reflexao do livro nunca lhe prometi um jardim de rosas

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O relato do vigente livro traz à tona a experiência de uma adolescente que aos 16 anos após um longo processo de sofrimento e progressiva alienação mental foi internada num Hospital Psiquitrico durante três anos. O mundo exterior, figurado por sua família do qual se sente impossibilitada de participar, devido aos conflitos oriundos dos relacionamentos baseados em velhos esquemas carregados de preconceitos. Seu mundo interior, que é povoado de seres cósmicos, espetaculares e grandiosos, onde ela se refugia, opondo-o aquela realidade difícil de viver. Coloca-nos em contato também com um terceiro mundo, o do Hospital Psiquitrico e seus habitantes, através da complexidade dos relacionamentos, o impacto das descobertas nesse ambiente aparentemente morto, o universo que faz uma divisa mínima entre o mundo dos ‘sãos’ e dos ‘insanos’. O livro envolve três temticas, que é a vida interna da personagem psicótica através de seus delírios, o reino de Yr e seus personagens; o mundo externo da jovem psicótica, figurado pelos conflitos com seus familiares e sua inadaptação aos valores desses; e a experiência de Deborah Bloch durante sua internação no hospital psiquitrico, onde é tratada de sua esquizofrenia com o acompanhamento psicanalítico realizado pela personagem da Dra. Fried. Portanto, a história discorre sobre a vida dessa jovem psicótica , dissecada através do tratamento psicoterpico.

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Reflexão.

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O relato do vigente livro traz tona a experincia de uma adolescente que aos 16 anos aps um longo processo de sofrimento e progressiva alienao mental foi internada num Hospital Psiquiatrico durante trs anos.O mundo exterior, figurado por sua famlia do qual se sente impossibilitada de participar, devido aos conflitos oriundos dos relacionamentos baseados em velhos esquemas carregados de preconceitos. Seu mundo interior, que povoado de seres cosmicos, espetaculares e grandiosos, onde ela se refugia, opondo-o aquela realidade difcil de viver. Coloca-nos em contato tambm com um terceiro mundo, o do Hospital Psiquiatrico e seus habitantes, atravs da complexidade dos relacionamentos, o impacto das descobertas nesse ambiente aparentemente morto, o universo que faz uma divisa mnima entre o mundo dos sos e dos insanos.O livro envolve tres tematicas, que a vida interna da personagem psicotica atravs de seus delirios, o reino de Yr e seus personagens; o mundo externo da jovem psicotica, figurado pelos conflitos com seus familiares e sua inadaptao aos valores desses; e a experiencia de Deborah Bloch durante sua internacao no hospital psiquiatrico, onde tratada de sua esquizofrenia com o acompanhamento psicanalitico realizado pela personagem da Dra. Fried.Portanto, a histria discorre sobre a vida dessa jovem psictica , dissecada atravs do tratamento psicoterapico.Dito isto extramos um trecho do livro para discorrer um pouco sobre a esquizofrenia que a personagem Dborah Bloch sofre. Veja a seguir:

Mudando de assunto agora, tenho pensado muito naquela histria que me contou, a tentativa de jogar a sua irm recm-nascida pela janela; h certos detalhes que no me saem da cabea. Acho que tem dente de coelho nessa histria. Voc poderia repet-la para mim?Dborah relatou novamente o episdio: como alcanar o bero e apanhara o nenenzinho, cuja feitura lhe saltava aos olhos, por mais que as pessoas o achassem adorvel; como estender a criaturinha pela janela; a chegada repentina da me, a vergonha de ter sido apanhada em flagrante e de odiar a irm; posteriormente, o amor culpado que a fazia estremecer ao pensar que, por pouco, no matar Suzy aquele dia. Por sobre o incidente pairava o olhar reprovador dos pais que, embora soubessem de tudo e estivessem mortalmente decepcionados e envergonhados com ela, guardavam um silncio misericordioso.

