis@uol.com.br

Reformas Estruturais, Proteção Reformas Estruturais, Proteção Social e PobrezaSocial e Pobreza

1 – Antecedentes1 – Antecedentes 2 – 2 – Polaridades: comunidades epistemológicasPolaridades: comunidades epistemológicas 3 – O 3 – O Pós Consenso de WashingtonPós Consenso de Washington 4 - A dupla face da pobreza 4 - A dupla face da pobreza 5 – Do desenvolvimentismo ao combate à pobreza5 – Do desenvolvimentismo ao combate à pobreza 6 - A Fatalidade da Pobreza e os Objetivos do 6 - A Fatalidade da Pobreza e os Objetivos do

MilênioMilênio 7 A “ naturalização “ do econômico7 A “ naturalização “ do econômico 8 A luta contra a pobreza e a proteção social8 A luta contra a pobreza e a proteção social 9 Vertentes9 Vertentes 10 América Latina10 América Latina 11 O pós desenvolvimento11 O pós desenvolvimento

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Antecedentes 1Antecedentes 1

Em 1974, as autoridades governamentais Em 1974, as autoridades governamentais dos países ricos prometeram “eliminar a dos países ricos prometeram “eliminar a pobreza” até o ano 2000. Por isso, se pobreza” até o ano 2000. Por isso, se entendia (e ainda hoje é assim) elevação entendia (e ainda hoje é assim) elevação da renda dos indivíduos no limiar da da renda dos indivíduos no limiar da pobreza absoluta, fixado a dois dólares por pobreza absoluta, fixado a dois dólares por dia e por pessoa, de modo a que eles não dia e por pessoa, de modo a que eles não fossem mais contabilizados como “pobres”. fossem mais contabilizados como “pobres”. Para cumprir esta meta, esses governantes Para cumprir esta meta, esses governantes se comprometeram a destinar 0,7 % de se comprometeram a destinar 0,7 % de seus produtos internos brutos (PIB) a ações seus produtos internos brutos (PIB) a ações de desenvolvimento público.de desenvolvimento público.

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Antecedentes 2Antecedentes 2

Quinze anos depois, em 1989, os mesmos Quinze anos depois, em 1989, os mesmos grupos anunciam que, após o grupos anunciam que, após o desaparecimento da União Soviética, o desaparecimento da União Soviética, o período que englobava o fim do século XX e período que englobava o fim do século XX e o início do século XXI seria caracterizado por o início do século XXI seria caracterizado por uma nova era de paz mundial. Não haveria uma nova era de paz mundial. Não haveria mais a necessidade de alocar somas mais a necessidade de alocar somas enormes em armamentos. O mundo se enormes em armamentos. O mundo se beneficiaria dos “dividendos da paz” que, beneficiaria dos “dividendos da paz” que, por sua vez, facilitariam alcançar o objetivo por sua vez, facilitariam alcançar o objetivo de erradicar a pobreza no ano 2000.de erradicar a pobreza no ano 2000.

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Antecedentes 3Antecedentes 3 Infelizmente, a pobreza não foi eliminada. Na verdade, Infelizmente, a pobreza não foi eliminada. Na verdade,

ela cresceu, sobretudo no decorrer dos anos 90. ela cresceu, sobretudo no decorrer dos anos 90. No ano de 2000, dos seis milhões de habitantes do No ano de 2000, dos seis milhões de habitantes do

planeta, 2,7 milhões viviam abaixo da linha de pobreza e planeta, 2,7 milhões viviam abaixo da linha de pobreza e desses, 1,3 milhão eram definidos como extremamente desses, 1,3 milhão eram definidos como extremamente pobres porque tinham renda inferior a um dólar por dia. pobres porque tinham renda inferior a um dólar por dia.

Em 2003, o número de pobres atingiu a marca dos 2,8 Em 2003, o número de pobres atingiu a marca dos 2,8 milhões. O fato de o objetivo de 1974 não ter sido milhões. O fato de o objetivo de 1974 não ter sido atingido não significa que ele era inalcançável. Os grupos atingido não significa que ele era inalcançável. Os grupos dominantes dos países ricos e as elites que estão no dominantes dos países ricos e as elites que estão no poder nos países pobres não mantiveram o compromisso poder nos países pobres não mantiveram o compromisso que haviam assumido. Pior, eles implementaram políticas que haviam assumido. Pior, eles implementaram políticas comerciais, financeiras e tecnológicas que reforçaram a comerciais, financeiras e tecnológicas que reforçaram a causa do empobrecimento contínuo entre as populações causa do empobrecimento contínuo entre as populações já na miséria.já na miséria.

