reformador agosto 2009 - a bernardo - sou leitor espírita · mensagem aos trabalhadores espíritas...

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 127 / Agosto, 2009 / N o 2.165

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Mensagem aos trabalhadores espíritas

Presença de Chico Xavier

“Projeto Centenário de Chico Xavier” lançado no Brasil e

Exterior

Entrevista: Manuel Felipe Menezes da Silva Júnior

O Espiritismo na Amazônia

Esflorando o Evangelho

Reuniões cristãs – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Saudação de Renato Corsetti à Associação Brasileira dos

Esperantistas-Espíritas – Affonso Soares

Falando de Livro

Diálogo com as sombras – Teoria e prática

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Centro

Seara Espírita

O testemunho da verdade – Juvanir Borges de Souza

Trajetória desafiadora – Bezerra de Menezes

Mortes prematuras – Richard Simonetti

A miséria e a opulência – Mauro Paiva Fonseca

Pressentimentos (Capa) – Christiano Torchi

Mensagem para os enfermos do corpo, da mente

e da alma – Ruy Gibim

1869 – Os primeiros meses sem Allan Kardec –

Adilton Pugliese

USE realiza Congresso Estadual

Em dia com o Espiritismo – Carbono: elemento-chave

da Vida na Terra – Marta Antunes Moura

A oração – Amaral Ornellas

Bezerra de Menezes – Um historiador na Corte

de D. Pedro II – Luciano Klein Filho

Retorno à Pátria Espiritual – Ruth Thiesen

A estrada da vida – Lucy Dias Ramos

O primeiro – Therezinha Radetic

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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4 Reformador • Agosto 2009228822

eformador deste mês (p. 8) traz uma nova mensagem de Bezerra de Mene-zes, recebida por Divaldo Pereira Franco no encerramento do Curso deCapacitação de Trabalhadores Espíritas, realizado pelo Conselho Espírita

Internacional, em Liège, Bélgica.

Por esta mensagem, Bezerra de Menezes destaca que as atividades em favor dadifusão da Doutrina Espírita refletem a trajetória desafiadora vivenciada, também,pelos primeiros cristãos, e que não se devem estranhar as dificuldades e os desafiosencontrados nesse trabalho.

Para o trabalhador espírita, que diuturnamente desempenha as suas atividadesde estudo, divulgação e prática da Doutrina Espírita, enfrentando desafios diversoscaracterizados, muitas vezes, por críticas contumazes, obstáculos contundentes,desentendimentos entre companheiros e desinteresse na correta execução da tare-fa, as palavras de Bezerra de Menezes surgem como bálsamo consolador, aliviandodores, cicatrizando feridas e estimulando a perseverança nesse nobre serviço.

É comum, no desempenho desse trabalho, o servidor espírita sentir-se só, comdificuldade para encontrar com quem compartilhar suas dúvidas, seus problemas esuas inquietações. Nesse sentido, a referida mensagem mostra que ninguém estáisolado, e os Espíritos Superiores, que orientam e sustentam o trabalho de difusãoespírita, acompanham, inspiram e amparam aqueles que servem com dedicação,sem interferir na sua ação pessoal, permitindo ao trabalhador que assim se empe-nha criar os créditos naturais decorrentes do seu devotamento.

Todavia, poderemos atenuar as dificuldades oriundas desse trabalho. Para isto, éfundamental que, especialmente nessas atividades, coloquemos em prática a cari-dade no seu sentido mais abrangente e profundo: “Benevolência para com todos,indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.1 A prática dacaridade, tal como ensina a Doutrina Espírita, é sempre um escudo que aProvidência Divina oferece para conter os impactos das adversidades.

Estaremos, assim, atendendo à exortação de O Espírito de Verdade aos servido-res espíritas: Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamosos nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, por-quanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubes-tes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viessedano para a obra!”.2

R

Mensagem aostrabalhadores espíritas

Editorial

1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Q. 886. Ed. FEB.2 Idem. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. 20, item 5. Ed. FEB.

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ssas palavras de Jesus, re-gistradas no Evangelho deJoão, são parte do diálogo

do Mestre com Pilatos, o gover-nador romano que quis ouviraquele que era perseguido pelosdetentores do poder religioso, osquais prenderam e tudo fizerampara o condenar à morte na cruzinfamante.

A fraqueza do representante dopoder romano ficou evidenciadapor não ter encontrado nenhumatransgressão de parte do acusado,conforme declarou, e, mesmo as-

sim, cedeu às acusações infunda-das dos perseguidores fanáticos,que demonstraram sua profundaignorância, diante não só de suaspróprias crenças, mas tambémperante um ser superior que vieraa este mundo, então mais atrasa-do que na atualidade, “para dartestemunho da verdade”.

O Mestre sabia perfeitamenteda profunda ignorância daquelesque já haviam sido beneficiadospela revelação mosaica, pela pre-sença de diversos profetas, pela li-bertação da escravidão no Egito e

pelo encontro da terra prometida,que já habitavam há séculos.

Pela palavra do Mestre, suaexcepcional missão, que abran-ge inúmeros aspectos da vida detodos os habitantes da Terra, tan-to dos que aqui viveram antes desua vinda, quanto dos que renas-ceriam após sua presença entreos homens, foi por Ele resumidanuma afirmação, que encerra asmais vastas consequências paraa renovação deste mundo e de

todos os homens queo habitam.

O testemunhoda verdade

E

“Não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade.” (João, 18:37.)

JU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

5Agosto 2009 • Reformador 228833

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“Dar testemunho da verdade”corresponde à reafirmação de umser superior, o Governador espiri-tual da Terra, de que seus habitan-tes de todos os tempos necessitamretificar inúmeras concepções,crenças, ideias, sentimentos e tu-do mais que constitui a vida emum mundo inferior, ajustando-osà realidade e à verdade.

Sua missão foi a continuaçãodos esforços que já vinham sendofeitos por outros missionários aseu serviço, desde tempos imemo-riais, para que os habitantes desteorbe alcançassem melhores está-gios evolutivos.

Na época em que o Mestre re-solveu estar presente entre seus ir-mãos menores, após a anunciaçãode sua vinda pelos profetas, comcerca de oito séculos de antece-dência, a Humanidade, muitoatrasada em suas ideias e crenças,era dominada pelo politeísmomultiforme e por costumes varia-dos, com a predominância da for-ça entre os povos, como é prova odomínio do Império Romano so-bre grande parte das nações.

Vindo no seio do povo judeu, oúnico que acreditava na existên-cia de um só Deus, mesmo assimteve de enfrentar a profunda igno-rância dos mandatários dos pode-res temporal e religioso.

Sua luta foi constante e poucosforam os que compreenderam suamissão, seus ensinos superiores eseus exemplos.

Procurou entre as pessoas sim-ples e sinceras aqueles que se tor-naram seus discípulos e continua-dores de sua obra excepcional.

O testemunho da verdade, aque se referia o Mestre, era o cum-primento das leis de Deus, que osjudeus já conheciam através dasrevelações recebidas por Moisés,mas que nem o povo hebreu e mui-to menos os demais habitantes domundo de então, com suas crençaspoliteístas e pagãs, conseguiam en-tender no seu real sentido.

A base para o início do enten-dimento da lei suprema estavanos deveres e no amor para com oCriador, o Deus único, e para como próximo.

Jesus a formulou sinteticamen-te, de forma simples, para ser en-tendida sem a menor dificuldadenaquela época, nos dias atuais eno futuro:

6 Reformador • Agosto 2009 228844

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“Amar a Deus sobre todas ascoisas e ao próximo como a simesmo”. (Mateus, 22:37-39.)

A autoridade e a sabedoria doMestre ressaltam, ao formular esseensinamento para a Humanidadede todos os tempos, uma lei supre-ma, ao mesmo tempo geral, inte-ligível, simples, profunda e aplicá-vel a todas as criaturas.

A essa síntese admirável Jesusacrescenta que nela estão toda alei e os profetas, antecipando futu-ros enganos interpretativos, práti-cas exteriores e deformações que,mesmo dentro do Cristianismo,foram inevitáveis, pelo atrasodos homens.

Em outra oportunidade, Jesusdeixou claro que as leis divinasdevem ser cumpridas integral-mente, em toda parte e em toda asua pureza.

Por isso, podemos compreenderque mundos atrasados, como o nos-so, habitado por populações mui-to diversificadas em suas crenças,conhecimentos e, sobretudo, nodesconhecimento da vida e da ver-dade, evoluem tão lentamente.

É que as leis divinas não sãoprivilégio das minorias que as co-nhecem e as praticam, mas preci-sam ser entendidas e cumpridaspor toda a população de determi-nado mundo, para que todos pos-sam evoluir.

Daí a existência de diferentesesferas, tanto materiais quantoespirituais, num mesmo mundocomo a Terra.

Foi o próprio Cristo que de-clarou:

“O céu e a Terra não passarãosem que tudo esteja cumprido atéo último iota”. (Mateus, 5:28.)

Podemos deduzir dessas pala-vras que é um erro grave a faltade compreensão e de solidarie-dade entre os indivíduos, assimcomo entre os povos e nações, emdiferentes condições de adianta-mento, de conhecimentos, de ri-queza e de pobreza, todos viven-do em um mesmo mundo, o quenão impede o progresso indivi-dual e coletivo.

Daí a dedução lógica de que omundo regenerado só será alcan-çado quando as leis divinas fo-rem conhecidas e praticadas pelagrande maioria da população pla-netária, exceção feita a uma pe-quena minoria de Espíritos rebel-des, que serão encaminhados a ou-tro mundo condizente com suascondições evolutivas.

A presença do Consolador nomundo já é indício de nova orien-tação e compreensão sobre a verda-de e a vida, como o foi a vinda doCristo, há cerca de dois mil anos.

Vivemos tempos novos em queos ensinos e os exemplos do Gover-nador espiritual deste orbe preci-sam ser entendidos e vivenciadosem seu verdadeiro sentido.

As ciências e as religiões, em vezde se complementarem e se enten-derem reciprocamente, em geral serepelem, impulsionadas pelos pre-juízos do materialismo multifário,de um lado, e por crenças e inter-pretações distorcidas, de outro.

Agora, com o avanço dos co-nhecimentos das leis universais,

dos mundos e das esferas espiri-tuais, que os colocam em relacio-namento com o mundo materialem que vivemos, um novo enten-dimento, uma nova luz é percebi-da, aproximando a fé e a razão efortalecendo a ambas.

Cumpre restabelecer a verdadei-ra doutrina do Cristo, cujos prin-cípios essenciais encontram-se emseu Evangelho e foram profunda-mente alterados pelo entendimen-to infeliz dos homens e por inte-resses imediatistas, com a criaçãode um Cristianismo dogmatizado,em que o culto exterior quase sem-pre abafa a fé verdadeira.

Para Jesus, uma só palavra po-deria resumir toda a filosofia e to-das as religiões: o Amor

Tudo se resume no amor a Deussobre todas as coisas e no amor aopróximo como a si mesmo.

O Espiritismo, o Consoladorprometido, vem para restabelecero entendimento de tudo o que en-sinara o Mestre, sem as distorçõesinterpretativas, além de nos trazero conhecimento de coisas novas,mostrando-nos forças e inteligên-cias atuantes na Natureza e dandooutra compreensão da vida, atra-vés da fenomenologia espiritual.

Essas novas percepções do Espí-rito imortal, que tanto pode estarlivre da matéria, nas esferas espiri-tuais, como renascer múltiplas ve-zes, ligado a um corpo especial, ma-terial, que lhe permite novas expe-riências e adiantamentos, é outroângulo da realidade,da qual o Mestrecontinua dando testemunho a to-dos aqueles que despertam para oconhecimento da verdade.

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8 Reformador • Agosto 2009228866

Filhos da Alma:

Que Jesus nos abençoe.

epetimos a trajetória doCristianismo primitivo. Osolo que espera ensemen-

tação ainda necessita de adubo ede arroteamento.

Não estranhemos as dificulda-des e os desafios.

Jesus, que representa a estrelade primeira grandeza da Terra, nãotransitou por estradas asfaltadas,nem sorveu o precioso licor daamizade e do respeito. Sofreu per-seguições sem nome, vivendo tes-temunhos indescritíveis.

Por isso, Ele nos disse: No mundosomente tereis aflições. [João, 16:33.]

Que sejamos afligidos, mas quenão nos tornemos afligentes, im-pondo-nos a carga dos testemu-nhos, que conduzamos com ele-vação ao calvário libertador.

Vendo-vos, filhos da alma, reen-cetando a jornada que ficou in-

terrompida no passado, em facedo desequilíbrio e das lamentáveisposturas humanas, alegramo-nos,porque palmilhais a estrada da re-denção com entusiasmo, com amor.

Vivei o Evangelho conforme ainterpretação da Doutrina Espírita,e exultai.

Vossas dores são nossas dores,vossas ansiedades e sofrimentos ín-timos são nossos, meus filhos.

Jesus compartilha, antecipandoas inefáveis alegrias do amanhã dito-so, após vencido o portal do túmulo.

Avançai, seareiros da luz!Nada vos impeça a glorificação

do ideal que vibra e que se expan-de através de vós.

Jesus nos espera, avancemos.

Amigo Jesus:

Tu que és o companheiro daque-les que não têm companheiros, queés o médico dos excluídos da socie-dade terrena, enfermos da alma e

do corpo, que és o guia do planetaterrestre, que foi atirado no étercósmico sob Teu comando, recebe anossa gratidão por estes dias de jú-bilos e de reflexões.

Aceita a pobreza em que nos en-contramos, aguardando a fortunaque ofereces aos que Te servem.

Agradecidos, Senhor, rogamos quenos abençoes e aos irmãos e amigos deretorno às suas tarefas, para que se-jam fiéis até o momento da libertação.

Muita paz, meus amigos.Com o carinho dos Espíritos-

-espíritas aqui presentes, o amigopaternal e humílimo de sempre.

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida por Di-

valdo Pereira Franco, no encerramento do

Curso promovido pelo Conselho Espírita

Internacional (CEI), em Liège, Bélgica, no

dia 7 de junho de 2009, em seguida à 13ª

Reunião Ordinária do CEI.)

Trajetóriadesafiadora

R

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uando a morte ceifa nas vos-sas famílias, arrebatando, semrestrições, os mais moços an-

tes dos velhos, costumais dizer: Deusnão é justo, pois sacrifica um que es-tá forte e tem grande futuro e con-serva os que já viveram longos anoscheios de decepções; pois leva os quesão úteis e deixa os que para nadamais servem; pois despedaça o coraçãode uma mãe, privando-a da inocentecriatura que era toda a sua alegria.

