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Reflexões para uma Família Carismática Global

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Caminhar Marista

Este é o quarto volume da série Caminhar Marista. No primeiro, segundo e terceiro subsídios, o leitor encontrará outras temáticas, com a mesma estrutura proposta nesta edição. Ca

min

har M

aris

ta 4 Reflexões para

uma Família Carismática Global

O Caminhar Marista tem como principal objetivo instrumentalizar Irmãos, Leigas, Leigos e colaboradores do Grupo Marista no desenvolvimento da espiritualidade, de forma pessoal ou coletiva. Os temas propostos são inspirados nos Valores Maristas e possuem a seguinte estrutura: frases; histórias, fábulas e mitos; textos bíblicos; conselhos do Papa Francisco; trechos de documentos que reforçam o patrimônio histórico e espiritual Marista e orações que fortalecem nossa conexão com o transcendente.

O Caminhar Marista 4

foi inspirado nos Apelos, Princípios e Sugestões do XXII Capítulo Ge-ral, nas virtudes teologais, cardeais e outras virtudes humano-cristãs.

A presente publicação almeja orientar os colaboradores da organização a entrarem em sintonia com os propósitos do Institu-to Marista e sua nobre missão.

Convictos de que é possível sermos farol de esperança neste mundo turbulento somos chamados a promover e nutrir a vida marista em toda a sua diversidade.

Reflexões para uma Família Carismática Global

O Caminhar Marista tem como principal objetivo instrumentalizar Irmãos, Leigas, Leigos e colaboradores do Grupo Marista no desenvolvimento da espiritualidade, de forma pessoal ou coletiva. Os temas propostos são inspirados nos Valores Maristas e possuem a seguinte estrutura: frases; histórias, fábulas e mitos; textos bíblicos; conselhos do Papa Francisco; trechos de documentos que reforçam o patrimônio histórico e espiritual Marista e orações que fortalecem nossa conexão com o transcendente.

Produção Grupo Marista | Setor de Pastoral

Denilson Aparecido Rossi

Colaboração Mariel Mannes – Ir. Tiago Fedel – Diogo Luiz Galline –

Laura de Fátima Ferraz – Ana Carolina Dias – Angélica Becker

Projeto Gráfico e diagramação

Capitular Design Editorial

Imagens Capa: Shutterstock

Miolo: Deposit Photos

Revisão Coordenadora: Lilian Semenichin

Supervisora: Viviam Moreira

Revisora: Carina de Luca

Apoio técnico Assessoria de Comunicação Institucional do Grupo Marista

Carmem Murara – Fabíola Roes – Camilla da Silva e Souza –

Juliana M. Fontoura Galline – Lucimeire Paisan

Setor de Pastoral Rua Imaculada Conceição, 1.155, 9º andar

Prado Velho – Curitiba/PR – CEP: 80215-901

Telefone: (41) 3271-6411

E-mail: [email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Caminhar Marista 4 [livro eletrônico] : reflexões para uma família carismática global /

Grupo Marista. – 1. ed. – Curitiba: FTD, 2018..

5 Mb ; PDF

Bibliografia.

ISBN: 978-85-96-01719-0

1. Espiritualidade 2. Evangelização 3. Família 4. Irmãos Maristas – Educação 5. Reflexões 6. Valores

(Ética) I. Grupo Marista

18-17809 CDD-370.1

Índices para catálogo sistemático: 1. Educação Marista 370.1

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Este livro, na totalidade ou em parte, não pode ser reproduzido por

qualquer meio sem autorização expressa por escrito.

2018

5

SumárioAPRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Família Global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Misericórdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Construtores de Pontes . . . . . . . . . . . . . . . . 20Crianças e Jovens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Audácia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Fé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35Esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40Caridade/Amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Fortaleza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53Temperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58Prudência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62Verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67Fidelidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71Reconciliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76Sabedoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81Qualidade e Espírito de Equipe . . . . . . . . . . 86Gratidão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

ORAÇÕES DIVERSAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . 108

Página intencionalmente deixada em branco

APRESENTAÇÃOHá alguns dias recebíamos um vídeo de saudação de um numeroso grupo de jo-vens, reunidos em Porto Alegre (Brasil), os quais, a uma só voz, diziam: “O Novo Começo já iniciou”. Entusiasmou-me es-cutar essas palavras, justamente porque vinham dos jovens.

Foi como escutar a voz de alguém que nos estivesse olhando, através da grande janela desta sala capitular, durante as seis semanas... e, levantando a voz, ba-tendo um pouco na vidraça, nos dissesse: “Irmãos e Leigos reunidos no Capítulo, vocês já estiveram experimentando esse ‘Novo La Valla’”.

(Palavras do Ir. Ernesto Sánchez no encerramento do

XXII Capítulo Geral.)

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Apresentamos, pois, o quarto volume do subsídio Caminhar

Marista. O principal objetivo é instrumentalizar os colabo-

radores Maristas no desenvolvimento da espiritualidade

de forma pessoal e coletiva. Os temas propostos pelas historietas,

textos bíblicos, fontes maristas e conselhos do Papa Francisco são

inspirados nos Apelos, Princípios e Sugestões do XXII Capítulo Geral,

nas virtudes teologais e cardeais, em outras virtudes humano-cristãs,

e possuem uma estrutura simples, entretanto, com grande riqueza

de conteúdo:

a. Título: indica a temática abordada.

b. Epígrafe: pequena reflexão que nos insere na temáti-

ca proposta.

c. Uma pequena história: as imagens, os conceitos e as

reflexões apresentados pela historieta convidam-nos a

ampliar nossos horizontes acerca do tema abordado.

d. Luzes Bíblicas: o cristão é chamado não apenas a “pensar”

a realidade, mas a “ouvir” o que Deus tem a nos dizer e a

colocar em prática.

e. Luzes Maristas: como nosso modo de viver o cristianismo

é marista, devemos também ser iluminados pelo patri-

mônio de nossa história e espiritualidade. Neste tópico

faremos referência direta a textos e fontes maristas.

f. Conselho de Francisco: com pequenos textos do Papa

Francisco, colocamo-nos em comunhão com a Igreja, que

busca, na simplicidade, ser fiel à proposta do Evangelho.

g. Oração: uma pequena oração de encerramento, pois a

vida marista é também uma vida de oração.

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Como Maristas de Champagnat, caminhamos para a constru-

ção de um “Novo Começo”. Somos peregrinos nas estradas da vida.

Conosco caminham milhares de pessoas que, com suas vidas e

trabalho, procuram construir um mundo melhor. A caminhada só se

faz caminhando, por isso cada pequeno passo é fundamental para

a conquista de nossos objetivos.

Que esse subsídio possa servir para enriquecer ainda mais nos-

sas reflexões, e nos ajudar a trilhar os passos daquele que é razão

do nosso caminhar, Jesus Cristo.

Ir. Delcio Afonso BalestrinP r e s i d e n t e d o G r u P o M a r i s t a

Página intencionalmente deixada em branco

FAMÍLIA GLOBAL“O futuro do carisma estará baseado numa comunhão de Maristas plenamente comprometidos.”

(Ir. Ernesto Sánchez)

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U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Um pai de família que, durante toda sua vida, tinha trabalhado

no sítio, estava muito doente, à beira da morte. Mandou

chamar seus dez filhos à volta de sua cama.

Ao lado da cama estavam vários galhos amarrados em um feixe.

Ele pediu ao filho mais forte que pegasse o feixe e quebrasse

os galhos. O filho pegou o feixe, usou toda a força que tinha e não

conseguiu quebrá-lo. O pai pediu a um outro filho bastante robusto

que o quebrasse, e este também não conseguiu. Então o pai afirmou:

— Agora eu vou quebrar estes galhos!

Disseram eles:

— O senhor está muito fraco e doente… é impossível… não vai

conseguir.

— Eu vou quebrar estes galhos — insistiu o pai.

E tomou o feixe nas mãos, soltou os galhos e começou a quebrar

um por um, até quebrar todos.

Depois, disse aos filhos:

— Meus queridos, vejam a força da união. Os galhos todos juntos

jamais serão quebrados, mas, se estiverem desunidos, qualquer

coisa os romperá. Assim, depois de minha morte, eu quero que vocês

todos permaneçam sempre unidos.

E, pouco tempo depois, o homem morreu em paz.

(Autor desconhecido.)

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L U Z E S B Í B L I C A S

“Chegaram sua mãe e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Ora, a multidão estava

sentada ao redor dele e disse-lhe: ‘Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram’. Ele respondeu-lhes: ‘Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?’. E, correndo o olhar sobre a multidão que estava sentada ao redor dele, disse: ‘Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’.” (Marcos 3, 31-35)

I. Ao chamar à multidão de “minha mãe e meus irmãos”, Jesus compromete a todos no anúncio e na vivência do Evangelho. Portanto, o Evangelho une todos os povos e pessoas em um novo parentesco.

II. Enquanto Instituto, quais são as barreiras que somos desafiados a superar no entendimento e na vivência de uma “Família Global”?

III. Como “Família Global”, quais os contextos globais que nos desafiam a uma ação que também seja global?

L U Z E S M A R I S T A S

“Família carismática global, farol de esperança neste

mundo turbulento. Hoje, Jesus, tu continuas chaman-

do-nos a um novo parentesco (Mc 3, 20-21; 31-35), a escutar tua

palavra e colocá-la em prática com urgência e sem exclusões. Tu

nos levas a transitar desde já pelos caminhos do futuro:

• Construir casas de luz como Maristas de Champagnat, en-

volvendo-nos com paixão na criação de um estilo de vida de

família aberto a todos.

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• Promover e nutrir a vida marista em toda a sua diversida-

de, realizando nossa profunda esperança de atuar como um

corpo global1.

• Abrir-nos, com simplicidade, para estar disponíveis para além

das fronteiras geográficas ou provinciais.

• Redescobrir, como irmãos, a paixão original que nos moveu

a ser maristas.”

(Apelos do XXII Capítulo Geral.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“O todo é mais do que a parte, sendo também mais do que a simples soma delas. Portanto, não se deve

viver demasiado obcecado por questões limitadas e particulares. É preciso alargar sempre o olhar para reconhecer um bem maior que trará benefícios a todos nós. Mas há que o fazer sem se evadir nem se desenraizar. É necessário mergulhar as raízes na terra fértil e na história do próprio lugar, que é um dom de Deus. Trabalha-se no pequeno, no que está próximo, mas com uma perspectiva mais ampla. Da mesma forma, uma pessoa que conserva a sua peculiaridade pessoal e não esconde a sua identidade, quando se integra cordialmente numa comunidade, não se aniquila, mas recebe sempre novos estímulos para o seu próprio desenvolvimento. Não é a esfera global que aniquila, nem a parte isolada que esteriliza.” (Evangelii Gaudium, n. 235.)

1 Durante o Capítulo Geral a expressão “corpo global” foi usada repetidamente como sinônimo de família global. Isso quer dizer que todos os Maristas de Champagnat pertencemos a um só corpo ou a uma só família carismática, e que somos chamados a atuar como tal.

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O R A Ç Ã O F I N A L

Transforma-nos, Jesus, e envia-nos

como uma família carismática global,

farol de esperança,

para ser o rosto e as mãos

da tua terna misericórdia.

Inspira nossa criatividade

para sermos construtores de pontes,

caminhar com as crianças e jovens marginalizados

pela vida,

e responder com audácia às necessidades emergentes.

Amém!

(Oração do XXII Capítulo Geral.)

MISERICÓRDIA “Como podes ser misericordioso com o outro, se és cruel contigo mesmo?”

(Santo Agostinho)

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U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Diz uma linda lenda árabe que dois amigos viajavam pelo

deserto e, em um determinado ponto da viagem, discuti-

ram. O amigo ofendido, sem nada dizer, escreveu na areia:

HOJE, MEU MELHOR AMIGO ME BATEU NO ROSTO.

Seguiram e chegaram a um oásis, onde resolveram banhar-se.