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Comunidades Epistemológicas: Comunidades Epistemológicas: Consenso de FiladélfiaConsenso de Filadélfia

1948 – Apresentação da 1948 – Apresentação da Convenção Convenção 102102 da OIT sobre Seguridade Social da OIT sobre Seguridade Social

Conceito de Conceito de seguridadeseguridade impera impera Concepção Concepção keynesianakeynesiana da economia da economia Organização Organização weberianaweberiana do Estado do Estado Ênfase da Ênfase da solidariedadesolidariedade entre gerações entre gerações Desenvolvimento baseado na busca do Desenvolvimento baseado na busca do

pleno empregopleno emprego

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Comunidades Epistemológicas: Comunidades Epistemológicas: Consenso de WashingtonConsenso de Washington

19901990 – Exposição dos paradigmas do – Exposição dos paradigmas do Consenso de WashingtonConsenso de Washington

Conceito de Conceito de seguroseguro impera impera Concepção Concepção monetaristamonetarista da economia da economia Organização Organização liberalliberal do Estado do Estado PrivatizaçãoPrivatização Ênfase no Ênfase no esforço individualesforço individual Desenvolvimento baseado na busca do Desenvolvimento baseado na busca do

eficiência e da competitividadeeficiência e da competitividade

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Pós Consenso de Pós Consenso de WashingtonWashington

Mais recentemente, surge uma visão Mais recentemente, surge uma visão crítica (e auto complacente) quanto ao crítica (e auto complacente) quanto ao impacto negativo das reformas impacto negativo das reformas estruturais sobre as populações mais estruturais sobre as populações mais frágeis frágeis

A legitimação da “ luta contra a A legitimação da “ luta contra a pobreza”, iniciada em 1990, e agora pobreza”, iniciada em 1990, e agora justificada pelos “ erros de calibragem “ justificada pelos “ erros de calibragem “ dos projetos de ajustedos projetos de ajuste

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A dupla face da pobrezaA dupla face da pobreza

Sem dúvida, a pobreza é uma Sem dúvida, a pobreza é uma realidade penosa para bilhões de realidade penosa para bilhões de seres humanos no mundo onde lhes é seres humanos no mundo onde lhes é negado o direito à sobrevivência dignanegado o direito à sobrevivência digna

Mais que isso, a pobreza é também Mais que isso, a pobreza é também uma construção social, um discurso uma construção social, um discurso sempre subjetivo sobre o que ela é, e sempre subjetivo sobre o que ela é, e sobre como deveriam ser os pobres. sobre como deveriam ser os pobres.

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Do desenvolvimentismo ao Do desenvolvimentismo ao combate à pobrezacombate à pobreza

Até o Consenso de Washington, a pobreza Até o Consenso de Washington, a pobreza já aparecia no discurso das organizações já aparecia no discurso das organizações internacionais, mas sua superação se internacionais, mas sua superação se associava à luta pelo desenvolvimento associava à luta pelo desenvolvimento econômico. econômico.

Hoje, a resposta ao mesmo desafio Hoje, a resposta ao mesmo desafio consiste na prioridade da luta contra a consiste na prioridade da luta contra a pobreza e o desenvolvimento, de fato, pobreza e o desenvolvimento, de fato, desapareceu.desapareceu.

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A Fatalidade da PobrezaA Fatalidade da Pobreza

Se propõe aos pobres excluídos, que Se propõe aos pobres excluídos, que aceitem o caráter inevitável e “natural” da aceitem o caráter inevitável e “natural” da pobreza e da luta impiedosa pela sobrevida pobreza e da luta impiedosa pela sobrevida individual. individual.

