reforma do estado e administração pública gerencial

32
Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial Gestão do Setor Público: estratégia e estrutura para um novo Estado Da administração pública burocrática à gerencial Luiz Carlos Bresser Pereira

Upload: junia-falqueto

Post on 30-Jul-2015

1.579 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Autores: Junia Falqueto; Leticia Calderan; 2011

TRANSCRIPT

Page 1: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Gestão do Setor Público: estratégia e estrutura para um novo Estado

Da administração pública burocrática à gerencialLuiz Carlos Bresser Pereira

Page 2: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

An

os

80 Ajuste estrutural:

ajuste fiscal, liberalização do comércio, privatização e desregulamentação.

An

os

90 Reforma do

Estado/Reforma Administrativa

Como reconstruir o Estado/ como redefinir um novo Estado em um mundo globalizado.

Gestão do Serviço PúblicoMudança de Perspectiva:

Page 3: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Plano Diretor da reforma do aparelho do Estado (Agosto, 1995)◦ Administração Pública Burocrática Gerencial

Transformação da Secretaria da Presidência em um novo Ministério: da Administração Federal e Reforma do Estado.

No Brasil

Page 4: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Razões: ◦ Não basta o ajuste estrutural para se retomar o

crescimento; Premissa neoliberal que estava por trás das reformas

(estado mínimo/mercado coordenador da economia) provou ser irrealista.

◦ Proteção do patrimônio público (res publica) contra as ameaças de “privatização” (rent-seeking); Proteção dos direitos públicos: propriedade do Estado de

todos e para todos, não apropriada por uns poucos;◦ Aprimoramento da democracia e substituição da

administração pública burocrática por uma administração pública gerencial.

Reforma do Estado

Page 5: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Consequências: ◦ Redução do Estado;◦ Limitação de suas funções como produtor de bens e

serviços e como regulador; ◦ Ampliação de suas funções no financiamento de

atividades que envolvam externalidades ou direitos humanos básicos e na promoção da competitividade internacional das indústrias locais.

Aspectos envolvidos:◦ Políticos: promoção da governabilidade;◦ Econômicos e Administrativos: visam aumentar a

governança.

Reforma do Estado

Page 6: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Administração Pública

Patrimonialista Burocrática Gerencial

- Patrimônio público e privado eram confundidos;- Estado como um patrimônio de seu governante;

- Nepotismo;- Empregatismo;- Corrupção.

- Substituiu a administração patrimonialista;- Auto-referente;- Patrimônio público ≠ patrimônio privado;- Serviço público profissional e sistema administrativo impessoal, formal e racional;- Controle hierárquico e formalista dos procedimentos*;- Baseada no pressuposto da eficiência*;- Concentra-se no processo e em garantir as demandas dos cidadãos;- Controles preventivos.

Problemas:-Lenta, cara e ineficiente.

- Em resposta à crise do Estado; para enfrentar a crise fiscal; reduzir custos; aumentar a eficiência; instrumento de proteção do patrimônio público.- Orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados;- Visa à satisfação do interesse público.- Políticos e funcionários públicos são merecedores de confiança (limitada);- Estratégia: descentralização, incentivo à criatividade e à inovação, - Contrato de gestão (instrumento de controle dos gestores públicos);- Orientada para resultados;- Controle a posteriori.

Page 7: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

ESTADO MODERNO

Setores Características

Tipo de Administraçã

o

Tipo de Propriedad

e

Tipo de Instituição

Núcleo estratégico

É o centro no qual se definem as leis e as políticas e como as fazer cumprir. Ex: Parlamento, Tribunais, Presidente da República, ministros de Estado.

Administração Pública Gerencial + Características Burocráticas Atualizadas(carreira e estabilidade asseguradas por lei)

Estatal

Atividades exclusivas

É exercido o “Poder de Estado”. Ex: forças armadas, polícia, agências de financimento, agências reguladoras.

Administração Pública Gerencial (Descentralizada)

EstatalAgências autônomas

Serviços não-exclusivos

O Estado provê; mas podem também ser oferecidos pelo setor privado e pelo setor público não-governamental.Ex: educação, saúde, cultura, pesquisa científica.

Administração Pública Gerencial (Autônoma)

Pública não-governamental

Organizações sociais

Produção de bens e serviços

Empresas estataisAdministração Pública Gerencial

Privada

Page 8: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Administração Pública Brasileira

Page 9: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

1936

1995Administração pública gerencial

1967

Ensaio de desburocratização e descentralização

1936

Reforma Burocrática

Reformas administrativas no Brasil

Page 10: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Crise fiscal ou financeira

• Perda do crédito público e poupança pública negativa.

Crise do modo de

intervenção do Estado

• Esgotamento do modelo protecionista de substituição de importações.

Crise da forma burocrática

• Sobrevivência do patrimonialismo;

• Não consolidação de uma burocracia profissional no país;

• Enrijecimento burocrático extremo.