O que havia sido esbofeteado começou a afogar-se, sendo salvo

pelo amigo. Ao recuperar-se, pegou um estilete e escreveu em uma

pedra: HOJE, MEU MELHOR AMIGO SALVOU-ME A VIDA.

Intrigado, o amigo perguntou:

— Por que, depois que te bati, tu escreveste na areia e, agora que

te salvei, escreveste na pedra?

Sorrindo, o outro amigo respondeu:

— Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever na

areia, que o vento do esquecimento e do perdão se encarrega de

apagar. Porém, quando nos faz algo grandioso, devemos gravar na

pedra da memória e do coração, que vento nenhum do mundo po-

derá apagar.

(Autor desconhecido.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando

estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo – é por graça que fostes salvos!” (Efésios 2, 4-5)

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I. Misericórdia é uma das mais belas expressões para compreender o mistério do amor de Deus, que vem ao encontro do ser humano. Neste sentido, a misericórdia torna-se um impulso para a vivência do amor no dia a dia.

II. Compreendo a misericórdia como um valor que permite ao outro crescer e se desenvolver como pessoa?

III. De que forma podemos vivenciá-la em nosso cotidiano, como uma expressão do amor?

L U Z E S M A R I S T A S

“Ser o rosto e as mãos de tua terna misericórdia. A pro-

messa do teu Espírito em nossas vidas (Lc 1, 35) urge-nos

a ser profetas de misericórdia e fraternidade.

Com esse apelo, percebemos que nos convidas a:

• Crescer em interioridade para poder descobrir-te como um

Deus de amor que se manifesta no ordinário de nossas vidas.

• Cultivar uma espiritualidade do coração, que enche de alegria

e nos faz inclusivos.

• Reviver em nossa vida cotidiana o espírito fundacional de

La Valla.

• Viver a própria vida em plenitude, sendo tuas testemunhas

num mundo fragmentado.”

(Apelos do XXII Capítulo Geral.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nessas palavras a sua

síntese. […] Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus.

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Precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado.” (Misericordiae Vultus)

O R A Ç Ã O F I N A L

Maria, nossa Boa Mãe, leva-nos a Cristo.

Mulher de misericórdia, ensina-nos a ser misericordiosos.

Mulher de fé, ajuda-nos em nossa descrença.

Mulher de visão, abre nossos olhos.

Consoladora dos aflitos, dá-nos um coração compassivo.

Causa de nossa alegria, enche-nos de vida.

Sinal de contradição, ajuda-nos na incerteza.

Mulher de sabedoria e discernimento, dá-nos a luz do

conhecimento.

Recurso Habitual, protege-nos e guia-nos.

Mulher impregnada de esperança, sê nossa fonte de

vida nova.

Primeira discípula, mostra-nos o caminho.

Companheira de peregrinação, fica ao nosso lado na

caminhada da vida.

Acolhedora da vontade de Deus, ajuda-nos a fazer o

mesmo.

Amém.

CONSTRUTORES DE PONTES

“Construímos muros demais e pontes de menos.”

(Isaac Newton)

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U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Dois irmãos moravam em fazendas vizinhas, separadas

apenas por um rio.

Durante anos percorreram uma estrada estreita e

comprida ao longo do rio, para, ao final de cada dia, desfrutarem

um da companhia do outro.

Mas agora tudo havia mudado, pois um dia brigaram. O que co-

meçara com um mal-entendido finalmente explodiu em uma troca

de palavras grosseiras, seguida por semanas de total silêncio...

Certa manhã, o irmão mais velho ouviu alguém bater à sua porta.

Ao abri-la, encontrou um homem com uma caixa de ferramentas.

Era um carpinteiro, que foi logo dizendo:

— Estou procurando trabalho, posso ajudá-lo?

— Sim! — disse o irmão mais velho. — Claro que tenho trabalho

para você. Está vendo aquela fazenda além do rio? É do meu irmão

mais novo. Nós brigamos e não suporto mais vê-lo. Quero que cons-

trua uma cerca bem alta ao longo do rio, para que eu não o veja.

Entendendo a situação, disse o carpinteiro:

— Mostre onde está o material e farei um trabalho que lhe deixará

satisfeito.

Como precisava ir à cidade, o irmão mais velho ajudou o carpin-

teiro a encontrar o material e saiu.

O homem trabalhou arduamente durante todo o dia e já anoitecia

quando terminou sua obra.

O fazendeiro, ao retornar, não pôde acreditar no que via. Não

havia cerca nenhuma! Em seu lugar estava uma ponte que ligava

o rio dos dois lados.

Era realmente um belo trabalho, mas, enfurecido, exclamou:

— Você é muito insolente em construir esta ponte, depois de

tudo que lhe contei!

No entanto, as surpresas não haviam terminado… Ao olhar para

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a ponte mais uma vez, viu seu irmão aproximando-se da outra mar-

gem, correndo com os braços abertos. Os dois ficaram imóveis, e,

em um só impulso, correram um na direção do outro, abraçando-se

e chorando no meio da ponte. Emocionados, viram o carpinteiro

arrumando suas ferramentas e partindo.

— Não! Espere! — disse o mais velho. — Fique conosco alguns

dias. Tenho muitos outros projetos para você.

— Adoraria ficar, mas tenho muitas outras pontes para construir.

(OLIVEIRA, Ivani de; MEIRELES, Mário. “Os dois irmãos”.

In: ______. Histórias para encantar. São Paulo: Paulinas, 2003.

p. 11-12.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Agora, porém, graças a Jesus Cristo, vós, que antes estáveis longe, vos tornastes presentes, pelo sangue

de Cristo. Porque é ele a nossa paz, ele que de dois povos fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava […].” (Efésios 2, 13-14)

I. A passagem bíblica mostra que Jesus veio para romper com os processos geradores de divisão, de inimizade. Sua proposta é a unidade entre as pessoas, os povos e as nações.

II. Como tenho trabalhado para unir as pessoas?

III. De que forma os ensinamentos de Jesus nos ajudam a construir pontes entre as diferentes áreas e frentes de missão do Instituto?

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L U Z E S M A R I S T A S

“Inspira nossa criatividade para sermos construtores de

pontes. Como Maria em Caná (Jo 2, 3), sentimo-nos in-

terpelados pelas necessidades do mundo que nos rodeia.

Inspirados por Maria, sentimos que nos chamas a:

• Conhecer em profundidade nosso mundo em contínua trans-

formação e enfrentar os desafios atuais, sem cair na tentação

de responder a perguntas que já ninguém faz (Papa Francisco

em Medellín, 9 de setembro de 2017).

• Ser memória profética da dignidade e da igualdade funda-

mental de todo o povo de Deus.

• Abandonar a cultura dos egos e promover os ecos (ecologia,

ecossistema, economia solidária…) que reduzem o escândalo

da indiferença e das desigualdades.

• Ser agentes de mudança, construtores de pontes, mensa-

geiros de paz, comprometidos na transformação da vida dos

jovens por meio de uma educação evangelizadora.”

(Apelos do XXII Capítulo Geral.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a

estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce os vínculos familiares. A ação pastoral deve mostrar ainda melhor que a relação com o nosso Pai exige e incentiva uma comunhão que cura, promove e fortalece os vínculos interpessoais. Enquanto no mundo, especialmente em alguns países, se reacendem várias formas de guerras e conflitos, nós, cristãos, insistimos na proposta

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de reconhecer o outro, de curar as feridas, de construir pontes, de estreitar laços e de nos ajudarmos ‘a carregar as cargas uns dos outros’ (Gal 6, 2).” (Evangelii Gaudium, n. 67.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Senhor,

que maravilha a missão de ponte!

Quero também ser ponte.

Ser ponte para:

unir as pessoas entre si,

unir os desunidos,

unir os corações.

Senhor, na estrada da vida

quero ser ponte entre as pessoas.

Que eu nunca seja muralha,

que separa,

mas sempre ponte para unir.

Amém!

CRIANÇAS E JOVENS

“Não basta que você ame os jovens, é preciso que eles se sintam amados.”

(Dom Bosco)

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U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Certa vez, um homem resolveu invadir os campos de um vizi-

nho para roubar um pouco de trigo. “Se eu tirar um pouco de

cada campo, ninguém irá perceber...” — pensou —, “... mas

reunirei uma bela pilha de trigo”. Então ele esperou pela noite mais

escura, quando grossas nuvens cobriam a lua, e saiu às escondidas

de casa, levando consigo sua filha mais nova.

— Filha — ele sussurrou —, fique de guarda para o caso de al-

guém aparecer.

O homem entrou silenciosamente no primeiro campo e começou

a colheita. Logo depois, a criança gritou:

— Papai, alguém está vendo você!

O homem olhou em volta, sem ver ninguém; juntou então o trigo

roubado e seguiu adiante para o segundo campo.

— Papai, alguém está vendo você! — gritou a criança de novo.

O homem parou e olhou em volta, mas não viu qualquer pessoa,

por isso amarrou o trigo roubado e retirou-se para o último campo.

— Papai, alguém está vendo você! — a criança gritou novamente.

O homem parou a colheita, olhou para todos os lados e, mais

uma vez, não viu pessoa alguma.

— Por que você fica dizendo que alguém está me vendo? — per-

guntou zangado. — Já olhei para todos os lados e não vejo ninguém.

— Papai — murmurou a criança —, eu estou vendo você.

(Adaptado de BENNETT, William. In: ______. O Livro das

Virtudes para Crianças. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p.

68-69.)

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L U Z E S B Í B L I C A S

“Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Quem é o maior no Reino dos

céus?’. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: ‘Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus’.” (Mateus 18, 1-4)

I. No texto acima Jesus valoriza as crianças e nos chama atenção para imitarmos a humildade delas se quisermos tomar parte no Reino dos céus.

II. São Marcelino Champagnat assumiu as crianças como o centro da evangelização, por meio da educação. Como este compromisso de Champagnat é vivenciado hoje?

III. Como podemos ampliar a proteção, promoção e defesa de direitos das crianças e jovens?

L U Z E S M A R I S T A S

“Para caminhar com as crianças e jovens marginalizados

pela vida, buscamos-te, Jesus, como Maria, nas carava-

nas da vida e no tumulto de nossas cidades (Lc 2, 41-49), na multidão

dos deslocados que buscam um futuro melhor para seus filhos.

É uma chamada que nos urge a:

• Abrir os olhos de nosso coração e escutar o pranto das crian-

ças e jovens, especialmente daqueles sem voz e sem lar.

• Ser criativos em resposta decidida às suas necessidades.

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• Fugir de abordagens paternalistas e empoderar a quem não

tem voz.

• Incrementar uma presença significativa entre as crianças e

jovens nas margens do mundo.”

(Apelos do XXII Capítulo Geral.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Nas estruturas ordinárias, os jovens habitualmente não encontram respostas para as suas preocupações,

necessidades, problemas e feridas. A nós, adultos, custa-nos a ouvi-los com paciência, compreender as suas preocupações ou as suas reivindicações, e aprender a falar-lhes na linguagem que eles entendem. Pela mesma razão, as propostas educacionais não produzem os frutos esperados. A proliferação e o crescimento de associações e movimentos predominantemente juvenis podem ser interpretados como uma ação do Espírito que abre caminhos novos em sintonia com as suas expectativas e a busca de espiritualidade profunda e de um sentido mais concreto de pertença.” (Evangelii Gaudium, n. 105.)

29

A Ç Ã O F I N A L

Pai de infinita misericórdia,

confiamos às suas mãos

a vida de todas as crianças, adolescentes e jovens do

mundo,

sobremaneira aqueles que estão privados de seus di-

reitos básicos.

Que eles e elas possam crescer e desenvolver-se

a partir de seu amor misericordioso.

Senhor, dai-nos força e sabedoria,

para usarmos nossos bens e serviços em favor de todos,

e, sobretudo, dos menos favorecidos.

Amém!

AUDÁCIA“A audácia dos maus se alimenta da covardia e da omissão dos bons.”

