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Reflexivas numa mesa de boteco Poemas para diversão e reflexão

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Page 1: Reflexivas

Reflexivas numa mesa de boteco

Poemas para diversão e reflexão

Page 2: Reflexivas

Flávio Martins

Autor de Contos Horizontais

Livro registrado e catalogado. Reprodução proibida.

Belo Horizonte

Março 2007

Page 3: Reflexivas

1.Receita para ser feliz

2.Dentro de mim

3.Desde sempre

4.A estrada (the road taken)

5.Casamento na roça

6.Ciranda

7.The calling

8.O chamado ( versão de The Calling)

9.Eu sou Eu e vice-versa

10.∆

11.Escravo

12.Eu sei calar português

13.Eu sei falar inglês

14.Geomentira

15.IMPERFECT

16.Imperfeito (versão de Imperfect)

17.In

18.Incompleto

19.Life as it really is

20.A vida como ela é ( versão de Life as it really is)

21.Matemática divina

22.Miragens

23.What a friend is

24.O que é um amigo ? ( Versão de What a friend is)

25.Infértil

26.Pontiagudo

27.O trem

28.Indecisão

29.Tempero

30.The finindo

31.Úmida

32.Transe

33."Entre ter e ser"Ter (sendo)

Page 4: Reflexivas

Agradeço a Deus.

Page 5: Reflexivas

Dentro de mim

Eu tenho dentro de mim uma espada cortante,

um copo quebrado,

um cadeado sem chaves.

Eu tenho dentro de mim um guarda-chuvas aberto,

um quilo de chumbo,

uma esperança eterna.

Tenho medo de amar demais.

Desde sempre

Desde sempre tenho sido nulo

Desde sempre tenho sido um zero à esquerda

Desde sempre tenho sido uma má influência

Desde sempre tenho sido um marginal

Desde sempre tenho sido desde sempre

Desde sempre tenho sido

Eu.

Page 6: Reflexivas

Receita para ser feliz

Para ser feliz não acredite nos jornais, revistas ou noticiários.

Só trazem maldades, má notícia, desespero. Ligue-se à vida,

escreva um livro, um diário. Conte sobre você, corra pelas

praças, solte uma pipa.Beba um café, ouça Toquinho e seja

feliz. Política e sacanagem não podem estragar o seu dia.

Diga eu te amo, sorria sem motivo aparente. Deixe de

pentear os cabelos pelo menos por hoje. Não vá trabalhar e

se for, dê bom dia aos colegas, Suba no último andar e jogue

papel picado sobre a Praça.Grite como se fosse seu último

desejo, desça escadas pulando os degraus. Diga ao seu filho

que ele é o máximo, diga à sua esposa que a admira e a leve

ao cinema para namorar no escurinho. Converse com Deus,

diga-Lhe o quanto sua vida é boa e agradeça. Viva

intensamente, jogue damas com os velhinhos e converse com

o ambulante da esquina. Não leia bula de remédio e ande de

ônibus ou a pé . Pule corda com a meninada da rua e role

pelo chão. Coma com as mãos e sinta o prazer de ser criança.

Seja feliz pelo menos por um dia. Saia de casa olhe pra vida e

veja as árvores. Aprecie o vagar dos homens tristes da cidade

e tire disso uma lição de vida . Cheire a chuva, beba o vento e

ouça as flores. Delicie os fulgores e os sabores da Praça da

Estação. Corra sem direção ao vento, ao relento ao encontro

do amor. Pule, em paz, quem faz seu destino é você . Ande,

coma pipoca, vá ao parque municipal. Se você pouco tem,

alguns nada têm. Perambule pelo centro da cidade e veja

como sua vida é boa. Atravesse as avenidas como se

estivesse voando, assoviando. Suba a Serra do Curral e lá de

cima, veja tudo que também é seu: a cidade, o ar puro, as

árvores, os parques, os amigos, a família, o pôr do sol. Carpe

diem seja aqui ou onde for. Modifique sua vida, ser feliz é

escolha pessoal. Escreva uma carta de amor, telefone para

sua família, vá à casa do amigo dos tempos de criança. Corra

atrás dos gatos, brinque de roda e cante cantigas de ninar.