Humanos, é nesse ponto que pre-cisais elevar-vos acima do terra-a--terra da vida, para compreenderdesque o bem, muitas vezes, está ondejulgais ver o mal, a sábia previdênciaonde pensais divisar a cega fatali-dade do destino. Por que haveis deavaliar a justiça divina pela vossa?Podeis supor que o Senhor dos mun-dos se aplique, por mero capricho, avos infligir penas cruéis? Nada se fazsem um fim inteligente e, seja o quefor que aconteça, tudo tem a sua ra-zão de ser. Se perscrutásseis melhortodas as dores que vos advêm, nelasencontraríeis sempre a razão divina,razão regeneradora, e os vossos mi-seráveis interesses se tornariam detão secundária consideração, que osatiraríeis para o último plano.

Temos aqui o início de umamanifestação do Espírito Sanson,

recebida na Sociedade de EstudosEspíritas de Paris, presidida porAllan Kardec. Consta do capítuloV, item 21, de O Evangelho segun-do o Espiritismo, sob o subtítulo“Perda de pessoas amadas. Mor-tes prematuras”.

Se estabelecêssemos uma gra-dação para as dores morais queafligem os seres humanos, certa-mente a mais intensa, mais angus-tiante, seria a da mãe que vê umfilho partir prematuramente, nosverdes anos da infância, no desper-tar da adolescência, no entusiasmoda juventude.

O grande lenitivo está na fé,concebendo o elementar: Deussabe o que faz. Significativo exem-plo está na famosa expressão deJó, o patriarca judeu, que apósmorrerem não um, mas todos osseus filhos, sete varões e três mu-lheres, e perder todos os seus ha-veres, ele, que era muito rico, pro-clamou, convicto (Jó, 1-21):

Deus deu, Deus tirou! Benditoseja o seu santo nome.

O problema é que raros têm félegítima.

Cultivam precária confiança,que não resiste aos embates daadversidade.

Por isso, muitas mães, debruça-das sobre o esquife de um filhoque resumia suas alegrias e espe-ranças, indagam angustiadas:

– Por que, Senhor? Por que fezisso comigo? O que fiz para mere-cer esse castigo?!

Esse questionamento não é bom,porquanto conduz facilmente aodesespero e à revolta, que apenasmultiplicam angústias, sem chan-ce para a consolação.

A vida torna-se um fardo mui-to pesado quando nos debatemosante o inexorável.

Matematicamente falando, acres-centamos dores à alma, quandosubtraímos a fé.

Um confrade, espírita da velhaguarda, homem lúcido e inteli-gente, costumava dizer:

– É preciso ter sempre um péatrás, não apenas em relação ànossa morte, mas, também, quan-to à morte de um ente querido,particularmente um filho.

Parecia adivinhar que seria cha-mado a esse testemunho, porquan-to um filho, jovem inteligente e em-preendedor, com brilhante futuropela frente, faleceu repentinamente.

E o nosso companheiro deu tes-temunho de que estava preparado,

Mortes prematuras

QRI C H A R D SI M O N E T T I

9Agosto 2009 • Reformador 228877

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tanto ele quanto a esposa, com-portando-se com muita serenida-de e equilíbrio, a imitar o exem-plo de Jó.

Esse pé atrás na vida, para nãose desequilibrar diante da morte,equivale a fortalecer a nossa fé,transcendendo a mera crença como conhecimento da realidade.

É importante conceber que Deusexiste; que seus desígnios são sá-bios e justos; que Ele trabalha sem-pre pelo nosso bem, mesmo quan-do males aconteçam; que seu olharmisericordioso está sobre nós.

Nem sempre, porém, será obastante.

Para que a nossa fé ultrapasseos limites da mera crença, adqui-rindo consistência para resistir aosembates da vida, é fundamentalque se estribe no conhecimento.

Em relação às mortes prematu-ras, somente a Doutrina Espírita,a nos oferecer uma visão objetiva domundo espiritual, pode nos con-solar de forma perfeita, sem dúvi-das, sem vacilações, mostrando-nospor que ocorrem.

À luz abençoada da DoutrinaEspírita, podemos considerar o as-sunto em vários aspectos:

Aborto.Por que mulheres que anseiam

pela maternidade experimentamsucessivas frustrações?

Geralmente estamos diante de problemas cármicos, a partir decomprometimentos em existênciasanteriores.

A causa – quem diria! – é omesmo aborto.

Não o espontâneo, mas o in-duzido.

A mulher que se recusa ao com-promisso da maternidade, expul-sando o filho que estagia em seucorpo, às portas da reencarnação,comete uma autoagressão. Produzdesajustes em seu perispírito, o cor-po espiritual, em área correspon-dente à natureza de seu delito.

Em vida futura, mais amadure-cida, a ansiar pela maternidade,terá problemas. Grávida, não con-seguirá segurar a gestação do filhoque anseia, na mesma proporçãoem que expulsou, outrora, filhosde seu seio.

O problema pode estar, tam-bém, no reencarnante.

Se foi um suicida, traz sérioscomprometimentos perispirituaisque poderão repercutir no corpoem formação, a promover o aborto.

Fracassos sucessivos, tanto dagestante quanto do reencarnante,os ensinarão a valorizar e respei-tar a vida.

Infância.Às vezes consuma-se a reencar-

nação, não obstante os problemasdo Espírito de passado compro-metedor, mas de forma precária.Vulnerável a males variados, emface da debilidade orgânica, logoretornará à Espiritualidade.

André Luiz reporta-se a um sui-cida, que se matou ingerindo vene-no, no livro Entre a Terra e o Céu,psicografia de Francisco CândidoXavier.

Em nova existência, saúde frá-gil, desencarnou aos sete anos.

10 Reformador • Agosto 2009 228888

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Um mentor espiritual explicouque aquela breve experiência nacarne fora sumamente útil ao Es-pírito, livrando-o de parte de seusdesajustes, e que ele deveria reen-carnar em breve, na mesma famí-lia, já em melhores condições.

A morte prematura pode ser,também, um convite ao cultivo devalores espirituais.

No livro Atravessando a Rua, co-mento a experiência de um casalque reencarnou com a tarefa decuidar de crianças, numa institui-ção assistencial. No entanto, en-volvidos pelos interesses imedia-tistas, ambos andavam distraídosde sua missão.

Então, um mentor espiritual queos assistia, preocupado com suadeserção, reencarnou como seu fi-lho. Foi aquela criança maravilhosa,inteligente, sensível, que faz a feli-cidade dos pais, que passam a gra-vitar em torno dela.

Consumando a intenção dedespertar os pais, ele desencarnouna infância, deixando-os desola-dos, desiludidos, deprimidos.

Encontraram lenitivo a partirdo momento em que se entrega-ram de corpo e alma a criançasnum orfanato, exatamente comofora planejado.

O mentor viera apenas paraajudá-los a corrigir o desvio derota.

Fica a pergunta, amigo leitor:O que acontece com o Espírito

na morte prematura?

Normalmente, um retorno tran-quilo.

O que dificulta nossa readap-tação à pátria espiritual é o ape-go à vida física, os comprometi-mentos com a ambição, as pai-xões, os vícios...

O Espírito literalmente entra-nha-se na vida física, o que lhe im-põe sérias dificuldades, até mesmopara perceber sua nova condição.

Já o jovem nem sempre tem es-ses comprometimentos.

É alguém que desperta para avida, que ainda não se envolveu.Será logo acolhido e amparadopelos mentores espirituais, por fa-miliares desencarnados.

O grande problema dos quepartem nessa condição é a reaçãodos que ficam.

Desespero, revolta, rebeldia sãofocos pestilentos de vibrações de-sajustadas, que atingem em cheioo passageiro da Eternidade, cau-sando-lhe aflições e desajustes, jáque nos primeiros tempos de vidaespiritual tende a permanecer li-gado psiquicamente à família.

E o que é pior – na medida emque os familiares insistem nas lem-branças, quando a desencarnaçãoocorreu em circunstâncias trágicas,induzem o Espírito a reviver, emtormento, todas aquelas emoções.

Há uma mensagem famosa deuma jovem que desencarnou noincêndio do Edifício Joelma, psi-cografada por Francisco CândidoXavier, dirigida à sua mãe.

Após dizer-lhe que fora muitobem amparada e que sua morte

atendera a compromissos cármicos,pediu à mãe que não ficasse recor-dando do incêndio nem a con-templasse, na tela de sua mente,morrendo queimada.

– Cada vez que a senhora me vêassim, é assim que me sinto.

O final da mensagem de San-son é bastante significativo e devemerecer nossa reflexão:

Em vez de vos queixardes, rego-zijai-vos quando praz a Deus retirardeste vale de misérias um de seus fi-lhos. Não será egoístico desejardesque ele aí continuasse para sofrerconvosco? Ah! essa dor se concebenaquele que carece de fé e que vê namorte uma separação eterna. Vós,espíritas, porém, sabeis que a almavive melhor quando desembaraçadado seu invólucro corpóreo. Mães,sabei que vossos filhos bem-amadosestão perto de vós; sim, estão muitoperto; seus corpos fluídicos vos en-volvem, seus pensamentos vos prote-gem, a lembrança que deles guardaisos transporta de alegria, mas tam-bém as vossas dores desarrazoadasos afligem, porque denotam faltade fé e exprimem uma revolta con-tra a vontade de Deus.

Vós, que compreendeis a vida es-piritual, escutai as pulsações do vos-so coração a chamar esses entes bem--amados e, se pedirdes a Deus queos abençoe, em vós sentireis fortesconsolações, dessas que secam as lá-grimas; sentireis aspirações gran-diosas que vos mostrarão o porvirque o soberano Senhor prometeu.(Op. cit., cap. V, item 21.)

11Agosto 2009 • Reformador 228899

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O primeiro lançamento do “Projeto Centenário deChico Xavier” ocorreu na abertura da Reunião daComissão Regional Nordeste do Conselho FederativoNacional da FEB, seguindo-se nas Regiões: Sul –Curitiba (PR), abril; Centro – Brasília (DF), maio; eNorte – Boa Vista (RR), junho. Em todos os eventoshouve farta distribuição de material de divulgação.

Conforme decisão da Reunião do CFN, em novembrode 2008,o objetivo deste Projeto é enfatizar a obra de Chi-co Xavier e contribuir com a memória de sua atuação.

No âmbito internacional, o Centenário de ChicoXavier vem sendo preparado e divulgado pelo Conse-lho Espírita Internacional (CEI). Já foi aprovada a re-comendação para que as instituições que representamos países no CEI divulguem a obrapsicográfica de Chico Xavier ao lon-go do ano de 2010; e que no 6o Con-gresso Espírita Mundial, programa-do para Valencia (Espanha), em ou-tubro de 2010, sejam tratados temasalusivos à obra psicográfica de ChicoXavier. O CEI tem divulgado as obraspsicografadas por Chico Xavier, desua edição (espanhol, francês, inglês,alemão e russo), durante as maioresFeiras do Livro do mundo deste ano:Paris (março), Buenos Aires (abril),New York (maio) e se programa pa-ra Frankfurt (outubro). A Editora doConselho Espírita Internacional(EDICEI) já dispõe de 90 livros pu-blicados em vários idiomas.

Preparativos para o 3o Congresso Espírita Brasileiro

Entre as ações do citado Projeto já foram iniciadosos preparativos para se realizar o 3o Congresso Espí-rita Brasileiro, em Brasília, dias 16, 17 e 18 de abril de2010. O evento terá como tema central “Chico Xa-vier: Mediunidade e Caridade com Jesus e Kardec”, eserá promovido e realizado pela Federação EspíritaBrasileira.

Objetivos do Congresso: dar foco nas obras deChico Xavier; destacar a influência da obra psico-gráfica de Chico Xavier no Movimento EspíritaBrasileiro e no Mundo; destacar as obras de Em-

manuel e de André Luiz; destacaro exemplo de vida de Chico Xa-vier; respeitar o direito à privaci-dade pessoal e espiritual de ChicoXavier.

As inscrições para o 3o Congres-so Espírita Brasileiro encontram--se abertas e são realizadas exclu-sivamente pela página eletrônica:< w w w. 1 0 0 a n o s c h i c ox a v i e r.com.br>.

Para mais informações: <www.100anoschicoxavier.com.br>;<[email protected]>;<[email protected]>; <[email protected]>.

Telefones: (61) 2101-6156/6188//6175.

12 Reformador • Agosto 2009 229900

Presença de Chico Xavier

“Projeto Centenário de

Brasil e ExteriorChico Xavier” lançado no

Cartaz de divulgação do3º Congresso Espírita Brasileir0

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Reformador: Como você avalia odesenvolvimento do MovimentoEspírita na Região Norte?Felipe: Desde 1989, quando par-ticipamos pela primeira vez emComissões Regionais na Amazônia,observamos um crescimento doMovimento Espírita em progressãogeométrica. Com o advento daCaravana da Fraternidade, em 1950,

e, na década de 70, com a atuaçãode José Jorge, sempre houve o estí-mulo para a fundação de Federati-vas nos Estados onde não existiam,ocorrendo um grande avanço, nãosó no sentido quantitativo, mas, so-bretudo, no qualitativo. Nesse passo,a criação dos Encontros dos Con-selhos Zonais, depois transforma-dos em Reuniões das Comissões Re-gionais do CFN, desempenhou um

papel preponderante nesse aper-feiçoamento, pela possibili-dade de troca de experiênciasexitosas. Também não pode-ríamos deixar de destacaro papel de Nestor João Ma-sotti, que foi o organizador ecoordenador das ComissõesRegionais por mais de umadécada, sempre apoiando asFederativas com sua expe-riência e ponderação. Hoje,constatamos um avanço nadivulgação da Doutrina emterras amazônicas e um cres-

cimento exponencial no núme-ro de casas espíritas nas capitais,

nas comunidades ribeirinhas e em

plena floresta densa. Não podemosesquecer também do apoio da Cru-zada dos Militares Espíritas na ex-pansão de nosso Movimento.

Reformador: Há algumas dificul-dades, típicas da Região Amazôni-ca, para acesso e comunicação comas instituições?Felipe: A maior dificuldade, que oamazônida encara como desafio,é a estupenda distância a ser enfren-tada nos deslocamentos. Existemmunicípios cujo acesso só pode serfeito por barco, em viagens quepodem durar mais de um dia. Hálocais, distantes mais de mil quilô-metros, sem energia elétrica, ondese lê à luz de velas, em que não háInternet, televisão, telefone fixo oucelular, enfim, onde irmãos brasi-leiros estão totalmente isolados domundo e da informação. Há notí-cias de onças rondando o CentroEspírita enquanto se estuda Kardec.É uma verdadeira aventura levar aDoutrina a esses rincões, porém,a satisfação íntima resultante datarefa é indescritível.