Crise política

• 1º) crise de legitimidade;

• 2º) crise de adaptação ao regime democrático;

• 3º) crise moral

Crise do Estado, 1979Perda da capacidade do Estado de coordenar o sistema econômico de forma complementar ao mercado.

Page 11: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Período: 1979-1994 Causa: Crise do Estado Consequências: estagnação da renda per

capita e alta inflação sem precedentes. Retomada do Crescimento: Plano Real

(1994) - estagnação dos preços.

Crise Econômica no Brasil

Page 12: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

1979

1994

Plano Real

Retomada do crescimento

Estagnação dos preços

Segundo choque do petróleo

Crise do Estado

•Crise fiscal; •Crise do modo de intervenção do Estado; •Crise da forma burocrática; •Crise política.

CRISE ECONÔMICA NO BRASIL

1985

1995

Governo FHC

Plano Diretor da reforma do aparelho do

Estado: Administraçã

o Pública Burocrática

Gerencial

1988

Crise da Forma

Burocrática

Contra-reforma

CF/88 – Retrocesso Burocrático/

Irrealista

-Crise fiscal

-Crise do modo de intervenção do Estado

1987

2º momento da crise política

Crise de adaptação ao regime

democrático (tentativa

populista de voltar aos anos 50)

1990

Hiperinflação

Reformas econômicas

e ajuste fiscal

ganham impulso.

1992

3º momento da Crise Política

(Moral) Impeachment

de Collor1º momento da Crise Política (legitimidade)

(Crise do Regime Militar)

Page 13: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Decreto-Lei 200, de 1967 1ª tentativa de reforma gerencial da administração pública brasileira –

FRACASSADA Tentativa de superação da rigidez burocrática; Ênfase: descentralização mediante a autonomia da administração

indireta; Promoveu a transferência das atividades de produção de bens e

serviços para autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista;

Princípios de racionalidade administrativa: planejamento, orçamento, descentralização e controle dos resultados;

Utilização de empregados celetistas, submetidos ao regime privado de contratação de trabalho (sem concurso público);

Flexibilização da administração (buscando maior eficiência nas atividades econômicas do Estado);

Fortalecimento da aliança política entre a alta tecnoburocracia estatal, civil e militar, e a classe empresarial.

Reformas gerenciais da Administração Pública Brasileira

Page 14: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Consequências inesperadas: Facilitou a sobrevivência de práticas

patrimonialistas e fisiológicas, por meio da contratação de empregados sem concurso público.

O núcleo estratégico do Estado foi enfraquecido indevidamente devido a ausência de realização de concursos e de desenvolvimento das carreiras de altos administradores.

Decreto-Lei 200, de 1967

Page 15: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Governo Sarney (1985):

volta aos ideais burocráticos dos anos 30 e ao populismo dos anos 50;

Crise fiscal foi ignorada;

Visão distorcida do pensamento Kenesyano:

• Modelo de substituição de importações

• Aumento do gasto público e dos salários Fracasso do Plano Cruzado

A volta aos anos 50 e 30

Page 16: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Reação ao Clientelismo, afirmação de privilégios corporativistas;

Princípios de uma administração pública arcaica, hierárquica e rígida;

Visão errônea sobre as estratégias descentralizadoras (decreto- lei n° 200/67);

Crítica ao Regime jurídico único e a Estabilidade do serviço público;

Crítica ao sistema de aposentadoria com remuneração integral;

Mérito: tornou obrigatório o concurso público para a admissão de todo e qualquer funcionário;

*impossibilidade de se promoverem funcionários internamente.

CF/88 – Retrocesso Burocrático

Page 17: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

1) Mito Positivo da Carreira: Ao mesmo tempo que se prega a instauração da carreira, na prática, a destrói através da indução da gratificação de desempenho;

2) Mito Negativo do DAS: acredita-se que o DAS mina o sistema de carreiras, abrindo espaço para a contratação sem concurso. Na verdade, trata-se de uma carreira mais flexível e orientada pelo mérito. O DAS pode-se tornar um instrumento estratégico para a disputa dos melhores administradores brasileiros.

Mitos Burocráticos

Page 18: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Governo Brasileiro

Da Administração Burocrática à Gerencial Sarney (1985) à FHC (2003)

Page 19: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Episódio da Hiperinflação (1990), ao final do governo Sarney, impulsionou as reformas econômicas e o ajuste fiscal durante o governo Collor;

Importantes medidas de apoio à Reforma da Economia e do Estado:

◦ Abertura Comercial;◦ Impulsionou a privatização;◦ Cancelamento da divida interna pública;◦ Promoveu o ajuste fiscal.

Governo Collor (1990-1992)

Page 20: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Episódio da Hiperinflação (1990), ao final do governo Sarney, impulsionou as reformas econômicas e o ajuste fiscal durante o governo Collor;

Importantes medidas de apoio à Reforma da Economia e do Estado:

◦ Abertura Comercial;◦ Impulsionou a privatização;◦ Cancelamento da divida interna pública;◦ Promoveu o ajuste fiscal.