(Papa Leão XIII)

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U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Quando eu era pequeno, gostava de passar as férias e feriados

no sítio. O contato com a natureza me fazia um bem enorme.

Por lá se contava a história de um galo que, desde pequenino,

já era bem valente e ousado. Queria cantar como os galos crescidos

e marcar o seu espaço no galinheiro. Andava por todos os lados,

explorando a fazenda toda. À noite, depois de horas de aventura,

voltava para o seu canto.

O dono do sítio não gostava dessas andanças do galo. Pensou

então em puni-lo. Com um barbante de uns três metros, amarrou a

pata do galo em um bambu. Seu espaço ficou bem reduzido. […] De

tanto andar e ciscar por ali, a grama desapareceu, ficando apenas um

círculo de terra. O galo, que até então era vivaz e valente, foi ficando

pacato e medroso. Seu canto era tão fraco que mal se podia ouvir.

Depois de alguns meses, o dono do sítio achou que a punição

já era suficiente. […] Desamarrou a pata do galo e o deixou solto

pelo quintal. Depois de tanto tempo, estava novamente livre, podia

ir para onde quisesse.

Passou-se um dia, e outro, e outro... E nada de o galo sair daquele

círculo. Olhava para o lado de fora do círculo, mas não tinha coragem

de sair. Não tinha mais aquele espírito aventureiro e audacioso do

passado. Seu canto também não melhorou. Continuou fraquinho.

Assim permaneceu até envelhecer e morrer, dentro do círculo.

(ZANON, Darlei. “Nosso espaço”. In: ______. Parábolas de lide-

rança. São Paulo: Paulus, 2008. p. 80-81.)

32

L U Z E S B Í B L I C A S

“Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração,

diziam: ‘Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?’. E ficaram perplexos a seu respeito”. (Marcos 6, 2-3)

I. Os ensinamentos de Jesus são repletos de uma profunda

sabedoria, compreendida como um dom, uma graça, que

vem do próprio Deus. Portanto, toda a ação de Jesus é

repleta dessa sabedoria.

II. Diante dos desafios que surgem nas nossas frentes

de missão e áreas, como podemos ser cada vez mais

audaciosos na missão que nos é confiada?

III. De que forma colocamos nossos dons e talentos como um

serviço à comunidade?

L U Z E S M A R I S T A S

“Responder com audácia às necessidades emergentes.

Jesus, passaste pela vida fazendo o bem e, no entanto,

tuas ações foram interpretadas com estreiteza por muitos dos teus

contemporâneos, simplesmente porque eras galileu, carpinteiro e

filho de Maria (Mc 6, 2-3).

Também hoje continuas desafiando-nos para:

33

• Abandonar velhos paradigmas e buscar criativamente mode-

los alternativos para tornar visível o amor de Deus no mundo

de hoje.

• Converter nossos corações e flexibilizar nossas estruturas,

sem medo de assumir riscos, para aproximarmo-nos das pe-

riferias, em defesa dos mais pobres e vulneráveis.

• Comprometermo-nos firmemente na promoção e defesa dos

direitos das crianças.

• Despertar em nós e à nossa volta uma consciência ecológica

que nos comprometa com o cuidado de nossa casa comum2.”

(Apelos do XXII Capítulo Geral.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“[…] todas as vezes que intentamos ler os sinais dos tempos na realidade atual, é conveniente ouvir

os jovens e os idosos. […] Os idosos fornecem a memória e a sabedoria da experiência, que convida a não repetir tontamente os mesmos erros do passado. Os jovens chamam-nos a despertar e a aumentar a esperança, porque trazem consigo as novas tendências da humanidade e abrem-nos ao futuro, de modo que não fiquemos encalhados na nostalgia de estruturas e costumes que já não são fonte de vida no mundo atual.

2 Em todos os textos do XXII Capítulo Geral, cada vez que se menciona “nossa casa comum” faz-se referência à nossa Irmã, Mãe Terra (São Francisco), se-guindo o Papa Francisco na sua Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum.

34

Os desafios existem para serem superados. Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança. Não deixemos que nos roubem a força missionária!” (Evangelii Gaudium, n. 108-109.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Pai nosso, que estais nos céus e na terra e em todos

os lugares,

dai-nos entendimento para compreender vossa Palavra.

Iluminai-nos para que possamos entender e transmitir

as vossas maravilhas.

Vós nos criastes e nos formastes;

avivai a nossa inteligência para que possamos aprender

e seguir o vosso caminho.

Queremos ser sempre vossos servos;

dai-nos sabedoria para entendermos os vossos teste-

munhos e audácia para transmiti-los.

Amém.

FÉ“A força mais potente do universo é a fé.”

(Madre Teresa de Calcutá)

36

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Perdido no deserto, já bastante fragilizado pela sede, um ho-

mem encontra uma velha cabana, malcuidada, sem janelas,

sem teto, abandonada há muito tempo.

Deu a volta para ver se encontrava um lugar para descansar e

deitou sob a sombra de uma das paredes. Olhando ao lado da casa,

viu uma bomba de água bastante enferrujada.

Já sem forças, se arrastou até a bomba, pegou a manivela e

começou a bombear. Repetiu o movimento várias vezes, mas nada

aconteceu. Desapontado e com as energias esgotadas, acabou dei-

tando ali mesmo. Ao deitar bateu a cabeça em alguma coisa dura.

Olhou e viu uma velha garrafa cheia de água. Limpou a sujeira

que a cobria para ter certeza de que estava cheia e pôde então ler

um bilhete que estava grudado nela:

“Caro viajante, você precisa primeiro preparar a bomba derraman-

do sobre ela toda a água desta garrafa. Depois faça o favor de encher

a garrafa outra vez antes de sair, para o próximo viajante”.

O homem tirou a rolha da garrafa e confirmou que ela estava

cheia de água. De repente, se viu em um dilema. Se bebesse aquela

água, poderia sobreviver. Mas se a despejasse na velha bomba en-

ferrujada e ela não funcionasse, morreria de sede.

Que fazer: despejar a água na velha bomba e esperar vir a ter

água fresca, fria, ou beber a água da velha garrafa e desprezar a

mensagem? Hesitante, o homem despejou toda a água na bomba.

Depois, agarrou a manivela e começou a bombear. A bomba começou

a ranger e chiar sem fim. E nada aconteceu!

O viajante continuou. Então, surgiu um fiozinho de água, depois

um pequeno fluxo e, finalmente, a água jorrou com abundância!

37

Para alívio do homem, a bomba velha fez jorrar água fresca, cris-

talina. Ele encheu a garrafa e bebeu dela ansiosamente. Encheu-a

outra vez e tornou a beber seu conteúdo refrescante. Em seguida,

voltou a encher a garrafa para o próximo viajante. Encheu-a até o

gargalo, pôs a rolha e acrescentou uma pequena nota:

“Creia-me, funciona. Você precisa dar toda a água antes de poder

obtê-la de volta”.

(ZANON, Darlei. “Fonte nova”. In: ______. Parábolas de fé. São

Paulo: Paulus, 2005. p. 68-70.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Disse-lhe, então, Jesus: ‘Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas’. E na mesma hora sua filha

ficou curada.” (Mateus 15, 28)

I. A fé cristã implica uma relação pessoal com o próprio Cristo e não uma atitude vaga e sem referência. Neste sentido, a partir do momento em que a mulher vai ao encontro de Jesus, a sua filha é curada.

II. Como percebo a fé em minha história de vida?

III. Quais são os principais momentos de dificuldades do Instituto, em que percebemos a grande confiança de Champagnat e dos Irmãos à Maria, Boa Mãe, como uma profunda atitude de fé?

38

L U Z E S M A R I S T A S

“Guiado pelo Espírito, Marcelino Champagnat foi cativado

pelo amor de Jesus e Maria para com ele e para com os

outros. […]

Sua fé e desejo de cumprir a vontade de Deus revelam-lhe sua

missão: ‘Tornar Jesus Cristo conhecido e amado’. Dizia muitas vezes:

‘Não posso ver uma criança sem sentir o desejo de ensinar-lhe o

catecismo, sem desejar fazer-lhe compreender quanto Jesus Cristo

a amou’.

Nesse espírito, fundou nosso Instituto para a educação cristã

dos jovens, particularmente os mais necessitados.”

(Constituições, n. 2.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Não convém ignorar a enorme importância que tem uma cultura marcada pela fé, porque, não obstante

os seus limites, esta cultura evangelizada tem, contra os ataques do secularismo atual, muitos mais recursos do que a mera soma dos crentes. Uma cultura popular evangelizada contém valores de fé e solidariedade que podem provocar o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e crente, e possui uma sabedoria peculiar que devemos saber reconhecer com olhar agradecido.” (Evangelii Gaudium, n. 68.)

39

O R A Ç Ã O F I N A L

Ó Deus, nosso Pai,

concedei-nos a graça da fé firme em um coração

renovado,

para vos reconhecermos como Deus Vivo e Verdadeiro,

e àquele que enviastes, Jesus Cristo.

Guiados pelo Espírito Santo,

possamos progredir no caminho da fé

com o coração repleto de alegria

e ser, para os outros, testemunhas do vosso amor,

atraindo-os para vós.

Por Cristo, nosso Senhor.

Amém.

ESPERANÇA“Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.”

(Fernando Pessoa)

41

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

As velas representam muitas coisas. Cada um dá o sentido

que desejar [...].

Havia quatro velas queimando calmamente, em um

ambiente de profundo silêncio. Uma das velas olhou para a outra

e disse:

— Eu sou a paz. Apesar de minha luz, as pessoas não conseguem

manter-me acesa por muito tempo.

E sua chama foi diminuindo, diminuindo até apagar.

Então a segunda vela se pronunciou:

— Eu me chamo fé! Infelizmente sou supérflua para as pes-

soas. Não entendo por que elas não querem saber de Deus. Quando

me acendem, não é com sinceridade. Não faz sentido continuar

queimando.

Mal terminou de falar, uma brisa suave soprou sobre ela e a

chama se apagou.

Neste momento a terceira vela resolveu participar da conversa:

— Eu sou o amor — exclamou em alta voz.

Mas logo se conteve, desanimada, e falou baixinho:

— Não tenho mais forças para queimar. Hoje em dia ninguém

quer mais saber de mim. As pessoas me deixam de lado, me aban-

donam pelos cantos de suas casas ou me deixam trancada na sala

escura do egoísmo.

Logo se apagou.

A única vela que continuava acesa se manifestou. Era a

esperança.

— Ei, vocês vão me deixar sozinha? Não vão mesmo — disse

enfática.

42

Chegou perto da primeira vela, encostou sua cabeça nela e a

acendeu. Assim foi com a segunda e com a terceira.

Novamente estavam as quatro velas iluminadas, contagiando

o ambiente com sua luz.

(ZANON, Darlei. “Quatro velas”. In: ______. Parábolas de fé.

São Paulo: Paulus, 2005. p. 28-29.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes

na tribulação e perseverantes na oração.” (Romanos 12, 12)

I. A paciência e a oração alimentam a esperança no cristão, que mesmo em situações de adversidades consegue viver na alegria.

II. Como a esperança pode estar presente mesmo nos momentos de adversidades?

III. De que forma podemos ser sinais de esperança no mundo em que vivemos?

L U Z E S M A R I S T A S

“Como Capitulares fomos privilegiados ao sermos convo-

cados para viver esta rica experiência. Privilégio que se

converte em compromisso. Nosso encontro com o Papa Francisco,

em Medellín, no início do Capítulo, nos confirma na esperança e na

tarefa de continuar construindo uma Igreja com rosto mariano. Que

43

Maria, mulher que foi capaz de criar um lar no qual gerou vida nova

e dela cuidou, siga animando-nos e acompanhando. Champagnat

repetiu com frequência: ‘Maria, esta é a tua obra’, e isso me dá con-

fiança total de que Ela também seguirá encarregando-se deste ‘Novo

La Valla’. Dela também ouvimos essa palavra e sentimos: ‘O Novo

Começo já iniciou!’. Mãos à obra para seguir construindo-o!”

