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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES-URI CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE MATEMÁTICA CLARICE ARALDI A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS DO SUL / RS

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E

DAS MISSÕES-URI CAMPUS DE ERECHIM

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE MATEMÁTICA

CLARICE ARALDI

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS DO SUL / RS

ERECHIM

2009

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CLARICE ARALDI

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS DO SUL / RS

Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao Curso de Matemática, Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –URI – Campus de Erechim.Orientadora: Profª. Drª. Neila Tonin Agranionih

ERECHIM

2009

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AGRADECIMENTOS

Embora não seja possível nominar todas as pessoas às quais sou eternamente grata por

terem colaborado no desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso de graduação, em

especial agradeço

a Deus, que tem sido fiel em todos os momentos de minha vida, abrindo portas e

estendendo suas mãos em minha direção, concedendo-me vitórias.

à Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de

Erechim;

à coordenação e professores do curso de graduação em Licenciatura em Matemática

que colaboraram para a realização deste trabalho;

à orientadora, Profª. Drª. Neila Tonin Agranionih, pelo acompanhamento pontual e

competente, ensinando, criticando, estimulando-me nas horas mais difíceis, servindo de

exemplo para minha carreira profissional;

aos colegas de turma pela convivência, entusiasmo, apoio e incentivo no decorrer do

curso;

aos familiares pelo apoio, companheirismo e amor durante toda essa trajetória, os

quais me compreenderam, possibilitaram e incentivaram da importância do estudo em minha

vida;

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“Todo jardim começa com um sonho de amor.

Antes que qualquer árvore seja plantada, ou qualquer

lago seja construído, é preciso que as árvores e

os lagos tenham nascido dentro da alma.

Quem não tem jardins por dentro, não planta

jardins por fora. E nem passeia por eles...”

Rubem Alves

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RESUMO

A pesquisa, “A matemática na Educação de Jovens e Adultos no município de Campinas do Sul / RS”, teve como objetivos caracterizar a Educação de Jovens e Adultos no município de Campinas do Sul RS, verificar se os alunos sentem-se motivados e encontram sentido e significado no aprendizado dos conteúdos matemáticos trabalhados na EJA, identificar em quais conteúdos os alunos sentem dificuldades de aprendizagem, bem como os fatores causadores das dificuldades de aprendizado de matemática. Foram entrevistados a vice-diretora da escola de Ensino Fundamental e o diretor da escola de Ensino Médio que possui as totalidades da EJA. Foram ouvidos também doze alunos das duas escolas, sendo o aluno mais velho e o mais novo de cada totalidade. A análise de dados evidenciou que os alunos entrevistados não encontram sentido e significado no aprendizado dos conteúdos matemáticos trabalhados na EJA, pois estão fora do seu contexto de vida. A disciplina em que sentem maior dificuldade de aprendizagem é a matemática. Relatam, outros sim, que os fatores causadores das dificuldades que sentem em matemática são: a falta de concentração, o método utilizado pelo professor para explicar o conteúdo, letras nos cálculos (operações algébricas) e a idade avançada. Ressaltamos a importância da EJA para conclusão dos estudos, a necessidade de envolver a vida cotidiana com o saber sistematizado, a troca de valores e experiências entre diferentes idades, como um processo necessário para a aquisição de novos conhecimentos.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Ensino de matemática. Dificuldades na EJA.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................6

2 RESGATE HISTÓRICO......................................................................................................8

3 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A MATEMÁTICA................................11

4 A EJA NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS DO SUL.........................................................15

5 A PESQUISA........................................................................................................................155.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS................................................................195.1.1 Tempo de freqüência na EJA........................................................................................195.1.2 Razões da opção pela EJA.............................................................................................205.1.3 Matéria mais difícil........................................................................................................235.1.4 Aprender com facilidade...............................................................................................235.1.5 Processo ensino-aprendizagem.....................................................................................24

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................29

REFERÊNCIAS......................................................................................................................30

APÊNDICES...........................................................................................................................32

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1 INTRODUÇÃO

A matemática sempre foi um “tabu” na vida do estudante, desde o jardim de infância

até a faculdade. Para suprir a necessidades das pessoas que precisaram, por diversos motivos,

parar seus estudos e retornar aos bancos escolares tempos depois, surgiu uma nova

modalidade de ensino, que é a Educação de Jovens e Adultos.

A temática deste trabalho é a matemática na Educação de Jovens e Adultos. Através

dele objetiva-se verificar as dificuldades encontradas pelos alunos da Educação de Jovens e

Adultos do município de Campinas do Sul em aprender matemática. Mais especificamente:

caracterizar a Educação de Jovens e Adultos no município; verificar a motivação, o sentido e

o significado no aprendizado dos conteúdos matemáticos na EJA pelos alunos; identificar os

conteúdos de maior dificuldade os fatores causadores das dificuldades encontradas.

Trata-se de um tema relevante por considerarmos que os alunos da EJA possuem

histórias de vida diferenciadas, muitas marcadas pela exclusão social e buscam na Educação

de Jovens e Adultos a construção de novos conhecimentos e a reconstrução de conhecimentos

já elaborados, o que requer métodos de ensino diferenciados dos tradicionalmente

desenvolvidos nas escolas.

É uma pesquisa de campo realizada com 12 (doze) alunos que freqüentam a EJA,

sendo 6 (seis) do Ensino Fundamental e 6(seis) do Ensino Médio, no município de Campinas

do Sul, selecionados por idade: os mais novos e os mais velhos de cada totalidade, sendo que

são três totalidades de cada modalidade. Foram entrevistados também a vice-diretora e o

diretor das escolas de EJA do município.

Este trabalho está organizado da seguinte forma. Inicialmente resgata a história da EJA

como nova modalidade de ensino, o motivo pelo qual foi implantada, seus objetivos e suas

finalidades. A seguir trata da matemática na Educação de Jovens e Adultos.

Finalmente, apresenta e analisa os dados da pesquisa realizada, ressaltando aspectos

como: tempo de freqüência na EJA, razões da opção pela EJA, matéria mais difícil, como

aprender com facilidade e processo ensino-apredizagem.