Pregado há 30 anos como princípio Pregado há 30 anos como princípio inspirador e mobilizador da civilização inspirador e mobilizador da civilização ocidental, o evangelho da competitividade ocidental, o evangelho da competitividade ainda serve de argumento para justificar e ainda serve de argumento para justificar e explicar a perenidade da pobreza e da explicar a perenidade da pobreza e da guerra.guerra.

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A fatalidade da pobreza e os A fatalidade da pobreza e os Objetivos de Desenvolvimento Objetivos de Desenvolvimento

do Milêniodo Milênio

Sobre a fatalidade da pobreza, todos os grupos Sobre a fatalidade da pobreza, todos os grupos dominantes são unânimes, ainda que haja algumas dominantes são unânimes, ainda que haja algumas nuances. nuances.

Os governos dos Estados Unidos, da China, dos 25 Os governos dos Estados Unidos, da China, dos 25 estados membros da União Européia, dos países árabes, estados membros da União Européia, dos países árabes, do Chile, da Índia etc, as lideranças das igrejas católica e do Chile, da Índia etc, as lideranças das igrejas católica e protestante, as autoridades do islamismo e do budismo e protestante, as autoridades do islamismo e do budismo e até mesmo as organizações não-governamentais até mesmo as organizações não-governamentais (ONG’s) que gravitam em torno das organizações ligadas (ONG’s) que gravitam em torno das organizações ligadas à ONU e vivem graças a elas, aceitaram, em setembro à ONU e vivem graças a elas, aceitaram, em setembro de 2000, a declaração dos Objetivos de Desenvolvimento de 2000, a declaração dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, aprovada pela Cúpula do Milênio da ONU em do Milênio, aprovada pela Cúpula do Milênio da ONU em Nova York. Nova York.

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Objetivos do MilênioObjetivos do Milênio

Esta declaração afirma que o único objetivo Esta declaração afirma que o único objetivo realista – a ser operacionalizado até o ano de realista – a ser operacionalizado até o ano de 2015 – é a redução da metade do número de 2015 – é a redução da metade do número de pessoas “extremamente pobres”. pessoas “extremamente pobres”.

Este é o ambicioso objetivo que a comunidade Este é o ambicioso objetivo que a comunidade internacional se impôs para responder à internacional se impôs para responder à necessidade de 2,8 milhões de pessoas ao necessidade de 2,8 milhões de pessoas ao direito à vida e à dignidade. direito à vida e à dignidade.

As elites mundiais abdicaram da As elites mundiais abdicaram da responsabilidade política e ética de fazer responsabilidade política e ética de fazer respeitar esses direitos. E disseram aos pobres respeitar esses direitos. E disseram aos pobres que renunciem a eles também.que renunciem a eles também.

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A “ naturalização “ do A “ naturalização “ do econômicoeconômico

Para as organizações inernacionais, a ênfase no Para as organizações inernacionais, a ênfase no desenvolvimento econômico e no desenvolvimento desenvolvimento econômico e no desenvolvimento social não tem mais razão de ser. A economia faz social não tem mais razão de ser. A economia faz parte da natureza, é uma realidade externa que não parte da natureza, é uma realidade externa que não mais pertence ao domínio da intervenção do estado. mais pertence ao domínio da intervenção do estado. Como a natureza, é essencial à vida, mas não Como a natureza, é essencial à vida, mas não podemos mudar suas leis. podemos mudar suas leis.

Podemos sim, observá-la para ampliar nossa Podemos sim, observá-la para ampliar nossa compreensão e respeito e para criar as condições compreensão e respeito e para criar as condições que permitem aos mercados realizar suas funções. que permitem aos mercados realizar suas funções. Para tanto, até precisamos de estados fortes e Para tanto, até precisamos de estados fortes e instituições eficazes, para atrair investimentos instituições eficazes, para atrair investimentos estrangeiros, proteger o direito da propriedade e estrangeiros, proteger o direito da propriedade e para favorecer a concorrência. para favorecer a concorrência.

Governança é o nome do jogoGovernança é o nome do jogo

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A luta contra a pobreza e a A luta contra a pobreza e a proteção socialproteção social

A luta contra a pobreza é definida de A luta contra a pobreza é definida de modo a propiciar a condenação da modo a propiciar a condenação da proteção social tradicional. proteção social tradicional.

