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VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002

Reflexões sobre a sustentabilidade social, cultural e ambiental das atividades turísticas no Brasil

Francisca de Oliveira Cruz

1. Introdução O grande desafio de todas as instâncias de governo repousa na obtenção do desenvolvimento sustentável ancorado sobre a lógica da interface entre três importantes processos: crescimento econômico, com equidade social e equilíbrio ecológico. Neste contexto, o turismo por constituir setor da economia com elevado potencial para investimentos e grande capacidade de alocação de mão-de-obra, assume papel proeminente, integrando as estratégias governamentais de conservação e desenvolvimento sustentável para uma região, estado ou nação como um todo. No Brasil, jamais se falou tanto sobre a “indústria do turismo”, como nos tempos atuais. Em 2000, segundo dados do Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR, autarquia especial vinculada ao Ministério do Esporte e do Turismo, o Brasil recebeu cerca de 5,9 milhões de turistas estrangeiros e cerca de 40 milhões de brasileiros viajaram internamente. O Governo, por meio de políticas, vem estabelecendo, para 2003, metas econômicas desafiadoras para o setor. No entanto, num país que busca seu desenvolvimento, tendo como base ideais de justiça, cidadania e bem-estar social, a dimensão econômica e a dimensão social, cultural e ambiental não podem ser consideradas de forma dicotômica. Os resultados econômicos do turismo só assumirão efetivamente proeminência quando canalizados para os benefícios sociais, com total preservação dos aspectos culturais e ambientais. Torna-se imperativo, portanto, a eficácia na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas que assegurem a sustentabilidade das atividades turísticas, tendo em conta a justa distribuição dos benefícios para a sociedade e a proteção adequada do ambiente natural e cultural da área anfitriã. Com relação à sustentabilidade social, cultural e ambiental do turismo, há que se considerar que várias iniciativas vêm sendo tomadas pelo Governo brasileiro, o que alguns estudiosos desta temática consideram “trabalho silencioso”. No entanto, num país de proporção continental e com graves problemas sociais, estas iniciativas longe estão de atenderem as demandas existentes. Assim, e por comemorar-se em 2002 o Ano Internacional do Ecoturismo, neste estudo será lançado um olhar crítico sobre as políticas públicas, ações e investimentos do Governo com relação à canalização dos resultados econômicos em prol da sustentabilidade social, cultural e ambiental das atividades turísticas no Brasil. 2. Texto do Documento 2.1 – Expressividade do Turismo para o Desenvolvimento Econômico do Brasil O sistema turístico, contemplando vasto leque de modalidades de produtos e de setores produtivos, assume papel de grande proeminência para o desenvolvimento da economia, como fonte de geração de

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rendas individuais e empresariais, de ingresso de divisas na balança de pagamentos, de receitas para os cofres públicos, tudo isto, sem considerar sua expressividade como manancial de geração de empregos. Este é o setor que mais cresce no mundo e que mais contribui para a economia mundial, atingindo o patamar de 10,2% do produto Interno Bruto (PIB) e movimentando bilhões de dólares por ano. O imenso potencial natural do Brasil - 7.400Km de extensão litorânea, vastas praias com areia branca, 34 parques nacionais, vários parques estaduais e reservas biológicas, 70 cidades históricas, clima, predominantemente, tropical, florestas tropicais -, favorecem a expansão do turismo brasileiro e, consequentemente, a alavancagem da economia brasileira. Em que pese esses expressivos indicadores, o atual panorama do turismo no Brasil, ainda, é considerado, pelos agentes econômicos, como tímido. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo – WTTC, considera que o Brasil é um importante elemento no contexto mercadológico mundial do turismo, não só como receptivo em potencial, mas também, pelo importante fluxo turístico emissivo de turistas, tanto em quantidade como em qualidade. Barros in: Lage e Milone (2000:87) nos indica que, segundo análises de tendência, o presidente da WTTC, Geoffrey Lipman, declara otimismo em relação ao Brasil, imaginando que o crescimento deverá estar entre 2 e 5% na primeira década do novo milênio. Calcula, também, que:

“aproximadamente 1,5 milhão de novos postos de trabalho deverão surgir como resultado da implementação da indústria de viagens e turismo no Brasil até o ano 2010, considerando a inclusão de todos os setores diretamente relacionados com o segmento e, também, seus fornecedores de produtos e serviços.”

Diante destas potencialidades do Brasil, o Governo, por meio do Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR, autarquia especial vinculada ao Ministério do Esporte e do Turismo, vem estabelecendo metas econômicas desafiadoras, estimando para 2003: (a) ampliação do fluxo de turistas estrangeiros para 6,5 milhões e de turistas nacionais para 57 milhões; (b) elevação da receita cambial turística para 5,5 bilhões; e (c) geração de 500 mil novos empregos. 2.2 – Ecoturismo Há muito, o foco mundial tem se voltado para análise do impacto social, cultural e ambiental proveniente do desenvolvimento das atividades turísticas, que pode ser positivo ou negativo, dependendo de como as atividades são planejadas e gerenciadas. Além de levar em consideração a preservação da natureza, da cultura e dos processos produtivos locais, o planejamento sustentável deve adotar uma abordagem que trabalhe a mentalidade da população nativa e os hábitos das organizações turísticas locais. Ou seja, levar em conta os medos, desejos e necessidades da população local é fator imperativo no planejamento turístico. Assim, num contexto de rápido crescimento do turismo cultural e de natureza, em suas várias formas, a interpretação, enquanto veículo de comunicação, tornou-se ainda mais crucial para despertar atitudes preservacionais entre comunidades receptoras, visitantes, e empreendedores turísticos. Os problemas e perspectivas da prática da interpretação para o novo milênio vêm sendo tratados por vários profissionais e estudiosos. Em julho de 1999, realizou-se na Universidade de Bournemouth, Inglaterra, a Conferência Internacional de Apresentação e Interpretação, bem como as tendências e perspectivas para o terceiro