Governo Collor (1990-1992)

Page 21: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Mas... “ Governo Contraditório”, se perde em meio à corrupção generalizada;

Diagnóstico equivocado Tentativa de reforma equivocada;

Crise na Administração Pública:

• Tentativa frustrada de reduzir o Estado sem assegurar a legalidade das medidas;

•Desprestigio dos servidores públicos;

• Desorganização da já precária estrutura burocrática existente.

Page 22: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Governo Itamar (1992-1994)

Documento ENAP de 1993: Diagnóstico da administração Pública

“ A crise administrativa manifesta-se na baixa capacidade de formulação, informação, planejamento, implementação e controle de políticas públicas”

• Defende a necessidade de uma administração descontaminada de patrimonialismo;

• Reafirma valores burocráticos clássicos : Profissionalização do serviço público;

• Criação da carreira de Gestores Públicos;

* Não se deu conta da necessidade de uma modernização da administração Pública que só uma perspectiva gerencial poderia proporcionar, segundo Bresser Pereira (1998)

Page 23: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Documento da Associação Nacional dos Especialistas em

Políticas Públicas (1994):

• Identifica o processo de recrutamento e alocação de quadros marcados por falta de critérios e clientelismo como o grande problema da administração;

• Aponta a necessidade de uma Reforma do Estado que reflita paradigmas gerenciais.

Page 24: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Governo FHC (1995-2003) Nova Proposta de Reforma do Estado

• Objetivo a curto prazo: ajuste fiscal

o Definição do teto remuneratório (Estados e Municípios);

o Exoneração de funcionários por excesso de quadro;

o Modificação do sistema de aposentadorias: aumento da idade mínima e do tempo de serviço.

• Objetivo a médio prazo: Modernizar a Administração Pública, voltando-se para o atendimento do cidadão

Page 25: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Necessidade de Mudança Constitucional;

Princípio da Subsidariedade: Só deve ser estatal a atividade que não puder ser controlada

pelo mercado + Crise que retirou do Estado a capacidade de

gerar poupança e investir em empresas estatais

=*Privatização de Empresas Estatais

Proposta de Reforma – Governo FHC

Page 26: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Núcleo Estratégico: Estatal;

Atividades Exclusivas do Estado: Contrato de Gestão – Agências Reguladoras

Setor de bens e Serviços para o Mercado: Privatização

Atividades não exclusivas: Atividade controlada de forma mista pelo mercado e pelo Estado Organizações Sociais

• Programa de Publicização: entidade conserva seu caráter público , mas de direito privado Maior autonomia

*Privatização

Page 27: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Objetivo da Reforma Administrativa: Transitar de uma administração pública burocrática para a gerencial

A administração gerencial constitui um avanço, mas sem romper em definitivo com a Burocracia – Há a combinação de princípios de ambas.

• Segurança e efetividade (princípios burocráticos): Núcleo estratégico;

• Flexibilidade e meritocracia (princípios gerencialistas): demais setores

Tipos de Administração mais adequados

Page 28: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

a) Institucional - legal: leis e instituições são modificadas;

b) Cultural: Mudança de valores burocráticos para gerenciais;

C) Co- gestão: colocar na prática os ideais gerenciais, oferecer a população um serviço público mais barato e de qualidade

Dimensões da Reforma Administrativa

Page 29: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

O êxito da reforma depende da capacidade de cobrança da sociedade;

No processo de reforma, o apoio da alta burocracia é fundamental;

Princípios da administração patrimonialista devem ser eliminados;

A administração gerencial não nega todos os princípios da burocracia. Na verdade, conserva alguns dos seus preceitos básicos, como a admissão de pessoal segundo critérios rígidos, as avaliações de desempenho, o aperfeiçoamento profissional e um sistema de remuneração estruturado.

Considerações finais sobre a Reforma Administrativa

Page 30: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

Na administração pública gerencial, a noção de interesse público é diferente da que existe no modelo burocrático. A burocracia admite o interesse público como o interesse do Estado. Já a administração pública gerencial, identifica este interesse como o dos cidadãos, que são vistos como clientes dos serviços públicos.

Page 31: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

A administração pública gerencial apresenta-se como solução para problemas do modelo burocrático. Prioriza-se a eficiência, a qualidade dos serviços e a redução dos custos. Busca-se aumentar a governança do Estado, isto é, sua capacidade de gerenciar com efetividade e eficiência.

Qual é o papel do cidadão na perspectiva gerencialista?

Questões para discutir

Page 32: Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial

“A administração gerencial deve estar fortemente voltada para a satisfação do usuário final dos serviços de caráter público, o chamado cliente, na � �abordagem da iniciativa privada. Isto pressupõe a ampla disseminação de mecanismos de aferição da satisfação do cidadão com os serviços públicos e de transparência no acesso a informações”. Fonte: Questões sobre a Reforma Administrativa, p. 20,1997 – Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.

Quais seriam os mecanismos de participação e controle popular sobre a administração pública ? Tais mecanismos funcionam no nosso país?