O argumento é de que protege os O argumento é de que protege os trabalhadores privilegiados dos trabalhadores privilegiados dos setores modernos e penalisa os setores modernos e penalisa os pobres criando barreiras a seu pobres criando barreiras a seu ingresso no mercado de trabalho.ingresso no mercado de trabalho.

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Criticas à proteção socialCriticas à proteção social

A seguridade social talvez não represente o A seguridade social talvez não represente o melhor uso de recursos disponíveis, uma vez melhor uso de recursos disponíveis, uma vez que favorecem os setores organizados em que favorecem os setores organizados em detrimento dos segmentos mais pobres da detrimento dos segmentos mais pobres da população. população.

As políticas de redução da pobreza no contexto As políticas de redução da pobreza no contexto da proteção social podem ter boa intenção, da proteção social podem ter boa intenção, mas são menos eficazes que as políticas mas são menos eficazes que as políticas focalizadas focalizadas

Os pisos salariais ( salários e previdencia) Os pisos salariais ( salários e previdencia) devem ser eliminados pois criam barreiras à devem ser eliminados pois criam barreiras à inclusão dos mais pobres e desestimulam o inclusão dos mais pobres e desestimulam o risco! risco!

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Redução da Pobreza e Redução da Pobreza e AjusteAjuste

A “ Estratégia de Redução da Pobreza” é, A “ Estratégia de Redução da Pobreza” é, antes de tudo, um prolongamento dos antes de tudo, um prolongamento dos programas de ajuste estrutural, que programas de ajuste estrutural, que continuam a pregar o equilibrio continuam a pregar o equilibrio macroeconômico, a eliminação dosdéficits macroeconômico, a eliminação dosdéficits públicos e a luta contra a inflação, a públicos e a luta contra a inflação, a liberalização das trocas, a privatização, a liberalização das trocas, a privatização, a desregulação, a livre circulação dos desregulação, a livre circulação dos capitais. As políticas sociais se limitam à capitais. As políticas sociais se limitam à educação e à saúde, frquentemente educação e à saúde, frquentemente supridos pelo setor privado, dada a supridos pelo setor privado, dada a profunda descrença na ação dos governos. profunda descrença na ação dos governos.

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Do direito social à Do direito social à mercadoriamercadoria

A Seguridade passa a ser apenas um A Seguridade passa a ser apenas um trampolim que permite aos pobres a trampolim que permite aos pobres a disputa pela oportunidades de mercado e disputa pela oportunidades de mercado e sua autonomia.sua autonomia.

A luta contra a pobreza passa a pertencer A luta contra a pobreza passa a pertencer ao campo do interesse comum da ao campo do interesse comum da comunidade internacional, que por ela se comunidade internacional, que por ela se responsabiliza, controlando as políticas responsabiliza, controlando as políticas internas dos países pobres. internas dos países pobres.

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Do direito social à Do direito social à mercadoriamercadoria

Há omissão sobre o modo pelo qual os pobres Há omissão sobre o modo pelo qual os pobres podem adquirir renda. De fato, a renda não é podem adquirir renda. De fato, a renda não é mais responsabilidade dos poderes públicos. mais responsabilidade dos poderes públicos. A redistribuição de renda não está mais na A redistribuição de renda não está mais na ordem do dia, e muito menos os direitos ordem do dia, e muito menos os direitos sociais.sociais.

A luta contra a pobreza substitui a cidadania A luta contra a pobreza substitui a cidadania socialsocial

A luta contra a pobreza não signiifica A luta contra a pobreza não signiifica desenvolvimento e enm uma luta contra a desenvolvimento e enm uma luta contra a desigualdadedesigualdade

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A discussão do capital humano A discussão do capital humano no contexto da liberalizaçãono contexto da liberalização

A discussão do capital humano ignora o aspecto central de A discussão do capital humano ignora o aspecto central de que a racionalidade econômica que permite propor este que a racionalidade econômica que permite propor este conceito é a mesma que questiona as razões pelas quais conceito é a mesma que questiona as razões pelas quais aqueles que se beneficiam das estruturas atuais, que aqueles que se beneficiam das estruturas atuais, que produzem e distribuem capital social, voluntariamente produzem e distribuem capital social, voluntariamente abririam mão de seu acesso privilegiado a ele (DeFilippis abririam mão de seu acesso privilegiado a ele (DeFilippis (2003): De fato, ao recuperar a dimensão macroeconômica (2003): De fato, ao recuperar a dimensão macroeconômica e social da questão, é fácil depreender que os que e social da questão, é fácil depreender que os que materializam o capital através de suas redes de capital materializam o capital através de suas redes de capital social o fazem precisamente por que outros são excluídos).social o fazem precisamente por que outros são excluídos).