13Agosto 2009 • Reformador 229911

MA N U E L FE L I P E ME N E Z E S DA SI LVA JR.Entrevista

O Espiritismona Amazônia

O secretário da Comissão Regional Norte do CFN, Manuel Felipe Menezes da Silva Júnior,

comenta sobre o Movimento Espírita naquela Região

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Reformador: E o interesse pelamensagem espírita?Felipe: Quanto maior a necessi-dade material e espiritual, maior ointeresse pelo consolo que resultado contato com a Doutrina. NoNorte não é diferente, o interesseé intenso. Assistimos ao crescentenúmero de visitas de companhei-ros divulgadores aos interioresdistantes para palestras e realiza-ção de feiras de livros espíritas.

Reformador:Como se implementam o“Plano de Trabalho” e as Campanhas“Família, Vida e Paz” na Região?Felipe: Com ações, a partir das Fe-derativas Estaduais, que criam co-missões de trabalho para o serviçode interiorização dessas ativida-des. São companheiros valorososque enfrentam as longas e perigo-sas viagens às comunidades e mu-nicípios distantes. São promovi-dos seminários e encontros para arealização do trabalho de unifica-ção do Movimento e união dos es-píritas em torno das diretrizes na-cionais para as ações coordenadas.

Reformador: Qual a sua visão so-bre as reuniões das Comissões Re-gionais do CFN?Felipe: Vemos como um prolon-gamento do próprio CFN. Nessas

Comissões se aprofundam as dis-cussões ali surgidas, formam-se no-vas ideias, trocam-se experiências.Há também uma grande vanta-gem, que é a separação de grupospor área de atuação no Movimento.Os companheiros aprofundam osassuntos específicos com seus pa-res, nas reuniões dos dirigentes edas Áreas da Mediunidade, doServiço de Assistência e Promo-ção Social Espírita, AtendimentoEspiritual, Infância e Juventude,Comunicação Social, e Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espírita,o que possibilita um aprofunda-mento no conhecimento específi-co em suas áreas de atuação. Ostrabalhadores espíritas do localonde as mesmas são realizadas têmoportunidade de conhecer a or-ganização do Movimento, bemcomo ter contato e interagir comos da Federação Espírita Brasilei-ra e coordenadores de Áreas, oque renova suas energias no tra-balho cotidiano.

Reformador: Algum exemplo defuncionamento de Centro Espíritano interior da Amazônia? Felipe: Os centros espíritas do in-terior amazônico caracterizam-sepela simplicidade e pelo contatocom a exuberância da natureza

selvagem. Há casos em que fun-cionam na residência de algumconfrade, outros em que existe sóo telhado de palha e chão de barrobatido. Nós mesmos já proferi-mos palestras em um centro espí-rita que funcionava em pequenasala nos fundos de um restauran-te, medindo nove metros quadra-dos. A plateia era pequena, mas ointeresse era o mesmo ou maiordo que em um Centro da cidadegrande. Em suma, os centros espí-ritas amazônicos são simples e pe-quenos, entretanto, em todos vi-goram o ideal do bem e a presen-ça do Cristo.

Reformador: Como entende o“Projeto Centenário de Chico Xa-vier”?Felipe: Entendemos como eleva-da oportunidade de divulgação daDoutrina Espírita, ancorada na fi-gura ímpar do “Mineiro do Século”,que foi um dos grandes responsá-veis pela propagação do Espiritis-mo no Brasil e no mundo. É tam-bém tributo justo à sua obra e de-dicação ao bem. Nada que fizer-mos pela Doutrina será o bastan-te em face do seu valor para a Hu-manidade. Apesar do Chico nun-ca ter vindo à Amazônia, em pessoa,sua obra inspira a todos nós.

14 Reformador • Agosto 2009 229922

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15Agosto 2009 • Reformador 229933

s desigualdades sociais nascivilizações, através da His-tória, significam, para mui-

tos, uma injustiça de Deus, que pre-tensamente estabelece privilégiospara alguns, em detrimento dosaparentes méritos de outros. Nin-guém é trazido às lides reencarna-tórias na Terra para gozar dos pra-zeres ilícitos oferecidos pela vidamaterial. Nosso planeta é uma esco-la e ao mesmo tempo um cadinhode purificação, onde Espíritos emexperiências sucessivas buscam opróprio aperfeiçoamento atravésdos entrechoques na vida comu-nitária, com vistas à conquista dascondições que lhes assegurem afelicidade, o poder e a liberdade navida eterna, que é a vida espiritual.

A riqueza material é uma dasmais difíceis provas por que pode-rão passar os Espíritos encarnadosna Terra e da qual poucos saem vito-riosos; isto porque a tendência na-tural dos homens é usá-la a serviçode suas paixões, criando confortossofisticados e amealhando haverescada vez em maior quantidade, quelonge de lhe propiciarem a felici-dade desejada, tornam-se motivode preocupações e aflições pela fic-tícia necessidade de preservá-los,constituindo-se em pesado fardo

que, ao final da existência, inexora-velmente ficará aquém-túmulo, jáque não pertencem à vida espiritual.

Falindo pelo egoísmo, vaidadee orgulho em que se deixam mer-gulhar, os homens não aplicam demaneira fraterna e caridosa aque-les valores conquistados e, assim,comprometem-se com a lei do pro-gresso, retardando sobremaneiraa felicidade perene e verdadeira,objetivo real a ser alcançado.

A grande lei, a lei de causa eefeito, preside à vida até nos maisinsignificantes aspectos e detalhes;fomos, somos e seremos regidospela profunda lógica que ela encer-ra e faz com que seja a nossa vida,por toda a eternidade, uma conse-quência de nós mesmos, pelo quepensamos, dizemos e fazemos. Se-rá interessante observarmos queuma das mais importantes carac-terísticas dessa lei é o automatismode sua ação! Uma vez deflagradaa causa, o efeito correspondenteestará determinado e eclodirá nomomento oportuno, quando ascondições eletivas se reunirem paraotimizar a ação útil no caminhoevolutivo da criatura.

O determinismo divino é o bem!Fomos criados pela infinita bonda-de de Deus para o bem! O amor, que

é a sua mais generalizada expres-são, é a única força edificadora daventura em todos os seus múltiplosaspectos. Quando, em decorrênciadas imperfeições que nos caracte-rizam, violamos o determinismodivino, criamos automaticamenteo determinismo humano, ou seja, anecessidade de reparação e resgatecom que restabeleceremos o equi-líbrio interrompido. Este objetivoserá alcançado mediante as reen-carnações sucessivas, em cujo pro-grama preestabelecido inserem-seas necessidades retificadoras.

As considerações aqui estabele-cidas nos auxiliam a compreenderas situações de penúria em que en-carnam alguns irmãos, represen-tados pelos párias, mendigos, fa-mintos, ou por aqueles aos quaisfaltem quaisquer recursos que lhespermitam ganhar o próprio sus-tento com o trabalho honesto ebem remunerado.

Jesus, em seu Evangelho, ofereceaos homens a maneira exata co-mo devem conduzir-se na vida derelação com os semelhantes, todavez que nossa ação envolver os di-reitos e as necessidades daquelesque nos cercam: Nunca façamosa ninguém o que não quisermospara nós mesmos.

A miséria ea opulência

AMAU RO PA I VA FO N S E C A

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16 Reformador • Agosto 2009 229944

onta-se que Francisco deAssis, notável missionáriocristão da Idade Média,

estava tratando de seu jardim,quando um amigo se aproximou,perguntando-lhe: – Francisco, oque você faria se soubesse que iriamorrer hoje? Ao que ele teria res-pondido, com a maior naturalida-de: – Continuaria a fazer o que es-tou fazendo: cuidando do meu jar-dim! Será que nós, diante de umpressentimento sombrio ou dito-so, cultivaríamos a mesma sereni-dade de um Francisco de Assis?

É possível conhecer o futuro?O pressentimento, a premoni-

ção, a precognição, a presciência,o presságio, são diferentes pala-vras utilizadas para designar umsó fenômeno: o conhecimento dofuturo, que repousa sobre “ummesmo princípio: a emancipa-ção da alma, mais ou menos des-prendida da matéria”.1 O conheci-mento do futuro depende da ele-vação dos Espíritos que, muitas

vezes, apenas o entreveem, “po-rém nem sempre lhes é permitidorevelá-lo”2 ao homem (Espírito en-carnado), porquanto “a certezade um acontecimento venturoso olançaria na inação. A de um acon-tecimento infeliz o encheria de de-sânimo. Em ambos os casos, suasforças ficariam paralisadas”.3 Lo-go, “em princípio, o futuro lhe éoculto e só em casos raros e ex-cepcionais permite Deus que se-ja revelado”,4 com o objetivo defacilitar “a execução de uma coisa,em vez de estorvar, obrigando ohomem a agir diversamente domodo por que agiria, se lhe nãofosse feita a revelação”.5

Muitos creem que a existênciafísica é regida por um determi-nismo ou fatalidade irrevogável,e que, independentemente de co-mo agirmos, ninguém escaparádo destino que lhe está reservado.

Um pouco de reflexão sobre oassunto, entretanto, é suficientepara afastar tal ideia. Ensina oEspiritismo que a fatalidade6

existe unicamente pela escolhaque o Espírito faz, ao encarnar,desta ou daquela prova física. Ele-gendo-a, institui para si uma espé-cie de destino, que é o resultadoda posição em que vem a achar-secolocado, como homem, na Terra,“nas funções que aí desempe-nha, em consequência do gêne-ro de vida que seu Espírito esco-lheu como prova, expiação oumissão”.7

Por conseguinte, não se podedizer que tudo já está predeter-minado em nossas vidas. Assimfosse, seríamos meros autômatose de nada adiantaria nosso esforçopara nos melhorar, de forma quetanto o que fizesse o bem, quan-to o que fizesse o mal, teriam amesma compensação ou o mes-mo futuro, o que estaria em desa-cordo com a Justiça Divina incor-ruptível. A fatalidade a que todosestamos submetidos, sem exceção,

PressentimentosC

CH R I S T I A N O TO RC H I

1KARDEC, Allan. Teoria dos sonhos.Revista espírita: jornal de estudos psi-cológicos, ano 8, p. 282, jul. 1865. 3. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2006.

2Idem. O livro dos espíritos. 91. ed. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 243.

3Idem, ibidem. Q. 871 (Comentário deKardec), p. 447.

4Idem, ibidem. Q. 868.

5Idem, ibidem. Q. 870.

6Idem, ibidem. Q. 851-867.7Idem, ibidem. Q. 872, p. 449.

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é a morte física: chegado esse mo-mento, de uma forma ou de ou-tra, dela não podemos nos esqui-var,8 contudo, “nunca há fatali-dade nos atos da vida moral”,9

porque somos senhores, pornossa vontade, de ceder ou nãoàs tendências inatas que traze-mos de encarnações pretéritas eàs influências de outros Espí-ritos. O resultado da má utiliza-ção do livre-arbítrio é que retar-dará o nosso progresso, prote-lando o encontro com a Verdade,mas todos chegaremos lá, muitasvezes pela dor, que é um agui-lhão a nos impulsionar à corre-ção de nossas imperfeições e anos mostrar o roteiro de nossaemancipação espiritual.

Considerando a margem de li-berdade que o Criador nos confere,

dentro de suas leis imutáveis, pa-ra exercitarmos o livre-arbítrio eas faculdades, não há incoerênciaalguma em dizer que somos res-ponsáveis pelo nosso passado e osartífices de nosso futuro.

Quanto mais evoluído o Espíri-to – encarnado ou desencarnado–, melhores condições tem de pre-ver o futuro, baseado na experiên-cia acumulada dos fatos do passa-do e na análise dos acontecimen-tos do presente, considerandoque, à luz do princípio de causa eefeito, tudo o que fazemos acarre-ta resultados que se projetam notempo. Por isso, “o futuro não ésurpresa atordoante. É conse-quência dos atos presentes”.10

Ao ensino dado em O Livro dosMédiuns, os benfeitores acrescen-

tam que os pressentimentos sãouma espécie de mediunidade:

O pressentimento é uma intui-

ção vaga das coisas futuras. Al-

gumas pessoas têm essa facul-

dade mais ou menos desenvol-

vida. Pode ser devida a uma es-

pécie de dupla vista, que lhes

permite entrever as consequên-

cias das coisas atuais e a filiação

dos acontecimentos. [...]11

Ou ainda:

São recordações vagas e intuiti-

vas do que o Espírito aprendeu

em seus momentos de liberda-

de e algumas vezes avisos ocultos

dados por Espíritos benévolos.12

17Agosto 2009 • Reformador 229955

8KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91. ed.1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 853.

9Idem, ibidem. Q. 872, p. 449.

11KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.80. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.P. 1, cap. 15, item 184.12Idem. O que é o espiritismo. 55. ed.1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 3,q. 138.

10XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.O espírito da verdade. Espíritos diversos.17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 82,p. 274.

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O fato de um pressentimentonão se confirmar nem sempresignifica que se estava enganadoa respeito das premonições, vistoque as ações dos Espíritos (encar-nados ou desencarnados), antesde ocorrerem, são concebidasna mente, cujos pensamentossão captados por determinadaspessoas, durante o sono, por meio

dos sonhos, ou durante a vigília.No entanto, pode haver desistên-cia da ação planejada, por partedo agente, ou é possível haveralguma circunstância que o im-peça de concretizar seu desejo.Isto é,

[...] como a sua realização [da

ação planejada] pode ser apres-

sada ou retardada por um con-

curso de circunstâncias, este

último [o médium ou vidente]

vê o fato, sem poder, todavia,

determinar o momento em

que se dará. Não raro aconte-

ce que aquele pensamento

não passa de um projeto, de

um desejo, que se não con-

cretizem em realidade,

donde os frequentes

erros de fato e de data nas pre-

visões.13

Por isso, devemos desconfiar demensagens proféticas que anun-ciam precisamente, com data e ho-ra marcadas, o acontecimento decoisas fantásticas.