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milênio. As apresentações técnicas e acadêmicas revelaram uma preocupação comum: a de que, no final do milênio, a humanidade não estava realmente ganhando a luta pela preservação, por maior que tenha sido até então o esforço em tombar conjuntos históricos e restaurá-los, ou em delimitar áreas naturais de conservação e proteção. Vale dizer, os padrões de desenvolvimento e de comportamento têm sido mais destrutivos do que preservacionistas. Por outro lado, várias comunicações revelaram também uma certeza comum: a de que a única chance de reverter esse quadro que temos hoje é trazendo a preservação para o coração e a mente das pessoas, lidar com suas emoções de forma a desenvolver nelas afeição pelo ambiente que as circunda, pelo espaço público, pela natureza, pela vida silvestre e por sítios históricos. Na Conferência ECO92, realizada no Rio de Janeiro, a questão da sustentabilidade ganhou conceitos e formas concretas, levando a novas concepções de como desenvolver o turismo e suas atividades correlatas de forma sustentável. Segundo considerações da Organização Mundial do Turismo – OMT (1993), o turismo sustentado deve voltar-se para harmonizar as necessidades de seus quatro componentes: a comunidade receptora, os visitantes, o meio ambiente e a própria atividade turística. Se bem planejado dentro dos princípios de sustentabilidade, o turismo pode ter impacto positivo e ser um catalisador da restauração, conservação e revitalização de ambientes naturais e culturais, reforçando a cultural local e contribuindo para a geração de empregos e renda nas comunidades. Em 2002, Ano Internacional do Ecoturismo, participaram, de 19 a 22 de maio de 2002, em Quebec, Canadá, mais de mil integrantes dos setores público e privado e de organizações não-governamentais da Cúpula de Especialistas em Ecoturismo, tendo sido destacado, dentre outros, os seguintes entendimentos: reconhecem que o ecoturismo compreende em si os princípios do turismo sustentável considerando

seus impactos econômico, social e ambiental. Ele também traz consigo os seguintes pontos:

- contribui para a conservação das heranças naturais e culturais; - em seu planejamento, desenvolvimento e operações, inclui as comunidades locais e indígenas e

contribui para seu bem-estar; - interpreta as heranças naturais e culturais para seus visitantes; - funciona de forma ideal para indivíduos e pequenos grupos organizados.

reconhecem que o turismo tem significantes e complexas implicações sociais, econômicas e ambientais que podem trazer benefícios e custos para o meio ambiente e para as comunidades;

levam em consideração o crescente interesse das pessoas em visitar áreas naturais;

reconhecem que o ecoturismo tem tido papel primordial na introdução de práticas sustentáveis ao

setor do turismo; enfatizam que o ecoturismo deve contribuir para que a indústria do turismo seja mais sustentável

elevando os benefícios econômicos para as comunidades anfitriãs, contribuindo ativamente para a conservação dos recursos naturais e integridade cultural das comunidades e conscientizando os turistas a respeito da importância das heranças naturais e humanas.

reconhecem que os fundos mundiais para conservação e manutenção de áreas ricas culturalmente e

em biodiversidade têm sido inadequados;

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reconhecem que o turismo sustentável pode ser uma importante fonte de receita para as áreas protegidas;

enfatizam que muitas destas áreas são habitadas por populações rurais pobres que, com freqüência

carecem de sistemas de saúde, educação, comunicação e de outras infra-estruturas necessárias para um desenvolvimento adequado;

afirmam que diferentes formas de turismo, especialmente o ecoturismo, são valiosas oportunidades

econômicas para as populações locais e, se realizadas de forma sustentável, podem contribuir de forma intensa para a conservação;

reforçam que, quando mal planejada e desenvolvida, a atividade do turismo em áreas naturais e

rurais contribui para o aumento da pobreza, deterioração das paisagens, erosão das culturas tradicionais, redução da qualidade e quantidade de água e constitui uma ameaça para a vida selvagem e biodiversidade.

À luz Política Nacional de Turismo do Brasil, depreende-se como entendimento da EMBRATUR sobre ecoturismo:

“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que se utiliza de forma sustentável do patrimônio natural e cultural de uma região, além de sua conservação, na busca e formação de uma consciência ambientalista, através da interpretação do ambiente e da promoção do bem-estar das populações envolvidas.”

Segundo Barros (2000:91), está é uma definição que costurou alguns elementos básicos, extremamente importantes no Brasil atualmente. O primeiro elemento é a atividade econômica, que incorre em uma adaptação complementar da definição anterior.

Ecoturismo é uma atividade econômica que promove a conservação dos recursos naturais e valoriza econômica e financeiramente o patrimônio natural e cultural de uma região.”

O segundo elemento é o mecanismo de educação ambiental e sua conscientização, que permite às pessoas entender o valor daquilo que está sendo explorado e compreender a importância do equilíbrio desse processo e de sua manutenção para com as gerações futuras. Finalmente, como terceiro elemento, o ecoturismo também deve ser encarado como uma atividade que tem obrigatoriedade de gerar benefícios para a comunidade. Não pode ser um negócio em que os turistas chegam aos montes, trazendo comida dentro do ônibus ou barco, que usufrui de tudo, depreda a mata, as flores, (...) sem nada de positivo deixar para a sociedade local. Isto não é ecoturismo. 2.3 –Sustentabilidade Cultural das Atividades Turísticas no Brasil Acreditando no potencial do turismo como aliado da preservação em Minas Gerais, desenvolveram-se, em diferentes cidades, as Oficinas de Turismo Cultural, entre 1997 e 1999. O trabalho se estruturou dentro do Programa “Oficinas de Culturas” da Secretaria de Estado da Cultura, com recursos do Fundo