Aceitar o processo pelo qual o capital social e o capital Aceitar o processo pelo qual o capital social e o capital humano se separam do capital (em seu sentido literal ou humano se separam do capital (em seu sentido literal ou econômico), se despojam de relações de poder e assumem econômico), se despojam de relações de poder e assumem que os ganhos, interesses e lucros individuais são que os ganhos, interesses e lucros individuais são sinônimos de ganhos, interesses e lucros coletivos significa sinônimos de ganhos, interesses e lucros coletivos significa negar o verdadeiro sentido da lógica macroeconômica que, negar o verdadeiro sentido da lógica macroeconômica que, de fato, como nos ensina Keynes, é muito mais do que a de fato, como nos ensina Keynes, é muito mais do que a soma das decisões e interesses individuais. soma das decisões e interesses individuais.

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A discussão do capital humano A discussão do capital humano no contexto da liberalização 2no contexto da liberalização 2

De fato, as forças que geram a desigualdade são as mesmas De fato, as forças que geram a desigualdade são as mesmas que destroem a coesão social. Coburn (2000) assinala que as que destroem a coesão social. Coburn (2000) assinala que as políticas neoliberais se voltam para a corrosão da coesão políticas neoliberais se voltam para a corrosão da coesão social e criam desigualdades com conseqüências nefastas social e criam desigualdades com conseqüências nefastas sobre a saúde, especialmente através do enfraquecimento do sobre a saúde, especialmente através do enfraquecimento do "welfare state"welfare state", que provê proteção social aos cidadãos, ", que provê proteção social aos cidadãos, sobretudo aos mais pobres, sem que neles esteja focalizado. sobretudo aos mais pobres, sem que neles esteja focalizado. “Parece existir uma contradição entre a crescente ênfase no “Parece existir uma contradição entre a crescente ênfase no capital social e na coesão social, em regimes que estão capital social e na coesão social, em regimes que estão enfraquecendo tais processos coletivos”. enfraquecendo tais processos coletivos”.

Nunca é demais lembrar, como afirmam Whitehead & Nunca é demais lembrar, como afirmam Whitehead & Diderichsen (2001): “as sociedades que apresentam welfare Diderichsen (2001): “as sociedades que apresentam welfare states mais desenvolvidos tem também uma sociedade civil states mais desenvolvidos tem também uma sociedade civil mais desenvolvida em termos de organizações voluntárias e mais desenvolvida em termos de organizações voluntárias e redes”. Kennelly et al (2003) comentam: “A ênfase excessiva redes”. Kennelly et al (2003) comentam: “A ênfase excessiva no capital humano pode desviar a atenção sobre a no capital humano pode desviar a atenção sobre a necessidade de política pública para melhor as condições de necessidade de política pública para melhor as condições de vida dos pobres no marco da participação política e vida dos pobres no marco da participação política e econômica plena de todos os cidadãos.”. econômica plena de todos os cidadãos.”.

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A discussão do capital humano A discussão do capital humano no contexto da liberalização 3no contexto da liberalização 3

É preciso, no debate teórico e nas políticas concretas, escapar da É preciso, no debate teórico e nas políticas concretas, escapar da incriminação às vitimas, recuperando a necessidade de destacar e incriminação às vitimas, recuperando a necessidade de destacar e transformar as determinações sociais das condições de saúde. transformar as determinações sociais das condições de saúde. Mas a política social e de Saúde não deve ser entendida somente Mas a política social e de Saúde não deve ser entendida somente como um conjunto de ações de natureza compensatória, a título como um conjunto de ações de natureza compensatória, a título excepcional. Ela representa também e principalmente a garantia excepcional. Ela representa também e principalmente a garantia do acesso incondicional da população à prestação de serviços ou a do acesso incondicional da população à prestação de serviços ou a produção de bens cuja universalização foi co-requisito dos produção de bens cuja universalização foi co-requisito dos avanços democráticos nos países avançados. avanços democráticos nos países avançados.