(Palavras do Ir. Ernesto Sánchez no encerramento do

XXII Capítulo Geral.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada

família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! Aquilo que se nos promete é sempre mais. Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida.” (Amoris Laetitia, n. 325.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Senhor Jesus Cristo, Deus da vida.

Ajude-nos a nunca perder a esperança em um mundo

novo.

Ajude-nos a acordar pela manhã e continuar a lutar pelos

nossos sonhos.

Dai-nos forças para lutarmos pela transformação

das realidades injustas e excludentes.

Fortalecei-nos na fé para permanecermos firmes no

amor ao próximo.

Amém.

CARIDADE AMOR

“É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.”

(Madre Teresa de Calcutá)

45

U M A D I C A

Um empresário do interior do Paraná tinha a fama de ser

muito generoso, pois vivia ajudando os necessitados de

sua cidade. Certa vez, um jovem foi procurá-lo:

— Sou filho de uma família muito pobre, que passa fome. Não

temos terras para trabalhar, nem equipamentos. Moramos eu e toda

a minha família em uma casinha na beira do rio — disse o jovem.

O empresário pegou duas notas de cinquenta reais, entregou-as

ao jovem e disse:

— Com uma compre comida para a sua família. Com a outra,

compre um anzol para pescar.

(ZANON, Darlei. “O anzol”. In: ______. Parábolas de liderança.

São Paulo: Paulus, 2008. p. 68.)

L U Z E S B Í B L I C A S

““Dai, e ser-vos-á dado. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque,

com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também.” (Lucas 6, 38)

46

I. A caridade é uma atitude de amor e implica em dar ao outro daquilo que é meu, em um gesto de solidariedade com quem mais precisa.

II. Como a caridade é compreendida nos dias de hoje?

III. De que forma percebemos que a cultura do ter e do poder dificulta cada vez mais atitudes de caridade, principalmente para com aqueles que são privados de seus direitos?

L U Z E S M A R I S T A S

“Caríssimos e bem-amados Irmãos, amemo-nos uns aos

outros!

Não poderia, […] servir-me de linguagem mais conforme ao meu

gosto e às minhas afeições. Que eu interrogue meu coração, meus

sentimentos, o sofrimento que me causa o menor de seus infortú-

nios, seus aborrecimentos, que são os meus, seus contratempos, as

causas de minhas preocupações, os vinte anos de desvelos, tudo

isso me diz que eu posso, com ousadia e sem temor, dirigir-lhes as

palavras que o discípulo bem-amado coloca no cabeçalho de todas

as suas cartas: ‘Meus bem-amados, amemo-nos uns aos outros,

pois a caridade vem de Deus’.”

(Cartas de Champagnat, n. 79.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com

um espírito positivo e rico de esperança. Ser cristão é ‘alegria no Espírito Santo’ (Rm 14, 17), porque ‘do amor de caridade,

47

segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com o amado. [...] Daí que a consequência da caridade seja a alegria’. [...] Se deixarmos que o Senhor nos arranque da nossa concha e mude a nossa vida, então poderemos realizar o que pedia São Paulo: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!’ (Flp 4, 4).” (Gaudete et Exsultate, n. 122.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Senhor, Deus da Vida, Criador de todas as coisas,

Fonte de todo o Bem, Senhor do tempo e da história,

Pai de todos os povos, Deus de muitos nomes!

Nós vos louvamos porque pelo mistério da Encarnação

vosso Filho

assumiu a nossa natureza humana,

fazendo-se solidário com a nossa humanidade,

especialmente com os pobres e os simples,

renovando a vida e resgatando a esperança.

Dai-nos um espírito de solidariedade capaz de partilhar

o pão,

respeitar o diferente, promover e servir a vida,

construir a paz, cultivar a verdade, implantar a justiça,

cuidar da criação e crescer sempre na Fraternidade e

na comunhão.

Amém!

JUSTIÇA“Se você quer paz, trabalhe por justiça.”

(Papa Paulo VI)

49

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Era uma linda tarde de domingo. Antônio, um trabalhador da

cidade de São Paulo, pensou em levar seus dois filhos para

um passeio no zoológico. Pegou os meninos e lá se foram os

três. Chegando à bilheteria, Antônio perguntou:

— Quanto custa a entrada?

— São dez reais para o senhor e para qualquer criança maior de

seis anos. Para as crianças menores de seis anos a entrada é grátis.

Quantos anos eles têm? — perguntou o bilheteiro.

— O menor tem apenas três anos e este aqui tem sete anos —

disse Antônio.

— Você deve ter dinheiro sobrando. Se tivesse me dito que o maior

tinha seis anos, eu não perceberia a diferença. Você teria economi-

zado dez reais.

Antônio imediatamente respondeu:

— De fato, você não perceberia a diferença. Mas o meu garoto

sabe a idade que tem e saberia que eu menti. Se eu sou capaz de

mentir por tão pouco, por apenas dez reais, quanto mais nas coisas

maiores. De que adiantaria tudo o que eu lhes ensinei até agora?

(ZANON, Darlei. “Lição de justiça”. In: ______. Parábolas de

virtude. São Paulo: Paulus, 2008. p. 25-26.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!” (Mateus 5, 6)

50

I. No texto bíblico acima, a justiça é considerada como uma das bem-aventuranças. Isso significa que promovê-la em todos os espaços deve ser um compromisso permanente de todo cristão.

II. Como percebo, sou impactado e reajo diante de situações e/ou notícias de injustiças?

III. Como Instituição, como o nosso agir colabora para a superação das injustiças?

L U Z E S M A R I S T A S

“Nossa época, como todos os períodos da História, é um

misto de luz e sombra. Cresceu a sensibilidade em torno

de questões como a paz, a justiça, a ecologia e a espiritualidade.

Mas a Terra se encontra hoje devastada, com milhões de pessoas

condenadas à miséria ou subjugadas pela superficialidade e pelo

desejo de poder.

[…] Como profetas, anunciamos um mundo de paz, baseada na jus-

tiça, e denunciamos as causas da exploração e da exclusão em

que vivem milhões de pessoas, gerando a esperança de que outro

mundo é possível.”

(Em torno da mesma mesa, n. 1 e n. 38.)

51

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Por conseguinte, ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secreta das

pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos. […] Uma fé autêntica — que nunca é cômoda nem individualista — comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a Terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela. […] A Terra é a nossa casa comum, e todos somos irmãos. Embora ‘a justa ordem da sociedade e do Estado seja dever central da política’, a Igreja ‘não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça’. Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a preocupar-se com a construção de um mundo melhor.” (Evangelii Gaudium, n. 183.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Deus Onipotente,

que estais presente em todo o Universo

e na mais pequenina das vossas criaturas;

Vós, que envolveis com a vossa ternura

tudo o que existe,

derramai em nós a força do vosso amor

para cuidarmos da vida e da beleza.

Inundai-nos de paz,

para que vivamos como irmãos e irmãs

sem prejudicar ninguém. [...]

52

Tocai os corações

daqueles que buscam apenas benefícios

à custa dos pobres e da Terra.

Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,

a contemplar com encanto,

a reconhecer que estamos profundamente unidos

com todas as criaturas

no nosso caminho para a vossa luz infinita.

Obrigado porque estais conosco todos os dias.

Sustentai-nos, por favor, na nossa luta

pela justiça, pelo amor e pela paz.

(Laudato Si’, n. 246.)

FORTALEZA “Forte é o ser humano que sabe o que quer, que continua em busca de sua meta sem se deixar impedir por obstáculos ou perigos.”

(Anselm Grün)

54

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Certa vez um soldado disse ao seu tenente:

— Meu amigo não voltou do campo de batalha; senhor, solicito

permissão para ir buscá-lo.

— Permissão negada — replicou o oficial. — Não quero que ar-

risque a sua vida por um homem que provavelmente está morto.

O soldado, ignorando a proibição, saiu, e uma hora mais tarde

regressou, mortalmente ferido, transportando o cadáver de seu ami-

go. O oficial estava furioso:

— Já tinha dito que ele estava morto!!! Agora eu perdi dois ho-

mens! Diga-me: valeu a pena trazer um cadáver?

E o soldado, moribundo, respondeu:

— Claro que sim, senhor! Quando o encontrei, ele ainda estava

vivo e pôde me dizer: “Tinha certeza de que você viria!”.

(OLIVEIRA, Ivani de; MEIRELES, Mário. “Quem é seu amigo?”.

In: ______. Histórias para encantar. São Paulo: Paulinas,

2003. p. 33.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Jesus respondeu: ‘Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus’.”

(Lucas 9, 62)

55

I. O convite de Jesus para o seguimento exige clareza, discernimento, coragem e força para permanecer fiel.

II. Quais são as motivações que dão sentido para perseverar na missão?

III. Como podemos desenvolver a missão do Instituto de forma eficaz e fiel à proposta de São Marcelino Champagnat e atentos às necessidades do mundo atual?

L U Z E S M A R I S T A S

“Maria mostra visivelmente sua proteção sobre L’Hermitage.

Como tem força o santo nome de Maria! Quão felizes so-

mos de nos termos ornamentado com ele! Há muito que não se

falaria mais de nossa Sociedade sem este nome milagroso!

[...] Maria, sim, só Maria é nossa prosperidade; sem Maria não somos

nada e com Maria temos tudo, porque Maria está sempre com seu

adorável Filho ou no colo ou no coração. Como pode o senhor ima-

ginar, é também por Maria que espero conseguir a autorização que

estou pleiteando. Seja feita a santa, a santíssima vontade de Deus!”

(Cartas de Champagnat, n. 194.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria,

voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto. N’Ela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam maltratar os outros para

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se sentir importantes. [...] Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e de caminho para os outros faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização. Pedimos-Lhe que nos ajude, com a sua oração materna, para que a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torne possível o nascimento de um mundo novo.” (Evangelii Gaudium, n. 288.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Virgem e Mãe Maria, […]

Vós, cheia da presença de Cristo,

levastes a alegria a João, o Baptista,

fazendo-o exultar no seio de sua mãe.

Vós, estremecendo de alegria,

cantastes as maravilhas do Senhor.

Vós, que permanecestes firme diante da Cruz

com uma fé inabalável,

e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição,

reunistes os discípulos à espera do Espírito

para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados

para levar a todos o Evangelho da vida

que vence a morte.

Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos

para que chegue a todos

o dom da beleza que não se apaga. […]

Estrela da nova evangelização,

ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão,

do serviço, da fé ardente e generosa,

57

da justiça e do amor aos pobres,

para que a alegria do Evangelho

chegue até aos confins da Terra

e nenhuma periferia fique privada da sua luz.

Mãe do Evangelho vivente,

manancial de alegria para os pequeninos,

rogai por nós.

Amém. Aleluia!

(Evangelii Gaudium, n. 288.)

TEMPERANÇA “A finalidade da boa medida é a tranquilidade da alma, o equilíbrio interior, a consonância comigo mesmo.”

(Anselm Grün)

59

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Em um pequeno país da Europa, havia um rei que vivia bastante

preocupado com a maneira como governar seu povo. Certo

dia, pediu orientação a um conselheiro:

— Caro conselheiro, devo ser severo com os meus súditos para

que mantenham sempre o respeito e nunca pensem em se rebelar

contra mim, ou devo ser amoroso, fazendo-lhes as vontades para

que me tenham grande carinho? Ajude-me.

O conselheiro meditou por alguns instantes e logo se pronunciou:

— Qual é o objeto que Vossa Majestade mais aprecia?

Mesmo sem entender direito aonde o conselheiro queria chegar,

o rei respondeu:

— O que mais amo são dois vasos chineses muito valiosos.

— Traga-os aqui, então.

Ainda sem compreender, o rei atendeu ao pedido e mandou trazer

os dois vasos. Vendo-os, o conselheiro disse:

— Tragam um pouco de água fervendo e um pouco de água ge-

lada. Coloquem a água gelada em um vaso e a fervendo em outro.