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2 RESGATE HISTÓRICO

A educação é a essência do ser humano, pois ele é o único capaz de rever sua história e

tirar proveito para constituir e modificar sua trajetória. A educação é constante desde o

nascimento, na família (educação informal) e mais tarde na escola (formal, saber

sistematizado). Muitos, por diversos motivos, ficam apenas no senso comum, na

informalidade, porém com a exigência do mercado, hoje essas pessoas perceberam ou se

sentiram obrigadas a voltar aos bancos escolares.

Ao longo do tempo, com o avanço tecnológico e econômico, a procura de mão-de-

obra qualificada e alfabetizada se intensificou, tornando o mercado de trabalho cada vez mais

exigente em relação às habilidades e qualificação dos profissionais, fazendo com que os

mesmos procurem novamente a escola na tentativa de conseguir um emprego ou até mesmo

mantê-lo. Esta é uma realidade identificada por Fonseca (2002, p. 49) que diz, “Naturalmente,

alunos e alunas da EJA percebem-se pressionados pelas demandas do mercado de trabalho

pelos critérios de uma sociedade onde o saber letrado é altamente valorizado.”

Há muito tempo buscam-se métodos e práticas educativas adequadas à realidade

cultural e ao nível de subjetividade dos jovens e adultos. A educação exige hoje um novo

paradigma no qual a escola passe a ser um ambiente inteligente, criado especialmente para a

aprendizagem, em que alunos e professores construam juntos os conhecimentos. Para isso é

preciso ter como princípio os quatro pilares da educação, que são: aprender a conhecer,

aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser. A educação é entendida como meio

transformador da sociedade em que vivemos, e sendo parte do nosso dia-a-dia, vê-se a

necessidade de estar voltada à conscientização, na busca de uma vida melhor onde a

consciência crítica integre o desenvolvimento global dos alunos (DELORS, 1998).

A Constituição Federal de 1988 estabelece que a educação é um direito de todos e

dever do Estado e da família e ainda que o Ensino Fundamental é obrigatório e gratuito,

inclusive sua oferta é garantida para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria.

Com a queda da ditadura após o golpe de 1964, e a necessidade de mão-de-obra qualificada

para o desenvolvimento do novo modelo econômico, o capitalismo, fundou-se o Mobral em

1967. O Mobral segundo Ferrarri (1985, 1987 apud MOLL, 1999, p. 17), buscava “formas de

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reprimir ‘os movimentos de educação que reinventavam ações junto aos grupos populares

como práticas de organização, mobilização e conscientização na luta por melhores condições

de vida’”.

Com a extinção do Mobral, no final de 1985, a Fundação Educar veio a substituí-lo,

apoiando técnica e financeiramente prefeituras municipais ou associações da sociedade civil.

Em 1987, no governo Collor, por corte de verbas extinguir-se a Fundação Educar. E em

substituição apresentou-se o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC), o

qual não foi implementado. Em 1988, a Constituição Federal, no seu artigo 208, diz que a

educação passa a ser direito de todos, onde definem-se metas e recursos orçamentários para a

erradicação do analfabetismo, com prazo de dez anos, 50% dos recursos para este fim e

universalização do Ensino Fundamental. O governo FHC altera a Constituição mantendo a

gratuidade, mas suprimindo a obrigatoriedade de o poder público oferecer a EJA. Manteve

também o prazo estabelecido e a aplicação dos recursos.

O Parecer 05/97 do Conselho Nacional de Educação aborda a questão da

denominação “Educação de Jovens e Adultos” e “Ensino Supletivo”, define os limites de

idade fixados para que jovens e adultos se submetam a exames supletivos, define as

competências dos sistemas de ensino e explicita as possibilidades de certificação.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96 - propôs uma nova

modalidade de ensino, que é a Educação de Jovens e Adultos. Conforme a lei, a EJA é uma

modalidade da Educação Básica oferecida nos níveis fundamental (E.F.) e médio (E. M.),

desenvolvida através de: programas preparatórios para exames supletivos (de livre oferta);

programas correspondentes aos quatro anos iniciais do E.F. e proposta metodológica para os

anos finais e para o E. M., expressa em planos de estudos e consolidada no regimento escolar.

A idade mínima para ingresso na modalidade da EJA é de 15 anos para os anos finais do E. F.

e 18 anos para o E. M. (idades válidas também para os exames supletivos promovidos pela

administração pública, com expedição de certificados a cargo da SEC). O prazo para a

adequação da EJA foi até trinta e um de dezembro de dois mil e um.

O Parecer 11/2000 insere a EJA nas Diretrizes Nacionais e a Lei nº. 10.172/2001 cria

o Plano Nacional de Educação da EJA. Nesta lei, as funções próprias da EJA são:

- Função Reparadora: oportunidade concreta de presença de jovens e adultos na

escola; precisa ser pensada como um modelo pedagógico próprio;

- Função Equalizadora: são necessárias mais vagas para estes novos alunos e alunas;

- Função Permanente: atualização de conhecimentos por toda a vida, sentido da

EJA;

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- Função Qualificadora: apelo às instituições de ensino e pesquisa no sentido de

produção.

Também são funções próprias da EJA a organização curricular que deve levar em

conta o perfil dos alunos; os avanços progressivos e a formação do docente.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96 apresentam-se os prós

e os contras da educação de adultos, o artigo 37 está relacionado ao “conceito de uma

educação de adultos voltada à reposição de escolaridade, marcado pelo Ensino Regular, seus

conteúdos e seu modelo”. No artigo 38 se apresenta a manutenção dos cursos supletivos e no

artigo 80 o incentivo à educação a distância. Os avanços desta lei estão nos artigos que falam

na modalidade como educação de jovens e adultos e não ensino; e que a mesma abre outras

perspectivas, incorpora uma concepção de formação mais ampla, e dá espaço à pluralidade de

vivências humanas.

Com o Parecer do Conselho Estadual de Educação nº. 774/99, a EJA se estabiliza no

sistema estadual de ensino do Rio Grande do Sul, superando a idéia de supletividade contida

na Lei 5.692/71 e, baseado na LDB, aponta para programas e propostas que atendam aos

interesses desta parcela da população, fazendo um resgate do conhecimento dos educandos

que são partícipes do processo, respondendo as necessidades da vida, trabalho e participação

social.