Sendo assim, o pressentimentonada tem de sobrenatural, postoque “se funda nas propriedades daalma e na lei das relações do mun-do visível com o mundo invisível,que o Espiritismo veio dar a conhe-cer”.14 Kardec traz um interessan-tíssimo exemplo de pressentimento.Trata-se de uma carta, dirigida aoCodificador, pela Senhora Angelinade Ogé, que foi avisada, com seismeses de antecedência, sobre a mor-te de seu genitor. Eis algumas con-siderações dadas a respeito deste ca-so pela Sociedade Espírita de Paris:

“O Espírito do pai dessa senho-

ra, em estado de desprendimen-

to, tinha um conhecimento ante-

cipado de sua morte e da manei-

ra por que ela se daria. Sua vis-

ta espiritual abarcando um certo

espaço de tempo, para ele é como

se a coisa estivesse presente, em-

bora no estado de vigília não lhe

conservasse qualquer lembrança.

Foi ele próprio que se manifes-

tou à sua filha, seis meses antes,

nas condições que deviam se pro-

duzir, a fim de que, mais tarde,

ela soubesse que era ele e que,

18 Reformador • Agosto 2009229966

13KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 16,item 7.14Idem, ibidem. Item 6.

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estando preparada para uma se-

paração próxima, não ficasse sur-

preendida com a sua partida.

Ela mesma, como Espírito, tinha

conhecimento disto, porque os

dois Espíritos se comunicavam

em seus momentos de liberda-

de. É o que lhe dava a intuição de

que alguém devia morrer naquele

quarto. Essa manifestação ocor-

reu igualmente com o objetivo

de fornecer um assunto de ins-

trução a respeito do conheci-

mento do mundo invisível”.15

O progresso intelecto-moralconfere ao ser humano maior am-plitude de percepção sobre as coi-sas, à semelhança de uma pessoaque, situando-se no topo de umamontanha, de posse de um potentebinóculo, pode prever algum acon-tecimento em certo trecho da es-trada, que não é dado a outro des-cortinar, se estiver em plano maisbaixo, por falta de uma visão pano-râmica do que se passa à sua volta.

Não sem razão, o Codificadordestaca:

O tempo é apenas uma medida

relativa da sucessão das coisas

transitórias; a eternidade não é

suscetível de medida alguma, do

ponto de vista da duração; para

ela, não há começo, nem fim:

tudo lhe é presente.16

Kardec, lembrando a formamisteriosa e cabalística de certaspredições antigas, de que Nostra-damus é o exemplo mais com-pleto, ressalva:

[...] Pela sua ambiguidade, elas

se prestam a interpretações mui-

to diferentes, de tal sorte que,

conforme o sentido que se atri-

bua a certas palavras alegóricas

ou convencionais, conforme a

maneira por que se efetue o cál-

culo, singularmente complicado,

das datas e, com um pouco de

boa vontade, nelas se encontra

quase tudo o que se queira.17

Na atualidade, porém, as pre-visões dos Espíritos “são antes ad-vertências, do que predições pro-priamente ditas e quase sempremotivam a opinião que manifes-tam, por não quererem que o ho-

mem anule a sua razão sob uma fécega e desejarem que este últimolhe aprecie a exatidão”.17

A perplexidade de muitas pes-soas ante os fenômenos relaciona-dos com o futuro, entre eles o pres-sentimento, demonstra o quantoo homem ainda desconhece a suaprópria natureza espiritual. O Es-piritismo veio projetar luz sobreesta questão, trazendo a chave pa-ra o seu entendimento: “o estudodas propriedades do perispírito”.18

Se há um determinismo, naacepção absoluta da palavra, esteé o determinismo do progresso,para a felicidade de todos nós.Mesmo que façamos mau uso dolivre-arbítrio, fatalmente, maiscedo ou mais tarde, nos arrepen-deremos, expiaremos e reparare-mos nossos erros,19 motivo por quesempre estaremos jungidos aoresultado final estabelecido peloCriador, que instituiu a Lei Maiorde que “o bem é o fim supremoda Natureza”,20 o que implica naacepção de que “determinismo elivre-arbítrio coexistem na vida,entrosando-se na estrada dosdestinos, para a elevação e reden-ção dos homens”.21

19Agosto 2009 • Reformador 229977

15KARDEC, Allan. Uma manifestação an-tes da morte. Revista espírita: jornal deestudos psicológicos, ano 11, p. 47-48, jan.1868. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

16Idem. A gênese. 52. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2008. Cap. 6, item 2, p. 125.

17Idem, ibidem.

18Idem, ibidem. Cap. 1, item 40.

19Idem. O céu e o inferno. 60. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 1, cap. 7, itemCódigo penal da vida futura, n. 16.

20DENIS, Léon. Depois da morte. Ed. es-pec. 1. imp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.P. 1, A Índia, p. 41-42.

21XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 28. ed. 1. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2008. Q. 132.

“Determinismoe livre-arbítriocoexistemna vida,

entrosando-sena estrada

dos destinos”

17Idem, ibidem. Cap. 16, item 17, p. 418.

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20 Reformador • Agosto 2009 229988

do corpo, da mente e da alma

o estágio evolutivo em quenos encontramos, é possí-vel que um dia adoeçamos

na infância, na adolescência, namocidade ou na velhice.

São raros os que adquirem acura integral, porque esta vem dedentro para fora, melhorando a al-ma, equilibrando a mente e harmo-nizando o corpo, já que não existecorpo sadio sem mente sadia.

Toda ação medicamentosa, sejapor via oral ou através dos poros,dos comprimidos, das injeções, dosremédios alopáticos, homeopáti-cos, fitoterápicos, imposição dasmãos ou cirurgias, poderá nos aju-dar, aliviar, melhorar ou curar. Con-tudo, os verdadeiros males proce-dem do coração, porque toda prá-tica do mal opera lesões imediatasem nossa consciência, desajustan-do, desarmonizando os chacrasou plexos. Ao reencarnar, condu-zimos os remanescentes de nossasfaltas, quais raízes congênitas dosmales que nós mesmos plantamos.Como a vida foi, é e será sempre oresultado de nossa própria esco-lha, cada um é livre para entrarpela porta estreita ou pela portalarga, ou seja, a porta da salvação

ou a porta da perdição. Assim,aqueles que não querem melhorarpelo amor, um dia melhorarão pe-la dor-evolução, pela dor-expiaçãoou pela dor-auxílio.1 Como rege-nerar a saúde integral de pessoasque vivem desanimadas, deso-rientadas, pessimistas, revoltadas,inconformadas, irritadas, ou sãoambiciosas, avarentas, maledicen-tes, preguiçosas, desocupadas,mal-intencionadas, descaridosas,mentirosas, indiferentes, impru-dentes ou desumanas?

O que adianta Deus colocar ànossa disposição o plasma divinopara vitalizar os nossos chacras eplexos, se estamos sempre desliga-dos da usina divina?

Assim como, o que importaJesus colocar em seu evangelho:“Não façais aos outros aquilo quenão desejais que os outros vosfaçam”? [Mateus, 7:12.]

Não basta os médicos terrenose os médicos espirituais tentaremnos ajudar, se, quando surgem asprimeiras melhoras, abandona-mos os medicamentos, esquece-

mos todos os conselhos salutaresdos benfeitores espirituais e volta-mos aos mesmos abusos que nosconduziram à enfermidade.

Como disse o Espírito Hum-berto de Campos:

Se Deus é o nosso maior e me-

lhor amigo, se Jesus é o único

guia real ou o único modelo a

ser seguido na Terra e se os ben-

feitores espirituais são os ami-

gos certos das horas incertas,

por que não confiar em Deus,

em Jesus, nos benfeitores espi-

rituais e em si mesmo?

Conclusão: somente através dotrabalho espontâneo e gratuito éque encontraremos a quitaçãodos débitos do passado, as facili-dades para as realizações do pre-sente e os créditos para o futuro,porque apenas o amor é capaz decobrir as nossas multidões de pe-cados, conforme afirma o apósto-lo Pedro (I, 4:8). Portanto, nuncanos afastemos do trabalho que re-nova, do estudo que aperfeiçoa,do perdão que ilumina, do sacrifí-cio que enobrece e da caridadeque santifica.

Mensagem para os enfermos

NRU Y GI B I M

1XAVIER, Francisco C. Ação e reação.28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 19.

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21Agosto 2009 • Reformador 229999

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana,e cerradas as portas da casa onde os discípulos, com medo

dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.”

(JOÃO, 20:19.)

Reuniõescristãs

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. 28. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Cap. 9.

esde o dia da ressurreição gloriosa do Cristo, a Humanidade terrena foi

considerada digna das relações com a espiritualidade.

O Deuteronômio proibira terminantemente o intercâmbio com os que

houvessem partido pelas portas da sepultura, em vista da necessidade de afastar a

mente humana de cogitações prematuras. Entretanto, Jesus, assim como suavizara

a antiga lei da justiça inflexível com o perdão de um amor sem limites, aliviou as

determinações de Moisés, vindo ao encontro dos discípulos saudosos.

Cerradas as portas, para que as vibrações tumultuosas dos adversários gratuitos

não perturbassem o coração dos que anelavam o convívio divino, eis que surge o

Mestre muito amado, dilatando as esperanças de todos na vida eterna. Desde essa

hora inolvidável, estava instituído o movimento de troca, entre o mundo visível e o

invisível. A família cristã, em seus vários departamentos, jamais passaria sem o doce

alimento de suas reuniões carinhosas e íntimas. Desde então, os discípulos se reu-

niriam, tanto nos cenáculos de Jerusalém, como nas catacumbas de Roma. E, nos

tempos modernos, a essência mais profunda dessas assembleias é sempre a mesma,

seja nas igrejas católicas, nos templos protestantes ou nos centros espíritas.

O objetivo é um só: procurar a influenciação dos planos superiores, com a

diferença de que, nos ambientes espiritistas, a alma pode saciar-se, com mais

abundância, em voos mais altos, por se conservar afastada de certos prejuízos do

dogmatismo e do sacerdócio organizado.

D

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retorno inesperado doCodificador do Espiritis-mo à Pátria Espiritual,

com o rompimento súbito de umaneurisma, na manhã de 31 demarço de 1869, em sua residência,na Rua Sainte-Anne, 59, em Paris,provocaria excepcionais provi-dências emergenciais por partedos seus sucessores.

O acontecimento fundamentalprevisto, naquele dia do desenlace,eram os preparativos da mudançade endereço residencial do mestre.

Antes de desencarnar, Allan Kar-dec havia planejado cuidadosamenteos motivos daquela alteração de do-micílio, quando previra descentrali-zação e sistematização das atividades.

Assim, produzira um documen-to-aviso que seria publicado na pri-meira página da Revista Espírita deabril de 1869, informando: a) queo escritório de assinaturas e de ex-pedição da Revista seria alteradopara a sede da Livraria Espírita,Rua de Lille, no 7: b) que a sede daredação da Revista e o seu domi-cílio pessoal seriam transferidospara a Avenida e Villa Ségur, no 39,atrás dos Inválidos.

Existia, assim, um Plano de Tra-balho, de conteúdo dinamizador,para os anos futuros, o qual teve queser revisto pelos continuadores da

missão do Codificador, sobretudopelos dirigentes da Sociedade Pari-siense de Estudos Espíritas (SPEE),também conhecida como Socie-dade Espírita de Paris ou Socieda-de de Paris. Allan Kardec planejara,por exemplo, o Projeto de Comuni-dade Espírita, em sua propriedadeparticular, na Villa Ségur, idealiza-do em 1862 e que visaria “facilitara tarefa do seu sucessor”.1

Ficamos a imaginar o impactodaqueles primeiros dias sem a pre-sença física do Codificador. Ausenteo líder, o presidente da Organi-zação, todos certamente estavamdominados pela perplexidade, pelainsegurança quanto ao porvir.

São vários os registros, na His-tória, de Instituições ou de Comu-nidades que se extinguiram em de-corrência do desaparecimento pre-maturo, inesperado, do seu prin-cipal dirigente, sobretudo quandoestratégias não foram estabelecidas,quanto aos tempos futuros, visan-do a perenidade da obra.

Os sucessores do Codificadortinham conhecimento da missãoprevista para o Espiritismo, con-soante mensagem obtida em Mar-selha, através do médium Sr. JorgeGenouillat, em 15 de abril de 1860,quando a Entidade comunicante,que se assina Um Espírito, declara:

O Espiritismo é chamado a de-

sempenhar imenso papel na

Terra. Ele [...] restaurará a reli-

gião do Cristo [...]. Extinguirá

para sempre o ateísmo e o ma-

terialismo [...].2

Igualmente sabiam a respeito da“Influência do Espiritismo no Pro-gresso”, e que ele se tornaria “cren-ça geral” e marcaria “nova era nahistória da humanidade”, conformeexarado na questão 798 de O Livrodos Espíritos.3 Eram assim imensosos desafios para manter a chama doConsolador prometido por Jesuse acesa por Allan Kardec.

Assim, Kardec, sabendo dasconsequências que o seu retornorepentino e ausência direta pode-riam causar, naquele momentocrucial, manifesta-se na SPEE, porconsiderar, sobretudo, os planosde trabalho cogitados para o futu-ro, metas a concretizar e a conso-lidar. No decorrer do mês de abrilde 1869, suas comunicações foramtransmitidas a vários médiuns ereunidas numa única mensagem,divulgadas na Revista Espírita demaio daquele ano. Dita o Co-dificador, dirigindo-se aos seusamigos e companheiros dos pri-meiros momentos do advento doEspiritismo:

1869 – Os primeirosmeses sem Allan Kardec

OAD I LTO N PU G L I E S E

22 Reformador • Agosto 2009330000

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Como vos agradecer, senhores,

pelos vossos bons sentimentos

e pelas verdades expressas com

tanta eloquência sobre os meus

restos mortais?

[...]

Que não seja Paris, que não seja

a França o teatro de vossa ação;

vamos a toda parte! [...]

Sede confiantes em vossas for-

ças: elas produzirão grandes

efeitos se as empregardes com

prudência; sede confiantes na

força da ideia que vos une, pois

ela é indestrutível. [...]

Coragem, pois, e esperança.

Esperança!... [...]4

Em junho de 1869 a Revue pu-blica nova comunicação do Codi-ficador, no capítulo DissertaçõesEspíritas, intitulada “O exemplo éo mais poderoso agente de propa-gação”, obtida em 30 de abril da-quele ano. Em seus comentários,após as saudações afetuosas, infor-ma que na última sessão, quandofora evocado, não atendera por-que “estava ocupado alhures”,esclarecendo:

Nossos trabalhos como Espíri-

tos são muito mais extensos do

que podeis supor e os instru-

mentos de nossos pensamentos

nem sempre estão disponíveis.