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de Amparo ao Trabalhador – FAT/MTb. A exigência básica do FAT, para todos os cursos, era de que contribuíssem efetivamente para a qualificação profissional. Assim, os cursos ou oficinas, independentes do enfoque central de cada um, propunham aos participantes desenvolver um olhar crítico e perceptivo sobre as condições de conservação dos bens culturais e ambientais e a qualidade dos serviços de atendimento turístico, trabalhando, ao mesmo tempo, novas propostas de atividades econômicas para o município. Segundo Freire in Murta e Albano (2002:199), a partir de 1997, pela primeira vez a abordagem da interpretação como exercício do olhar sobre patrimônio cultural saía do meio acadêmico e era apresentada para propósitos práticos. Tratava-se de levar as pessoas a reconhecer os marcos urbanos, naturais e as representações simbólicas mais significativas, com vistas a elaborar roteiros de descobertas para os visitantes, focalizando a valorização do patrimônio. Tendo como público-alvo empreendedores do setor turístico, guias e condutores de grupos, pessoas ligadas a órgãos e instituições de cultura, patrimônio e meio ambiente, profissionais liberais, educadores e estudantes, estes cursos e oficinas tinham como objetivo fundamental a verificação de alternativas de trabalho e renda para os moradores. Ao todo, foram ministrados 16 cursos, para 608 pessoas (em média, 38 alunos por curso), em 15 cidades mineiras. O painel de cursos e oficinas ministrados foi constituído, dentre outras, das seguintes modalidades: (i) Turismo Cultural: Vocações Emergentes; (ii) A Indústria da Hospitalidade e a Qualidade do Atendimento; (iii) Construindo com a Paisagem; (iv) A Arte de Receber; (v) Turismo Cultural e Vocações Emergentes; (vi) Construindo com a Paisagem. Como objetivos destes cursos e oficinas, destaca-se: (i) levar as pessoas a reconhecer os marcos urbanos, naturais e as representações simbólicas mais significativas, com vistas a elaborar roteiros de descobertas para os visitantes, focalizando a valorização do patrimônio; (ii) e enfatizar o duplo papel da comunidade: guardiã do patrimônio e anfitriã dos visitantes; (iii) trabalhar a percepção da paisagem local e a gestão coletiva de projetos ambientais 2.3.1 – Caso de Diamantina/Minas Gerais Diamantina reconhecida, no final do século XX, pela Unesco, como “Patrimônio Cultural da Humanidade” apresenta os seguintes dados geográficos: (i) localização: nordeste mineiro; (ii) área: 3880,50 Km2.; (iii) população: 43.007 habitantes; (iv); distâncias das capitais: Belo Horizonte/MG – 295 Km; Brasília/DF - 742 Km; Rio de Janeiro/RJ – 750 Km; Salvador/BA – 1.630 Km; São Paulo/SP – 878 KM; Vitória/ES – 770 Km. Com base em consulta a Internet, verifica-se, também, os dados que se seguem sobre Diamantina: A descoberta de ricas jazidas de ouro próximas à cidade do Serro, entre os rios Grande e Piruruca, atraiu os primeiro exploradores à região da atual Diamantina, Em 1713 foi fundado o Arraial do Tijuco (tijuco, em tupi, significa lama). O grande impulso para o crescimento urbano e econômico do arraial foi a descoberta de jazidas de diamante por volta de 1720. Bernardo da Fosenca Lobo, reconhecido como o primeiro a encontrar a pedra, levou em 1726 alguns diamantes ao governador da província, sediada em Ouro Preto, e a notícia logo chegou à Coroa Portuguesa. Em 1729, o rei D. João V cancelou todas as concessões e instituiu o monopólio particular na extração da pedra, que até então vinha sendo explorada livremente. Foi

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fundado o Distrito Diamantino, com sede no Tijuco e subordinado ao Distrito de Serro frio, com a função de oficializar o controle da extração. A partir da segunda metade do século XIX, Diamantina (nome que a vila recebera em 1831), com o esgotamento das jazidas, inicia um período de decadência econômica. Companhias estrangeiras ainda exploraram as lavras com ajuda de máquinas, num investimento que mostrou-se inviável após a descoberta de grandes jazidas na África do Sul. Intensificou-se então a agricultura de subsistência e, já no início do século XX, a indústria têxtil surgiu como nova opção econômica. Rica em atrações turísticas, Diamantina constitui centro de interesse para os visitantes que a procuram, atraídos pela suavidade do clima, beleza panorâmica e reminiscências históricas, evocadas pelos seus majestosos templos, edifícios de construções antigas e ainda pela arte popular do artesanato. Inclui-se, portanto, entre as cidades do Estado de Minas Gerais detentoras de admirável acervo histórico e artístico e de belos cenários dos tempos coloniais. Quase todos os altares das igrejas diamantinenses são do primeiro período barroco de Minas Gerais e os templos apresentam peculiaridade de ter apenas uma torre e a construção dos mesmos ser feita de barro e madeira. Dentre os pontos turísticos, em vários deles incluindo a arte e arquitetura de Oscar Niemeyer; cabe destaque, além de mais de dez Igrejas: Casa de Juscelino Kubitschek, Praça da Unesco, reconhecimento do povo diamantinense à Unesco, que no dia 06 de dezembro de 1999, em Marrakech, incluiu Dimantina no seleto grupo de cidades patrimônio da Humanidade. Gruta de Salitre; cachoeiras em meio às passagens entre campos, morros e serras, nos antigos caminhos dos garimpeiros e dos tropeiros, os riachos formam cachoeiras e praias naturais, rodeadas de pedras e com o fundo coberto de fina areia branca, descida das serras. São ideais para um contato direto com a natureza, sempre alegrado com flores dos campos, orquídeas, etc. Destacam-se como principais eventos: Carnaval (data móvel); Semana Santa (data móvel); Festa do Divino Espírito Santo (data móvel); Festa de Santo Antônio (padroeiro da cidade - 13 de junho- feriado municipal); Dia da Seresta (12 de setembro); Festa do Rosário (primeira quinzena de outubro); Vesperata, apresentação de concerto e à medida em que ele se desenrola, a participação das pessoas vai aumentando, até que a vesperata vai se transformando numa seresta tradicional. Diante deste potencial turístico e no sentido de otimizar o desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental de Diamantina, teve início, em 1997, a estruturação do Programa “Oficinas de Culturas” da Secretária de Estado de Cultura, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT/Mtb, cujas principais considerações, segundo a ótica de Freire, passamos a relatar. No primeiro curso - Turismo Cultural: Vocações Emergentes – foram utilizadas técnicas conducentes a estimular o grupo a propor soluções, buscar e traçar caminhos que levassem à resolução de conflitos entre os interesses econômicos privados do turismo e os valores sociais de preservação histórica, ambiental e cultural. Assim, os integrantes das oficinas experimentavam reivindicar direitos, negociar decisões e assumir responsabilidades. Acessavam o passado e projetavam visões de futuro a partir da avaliação de cenários do presente. Preparavam-se para o exercício da gestão local participativa do turismo cultural. Numa palavra: passavam a valorizar o patrimônio com vistas ao turismo e a qualificar o turismo em função do patrimônio. Na abordagem utilizada – a interpretação – o olhar é o primeiro gesto. Assim, antes de propor intervenções nos ambientes, no sentido de “facilitar o olhar turístico”, os alunos exercitavam o próprio olhar, procurando estranhar o que lhe(s) é familiar. (2) os coordenadores, desde o primeiro dia,