Prevendo o que iria acontecer, o rei interveio rapidamente:

— Louco! Não percebe que os vasos vão se partir?

— Exatamente, — respondeu o conselheiro. — Assim será com o

reino. Se agir com severidade excessiva, ou com grande benevolência,

não será um bom rei. Vossa Majestade precisa saber dosar os dois

para exercer sempre uma autoridade saudável.

(ZANON, Darlei. “Saber dosar”. In: ______. Parábolas de lide-

rança. São Paulo: Paulus, 2008. p. 39-40.)

60

L U Z E S B Í B L I C A S

“[…] o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura,

temperança. Contra essas coisas não há lei.” (Gálatas 5, 22-23)

I. O Apóstolo Paulo, ao escrever à comunidade dos Gálatas, traz um conjunto de virtudes, incluindo a temperança, não como uma capacidade apenas humana, mas como fruto do Espírito.

II. Diariamente deparamo-nos com atitudes de radicalismos e extremismos. Como a temperança pode ser vivenciada nesses contextos?

III. Como a atenção à realidade e a escuta estão presentes em nossos processos, como uma forma de pautar as decisões?

L U Z E S M A R I S T A S

“A missão de uma instituição anuncia seus valores. A partir

do momento em que os valores se apresentam como

base para o modo de conhecer e manusear conhecimento, aumen-

tam as chances de que os processos e atos sejam autênticos e

convincentes. Quando isso ocorre, é possível observar a intenção que

conecta as decisões e as pessoas. É à percepção clara dessa cone-

xão que chamamos de equilíbrio e coerência entre teoria e prática.”

(Diretrizes da ação evangelizadora, n. 203.)

61

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Antes de mais nada, deve-se dizer que, no anúncio do Evangelho, é necessário que haja uma proporção

adequada. Esta reconhece-se na frequência com que se mencionam alguns temas e nas acentuações postas na pregação. Por exemplo, se um pároco, durante um ano litúrgico, fala dez vezes sobre a temperança e apenas duas ou três vezes sobre a caridade ou sobre a justiça, gera-se uma desproporção, acabando obscurecidas precisamente aquelas virtudes que deveriam estar mais presentes na pregação e na catequese. E o mesmo acontece quando se fala mais da lei que da graça, mais da Igreja que de Jesus Cristo, mais do Papa que da Palavra de Deus.” (Evangelii Gaudium, n. 38.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Senhor, fazei de mim um instrumento de Vossa paz;

Senhor, vimos lhe pedir temperança,

pedimos por nós e por todos aqueles que precisam em

suas vidas.

Pai, nos ensina como alcançar a temperança

e assim chegarmos a um maior equilíbrio.

Ajude-nos a aprender a refletir sobre todas as situações

e a tomar decisões corretas baseadas na temperança.

Dai-nos sabedoria em todas as circunstâncias.

Amém.

PRUDÊNCIA “A prudência combina o saber do passado com a sensibilidade para o futuro.”

(Anselm Grün)

63

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Muitas pessoas vão à África para caçar, apesar de ser

uma prática desprezível. […] É um tanto perigoso, por

isso um caçador procurou a ajuda de um feiticeiro para

facilitar-lhe o trabalho.

[…] o feiticeiro criou uma flauta mágica. Ao ser tocada, a flauta

emitia um som mágico e fazia com que os animais, por mais fero-

zes que fossem, dançassem. Isso facilitaria muito para o caçador

acertar o alvo.

Entusiasmado com a flauta, o homem convidou alguns amigos

e organizou uma viagem para as savanas. Logo no primeiro dia, o

grupo encontrou um tigre faminto. O tigre se aproximava quando o

caçador começou a tocar a flauta. Imediatamente o tigre começou

a dançar e levou um tiro. Pouco tempo depois, alguns quilômetros à

frente, o grupo foi surpreendido pelo salto de dois leopardos. Estavam

a poucos metros deles. Mas, logo que o caçador começou a tocar a

flauta mágica, os leopardos começaram a dançar […]. Assim acon-

teceu nos dias seguintes. Sempre que encontravam um animal feroz,

tocavam a flauta e o bicho ficava mansinho, virando alvo fácil.

Quase no fim da jornada, quando já pensavam em arrumar as

coisas para deixar o país, os caçadores avistaram um leão. Como não

haviam caçado nenhum leão ainda, quiseram ir atrás dele. Quando

se aproximaram, um dos caçadores começou a tocar a flauta, mas

nada aconteceu. O leão não começou a dançar, e, pior, vinha na di-

reção deles. Já em desespero, o caçador tocava todas as notas que

sabia, soprando o mais forte que podia, mas o leão não se deteve.

Avançou e devorou os caçadores.

64

De cima de uma árvore, um pássaro que há dias acompanhava

o grupo pensou:

— Eu sabia que eles iam se dar mal quando encontrassem

um surdo.

(ZANON, Darlei. “A flauta mágica”. In: ______. Parábolas de

liderança. São Paulo: Paulus, 2008. p. 49-50.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente,

que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína.” (Mateus 7, 24-27)

I. Em grego, prudência significa “sabedoria do agir”. Vimos que no texto bíblico a escuta da palavra precede o agir. Dessa forma, toda a ação fundamentada e orientada pelo Evangelho possibilita que o agir seja ainda mais eficaz e prudente.

II. Quais são os espaços de silêncio, recolhimento e escuta da palavra que cultivamos?

III. Em que medida a escuta atenta às realidades orienta nossas práticas e processos diários?

65

L U Z E S M A R I S T A S

“O relacionamento de Marcelino com Deus, combinado

com a consciência de suas limitações, explica sua ina-

balável confiança em Deus. A profundidade dessa confiança im-

pressionava aqueles que com ele trabalhavam e escandalizava os

que julgavam imprudentes as ações que ele empreendia. Sentia, no

seu jeito humilde, a presença viva de Deus, o que lhe dava coragem

e confiança. ‘Não ofendamos a Deus pendindo-Lhe pouco. Quanto

maior o nosso pedido, mais O agradaremos’. Essa era uma expressão

espontânea de sua ilimitada confiança em Deus.”

(Água da Rocha, n. 17.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Se a maturidade fosse apenas o desenvolvimento de algo já contido no código genético, quase nada

poderíamos fazer. Mas não é! A prudência, o reto juízo e a sensatez não dependem de fatores puramente quantitativos de crescimento, mas de toda uma cadeia de elementos que se sintetizam no íntimo da pessoa; mais exatamente, no centro da sua liberdade. É inevitável que cada filho nos surpreenda com os projetos que brotam desta liberdade, que rompa os nossos esquemas; e é bom que isso aconteça. A educação envolve a tarefa de promover liberdades responsáveis, que, nas encruzilhadas, saibam optar com sensatez e inteligência; pessoas que compreendam sem reservas que a sua vida e a vida da sua comunidade estão nas suas mãos e que esta liberdade é um dom imenso.” (Amoris Laetitia, n. 262.)

66

O R A Ç Ã O F I N A L

Indica-nos, ó José, o caminho.

Sustenta-nos a cada passo,

Conduze-nos para onde a Divina Providência quer que

cheguemos.

Seja comprido ou curto,

Bom ou mau o caminho,

Devagar ou depressa,

Contigo, ó José,

Estamos certos de que sempre caminharemos bem.

(Oração a São José Marello.)

VERDADE “Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.”

(Umberto Eco)

68

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar

algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do “papiro”

que estava lendo e perguntou:

— O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

— Três peneiras? — indagou o rapaz.

— Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me

contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, mas não

tem certeza da sua veracidade, a coisa deve morrer aqui mesmo.

Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda

peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda

a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você

quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira

peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa?

Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

Arremata Sócrates:

— Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu como você

iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo!

(Autor desconhecido.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14, 6)

69

I. Nesse diálogo de Jesus com Tomé, três palavras são

importantes: caminho, verdade e vida. Sem caminho,

não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida,

só há morte.

II. Como contemplo estas três dimensões (caminho, verdade

e vida) em minha vida?

III. De que forma percebo que a missão do Instituto Marista é

a de atuar na promoção e defesa da vida?

L U Z E S M A R I S T A S

“Ao contemplarmos o tempo presente, nosso desafio con-

siste em discernir a eficiência das linguagens que utiliza-

mos para ‘comunicar’ Jesus Cristo. É indispensável a elaboração de

modos que facilitem a descoberta das pessoas de hoje em relação ao

Evangelho. Elas necessitam perceber e experienciar a verdade cristã

fecundando seu ambiente, apontando valores perenes e orientando

projetos de vida. Se diferentes grupos têm sua linguagem própria, sua

maneira de pensar, de viver, de comunicar, todos eles necessitam

de uma mediação pastoral que lhes é específica. O conteúdo do

Evangelho é sempre o mesmo — ‘verdade sempre antiga e sempre

nova’ —, mas as formas e métodos

de transmiti-lo são sempre dinâmicos e fluidos.”

(Diretrizes da Ação Evangelizadora, n. 70.)

70

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Só de forma muito pobre chegamos a compreender a verdade que recebemos do Senhor. E ainda com

maior dificuldade conseguimos expressá-la. Por isso, não podemos pretender que o nosso modo de a entender nos autorize a exercer um controle rigoroso sobre a vida dos outros. Quero lembrar que, na Igreja, convivem legitimamente diferentes maneiras de interpretar muitos aspectos da doutrina e da vida cristã, que, na sua variedade, ajudam a explicitar melhor o tesouro riquíssimo da Palavra.” (Gaudete et Exsultate, n. 43.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Senhor,

dai-nos força para anunciar o Teu Reino de amor.

Queremos que todos conheçam a luz da verdade,

para poderem trilhar os caminhos da felicidade

e anunciar Tua paz.

Sabemos que estarás conosco

e serás nossa luz na missão!

Queremos ser seus mensageiros

para anunciar a Verdade sem medo.

Amém!

FIDELIDADE “Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.”

(Friedrich Nietzsche)

72

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Havia uma jovem muito rica, que tinha tudo: um marido

maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe remu-

nerava muitíssimo bem, uma família unida. No entanto,

ela não conseguia conciliar tudo isso. O trabalho e os afazeres ocu-

pavam todo o tempo e a sua vida estava deficitária em algumas

áreas. Seu trabalho lhe consumia muito tempo, tirando até o tempo

que lhe sobrava para os filhos. Daí surgiam os problemas. Ela não se

preocupava mais com o marido... As pessoas que ela amava eram

sempre deixadas para depois…

Um dia seu pai, um homem sábio, deu-lhe de presente flores

muito caras e únicas em todo o mundo. E disse à filha:

— Estas flores vão ajudá-la muito mais do que você imagina!

Você terá apenas de regá-las e podá-las, de vez em quando, e às

vezes também conversar um pouquinho com elas, e elas lhe darão

em troca esse perfume maravilhoso e essas lindas flores.

A jovem ficou muito emocionada; afinal, as flores eram de uma

beleza sem igual. Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o

trabalho consumia todo o seu tempo, a sua vida continuava confusa,

não lhe permitindo, assim, cuidar das flores.

Ela chegava em casa, olhava a planta e as flores ainda estavam

lá, não mostravam sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá,

lindas, perfumadas. Então ela passava direto. Até que um dia, sem

mais ou menos, as flores morreram. Quando chegou em casa, levou

um susto! A planta estava completamente morta, sua raiz estava

ressecada, suas flores, caídas, e suas folhas, secas. A jovem chorou

muito e contou a seu pai o que havia acontecido.

Seu pai então falou:

73

— Eu já imaginava que isso aconteceria, e eu não posso lhe dar

outras flores, porque não existem outras iguais a essas; elas eram

únicas, assim como seus filhos, seu marido e sua família. Todos

são bênçãos que o Senhor lhe deu, mas você tem de aprender a

regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois, assim como as flores,

os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver as flores

sempre lá, sempre floridas, sempre perfumadas, e esqueceu-se de

cuidar delas.

