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Reencontrando Mundos: do Sertão à Amazônia, da Amazônia ao Sertão

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Produção de documentário, média metragem, com a duração de 40 minutos, e de um ensaio fotográfico, que abordarão a história da migração nordestina para a Amazônia e a memória social dos moradores atuais do Rio Bagé e seus vínculos, no período entre julho de 2008 a fevereiro de 2010.

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Reencontrando Mundos: do Sertão à Amazônia, da Amazônia ao Sertão

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Há pouco mais de cem anos atrás trabalhadores do sertão árido do nordeste brasileiro abandonaram suas casas para tentar a sorte em uma terra desconhecida, inóspita, diferente de tudo a que estavam acostumados.

Migraram em grande número para as cabeceiras mais longínquas da bacia amazônica, terra desconhecida sobre a qual muito pouco sabiam. Multidões de jovens trabalhadores se dirigiram do sertão para capitais como Fortaleza, no Ceará, e de lá embarcaram para onde estaria a riqueza: a Amazônia da borracha.

Boa parte de seus descendentes ainda habitam regiões isoladas da floresta amazônica, sem que, nesses 100 anos, qualquer contato tenha sido estabelecido com suas famílias na terra de origem. Na era da tecnologia da comunicação, não dispõem de telefone ou de energia elétrica e têm acesso limitado a informações e conhecimentos, sem que haja qualquer perspectiva de mudança, mesmo a longo prazo.

Por outro lado, nas comunidades que se formaram, se desenvolveu uma cultura própria e seus habitantes, em muitos casos, vivem em equilíbrio com a natureza, como os protagonistas de nossa história, residentes da Reserva Extrativista do Alto Juruá, no oeste acreano. O que é uma reserva extrativista? É uma area de proteção ambiental tradicionalmente habitada, onde os moradores protegem a floresta e usufruem dela de forma sustentável.

Introdução

Reencontrando Mundos: do Sertão à Amazônia, da Amazônia ao Sertão

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Nosso documentário pretende dar visibilidade a essa comunidade, para que seja reconhecida e respeitada. Além disso, visamos um impacto na auto-estima dessa população, já que trabalharemos com aspectos de sua identidade e de suas tradições. Juntamente com dois moradores da Reserva, pretendemos empreender e documentar uma viagem do Acre ao sertão do Ceará, utilizando a tecnologia audiovisual para estabeler uma nova conexão com a terra de origem. Eliodoro e Raimundo Farias Ramos, seringueiros que nos acompanharão nessa jornada, também filmarão, utilizando por exemplo a tecnologia de vídeo disponível em aparelhos de telefonia celular. Desta forma, registrarão seus próprios pontos de vista sobre o processo de descoberta e retorno às origens.

Idealizamos o projeto de forma que seus produtos finais, vídeo e fotografias, sejam também disponibilizados para os moradores da Reserva em suas escolas e centros comunitários. Atentamos para os possíveis frutos oriundos das discussões e questionamentos gerados pelas projeções e imagens, tanto no que diz respeito à identidade da comunidade, como quanto ao universo que está além de seu alcance, já que a telecomunicação é inviável naquele local.

Nosso vídeo-documentário seria o primeiro tijolo de um projeto que pode se expandir no futuro, com a possibilidade de ensinar os moradores da Reserva a produzir suas próprias imagens e documentários.

Para um intercâmbio com outras regiões do Brasil e além, por que não, visto que a linguagem visual rompe barreiras linguísticas. Com isso, o isolamento histórico seria parcialmente superado sem comprometer a vida na floresta.

O presente projeto alia apropriação tecnológica aos enfoques artístico e cultural, além de preocupação social e com o meio-ambiente.

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Dona Maria Nazaré da Cunha nasceu na seringa Bagé (Acre), filha de migrantes cearenses que chegaram à região para trabalhar na seringa em 1907. Cresceu, casou-se e constituiu família. Do Ceará de seus pais só conhece as histórias contadas por eles e outros migrantes.

Há cinquenta e seis anos nasceu seu filho Eliodoro nas margens do igarapé Pavilhão, afluente do Bagé. Com três meses de vida, Eliodoro adoeceu gravemente. Durante um ano Dona Nazaré lutou contra a doença recorrendo aos raros médicos que apareciam na região e utilizando plantas medicinais da mata, mas a saúde de seu filho só piorava. Ela resolveu então recorrer aos santos para salvá-lo. Da origem sertaneja de seus pais, herdara histórias sobre o Santo milagreiro da cidade de Canindé, no interior do Ceará. Dona Nazaré fez então uma promessa a São Francisco das Chagas do Canindé para salvar a vida de Eliodoro. Após alguns dias, o menino começou a melhorar.

Desde então, há cinquenta e seis anos, no dia quatro de outubro, dia do Santo, Dona Nazaré reúne suas economias e forças para oferecer um banquete para todas as pessoas que chegarem à sua casa. Hoje uma tradicão local, a fama da promessa e da festa de Dona Nazaré foram se expandindo ano a ano, a obrigando a fazer um banquete cada vez maior, pois a cada ano são mais pessoas que chegam das localidades próximas. Dona Nazaré só deixará de fazer seu banquete de quatro de outubro quando seu filho Eliodoro for à cidade de Canindé, no Ceará, para agradecer ao santo pela cura obtida há tantos anos.

Como antropólogo, Augusto Postigo realizou pesquisas que totalizam um ano de trabalho de campo na Reserva Extrativista do Alto Juruá, onde reside Dona Nazaré, período durante o qual conviveu intensamente com seus moradores. Ele idealizou o presente projeto a partir do pedido

A Promessa no Acre e a peregrinação ao Ceará

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feito por ela, para que viabilizasse a viagem e acompanhasse seus filhos Eliodoro e Raimundo Farias Ramos na peregrinação do Acre a Canindé, distante mais de 4000 km e importante centro de romarias no Ceará.

Pretendemos contar a história da promessa e acompanhar os irmãos na peregrinação, que revive, no sentido inverso, a saga de seus antepassados que migraram ao Acre. Esse retorno no espaço e no tempo à terra de origem, além do registro de depoimentos dos moradores mais antigos da comunidade, como Dona Nazaré, que tem 77 anos, podem ajudar a preencher lacunas na documentação histórico-social já existente, além de resgatar e divulgar a história do Acre a partir da perspectiva cultural, pouco explorada.

Canindé (Ceará) e Bagé (Acre): dois pontos do Brasil separados pela distância e por um século de história. Unidos pela cultura nordestina. As filmagens devem ocorrer entre setembro e dezembro de 2008. A criação de um site do Projeto, a montagem e finalização do documentário, o processamento e ampliações fotográficas serão realizados em 2009. A distribuição em 2010. Os resultados (vídeo e ensaio fotográfico) serão disponibilizados para as escolas localizadas na Reserva Extrativista do Alto Juruá (Acre), onde residem os protagonistas da história. Os produtos culturais serão disponibilizados na internet e gratuitamente em DVD para TVs educativas, fundações, museus e bibliotecas. O documentário será inscrito em festivais. Uma exposição fotográfica será exibida em cinco capitais de cada uma das regiões do País. Com a distribuição e divulgação dos produtos culturais do Projeto pretendemos contribuir para dar visibilidade ao modo de vida e história da população seringueira que vive nas florestas do oeste acreano. Esperamos também que o material produzido leve à reflexão sobre identidade, memória e imaginário, e sirva como subsídio para que a comunidade local avalie a importância da festa de Dona Nazaré, que tem meio século de tradição.

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Data prevista para início do projeto: 07/2008Data prevista para término do projeto: 2010

1) Pesquisa histórico-documental (jul-ago 08; jan-jul 09)Pesquisa em bases bibliográficas e, principalmente, iconográficas sobre a saga dos nordestinos

que migraram para a Amazônia no início do século XX para trabalhar nos seringais durante o boom da economia da borracha. Esse material será utilizado tanto para subsidiar historicamente o documentário quanto para compor, com imagens da época da grande migração, a trajetória percorrida por esses trabalhadores no começo do século XX.

2) Preparação da viagem (jul-ago 08)Aquisição de material permanente e de consumo, além de passagens dos locais de moradia

dos membros da equipe técnica até a colocação Seringueirinha, no Acre, onde reside Dona Nazaré.

3) Filmagens (set-dez 08)a) Documentação do modo de vida dos habitantes da Reserva.b) Documentação da festa de Dona Nazaré como parte da promessa a São Francisco das

Chagas do Canindé.

Cronograma

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c) Documentação da peregrinação de Eliodoro da floresta Amazônica, no Acre, até a Basílica de São Francisco das Chagas no Canindé, sertão do Ceará.

d) Registro da consumação da promessa em São Franscisco das Chagas do Canindé e estadia em Quixadá, município de origem da família dos protagonistas.

4) Finalização (jul-dez 2009)a) Edição e gravação de DVDs.b) Processamento e ampliações fotográficas.c) Criação de site do Projeto em parceria com a empresa de comunicaçãoAtual/CD.

5) Divulgação/Distribuição (2010)a) Distribuição gratuita do vídeo-documentário para associações, escolas,universidades, bibliotecas, centros de documentação e TVs educativas, além de enviopara festivais.b) Exposições fotográficas.c) Divulgação na mídia.

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As seguinte ações são previstas para a divulgação e distribuição dos produtos culturais:1) Criação de site com histórico, documentação fotográfica e vídeo disponíveis para download.2) Disponibilização gratuita de 100 cópias do documentário para associações, escolas,

universidades, bibliotecas e centros de documentação (entre outros, para a Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá, Universidade Federal do Acre, Fundação Joaquim Nabuco (PE), Biblioteca Latino-Americana do Memorial da América Latina (SP), Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (RJ), Centro de Documentação da Fundação Nacional de Arte, Museus da Imagem e do Som (AL, CE, SP, RJ)).

3) Inscrição do vídeo em festivais e concurso Pierre Verger da Associação Brasileira de Antropologia. A teledifusão será proposta para a DOCTV.

4) Exposição fotográfica itinerante que deverá percorrer as escolas da Reserva Extrativista do Alto Juruá e será proposta para a Prefeitura de Canindé (CE). Pela facilidade de transporte e adequação aos espaços físicos disponíveis, esta exposição deve ocorrer na forma de fotovarais. A exposição fotográfica será também apresentada em capitais de cada uma das regiões do País e inscrita em encontros de fotografia (tais como Salão de Fotografia da Bahia, FotoRio, Mês Internacional da Fotografia (SP), Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, Festival International du Photojournalisme de Perpignan (França). Com essas ações pretendemos atingir um público amplo e diversificado quanto a faixa etária, camada social e localização geográfica.

Plano de distribuição

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1) Isenção fiscal (Lei Rouanet).2) Promoção institucional. Veiculação das marcas das organizações e empresas patrocinadoras

em todos os produtos e peças gráficas referentes à mídia e divulgação;3) Fornecimento de exemplares dos produtos culturais produzidos às organizações e empresas

patrocinadoras. O percentual para os patrocinadores será de 10%;4) Do ponto de vista financeiro a empresa irá reaver 100% do valor investido. Do ponto de

vista mercadológico, a imagem institucional dessa empresa e a aceitação que ela tem junto ao seu público alvo são bastante trabalhados, o que contribui para a solidificação e perenização da empresa;

5) Diversificação do mix de comunicação das empresas para melhor atingir seu público; 6) Ao patrocinar um projeto cultural a empresa se diferencia das demais a partir do momento

em que toma para si determinados valores relativos ao projeto.7) Amplia a forma como se comunica com seu público alvo e mostra para a sociedade que não

está encastelada em torno da sua lucratividade e de seus negócios.

Benefícios da parceria

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Orçamento

1 Produção/Execução

2 Divulgação/Comercialização

SUB TOTAL DE PRODUÇÃO/EXECUÇÃO

SUB TOTAL DE DIVULGAÇÃO/COMERCIALIZAÇÃO

TOTAL DO PROJETO

Etapas Descrição das etapas Quanti-dade

Unidade Quantidade de unidades

Valor Unitário Total

FilmagemDiáriasAlimentaçãoTransporte Seringueirinha-CanindéTransporte Canindé-CampinasTransporte Canindé-SeringueirinhaTransporte Seringueirinha-Cruzeiro do SulTransporte Canindé-HelsinquiFinalizaçãoRevelaçãoContatoImpressãoEdiçãoCriação de Trilha MusicalCriação de DVDGravação e finalização de DVDCriação do Material gráfico

Criação de websiteImpressão de material gráficoCorreioTaxas de inscrição em festivaisMolduras

6662212

100100500

100

2000

100

DiáriasDiárias

24x30 cm

120 dias120 dias

10,0010,00

600,001.255,00125,00

1.030,00200,00

15,006,00

28,0075.600,0016.500,008.300,00

12,0011.400,00

6.500,005,00

1.500,001.000,00

53,00

7.200,007.200,001.200,002.510,00

250,002.060,00

400,00

1.500,00600,00

14.000,0076.600,0016.500,00

8.300,001.200,00

11.400,00

6.500,0010.000,00

1,500,001.000,005.300,00

R$ 175.220,00

R$ 150.920,00

R$ 24.300,00

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Andréa Vannucchi, fotografia, cinegrafia, direçãoFotógrafa autodidata. Em 1997 mudou-se para a França, onde trabalhou como fotojornalista; em 1998 foi finalista do concurso