Assim, a questão do financiamento dessas políticas é em si Assim, a questão do financiamento dessas políticas é em si mesma, uma questão central. Na ausência de recursos suficientes mesma, uma questão central. Na ausência de recursos suficientes para a cobertura satisfatória da população, não basta negar a para a cobertura satisfatória da população, não basta negar a possibilidade de tratar as política de Saúde, Previdência e possibilidade de tratar as política de Saúde, Previdência e Educação pela teoria do consumidor e sua produção pela teoria da Educação pela teoria do consumidor e sua produção pela teoria da firma. firma.

É necessário chamar atenção para o processo através do qual os É necessário chamar atenção para o processo através do qual os pobres e incapazes se transformam eles mesmos em pobres e incapazes se transformam eles mesmos em externalidades, nos termos destas teorias, sendo sutil a diferença externalidades, nos termos destas teorias, sendo sutil a diferença entre externalidade e exclusão.entre externalidade e exclusão.

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ConclusõesConclusões

No momento atual, a crença de que os No momento atual, a crença de que os problemas enfrentados por economias problemas enfrentados por economias submetidas a reformas estruturais de submetidas a reformas estruturais de corte neoliberal podem ser resolvidos por corte neoliberal podem ser resolvidos por uma segunda geração de reformas, ou uma segunda geração de reformas, ou ajustes finos está abalada. ajustes finos está abalada.

Em primeiro lugar, é visível o desgaste do Em primeiro lugar, é visível o desgaste do ideário conservador, face aos resultados ideário conservador, face aos resultados pífios, na maior das vezes extremamente pífios, na maior das vezes extremamente nefastos da adesão forçada ao nefastos da adesão forçada ao pensamento único e à agenda única das pensamento único e à agenda única das reformas de mercado.reformas de mercado.

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America Latina, proteção social America Latina, proteção social e pobreza.e pobreza.

Embora inspirado no modelo europeu, o sistema de Embora inspirado no modelo europeu, o sistema de proteção social na América Latinaproteção social na América Latina jamais se jamais se constituiu verdadeiramente num constituiu verdadeiramente num welfarewelfare. De cunho . De cunho corporativista, o sistema de proteção social oferecia corporativista, o sistema de proteção social oferecia cobertura limitada, atendendo à parcela reduzida da cobertura limitada, atendendo à parcela reduzida da população, da qual os pobres eram excluídos em população, da qual os pobres eram excluídos em função de seus vínculos instáveis e precários com o função de seus vínculos instáveis e precários com o mercado de trabalho. Sem posição sócio-ocupacional mercado de trabalho. Sem posição sócio-ocupacional definida, as camadas pobres da população jamais definida, as camadas pobres da população jamais foram sistemática e regularmente beneficiadas pela foram sistemática e regularmente beneficiadas pela política de proteção social A questão da pobreza só política de proteção social A questão da pobreza só recentemente aparece como uma questão social na recentemente aparece como uma questão social na América Latina. América Latina.

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America Latina, proteção social America Latina, proteção social e pobreza.e pobreza.

O processo de reestruturação da O processo de reestruturação da Seguridade, acentuando sua dimensão de Seguridade, acentuando sua dimensão de direito social, tem início na década de 80 e direito social, tem início na década de 80 e se aprofunda nos 90. O conjunto do sistema se aprofunda nos 90. O conjunto do sistema de seguridade social – previdência, saúde de seguridade social – previdência, saúde pública e assistência – se torna foco pública e assistência – se torna foco prioritário das reformas estruturais. Ocorrem prioritário das reformas estruturais. Ocorrem algumas inovações no plano institucional – algumas inovações no plano institucional – notadamente a territorialização das políticas notadamente a territorialização das políticas e programas, como resultado da e programas, como resultado da descentralização das competências do descentralização das competências do Estado em matéria de assistência Estado em matéria de assistência

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America Latina, proteção social America Latina, proteção social e pobreza.e pobreza.