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propunham que todos se colocassem na condição de “turista aprendiz”, (3), questionando, indagando, querendo saber mais sobre o lugar, sua história, personagens, atrativos naturais e culturais. “O que temos para mostrar? Como queremos mostrar? Para quem mostrar? Nosso patrimônio cultural e natural, tal como se apresenta, pode ser anunciado como atrativo turístico?” Perguntas como essas orientavam o exercício de um inventário informal do potencial turístico do lugar, a composição de um roteiro para visita guiada, além de auxiliar na busca de respostas criativas para a comunidade proteger e valorizar a cultura e os ambientes. Partindo dessa experiência, foram formatadas outras três modalidades de cursos, focalizando aspectos diferentes da interface entre cultura e turismo, e enfatizando o duplo papel da comunidade: guardiã do patrimônio e anfitriã dos visitantes. Com a participação de profissionais especialistas nos temas abordados: arquitetura e urbanismo; recursos humanos e desenvolvimento de equipes; patrimônio histórico e desenvolvimento cultural; planejamento e organização de eventos. A maioria das oficinas foi coordenada por dois professores que se revezaram na condução das atividades, dando-lhes um ritmo bastante dinâmico. O curso A Indústria da Hospitalidade e a Qualidade do Atendimento, visando desenvolver uma atuação profissional dentro de princípios éticos de respeito ao cliente, destinou-se a pessoas que atuam no atendimento ao público: gerentes de hotéis, pousadas, restaurantes, lojas; secretárias, chefes administrativos, recepcionistas, balconistas, além de empregados do setor público. Construindo com a Paisagem teve como objetivo trabalhar a percepção da paisagem local e a gestão coletiva de projetos ambientais, e destinou-se a mestres de obras e outros oficiais da construção, a empreendedores da construção civil e do setor turístico, meio ambiente e patrimônio. O curso A Arte de Receber foi uma oficina pensada para pessoas que atuam ou pretendem atuar na área de planejamento e organização de eventos, a comunicadores e recepcionistas, visando a ética e a profissionalização dos serviços de atendimento. Os participantes eram também estimulados a se colocarem na perspectiva do visitante, percebendo suas necessidades. “Temos condições de hospedagem para receber novos visitantes? Pagando pelos serviços, os visitantes têm carta branca para fazer o que quiserem no lugar? Como estabelecer regras de convivência entre os moradores e visitantes? Como praticar a boa hospitalidade sem comprometer a preservação do patrimônio, nem perder o jeito espontâneo de ser do lugar? Como enriquecer a experiência do visitante?”. Esta iniciativa do Governo brasileiro com relação à implementação das oficinas de turismo cultural, em Diamantina e em outras localidades, revelou-se instrumento eficaz para provocar e desenvolver atitudes positivas e críticas entre os que vivem em lugares que são ou que pretendem ser de destinação turística, bem como para sustentabilidade cultural das atividades turísticas brasileiras. 2.4 - Sustentabilidade Ambiental das Atividade Turísticas no Brasil Embora o impacto do turismo sobre o meio ambiente natural e artificial (construído pelo homem) tenha sido reconhecido há muito, a ação demorou bastante para chegar. Segundo Beni in Milone e Lage (2000:165), parte do problema pode ter sido a falta de conhecimento da relação complexa entre turismo e meio ambiente. Outro fator foi a falta de coordenação entre a política de desenvolvimento e a ambiental. Afinal, a questão dos impactos do turismo sobre o meio ambiente começou a ser pesquisada relativamente bem a partir dos anos iniciais da década de 1980, quando o turismo expandiu-se

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rapidamente. Embora fosse atingido um razoável progresso, o conhecimento dos complexos processos deixou muito a desejar. Da mesma forma, o termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1980 e foi consagrado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente – CMMA – conhecida como Comissão Brundtland, que produziu um relatório considerado básico para a definição desta noção e dos princípios que lhe dão fundamento. De acordo com o Relatório Brudtland;

“o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforça o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras ... é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”.

A conservação ambiental foi vista como oposição à política de desenvolvimento. Assim, a qualidade ambiental foi considerada uma coisa a parte do desenvolvimento econômico e social. Só recentemente é que prevaleceu uma visão mais ampla, mais integrada da política de desenvolvimento, ligando este conceito ao da proteção ambiental. O aparecimento do conceito de desenvolvimento sustentado marca essa mudança de perspectiva. Uma política global de sustentabilidade, em que a conservação do meio ambiente está intimamente relacionada com a eficiência econômica e a justiça social, ganhou ampla aceitação. Essa visão enfatiza esforços para associar a proteção ambiental às políticas de desenvolvimento do turismo. Beni nos indica a abordagem baseada no desenvolvimento econômico ecologicamente sustentável, em que o turismo integra uma estratégia global do desenvolvimento sustentável, e em que a sustentabilidade é definida com base no sistema total ser humano/meio ambiente. Desta perspectiva, a conservação ambiental é meta de importância igual à eficiência econômica e à justiça social para a geração de empregos, distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida As políticas de turismo estão integradas nas políticas sociais, econômicas e ambientais, mas não as precedem. Isto constitui uma abordagem mais equilibrada e integrada, mais próxima do pensamento contemporâneo sobre o turismo. Se forem bem planejados e geridos, o turismo, o desenvolvimento regional e a proteção do ambiente podem evoluir paralelamente. Neste sentido, o Governo brasileiro decreta e sanciona a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei Nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Em seu Art. 5., esse dispositivo legal estabelece como objetivos fundamentais da educação ambiental: I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II – a garantia de democratização das informações ambientais; III – o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV – o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V – o estimulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macroregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

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VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII – o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentis com atuação em educação ambiental. 2.4.1 – Caso da Amazônia Legal – Município de Soure/Pará Segundo considerações de Figueiredo (2001: 207), a Região Amazônica – considerada o pulmão do mundo - aparece atualmente no cenário nacional e internacional como um local de grandes possibilidades, quer pelo grande volume de recursos naturais que possui, quer pelo fato de ser palco de experiências (pelo menos em nível de discurso) para o chamado desenvolvimento sustentável. Exatamente por essa situação é que a prática do turismo se faz como uma das atividades que podem ser desenvolvidas, já que atrativos naturais e culturais não faltam à região, e as perspectivas de desenvolvimento sustentável encaram o turismo como “indústria sem chaminés”, e que poderia gerar o tão sonhado desenvolvimento, sem entretanto causar danos à natureza. Essa, pelo menos, é a idéia dos órgãos fomentadores da atividade na região, como por exemplo a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia – Sudam. O Turismo na Amazônia ocorre de forma extensiva. Segundo dados da SUDAM (1992:20), a região recebe atualmente uma demanda razoável de visitantes que se hospedam em cerca de 550 estabelecimentos hoteleiros (incluídos aí os hotéis de lazer, hotéis classificados, hotéis não classificados e hotéis ambientais e ecológicos – os lodges). Só o Estado do Pará possui 122 estabelecimentos hoteleiros e 31 hotéis classificados. A região, além de toda a movimentação do turismo regional interno, recebe, conforme dados da Sudam (1994) uma demanda que vem principalmente dos centros emissores que são os estados da Região Sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo) e de outros países, principalmente, Estados Unidos e Alemanha. Dentro da projeção o turismo para a Amazônia, apresenta-se, na Tabela 01,uma perspectiva de aumento dessa demanda: Como principal perspectiva do desenvolvimento do turismo na Amazônia está um tipo de turismo particular, o chamado Turismo Ecológico, ou Ecoturismo. Esse tipo de turismo é definido pela Embratur (1991:5) como o “Turismo desenvolvido em localidades com potencial ecológico, de forma conservacionista, procurando conciliar a exploração turística com o meio ambiente, harmonizando as ações com a natureza, bem como oferecer aos turistas um contato íntimo com os recursos naturais e culturais da região, buscando a formação de uma consciência ecológica nacional”. Refletindo a preocupação do Governo em direcionar esforços para propiciar o desenvolvimento sustentável e a segurança da Amazônia, que guarda, em si, extrema relevância estratégica para o futuro do Brasil, teve início, em 1990, a concepção do Sistema de Vigilância da Amazônia – SIVAM -, rede de coleta e processamento de informações. O município de Soure situado na parte oriental da ilha de Marajó, norte do Estado do Pará, por constituir-se em exemplo positivo de desenvolvimento turístico da Amazônia Legal, constituirá parte