Tenho ainda alguns conselhos a

vos dar quanto à marcha que de-

veis seguir perante o público, com

o objetivo de fazer progredir a

obra a que devotei a minha vida

corporal, e cujo aperfeiçoamen-

to acompanho na erraticidade.5

(Grifo nosso.)

Em seguida, exorta:

O que vos recomendo principal-

mente e antes de tudo, é a tolerân-

cia, a afeição, a simpatia de uns

para com os outros e também para

com os incrédulos.5 (Grifamos.)

Essas comunicações devem tersido um bálsamo, um estímulo aossucessores do mestre, a exemplo doSr. Muller, do Sr. Levent (vice-presi-dente da SPEE),do amigo AlexandreDelanne,do jovem Camille Flamma-rion, de Bittard (Gerente da Livra-ria) e do Sr. Malet (que seria o novopresidente da SPEE), dentre outros.

Antes dessas comunicações, oscomponentes da Comissão que diri-gia a SPEE se reuniram, em 9 de abrilde 1869, com a seguinte justificativa:

Em face das dificuldades surgidas

com a morte do Sr. Allan Kardec,

e para não deixar em suspenso

os graves interesses que ele sem-

pre soube salvaguardar, com tan-

ta prudência quanto sabedoria,

a Sociedade de Paris foi levada,

no mais curto prazo, a se cons-

tituir de maneira regular e está-

vel, tanto para as providências

junto às autoridades, quanto pa-

ra tranquilizar os espíritos timo-

ratos sobre as consequências do

acontecimento imprevisto que,

repentinamente, feriu toda a

grande família espírita.6

Durante o encontro, é apresen-tado pelo vice-presidente Levento novo presidente da SPEE, suces-sor de Allan Kardec, o Sr. Malet,

23Agosto 2009 • Reformador 330011

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que “reúne todas as grandes qua-lidades necessárias para assegurarà Sociedade uma direção firme esábia”.7 Levent enfatiza em seu dis-curso a dedicação do Codificador,que dirigira a SPEE desde a suafundação, declarando:

Esperemos que tão nobre exem-

plo não seja perdido; que tantos

trabalhos não fiquem estéreis e

que a obra do mestre seja conti-

nuada; numa palavra, que ele não

tenha semeado em terra ingrata.7

Em seguida, apresenta duas metasindispensáveis para a nova gestão:

[...] 1o a mais completa união

entre todos os societários; 2o res-

peito ao programa novo que o

saudoso presidente, na sua soli-

citude esclarecida e em sua lúcida

previsão, tinha preparado há al-

guns meses e publicado na Revis-

ta de dezembro último [1868].7

Esse programa faz parte do do-cumento intitulado “Constituiçãodo Espiritismo”, considerado ocanto do cisne, de “reflexões e ins-pirações do Codificador”8, que“resultou de plano concebido pe-lo menos oito ou nove anos antesde 1869”,8 e que em dezembro de1868 foi publicado com “cortes eacréscimos”. Mais tarde, em 1890,esse documento seria inserido nolivro Obras Póstumas, por Pierre--Gaëtan Leymarie.

Compulsando a Revista Espíri-ta de 1869, observaremos, no pe-ríodo de abril a dezembro daque-le ano, metas concretizadas pela

nova gestão pós-Allan Kardec, eoutros acontecimentos ocorridosem face de sua desencarnação:

A expedição da Revista Espí-rita é transferida para a sededa Livraria Espírita, à Rua deLille, no 7;9

O escritório da redação da Re-vue Spirite e o domicílio pessoaldo casal Allan Kardec passampara a Avenida e Villa Ségur,no 39, atrás dos Inválidos;9

A SPEE faria as suas sessões,provisoriamente, no mesmolocal da Livraria;9

São realizadas reuniões da no-va gestão, através da ComissãoCentral, visando “não deixarum só instante a SociedadeParisiense de Estudos Espíri-tas sem direção legal, aceita ereconhecida”;10

Posse dos sete componentesda nova diretoria para o pe-ríodo 1869-1870, compostapelos Srs. Malet, Levent, Ca-naguier, Ravan, Desliens, De-lanne e Tailleur, sob a presi-dência do primeiro;Doação à Caixa Geral do Espi-ritismo, pela Sra. Allan Kardec,Amélie Boudet, do “exceden-te dos lucros provenientes davenda dos livros espíritas edas assinaturas da Revista,bem como das operações daLivraria Espírita”,11 mediantecondições expressas no docu-mento de cessão;Em julho informa a concreti-zação da 11a edição de O Livrodos Médiuns e a 4a edição deO Céu e o Inferno;12

Em agosto, a Revista informaa “Constituição da SociedadeAnônima sem fins lucrativose de capital variável da CaixaGeral e Central do Espiritis-mo”,13 consoante ato de 3 dejulho de 1869, idealizada pelaSra. Allan Kardec e formadacom o concurso de mais seisoutros espíritas. No ato cons-titutivo a descrição do objeti-vo da nova Sociedade: “[...]tornar conhecido o Espiritis-mo por todos os meios auto-rizados pelas leis”.13 A iniciativafoi alvo de calorosas felicitaçõese grande satisfação por partede correspondentes e dosespíritas em geral – destacariao exemplar da Revue do mês desetembro de 1869;14

Em setembro, anuncia a Revistaa demissão do Sr. Malet, a pedi-do, da presidência da SPEE;15

Em dezembro, é publicada ma-téria acerca da “Sessão AnualComemorativa dos Mortos”,realizada em 1o de novembrode 1869, sobretudo em especialreconhecimento à memóriade Allan Kardec.16

Depreende-se, assim, que foramintensas as atividades daqueles “es-píritas da primeira hora do Espiri-tismo”, nos instantes desafiadoresda nova fase que experimentaria oMovimento Espírita nascente nasterras da França, mas cujo campode atuação seria o mundo! A essespioneiros certamente muito de-vem os primeiros desbravadoresdo Espiritismo no Brasil. A todoseles nossas homenagens.

24 Reformador • Agosto 2009330022

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Referências:1WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan

Kardec: o educador e o codificador. 2. ed.

espec. Rio de Janeiro: FEB, 2004. V. 2, p. 63

e 109.2KARDEC, Allan. Obras póstumas. 40. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. P. 2, A minha

primeira iniciação no Espiritismo, item

Futuro do Espiritismo.3______. O livro dos espíritos. 91. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 798.4______. Dissertações Espíritas. Revista

espírita: jornal de estudos psicológicos,

ano 12, p. 221-223, mai. 1869. Trad. de

Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2007.5______. ______. p. 257, jun. 1869. In: Op. cit.6______. Nova Constituição da Sociedade

de Paris, p. 210, mai. 1869. In: Op. cit.7______. ______. p. 211-212. In: Op. cit.8WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan

Kardec: o educador e o codificador. 2. ed.

espec. Rio de Janeiro: FEB, 2004. V. 2,

p. 243.9KARDEC, Allan. Aviso muito importante.

In: Revista espírita: jornal de estudos psi-

cológicos, ano 12, p. 141, abr. 1869. Trad. de

Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2007.10______. Nova Constituição da Sociedade

de Paris, p. 211-213, mai. 1869. In: Op. cit. 11______. Caixa Geral do Espiritismo,

p. 218-219, mai. 1869. In: Op. cit.12______. À venda em 1o de junho de

1869, p. 309, jul. 1869. In: Op. cit.13______. Aos Espíritas, p. 324 e 328,

ago. 1869. InIn: Op. cit.14______. Constituição da Sociedade Anô-

nima, p. 360-361, set. 1869. In: Op. cit.15______. Demissão do Sr. Malet. p. 394-

-395, set. 1869. In: Op. cit.16______. Sessão Anual Comemorativa

dos Mortos. p. 509, dez. 1869. In: Op. cit.

“Vivência no amor, pelos ca-minhos da educação” foi o temacentral do 14o Congresso Esta-dual de Espiritismo, promovidopela União das Sociedades Espí-ritas do Estado de São Paulo, emSerra Negra, nos dias 19, 20 e 21de junho. Entre congressistas evoluntários, participaram apro-ximadamente 1.300 pessoas, maisde 112 cidades de São Paulo e deoutros Estados, incluindo repre-sentantes de várias USEs do in-terior do Estado e da Capital.

A conferência de abertura foiproferida por Divaldo PereiraFranco. Seguiram-se seminários,tendo expositores como âncoras:“Por amor a si mesmo: apren-dendo a lidar com emoções, tris-teza, raiva, medo e alegria” – Al-berto Ribeiro de Almeida; “Famí-lia e Educação” – Divaldo Perei-ra Franco; “Fundamentos e prin-cípios da aprendizagem da Peda-gogia de Jesus” – Sandra MariaBorba Pereira; “Educação para afelicidade” – José Raul Teixeira.

Houve seminário de fecha-mento dos temas com os exposi-

tores, e palestras de José RaulTeixeira e, de encerramento, porDivaldo Pereira Franco.

Além da diretoria da USE,pois o Congresso foi coordena-do pelo seu presidente, José An-tônio Luiz Balieiro, e de diri-gentes de instituições paulistas,houve o comparecimento dedirigentes da Federação Espíri-ta Brasileira – o presidente Nes-tor João Masotti, o vice-presi-dente Altivo Ferreira, o secre-tário-geral do Conselho Federa-tivo Nacional, Antonio CesarPerri de Carvalho, membro daComissão Executiva do Conse-lho Espírita Internacional.

O presidente da FEB profe-riu uma saudação no momentoda abertura do Congresso, eCesar Perri fez uma apresenta-ção sobre o Trabalho FederativoNacional e Internacional, ante-cedendo a palestra da segundanoite do evento. Durante oCongresso, Luis Hu Rivas fez olançamento da TVCEI no saté-lite – primeira WebTV espíritado mundo.

25Agosto 2009 • Reformador 330033

USE realizaCongresso Estadual

Sessão de Abertura: aspecto da Mesa

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Ciência considera que osurgimento da vida naTerra só foi possível pela

presença do carbono, substânciaquímica de grande versatilidadeque, ao unir-se a inúmeros ele-mentos químicos, produz com-postos orgânicos imprescindí-veis à formação e à manutençãoda vida. Com acerto, Kardecassinala:

Quando há combinação, os

corpos [substâncias] compo-

nentes perdem suas proprieda-

des características, enquanto o

composto que deles resulta ad-

quire outras, diferentes das

primeiras. [...]1

Esta é, com efeito, a justificati-va apresentada pelos cientistas pa-ra explicar a diversidade biológi-ca do Planeta, tendo como base ocarbono.

Para o cientista Richard Fortey,membro da Real Academia de

Ciências da Grã-Bretanha, o

carbono está no centro da vi-

da como elemento onipre-

sente e indispensável. Os

átomos de carbono se li-

gam em cordões, unindo-

-se a outros átomos para

formar todo o conjunto de

compostos orgânicos que cons-

titui a própria vida [...].2

Analisa, também, que se o carbo-no é o elemento-chave para a for-mação de compostos orgânicos e,em consequência, a perpetuação davida, há outro elemento químico, osilício, não menos versátil, mas queatua como “o ingrediente indispen-sável de muitos minerais formado-res de rochas”.2 Dessa forma, enfati-za o pesquisador, a “alma” da vida éde natureza carbonácea enquanto ada rocha é de silício.2

A Terra surgiu de um dos me-nores fragmentos rochosos quecircundavam o Sol nascente. A mo-delagem de sua estrutura e de suaforma aconteceu por efeito de ter-ríveis impactos, internos e exter-nos. As convulsões internas pro-duziram desintegração radioativados elementos instáveis, gerandointensa produção de calor. O ata-que externo se deu pela ação doscometas, e, sobretudo, dos meteo-

26 Reformador • Agosto 2009330044

A

Carbono: elemento-chave

da Vida na TerraMA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

Moléculade carbono

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ritos, os quais introduziram outroselementos químicos nos existen-tes no Planeta:

Os meteoritos mergulhavam

constantemente na superfície

do Planeta em crescimento. E

como eles colidiam com gran-

de força, sua energia era gasta

derretendo – e até mesmo va-

porizando – a superfície ro-

chosa. [...] Os elementos foram

misturados e recombinados

em novos minerais pela alqui-

mia frenética da criação.3

Os meteoritos

[...] são fragmentos rochosos da

história congelada no tempo,

nômades dos dias primordiais.

A maioria se queima até desa-

parecer na atmosfera oxigenada

da Terra – brilham como estre-

las cadentes. [...] Nos primeiros

dias da Terra eram mais nume-

rosos, maiores e mais frequentes.

[...] E quando se derretiam no

impacto, doavam sua substân-

cia ao mundo nascente. Deste

modo, se nos detivermos nos

meteoritos e nos cometas, po-

deremos aprender mais sobre os

elementos químicos que forma-

ram nosso planeta primitivo.

Curiosamente, esses elementos

comuns incluem o carbono.2

Assim, é consenso científico deque o carbono foi transportadoao Planeta pelos cometas e pelosmeteoritos. Os cometas “[...] sãoricos em carbono e seus compos-tos e, sem dúvida alguma, colidi-

ram com a Terra num estágioposterior à sua formação”.4 Aindatemos muito a aprender sobre oscometas pois, como afirmou o Es-pírito Galileu, “[...] serão os guiasque nos ajudarão a transpor os li-mites do sistema a que pertence aTerra e nos levarão às regiões lon-gínquas da amplidão sideral”.5

Há diferentes tipos de meteori-tos, alguns são enormes e pesamtoneladas, fornecendo suprimen-to de elementos metálicos, comoferro e níquel. Contudo, somenteum tipo de meteorito – denomina-do condritos de carbonáceos – for-nece carbono. São pequenas esferaspolidas (cabem na palma da mão),coroadas por uma crista, aspectoindicativo de sua passagem pelaatmosfera da Terra, onde foram

modelados. O conteúdo de carbo-no é neles abundante: “[...] Essesmeteoritos podem ter fornecidoalgumas das ‘sementes’ para a vi-da”,4 destaca o renomado pesqui-sador, Richard Fortey, já citado.

É interessante um cientistautilizar a expressão “sementes davida”, citada pela primeira vezpelo Espírito André Luiz, em1958, e que consta do seu livroEvolução em dois Mundos. Infor-ma o Espírito que tais sementesforam semeadas, tal como supõea Ciência, “[...] quando mal cessa-vam as convulsões telúricas [...]”6

da Terra. Acrescenta que, por es-sas sementes, “[...] os MinistrosAngélicos da Sabedoria Divina,com a supervisão do Cristo deDeus, lançaram os fundamentos

27Agosto 2009 • Reformador 330055

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da vida no corpo ciclópico doplaneta”.6

Conclui, ao afirmar que “a imensafornalha atômica estava habilitadaa receber as sementes da vida e, sobo impulso dos Gênios Construtores,que operavam no orbe nascituro,vemos o seio da Terra recoberto demares mornos, invadido por gigan-tesca massa viscosa a espraiar-seno colo da paisagem primitiva.