__ A janela estava aberta? __ Perguntou Furii.

__ Estava, mas lembro-me de te-l alertou-me pouco mais.

__ Voc a abriu todinha?

__ O suficiente para me inclinar para fora com o beb.

__ Entendo. Quer dizer que voc abriu a janela, experimentou se inclinar para fora e depois foi buscar sua irm?

__ No. Primeiro eu peguei nos braos, e s ento decidi mat-la.

__ Entendo... __ Furii rechinou-se na poltrona com um ar satisfeito. Parecia Mr. Pickwick depois de um lauto jantar. Agora vou virar detetive __ declarou. __ Afirmo-lhe que essa histria Fede como o diabo! Uma criana de cinco anos de idade suspende um beb consideravelmente pesado, carrega-o at a janela, apoia-o no peitoril, escorando-o com o corpo enquanto abre a janela, experimenta inclinar-se para fora e, em seguida, suspende o beb por sobre o parapeito e o estende para fora, com os braos esticados, pronta para solt-lo. Nisso, a me entra no quarto e, num piscar de olhos, essa menina de cinco anos puxa de volta a irmzinha para dentro, que, por sua vez, comea a chorar para que a me a pegue no colo...

__ No... A essa dos acontecimentos, ela j estava de volta no bero.

__ Muito interessante! __ disse Furii. __ Agora, de duas uma: ou eu estou louca, ou voc construiu essa histria inteirinha aos cinco anos, no dia em que entrou e viu o beb no bero, odiando-o o suficiente para desejar mat-lo.

__ No possvel, eu me lembro...

__ Voc pode se lembrar do dio que sentiu mas os fatos esto todos contra voc. O que foi que a sua me disse assim que entrou? Foi: Largue j est crianca! Ou No machuque o beb?

__ No, no foi nada disso. Lembro-me perfeitamente do que ela disse: O que que voc est fazendo aqui? O beb chorava.

O dio era verdadeiro, Dborah, e a dor tambm, mas voc era simplesmente pequena demais para fazer qualquer uma dessas coisas que julga ter feito. A vergonha que, segundo voc, seus pais sentiram todos esses anos uma inveno do seu sentimento de culpa por ter desejado a morte de Suzy. Graas a falsa noo do seu poder destrutivo (noo, por sinal, que a doena a impede de superar) voc traduziu esses pensamentos numa ao supostamente real.

Dborah sofre de esquizofrenia, uma manifestao de sintomas psicticos crnicos, especialmente alucinaes e iluses, sendo comum haver desorganizao do pensamento e do comportamento. Podemos definir a esquizofrenia como a alterao das funes bsicas que dispe a pessoa um senso de individualidade, direo de si mesmo e de unicidade. Os fenmenos psicopatolgicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a imposio ou o roubo do pensamento, a divulgao do pensamento, a percepo delirante, ideias delirantes de controle, de influncia ou de passividade, vozes alucinatrias que comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa, transtornos do pensamento e sintomas negativos (empobrecimento afetivo, autonegligncia, diminuio da fluncia verbal, etc).Pelo que foi estudado em sala de aula no decorrer do semestre pude observar que Dborah sofre de uma esquizofrenia hebefrnica, uma sndrome desorganizada, com predomnio de desorganizao mental e comportamental. Apresentando um pensamento progressivamente desorganizado, de um leve afrouxamento das associaes at a total desagregao e produo de um pensamento totalmente incompreensvel. Assim como comportamentos desorganizados, afeto inadequado e/ou ambivalente um afeto pueril.Logo, atravs do trecho que extramos do livro discutido em sala podemos constatar que Dborah sentia uma grande culpa por imaginar que, quando criana, tinha tentado jogar a irm pela janela do quarto, quando esta era um beb. No entanto, no decorrer da terapia, como podemos verificar no discorrer da historia, conseguiu descobrir que tal fato no se passava de fruto de sua imaginao diante da chegada da irm que gerou um sentimento de cimes, em que acreditou que este pensamento desorganizado que teve na poca, e que trouxe consegue at ento com uma grande carga de culpa, realmente eram reais.

REFERNCIA BIBLIOGRFICA

Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Mdicas do Sul.

UNIVERSIDADE PAULISTAINSTITUTO DE CINCIAS HUMANASCURSO DE PSICOLOGIA

ANDRESSA CAROLINA CARVALHO DUARTE CAIO BROTTOHELEN VIEIRAGISELLE DIONIZIOGUILHERME SIMES

REFEXO DO LIVRO: Nunca lhe prometi um jardim de rosas.

SO PAULO2015