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de análise deste estudo. As atividades econômicas de Sore, como nos indica Figueiredo ((2001), apresentam a seguinte evolução: (i) transformação abrupta dos modos de vida dos indígenas, a partir da chegada dos conquistadores europeus. A ocupação da ilha como um todo se deu com o desenvolvimento de algumas atividades econômicas propiciadoras de povoamento e colonialismo. Inicialmente o extrativismo vegetal. (ii) a agropecuária teve um papel marcante no desenvolvimento da região, principalmente com a ocupação do território por ordens religiosas representadas pelos jesuítas e mercedários. Consta que, com esses missionários, as fazendas se dinamizaram, a qualidade dos pastos se elevou, principalmente através da disponibilidade de mão-de-obra (índios). (iii) o confisco das terras dos jesuítas e mercedários pelo governo português, determinado pelo Marquês de Pombal, no final da década de 1750, modificou a paisagem econômica e social do Marajó, representando a participação de novos atores nas relações sociais da comunidade. (iv) atualmente a pecuária continua como principal atividade produtiva da região do Marajó, juntamente com o setor extrativo de madeira, e costuma caracterizar o Município de Soure que, dentro do contexto histórico e social da região, se estabeleceu como uma das principais áreas onde encontra-se essa atividade. A pesca também aparece como uma das principais atividades da ilha, principalmente para os municípios de Soure e Salvaterra. Segundo dados da Sudam, o setor primário então possui 75,4% da produção, o setor secundário, 7,7% e o setor terciário 16,9% (v) a partir das décadas de 70 e 80, o turismo emerge como uma nova atividade produtiva. Dentro de uma política de desenvolvimento para a Amazônia, Soure foi escolhida como uma das cidades com “vocação natural” para o turismo. (vi) hotéis do tipo pousada se instalaram com mais freqüência. O primeiro dentro desse esquema foi a “Pousada Marajoara”, que teve a sua construção e operacionalização financiada pela Sudam, dentro de um plano mais geral de financiamento do desenvolvimento da Amazônia. (vii) várias agências de viagem operam no local. Os roteiros, conjunto de programações e atividades desenvolvidas pelas agências, organizando as viagens dos turistas são basicamente compostas por visitas às praias (Pesqueiro e Araruna são as principais), à Salvaterra (localidade da vizinhança), loja de artesanato, restaurante típicos e, principalmente, às fazendas. Com vários investimentos realizados pelo poder público, no sentido de transformar definitivamente os atrativos (acidentes geográficos, manifestações culturais, etc.) em produto turístico possível de ser exportado aos consumidores nacionais e internacionais., o turismo passa a ser mais uma atividade econômica desenvolvida em Soure, e possibilidade então de desenvolvimento e modernização, e transformando a cidade e adjacências (incluindo aí o município de Salvaterra) num dos pólos de desenvolvimento do turismo na Amazônia e atualmente, dentro da perspectiva do Desenvolvimento Sustentável (Sudam,1992b e Idesp, 1992). Segundo Figueiredo, o turismo constitui então, e principalmente na atual conjuntura do município, um dos importantes elementos que compões o panorama de relações econômicas e sociais do local, em função da idéia de que, enquanto atividade econômica, é capaz de facilitar a entrada de dinheiro na economia e que movimentá-la, gerando renda, emprego, etc. O posicionamento da comunidade de

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Soure ante o turismo que se afirma dos estabelecimentos, equipamentos e atividades turísticas, ante a intervenção pública municipal, estadual e federal que colabora para o desenvolvimento desse turismo e ante os turistas que passam pela cidade, deixando marcas profundas. O relacionamento entre os grandes empreendimentos e a Região Amazônica tem sido alvo de vários estudos, todos eles observando a maneira negativa desse relacionamento com perdas para, principalmente, a parte representada pelo homem e meio ambiente da região. A falta de análises impedem a verificação dos impactos do turismo sobre o meio ambiente da região. No entanto, as políticas públicas sobre educação ambiental, o projeto SIVAM, são mecanismos adotados pelo Governo no sentido de preservação do meio ambiente com vistas a sustentabilidade das atividades turísticas.

2.4.2 Sustentabilidade Social das Atividades Turísticas no Brasil Os direitos e o desenvolvimento humano partilham uma visão e um propósito comuns – assegurar a liberdade, bem-estar e dignidade de todas as pessoas. Para garantir, dentre outros: Ausência de miséria – para usufruir de um padrão de vida digno. Liberdade de desenvolver e realizar o potencial humano de cada um. Liberdade de ter um trabalho digno – sem exploração.