Entretanto, com a crise dos 90, afirma Mesa-LagoEntretanto, com a crise dos 90, afirma Mesa-Lago[1][1], as políticas assistenciais tradicionais, são ainda , as políticas assistenciais tradicionais, são ainda mais penalizadas e passam a se restringir à mais penalizadas e passam a se restringir à implementação de uma rede mínima de proteção implementação de uma rede mínima de proteção social (RMPS) cujo objetivo não é vencer a pobreza, social (RMPS) cujo objetivo não é vencer a pobreza, mas assegurar um patamar mínimo de reprodução mas assegurar um patamar mínimo de reprodução social que atenue os efeitos devastadores das social que atenue os efeitos devastadores das políticas de ajuste. políticas de ajuste.

[1][1] Mesa-Lago C. (2000). Desarollo social, reforma Mesa-Lago C. (2000). Desarollo social, reforma del estado y de la seguridad social, al umbral del del estado y de la seguridad social, al umbral del siglo XXI, Series Politicas Sociais, Santiago do Chile : siglo XXI, Series Politicas Sociais, Santiago do Chile : CEPAL. CEPAL.

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America Latina, proteção social America Latina, proteção social e pobreza.e pobreza.

Na visão de Lo Vuolo et alii, esse novo modelo de Na visão de Lo Vuolo et alii, esse novo modelo de política assistencial pode ser denominado de política assistencial pode ser denominado de « assistencialista focalizado » – novas modalidades de « assistencialista focalizado » – novas modalidades de proteção social especificadas segundo o tipo e o grau proteção social especificadas segundo o tipo e o grau de vulnerabilidade do público-alvo, em oposição aos de vulnerabilidade do público-alvo, em oposição aos princípios universalistas. « Todos esses fatores princípios universalistas. « Todos esses fatores contribuem para consolidar um contribuem para consolidar um modo demodo de regulação regulação estática da pobrezaestática da pobreza, que se preocupa mais em , que se preocupa mais em preservar a situação da população beneficiada, do que preservar a situação da população beneficiada, do que propriamente em tirar os pobres dessa situação »propriamente em tirar os pobres dessa situação »

Esse modo de regulação limita-se à administração das Esse modo de regulação limita-se à administração das políticas dirigidas aos pobres, indevidamente políticas dirigidas aos pobres, indevidamente denominadas, como no caso das políticas comandadas denominadas, como no caso das políticas comandadas pelo BID e BIRD, de políticas de proteção social aos pelo BID e BIRD, de políticas de proteção social aos pobres. Dito de outra maneira, nesta perspectiva , é pobres. Dito de outra maneira, nesta perspectiva , é como se a própria proteção social fosse uma política como se a própria proteção social fosse uma política focalizada, limitada aos mais pobres.focalizada, limitada aos mais pobres.

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America Latina, proteção social America Latina, proteção social e pobreza.e pobreza.

Seguindo a filosofia dos programas de Seguindo a filosofia dos programas de safety netssafety nets implementados em todo o mundo em desenvolvimento pelo implementados em todo o mundo em desenvolvimento pelo Banco Mundial, com o apoio de outras instituições Banco Mundial, com o apoio de outras instituições internacionais, a grande maioria dos países do continente internacionais, a grande maioria dos países do continente se alinha a esse tipo de intervenção focalizada e de caráter se alinha a esse tipo de intervenção focalizada e de caráter temporário, cujos benefícios são condicionados à temporário, cujos benefícios são condicionados à comprovação de renda. Nas suas 3 vertentes– programas comprovação de renda. Nas suas 3 vertentes– programas de ação social (PAS), fundos de emergência social (FES) ou de ação social (PAS), fundos de emergência social (FES) ou fundos de investimento social (FIS) – as redes mínimas de fundos de investimento social (FIS) – as redes mínimas de proteção social majoritariamente financiadas com recursos proteção social majoritariamente financiadas com recursos externos, à exceção do México, não acusaram um externos, à exceção do México, não acusaram um desempenho satisfatório no combate à pobreza, desempenho satisfatório no combate à pobreza, apresentando problemas de focalização e falta de apresentando problemas de focalização e falta de sustentabilidade, de forma não articulada à reforma da sustentabilidade, de forma não articulada à reforma da seguridade social, notadamente na sua dimensão seguridade social, notadamente na sua dimensão assistencialassistencial