(Adaptado de OLIVEIRA, Ivani de; MEIRELES, Mário. “Um

presente especial”. In: ______. Histórias para encantar. São

Paulo: Paulinas, 2003. p. 29-30.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Falou-lhes outra vez Jesus: ‘Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá

a luz da vida’.” (João 8, 12)

I. A fidelidade a Jesus é retratada no seguimento e anúncio

do Evangelho. Este seguimento gera e promove a vida.

II. Como tenho promovido a vida nos espaços em que atuo?

III. Quais são os compromissos que o seguimento a Jesus

nos provoca?

74

L U Z E S M A R I S T A S

“À luz da fé, as novas realidades, os novos cenários cul-

turais e o conhecimento são ‘novos areópagos’ para

os quais a atenção evangelizadora deve estar sensível. Os novos

areópagos também são os cenários organizacionais da Instituição,

os centros de decisões, os quais precisam ser animados pelos valores

maristas e humano-cristãos e que, assim, possam desempenhar

com fidelidade sua missão.”

(Diretrizes da ação evangelizadora, n. 140.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“A primeira destas grandes características é permanecer centrado, firme em Deus que ama e sustenta. […]

Com base em tal solidez interior, o testemunho de santidade, no nosso mundo acelerado, volúvel e agressivo, é feito de paciência e constância no bem. É a fidelidade (pistis) do amor, pois quem se apoia em Deus também pode ser fiel (pistós) aos irmãos, não os abandonando nos momentos difíceis, nem se deixando levar pela própria ansiedade, mas mantendo-se ao lado dos outros mesmo quando isso não lhe proporcione qualquer satisfação imediata.” (Gaudete et Exsultate, n. 112.)

75

O R A Ç Ã O F I N A L

Santa Maria, Mãe de Deus,

Vós destes ao mundo a luz verdadeira,

Jesus, Vosso Filho — Filho de Deus.

Entregastes-Vos completamente

ao chamamento de Deus

e assim Vos tornastes fonte

da bondade que brota d’Ele.

Mostrai-nos Jesus.

Guiai-nos para Ele.

Ensinai-nos a conhecê-Lo e a amá-Lo,

para podermos também nós

tornar-nos capazes de verdadeiro amor

e de ser fontes de água viva

no meio de um mundo sequioso.

(Deus Caritas Est.)

RECONCILIAÇÃO“Um coração reconciliado com Deus e com o próximo é um coração generoso.”

(João Paulo II)

77

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

A cidade de Gúbio estava assustada com um lobo feroz

que ameaçava currais e pastores, dizimando rebanhos.

O povo tinha uma solução: matar o lobo. Francisco pe-

diu um tempo e foi procurar a fera. Encontrou-o na entrada da toca,

ameaçador. “Irmão Lobo, vamos conversar”, diz Francisco, manso e

com ar amigo. Fala ao lobo que sua vida está errada, vive assustando,

roubando, prejudicando. E avisa-o de que corria perigo de ser morto.

Orienta-o que, se está com fome, procure auxílio, mas sem violência.

Resfolegando e com olhos ameaçadores, o lobo sai da toca movido

pela curiosidade. “Vou fazer-lhe uma proposta, Irmão Lobo”, conti-

nuou Francisco: “Você para de roubar e matar, e assim os moradores

de Gúbio lhe perdoam os crimes e se encarregam de sua comida”.

O lobo foi amansando, tornando-se meigo e abanando a cauda em

sinal de concordância. “Passa a patinha aqui”. E Francisco a aperta,

fraternalmente, continuando: “Vamos agora para a cidade, para as

pessoas conhecerem nosso acordo”. E entraram na cidade, deixando

os moradores espantados e temerosos. Francisco apertou-lhe mais

uma vez a pata, deixando os moradores comovidos.

O povo de Gúbio cumpriu a promessa de tratar o lobo até morrer.

Por sua vez, o animal viveu fraternalmente com todos, especialmente

agradecido a Francisco.

(“O lobo do Gúbio”3.)

3 Disponível em: <http://www.santuariodecaninde.com/santuario/sao-francisco/lobo-gubio/>. Acesso em: 20 de março de 2018.

78

L U Z E S B Í B L I C A S

“Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma

coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.” (Mateus 5, 23-24)

I. Reconciliação é restituir a harmonia, que por algum motivo foi rompida. Na perspectiva cristã, está relacionada com misericórdia e conversão.

II. Como vivenciamos a atitude da reconciliação em nosso dia a dia?

III. Como podemos vivenciar a harmonia nos espaços em que atuamos?

L U Z E S M A R I S T A S

“Para garantir uma vida em fraternidade é preciso viver um

processo permanente de reconciliação. Esse processo

permite que retornemos sempre ao centro da comunidade — Jesus.

Podemos, assim, sentir-nos sempre amados e capazes de superar

as dificuldades. Na misericórdia e na compaixão de Deus, encontra-

mos a força e a graça necessárias para buscarmos a reconciliação.”

(Água da Rocha, n. 116.)

79

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída por termos pretendido ocupar

o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas. […] Como resultado, a relação originariamente harmoniosa entre o ser humano e a natureza transformou-se em um conflito (cf. Gn 3, 17-19). Por isso, é significativo que a harmonia vivida por São Francisco de Assis com todas as criaturas tenha sido interpretada como uma sanação daquela ruptura. Dizia São Boaventura que, através da reconciliação universal com todas as criaturas, Francisco voltara de alguma forma ao estado de inocência original. Longe deste modelo, o pecado manifesta-se hoje, com toda a sua força de destruição, nas guerras, nas várias formas de violência e abuso, no abandono dos mais frágeis, nos ataques contra a natureza.” (Laudato Si’, n. 66.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Senhor Deus, Uno e Trino,

comunidade estupenda de amor infinito,

ensinai-nos a contemplar-Vos

na beleza do Universo,

onde tudo nos fala de Vós.

Despertai o nosso louvor e a nossa gratidão

por cada ser que criastes.

Dai-nos a graça de nos sentirmos

intimamente unidos

a tudo o que existe.

Deus de amor,

80

mostrai-nos o nosso lugar neste mundo

como instrumentos do Vosso carinho

por todos os seres desta Terra,

porque nem um deles sequer

é esquecido por Vós.

Iluminai os donos do poder e do dinheiro

para que não caiam no pecado da indiferença,

amem o bem comum, promovam os fracos,

e cuidem deste mundo que habitamos.

Amém!

(Laudato Si’, n. 246.)

SABEDORIA“Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto para alcançar a sabedoria.”

(Santo Agostinho)

82

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

[…] a história de duas irmãs, […] cujo maior desejo era aprender

a ler e escrever.

Elas moravam com o pai e não tinham condições de estudar,

pois passavam muito tempo trabalhando e a escola era muito longe.

Sabendo do desejo das filhas, o pai aproveitou o intervalo entre

uma colheita e outra e enviou as filhas para passar uma temporada

com um velho sábio, amigo da família.

Tinha certeza de que […] as meninas aprenderiam muito […].

Elas adoraram a ideia. Empolgadas, começaram a arrumar as

malas e logo tudo estava pronto para partir. Dois dias de caminhada

e lá estavam elas. A todas as perguntas das garotas, o sábio tinha

uma ótima resposta.

Já impacientes com o fato de o sábio responder corretamente

a todas as suas perguntas, as duas irmãs resolveram armar uma

pegadinha. Esta o sábio não acertaria nunca.

Passaram-se alguns dias e uma das meninas apareceu com

uma linda borboleta azul. Chamou a irmã e disse:

— Achei um modo de pegarmos o sábio. Dessa vez ele não vai

saber a resposta!

— O que você vai fazer? — perguntou a outra menina.

— Tenho uma borboleta azul em minhas mãos. Vou perguntar

para o sábio se a borboleta está viva ou morta. Se ele disser que ela

está morta, vou abrir minhas mãos e deixá-la voar para o céu. Se

ele disser que ela está viva, vou apertá-la rapidamente, esmagá-la

e assim matá-la.

As duas irmãs foram, então, ao encontro do sábio […].

A menina com a borboleta aproximou-se e perguntou:

83

— Tenho aqui uma borboleta azul. Diga-me, sábio, ela está viva

ou morta?

Calmamente o sábio sorriu e respondeu:

— Depende de você… ela está em suas mãos.

(ZANON, Darlei. “O sábio e a borboleta”. In: ______. Parábolas

de sabedoria. São Paulo: Paulus, 2005. p. 22-24.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus — que a todos dá livremente, com simplicidade

e sem recriminação — e ser-lhe-á dada.” (Tiago 1, 5)

I. A sabedoria é dom e graça de Deus. Portanto, a fonte

da sabedoria é o próprio Deus e, na medida em que

mantemos uma relação pessoal com Ele, também vamos

nos alimentando dessa fonte.

II. Entendo a espiritualidade como uma forma privilegiada de

cultivo da sabedoria?

III. Qual é o lugar que a sabedoria ocupa no discernimento de

nossos processos e decisões a serem tomadas?

84

L U Z E S M A R I S T A S

“Desejo e peço para vocês bens mais consistentes e ver-

dadeiros. Servir a Deus com fervor, cumprir fielmente os

deveres do próprio estado, trabalhar todos os dias para desapegar

nosso coração das criaturas, a fim de entregá-lo a Jesus e a Maria,

deixá-lo ao sabor dos movimentos da graça. É isso que verdadeira-

mente é desejável e que quero para vocês.

Sim, caríssimos Irmãos nossos, e Filhos de Maria, a glória de

vocês há de consistir em imitar e seguir Jesus Cristo; que o Divino

Salvador os cumule de seu espírito; que a sabedoria dele os dirija

em tudo quanto fizerem para sua glória.”

(Cartas de Champagnat, n. 63.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“A isto vêm juntar-se as dinâmicas do mass media e do mundo digital, que, quando se tornam onipresentes,

não favorecem o desenvolvimento de uma capacidade de viver com sabedoria, pensar em profundidade, amar com generosidade. Neste contexto, os grandes sábios do passado correriam o risco de ver sufocada a sua sabedoria no meio do ruído dispersivo da informação. Isso exige de nós um esforço para que esses meios se traduzam em um novo desenvolvimento cultural da humanidade, e não em uma deterioração da sua riqueza mais profunda. A verdadeira sabedoria, fruto da reflexão, do diálogo e do encontro generoso entre as pessoas, não se adquire com uma mera acumulação de dados, que, em uma espécie de poluição mental, acabam por saturar e confundir.” (Laudato Si’, n. 47.)

85

O R A Ç Ã O F I N A L

Maria, nossa Boa Mãe,

leva-nos a Cristo.

Mulher de misericórdia,

ensina-nos a ser misericordiosos.

Mulher de fé,

ajuda-nos em nossa descrença.

Mulher de visão,

abre nossos olhos.

Consoladora dos aflitos,

dá-nos um coração compassivo.

Causa de nossa alegria,

enche-nos de vida.

Sinal de contradição,

ajuda-nos na incerteza.

Mulher de sabedoria e discernimento,

dá-nos a luz do conhecimento.

Recurso Habitual,

protege-nos e guia-nos.

Mulher impregnada de esperança,

sê nossa fonte de vida nova.

Primeira discípula,

mostra-nos o caminho.

Companheira de peregrinação,

fica ao nosso lado na caminhada da vida.

Acolhedora da vontade de Deus,

ajuda-nos a fazer o mesmo.

Amém.

(Sobre a Oração, Irmão Basilio Rueda.)

QUALIDADE E ESPÍRITO DE EQUIPE

“Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.”

(Provérbio africano)

87

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Ele era um grande atleta, o melhor jogador do time de futebol da

escola. De uma hora para outra, deixou de ir aos treinos sem

dar explicação alguma aos colegas. O treinador ficou preo-

cupado e foi até a casa de Mateus para ver o que tinha acontecido.

Mateus estava no pátio, em frente a uma pequena fogueira, ape-

nas olhando as chamas e contemplando a noite estrelada. Seu rosto

mostrava grande desânimo. O treinador se aproximou e ouviu Mateus.

Ele se lamentava porque, apesar de ser o melhor do time, não tinha

tanto destaque. Queria aparecer mais, por isso deixou o time.