Muitos países – pobres e ricos – mostram já um novo dinamismo, tomando iniciativas a favor dos direitos humanos e do desenvolvimento humano. Os direitos humanos podem acrescentar valor à agenda do desenvolvimento. Chamam a atenção para a responsabilidade de respeitar, proteger e cumprir os direitos humanos de todas as pessoas. O desenvolvimento humano, por seu lado, traz uma perspectiva dinâmica de longo prazo ao cumprimento dos direitos. Canaliza a atenção para o contexto socio-econômico em que os direitos podem ser realizados ou ameaçados. Os conceitos e instrumentos do desenvolvimento humano proporcionam uma avaliação sistemática dos constrangimentos econômicos e institucionais postos à realização dos direitos – assim como dos recursos e políticas disponíveis para os ultrapassar. O desenvolvimento contribui, assim, para construir uma estratégia de longo prazo para a realização dos direitos. Considerações de Técnicos do IPEA, nos indicam que existem dois equívocos associados à noção do desenvolvimento humano. Em primeiro lugar, é comum encontrar-se a idéia de que o desenvolvimento humano é o contrário, ou a antítese, do crescimento econômico. Isto não é, absolutamente, verdade. O crescimento econômico é uma condição tão necessária para o desenvolvimento humano como este é para o crescimento econômico. Mas não é uma condição suficiente: a vinculação entre os dois não é automática. Além disso, os frutos do crescimento só poderão ser traduzidos em melhoria de vida se houver, simultaneamente, uma gestão cuidadosa das políticas públicas. O paradigma do desenvolvimento humano também coloca questões do tipo: crescimento de quê, para quem e por quem? A qualidade do crescimento é tão importante quanto a quantidade. Acrescentam estes estudiosos que, a outra concepção incorreta é a de que o desenvolvimento humano lida apenas com setores como saúde e educação, deixando de lado questões macroeconômicas básicas. O paradigma do desenvolvimento humano considera todas as questões macroeconômicas mais importantes, mas o ponto de partida é o ser humano. Analisam-se aspectos das iniciativas, políticas e estrutura econômicas, mas do ponto de vista de seu impacto nas vidas das pessoas.

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Nesta ótica, a noção de desenvolvimento, por muito tempo identificado ao progresso econômico, extrapola o domínio da economia através da sua integração com a dimensão cultural, ambiental e social. Um dos principais desafios da construção do desenvolvimento sustentável é o de criar instrumentos de mensuração, tais como indicadores de desenvolvimento. A revalorização do conceito do desenvolvimento humano e a busca de sua mensuração de forma mais abrangente estimulou instituições como o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a investir no desenvolvimento de metodologias como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Visando subsidiar o acompanhamento, a análise e avaliação das políticas públicas por governantes, líderes comunitários, políticos, técnicos, pesquisadores, a imprensa e a sociedade civil, em geral, o IDH representa três características desejáveis e esperadas do processo de desenvolvimento humano: a longevidade de uma população – expressa pela esperança de vida; seu grau de conhecimento – traduzido por duas variáveis educacionais, a taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos três níveis de ensino – sua renda ou PIB per capita ajustada para refletir a paridade do poder de compra entre os países. O índice se situa entre os valores 0 (zero) e 1 (um), valores mais altos indicando níveis superiores de desenvolvimento humano. Segundo a classificação utilizada nos RDH internacionais é possível enquadrar os países em três categorias, segundo os valores observados do IDH: (i) Baixo desenvolvimento humano, quando o IDH for menor que 0,500; (ii) Médio desenvolvimento humano, para os valores entre 0, 500 e 0,800; (iii) Alto desenvolvimento humano, quando o índice for superior a 0,800. Como o IDH foi concebido para ser aplicado em nível de países e de grandes regiões, em 1996, um grupo de pesquisadores da Fundação João Pinheiro e do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada desenvolveu um estudo pioneiro sobre o desenvolvimento humano nos municípios mineiros., criando o IDH-M – Índice Municipal de Desenvolvimento Humano. Mais recentemente o IPEA publicou um trabalho intitulado Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, no qual pesquisadores dessa instituição apresentam o cálculo desse índice para os municípios brasileiros com os dados dos censos do IBGE de 1970, 1980 e 1991. No sentido de averiguar a contribuição do desenvolvimento econômico do turismo para o desenvolvimento social do Brasil, considerar-se, nesse estudo o IDH. Para análise dos casos específicos analisados neste estudo – Diamantina e Soure – considerar-se-á o IDH-M. Cabe esclarecer que: o IDH-M só foi calculado até 1991. Como demonstrado na Tabela 02 – IDH para o Brasil e Unidades da Federação – os resultados obtidos da comparação ao longo do tempo indicam que o Brasil tem historicamente avançado na área de desenvolvimento humano quando esse processo é medido pelo IDH. Dessa tabela, os técnicos envolvidos no estudo do IDH, apresentam, dentre outras, as seguintes conclusões: (i) em 1970, o Brasil era um país caracterizado por baixo índice de desenvolvimento humano,

tendo o IDH alcançado 0,494;

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(ii) O aumento relativo no IDH foi maior no primeiro subperíodo mostrado na tabela (1970-1980) do que nos demais, chegando o IDH ao nível de 0,734 em 1980, ano em que o país já havia ingressado no nível de médio desenvolvimento humano; em segundo lugar aparece o período 1980/1991;

(iii) De 1970 a 1996, tanto o país quanto todas as macroregiões e Unidades da Federação tiveram sensível e sistemática melhoria nos índices de desenvolvimento humano, bem como em seus três componentes: longevidade, educação e renda.

(iv) em termos das regiões brasileiras, a região Sul apresentou os níveis mais altos de IDH a partir de 1991, seguida de perto pela Sudeste; isso revela uma inversão em relação aos anos anteriores, dado que em 1970 e 1980 a liderança cabia `a região Sudeste;

(v) o Norte e o Nordeste continuavam apresentando em 1996 os piores índices do país (0,608 e 0,7272), a exemplo do início do período de estudo, quando seus IDH eram de o,299 e 0,425, respectivamente, no entanto, nenhum dos estados do Nordeste alcançou a categoria de alto desenvolvimento humano em 1996, ao passo que na região Norte os estados de Rondônia e Roraima haviam alcançado essa categoria neste último ano.

Por meio das Tabelas 03, 04 e 05 demonstra-se os IDH-M, respectivamente das Regiões do Brasil, dos Estados do Brasil, e dos Municípios de Diamantina e Soure, foco de análise deste estudo. À luz do IDH-M de Diamantina e Sore, conforme Tabela 05, depreende-se uma significativa evolução, a partir de 1980, em termos de longevidade, educação e renda. Segundo dados do PNUD, o IDH do Brasil aumentou de 0,753 para 0,757 entre 1999 e 2000, e o Brasil passou da 75.ª para a 73.ª posição no ranking de 173 países no mesmo período. Apesar da evolução, o Brasil permanece no grupo dos países com desenvolvimento médio (com índice entre 0,500 e 0,799). Face a carência de estudos comprobatórios, não se pode asseverar que a evolução do IDH-M de Diamantina e Soure foi originada pela evolução das atividades turísticas. No entanto, as ações e investimentos do Governo com relação às atividades turísticas remetem a suposição de o turismo tenha contribuído significativamente para o desenvolvimento humano destes municípios. No sentido de avançar nestas investigações, o Núcleo de Turismo da FGV/EBAPE está elaborando um projeto de pesquisa, no sentido de averiguar os impactos da dimensão econômica do turismo para a sustentabilidade social das atividades turísticas brasileiras, como uma iniciativa de contribuição para o Governo brasileiro na avaliação de suas políticas públicas. 2.5 Conclusão Face ao imenso potencial natural e, consequentemente, a possibilidade de alavacangem do desenvolvimento econômico de suas atividades turísticas e, por outro lado, diante dos imensos problemas sociais que assolam o país, buscou-se nesse estudo uma reflexão sobre a sustentabilidade social, cultural e ambiental das atividades turísticas no Brasil. Neste sentido, analisou-se as várias iniciativas que vêm sendo tomadas pelo Governo brasileiro, tomando-se como estudo de caso, os municípios de Diamantina/MG e Soure/PA. Os índices de desenvolvimento humano apresentados nos revelam grandes progressos. No entanto, num país de proporção continental e com os problemas sociais existentes, estas iniciativas longe estão de atenderem as demandas existentes.

