reflexao 1ª carta de joao (2)

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REFLEXÕES NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO (2) Capítulo 1. 6-10 Acho interessante a forma que João escreve a sua carta, quando ele usa de modo insistente a palavra‘se’. Das suas variadas aplicações, duas são as mais conhecidas: 1) Pronome Reflexivo: A palavra se será pronome reflexivo quando indicar que o sujeito pratica a ação sobre si mesmo. Nesse caso, o verbo concordará com o sujeito. Ex. A menina machucou-se ao cair do brinquedo. As meninas machucaram-se; 2) Conjunção Subordinativa Condicional: A palavra se será conjunção subordinativa condicional, quando iniciar oração subordinada adverbial condicional, ou seja, quando iniciar oração que funcione como adjunto adverbial de condição. Ex. Tudo estaria resolvido, se ele tivesse devolvido o dinheiro (Internet). (v.6) Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; 1. Tendo escrito a sua carta para que seus leitores viessem à comunhão, João leva-os a compreender que dizer não é tudo, mas sim o tipo de comportamento que devem ter. 2. Tendo ensinado que em Deus não há treva alguma (v.5), quem nela andar está fora da comunhão; e mais, não passa de um mentiroso, porque não pratica a verdade. Em síntese, aquele que assim procede engana-se a si mesmo. 3. O conceito de Jesus para quem anda nas trevas, é a prática às escondidas das coisas que são reprovadas se praticadas diante da luz (João 3-19-21). 1

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Page 1: Reflexao 1ª Carta de Joao (2)

REFLEXÕES NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO (2)

Capítulo 1. 6-10

Acho interessante a forma que João escreve a sua carta, quando ele usa de modo

insistente a palavra‘se’. Das suas variadas aplicações, duas são as mais conhecidas:

1) Pronome Reflexivo: A palavra se será pronome reflexivo quando indicar que o sujeito pratica a

ação sobre si mesmo. Nesse caso, o verbo concordará com o sujeito. Ex. A menina machucou-se ao

cair do brinquedo. As meninas machucaram-se; 2) Conjunção Subordinativa Condicional: A

palavra se será conjunção subordinativa condicional, quando iniciar oração subordinada

adverbial condicional, ou seja, quando iniciar oração que funcione como adjunto adverbial de

condição. Ex. Tudo estaria resolvido, se ele tivesse devolvido o dinheiro (Internet).

(v.6) Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas,

mentimos, e não praticamos a verdade;

1. Tendo escrito a sua carta para que seus leitores viessem à comunhão, João

leva-os a compreender que dizer não é tudo, mas sim o tipo de

comportamento que devem ter.

2. Tendo ensinado que em Deus não há treva alguma (v.5), quem nela andar

está fora da comunhão; e mais, não passa de um mentiroso, porque não

pratica a verdade. Em síntese, aquele que assim procede engana-se a si

mesmo.

3. O conceito de Jesus para quem anda nas trevas, é a prática às escondidas das

coisas que são reprovadas se praticadas diante da luz (João 3-19-21).

(v.7) mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os

outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.

1. “Deus é luz” (v.5). Sendo luz, Ele mesmo está na luz, e consequentemente,

aqueles que com Ele estão desfrutam da Sua luz.

2. O apóstolo elenca os resultados positivos de estarmos na luz: 1) temos

comunhão uns com os outros. A comunhão que temos entre nós na igreja é

resultado imediato da comunhão que temos com Deus (v.3); a falta de

comunhão entre nós pode denunciar que não temos a Deus; e,

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Page 2: Reflexao 1ª Carta de Joao (2)

3. 2) Quando andamos na luz somos purificados pelo sangue de Jesus, o Filho; a

purificação é completa, é irrestrita: “de todo pecado”. Nem pecadinhos, nem

pecadões, se assim podemos classificar o pecado, mas de todo e qualquer

pecado; inclusive a falta de comunhão entre os irmãos.

(v.8) Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos,

e a verdade não está em nós.

1. Muitos anos antes de João e de seus leitores, o próprio Davi conceituou o

pecado como uma herança: “Eu nasci em iniqüidade, em pecado minha mãe

me concebeu” (Sl 51.5). Então, dizer ‘não temos pecado nenhum’ não de

extrema ignorância; pelo menos o rei Davi diria isso.

2. “Enganamo-nos a nós mesmos”. Esta expressão joanina nos lembra outra:

‘Me engana que eu gosto’. Tem gente que gosta de viver assim, enganando e

sendo enganado. O perigo é que todo aquele que passa a acreditar em sua

mentira, passa ensiná-la aos outros como se fosse uma verdade.

3. “A verdade não está em nós”. Se a verdade não está em nós, corremos o

risco de estarmos sem Cristo, pois Ele mesmo disse: “Eu sou...a verdade”.

Pessoas vazias da verdade insistem em levar uma vida de mentiras.

(v.9) Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os

pecados e nos purificar de toda injustiça.

1. João precisava trabalhar muito com aqueles que tinham a mentalidade do

versículo anterior. Como alguém que diz não ter pecado vai confessar alguma

coisa? É claro que João, com aquele jeito paizão de ser, soube conduzir as

pessoas à reflexão.

2. João teve que explicar o que é pecado; teve que dizer mais do que dizemos às

pessoas dos nossos dias; que pecado é errar o alvo, e mais nada, paramos por

aí. É que muitas vezes falamos docemente sobre o pecado (medo de ofender

o pecador); aí, não convencemos ninguém! (E ainda atrapalhamos o Espírito

Santo a quem foi dada a tarefa do convencimento – João 16.8,9).

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Page 3: Reflexao 1ª Carta de Joao (2)

3. Depois de conscientizados do pecado, aquele que o confessar, terá da parte de

Deus, que é fiel e justo, o perdão dos pecados e a purificação de toda

injustiça. Citando Stott: perdão (o débito é quitado); purificação (a mancha é

removida).

(v.10) Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua

palavra não está em nós.

1. Devemos entender que este versículo não se trata de mera repetição do verso

oito, mas sim, de outro conceito bíblico-teológico; lá, a lembrança do pecado

como uma herança maldita; aqui, o resultado da herança, os juros; lá, a causa;

aqui, a conseqüência.

2. João nos ensina a termos cuidado sobre o que pensamos de nós mesmos. É

possível que, mesmo carregados de pecados, alguém ache que não pecou,

porque nunca matou, nunca roubou, nunca adulterou, nunca isso ou

nunca...qualquer outro erro. Se João escrevia a fim de que eles conhecessem

o evangelho, é certo que já haviam cometido pecado, mesmo que não

soubessem alistá-los.

3. Se dissermos que não temos, ou que não cometemos pecado, fazemo-lo

mentiroso, pois está escrito que todos pecaram (Rm 3.23 e outros).

4. “E a sua palavra não está em nós”. Repito o que disse no item 3 do verso 8:

‘Se a palavra não está em nós, corremos o risco de estarmos sem Cristo, pois

Ele é a Palavra que encarnou para estar entre nós (João 1.14).

PR. Eli da Rocha Silva

IBJH 6/05/2009

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