Por alguns instantes os dois permaneceram em silêncio, olhando

para a fogueira. Então o treinador pegou uma varinha e com ela tirou

da fogueira a maior brasa, aquela que estava mais incandescente.

Ambos continuaram em silêncio, apenas olhando a brasa. Apesar

de sua vivacidade, aos poucos a brasa foi se apagando. Aquela que

tinha a maior chama agora não passava de um pedaço de carvão.

O atleta começava a entender a lição do treinador. Por alguns

instantes permaneceu imóvel, apenas meditando sobre o que aca-

bara de ver. Depois de mais alguns minutos, o treinador empurrou

o carvão já frio e sem vida de volta para o fogo. No mesmo instante,

ele voltou a queimar, aumentando as chamas do fogo.

Mateus, então, disse:

— Amanhã mesmo voltarei a treinar.

(ZANON, Darlei. “Brasa em chama”. In: ______. Parábolas de

liderança. São Paulo: Paulus, 2008. p. 36-37.)

88

L U Z E S B Í B L I C A S

“Depois disso, designou o Senhor ainda setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante

de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir.” (Lucas 10, 1)

I. Jesus envia os discípulos em missão de dois em dois,

para representar a vivência comunitária e a partilha de

vida, a fim de cuidarem-se e animarem-se mutuamente

nos momentos de dificuldades.

II. Como a escuta às realidades está presente em

nossa prática?

III. De que forma buscamos envolver as pessoas

nos processos?

L U Z E S M A R I S T A S

“Todos devemos atuar para superar as tensões e injusti-

ças que possam surgir. Isso implica criar ou desenvolver

estruturas de gestão participativa, definir com clareza o perfil e as

atribuições de cada função, empreender um processo sistemático

de avaliação, e com critérios transparentes, e garantir processos e

políticas comuns, para além das mudanças que ocorram nas equipes

de animação e governo das obras ou da Província.”

(Em torno da mesma mesa, n. 55.)

89

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da comunicação humana alcançaram progressos

inauditos, sentimos o desafio de descobrir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se em uma verdadeira experiência de fraternidade, em uma caravana solidária [...]. Como seria bom, salutar, libertador, esperançoso, se pudéssemos trilhar este caminho! Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem. Fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos.” (Evangelii Gaudium, n. 87.)

O R A Ç Ã O F I N A L

Deus, Pai de bondade, criador de todas as coisas e san-

tificador de todas as criaturas:

suplicamos a tua bênção e proteção sobre nossa equipe

de trabalho.

Afasta desta equipe toda inveja!

Concede a todos nós um coração justo e generoso,

para que o dom da partilha aconteça e as tuas bênçãos

sejam abundantes.

Dá saúde aos que retiram deste trabalho o sustento

da família,

para que saibam sempre cantar louvores a ti.

Amém!

GRATIDÃO “A gratidão é a virtude das almas nobres.”

(Esopo)

91

U M A P E Q U E N A H I S T Ó R I A

Um cruzeiro animado […] começa a afundar.

Após o naufrágio, um sobrevivente fica à deriva no mar,

mas agradece a Deus por estar vivo e ter tido forças para

se agarrar aos destroços e poder ficar boiando. Levado pelas ondas,

foi jogado de um lado para outro.

Sofreu muito e já estava nas suas últimas energias, quando,

horas depois, chegou a uma pequena ilha. A ilha estava desabitada

e fora de qualquer rota de navegação; mesmo assim, o homem se

ajoelhou, olhou para o céu e agradeceu a Deus por ter sobrevivido e

estar em terra firme.

Aos poucos foi se acostumando com o lugar, construiu um abrigo

com os destroços do navio, encontrou árvores frutíferas, aprendeu

a pescar e caçar.

A cada dia agradecia por Deus ajudá-lo e ensinar-lhe tantas

coisas. Agradecia pelo alimento, pela noite de sono, pela segurança,

pela paz de espírito, pela nova vida que estava tendo.

No entanto, quando voltava para seu abrigo, após um dia de

caça e exploração da ilha, viu uma grande fogueira. Correu para ver

o que estava queimando e descobriu que era sua casa. As chamas

e a fumaça já haviam consumido seu abrigo.

Desesperado por ter perdido seu bem mais precioso, que garantia

proteção e segurança, começou a chorar.

Revoltado, gritou xingando a Deus e indagando por que havia

feito isto com ele. Chorou tanto que acabou adormecendo.

No dia seguinte, despertou com um apito de navio. Achou que

estava sonhando, mas ao se virar viu que algo se aproximava da

praia. Era um bote com alguns marinheiros, que disseram:

— Viemos resgatá-lo!

92

Espantado e feliz, perguntou:

— Como souberam que eu estava aqui?

— Nós vimos o seu sinal de fumaça — responderam prontamente.

(ZANON, Darlei. “Caminhos de Deus”. In: ______. Parábolas de

fé. São Paulo: Paulus, 2005. p. 41-42.)

L U Z E S B Í B L I C A S

“Sois o meu Deus, venho agradecer-vos. Venho glorificar-vos, sois o meu Deus. Dai graças ao Senhor

porque ele é bom, eterna é sua misericórdia.” (Salmo 117, 28-29)

I. O entendimento de que Deus é a fonte do amor-

misericórdia leva o salmista a expressar sua gratidão,

reconhecendo o amor como uma graça.

II. Da mesma forma que o salmista reconhece o amor como

uma graça, quais outros aspectos podemos também

compreender como graça?

III. Como podemos vivenciar atitudes concretas de gratidão

em nosso dia a dia?

L U Z E S M A R I S T A S

“No final de 1814, Jean-Claude Courveille, que estudava

em outro seminário, foi transferido para Saint-Irénée, em

Lyon. Courveille recrutou um grupo de seminaristas maiores para

participarem da sua ideia de fundar a Sociedade de Maria. Ele tinha

93

sido curado de cegueira após orar a Nossa Senhora de Le Puy. Em

sinal de gratidão, teve a inspiração e a convicção de que, como havia

surgido, na época da Reforma, a Sociedade de Jesus — os Jesuí-

tas —, assim também, nesses tempos da Revolução, deveria haver

uma Sociedade de Maria, cujos membros se denominariam Maristas.

Acreditava que esta era uma inspiração direta de Maria.”

(Água da Rocha, p. 110.)

C O N S E L H O D E F R A N C I S C O

“Sinto uma enorme gratidão pela tarefa de quantos trabalham na Igreja. […] antes de tudo e como dever

de justiça, tenho a dizer que é enorme a contribuição da Igreja no mundo atual. A nossa tristeza e vergonha pelos pecados de alguns membros da Igreja, e pelos próprios, não devem fazer esquecer os inúmeros cristãos que dão a vida por amor: ajudam tantas pessoas seja a curar-se seja a morrer em paz em hospitais precários, acompanham as pessoas que caíram escravas de diversos vícios nos lugares mais pobres da Terra, prodigalizam-se na educação de crianças e jovens, cuidam de idosos abandonados por todos, procuram comunicar valores em ambientes hostis, e dedicam-se de muitas outras maneiras que mostram o imenso amor à humanidade inspirado por Deus feito homem. Agradeço o belo exemplo que me dão tantos cristãos que oferecem a sua vida e o seu tempo com alegria.” (Evangelii Gaudium, n. 76.)

94

O R A Ç Ã O F I N A L

Obrigado, Jesus,

por me chamar para segui-lo.

Obrigado, Maria,

por sua presença terna e acolhedora.

Obrigado, Marcelino,

por me contagiar com sua paixão

e permitir que eu participe de seu projeto.

Obrigado, irmãos,

por partilharem o seu tesouro

e nos convidarem a sonhar juntos,

em fraternidade,

vivendo, com um só coração,

a mesma missão.

Obrigado a todos,

irmãos e leigos maristas,

por me ensinarem

que é possível ser mais feliz

quando se sabe trabalhar e amar:

trabalhar pelo que se ama

e amar o que se trabalha.

Amém.

(Uruguai. In: Em torno da mesma mesa.)

ORAÇÕES DIVERSAS

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1. Oração pelo Bicentenário Marista

Maria, Aurora dos novos tempos, dou-te graças porque sempre

fizeste tudo entre nós, e assim continua sendo até o dia de hoje.

Ponho-me confiadamente entre tuas mãos e me abandono

à tua ternura. Confio-te também cada uma das pessoas que,

como eu, se sentem privilegiadas em levar teu nome.

Renovo neste dia minha consagração a ti e também minha fir-

me vontade de contribuir na construção de uma Igreja, reflexo

de teu rosto. Tu, fonte de nossa renovação, acompanhas minha

fidelidade, como acompanhaste a dos que nos precederam.

Neste caminho para o Bicentenário Marista, sinto tua presença

junto a mim e por isso te agradeço. Boa Mãe, diante de ti, rea-

firmo meu compromisso de um novo começo para a missão

marista a serviço do Reino de teu filho Jesus.

Amém!

2. Oração pela Paz

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz;

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;

Onde houver erros, que eu leve a verdade;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

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Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar que ser

consolado;

Compreender, que ser compreendido;

Amar, que ser amado;

Pois é dando que se recebe;

É perdoando que se é perdoado;

E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Amém.

(São Francisco de Assis)

3. Oração do Médico

Abençoadas sejam suas mãos para que encontrem no doente

a razão do mal. E que tenham sempre, depois, um gesto de

consolo para sanar desesperos e aflições.

Bendito seja o seu destino e sua profissão. Destino de viver

e profissão de curar para o viver. Atributos tantas vezes con-

fundidos e mal interpretados.

Bendito seja o juramento prestado ao se formar e que às vezes

é tão penoso cumprir! Se for fiel demais, limita a ação; e, se

transgredir um pouco, sofrerá punições.

Bendita seja sua vida, doutor! Porque nós precisamos de você,

embora pelas circunstâncias.

Abençoada e bendita seja sua vida entregue à luta contra a

morte.

Amém!

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4. Oração do Professor

Senhor meu Deus e meu Grande Mestre, eu venho a Ti agra-

decer pela capacidade que me deste de aprender e ensinar.

Senhor, venho te pedir para abençoar minha mente e imagi-

nação para fazer o melhor que puder para compreensão dos

meus alunos e que eles também sejam abençoados em seus

aprendizados.

Leva-me a ter e a transmitir sabedoria, habilidade, sinceridade,

paciência, amizade e amor a todos os meus alunos.

Que eu seja como o oleiro, que trabalhe com o barro pacien-

temente, até chegar a ser um belo vaso ou uma obra de arte.

Dá-me, Senhor, um coração humilde, uma mente sábia e uma

vida abençoada, pois Tu és o meu único Senhor e Salvador. Em

nome de Jesus, o mestre dos mestres,

Amém!

5. Oração do Estudante

Santa Catarina de Alexandria, que tivestes uma inteligência

abençoada por DEUS, abre a minha inteligência, fazei-me

compreender as matérias de aula, dá-me clareza e calma

na hora dos exames, para que possa ser aprovado. Eu quero

aprender sempre mais, não por vaidade, nem só para agra-

dar aos meus familiares e professores, mas para ser útil a

mim mesmo, à minha família, à sociedade e à minha Pátria.

99

Santa Catarina de Alexandria, conto contigo. Conta também

tu comigo. Eu quero ser um bom cristão para merecer a tua

proteção. Amém!

6. Oração do Trabalhador

Jesus, divino trabalhador e amigo dos trabalhadores,

volvei Vosso olhar benigno para o mundo do trabalho.

Nós Vos apresentamos as necessidades dos que trabalham

intelectual, moral ou materialmente. Bem sabeis como são

duros os nossos dias cheios de canseira, sofrimento e insídia.

Dai-nos a sabedoria, a virtude e o amor que Vos alentaram nas

Vossas laboriosas jornadas, inspirai-nos pensamentos de fé,

de paz e moderação, de economia, a fim de procurarmos, com

o pão de cada dia, os bens espirituais, para transformarmos

a face da Terra, completando assim a obra da criação que

Vós iniciastes.