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America Latina, proteção social America Latina, proteção social e pobrezae pobreza

Em países muito miseráveis, a distinção entre Em países muito miseráveis, a distinção entre políticas mínimas de bem estar e políticas políticas mínimas de bem estar e políticas focalizadas pode não ser significativa, assim como focalizadas pode não ser significativa, assim como a definição de pacotes mínimos, de bens serviços a definição de pacotes mínimos, de bens serviços e recursos em geral dirigidos à imensa maioria de e recursos em geral dirigidos à imensa maioria de destituídos. Neste caso, a ajuda humanitária, a destituídos. Neste caso, a ajuda humanitária, a proteção social e o assistencialismo se confundem. proteção social e o assistencialismo se confundem. Mas o mesmo não ocorre em países marcados pela Mas o mesmo não ocorre em países marcados pela desigualdade como raiz do problema, como é o desigualdade como raiz do problema, como é o caso do Brasil. Aceitar a idéia de pacotes mínimos caso do Brasil. Aceitar a idéia de pacotes mínimos abala os alicerces do processo de acumulação do abala os alicerces do processo de acumulação do capital social, na medida em que desolidariza os capital social, na medida em que desolidariza os cidadãos mais integrados, da luta pela qualidade e cidadãos mais integrados, da luta pela qualidade e pela densidade da política de proteção social, pela densidade da política de proteção social,

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ConclusõesConclusões

Grande parte do mundo é hoje dominada Grande parte do mundo é hoje dominada pela exacerbação de situações extremas pela exacerbação de situações extremas de poder, desigualdade, injustiça e por de poder, desigualdade, injustiça e por um conjunto de problemas de um conjunto de problemas de desenvolvimento que incluem conflitos, desenvolvimento que incluem conflitos, insegurança, dívidas, desequilíbrio das insegurança, dívidas, desequilíbrio das trocas comerciais e financeiras e abuso trocas comerciais e financeiras e abuso de poder econômico por parte das de poder econômico por parte das empresas. empresas.

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ConclusõesConclusões

Para os excluídos, para os náufragos do desenvolvimento, só se Para os excluídos, para os náufragos do desenvolvimento, só se pode falar de uma espécie de síntese entre a tradição perdida e a pode falar de uma espécie de síntese entre a tradição perdida e a modernidade inacessível. Fórmula paradoxal que resume bem o modernidade inacessível. Fórmula paradoxal que resume bem o duplo desafio. Pode-se apostar em toda a riqueza da invenção duplo desafio. Pode-se apostar em toda a riqueza da invenção social para destacar dele a um só tempo a criatividade e a social para destacar dele a um só tempo a criatividade e a engenhosidade liberadas do jugo economicista e engenhosidade liberadas do jugo economicista e desenvolvimentista. desenvolvimentista.

O pós-desenvolvimento, por outro lado, é necessariamente plural. O pós-desenvolvimento, por outro lado, é necessariamente plural. Trata-se da pesquisa de modos de desenvolvimento coletivo nos Trata-se da pesquisa de modos de desenvolvimento coletivo nos quais não seria visto como privilégio o atual bem-estar material quais não seria visto como privilégio o atual bem-estar material destruidor do meio ambiente e do laço social.destruidor do meio ambiente e do laço social.

O importante é juntar elementos para a empreitada de destruição O importante é juntar elementos para a empreitada de destruição do que se perpetua sob a bandeira do desenvolvimento ou da do que se perpetua sob a bandeira do desenvolvimento ou da globalização, trazendo a esperança de um pós-desenvolvimento globalização, trazendo a esperança de um pós-desenvolvimento

Nós, na América Latina, não estamos tão malNós, na América Latina, não estamos tão mal Crítica e superação, nos governos e nas instituições da regiãoCrítica e superação, nos governos e nas instituições da região Avanço comunitário, nas formas de dar voz à exclusão e legitimar Avanço comunitário, nas formas de dar voz à exclusão e legitimar

políticas dissonantes do contexto global.políticas dissonantes do contexto global.