Dessa geleia cósmica, verte oprincípio inteligente, em suas pri-meiras manifestações...”6 (Grifonosso.)

Na atualidade, a Ciência ensi-na que no início da formação daTerra os elementos químicos es-tavam presentes na atmosfera,mas isolados e em estado gasoso.Sob efeito de forças específicas,como as da atração atômica, sur-giram as substâncias inorgânicase, posteriormente, as orgânicas.As considerações de Kardec sobreo assunto permanecem atuais:

a) Formação dos corpos inor-gânicos: união de átomosminerálicos

Em sua origem, a Terra não

continha essas matérias em

combinação, mas apenas os

seus princípios constituintes

volatizados. [...] Precipitadas

por efeito do resfriamento, es-

sas substâncias, sob o império

das circunstâncias favoráveis, se

combinaram, segundo o grau

de suas afinidades moleculares.

Foi então que se formaram as

diversas variedades de carbona-

tos, de sulfatos, etc., a princípio

em dissolução nas águas, depois

nas superfícies do solo.7

b) Formação dos corpos orgâni-cos: combinação do carbonoa três gases

A lei que preside à formação

dos minerais conduz natural-

mente à formação dos corpos

orgânicos. A análise química

mostra que todas as substân-

cias vegetais e animais são

compostas dos mesmos ele-

mentos que os corpos inorgâ-

nicos. Desses elementos, os

que desempenham papel mais

importante são o oxigênio, o

hidrogênio, o azoto [nitrogê-

nio] e o carbono. Os outros

entram acessoriamente.[...]8

Referências:1KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de

Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro:

FEB, 2008. Cap. 10, item 5.2FORTEY, Richard. Vida: uma biografia não

autorizada. Tradução de Jorge Calife. Rio de

Janeiro: Record, 2000. Cap. 2, p. 40.3______. ______. p. 39.4______. ______. p. 41. 5KARDEC, Allan. Op. cit., cap. 6, item 28.6XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Evo-

lução em dois mundos. Pelo Espírito André

Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 1,

cap. 3, item Primórdios da vida, p. 37-38.7KARDEC, Allan. Op. cit., cap. 10, item 9.8______. ______. Item 12.

28 Reformador • Agosto 2009330066

A princípio, é um rumor do coração que clama,Asa leve a ruflar da alma que anseia e chora...Depois, é como um círio hesitante da aurora,Convertendo-se, após, em resplendente chama...

Então, ei-la a vibrar como estrela sonora!É a prece a refulgir por milagrosa flama,Glória de quem confia e poder de quem ama,Por mensagem solar, cindindo os céus afora...

Depois, outro clarão do Além desce e fulgura.É a resposta divina aos rogos da criatura,Trazendo paz e amor em fúlgidos rastilhos!...

Irmãos, guardai na prece o altar do templo vosso!Através da oração, nós bradamos: – “Pai Nosso!”E através dessa luz, Deus responde: – “Meus filhos!”

Amaral Ornellas

Fonte: XAVIER, Francisco C. Instruções psicofônicas. 9. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2008. Cap. 53.

A oração

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faceta de Bezerra de Mene-zes como historiador émuito pouco conhecida.

Seus biógrafos aludem superficial-mente a ela sem entreteceremmaiores considerações. Não sabe-mos ao certo as razões que moti-varam o futuro Médico dos Po-bres a tornar-se um historiador,especialista no gênero biográfico,1

interessado em pesquisar e escre-ver sobre a trajetória existencial dealguns de seus contemporâneos,engajados nas atividades políticasdo Brasil do século XIX.

As biografias de sua lavra come-çaram a ser escritas em 1856, anono qual concluiria a Faculdade deMedicina. Ao contrário, porém, doque asseveram alguns pesquisado-res, o jovem estudante mostrava-seinteressado pelas questões políti-cas e sociais de seu tempo.

A primeira biografia de sua au-toria, escrita no ano de 1856, foium tributo à memória de EstêvãoRibeiro de Rezende (1777-1856),o Marquês de Valença, desencar-

nado naquele mesmo ano. Era umopúsculo homenageando esse vul-to do Império por quem Bezerranutria certa admiração. Foi lança-do com o título O Marquês de Va-lença: esboço biográfico.2

No ano seguinte, em 1857,prosseguiria com suas pesquisashistoriográficas, escrevendo ou-tros trabalhos sobre vultos ligadosà política de seu tempo. Seus escri-tos foram, originalmente, lança-dos em fascículos. Eram enco-mendados pelo desenhista e retra-tista francês Sebastião AugustoSisson.3 No ano de 1859, Sisson os

enfeixou no primeiro de dois vo-lumes lançados com o título Gale-ria dos Brasileiros Ilustres: os con-temporâneos. O trabalho de Se-bastião Sisson, conforme os dize-res constantes da folha de rosto,apresentava

[...] retratos dos homens mais

ilustres do Brasil, na política,

ciências e letras desde a guerra

da independência até os nossos

dias, copiados do natural e lito-

grafados por S. A. Sisson, acom-

panhados das suas respectivas

biografias, publicadas sob a

proteção de Sua Majestade

o Imperador.

Impressa em dois volumes, oprimeiro lançado em 1859 e o se-gundo em 1861, pela Typ e Const.J. Villeneuve & Comp., do Rio deJaneiro.4

A

Bezerra de Menezes

Corte de D. Pedro IIUm historiador na

LU C I A N O KL E I N FI L H O

1A biografia como gênero literário ganhanovamente importância em nossos dias.

2O Marquês de Valença: esboço biográfico.Rio de Janeiro: Typ Imp. e Const. de J.Villeneuve & Comp. 1856.

3Sébastien Auguste Sisson (1824-1893) foilitógrafo, desenhista e biógrafo francês,naturalizado brasileiro. Alsaciano de nas-cimento trabalhou em Paris e radicou-seno Brasil, em 1852, no Rio de Janeiro, on-de abriu um ateliê, no centro da cidade,dedicando-se, especialmente, à produçãode retratos. Trabalhou para as mais impor-tantes revistas de seu tempo. Entre as suasobras evidenciaram-se: Álbum do Rio deJaneiro Moderno, com cromolitografias e aGaleria dos brasileiros ilustres. Encerrousuas atividades na década de 1870.

4Outras edições da Galeria dos brasileirosilustres: os contemporâneos foram, pos-teriormente, lançadas, também em doisvolumes. Uma em 1948, pela EditoraMartins, de São Paulo, e a outra em Bra-sília, no ano de 1999, pela Editora do Senado Federal.

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O período no qual Adolfo Be-zerra de Menezes redigiu esses es-boços biográficos foi correspon-dente aos anos de sua iniciação nacarreira médica, quando tambémpublicou, em 1856, a tese que de-fendera, para concluir seus estu-dos na Faculdade de Medicina doRio de Janeiro, em 24 de novem-bro daquele ano.5

Este foi um período prolífero ede grande produtividade intelec-tual do jovem esculápio. No ano dapublicação de O Livro dos Espíritos,em 1857, ele se candidatou para sermembro titular da Academia Im-perial de Medicina, tomando posseem 1o de junho daquele ano. Em1859, tornou-se redator dos AnaisBrasilienses de Medicina, da Aca-demia, atividade que exerceria atémeados de 1861. Passou, também,a colaborar na Revista da Socieda-de Físico-Química. Em 1858, inte-grou o Corpo de Saúde do Exér-cito, chegando a disputar umavaga de lente substituto da Se-ção de Cirurgia da Faculdade deMedicina. Nesse tempo, foi, ain-

da, nomeado assistente de Ma-noel Feliciano Pereira de Carva-lho, considerado o patriarca da

cirurgia brasileira, assumindoa patente de 2o cirurgião-te-nente do Exército.

Como historiador, Bezerradeixa transparecer sua ho-nestidade quanto às dificul-dades enfrentadas em suaspesquisas, tendo a humil-

dade de reconhecer lacunas exis-tentes em seu trabalho, encomen-dado, certamente às pressas, peloartista francês. Na biografia doVisconde de Maranguape, diz-nos:

[...] Seria talvez preferível, em

vista da completa deficiência

em que estamos de maiores da-

dos para a confecção de um

trabalho que possa mais tarde

servir de base a uma biografia

completa [...].

Os perfis biográficos de Bezerra,redigidos num estilo peculiar, ca-racterístico da época, retratavamaspectos principais da vida de po-líticos de nomeada. Alguns delesainda estavam encarnados, tendo,eles próprios, enviado ao pesquisa-dor subsídios para a composiçãode seus perfis. Além de Bezerra,outros escritores como José Mar-tiniano de Alencar, Manoel José deAraújo Porto Alegre (Barão deSanto Ângelo), Irineu Evangelistade Sousa (Barão de Mauá), Antô-nio Ferreira Viana, entre outros,colaboraram na composição dacoletânea organizada por Sisson.

Nessa coletânea Sisson não citaos nomes dos autores, o que levouTancredo de Barros Paiva a tentaridentificá-los em seu dicionáriode pseudônimos, publicado em1929.6 Segundo Tancredo, Bezerraescreveu 17 biografias. São elas:Marquês de Valença (uma versãomais resumida do opúsculo ante-

5“Diagnóstico do Cancro” – teseinaugural. Rio de Janeiro: Ti-pografia de M. Barreto.

6PAIVA, Tancredo de Barros. Achegas a umdicionário de pseudônimos. Rio de Janeiro:Ed. J. Leit. & Cia., 1929.

Bezerra deMenezes

30 Reformador • Agosto 2009330088

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riormente mencionado), Bernar-do de Souza Franco, Cândido Ba-tista de Oliveira, Conde de Irajá,Eusébio de Queirós, José Clemen-te Pereira, José Maria da Silva Pa-ranhos, Marquês de Abrantes,Marquês de Olinda, Marquês deMonte Alegre, Visconde de Abae-té, Visconde de Caravelas, Viscon-de de Maranguape, Visconde deSapucaí, Visconde de Uruguai,José Bonifácio de Andrada e Silvae D. Pedro II.

Mas o dicionarista João VelhoSobrinho acrescenta à relação abiografia do Visconde de Itaboraí,aventando, porém, a possibilidadede que a biografia de José Bonifá-cio poderia ter sido escrita porAntônio Ferreira Viana.

Finalizando este artigo, chama-mos a atenção para a maneira co-mo o historiador Bezerra de Me-nezes descreve D. Pedro II. Nãoobstante ter enfocado nuanças desua carreira política, preocupa-seem ressaltar a feição caritativa dosoberano, demonstrando a gran-deza dessa alma que, à semelhan-ça de seu biógrafo, veio à Terrapara o desempenho de especialmissão na Pátria do Cruzeiro.Atentemos para a narrativa de Be-zerra nos dois últimos parágrafos:

A bolsa do nosso Imperador

abre-se sempre ao pobre que lhe

suplica uma esmola. Milhares

de famílias de servidores do Es-

tado dirigem fervorosas súplicas

ao Onipotente pela conserva-

ção da vida daquele que por meio

de pensões lhes mitiga os sofri-

mentos que infelizmente ainda

hoje cabem às mulheres e filhas

dos homens encanecidos nos

serviços da pátria.

Nos dias de epidemia, vai con-

solar em sua choupana o filho

ingrato da fortuna que se es-

torce de dor no seu leito de pa-

lha; visita os diferentes hospitais,

e ordena que parte de sua in-

significante dotação seja distri-

buída pela classe pobre.

Retorno à Pátria Espiritual

Retornou ao mundo espiri-tual, na tarde de 16 de junho, noCentro de Tratamento Intensi-vo do Hospital Copa D’Or, noRio de Janeiro, a Sra. Ruth Thie-sen, aos 85 anos. Nascida emLublin, na Polônia, em 10 demaio de 1924, chegou ao Brasil,aos 5 anos, com a família. Cres-ceu em Porto Alegre, onde comojovem espírita conheceu Fran-cisco Thiesen, na “Sociedade Es-pírita Paz e Amor”, com quemse casou e teve quatro filhos:Lívia, Emmanuel, Icléia e Sérgio.Colaborou naquela instituiçãopor longos anos e também no“Lar do Amigo Germano”, reco-nhecida casa espírita da capitalgaúcha. O casal e os filhos vie-ram a residir em Niterói e noRio de Janeiro, cidades em que aSra. Ruth trabalhou no Movi-

mento Espírita por muitas déca-das. Atuou, como médium, no“Centro Espírita Cristófilos”,em Botafogo, no “Lar de Tereza”e na “Sociedade Espírita Reen-contro”, esta fundada e dirigidapor Sérgio Thiesen, ambas emCopacabana. Durante a longa efecunda dedicação de FranciscoThiesen ao Movimento Espíri-ta, brasileiro e internacional, equando diretor e presidente daFederação Espírita Brasileira(FEB), a Sra. Ruth o auxiliou,oferecendo-lhe as melhorescontribuições. No decorrer daenfermidade que antecedeu suapartida, ela contou sempre coma dedicação dos filhos e amigosmais próximos, além da cari-nhosa e constante presença debenfeitores espirituais que a as-sistiram amorosamente.

Ruth Thiesen

D. Pedro II

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31Agosto 2009 • Reformador 330099

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italiano Renato Corsetti é um dos mais cul-tos e lúcidos adeptos do esperanto e seusideais na atualidade. Seu amor pelo Brasil e

sua gente em geral, bem como, em especial, pelos espe-rantistas de nossa terra, neles se incluindo os que tra-balham pelo Espiritismo, é por demais conhecido emnossos círculos.Ainda há pouco, publicamos, em Refor-mador, de fevereiro de 2007, p. 30, suas sugestões, entãocomo presidente da Associação Universal de Esperanto,para a concretização de um sonho dos esperantistas-es-píritas brasileiros, isto é, a conscientização dos espíritasde outros países a respeito do valor da Língua Interna-cional Neutra como veículo ideal para as relações in-ternacionais dos membros da família espírita mundial.

Chamado a manifestar-se sobre a recém-fundada As-sociação Brasileira dos Esperantistas-Espíritas, apresenta-da aos círculos esperantistas na festa do Jubileu Cente-nário das atividades da Casa de Ismael em torno doesperanto, ocorrida no quadro da programação do Con-gresso Brasileiro de Esperanto (Juiz de Fora, 12 a 17 dejulho de 2009), Corsetti enviou à Societo Lorenz maisum texto cujo excelente conteúdo,em suas partes mais sig-nificativas, merece ser conhecido de nossos leitores.