[...] as experiências na luta pela vida, no trabalho ou na construção de alternativas para intervenção na

sociedade poderão ser mediadoras não apenas para entender o saber formal historicamente construído, mas

também para formar um cidadão integral, atuante, tanto no mundo do trabalho formal, quanto no informal e na

vida em sociedade. [...] (BAIL, 2002, p. 30).

A EJA quer oportunizar o acesso, a permanência e a aprendizagem dos educandos

trabalhadores que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos com um ensino

adequado às suas necessidades.

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3 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A MATEMÁTICA

Fazendo esta retomada histórica percebemos que a oportunidade para jovens e adultos

retornarem aos bancos escolares surgiu de uma necessidade social e política da época. Hoje os

motivos pelos quais jovens e adultos voltam a freqüentar a escola são os mais variados e com

objetivos bem diferentes. É possível citar a falta de oportunidades, a exigência do mercado de

trabalho, a necessidade de um diploma, qualificação de mão-de-obra e a própria vontade de

ampliar conhecimentos (MOLL, 1999).

Portanto, a EJA necessita ser pensada como um modelo pedagógico específico, pois,

como os alunos que freqüentam a EJA são diferentes dos alunos que freqüentam uma escola

do ensino regular, o seu currículo deve considerar que tipo de pessoa ou sociedade desejamos

formar, contextualizando as necessidades dos seus alunos. A realidade desta modalidade de

ensino caracteriza-se principalmente pela diversidade deste público. Esta diversidade merece

uma cuidadosa consideração, pois atualmente os sujeitos que ingressam nesta modalidade são

pessoas que têm uma cultura própria, e chegam à escola carregando saberes, visões de mundo

e de trabalho. Conforme Freire (2001), esses sujeitos têm a leitura de mundo que precede a

leitura da palavra, ou seja, são pessoas com uma bagagem cheia de experiências e

conhecimentos que buscam novas formas de expressarem suas necessidades.

A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma

educação que desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade cultural, uma

educação para a compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura ou

outras formas de discriminação e, para isso, o educador deve conhecer bem o próprio meio do

educando, pois somente conhecendo a realidade desses jovens e adultos é que haverá uma

educação de qualidade

A Educação de Jovens e Adultos oportuniza o acesso à linguagem escrita e a um

universo de saberes produzidos historicamente nas diferentes áreas de conhecimento, aos

educandos trabalhadores que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos por diversos

motivos como falta de condições, falta de incentivos, priorizaram o trabalho e não se deram

conta que no futuro o estudo seria necessário, de suma importância (VASCONCELOS;

BRITO, 2006).

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Participação, diálogo, problematização, socialização, interdisciplinaridade, integração,

totalidade, relação teoria-prática são princípios da EJA realizados através de projetos, temas

geradores, complexos temáticos e núcleo temático.

Para Oliveira (apud RIBEIRO, 2001, p.15-16),

[...] o adulto [...] é geralmente o migrante que chega as grandes metrópoles, proveniente de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de instrução escolar (analfabetos), ele próprio com uma passagem curta e não sistemática pela escola e trabalhando em ocupações urbanas não qualificadas, após experiência no trabalho rural na infância e na adolescência, que busca a escola tardiamente para alfabetizar-se ou cursar séries de ensino supletivo. E o jovem [...] é também um excluído da escola, porém geralmente incorporado aos cursos supletivos em fases mais adiantadas de escolaridade, com maiores chances, portanto, de concluir o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. É bem mais ligado ao mundo urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais relacionados com a sociedade letrada, escolarizada e urbana. [...].

Sabendo, portanto, que muitas vezes os interesses são práticos e funcionais, entramos

na questão da disciplina da matemática na EJA. A matemática sempre foi um obstáculo,

digamos assim, na vida de um estudante. Os jovens e adultos que buscam a EJA necessitam

de uma matemática que “[...] estimula a construção de estratégias para resolver problemas, a

comprovação e a justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho

coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios,

[...]” (BRASIL, 2002); e não de “decoreba” de fórmulas e soluções para resolver problemas.

Para garantir uma formação com os requisitos básicos para exercer a cidadania, é

preciso também pensar em currículo.

Um currículo de matemática para jovens e adultos deve, portanto, contribuir para a valorização da pluralidade sociocultural e criar condições para que o aluno se torne agente da transformação de seu ambiente, participando mais ativamente no mundo do trabalho, das relações sociais, da política e da cultura. (BRASIL,2002 p. 11-12).

Levando em conta o conhecimento matemático dos alunos da EJA é indispensável

considerar suas experiências de vida, seus próprios conhecimentos matemáticos, garantindo a

integração do educando a esse processo de aprendizagem.

É claro que vai surgir o discurso da dificuldade incorporada pelos alunos da EJA, tanto

para os que iniciam ali sua experiência escolar quanto para aqueles que já tenham alguma

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iniciação adquirida. Cabe, porém, ressaltar a dinâmica pedagógica do educador, utilizando a

linguagem do conhecimento comum desse contexto, considerando os aspectos sociais,

culturais e de vivência do aluno.

Uma das dificuldades encontradas pelos professores da EJA refere-se a subsídios

concretos e específicos para o processo de aprendizagem dessa demanda escolar: “[...] a

ausência de publicações específicas faz com que o professor se veja obrigado a ‘adaptar’

material destinado ao Ensino Fundamental, [...]. Essa adaptação às vezes implica a exclusão

de parte dos conteúdos apresentados nas publicações; [...]” (BRASIL, 2002, p. 13).

Talvez o caminho seja fazer o saber matemático considerando a bagagem ou a

ausência de conhecimento matemático do aluno e a partir daí construir suas práticas

pedagógicas. Concordamos com Freire (1982, p.73-74), quando afirma que

[...] somente na comunicação tem sentido a vida humana. Que o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizandos ambos pela realidade, portanto, na intercomunicação. Por isso, o pensar daquele não pode ser um pensar para estes nem a estes imposto. Daí que não deva ser um pensar no isolamento, na torre de marfim, mas na e pela comunicação, em torno, repitamos, de uma realidade.

Essa demanda precisa ser contemplada com estratégias que venham ao encontro de seu

cotidiano, numa perspectiva diferenciada, adequando o conteúdo ao desejo do seu saber.

