reflexivas
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Reflexivas numa mesa de boteco
Poemas para diversão e reflexão
Flávio Martins
Autor de Contos Horizontais
Livro registrado e catalogado. Reprodução proibida.
Belo Horizonte
Março 2007
1.Receita para ser feliz
2.Dentro de mim
3.Desde sempre
4.A estrada (the road taken)
5.Casamento na roça
6.Ciranda
7.The calling
8.O chamado ( versão de The Calling)
9.Eu sou Eu e vice-versa
10.∆
11.Escravo
12.Eu sei calar português
13.Eu sei falar inglês
14.Geomentira
15.IMPERFECT
16.Imperfeito (versão de Imperfect)
17.In
18.Incompleto
19.Life as it really is
20.A vida como ela é ( versão de Life as it really is)
21.Matemática divina
22.Miragens
23.What a friend is
24.O que é um amigo ? ( Versão de What a friend is)
25.Infértil
26.Pontiagudo
27.O trem
28.Indecisão
29.Tempero
30.The finindo
31.Úmida
32.Transe
33."Entre ter e ser"Ter (sendo)
Agradeço a Deus.
Dentro de mim
Eu tenho dentro de mim uma espada cortante,
um copo quebrado,
um cadeado sem chaves.
Eu tenho dentro de mim um guarda-chuvas aberto,
um quilo de chumbo,
uma esperança eterna.
Tenho medo de amar demais.
Desde sempre
Desde sempre tenho sido nulo
Desde sempre tenho sido um zero à esquerda
Desde sempre tenho sido uma má influência
Desde sempre tenho sido um marginal
Desde sempre tenho sido desde sempre
Desde sempre tenho sido
Eu.
Receita para ser feliz
Para ser feliz não acredite nos jornais, revistas ou noticiários.
Só trazem maldades, má notícia, desespero. Ligue-se à vida,
escreva um livro, um diário. Conte sobre você, corra pelas
praças, solte uma pipa.Beba um café, ouça Toquinho e seja
feliz. Política e sacanagem não podem estragar o seu dia.
Diga eu te amo, sorria sem motivo aparente. Deixe de
pentear os cabelos pelo menos por hoje. Não vá trabalhar e
se for, dê bom dia aos colegas, Suba no último andar e jogue
papel picado sobre a Praça.Grite como se fosse seu último
desejo, desça escadas pulando os degraus. Diga ao seu filho
que ele é o máximo, diga à sua esposa que a admira e a leve
ao cinema para namorar no escurinho. Converse com Deus,
diga-Lhe o quanto sua vida é boa e agradeça. Viva
intensamente, jogue damas com os velhinhos e converse com
o ambulante da esquina. Não leia bula de remédio e ande de
ônibus ou a pé . Pule corda com a meninada da rua e role
pelo chão. Coma com as mãos e sinta o prazer de ser criança.
Seja feliz pelo menos por um dia. Saia de casa olhe pra vida e
veja as árvores. Aprecie o vagar dos homens tristes da cidade
e tire disso uma lição de vida . Cheire a chuva, beba o vento e
ouça as flores. Delicie os fulgores e os sabores da Praça da
Estação. Corra sem direção ao vento, ao relento ao encontro
do amor. Pule, em paz, quem faz seu destino é você . Ande,
coma pipoca, vá ao parque municipal. Se você pouco tem,
alguns nada têm. Perambule pelo centro da cidade e veja
como sua vida é boa. Atravesse as avenidas como se
estivesse voando, assoviando. Suba a Serra do Curral e lá de
cima, veja tudo que também é seu: a cidade, o ar puro, as
árvores, os parques, os amigos, a família, o pôr do sol. Carpe
diem seja aqui ou onde for. Modifique sua vida, ser feliz é
escolha pessoal. Escreva uma carta de amor, telefone para
sua família, vá à casa do amigo dos tempos de criança. Corra
atrás dos gatos, brinque de roda e cante cantigas de ninar.
Conte uma piada, ria da sua mancada e aprecie o voar
randômico dos pombos sem compromisso. No campo, na
cidade, no trabalho, no amor. Faça algo diferente, seja
humano, seja original, seja feliz.
A estrada (the road taken)
Em um simples endereço início uma grande viagem.
Entro por uma estrada com um milhão de possibilidades. Há
portas, janelas e novas saídas, mas as entradas ainda são de
clicar. Essa estrada é tão ampla quanto um mar, e eu posso
ser apenas um navegante.