Conte uma piada, ria da sua mancada e aprecie o voar

randômico dos pombos sem compromisso. No campo, na

cidade, no trabalho, no amor. Faça algo diferente, seja

humano, seja original, seja feliz.

Page 7: Reflexivas

A estrada (the road taken)

Em um simples endereço início uma grande viagem.

Entro por uma estrada com um milhão de possibilidades. Há

portas, janelas e novas saídas, mas as entradas ainda são de

clicar. Essa estrada é tão ampla quanto um mar, e eu posso

ser apenas um navegante.

Estou ao alcance da nova rede, uma nova ordem, uma

nova forma de pescar. Sou um entre muitos e o caminhar me

fascina. Essa estrada é oblíqua e suas ondas me balançam e

me jogam de um lado a outro. Cada vez que por ela ando,

desenho um novo caminho. Não há mapas confiáveis para

territórios inexplorados. Utilizo atalhos, mas sei que esta

estrada tem várias faixas, várias bandas e em cada uma a

velocidade é diferente. Assim como eu, há vários outros nessa

estrada. Meu veículo é apenas mais um e os outros

caminhantes ás vezes são correntes. Por ter mais recursos o

carro vermelho pode pular por cima de todos. Nessa estrada

tudo é volátil, até mesmo nossas identidades. O mundo

exterior é uma questão de viver e nessa estrada a minha

procura é por um pertencimento. Eu sou de ninguém e de

lugar nenhum. Aqui no meu caminho, a informação é

necessária e para não me perder. A organização segue a

precisão da divisão de Vernier. Há mais números primos

disponíveis que átomos no universo, no entanto, como numa

cidade todos os caminhos são interligados. O que nos

diferencia são nossos endereços. Não tenho senso de

orientação, mas a estrada é auto-informativa e seus sinais

são as palavras. Todas mágicas. Como portais,

teletransportando. As palavras mágicas são nauseantes e

osteofrágeis, assim, para não ser um alienado, sigo por essa

estrada e me perco onde me acho. Procuro-me e chego a

uma curva. As palavras sempre me orientam, depois a

própria estrada me orientará. A estrada que desafia é a

mesma que determina. No princípio era uma estrada, e a

estrada agora sou eu. Agora sou parte da estrada e ela de

mim. Somos um e somos muitos. Como não sou um ludita,

descobri que navegar é realmente preciso.

Page 8: Reflexivas

Casamento na roça

Tu vistes o acontecido

Que sucedeu naquele casório?

O vigário escafedeu

Teve padre provisório

Pois então meu amigo

foi isso que se viu

Casamento sem padreco

Só no sertão do Brasil

O padre não apareceu,

Que coisa decepcionante

Atrasando toda festança

Que tinha pros visitante

Mas o noivo meu amigo

Que tava muito irritado

Só farto cumer a gravata

Por ter seu sonho atrasado

Mas tudo se resolveu

A tempo e com agilidade

Chamaram um substituto

Que era de outra cidade

Mas ele não pode vir

Porque estava constipado

Mas arranjou uma solução

Mandou vir o delegado

Como era delegado

Coronel inteligente

Celebrou o casamento

Como um padre experiente

E a festa aconteceu

Sem padre oficial

O fato ficou famoso

Foi parar na capital

Espalharam a noticia

Contando de um casamento

Feito pela polícia

Sem padre ou sacramento

O coronel que se fez "santo"

É famoso em todo lugar

E o povo gostou tanto

Que todo mundo quer se casar

Page 9: Reflexivas

Ciranda

Sobe em tudo quase cai

Até na ponta da montanha vai

Corre, brinca,pula e dança

A delicada criança

The calling

Walking alone I go aimlessly

Condemned to roam around endlessly

I have no choice I see no escape

I hear no voice but I feel a shape

It takes my breath makes me blind

Sufocates myself uneasy unkind

I have to flee where to I don’t know

Myself I am seeking for a place to go

My foe is persistent follows me straight

It traces my paths, disguised soul mate

Never know where I go however I should

Digging deep holes on the route of the woods

My enemy goes seeking virile and secure

It chases my shadows determined obscure

I have nowhere to go, nowhere to sleep

My paths are dirty my roads are steep

Page 10: Reflexivas

I move to the left swerve to the right

My sensory nerve sticks my spine

It’s fear it’s dread that keeps me awake

The devil inside shows me the stake

I know that running I cannot avoid

I am getting decayed, weak paranoid

I refuse to listen, I hold my breath

However I feel it’s the calling of the Death

O chamado ( versão de The Calling)

Andando sozinho eu vago sem rumo

Condenado a vagar eternamente.

Não tenho escolha, não vejo escape

Ouço e sinto uma presença frequente

Que toma meu fôlego e me cega

Me sufoca, me deixa sem lugar

Não tenho pra onde fugir, não há saída

Continuo procurando um local pra descansar

Meu inimigo é persistente e que me acossa.

Rastreia meus caminhos, disfarçado de amigo.

Nunca sei onde vou, embora devesse. Cavo covas profundas

procuro um abrigo

Meu inimigo é viril e persistente.

Persegue minhas sombras determinado e ardiloso.

Não tenho pra onde ir, nem pra repousar minha cabeça.

Meu caminho está destruído, tortuoso, perigoso.

Page 11: Reflexivas

Movo-me para a direita e minha espinha arde de dor.

Eu tremo de medo, o terror que me mantem acordado.

Um medo interior mostra-me a forca

me deixa apavorado.

Sei que correndo não evito meu destino.

Ao desfalecer,paranóico e a fraquejar.

Recuso ouvir, então prendo o fôlego.

Todavia eu sinto: a morte a me chamar.

Eu sou Eu e vice-versa

Eu sou. A grande diferença é essa. Sou mesmo,e daí? O

oposto sou Eu também e a verdade, que verdade? A verdade,

a minha verdade é que Eu sou assim e assim estou bem.

Nunca fui diferente disso e quando tentei, fui parar no

manicômio, mas lá me encontrei. Sou, fui,serei. Ser e estar.

No momento estou um pouco mais Eu que antes, entretanto

continuo sendo .EU. Parece sigla mas é a afirmação do

egocentrismo lírico, físico, único. Estupidamente Único,

Exclusivamente Único. EU. Pronto. Agora sou sigla também.

Eu sou Eu e jacaré é o bicho. Basto a mim mesmo, uma vez

que sou meu ídolo e meu fã, meu analista e meu divã. Sou

inteligente e sou tímido. Sou maquiavélico e sou agapeano.

Sou Osíris e sou Narciso. Se fosse Adão, Eva não seria. Se

fosse Romeu, pobre Julieta. Sou introspectivo e meu amor é o

que mais me alegra. Meus aborrecimentos são com os outros,

contento-me a mim mesmo. No principio era o Verbo e o

Verbo era Ser. E Eu sou. Sou EU. E isso basta.

Page 12: Reflexivas

Escravo

Se sou assim, assim o quero. Acalme-se. Ainda te

escreverei. Mas tens que aguardar. Tu me acompanhas

desde lá e cá estou a te convencer. Talvez não seja tua

hora agora. Cada um tem o que lhe reserva o porvir.

Relaxes. O dia de amanhã pertences a ti, mas hoje és

meu. Sou eu quem vai escrever-te, moldar-te, dar-te

forma. Cada letra, cada palavra, cada entroncamento

textual. Preciso pensar, mas tuas formas sufocam-me.

Engulo mais um punhado de interrogações e indago:

Não brigues comigo pois contigo luto há muito. Ainda

não sei se amo-te, se quero-te. Para dar-te forma tens

que dar-me mostras que desejas-me. Força-me a mente

e o cerebelo. Amarra-me os sentidos e poda-me os

movimentos. Ata-me, bata-me, mata-me se não te

escrevo. Oh, Inspiração onde fostes que me

abandonaste junto a esse maldito conto inacabado?

∆Escalando uma escada escarlate num cubículo obscuro

de um quarto meio escuro

Encontram-se um lânguido olhar úmido no canto obtuso

de uma casa qualquer

Era ângulo com reta, retângulo em seta, círculo ferido

com um alelo paralelo

Suavam, escorriam, molhados, deslizavam em

movimentos frenéticos.

Um cateto adjacente, um escaleno decadente com os

lados desiguais.

Era cubo e raiz, sombra e matiz de um descolorir

fascinante

Fugidia luz que desalumia um corpo desangulado sem 90

Page 13: Reflexivas

sem pecado

Que se desfaz em líquidos livores lavados da alma

Dois mais dois são parceiros de enevoada linguagem de

discernir sentimento

Sou combustível, comburente, água. Água. Água.

Sou fogo, sou ponto.

Sou eu.

Sou você.

Somos.

Eu sei calar português

Minha pátria é minha língua. Minha pata é minha íngua.

Minha pata é minha puta . Minha língua é. Minha íngua.

Minha. Minha pátria é minha íngua. Pútrida pátria

prostituta. Pára de mágoa afia a língua. Pátria pura tem

língua. Para cada puta uma íngua. Íngua língua pátria

mingua.Linda íngua dessa pátria muda. Pátria, muda,

língua. Pata, puta, míngua. Pátria.Míngua. Cadê minha

língua?

Page 14: Reflexivas

Eu sei falar inglês

A política rendeu-se, a economia curvou-se, a (contra)

cultura penetrou, a Pátria se abriu, o léxico enlouqueceu.

Sorria – o imperialismo chegou! The book is on the

table, mas cadê o pão?

Geomentira

Caixa quadrada

Cama redonda

Linha bem fina

Triângulo tem ponta

Caixa redonda

Cama quadrada

Linha tem ponta

Triângulo bem... bem, Triângulo continua Triângulo, não

importa a rima.

Page 15: Reflexivas

In

É sobre livros e leitura, é sobre construção do sentido

Estou sobre mil platôs, e minha paciência é que me dá

sorte.Morte?

Meu talento anda rápido em busca de um Deus-

conhecimento

Mas minha mente, mente. Me engana e me seduz.

Os livros que me fascinam são os mesmo que me

alucinam.

Estou numa guerra interna onde o maior risco é

naufragar numa tempestade cerebral.

Perdi toda a capacidade de lutar e minha loucura, cura.

Embora esteja perdido, não posso ter pressa. Poesia e

Beleza são atemporais.

IMPERFECT

I’ve run all the races

I’ve lived too many lives

I’ve been to all those places

I’ve married too many wives

I’ve had all that is fun

I’ve said all known words

I’ve shot all those guns

I’ve walked all possible roads

I’ve read all great books

I’ve heard all kind of noise

I’ve escaped tons of hooks

I’ve spoken on every tune of voice

I’ve spent all that is money

I’ve bought sex and cars

I’ve tried salt and honey

I’ve drunk, I’ve had cigars

I’ve mined for gold and silver

I’ve eaten caviar and ham

I’ve crossed sea and river

I’ve followed tracks and plans

Page 16: Reflexivas

I’ve studied all those religions

I’ve sang all Beatles’ songs

I’m lost in a nest of pigeons

Possessions, temptation wrongs

I’ve acquired great experience

I’ve learnt a lot to say

My mind stays in turbulence

The world is in advanced decay

Nor money means nothing indeed

Neither does a crown, golden cap

As matter does not grow seed

The world is a piece of crap

I’ve met all human kind

I’ve licked soil and soap

‘cause men is deaf and blind

Definitely I’ve lost my hope

Imperfeito (versão de Imperfect)

Estive em todos os lugares

Corri todas as corridas

Casei com muitas esposas

Vivi muitas vidas

Tive tudo o que é divertido

Atirei com todas as armas incríveis

Disse todas as palavras conhecidas

Caminhei todas as estradas possíveis

Li todos os grandes livros

Ouvi todo o tipo de som

Escapei de milhares de armadilhas

Falei em todas as dissonâncias do tom

Gastei tudo o que é dinheiro

Comprei sexo e carros variados

Experimentei sal e provei mel

Bebi, fumei charutos importados

Page 17: Reflexivas

Explorei ouro e prata

Comi caviar e presunto

Cruzei mar e rio

Segui trilhas e rumos

Cantei todas as canções dos Beatles

Estudei todas as religiões

Estou perdido em um ninho de pombos,

Cheio de injustiças e tentações

Aprendi muito para dizer

Adquiri grande experiência

Minha mente é turbulenta

O mundo está em decadência

Nem dinheiro significa nada

Nem a coroa faz soberanos

E a matéria não deixa semente

O mundo é o produto do ânus

Conheci toda a raça humana

Lambi terra, dancei na dança

Porque os homens são surdos e cegos

Já perdi minha esperança

Life as it really is

Life is indescribable

It’s only what I can say

Being good or being bad

Life has its own way

We try to understand

What life really means

However I can’t explain

How it is, what it seems

Nevertheless, there’s something

I must tell, warn you all

That life can be war

Or even a carnival

The best thing I think

Is to enjoy life at best

Always perform good actions

Until we finally rest

Being good, being honest

Page 18: Reflexivas

To husband, children, friends, wife

Please regard this poem my friend

Since unpredictable is life

A VIDA COMO ELA É ( versão de Life as it really is)

A vida é indescritível

Isso é tudo que posso dizer

Sendo boa ou sendo má

Tem seus caminhos para percorrer

Todos tentamos entender

o seu verdadeiro sentido

entretanto não posso explicar

como ela é, como a tenho entendido

todavia, há uma coisa

que devo contar, alerta geral !

a vida pode ser uma guerra

mas também pode ser carnaval

o melhor disso tudo, eu acho

é ao máximo aproveitar

sempre fazer boas ações

até finalmente descansar

Page 19: Reflexivas

sendo bons e sendo honestos

aos amigos, à família unida

por favor levem esse poema a sério amigo

uma vez que imprevisível é a vida

Incompleto

Nada disso. Mas era um conto favelado. Eram um pintor

e um lixeiro. Suicídio? Quem sabe...Poderia até ser

atropelamento. Definitivamente era um causo, um fato,

não rotina.

Preconceito e apego. Poderia até ser amor, mas o

síndico do meu prédio disse que era angústia. Bebera

vinho, tomara um porre. Um era gay, o outro pobre e

caolho. Um fato, uma foto. 3x4 é verdade, mas era

foto. Um casal quase família. Sangue e suor. Sofrimento

e mistério. A procura terminou quando acharam o

cavalo. Morto também. Eles queriam ser felizes.

Favela, garagem de esperanças.

Page 20: Reflexivas

Matemática divina

Ó Pai celestial

Me afaste dos sintomas desse mal

Dos sintomas decimal

Decimal decimal

Não me deixe dividido

Entre o Caminho e os pecados mil

Peca dos mil

Dois mil dois mil

Subtraia-me da dor

Que Eleva minha alma

Efetua e queima o mal

Ma o mal Mal mal

Multiplique os meus dias

Somatize meus desejos

Ouça minha prece

Mas não me apresse. Me apresse

Bem como quero viver, tenho cálculo renal.

What a friend is

What a friend is

Needs not to be said

A friend is a mid-brother

from parents we never had

Open arms

When we fall

Helping hands

Support us all

What a friend is

Cannot be explained

On walking hard or even soft

Side by side, hand by hand

What a friend is

Cant be understood

Has no definition

Even though it should

Page 21: Reflexivas

What a friend is

Silly may mean

Though friendship

Is a god within

Having a friend

Is awesome one knows

Take care of yours

It helps us grow

O que é um amigo ? ( Versão de What a friend

is)

O que um amigo é

Não precisa ser dito

É como um meio irmão

Que tivemos escondidos

Com os braços abertos

Para nos levantar

As mãos estendidas

Para nos ajudar

O que um amigo é

Não pode ser explicado

Em momentos fáceis ou difíceis

Ele está ao nosso lado

O que um amigo é

Ninguém entenderia

Não tem definição

Embora deveria

Page 22: Reflexivas

O que um amigo é

Pode parecer inocente

Porque a amizade

É um Deus internamente

Só quem tem um amigo

Sabe que é bom pra valer

Cuide bem dos seus

Te ajuda a crescer

Infértil

A diferença entre ser e estar é persistir.

Crescei e multiplicai, o mesmo homem que morde a

fruta cai no chão no chão o onanismo é latente e evita.

Ainda não sei o que me permite viver e que leva minha

vida me faz perecer é aquilo que come meu cérebro

retalha minha mente retarda desperdiça a semente e me

mostra o que sou.

O ventre vazio intumescido ao vento rápido resquícios de

sentimento sonoro e com raiva do mundo com tudo eu

choro sem tudo com nada imundo e com medo de ser o

que deveria.

Não cresce não cresce não enche não mexe não move

não sobe nem corre não neva nem chove nem pau nem

pedra nem céu nem terra nem eu nem eu nem.

É inútil persisto luto é fútil não rende carece de força de

Page 23: Reflexivas

gente de Deus de anjo serpente Hércules e Afrodite que

guia e ilumina dá graça mas não dá a luz.

Andando sem rumo correndo no escuro descubro o

manto que emana calor que cobre meu pranto que

aparta minha dor que me faz enxergar o que sou

O que sou

O que sou

infértil.

Pontiagudo

Viajei, conheci o mundo inteiro

Fui ao Rio de Janeiro, um lugar que me encanta

Como turista curioso que abusa fui parar numa confusa

Feira em Copacabana

É barulho, gritos, sirenes

Marias, irenes, água de coco, gritos de pega ladrão

Me assusto, é comigo, já me viram, corro,socorro

Nas costas sinto uma mão

Escalei uma grande ladeira

cortei paços, praças inteiras, mas fugir é complicado

me acossam, me perseguem, me encurralam

mas agora estou cansado

Balançando num preâmbulo escarlate

Violência em toda parte não me rendo eu me viro

Mas não caio nem com soco nem com

tapa mas um deles me ataca

Apenas ouço o tiro

Sem ângulo viro uma esquina

Page 24: Reflexivas

A dor me alucina vejo Quixote e o Moedeiro

Eu navego, caio me esfrego o rosto, corro, sossego

Meu corpo é um formigueiro

Era por um relógio, uma carteira

Trabalhei a vida inteira e agora aqui jaz: eu

Amanhã há de sair no noticiário, um turista, um otário

Mais um que morreu.

Miragens

Tenho sonhos

e miragens num deserto onde somente a realidade é

triunfante.

Já tive outro alguém, você sabe quem,

mas este outro alguém não foi capaz de me trazer a

felicidade.

Page 25: Reflexivas

O trem

Como o trem desliza nos trilhos

Num constante caminhar

Assim meu bem eu quero

Deslizar no seu olhar

Indecisão

Na hora da minha angústia

A certeza de meu choro

só não é maior que a ansiedade por te ver

Respiro forte para não parecer fraco

Chorando de amores por você.

Tanto me dói não saber o futuro

Que fico a mastigar o presente

Na esperança de encontrar no passado

Um momento de felicidade, carinho,

ou mesmo um simples gesto seu para me fazer feliz.

Tudo isso, esses versos, essas palavras não são meu

choro,

são reminiscências do meu amor em forma de canção.

Page 26: Reflexivas

Tempero

Laranja roubada

Namoro escondido

Mulher do amigo

Amor bandido

Úmida

(via msn)

Estou oculta em minha própria origem...

meu abdome esconde uma fonte,

um abismo inigualável,

profundo,

dentro de mim, te sinto e te percebo...

- como arde este fogo que me consome –

Faço-me cálice para seu licor,

E garganta para seu absinto

vem, invade todo este desejo

e acalma essa fogueira que me arde

num surto maior que de um louco

e, por pouco

vem, renda-se numa obsessão incontrolável

Variável.

arranhe, machuque, penetre, amasse,

toque-me, leve-me para aquele outro lugar.

Invada minhas entranhas,

arranha-me e me deite de bruços...

num surto maior que se faz

Page 27: Reflexivas

e sinta-se louco como tal.

Faz de minha vida mesquinha tua parte.

E se seus dedos me procuram,

meus lábios os aquecem e meus livores se aproximam.

Quero senti-lo

cada parte, incessantemente,

dentro de mim, fora de mim,

em mim

minhas partes estremecem quando sinto o calor da sua arte,

pinte meus pés

desenhe meus seios com suas mãos.

Morda-me

Arranque-me suspiros

Faça-me perder em mim

Faça-me úmida, ofegante, em gritos, em sussuros, faça-me

mulher!!!

Transe

(via msn)

seu cheiro me provoca

das lágrimas aos cabelos

suas mãos me levam

a perder a inocência.

Meu corpo é sua extensão,

é visceral, é profunda,

é imensurável vastidão.

Me acaricie, me penetre

venha, sem pudor,

coma, beba, introduza

me deixe tomar seus lábios,

embebidos em vinho,

use, abuse,me lambuze

sou cachorra,vadia,aqueça minha gruta

sou Amélia, sou rebelde

sou o que quer que seja

mas sou sua

tenho ânsia por seu tesão

Page 28: Reflexivas

lamba meus interiores

rasgue-me com força

corrompa meus temores

esconda em mim seus dedos

Embriague me de prazer

faça me seu labirinto

me coma,

me foda na grama, na relva

sei que está faminto

pra gozar em minha selva

Segue

Agora

Implora

Pois meu corpo já é seu...

"Entre ter e ser"Ter(sendo)

(via msn)

sei que não sou, estou

perdida, dividida, invadida,

meus particípios não te pertencem mais

meus pretéritos se foram com o vento

perfeito para mim é o verbo

estou dividida entre ter e não ser

se te tenho não me sou

e caminhando vou, nesta dúvida incessante,

que me atormenta cada noite

um caminho que é dor e que é certeza

de que ao te encontrar , me perderei

a perda, a angústia, a saudade me varrem

e me mostram

que cada minuto é importante...

nesse interminável

elo cíclico de sofrimento nessa manha

triste em Barcelona.

Page 29: Reflexivas

The finindo

Um banco de dados é Branco. É, contínuo, pictórico,

mórbido. Define e armazena.

Uma pessoa olhando no espelho é um caminho

inacessível. Vejo uma mão atravessando alguém. Dois

rios e uma ponte. Cada rio tem três margens. É meio

Guimarães. Estou na terceira. Uma escada ligada às

estrelas pode conduzir à Via, nunca ao Caminho.Uma

porta. Duas chaves. Uma possibilidade. A mãe e a cria

que corre. O rio rindo de nós e que some

instantaneamente. A cabeça que rói, o estômago que

teima, o desconforto. Um dado, não o do banco, mas o

Dado, branco. Uma escolha, várias possibilidades.

Flávio Martins da Silva, também conhecido como Nickel

nasceu em João Monlevade e desde muito cedo escreve

contos e poemas. Desde 2003 é licenciado em Letras/

Inglês pela UFMG e publica seus contos e poemas em

sites literários do Brasil e Portugal. Desde 2000 é

professor de Língua Inglesa, trabalhando em várias

escolas, dentre as quais o Centro de Extensão da

Faculdade de Letras da UFMG, o Centro Acadêmico de

Ciências Sociais da FAFICH - UFMG e a Prefeitura de

Contagem.

Impresso por conta própria. Se você quiser contactar o

autor, não hesite:

[email protected]

2007