Ei-lo, em tradução do esperanto:

Estimados representantes das instâncias esperantistasdo Brasil, queridos membros da Associação Brasileira dosEsperantistas-Espíritas.

[...]

Falemos primeiramente sobre o Esperanto e as fina-lidades do seu Movimento, as quais, inspiradas na to-lerância, na convivência e na educação por sobre limi-tes regionais, nacionais e religiosos, constituem-se emgrandiosos objetivos comuns aos esperantistas e aosespíritas, conferindo nobreza aos nossos ideais.

Permitam-me dizer, entre parênteses, da minha im-pressão de que vivemos agora um período chamado pormuitos de pós-moderno, mas que a meu ver é um claro re-torno, no campo das relações sociais, à irracionalidade daIdade Média, embora sob uma forma tecnologicamentesuperevoluída. É contra esse retorno que devemos lutar,pois nessa Idade Média tecnológica em que vivemos, e ain-da deveremos viver, não há espaço para o Esperanto.

Esqueci-me, entretanto, de tocar em algo essencial, is-to é, no espírito interno de homens que, em todas as épo-cas, os tem colocado em condições de concretizar feitosextraordinários. Em suas obras, tais criaturas não visama objetivos materiais. Não é por motivos tecnológicos queessa classe de homens decide ajudar o próximo, internan-do-se, por exemplo, na África como missionários, ou cer-rando fileiras em lutas contra sistemas políticos injustos.

Não foi em busca de vantagens materiais que manti-veram o Esperanto vivo em meio a guerras e catástrofes,mas simplesmente inspirados em seu espírito, em sua al-ma, em seus ideais. A ideia interna salvou o Esperanto.1

Saudação de Renato Corsetti à

Associação Brasileira dosEsperantistas-Espíritas

O

32 Reformador • Agosto 2009331100

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

1Princípio ideológico do esperanto, assim conceituado por seu cria-dor, Lázaro Luís Zamenhof: sobre um fundamento linguístico neutroeliminar as barreiras entre os homens e acostumá-los a que cada um vejano seu próximo apenas uma pessoa humana e um irmão.

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Os homens realizam grandes ações tão-somenteporque uma força interna os impele a isso. As religiõesobjetivam interpretar e representar essa força interiorpara que, em seguida, se construam as diferentes super-estruturas religiosas em diversas formas, mas com es-sência comum.

E aqui me refiro aos espíritas. Celso Pinheiro2 mechama irmão, o que é muita bondade da parte dele.Não tenho credenciais para entrar nesse templo, pois soumuito materialista, ligado aos assuntosdo mundo. Orem por minha alma,se eu realmente a tenho.

O que me cabe é observarcom admiração as atividadesdos espíritas. Essa admiraçãovocês merecem e recebem detodos os esperantistas sincerospelas ações que desenvolvemnão apenas em favor da LínguaInternacional mas, principal-mente, em favor da sociedade.Pensem sobre os milhares e mi-lhares de brasileiros educadostão-somente graças aos esfor-ços dos espíritas! De vez emquando me dou o prazerde contar que o Brasil éo único país do mundoem que um taxista, aover a insígnia esperan-tista no meu peito, se diri-giu a mim em esperanto. Essetaxista, quando ainda criança, fre-quentou um Centro Espírita onde o idio-ma era ensinado. Isso permanecia em sua memória jápassados 30 anos.

Falando sobre o movimento dos esperantistas, per-mitam-me dizer algo sobre os seus objetivos, os quais seharmonizam completamente com os do Espiritismo. Omovimento do Esperanto visa a uma revolução lin-guística e cultural no mundo, enquanto os espíritastrabalham para uma revolução espiritual no coração

dos homens. Ambos desejam melhorar o mundo se-guindo caminhos próprios. Os esperantistas-espíritassão mais venturosos, porque buscam a melhoria domundo trilhando os dois caminhos ao mesmo tempo.

Por essas razões, creio que a Associação em foco, quetem como finalidade coordenar a ação geral dos espe-rantistas-espíritas, é de real necessidade. Com base naspublicações espiritistas, compreendo que o Espiritismose dissemina pelo mundo. Quero crer que, na Europa,

deve ser desenvolvido um empenho espe-cial, uma vez que a ideia básica sobre

Espiritismo (quando se ouve falardele) é de que se trata de “uma in-

compreensível brasileirice”.Como os esperantistas, sem dú-

vida, estão mais abertos para tu-do, devem naturalmente consti-tuir-se em objetivo preferencialdos espíritas. Também neste cam-po, nós, os esperantistas, devemosser o sal da terra.

Assim como muito me or-gulho de um movimento que

abraça os objetivos do mo-vimento esperantista,vocês também devemorgulhar-se do movi-

mento esperantista-es-piritista que conduzem.

Nele se associam duas tra-dições que, tendo conseguido

atravessar um dos séculos maissangrentos, ainda se esforçam por

melhorar o homem e o mundo.Estou certo de que a Associação Brasileira dos Espe-

rantistas-Espíritas muito contribuirá para esse objeti-vo no futuro!

Vida longa para ela!

Renato Corsetti – Brasileiro em exílio e espírita semespírito.3

33Agosto 2009 • Reformador 331111

2Atual vice-presidente da Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz.

3É assim que Renato Corsetti se despede, com aquele inconfun-dível humor italiano.

Renato Corsetti

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m suas últimas instruções aosdiscípulos, Jesus, confortan-do-os, aponta diretrizes que

eles deveriam seguir após seu re-torno ao mundo espiritual. São li-ções de rara beleza e profundasexortações, que serviriam de roteiropara os cristãos de todas as épocas.

Logo no início, assinalamos aternura do Mestre consolando osamigos neste derradeiro encontro– “Não se turbe o vosso coração,credes em Deus, crede também emmim” [João, 14:1] –, reforçando anecessidade da fé nos momentosdifíceis, para que não se deixassemabater pelo desânimo, nem seremvencidos pelo desespero.

Jesus, ao se despedir dos discí-pulos, sabia que eles não iriamcompreender o real sentido de suaspalavras nem entenderiam a gran-deza de sua missão. Isto, porém,era compreensível se analisarmosa grandiosidade de Jesus e as difi-culdades de entendimento do po-vo daquela época, arraigado aoscostumes e ao fanatismo religioso.

Nenhum fato histórico ou per-sonagem que o vivencia pode seravaliado corretamente no mo-mento em que é apresentado. Na-quela fase estava sendo registradaa presença e a vida do Espíritomais evoluído de nosso planeta. Afigura de Jesus foi tão importantena história da Humanidade quenossa civilização passaria a ser de-marcada no Ocidente como antese depois do Cristo a partir de suavinda à Terra.

Ainda em nossos dias, muitosnão compreenderam, profunda-mente, a missão do Mestre, suacondição espiritual de guia e mo-delo da Humanidade.

No diálogo que Jesus mantevenaquele encontro, destacamos a di-ficuldade de Tomé, quando Ele falaque iria partir e eles sabiam paraonde ia:“Mesmo vós sabeis para on-de vou e conheceis o caminho.” Odiscípulo indaga angustiado: “Se-nhor, não sabemos para onde vais;como podemos saber o caminho?”[João, 14:4-5.]

Muitos de nós, em nossas in-quietações filosóficas, não sabe-mos, ainda, para onde ir. Jesus,entretanto, ternamente responde:“Eu sou o caminho, e a verdade, ea vida. Ninguém vem ao Pai senãopor mim”. [João, 14:6.] Apontan-do-nos o caminho, sintetiza nes-tas palavras o roteiro, a indicaçãopara nossas consciências na buscada verdade e da vida.

Os discípulos sabiam que Jesusretornaria para o local de onde vie-ra, contudo, não compreendiamcomo seguir sem a presença físicado Mestre. Estavam inseguros ereceosos.

Compreenderiam mais tardeque o caminho seria justamente oamor, a renúncia, o perdão e a co-ragem com que teriam que enfren-tar todos os obstáculos que se an-teporiam à pregação da nova dou-trina, após a partida do Mestre.

Ainda hoje, muitos temem estecaminho e buscam atalhos, facili-dades, e se perdem nas ciladas quetentam solapar o desenvolvimen-

A estradada vida

ELU C Y DI A S RA M O S

“Senhor, não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?”(João, 14:5.)

34 Reformador • Agosto 2009331122

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to moral dos que desejam con-quistar a paz, vivenciar o amor eseguir Jesus.

Muitos se perdem nas ilusões domundo, acorrentados às dificul-dades e aos obstáculos, sem lograra caminhada segura para o Cristo.

Quantos de nós, mesmo conhe-cendo o caminho da vida, ainda nosperdemos pelos atalhos da ilusãoe da fuga aos deveres e responsa-bilidades assumidas!

Jesus indica o caminho da re-núncia, do sacrifício, do amor. Iraté Ele e ao Pai, seguindo seus en-sinos, que se resumem no “amai--vos uns aos outros”, e em sua ad-vertência – “se me amais, guardaios meus ensinamentos”. [João,14:15.]

Não existe lei mais clara, maisobjetiva que a preconizada peloCristo – a lei de amor. Posterior-mente, os Espíritos superiores,através do Consolador Prometido,completariam dizendo que a LeiDivina está escrita na consciência.(O Livro dos Espíritos, q. 621). E naquestão 614 esclarecem:

“A lei natural é a lei de Deus. É a

única verdadeira para a felicida-

de do homem. Indica-lhe o que

deve fazer ou deixar de fazer e ele

só é infeliz quando dela se afasta.”

Quase dois mil anos depois, oEspírito de Verdade, na belíssimamensagem em O Evangelho segun-do o Espiritismo, de Allan Kardec,cap. VI, item 8 afirma:

[...] A abnegação e o devota-

mento são uma prece contínua

e encerram um ensinamento

profundo. A sabedoria humana

reside nessas duas palavras. [...]

Aos sofredores e aflitos, aosque procuram o consolo e o ca-minho para a libertação espiri-tual, recomenda:

[...] Tomai, pois, por divisa es-

tas duas palavras: devotamento

e abnegação, e sereis fortes, por-

que elas resumem todos os de-

veres que a caridade e a humil-

dade vos impõem. O sentimento

do dever cumprido vos dará re-

pouso ao espírito e resignação.

O coração bate então melhor, a

alma se asserena e o corpo se

forra aos desfalecimentos, por

isso que o corpo tanto menos

forte se sente, quanto mais pro-

fundamente golpeado é o espí-

rito. (Op. cit., item 8.)

A Doutrina Espírita, revivendoos ensinamentos de Jesus, atuali-zando-os para uma adequação àvida atual, orienta-nos para a vigi-lância constante, o poder da fé e do

perdão como facilitadores da paze do equilíbrio físico e emocional.

O caminho da vida fica delinea-do para todos nós como aqueleque nos levará ao Pai Criador, deretorno às moradas no Universo,no ritmo crescente e contínuo dalinha de nossa evolução até atin-girmos a condição de Espíritossuperiores, rumo à perfeição.

Percorrendo o caminho das vi-das sucessivas, defrontando peri-gos, problemas e, no esforço doautoaprimoramento, vamos adqui-rindo as experiências necessárias ea fortaleza de espírito através dolivre-arbítrio.

No livro Obras Póstumas, Primei-ra parte, “O caminho da vida”, p.207-213, Ed. FEB, conforme trans-crição na Revista Espírita de junhode 1869, tradução de Evandro No-leto Bezerra, p. 228-234, Allan Kar-dec comenta em belíssima páginasobre a pluralidade das existências,ilustrando o assunto com o exem-plo de um homem – criado simplese ignorante – a caminhar na rota daevolução em direção ao seu desti-no maior. Ele faz a comparação das

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múltiplas existências com uma lon-ga estrada onde o viajante de quan-do em quando depara com flores-tas que deverá atravessar, em inter-valos desiguais. A estrada larga eensolarada é interrompida a cadaperíodo por uma floresta densa comperigos e dificuldades que só termi-nam quando a estrada surge ao finalde cada jornada. Assim, de florestaem floresta, ele vai se saindo melhordos obstáculos e, aos poucos, vai co-nhecendo bem os percalços, os es-pinhos, e sabe se livrar de tudo o quepoderia retardar sua marcha. O ca-minho termina, segundo Kardec, nocume de uma montanha onde elepode divisar todas as florestas e a es-trada que percorreu. Esta recorda-ção, porém, já não lhe é penosa,porque se sente vitorioso e em paz.No final do artigo, no livro citado,Kardec completa seu comentário:

A estrada é a imagem da vida es-

piritual da alma e em cujo per-

curso esta é mais ou menos fe-

liz. As florestas são as existências

corpóreas, em que ela trabalha

pelo seu adiantamento, ao mes-

mo tempo que na obra geral. O

caminheiro que chega ao fim e

que volta para ajudar os que vêm

atrasados figura os anjos guar-

diães, os missionários de Deus,

que se sentem venturosos em vê-

-lo, como, também, no desdo-

brarem suas atividades para fazer

o bem e obedecer ao supremo

Senhor. (Op. cit., p. 234.)

Jesus, como missionário subli-me, nos ensinou o caminho, comovencer as dificuldades e as ciladasdas sombrias florestas que se ergue acada ciclo evolutivo, e nos enviouo Consolador, que nos faz com-preender nossa destinação espiri-tual na conquista do aprimora-mento moral através do amor, daabnegação e do devotamento.

Já conhecemos o roteiro...A estrada da vida se estende

para todos nós através do infi-nito e cumpre a cada um de nóspercorrê-la!...

Quem segue pela estrada da existência semeando a doce bênção da bondade;quem traz no coração a caridadeem sua pura e divinal essência;

quem passa pela vida com clemência fiel, sempre, aos anseios da verdade;quem sabe espargir a claridadedo amor, em sua nobre quintessência,

será pelo Senhor o mais queridoo primeiro nos céus, o escolhido entre os humildes servos de Jesus.

Sempre subindo firme e altaneiro com fé, com compreensão, amor e luz será de Cristo o doce mensageiro.

O primeiroTherezinha Radetic

Fonte: RADETIC, Therezinha. Catedrais. Rio de Janeiro: J. P. Jornalismo e Promoções. p. 21.

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“Qual é o teu nome?” – indaga Jesus. Responde--lhe: “O meu nome é Legião”, porque somos muitos.E lhe imploravam com insistência que não os mandas-se para fora dessa região [Gerasa]. (Marcos, 5:9 e10.) Eis a tese do Evangelho,num dos fecundos diálo-gos do Nazareno com assombras, tese que, evoca-da no prefácio de Fran-cisco Thiesen, permeiatoda a obra de HermínioC. Miranda, agora relan-çada pela Federação Es-pírita Brasileira (FEB).