Estou ao alcance da nova rede, uma nova ordem, uma
nova forma de pescar. Sou um entre muitos e o caminhar me
fascina. Essa estrada é oblíqua e suas ondas me balançam e
me jogam de um lado a outro. Cada vez que por ela ando,
desenho um novo caminho. Não há mapas confiáveis para
territórios inexplorados. Utilizo atalhos, mas sei que esta
estrada tem várias faixas, várias bandas e em cada uma a
velocidade é diferente. Assim como eu, há vários outros nessa
estrada. Meu veículo é apenas mais um e os outros
caminhantes ás vezes são correntes. Por ter mais recursos o
carro vermelho pode pular por cima de todos. Nessa estrada
tudo é volátil, até mesmo nossas identidades. O mundo
exterior é uma questão de viver e nessa estrada a minha
procura é por um pertencimento. Eu sou de ninguém e de
lugar nenhum. Aqui no meu caminho, a informação é
necessária e para não me perder. A organização segue a
precisão da divisão de Vernier. Há mais números primos
disponíveis que átomos no universo, no entanto, como numa
cidade todos os caminhos são interligados. O que nos
diferencia são nossos endereços. Não tenho senso de
orientação, mas a estrada é auto-informativa e seus sinais
são as palavras. Todas mágicas. Como portais,
teletransportando. As palavras mágicas são nauseantes e
osteofrágeis, assim, para não ser um alienado, sigo por essa
estrada e me perco onde me acho. Procuro-me e chego a
uma curva. As palavras sempre me orientam, depois a
própria estrada me orientará. A estrada que desafia é a
mesma que determina. No princípio era uma estrada, e a
estrada agora sou eu. Agora sou parte da estrada e ela de
mim. Somos um e somos muitos. Como não sou um ludita,
descobri que navegar é realmente preciso.
Casamento na roça
Tu vistes o acontecido
Que sucedeu naquele casório?
O vigário escafedeu
Teve padre provisório
Pois então meu amigo
foi isso que se viu
Casamento sem padreco
Só no sertão do Brasil
O padre não apareceu,
Que coisa decepcionante
Atrasando toda festança
Que tinha pros visitante
Mas o noivo meu amigo
Que tava muito irritado
Só farto cumer a gravata
Por ter seu sonho atrasado
Mas tudo se resolveu
A tempo e com agilidade
Chamaram um substituto
Que era de outra cidade
Mas ele não pode vir
Porque estava constipado
Mas arranjou uma solução
Mandou vir o delegado
Como era delegado
Coronel inteligente
Celebrou o casamento
Como um padre experiente
E a festa aconteceu
Sem padre oficial
O fato ficou famoso
Foi parar na capital
Espalharam a noticia
Contando de um casamento
Feito pela polícia
Sem padre ou sacramento
O coronel que se fez "santo"
É famoso em todo lugar
E o povo gostou tanto
Que todo mundo quer se casar
Ciranda
Sobe em tudo quase cai
Até na ponta da montanha vai
Corre, brinca,pula e dança
A delicada criança
The calling
Walking alone I go aimlessly
Condemned to roam around endlessly
I have no choice I see no escape
I hear no voice but I feel a shape
It takes my breath makes me blind
Sufocates myself uneasy unkind
I have to flee where to I don’t know
Myself I am seeking for a place to go
My foe is persistent follows me straight
It traces my paths, disguised soul mate
Never know where I go however I should
Digging deep holes on the route of the woods
My enemy goes seeking virile and secure
It chases my shadows determined obscure
I have nowhere to go, nowhere to sleep
My paths are dirty my roads are steep
I move to the left swerve to the right
My sensory nerve sticks my spine
It’s fear it’s dread that keeps me awake
The devil inside shows me the stake
I know that running I cannot avoid
I am getting decayed, weak paranoid
I refuse to listen, I hold my breath
However I feel it’s the calling of the Death
O chamado ( versão de The Calling)
Andando sozinho eu vago sem rumo
Condenado a vagar eternamente.
Não tenho escolha, não vejo escape
Ouço e sinto uma presença frequente
Que toma meu fôlego e me cega
Me sufoca, me deixa sem lugar
Não tenho pra onde fugir, não há saída
Continuo procurando um local pra descansar
Meu inimigo é persistente e que me acossa.
Rastreia meus caminhos, disfarçado de amigo.
Nunca sei onde vou, embora devesse. Cavo covas profundas
procuro um abrigo
Meu inimigo é viril e persistente.
Persegue minhas sombras determinado e ardiloso.