E que Vossa luz nos ilumine na busca de melhores leis sociais

e ilumine os legisladores a estabelecer uma sociedade de

justiça e amor.

Amém!

7. Oração da Juventude

Senhor, nós vos pedimos pelos jovens.

Que as forças com que os cumulais possam se desenvolver

e sejam empregadas para tornar o mundo melhor.

100

Que o desejo de construir uma sociedade mais fraterna e mais

verdadeira

possa se realizar.

Que sua generosidade não se esgote e seu ideal de bem per-

severe,

apesar das decepções.

Que cada um deles responda ao vosso apelo conforme o

caminho que lhes traçais, e que realizem vosso plano sobre

suas vidas.

Que eles alicercem a juventude de sua idade na juventude

de vossa graça,

e que adiram fortemente a um Deus eternamente jovem.

Que, com seu entusiasmo, façam renascer a esperança dos

mais velhos

e contribuam para reerguer as pessoas abatidas e desani-

madas.

Que conservem a coragem de dar e de servir

e não caiam nas garras do egoísmo.

Que a sua sede de amor jamais se extinga,

e que seu coração se abra cada vez mais para vós

e para todos os irmãos. Amém!

8. Oração pelas Vocações

Maria, Mãe da Igreja, a ti nos dirigimos, a ti que, com teu SIM,

abriste a porta à presença de Cristo no mundo, na história e

nas almas, acolhendo em humilde silêncio e total disponibi-

101

lidade o apelo do Altíssimo.

Faz que muitos homens e mulheres saibam sentir ainda hoje

a voz convidativa do teu filho: “Segue-me”.

Faz que encontrem a coragem de deixar as suas famílias, as

suas ocupações, as suas esperanças terrenas e sigam Cristo

no caminho por ele traçado.

Estende a tua mão materna sobre os Missionários espalhados

por todo mundo, sobre os Religiosos e as Religiosas que as-

sistem os idosos, os doentes, os deficientes, os órfãos; sobre

quantos estão empenhados no ensino, sobre os membros

dos institutos seculares, fermento silencioso de boas obras;

sobre aqueles que na clausura vivem de fé e amor e suplicam

a salvação do mundo. Amém!

(Papa João Paulo II)

9. Oração de Champagnat pelas vocações

Ó Maria, nossa Boa Mãe, esta obra é vossa.

Vós nos reunistes, apesar das contradições do mundo, para

trabalharmos pela glória de vosso divino Filho. Se não vierdes

em nosso auxílio, pereceremos, apagar-nos-emos como lam-

parina chegada à última gota de azeite; mas, se este Instituto

desaparecer, não será a nossa obra que perecerá, porém a

vossa, pois fostes Vós que tudo fizestes entre nós.

Contamos, pois, com o vosso poderoso auxílio em que sempre

confiamos.

Amém.

102

10. Oração pelos Pais

Senhor, meu Deus, vós quereis que respeite, ame e obedeça

a meus queridos pais. Peço-vos que vós me inspireis o res-

peito e a reverência que lhes devo e fazei que lhes seja filho

amoroso e obediente.

Recompensai-lhes todos os sacrifícios, trabalhos e cuidados,

que por minha causa têm suportado, e retribui-lhes todo o

bem que me fizeram.

Conservai-lhes uma longa vida no gozo de perfeita saúde.

Deixai-os participar da benção copiosa, que derramastes sobre

os patriarcas. Amém!

11. Oração pelos Filhos

Meu Senhor,

Quero Te louvar e agradecer pela vida dos meus filhos.

Eles representam para mim a manifestação do Teu amor em

nosso lar.

É uma grande responsabilidade prepará-los para a vida;

por isso, dá-me recursos e sabedoria para saber educá-los.

Que eu possa amá-los, compreendê-los, ensinar-lhes o ca-

minho certo.

Dá-lhes saúde, inteligência, capacidade, amor e a Tua pro-

teção.

Entrego meus filhos em Tuas mãos,

confiante de que serão abençoados em tudo por Ti. Amém!

103

12. Oração no início de uma reunião

Senhor, aqui estamos reunidos em teu nome, desejosos de

construir teu Reino.

Que o Espírito Santo, que enviaste aos nossos corações e man-

tém viva sua presença em nós, nos ensine no que devemos

refletir e os passos que devemos dar, para que, fortalecidos

com tua graça, possamos realizar teus desígnios. Sê tu, Es-

pírito Santo, o inspirador do nosso discernimento.

Ensina-nos a escutar os outros, a nos deixar iluminar por suas

luzes.

Ensina-nos a propor e não a impor e faz que busquemos sem-

pre a verdade.

Livra-nos da cegueira de quem acredita ter razão, dos favori-

tismos, de toda acepção

de pessoas e autossuficiência.

Une-nos a ti para que nunca nos afastemos da verdade.

Amém.

13. Oração no término de uma reunião

Senhor, nós te damos graças por este encontro no qual com-

partilhamos nossas alegrias e esperanças, ilusões e desilu-

sões, projetos e dificuldades.

Nós te damos graças também por tua bondade e tua presença

entre nós.

Faz que cresça entre nós o espírito fraterno, tenhamos um só

coração e uma só alma e sejamos uma comunidade evan-

gelizadora.

Amém.

104

14. Oração ao Divino Espírito Santo

Vinde, Espírito Santo,

enchei o coração de Vossos fiéis e acendei neles o fogo do

Vosso Amor.

Senhor,

enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face

da Terra.

Espírito Santo,

Vós que me esclareceis em tudo,

Vós que iluminais todos os caminhos para que eu atinja o

meu ideal,

Vós que me dais o dom divino de perdoar e esquecer o mal

que me fazem,

quero, neste curto diálogo, Vos agradecer por tudo e

confirmar mais uma vez que jamais quero separar-me de Vós,

por maiores que sejam as tentações materiais.

Pelo contrário, quero tudo fazer em prol da humanidade para

que possa merecer

a glória perpétua na Vossa companhia e na companhia de

meus irmãos.

Ó Divino Espírito Santo, iluminai-me!

Amém.

15. Oferecimento da Jornada

Senhor, Deus santo, fiel e misericordioso,

que permitistes chegarmos ao princípio deste dia,

aqui estamos, congregados por vosso Espírito,

105

unidos a todos os irmãos para oferecer-vos esta jornada com

tudo o que ela traz consigo, para nós e para toda a família

humana:

trabalho, sofrimento, alegria e solidariedade.

Que as nossas orações, pensamentos, palavras e ações sejam,

pela vossa graça, agradáveis aos vossos olhos.

Por Cristo Nosso Senhor.

Amém.

16. Oração da Manhã

Senhor, no início deste dia, venho pedir-Te força,

paz e sabedoria.

Quero olhar hoje o mundo com olhos cheios de amor; ser pa-

ciente, compreensivo,

manso e prudente.

Quero ver os meus irmãos além das aparências,

quero vê-los como Tu mesmo os vês e assim não ver senão

o bem em cada um.

Cerra os meus ouvidos a toda a calúnia.

Guarda a minha língua de toda a maldade.

Que só de bênçãos se encha o meu espírito.

Que eu seja tão bondoso e alegre

que todos quantos se achegarem a mim sintam a tua pre-

sença.

Reveste-me da Tua beleza, Senhor, e que, no decurso deste

dia, eu Te revele a todos.

Amém.

106

17. Oração das Famílias

Senhor, abençoa nossas famílias!

Abençoa essa fonte geradora de cidadãos conscientes e livres.

Abençoa os lares, para que em todos eles reinem a compreen-

são e a harmonia.

Abençoa os pais, para que sejam amor, força e sustento para

todos.

Abençoa as mães, para que sejam luz, vida e ternura.

Abençoa os filhos, a fim de que possam crescer honestos e

responsáveis.

Abençoa, Senhor, as famílias que sabem partilhar seus bens:

casa, alimento, educação e saúde.

Abençoa as famílias em crise, para que apostem no diálogo

e na união.

Amém.

18. Oração da Confiança

Senhor Deus, meu Pastor, meu Pai e Amigo.

Na graça deste novo dia, renovas em mim o Dom da vida.

Faz-me sempre consciente de que, sem Ti, eu nada posso e

nada sou.

Concede-me viver esta nova jornada com alegria e esperança,

com um coração aberto ao perdão, à solidariedade fraterna e

ao espírito comunitário.

Que eu Te ame nos meus irmãos, porque Tu vives neles.

E que a certeza de que Tu moras em mim se converta na minha

grande força, para que nada me abale nem me derrote: nem

a tristeza, nem a dor, nem a pobreza, nem a doença, nem os

maiores problemas.

107

Que eu me sinta seguro em Tuas mãos, confiante no Teu agir,

e profundamente certo de que me amas verdadeiramente,

porque sou teu filho, e, como tal, só posso viver em Ti, meu

Autor, princípio e fim.

Por mais um dia, obrigado, Senhor!

Amém.

108

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

BENNETT, William. O Livro das Virtudes para Crianças. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

BENTO XVI. Deus Caritas Est: sobre o amor cristão. Roma, 2005.

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BÍBLIA. Bíblia Sagrada Ave-Maria (em português). Disponível em:

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FRANCISCO. Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum. Roma,

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jubileu extraordinário da misericórdia. Roma, 2015. Disponível

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GRUPO MARISTA. Diretrizes da ação evangelizadora do Grupo

Marista. 2. ed. São Paulo: FTD, 2014.

GRUPO MARISTA (Org.). Sobre a oração: Irmão Basilio Rueda.

Textos: Basilio Rueda e Ivo A. Strobino. Curitiba: Champagnat, 2016.

INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Água da Rocha: espiritualidade

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INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Em torno da mesma mesa: a

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OLIVEIRA, Ivani de; MEIRELES, Mário. Histórias para encantar. São

Paulo: Paulinas, 2003.

MARISTAS. Apelos do XXII Capítulo Geral. Disponível em: <http://

lavalla200.champagnat.org/apelos/>. Acesso em: 5 de março de

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ZANON, Darlei. Parábolas de fé. São Paulo: Paulus, 2005.

ZANON, Darlei. Parábolas de liderança. São Paulo: Paulus, 2008.

ZANON, Darlei. Parábolas de sabedoria. São Paulo: Paulus, 2005.

ZANON, Darlei. Parábolas de virtude. São Paulo: Paulus, 2008.

Este livro foi composto com as

fontes Ciutadella, Morgan Sans,

Vigneta e Fairfield.

Curitiba – Julho – 2018

Caminhar Marista

Este é o quarto volume da série Caminhar Marista. No primeiro, segundo e terceiro subsídios, o leitor encontrará outras temáticas, com a mesma estrutura proposta nesta edição.

Caminhar Marista

Este é o quarto volume da série Caminhar Marista. No primeiro, segundo e terceiro subsídios, o leitor encontrará outras temáticas, com a mesma estrutura proposta nesta edição. Ca

min

har M

aris

ta 4 Reflexões para

uma Família Carismática Global

O Caminhar Marista tem como principal objetivo instrumentalizar Irmãos, Leigas, Leigos e colaboradores do Grupo Marista no desenvolvimento da espiritualidade, de forma pessoal ou coletiva. Os temas propostos são inspirados nos Valores Maristas e possuem a seguinte estrutura: frases; histórias, fábulas e mitos; textos bíblicos; conselhos do Papa Francisco; trechos de documentos que reforçam o patrimônio histórico e espiritual Marista e orações que fortalecem nossa conexão com o transcendente.

O Caminhar Marista 4

foi inspirado nos Apelos, Princípios e Sugestões do XXII Capítulo Ge-ral, nas virtudes teologais, cardeais e outras virtudes humano-cristãs.

A presente publicação almeja orientar os colaboradores da organização a entrarem em sintonia com os propósitos do Institu-to Marista e sua nobre missão.

Convictos de que é possível sermos farol de esperança neste mundo turbulento somos chamados a promover e nutrir a vida marista em toda a sua diversidade.