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O desafio é grande, como grandes são as possibilidades. O patrimônio histórico e cultural brasileiro, juntamente com sua riqueza natural, são bens únicos, inigualáveis e insubstituíveis. Cabe as todos os atores – Governo, organizações – públicas e privadas - setor privado, meio acadêmico, entidades de classe e sociedade civil -, num nível de consciência ética e numa integração sinergica e holística, a valorização e transformação desses bens em insumos que, com garantia de sua sustentabilidade, tragam desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida aos cidadãos brasileiros.. Não cabe a ingenuidade de ignorar as dificuldades que estes atores terão que enfrentar. Diante destas dificuldades, os desafios se ampliam. Omitir-se, acomodar-se, não agir proativamente, deixar levar-se pelos acontecimentos significa deixar de cumprir o papel que lhes compete diante da sustentabilidade do turismo no Brasil, comprometendo, desta forma, o desenvolvimento econômico e social do país. 3. Bibliografia BARROS, Silvo Magalhães in: LAGE, Beatriz Helena Gelas e MILONE, Paulo Cesar. Turismo –

Teoria e Prática. São Paulo. Atlas. 2000 EMBRATUR. Programa Ecoturismo. Versão preliminar. Rio de Janeiro. 1991. IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. 2000. IPEA. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 1998. FREIRE, Dóia in: MURTA, Stela Maria e ALBANO, Celina. Interpretar o patrimônio: um

exercício do olhar. Belo Horizonte. Ed. UFMG. Território Brasilis. 2002. MURTA, Stela Maria e ALBANO, Celina. Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar.

Belo Horizonte. Ed. UFMG. Território Brasilis. 2002 OMT – Organização Mundial do Turismo. Desenvolvimento do turismo sustentável: manual dos

organizadores locais. OMT, 1993. SEBRAE. Plano setorial de turismo (Regional). Manaus. 1994. FIGUEIREDO, Silvio Lima in: LEMOS, Amalia Ines G. de Lemos (org). Turismo – Impactos

sociambientais. São Paulo. Hucitec. 2001. SUDAM/OEA. Demanda turística da Região Amazônica brasileira. Belém. Sudam. 1994a.

_______. Oferta turística da Região Amazônica brasileira. Belém. Sudam. 1994b SUDAM/PNUD. Plano de turismo da Amazônia – 1992-1995 – Belém. Sudam. 1992. SUDAM. Desenvolvimento sustentável da Amazônia: estratégia de desenvolvimento e

alternativas de investimento. Belém. 1992a. _______. Projeto de Investimento e Desenvolvimento do setor turístico na Amazônia. Versão preliminar. Belém. 1992b.

4. Síntese Biográfica Francisca de Oliveira Cruz é Professora e Pesquisadora da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas – EBAPE/FGV. Mestre em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas. Pós-Graduada em Gestão de Recursos Humanos e Graduada em Administração de Empresas. Co-autora do artigo da ENANPAD 2000 – Gestão de Pessoas pela Valorização Humana: Força Estratégica para Legitimação das Instituições de Ensino Superior. Professora e Coordenadora de Seminários de Integração da FGV/EBAPE em cursos de Pós-Graduação Lato Sensu, dentre eles incluindo-se o MBA em Turismo, Hotelaria e Entretenimento. Pesquisadora da FGV/EBAPE sobre sustentabilidade social, cultural e ambiental de atividades turísticas. Membro do Grupo – Novas Perspectivas de Gestão – parceria entre FGV/EBAPE, University De Paul (EUA) e IEPES (São Paulo). Professora-Assistente da Disciplina: Educação e Ensino em Administrado –

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Mestrado da FGV/EBAPE. Consultora em Gestão de Pessoas, tendo coordenado, em nível nacional, mais de trinta trabalhos de consultoria para organizações dos setores público e privado, dentre elas algumas relacionadas ao sistema turístico. Endereço: Av. Vinte e Oito de Setembro, 185/206. Vila Isabel. Rio de Janeiro. Brasil. CEP. 20551-030 Telefones: (55) (21) 2568-7896/9977-1161. Endereço eletrônico: [email protected] 5. Quadros, Tabelas e Gráficos Tabela 01

Projeção da Evolução do Turismo Global para a Amazônia

Ano Turistas (mil)

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

565,9 611,2 660,10 712,9 777,1 847,1 923,3

1.006,4 1.096,9

Fonte: Sudam (1992b). Tabela 02

IDH PARA O BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO LOCALIDADES 1970 1980 1991 1995 1996

BRASIL NORTE Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins NORDESTE Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia SUDESTE

0,494 0,425 0,474 0,376 0,437 0,463 0,431 0,509

- 0,299 0,292 0,288 0,275 0,266 0,259 0,315 0,263 0,320 0,338 0,620

0,734 0,595 0,611 0,506 0,696 0,619 0,587 0,614

- 0,483 0,408 0,416 0,477 0,501 0,442 0,509 0,437 0,493 0,533 0,795

0,787 0,676 0,725 0,662 0,761 0,687 0,657 0,767 0,534 0,557 0,489 0,494 0,537 0,620 0,504 0,590 0,506 0,655 0,593 0,832

0,814 0,720 0,782 0,752 0,754 0,788 0,709 0,797 0,578 0,596 0,546 0,529 0,576 0,666 0,548 0,602 0,538 0,748 0,632 0,853

0,830 0,727 0,820 0,754 0,775 0,818 0,703 0,786 0,587 0,608 0,547 0,534 0,590 0,668 0,557 0,615 0,538 0,731 0,655 0,857

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Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo SUL Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul CENTRO-OESTE Mato Grosso do Sul Mato Grosso Goiás Distrito Federal