Não tenho pra onde ir, nem pra repousar minha cabeça.
Meu caminho está destruído, tortuoso, perigoso.
Movo-me para a direita e minha espinha arde de dor.
Eu tremo de medo, o terror que me mantem acordado.
Um medo interior mostra-me a forca
me deixa apavorado.
Sei que correndo não evito meu destino.
Ao desfalecer,paranóico e a fraquejar.
Recuso ouvir, então prendo o fôlego.
Todavia eu sinto: a morte a me chamar.
Eu sou Eu e vice-versa
Eu sou. A grande diferença é essa. Sou mesmo,e daí? O
oposto sou Eu também e a verdade, que verdade? A verdade,
a minha verdade é que Eu sou assim e assim estou bem.
Nunca fui diferente disso e quando tentei, fui parar no
manicômio, mas lá me encontrei. Sou, fui,serei. Ser e estar.
No momento estou um pouco mais Eu que antes, entretanto
continuo sendo .EU. Parece sigla mas é a afirmação do
egocentrismo lírico, físico, único. Estupidamente Único,
Exclusivamente Único. EU. Pronto. Agora sou sigla também.
Eu sou Eu e jacaré é o bicho. Basto a mim mesmo, uma vez
que sou meu ídolo e meu fã, meu analista e meu divã. Sou
inteligente e sou tímido. Sou maquiavélico e sou agapeano.
Sou Osíris e sou Narciso. Se fosse Adão, Eva não seria. Se
fosse Romeu, pobre Julieta. Sou introspectivo e meu amor é o
que mais me alegra. Meus aborrecimentos são com os outros,
contento-me a mim mesmo. No principio era o Verbo e o
Verbo era Ser. E Eu sou. Sou EU. E isso basta.
Escravo
Se sou assim, assim o quero. Acalme-se. Ainda te
escreverei. Mas tens que aguardar. Tu me acompanhas
desde lá e cá estou a te convencer. Talvez não seja tua
hora agora. Cada um tem o que lhe reserva o porvir.
Relaxes. O dia de amanhã pertences a ti, mas hoje és
meu. Sou eu quem vai escrever-te, moldar-te, dar-te
forma. Cada letra, cada palavra, cada entroncamento
textual. Preciso pensar, mas tuas formas sufocam-me.
Engulo mais um punhado de interrogações e indago:
Não brigues comigo pois contigo luto há muito. Ainda
não sei se amo-te, se quero-te. Para dar-te forma tens
que dar-me mostras que desejas-me. Força-me a mente
e o cerebelo. Amarra-me os sentidos e poda-me os
movimentos. Ata-me, bata-me, mata-me se não te
escrevo. Oh, Inspiração onde fostes que me
abandonaste junto a esse maldito conto inacabado?
∆Escalando uma escada escarlate num cubículo obscuro
de um quarto meio escuro
Encontram-se um lânguido olhar úmido no canto obtuso
de uma casa qualquer
Era ângulo com reta, retângulo em seta, círculo ferido
com um alelo paralelo
Suavam, escorriam, molhados, deslizavam em
movimentos frenéticos.
Um cateto adjacente, um escaleno decadente com os
lados desiguais.
Era cubo e raiz, sombra e matiz de um descolorir
fascinante
Fugidia luz que desalumia um corpo desangulado sem 90
sem pecado
Que se desfaz em líquidos livores lavados da alma
Dois mais dois são parceiros de enevoada linguagem de
discernir sentimento
Sou combustível, comburente, água. Água. Água.
Sou fogo, sou ponto.
Sou eu.
Sou você.
Somos.
Eu sei calar português
Minha pátria é minha língua. Minha pata é minha íngua.
Minha pata é minha puta . Minha língua é. Minha íngua.
Minha. Minha pátria é minha íngua. Pútrida pátria
prostituta. Pára de mágoa afia a língua. Pátria pura tem
língua. Para cada puta uma íngua. Íngua língua pátria
mingua.Linda íngua dessa pátria muda. Pátria, muda,
língua. Pata, puta, míngua. Pátria.Míngua. Cadê minha
língua?
Eu sei falar inglês
A política rendeu-se, a economia curvou-se, a (contra)
cultura penetrou, a Pátria se abriu, o léxico enlouqueceu.
Sorria – o imperialismo chegou! The book is on the
table, mas cadê o pão?
Geomentira
Caixa quadrada
Cama redonda
Linha bem fina
Triângulo tem ponta
Caixa redonda
Cama quadrada
Linha tem ponta
Triângulo bem... bem, Triângulo continua Triângulo, não
importa a rima.
In
É sobre livros e leitura, é sobre construção do sentido
Estou sobre mil platôs, e minha paciência é que me dá
sorte.Morte?
Meu talento anda rápido em busca de um Deus-
conhecimento
Mas minha mente, mente. Me engana e me seduz.
Os livros que me fascinam são os mesmo que me
alucinam.
Estou numa guerra interna onde o maior risco é
naufragar numa tempestade cerebral.
Perdi toda a capacidade de lutar e minha loucura, cura.
Embora esteja perdido, não posso ter pressa. Poesia e
Beleza são atemporais.
IMPERFECT
I’ve run all the races
I’ve lived too many lives
I’ve been to all those places
I’ve married too many wives
I’ve had all that is fun
I’ve said all known words
I’ve shot all those guns
I’ve walked all possible roads
I’ve read all great books
I’ve heard all kind of noise
I’ve escaped tons of hooks
I’ve spoken on every tune of voice
I’ve spent all that is money
I’ve bought sex and cars
I’ve tried salt and honey
I’ve drunk, I’ve had cigars
I’ve mined for gold and silver
I’ve eaten caviar and ham
I’ve crossed sea and river
I’ve followed tracks and plans
I’ve studied all those religions
I’ve sang all Beatles’ songs
I’m lost in a nest of pigeons
Possessions, temptation wrongs
I’ve acquired great experience
I’ve learnt a lot to say
My mind stays in turbulence
The world is in advanced decay
Nor money means nothing indeed
Neither does a crown, golden cap
As matter does not grow seed
The world is a piece of crap
I’ve met all human kind
I’ve licked soil and soap
‘cause men is deaf and blind
Definitely I’ve lost my hope
Imperfeito (versão de Imperfect)
Estive em todos os lugares
Corri todas as corridas
Casei com muitas esposas
Vivi muitas vidas
Tive tudo o que é divertido
Atirei com todas as armas incríveis
Disse todas as palavras conhecidas
Caminhei todas as estradas possíveis
Li todos os grandes livros
Ouvi todo o tipo de som
Escapei de milhares de armadilhas
Falei em todas as dissonâncias do tom
Gastei tudo o que é dinheiro
Comprei sexo e carros variados
Experimentei sal e provei mel
Bebi, fumei charutos importados
Explorei ouro e prata
Comi caviar e presunto
Cruzei mar e rio
Segui trilhas e rumos
Cantei todas as canções dos Beatles
Estudei todas as religiões
Estou perdido em um ninho de pombos,
Cheio de injustiças e tentações
Aprendi muito para dizer
Adquiri grande experiência
Minha mente é turbulenta
O mundo está em decadência
Nem dinheiro significa nada
Nem a coroa faz soberanos
E a matéria não deixa semente
O mundo é o produto do ânus
Conheci toda a raça humana
Lambi terra, dancei na dança
Porque os homens são surdos e cegos
Já perdi minha esperança
Life as it really is
Life is indescribable
It’s only what I can say
Being good or being bad
Life has its own way
We try to understand
What life really means
However I can’t explain
How it is, what it seems
Nevertheless, there’s something
I must tell, warn you all
That life can be war
Or even a carnival
The best thing I think
Is to enjoy life at best
Always perform good actions
Until we finally rest
Being good, being honest
To husband, children, friends, wife
Please regard this poem my friend
Since unpredictable is life
A VIDA COMO ELA É ( versão de Life as it really is)
A vida é indescritível
Isso é tudo que posso dizer
Sendo boa ou sendo má
Tem seus caminhos para percorrer
Todos tentamos entender
o seu verdadeiro sentido
entretanto não posso explicar
como ela é, como a tenho entendido
todavia, há uma coisa
que devo contar, alerta geral !
a vida pode ser uma guerra
mas também pode ser carnaval
o melhor disso tudo, eu acho
é ao máximo aproveitar
sempre fazer boas ações
até finalmente descansar
sendo bons e sendo honestos
aos amigos, à família unida
por favor levem esse poema a sério amigo
uma vez que imprevisível é a vida
Incompleto
Nada disso. Mas era um conto favelado. Eram um pintor
e um lixeiro. Suicídio? Quem sabe...Poderia até ser
atropelamento. Definitivamente era um causo, um fato,
não rotina.
Preconceito e apego. Poderia até ser amor, mas o
síndico do meu prédio disse que era angústia. Bebera
vinho, tomara um porre. Um era gay, o outro pobre e
caolho. Um fato, uma foto. 3x4 é verdade, mas era
foto. Um casal quase família. Sangue e suor. Sofrimento
e mistério. A procura terminou quando acharam o
cavalo. Morto também. Eles queriam ser felizes.
Favela, garagem de esperanças.
Matemática divina
Ó Pai celestial
Me afaste dos sintomas desse mal
Dos sintomas decimal
Decimal decimal
Não me deixe dividido
Entre o Caminho e os pecados mil
Peca dos mil
Dois mil dois mil
Subtraia-me da dor
Que Eleva minha alma
Efetua e queima o mal
Ma o mal Mal mal
Multiplique os meus dias
Somatize meus desejos
Ouça minha prece
Mas não me apresse. Me apresse
Bem como quero viver, tenho cálculo renal.
What a friend is
What a friend is
Needs not to be said
A friend is a mid-brother
from parents we never had
Open arms
When we fall
Helping hands
Support us all
What a friend is
Cannot be explained
On walking hard or even soft
Side by side, hand by hand
What a friend is
Cant be understood
Has no definition
Even though it should
What a friend is
Silly may mean
Though friendship
Is a god within
Having a friend
Is awesome one knows
Take care of yours
It helps us grow
O que é um amigo ? ( Versão de What a friend
is)
O que um amigo é
Não precisa ser dito
É como um meio irmão
Que tivemos escondidos
Com os braços abertos
Para nos levantar
As mãos estendidas
Para nos ajudar
O que um amigo é
Não pode ser explicado
Em momentos fáceis ou difíceis
Ele está ao nosso lado
O que um amigo é
Ninguém entenderia
Não tem definição
Embora deveria
O que um amigo é
Pode parecer inocente
Porque a amizade
É um Deus internamente
Só quem tem um amigo
Sabe que é bom pra valer
Cuide bem dos seus
Te ajuda a crescer
Infértil
A diferença entre ser e estar é persistir.
Crescei e multiplicai, o mesmo homem que morde a
fruta cai no chão no chão o onanismo é latente e evita.
Ainda não sei o que me permite viver e que leva minha
vida me faz perecer é aquilo que come meu cérebro
retalha minha mente retarda desperdiça a semente e me
mostra o que sou.
O ventre vazio intumescido ao vento rápido resquícios de
sentimento sonoro e com raiva do mundo com tudo eu
choro sem tudo com nada imundo e com medo de ser o
que deveria.
Não cresce não cresce não enche não mexe não move
não sobe nem corre não neva nem chove nem pau nem
pedra nem céu nem terra nem eu nem eu nem.
É inútil persisto luto é fútil não rende carece de força de
gente de Deus de anjo serpente Hércules e Afrodite que
guia e ilumina dá graça mas não dá a luz.
Andando sem rumo correndo no escuro descubro o
manto que emana calor que cobre meu pranto que
aparta minha dor que me faz enxergar o que sou
O que sou
O que sou
infértil.
Pontiagudo
Viajei, conheci o mundo inteiro
Fui ao Rio de Janeiro, um lugar que me encanta
Como turista curioso que abusa fui parar numa confusa
Feira em Copacabana
É barulho, gritos, sirenes
Marias, irenes, água de coco, gritos de pega ladrão
Me assusto, é comigo, já me viram, corro,socorro
Nas costas sinto uma mão
Escalei uma grande ladeira
cortei paços, praças inteiras, mas fugir é complicado
me acossam, me perseguem, me encurralam
mas agora estou cansado
Balançando num preâmbulo escarlate
Violência em toda parte não me rendo eu me viro
Mas não caio nem com soco nem com
tapa mas um deles me ataca
Apenas ouço o tiro
Sem ângulo viro uma esquina
A dor me alucina vejo Quixote e o Moedeiro
Eu navego, caio me esfrego o rosto, corro, sossego
Meu corpo é um formigueiro
Era por um relógio, uma carteira
Trabalhei a vida inteira e agora aqui jaz: eu
Amanhã há de sair no noticiário, um turista, um otário
Mais um que morreu.
Miragens
Tenho sonhos
e miragens num deserto onde somente a realidade é
triunfante.
Já tive outro alguém, você sabe quem,
mas este outro alguém não foi capaz de me trazer a
felicidade.
O trem
Como o trem desliza nos trilhos
Num constante caminhar
Assim meu bem eu quero
Deslizar no seu olhar
Indecisão
Na hora da minha angústia
A certeza de meu choro
só não é maior que a ansiedade por te ver
Respiro forte para não parecer fraco
Chorando de amores por você.