Podemos ressaltar o exemplo de um aluno oriundo do meio rural habituado a fazer cálculo de

área para trabalhar no conjunto ou então um comerciante que venha praticar cálculo de

porcentagem ou lucro.

Estas situações do ensino-aprendizagem da matemática permitem levar os alunos à

construção de significados realizados conscientemente, prazerosamente, porque vêm ao

encontro das necessidades vivenciadas pelo aprendiz. Continuando a refletir sobre a

aprendizagem do adulto, na visão de as Diretrizes Nacionais da Educação de Jovens e Adultos

elaboradas em 1994 referem que

esta educação permite a compreensão da vida moderna em seus diferentes aspectos e o posicionamento crítico do indivíduo face à sua realidade. Deve, ainda, propiciar o acesso ao conhecimento socialmente produzido que é patrimônio da humanidade ( GADOTTI; ROMÃO, 2005, p.120).

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Assim, o ensino da matemática vem ao encontro do foco de interesse do aluno, mas

por outro lado sofre a resistência das estruturas do sistema de educação e das práticas

escolares tradicionais.

A educação tradicional não está calcada no interesse do educando, porém o ensino da

EJA necessita desse diferencial pedagógico na disciplina de matemática. Essa perspectiva nos

induz a uma responsabilidade maior por trabalhar competências cognitivas em uma idade

avançada, por isso necessita de um redimensionamento do ensinar matemática e selecionar

conteúdos passando por uma aprendizagem motivada, considerando os fatores determinantes

e as condições cognitivas desses sujeitos.

Tem se observado que a aprendizagem matemática possui traços muito próprios da

relação do aprendiz adulto com a prática de atividades matemáticas nas escolas que atuam

nesta modalidade de ensino.

Sobre esta perspectiva é importante que o professor que atua na EJA tenha uma

formação adequada, tenha capacidade de garimpar e construir uma investigação, ou seja, uma

proposta pedagógica responsável que o habilite a buscar alternativas, promover adaptações,

criar e construir dinâmicas dentro de um propósito pedagógico no ensino-aprendizagem da

matemática. Cabe, então, à escola como um todo, incentivar esses anseios dos alunos,

apresentando um espaço onde suas expectativas possam se concretizar (SIMÕES, 2005).

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4 A PESQUISA

Diante da proposta de verificar as dificuldades encontradas pelos alunos da EJA do

município de Campinas do Sul em aprender matemática, conhecer as instituições e como a

disciplina é trabalhada nesta modalidade de ensino, se fez necessário realizar uma pesquisa de

campo. A pesquisa teve, também, como objetivos caracterizar a EJA no município; verificar a

motivação, o sentido e o significado que alunos atribuem ao aprendizado dos conteúdos

matemáticos na EJA; identificar os conteúdos ditos como difíceis de aprender; e identificar os

fatores causadores das dificuldades de aprendizagem na matemática neste modelo de ensino.

Para tal, a pesquisa foi realizada por meio de entrevistas gravadas e posteriormente transcritas.

Foram entrevistados 12 (doze) alunos, sendo 6 (seis) das séries finais do Ensino

Fundamental (totalidades 7, 8, 9, referentes à 6ª, 7ª e 8ª séries), 6 (seis) do Ensino Médio

(totalidades 1, 2, 3 referentes a 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio); a vice-diretora da Escola

Geny Telles Colpani e o diretor do Instituto Estadual João XXIII. O critério de seleção para as

entrevistas foi a idade, ou seja, foram entrevistados os seis alunos de maior idade (adulto) e os

seis de menor idade (mais jovem) de cada uma das totalidades.

Neste trabalho os alunos entrevistados serão identificados por letras iniciais

A(adultos), J(jovens) números correspondentes às escolas, (E1 , E2) às totalidades da EJA e

aos alunos, como por exemplo, E1, T7, J1, sendo:

E1 – Escola Estadual Geny Telles Colpani

E2 – Instituto Estadual João XXIII

T7 – aluno da totalidade 7 – Ensino Fundamental

T8 – aluno da totalidade 8 – Ensino Fundamental

T9 – aluno da totalidade 9 – Ensino Fundamental

T1 – aluno da totalidade 1 – Ensino Médio

T2 – aluno da totalidade 2 – Ensino Médio

T3 – aluno da totalidade 3 – Ensino Médio

J – aluno jovem

A – aluno adulto

Assim, a identificação corresponde ao aluno1 da Escola1, totalidade 7, jovem.

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4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1.1 EJA NO MUNICIPIO DE CAMPINAS DO SUL

A seguir apresentamos os dados coletados nas entrevistas, organizados a partir dos

seguintes tópicos: tempo de freqüência na EJA, razões da opção pela EJA, matéria mais

difícil, processo ensino-aprendizagem compreendendo dificuldades em aprender matemática,

método do professor e relação com os colegas.

4.1.2 Tempo de freqüência na EJA

Dos seis alunos do Ensino Fundamental entrevistados, 4 (quatro) freqüentam a EJA há

menos de um ano. Dos entrevistados do Ensino Médio apenas 1 (um) freqüenta há menos de

um ano e é um aluno jovem.

São minoria os alunos adultos que freqüentam a EJA há mais de um ano nas

totalidades que compreendem o Ensino Fundamental.

O fato de serem na maioria jovens os alunos que freqüentam as totalidades do Ensino

Fundamental é explicado pela direção da EJA:

[...] Hoje a gente trabalha com aquele aluno que ficou, não é que está fora da sala de

aula, mas aquele aluno que ficou, que vai ficando, reprovando, evadindo, e quando atinge os

15 (quinze) anos de idade ele acaba vindo pra EJA. [...]

Porém, são os alunos adultos que freqüentam há mais tempo as totalidades do Ensino

Médio. Isso se dá pelo fato que já cursaram o Ensino Fundamental na EJA, nas escolas

pesquisadas.

Segundo Brunel (2004, p. 19),

a falta constante de professores na escola pública, a carência evidenciada nas condições físicas de muitas de nossas escolas, bem como de material didático-pedagógico são alguns exemplos. Não podemos esquecer, também, os aspectos políticos e legais, [...]. Eles facilitam o ingresso dos alunos, cada vez mais cedo nesta modalidade, pois do ponto de vista legal houve um rebaixamento na idade mínima para o seu ingresso.

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Conforme o autor este rebaixamento de idade é um dos motivos para a diferença entre o

ensino regular e a EJA. E outros fatores relevantes contribuem para esta diferença.

4.1.3 Razões da opção pela EJA

Os alunos das totalidades 6, 7 e 8 do Ensino Fundamental alegaram freqüentar a EJA

por ser mais fácil, ou seja, por não exigir tanto quanto a escola regular.

Eu acho que é mais fácil, porque não tem tanta prova, o conteúdo é mais prático, é

melhor, porque eu trabalho, é menos hora de aula também. J2, E2, T2:

Outra razão pela qual freqüentam a EJA é o trabalho, motivo alegado tanto por alunos

do Fundamental quanto do Ensino Médio.

Bom, em primeiro lugar é que eu quero me esforçar mais nas aulas, aprender mais e

mais tarde talvez, quem sabe, atuar em algum emprego, né, ter uma base fácil para aprender

e ter bastante serviço e progredir na vida e crescer. J3, E1, T8

O trabalho, que nem eu trabalho no mercado, eu saio às sete da noite, e eu chegava

atrasado no colégio e não conseguia acompanha o conteúdo, aí vim pra EJA, e pra mim é

vantagem. A3, E2, T3.

A busca pelo emprego ou pela qualificação profissional é uma forte motivação para a

freqüência à escola apesar do pouco tempo disponível para o estudo. Como diz Mortari,

[...] nesse novo contexto, conhecimento e informação passaram a ser matéria prima para a integração dos indivíduos nas diferentes funções sociais e para um bom desempenho profissional. [...]. O ciclo de renovação do conhecimento, cada vez mais curto dentro das profissões, e a necessidade de mudança de profissão na vida de muitas pessoas fazem com que os saberes estáveis se tornem obsoletos e se busque a aprendizagem permanente, pelo acesso contínuo ao conhecimento. [...] (apud DANYLUK, 2001, p. 89).

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Os alunos reconhecem a importância da escolarização para conseguir um emprego,

mais do que para a qualificação permanente para o trabalho.

A falta de oportunidade também é motivo que leva os alunos a freqüentarem a EJA.

Quando eu era nova, eu não tinha como estudar, né. Eu parei na 5ª série e daí como

eu vim da colônia pra cidade achei interessante voltar a estudar né, pra ver se a vida muda

um pouco. A3, E1, T9:

É uma oportunidade melhor que surgiu, eu estava atrasado nos estudos. Daí eu

pensei: melhor fazer a EJA. J3, E2, T3:

A oportunidade de voltar a estudar e a possibilidade de um emprego melhor também é

referida por Brunel (2004, p. 48)

[...] o objetivo maior era recuperar o tempo perdido, pois muitos deles tinham parado há muito tempo de estudar. A conclusão do ensino fundamental ou médio abria portas para um emprego melhor ou a oportunidade de promoção no seu emprego. Voltar à escola regular para muitos era difícil, a vantagem maior era a conclusão dos estudos num curto espaço de tempo, o que só a EJA permitiria.

A idade também leva à procura da EJA, como se observa na fala do aluno transcrita a

seguir:

Porque eu não tenho mais idade pra fazer um normal; tipo no meu tempo, não me dá

tempo, daí eu faço o EJA, para conseguir um serviço, que precisa. J1, E2, T1:

A maioria dos alunos mais velhos tem como justificativa para freqüentar a EJA a falta

de oportunidade na época que tinham idade para cursar o ensino regular. Até foi por esse

motivo que surgiu a EJA, para oportunizar às pessoas com necessidade de concluir seus

estudos e até aprender a ler e a escrever. Segundo as direções das escolas entrevistadas, os

alunos que iniciaram a EJA quando ela foi implantada no município eram alunos adultos que

realmente ficaram fora da escola por algum motivo, e que retornaram com muita vontade de

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aprender e seguir adiante, concluir os estudos. É importante salientar aqui a necessidade de a

EJA respeitar e acolher estes alunos, respeitando suas características, como diz Bail.Se os Jovens e Adultos encontrarem a sala de aula, no seu retorno à escola, como um espaço organizado e desenvolvido de maneira diferente daquele de sua época normal de escola, mostra que essa escola respeita sua idade, suas experiências e trajetórias vividas (2002, p. 81)

A reprovação não foi citada como causa da opção pela EJA dos alunos do Ensino

Fundamental entrevistados. A direção da E1 afirma que o ensino fundamental é constituído

por alunos jovens (a maioria) por não conseguirem concluir no ensino regular seus estudos

porque foram reprovando, evadindo, esperando a idade para freqüentar a EJA.

Já segundo a direção da E2 o motivo do aumento de jovens na EJA não é devido

apenas aos alunos:

[...] nós temos jovens que “entre aspas” que fracassaram no ensino médio por um

motivo ou por outro ou, de repente, também, culpa nossa, nós professores, eu também me

coloco na verdade, não tiro, digamos assim, a minha culpa como direção, como professor,

não dá pra culpar esses jovens, [...].

Brunel (2004, p. 21) também refere a importância de a EJA acolher e reconhecer as

características destes alunos.

Reconhecer que esses jovens possuem capacidades individuais e criativas faz com que eles adquiram novamente um sentimento de pertença ao espaço escolar [...]. A sociedade, a mídia e, muitas vezes, a própria comunidade escolar impõe rótulos negativos a estes alunos, aqui identificados por jovens que não lograram concluir seus estudos nos padrões definidos pela escola regular.

Em tempos de modernidade, competitividade, a sociedade considera mais relevante o

ensino regular do que a EJA, considerando a dissiparidade de idade dos alunos, sendo que

muitas vezes são os memsos rotulados como alunos sem interesse, com problemas ou até

mesmo com desmotivação. Como diz Brunel (2004), de certa forma suas capacidades

individuais e criativas fazem com que eles voltem a pertencer ao espaço escolar e à sociedade

atual.

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4.1.4 Matéria mais difícil

A maioria dos alunos entrevistados, tanto jovens quanto adultos, tanto do Ensino

Fundamental como do Ensino Médio, têm a matemática como a matéria mais difícil. Citam

como causa das dificuldades o fato de envolver cálculos, exigir o pensar, “letras” nos cálculos

(operações algébricas) e a idade avançada.

[...] acho a matemática mais difícil porque envolve conta e tem que ficar mais

pensando; não é que não consigo prestar atenção, é que não consigo gravar muito bem as

contas. J3, E2, T3:

[...] E a mais difícil é a matemática. Porque enquanto eu era bem mais nova, era criança

ainda, eu estudei só as quatro operações e daí era tudo diferente, não tinha esse x,y e tanta

coisa e a gente se confunde muito agora com isso. Então pra mim é um pouco difícil, mas eu

to entendendo bem A2, E2, T2:

A matemática sempre foi uma disciplina considerada difícil para alunos de todas as

idades, escolas e modalidades de ensino. Na EJA não é diferente, a preocupação em aprender

e entender a matemática é inevitável. No entanto, muitas vezes,

[...] o conhecimento que o aluno traz consigo, seu conhecimento informal sobre Matemática, não é levado em consideração quando se planejam e acontecem as aulas. Daí o aluno se sente desestimulado. O tratamento que é dado ao conhecimento nas aulas de Matemática é sem contexto, e a própria dinâmica no desenvolvimento das aulas parecem também contribuir para que o aluno se sinta um alienado (BAIL, 2002, p. 78).

4.1.5 Processo ensino-aprendizagem

a) Dificuldades em aprender matemática

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Segundo a pesquisa, 50% dos alunos entrevistados, a maioria da E2, afirmam que a

dificuldade em aprender matemática está na maneira de o professor explicar.

O conteúdo é complicado, e o professor não explica direito. J3, E2, T3

A maneira do professor explicar. A2, E2, T2

Os alunos acreditam que aprendem em conseqüência da explicação do professor. No

entanto,

Não é pela transmissão de conhecimentos científicos considerados como ´verdades´ prontas, como representações teóricas elaboradas por “outros” que se deve ensinar. Hoje é necessária a criação de mentes descobridoras e criativas, que não se sujeitem apenas a aceitar e repetir o que lhes é transmitido. Necessita-se, em sala de aula, de uma nova postura do professor. As experiências que os alunos trazem de sua história de vida, de seu trabalho e as habilidades adquiridas necessitam ser exploradas, vistas, identificadas (BAIL, 2002, p.47).

Atualmente sabemos que não se aprende matemática pela transmissão do

conhecimento, mas pela ação reflexiva do sujeito, ação esta que requer interação entre este e o

objeto do conhecimento, o que exige uma postura ativa e não passiva. A matemática, no

entanto, ainda é ensinada pela explicação do conteúdo pelo professor. Acredita-se, também,

que para aprender é necessário prestar atenção, concentrar-se ao máximo nas explicações.

Portanto, 50% da culpa pela dificuldade não é do professor, mas da falta de concentração.

Alguns dizem entender a matemática e não compreender outra disciplina, pelo fato de

a mesma exigir muito mais concentração que as demais.

Para mim ela é fácil, na verdade encontro dificuldades no Português, mas matemática

para mim é fácil, sei lá porque, talvez por ela fazer parte do meu dia-a-dia, por eu ocupar

bastante ela. A2, E1, T8

Nada, depende do esforço de cada um. A1, E1, T7

Acho a matemática difícil, sei lá, por ela exigir concentração e além de tudo tem que

gravar, isso para mim é difícil. A3, E1, T9

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Talvez por ela exigir concentração, talvez que não seja problemas no conteúdo, mas

sim na concentração. J1, E2, T1

Na opinião dos alunos entrevistados a aprendizagem acontece relacionada à atenção,

ao método utilizado pelo professor, às conversas paralelas e à dedicação e esforço pessoal.

A concentração na sala de aula, principalmente na hora em que o professor está

explicando, e o esforço, a dedicação de cada um. J1, E1, T7

Para os jovens do Ensino Fundamental, o que atrapalha a aprendizagem é a própria

falta de concentração e atenção. Para os adultos que voltaram a estudar a dificuldade está no

próprio conteúdo que, para eles, apresenta-se mais complicado e complexo. Neste sentido

buscam apoio nos jovens, que, ao seu ver, têm mais facilidade de aprender.

Redução de conversa na sala de aula, o jeito que o professor tem de nos repassar as

informações, e para mim, que sou mais novo, e estudo com pessoas mais velhas do que eu,

vale muito a convivência, o companheirismo... a gente aprende muito com eles. J2, E2, T2

A conversa na sala de aula, às vezes os colegas acabam conversando demais e

acabam prejudicando as aulas. A3, E2, T3

Percebemos, no entanto, que para os alunos mais jovens que freqüentam o Ensino

Médio da EJA, o que mais influencia na aprendizagem são os métodos utilizados pelos

professores e para os alunos mais velhos a conversa atrapalha a concentração e,

conseqüentemente, o entendimento e a compreensão do conteúdo.

b) Método do professor

Para os alunos entrevistados o método do professor é um fator muito importante e

significativo para o processo de ensino-aprendizagem e é o que mais influencia no

entendimento do conteúdo, principalmente nos conteúdos matemáticos.

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É o jeito do professor ensinar, se ele explicar bem o conteúdo, rever e explicar

novamente pra quem não entendeu, até gravar bem, mudando o método de ensino dá pra

entender bem. J3, E1, T8

O professor tem diversas maneiras de explicar, o lado mais fácil e o mais difícil, acho

que se ele mudasse seu jeito, eu entenderia melhor. A1, E2, T1

Ah! Sim, seria muito bom, até eu pedi, coloca só um pontinho ali quando é “vezes”

que coloque um “x”, porque não sei o que está significando. A2, E2, T2

Os alunos em geral pedem explicações mais detalhadas e repetidas dos professores.

Segundo a direção da E2, está faltando hoje a preparação, o tempo de estudos que no início os

professores da EJA tinham para a preparação, para a discussão das aulas, da necessidade dos

alunos, enfim, para esclarecer e procurar soluções para problemas encontrados no processo de

ensino-aprendizagem.

[...] Então esses encontros não são mais realizados e aí então eu acho que há, se peca

muito por isso, se deixa de fazer trabalhos, se deixa de fazer projetos, não se conversa mais

com o andamento dos alunos, das turmas, então eu acredito que a EJA, perdeu bastante neste

sentido, por não ter mais essas quatro horas de planejamento. E aí se planejava de verdade.

Como já se discutiu nas seções anteriores, a preparação dos professores que atuam

nesta modalidade de ensino não é específica e isso pode, sim, prejudicar e dificultar o

entendimento do aluno e até a “vida” do professor. Este precisa dedicar-se em preparar uma

aula atraente e interessante para um público diferente, sem material específico para tal.

Segundo estudos, o conteúdo é adaptado para ser repassado para este público e para esta

modalidade de ensino que é concluída em menos tempo que o ensino regular.

Como diz a Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos (BRASIL, 2002,

p.13), poucos são os materiais pedagógicos produzidos especificamente para EJA, o que pode

ser outra dificuldade dos professores.

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c) Relação com os colegas

A maioria dos jovens, tanto da E1, quanto da E2, não têm nenhuma reclamação em

relação aos colegas mais velhos. Segundo eles, o relacionamento é muito bom, e até ajuda na

aprendizagem.

Nada, não atrapalha em nada. J1, E1, T7

Para os jovens do Ensino Fundamental da EJA, a convivência com os adultos lhes

proporciona uma visão mais prática da vida, dando significado aos conteúdos aprendidos.

Outra questão importante nesta relação entre jovens e adultos é o resgate de valores, como o

respeito, repassados dos mais velhos para os mais jovens.

Um pouco dificulta, porque distrai, conversa, mas não tanto, mas tenho um bom

companheirismo com meus colegas, eles são mais velhos do que eu, aprendo muito com eles,

tanto de vida, quanto de conteúdo, é muito bom. J1, E1, T7

É ótima. J1, E2, T1

Para os jovens do Ensino Médio da EJA, os adultos relacionam aos conteúdos suas

experiências de vida, resgatando valores resignificando novamente sua estada nos bancos

escolares.

Para alguns adultos a conversa e a bagunça atrapalham, e são os jovens que perturbam

o tempo todo.

A tem sido... Aqueles que são mais novos são um terror! Esse que é o problema. Eles

não têm a idéia deles de vir para sala de aula e estudar. A idéia deles é bagunça, bagunça e

bagunça. Daí tem professor que vem pra dar aula e eles continuam a incomodar, aí o período

acaba e o professor não explicou nada, e que a gente não escreveu nada, [...] acho que esses

mais novos não deveriam ser misturados com os mais velhos, a gente trabalha o dia inteiro e

vem pra estudar e eles vêm de noite pra incomodar, pois durante o dia eles não tem o que

fazer. A3, E1, T9

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A indignação deste aluno adulto da E1 reafirma o que nos diz a vice-diretora sobre a

perturbação dos alunos mais novos em sala de aula, a qual acrescenta:

[...] são alunos que são problemas do ensino regular, aí acabam vindo pra EJA pra

ver se concluem.

Os alunos adultos do Ensino Médio dizem ter uma ótima relação com os alunos mais

jovens, com os quais é possível a troca de experiências, de conhecimentos e de informações.

Segundo Ribeiro (2001, p. 41),

[...] a escola voltada à educação de jovens e adultos, portanto, é ao mesmo tempo um local de confronto de culturas (cujo maior efeito é, muitas vezes, uma espécie de “domesticação” dos membros dos grupos pouco ou não-escolarizados, no sentido de conformá-los a um padrão dominante de funcionamento intelectual) e, como qualquer situação de interação social, um local de encontro de singularidades.

A diversidade de opiniões encontrada nas posições de alunos e professores demonstra

o confronto de diferentes culturas e modos de pensar, como diz a autora acima citada.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A EJA é uma modalidade de ensino implantada para “somar” junto ao processo de

educação sistematizada. Com o intuito de alfabetizar jovens e adultos, qualificando-os para a

mão-de-obra, hoje, o ensino da EJA objetiva oportunizar o retorno de alguns adultos para a

sala de aula e a conclusão de estudos de jovens que não o fizeram no ensino regular.

Com base nos alunos que participaram da entrevista, verificamos que as dificuldades

encontradas nesta modalidade de ensino, a EJA, estão relacionadas à disciplina de

matemática, à relação entre os alunos mais velhos e os mais jovens e à preparação dos

professores, tanto no que se refere aos conteúdos aplicados, quanto à diferença de idade entre

eles.

Os alunos da EJA procuram esta modalidade de ensino buscando principalmente a

conclusão dos estudos para melhorar sua condição no mercado de trabalho, portanto, muitos

não se sentem motivados e não vêem significado quando o que é repassado pelos professores

não tem ligação com a vida prática que levam.

Apresentam, no entanto, maiores dificuldades nos conteúdos matemáticos, geralmente

quando envolvem “letras” (expressões algébricas), por não perceberem relação com a

realidade com a qual estão acostumados.

Cabe ressaltar que, apesar de algumas dificuldades relatadas, os alunos que

freqüentam a EJA acreditam que o conhecimento é adquirido pela troca de experiências e

valores, criando assim uma relação mais estreita entre a teoria e a prática, renovando a

esperança e abrindo caminhos para um futuro mais promissor.

Ao identificar alguns problemas e dificuldades sentidas pelos alunos nas aulas de

matemática na EJA, conseqüentemente, identificar aspectos que precisam ser melhorados no

que diz respeito a esta modalidade, esta pesquisa poderá contribuir na busca de alternativas

para qualificar o ensino da matemática, uma vez que evidenciará indicadores para a melhoria

do ensino e, conseqüentemente, da aprendizagem da disciplina.

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REFERÊNCIAS

BAIL, Viviane Schumacher. Educação matemática de jovens e adultos: trabalho e inclusão. Florianópolis: Insular, 2002.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer n° 5/97. Aborda a questão da denominação”Educação de Jovens e Adultos e Ensino Supletivo”....

______. Conselho Nacional de Educação. Parecer n° 11/2000. Coloca a EJA nas Diretrizes Nacionais.

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

______. Lei n° 9.394. Institui as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. República Federativa do Brasil, Brasília, DF.

______. Lei n° 10.172. Cria o Plano Nacional de Educação da EJA. República Federativa do Brasil, Brasília DF.

______. Ministério da Educação. Secretária de Educação Fundamental. Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos: segundo segmento do ensino fundamental: 5ª a 8ª série: introdução, 2002.

BRUNEL, Carmen. Jovens cada vez mais jovens na educação de jovens e adultos. Porto Alegre: Mediação, 2004.

DANYLUK, Ocsana Sônia. Educação de adultos: ampliando horizontes de conhecimento. Porto Alegre: Sulina, 2001.

DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez /MEC/UNESCO, 1998.

FONSECA, Maria da Conceição Ferreira Reis. Educação matemática de jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

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FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

______. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2001.

GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E.(Orgs.). Educação de jovens e adultos: teoria, prática e proposta. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

MOLL, Jaqueline. Dos campos de ausência e dos espaços de silêncio: elementos para compreender o ensino fundamental de jovens e adultos no Brasil. Espaço pedagógico, Passo Fundo, v. 6, n. 2, p.13-25, 1999.

RIBEIRO, Vera Masagão (Org.). Educação de jovens e adultos: novos leitores, novas leituras. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de leitura do Brasil – ALB. São Paulo: Ação Educativa, 2001.

RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual de Educação. Parecer 774/99. Disciplina a EJA no Sistema Estadual de Ensino.

SIMÕES, Alexandre Pereira. Os sons da vila: leitura crítica da realidade. In: MOLL, Jaqueline. (Org.). Educação de Jovens e Adultos. Porto Alegre: Mediação, 2005.

VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Pires de. Conceitos de educação em Paulo Freire. São Paulo: Petrópolis, 2006.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - ENTREVISTA COM OS ALUNOS

1- Há quanto tempo você freqüenta a EJA?

2- O que o levou a optar por esta modalidade de ensino?

3- Qual a matéria mais difícil? E a mais fácil? Por quê?

4- E a matemática? Como você se sente em relação a ela?

Caso relate não ter dificuldades com a matemática:

5- Em sua opinião, o que faz com que você aprenda com facilidade?

6- Em sua opinião, o que pode dificultar a aprendizagem da matemática?

Caso relate sentir dificuldades:

7- Por que ela é difícil de aprender?

8- Quais as dificuldades que você encontra?

- conteúdos

- método de ensino

- jeito do professor

- relação com os colegas

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APÊNDICE B - ENTREVISTA COM AS DIREÇÕES

1- Desde quando funciona a EJA na escola?

2- Como começou? Qual era a demanda?

3- Como está hoje?

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APÊNDICE C-TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa: As

dificuldades para aprender matemática na Educação de Jovens e Adultos, no município de

Campinas do Sul – RS, relativa à monografia de conclusão de curso de Matemática da acadêmica

Clarice Fátima de Oliveira Araldi, orientada pela Professora Neila Tonin Agranionih. Os objetivos

da pesquisa são; verificar as dificuldades encontradas pelos alunos em aprender matemática na

EJA, identificar alguns problemas e dificuldades existentes no ensino da matemática na EJA bem

como aspectos que podem ser melhorados nessa modalidade de ensino, buscando alternativas para

que o ensino de matemática se torne mais dinâmico e compreensível para os alunos. A coleta dos

dados será realizada através de entrevistas a serem realizadas com diretores e alunos nas escolas

do município, no período e data a serem previamente agendadas. As entrevistas serão gravadas em

áudio e posteriormente transcritas para análise.

Você será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você é livre

para recusar-se a participar, retirar ser consentimento ou interromper a participação a qualquer

momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer

penalidade ou perda de benefícios.

O (s) pesquisador (s) irá (ao) tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo.

Seu nome ou o material que indique a sua participação não será revelado em nenhuma publicação

que possa resultar deste estudo. Nenhum dano afetará o seu desempenho escolar. Os resultados

da pesquisa estarão a sua disposição serão guardados pela pesquisadora por um prazo de três anos.

A qualquer momento você poderá solicitar novas informações pelos telefones abaixo

relacionados: Clarice Fátima de Oliveira Araldi: (54) 3613 – 3183

Professora orientadora: Neila Tonin Agranionih: (54) 3520 -9000.

Declaro que concordo em participar desse estudo e que recebi uma cópia deste Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas

dúvidas.

__________________________________________________________________Nome Assinatura do participante Data

_________________________________________________________________

Nome Assinatura do pesquisador Data

_________________________________________________________________

Nome Assinatura da testemunha Data

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APÊNDICE D- AUTORIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

O presente documento tem como objetivo autorizar a acadêmica Clarice De Oliveira

Araldi a realizar os procedimentos necessários referentes à monografia de conclusão do Curso

de Matemática da URI- Campus de Erechim, intitulada “As dificuldades encontradas pelos

alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em aprender matemática”, orientada pela

professora Neila Tonin Agranionih da mesma instituição.

Estou ciente de que não haverá riscos aos alunos e de que as entrevistas realizadas

poderão contribuir para seu desenvolvimento.

Fui informado de que serão realizadas entrevistas com um grupo de alunos durante o

horário de aula, onde responderão algumas perguntas que serão gravadas, ficando a

pesquisadora responsável por guardar as gravações que serão inutilizadas após três anos da

defesa da monografia. Estou ciente de que em parte alguma do trabalho impresso, nem na

defesa da monografia, os nomes e as vozes dos jovens e adultos serão revelados.

A direção da Escola poderá ser freqüentemente informada quanto ao andamento e as

informações contidas nos protocolos, bem como dos resultados da pesquisa, se assim o

desejar, pelo fone da pesquisadora 0XX(54)3613-3183 e pelo fone do Comitê de Ética em

Pesquisa 0XX(54) 3520-9000- R.9191.

No momento da entrega desta autorização, a Escola recebe uma cópia do projeto que

foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da URI- Campus de Erechim.

Sou livre para recusar-me a participar, retirar meu consentimento ou interromper a

participação a qualquer momento. Minha participação é voluntária e a recusa em participar

não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios.

Direção da Escola:..........................................................................................................

Local/ Data:....................................................................................................................

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