0,460 0,485 0,657 0,710 0,553 0,487 0,560 0,631 0,469

- 0,458 0,431 0,666

0,695 0,715 0,804 0,811 0,789 0,723 0,796 0,808 0,704 0,725 0,600 0,635 0,819

0,748 0,782 0,824 0,848 0,834 0,811 0,827 0,845 0,817 0,784 0,756 0,743 0,847

0,780 0,819 0,842 0,867 0,855 0,844 0,857 0,863 0,839 0,844 0,768 0,765 0,864

0,823 0,836 0,844 0,868 0,860 0,847 0,863 0,869 0,848 0,848 0,767 0,786 0,869

Fonte: Desenvolvimento Humano e Condições de Vida: Indicadores Brasileiros – PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; FJP - Fundação João Pinheiro; FIBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tabela 03

Índice Municipal de Desenvolvimento Humano (IDH-M), Brasil – Regiões 1970, 1980 e 1991

IDH-M IDH-M

LONGEVIDADE IDH-M

EDUCAÇÃO IDH-M

RENDA

REGIÃO 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

1. Centro-Oeste 0,438 0,692 0,754 0,445 0,538 0,641 0,487 0,590 O,673 0,373 0,947 0,948 2. Nordeste 0,306 0,460 0,517 0,385 0,483 0,593 0,336 0,409 0,499 0,196 0,490 0,459 3. Norte 0,391 0,572 0,617 0,436 0,531 0,613 0,461 0,525 0,595 0,276 0,659 0,642 4. Sudeste 0,570 0,718 0,775 0,457 0,544 0,658 0,584 0,652 0,713 0,668 0,958 0,954 5. Sul 0,488 0,726 0,777 0,495 0,584 0,678 0,569 0,647 0,707 0,401 0,948 0,945 BRASIL 0,462 0,685 0,742 0,440 0,531 0,638 0,501 0,577 0,645 0,444 0,947 0,942 Fonte; PNUD/IPEA/FJP – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil Tabela 04

Índice Municipal de Desenvolvimento Humano (IDH-M), Brasil – Estados 1970, 1980 e 1991

IDH-M IDH-M

LONGEVIDADE IDH-M

EDUCAÇÃO IDH-M

RENDA

REGIÃO 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Acre 0,347 0,506 0,584 0,418 0,523 0,623 0,343 0,417 0,518 0,279 0,578 0,611 Alagoas 0,286 0,410 0,474 0,381 0,452 0,543 0,285 0,348 0,442 0,194 0,430 0,435 Amapá 0,420 0,582 0,687 0,436 0,531 0,613 0,490 0,578 0,645 0,335 0,635 0,802 Amazonas 0,401 0,608 0,658 0,437 0,522 0,627 0,462 0,540 0,605 0,304 0,762 0,743 Bahia 0,332 0,515 0,530 0,402 0,518 0,601 0,359 0,426 0,511 0,236 0,599 0,478 Ceará 0,293 0,440 0,517 0,393 0,460 0,595 0,325 0,411 0,502 0,162 0,499 0,454 Distrito Federal 0,652 0,751 0,806 0,489 0,561 0,674 0,647 0,726 0,774 0,819 0,965 0,969 Espírito Santo 0,415 0,673 0,704 0,461 0,565 0,647 0,495 0,582 0,661 0,289 0,873 0,804 Goiás 0,404 0,660 0,722 0,434 0,529 0,636 0,469 0,564 0,656 0,309 0,887 0,875 Maranhão 0,285 0,405 0,456 0,393 0,516 0,596 0,292 0,363 0,458 0,169 0,334 0,313 Mato Grosso 0,396 0,618 0,702 0,437 0,530 0,615 0,468 0,527 0,637 0,283 0,797 0,855 Mato Grosso Sul 0,437 0,690 0,746 0,457 0,546 0,651 0,496 0,579 0,663 0,357 0,944 0,923 Minas Gerais 0,412 0,675 0,699 0,427 0,538 0,645 0,488 0,576 0,653 0,322 0,910 0,798 Pará 0,404 0,579 0,595 0,440 0,536 0,601 0,498 0,548 0,698 0,276 0,651 0,587 Paraíba 0,277 0,402 0,485 0,368 0,431 0,576 0,325 0,384 0,471 0,139 0,392 0,409 Paraná 0,440 0,700 0,760 0,470 0,560 0,663 0,505 0,605 0,677 0,347 0,934 0,940 Pernambuco 0,332 0,502 0,572 0,375 0,470 0,660 0,372 0,445 0,537 0,248 0,590 0,579 Piauí 0,267 0,385 0,468 0,402 0,494 0,599 0,291 0,374 0,462 0,109 0,287 0,342 Rio de Janeiro 0,657 0,733 0,782 0,450 0,540 0,642 0,645 0,697 0,749 0,876 0,961 0,954 Rio Grande do Norte 0,273 0,444 0,539 0,323 0,434 0,593 0,334 0,422 0,519 0,162 0,477 0,507

Page 17: Reflexões sobre a sustentabilidade social, cultural e ...unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044546.pdf · econômico, com equidade social e equilíbrio ecológico

VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002

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Rio Grande do Sul 0,541 0,744 0,786 0,519 0,603 0,685 0,614 0,675 0,725 0,489 0,953 0,949 Rondônia 0,441 0,595 0,635 0,372 0,527 0,620 0,472 0,511 0,622 0,479 0,747 0,662 Roraima 0,435 0,679 0,728 0,436 0,531 0,613 0,490 0,566 0,618 0,380 0,939 0,954 Santa Catarina 0,477 0,734 0,785 0,503 0,592 0,691 0,600 0,667 0,722 0,328 0,943 0,943 São Paulo 0,643 0,720 0,787 0,480 0,547 0,673 0,615 0,674 0,729 0,834 0,962 0,960 Sergipe 0,303 0,477 0,539 0,368 0,481 0,580 0,339 0,405 0,515 0,201 0,544 0,521 Tocantins 0,316 0,465 0,560 0,440 0,522 0,631 0,342 0,423 0,534 0,167 0,450 0,515 BRASIL 0,462 0,0,685 0,742 0,440 0,531 0,638 0,501 0,577 0,645 0,444 0,947 0,942

Fonte; PNUD/IPEA/FJP – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil Tabela 05

Índice Municipal de Desenvolvimento Humano (IDH-M), Brasil Diamantina/MG e Sore/PA

1970, 1980 e 1991

IDH-M LONGEVIDADE

IDH-M EDUCAÇÃO

IDH-M RENDA

MUNICÍPIO

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 Diamantina 0,402 0,548 0,636 0,514 0,568 0,634 0,169 0,377 0,426 Sore 0,395 0,521 0,617 0,489 0,553 0,635 0,292 0,658 0,595 Fonte; PNUD/IPEA/FJP – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil