reflexão ensinar, aprender, avaliarpaulo renato
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Mestrado em Ensino Informática Disciplina: Avaliação em Informática Prof. Isabel Candeias Mestrando – Paulo Renato Ferreira Martins
Reflexão da aula: “Ensinar, Aprender e Avaliar”
Actualmente, assiste-se a um tempo educativo caracterizado pelo desvio
sub-reptício e conflitual do paradigma do ensinar para o paradigma do
aprender.
De facto, o acto de ensinar foi a um dado momento, determinante e
fulcral, devido à importância e centralidade que assumia, relativamente, ao acto
de aprender, a tal ponto que este último era considerado como um mero
produto subsidiário daquele. Posteriormente, emergiu uma nova mundividência
que fomentou a valorização da aprendizagem como desígnio educativo basilar
e enfatizou a centralidade do sujeito cognoscente, no decurso deste processo
eductivo/ formativo.
Não obstante, a problemática epistemológica com que se debate o
ensino face à aprendizagem, esta não equivale à expressão nem de um dilema
nem de uma antinomia, porquanto que corresponde a uma relação dúctil, em
constante devir, fundamentada em pressupostos teóricos e na assumpção de
compromissos culturais. Por conseguinte, a valorização do acto de aprender
indicia a adopção de uma praxis que confere quer uma maior centralidade ao
aluno, no âmago do ensino-parendizagem, quer a atribuição de um outro papel
ao pedagogo, uma vez que se considera os termos da relação entre ensino-
aprendizagem determinada por outros propósitos: “Educar passa, então a ser
formar – a partir de conhecimentos adquiridos – seres críticos, imaginativos,
autónomos e implicados socialmente.”
Para que tal processo seja exequível, é fundamental que se acompanhe
o mesmo, recorrendo a um pré-requisito fulcral a Avaliação que mais não é do
que todo um conjunto de actividades contínuas, cujo desígnio é o de estimar a
conformidade entre os distintos momentos do processo de ensino –
aprendizagem e o nível aferido pelo sujeito cognoscente, no que respeita aos
variados objectivos comportamentais e cognitivos, portanto a «avaliação deve
considerar os processos de aprendizagem, o contexto em que a mesma se
desenvolve e as funções de estímulo, socialização e instrução próprias do
ensino básico.» Concomitantemente, a avaliação deverá possibilitar, por um
lado «estabelecer metas intermédias que favoreçam a confiança própria na
prossecução do sucesso educativo» e, por outro, «adoptar novas metodologias
e medidas educativas de apoio ou de adaptação curricular, sempre que sejam
detectadas dificuldades ou desajustamentos no processo de ensino-
aprendizagem» (artº18). Na senda desta perspectiva, avaliar é,
essencialmente, reorientar o ensino e as aprendizagens para que o discente
aprenda mais e melhor, apelando a uma responsabilização de todos os
actantes envolvidos no processo educativo/ formativo, visto que a avaliação
deve assumir-se como um processo que inicia, acompanha e encerra todo o
acto de aprendizagem. Com efeito, deve ser encarada de duas perspectivas, a
primeira, enquanto parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, ou
seja, na senda do desenvolvimento dos conteúdos curriculares, em
consonância com a progressão de aquisições dos aprendentes (avaliação
diagnóstica, formativa, contínua e sumativa); a segunda, enquanto conjunto de
técnicas de que o pedagogo dispõe para aferir os pontos fortes e fracos, dos
alunos, e a partir desse conhecimento ponderar e idear estratégias de ensino,
em consonância com o observado, a «avaliação mais do que um conjunto de
técnicas, é um conjunto de atitudes que permitem valorizar as potencialidades
de cada um».
Em suma, Ensinar a Aprender e Aprender a Ensinar, deve,
inequivocamente, aliar o aprender do pedagogo e o aprender do sujeito
cognoscente, dado que se trata de um processo dinâmico e recíproco, pois
ensinar é muito mais do que uma arte é uma ciência, e hodiernamente,
reveste-se de uma carga simbólica maior, ao enfatizar a necessidade,
premente, de uma formação contínua e continuada, onde os docentes são
agentes privilegiados na construção do saber e de saberes, pesembora o facto
de este ser, continuamente, (re)equacionado nas situações concretas de
ensinar os discentes a aprender. Considerando o exposto, aprender e ensinar,
ou ensinar e aprender ganha sentido, na medida em que, é problematizado
num ensinar a aprender melhor, que implica o contribuir para fundamentar e
objectivar reflexões, fomentar metamorfosoes, valorizar o pedagogo, enquanto
agente gestor, organizador e veiculador de saber, e, coadjuvar, a entidade
escola, na promoção do sucesso educativo do(s) sujeito(s) cognoscente(s),
pois “a escola é uma instituição de reprodução social, mas também possível
espaço social de transformação.”