Tanto me dói não saber o futuro
Que fico a mastigar o presente
Na esperança de encontrar no passado
Um momento de felicidade, carinho,
ou mesmo um simples gesto seu para me fazer feliz.
Tudo isso, esses versos, essas palavras não são meu
choro,
são reminiscências do meu amor em forma de canção.
Tempero
Laranja roubada
Namoro escondido
Mulher do amigo
Amor bandido
Úmida
(via msn)
Estou oculta em minha própria origem...
meu abdome esconde uma fonte,
um abismo inigualável,
profundo,
dentro de mim, te sinto e te percebo...
- como arde este fogo que me consome –
Faço-me cálice para seu licor,
E garganta para seu absinto
vem, invade todo este desejo
e acalma essa fogueira que me arde
num surto maior que de um louco
e, por pouco
vem, renda-se numa obsessão incontrolável
Variável.
arranhe, machuque, penetre, amasse,
toque-me, leve-me para aquele outro lugar.
Invada minhas entranhas,
arranha-me e me deite de bruços...
num surto maior que se faz
e sinta-se louco como tal.
Faz de minha vida mesquinha tua parte.
E se seus dedos me procuram,
meus lábios os aquecem e meus livores se aproximam.
Quero senti-lo
cada parte, incessantemente,
dentro de mim, fora de mim,
em mim
minhas partes estremecem quando sinto o calor da sua arte,
pinte meus pés
desenhe meus seios com suas mãos.
Morda-me
Arranque-me suspiros
Faça-me perder em mim
Faça-me úmida, ofegante, em gritos, em sussuros, faça-me
mulher!!!
Transe
(via msn)
seu cheiro me provoca
das lágrimas aos cabelos
suas mãos me levam
a perder a inocência.
Meu corpo é sua extensão,
é visceral, é profunda,
é imensurável vastidão.
Me acaricie, me penetre
venha, sem pudor,
coma, beba, introduza
me deixe tomar seus lábios,
embebidos em vinho,
use, abuse,me lambuze
sou cachorra,vadia,aqueça minha gruta
sou Amélia, sou rebelde
sou o que quer que seja
mas sou sua
tenho ânsia por seu tesão
lamba meus interiores
rasgue-me com força
corrompa meus temores
esconda em mim seus dedos
Embriague me de prazer
faça me seu labirinto
me coma,
me foda na grama, na relva
sei que está faminto
pra gozar em minha selva
Segue
Agora
Implora
Pois meu corpo já é seu...
"Entre ter e ser"Ter(sendo)
(via msn)
sei que não sou, estou
perdida, dividida, invadida,
meus particípios não te pertencem mais
meus pretéritos se foram com o vento
perfeito para mim é o verbo
estou dividida entre ter e não ser
se te tenho não me sou
e caminhando vou, nesta dúvida incessante,
que me atormenta cada noite
um caminho que é dor e que é certeza
de que ao te encontrar , me perderei
a perda, a angústia, a saudade me varrem
e me mostram
que cada minuto é importante...
nesse interminável
elo cíclico de sofrimento nessa manha
triste em Barcelona.
The finindo
Um banco de dados é Branco. É, contínuo, pictórico,
mórbido. Define e armazena.
Uma pessoa olhando no espelho é um caminho
inacessível. Vejo uma mão atravessando alguém. Dois
rios e uma ponte. Cada rio tem três margens. É meio
Guimarães. Estou na terceira. Uma escada ligada às
estrelas pode conduzir à Via, nunca ao Caminho.Uma
porta. Duas chaves. Uma possibilidade. A mãe e a cria
que corre. O rio rindo de nós e que some
instantaneamente. A cabeça que rói, o estômago que
teima, o desconforto. Um dado, não o do banco, mas o
Dado, branco. Uma escolha, várias possibilidades.
Flávio Martins da Silva, também conhecido como Nickel
nasceu em João Monlevade e desde muito cedo escreve
contos e poemas. Desde 2003 é licenciado em Letras/
Inglês pela UFMG e publica seus contos e poemas em
sites literários do Brasil e Portugal. Desde 2000 é
professor de Língua Inglesa, trabalhando em várias
escolas, dentre as quais o Centro de Extensão da
Faculdade de Letras da UFMG, o Centro Acadêmico de
Ciências Sociais da FAFICH - UFMG e a Prefeitura de
Contagem.
Impresso por conta própria. Se você quiser contactar o
autor, não hesite:
2007