Diálogo com as sombrasdestina-se aos estudiososda Doutrina que desejamsaber um pouco mais so-bre o processo de comu-nicação entre os dois pla-nos de vida, bem comoaos trabalhadores da searamediúnica que atendemaos Espíritos sofredores.

Estruturada em quatrocapítulos, a obra enfocatodos os ângulos do traba-lho de um grupo mediúnico; os desafios da árduae delicada tarefa; e as técnicas e recursos para o seubom andamento.

O prefaciador, ex-presidente da FEB, explicaque Hermínio aproveita suas experiências nas ati-vidades mediúnicas para justificar cada detalhe,cada ensino, e expor-lhes os desdobramentos com

a segurança de quem pos-sui conhecimento de cau-sa, destacando, com críticaabalizada, alguns pontosde vista que o autor, semapresentar nenhuma reve-lação especial, entende re-levantes naqueles serviços.

Diálogo com as sombras,que teve sua primeira edi-ção em 1976, recebe ago-ra novo formato gráfico(14x21cm), com diagra-mação harmônica e de fácil leitura.

Hermínio C. Mirandanasceu em 5 de janeiro de1920, na cidade de VoltaRedonda (RJ). Renomadopesquisador e escritor,também identificado porH. C. M. e João Marcus,tem mais de 30 títulos pu-

blicados por diversas editoras, seis deles pela FEB,sempre cedendo seus direitos autorais a institui-ções filantrópicas.

Falando de Livro

Diálogo comas sombrasTeoria e prática

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Sessão de Abertura

No dia 15, às 20 horas, ocor-reu a Sessão de Abertura, inicia-da pelo secretário-geral do Con-selho Federativo Nacional daFEB e coordenador das Comis-sões Regionais, Antonio CesarPerri de Carvalho, sendo a preceproferida pelo presidente daUnião Espírita Mineira, Marival

Veloso de Matos. Seguiram-se assaudações do presidente daFEB, Nestor João Masotti, e dopresidente da Federação Espíri-ta do Distrito Federal, César deJesus Moutinho. Também com-punham a Mesa diretora os vi-ce-presidentes da FEB AltivoFerreira e Cecília Rocha. Houvea apresentação do “Projeto Cen-tenário de Chico Xavier”, reali-zada pelo secretário da Comis-são Regional Centro, AstonBrian Leão, pelo coordenadordo 3o Congresso Espírita Brasi-leiro, João Pinto Rabelo, e porAntonio Cesar Perri de Carva-lho, coordenador do referidoProjeto. Ocorreu, ainda, o lan-çamento do opúsculo da Cam-

panha “O Evangelho no Lar e noCoração”.

Em seguida, o coordenadorda reunião convidou os presi-dentes das Federativas a apresen-tarem suas equipes, apresentan-do, por sua vez, a equipe das Áreasdas Comissões Regionais doCFN. A reunião contou com a par-ticipação das sete Entidades Fe-derativas da Região: César deJesus Moutinho (Federação Es-pírita do Distrito Federal); Ma-ria Lúcia Resende Dias Faria(Federação Espírita do Estadodo Espírito Santo); Aston BrianLeão (Federação Espírita do Es-tado de Goiás); Luiza LeontinaAndrade Ribeiro (FederaçãoEspírita do Estado de MatoGrosso); Maria Túlia Bertoni(Federação Espírita de MatoGrosso do Sul); Marival Velo-so de Matos (União EspíritaMineira); e Leila Ramos (Fe-deração Espírita do Estado doTocantins).

Conselho Federativo Nacional

Reunião da ComissãoRegional Centro

A Reunião da Comissão Regional Centro, em seu vigésimo terceiro ano, desenvolveu-se

nos dias 15, 16 e 17 de maio de 2009, nas dependências da Federação Espírita

do Distrito Federal, em Brasília

Sessão de Abertura: saudaçãodo presidente da FEB, NestorJoão Masotti

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Reunião dos Dirigentes

Ocorreu durante o sábado. Adireção dos trabalhos coube aocoordenador das Comissões Re-gionais Antonio Cesar Perri deCarvalho e ao secretário da Co-missão Regional Centro AstonBrian Leão, com participaçõesdo presidente da FEB, NestorJoão Masotti, do vice-presidenteda FEB Altivo Ferreira e de CéliaMaria Rey de Carvalho, inte-grante da equipe da Secretaria--Geral do CFN.

Os dirigentes das Federativastrataram do tema “Plano de Tra-balho: desenvolvimento e resulta-dos junto aos centros espíritas” efizeram algumas considerações re-lacionadas com o tema da reu-nião anterior: “Principais necessi-dades e dificuldades para a estru-turação e implantação do Planode Trabalho pelas Federativas”.Foi aprovado que o tema para aReunião Conjunta das Comis-sões Regionais, em 2010, será:“Plano de Trabalho: Desenvolvi-mento, Resultados e próximospassos”, sendo também definido

que a Reunião do ano de 2011será realizada no Espírito Santo,nos dias 13, 14 e 15 de maio, ten-do como tema de estudo: “Planode Trabalho para o MovimentoEspírita Brasileiro: Avaliação esua Projeção para 2013-2018”.

Os dirigentes das Federativasrealizaram análise conjunta dassugestões para o aprimoramen-to do documento “Diretrizes da

Dinamização das Atividades Es-píritas” (aprovado pelo CFN em1983), com o objetivo de origi-nar o documento “Orientaçãoaos Órgãos de Unificação”, e pa-ra o “Curso de Capacitação paraDirigentes e Trabalhadores paraas Atividades dos Órgãos Fede-rativos e de Unificação do Mo-vimento Espírita”, com base emminuta elaborada pela Secre-taria-Geral do CFN, já incorpo-rando sugestões recebidas deEntidades Federativas Estaduais.Em prosseguimento, foram tro-cadas informações sobre os itensda Pauta: “Projeto Centenáriode Chico Xavier”, distribuindo--se material de divulgação àsFederativas; comemorações dos60 anos do Pacto Áureo; e fo-ram prestadas informações so-bre ações do Conselho EspíritaInternacional.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, realizaram--se as reuniões das Áreas espe-cializadas, todas elas com a par-ticipação de trabalhadores dos

Aspecto da Reunião dos Dirigentes

Capa do opúsculo da Campanha“O Evangelho no Lar e no Coração”

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Estados da Região: AtendimentoEspiritual no Centro Espírita,Atividade Mediúnica, Comuni-cação Social Espírita, Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espí-rita, Infância e Juventude, e Ser-viço de Assistência e PromoçãoSocial Espírita.

Reunião Plenária

Ao final, na manhã de do-mingo, houve uma reunião ple-nária desenvolvida como mesa--redonda, presidida pelo coorde-

nador das Comissões Regionais,com a participação do secretá-rio da Comissão Regional Cen-tro, do presidente e do vice-pre-sidente da FEB, já citados, e dospresidentes das Federativas. O se-cretário da Comissão Regional eos coordenadores das Áreas es-pecializadas fizeram uma apre-sentação sintética acerca do te-ma discutido e a indicação dotema para a próxima reunião,seguindo-se a participação doPlenário com diversas sugestõese entusiásticas manifestações.Eis os relatos dos trabalhos rea-

lizados nas seguintes reuniõessetoriais:

Reuniãoda Área doAtendimen-to Espiritualno CentroE s p í r i t a ,coordenadapor MariaEuny Her-rera Masot-ti, com as-sessoria deV i r g í n i a

Roriz. Assunto da reunião: “Siste-matização da visita fraterna e daconvivência fraterna”. Tema para apróxima reunião: “As ações da

Área do Atendimento Espiritualno Centro Espírita e o Plano deTrabalho”.

Reunião da Área da AtividadeMediúnica, coordenada por EdnaMaria Fabro, com assessoria deAldenice Cousseiro.Assunto da reu-nião: “Resultados da Divulgaçãoe Aplicação do Documento Or-ganização e Funcionamento daReunião Mediúnica”. Tema paraa próxima reunião: “Correlacio-nar à prática mediúnica as setediretrizes definidas no Plano deTrabalho para o Movimento Es-pírita Brasileiro (2007-2012)”.

Reunião da Área da Comunica-ção Social Espírita, coordenadapor Ivana Leal S. Raisky. Assunto

Área da Comunicação Social Espírita

Área do Atendimento Espiritual no Centro Espírita

Área da Atividade Mediúnica

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da reunião: “Contribuição da Áreade Comunicação Social Espíritaao Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita, no que se refereàs Diretrizes e Ação”. Tema para apróxima reunião: “Avaliação e no-vas estratégias da Área de Comuni-cação Social Espírita com relaçãoao Plano de Trabalho”.

Reunião da Área do EstudoSistematizado da Doutrina Espí-rita, coordenada por Sônia Ar-ruda Fonseca, com assessoriade Tossie Yamashita. Assunto dareunião: “Elaboração de umPlano de Ação do ESDE Federa-tivo”. Tema para a próxima reu-nião: “O ESDE e o Plano de Tra-balho: Ações e Resultados”.

Reunião da Área da Infância eJuventude, coordenada por RuteRibeiro, comassessoria deCirne Ferrei-ra. Assunto daReunião: “Ju-ventude Espí-rita”. Tema paraa próxima reu-nião: “Açõese Resultados apartir das Di-f i c u l d a d e sD e t e c t a d a spelo Censo sobre a JuventudeEspírita”.

Reunião da Área do Serviçode Assistência e Promoção Social

Espírita, coordenada por JoséCarlos da Silva Silveira, com as-sessoria de Maria de LourdesPereira de Oliveira, e participa-ção de Clodoaldo de Lima Leite(SP), como convidado. Assuntoda reunião: “Apresentação deresultados, na Área do SAPSE,do Plano de Trabalho para oMovimento Espírita Brasileiro(2007-2012)”. Tema para a pró-xima reunião: “O SAPSE e oPlano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita: Diagnósticodo SAPSE-Centro”.

Sessão de Encerramento

Em momento de confraterni-zação, houve homenagem a Cecí-lia Rocha, pela passagem de seu90o aniversário. Finalizando ostrabalhos, ocorreram manifesta-ções de despedidas dos presiden-tes das Entidades Federativas, doscoordenadores das Áreas das Co-missões Regionais, do secretárioda Comissão Regional Centro, docoordenador das Comissões Re-gionais e do presidente da FEB,sendo a prece de encerramentoproferida por Altivo Ferreira.

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

Área da Infância e Juventude

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Goiás: Vivência da Fraternidade“Vivência da Fraternidade na Casa Espírita” foi o te-ma do Encontro Estadual da Área do AtendimentoEspiritual, realizado nos dias 20 e 21 de junho, pelaFederação Espírita do Estado de Goiás. O evento,desenvolvido pela equipe da FEEGO, contou com aparticipação de interessados na Área e de trabalha-dores que já atuam na recepção e atendimento fra-terno. Informações: <[email protected]>.

Bahia: Dimensões da MediunidadeNo dia 6 de julho, a Federação Espírita do Estado daBahia promoveu, no Teatro da Casa do Comércio, oprimeiro Seminário do Saber Espírita do Ano, como tema “Dimensões da Mediunidade”, desenvolvidopela oradora espírita Suely Caldas Schubert.

Piauí: Congresso EspíritaA Federação Espírita Piauiense e o Centro EspíritaMansão da Paz realizaram, nos dias 10, 11 e 12 dejulho, o V Congresso Espírita Piauiense (CEPI). Esteano, entre os palestrantes, estavam Divaldo PereiraFranco, Alberto Ribeiro de Almeida, Roberto LúcioVieira de Souza, Kátia Marabuco e João Pinto Rabe-lo. O tema do Congresso foi “Família: alicerce da so-ciedade”. Informações: <[email protected]>.

Brasil Sem Aborto: Lançamento de vídeosO Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – BrasilSem Aborto lançou no dia 17 de junho, em Brasília, doisdocumentários intitulados “Flores de Marcela” e “Quan-tos Eu Te Amo... poderia escutar em 15 minutos?”, pro-duzidos pela Estação Luz Filmes. Os filmes são uma con-tribuição para a luta em defesa da vida – desde a fecun-dação – e têm o objetivo de sensibilizar a sociedadebrasileira para se evitar a legalização da prática de abor-to em bebês com diagnóstico de anencefalia. Informa-ções: <www.brasilsemaborto.com.br>.

Espírito Santo: Atendimento EspiritualCom o tema central “Cuidar, Cuidar-se, Deixar-se

Cuidar”, a Federação Espírita do Estado do EspíritoSanto realizou, em 12 de julho, o Encontro Estadualde Trabalhadores do Atendimento Espiritual, com apresença de Catarina Loureiro e Taciana Cristina deLima, da Associação Médico-Espírita do Estado doEspírito Santo. A reunião ocorreu no Grupo da Fra-ternidade Espírita Jerônymo Ribeiro, em Vila Velha.

VII MEDNESPO VII Congresso Nacional da Associação Médico--Espírita do Brasil realizou-se em Porto Alegre (RS),no Campus da Universidade Federal do Rio Grandedo Sul, de 11 a 13 de junho, com o tema central“Consciência, Espiritualidade e Saúde: Desafios naprática profissional”. Participaram como expositores,entre outros: o físico Allan Wallace (EUA), o LamaPadma Samten (RS), os médicos espíritas MarleneNobre (presidente da AME-Brasil) e Sérgio Felipede Oliveira.

Santa Catarina: Encontro MacrorregionalO I Encontro Macrorregional do Departamento Dou-trinário, promovido pela Federação Espírita Catari-nense, ocorreu dia 14 de junho, em Tubarão, dandocontinuidade às atividades iniciadas em março noCentro Espírita Jesus de Nazaré, de Caçador. Foramconvidados os Conselhos Espíritas das 2a, 3a e 9a

Regiões. Informações: <www.fec.org.br>.

Paraná: Evangelizador: servidor de JesusO Departamento de Infância e Juventude da Fede-ração Espírita do Paraná promoveu o seminário“Evangelizador: servidor de Jesus”, nas dependên-cias da Sociedade Espírita Francisco de Assis, emPonta Grossa. O evento, realizado no dia 7 de ju-nho, abordou temas como a motivação individuale da equipe e a superação dos desafios para o apri-moramento da tarefa. Foram recebidos evangeliza-dores de infância, coordenadores de juventude, di-retores de DIJ e participantes de grupos de estudoda Doutrina Espírita.

Seara Espírita

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