Bourse du Talent, promovido pela Kodak Profissional da França. Reside desde 2001 na Finlândia, onde trabalha como fotógrafa free lance. Participou de exposições individuais e coletivas no Brasil (Museu da Imagem e do Som - RP, 2003), na Finlândia (Aurinkojuhla, exposição itinerante 2006-08; Ullakkogalleria, 2007; Centro Fotográfico Peri 2005; Sininen Talo 2002; Artfoto 2002) e na França (Glaz’art 2004, Sanscerre 1999, 17e Festival de l’Image du Mans 1998). Está atualmente finalizando um livro sobre arte e ecologia (www.aurinkojuhla.net) financiado pelo Ministério do Meio-Ambiente da Finlândia e por fundações culturais (Konstsamfundet, Kordelinin säätiö, Åbolands Svenska Kulturfonden, Taiteen keskustoimikunta, Varsinais-Suomen taidetoimikunta), projeto premiado em 2007 pelo Ministério da Educação da Finlândia. Outro projeto em desenvolvimento trata da construção artesanal de barcos e sua importância no modo de vida tradicional (www.soutuvene.aurinkojuhla.net). Está realizando ensaio fotográfico sobre a velhice, financiado pela Secretaria de Cultura do município onde reside para produção de DVD e material didático (julho 2007-08). Formação acadêmica: Mestre em Ensino de Ciências, USP (1997); Graduação em Física, USP (1993).

Augusto Postigo, pesquisa antropológica, roteiro e direçãoDoutorando em Antropologia Social, UNICAMP (desde 2003); Mestre em Antropologia Social, UNICAMP (2003); Graduação em

Ciências Sociais, com habilitação em Antropologia, UNICAMP (2000). Em 1998 foi pela primeira vez à Amazônia como membro da equipe UNICAMP, premiada naquele ano pelo trabalho no projeto Universidade Solidária. Nessa ocasião trabalhou no município de Iranduba (AM). Desde então tem participado de projetos de pesquisa e extensão na Reserva Extrativista do Alto Juruá. Essas pesquisas, coordenadas pelo Professor Mauro William Barbosa de Almeida (Departamento de Antropologia - UNICAMP), dizem respeito à formação de pesquisadores e produtores culturais locais entre os seringueiros dessa Reserva Extrativista. Paralelamente a estes projetos que envolvem diretamente a comunidade, realizou pesquisa de iniciação científica, mestrado e agora doutorado na mesma Reserva Extrativista, sempre financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). A pesquisa atual, desenvolvida durante o Doutorado que se encerra em março de 2008, trata especificamente da história da região do Rio Bagé, bacia pertencente à Reserva Extrativista do Alto Juruá. Finalizou em 2007, em co-autoria com o escritor-seringueiro Raimundo Farias Ramos, beneficiário do projeto de documentário que aqui propomos, um Atlas Histórico do Rio Bagé. Esta publicação foi financiada pelo órgão holandês South-South Exchange Programme for Research on the History of Development (SEPHIS). Também organizou e editou outras publicações de autoria

Equipe de produção

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dos moradores da Reserva, como Antologia de Escritores da Floresta I / Adelmar Rodrigues de Souza [et al.]; Organização de Augusto de Arruda Postigo et al. Campinas, SP: UNICAMP/IFCH/CERES, 2004. (Série Pesquisa e Monitoramento Participativo em Áreas de Conservação Gerenciadas por Populações Tradicionais; v.4) ISBN: 85-86572-15-2 e Histórias de um Matuto da Floresta / Raimundo Farias Ramos; Organização de Augusto de Arruda Postigo et al. Campinas, SP: UNICAMP/IFCH/CERES, 2004. (Série Pesquisa e Monitoramento Participativo em Áreas de Conservação Gerenciadas por Populações Tradicionais; v.3) ISBN: 85-86572-14-4.

Jussi Mattila, cinegrafiaEstudou Artes Plásticas e Marcenaria em seu país natal, a Finlândia. Trabalha como cinegrafista especializado em road movies,

tendo realizado recentemente documentário no Egito. Viajou diversas vezes pelo Brasil, inclusive pela região amazônica. Fala português fluentemente. Também constrói artesanalmente barcos de madeira.

Liliana Sanjurjo, pesquisa antropológica (entrevistas e história oral), pesquisa documental (iconografia de época)Mestre em Antropologia Social, UNICAMP (2007); Bacharel em Ciências Sociais, com Habilitação em Antropologia Social,

UNICAMP (2003). Cursou dois anos de jornalismo na PUC, onde se dedicou em especial à produção audiovisual. Em 1999 ingressou no curso de Graduação em Ciências Sociais na UNICAMP, especializando-se em Antropologia Social. Durante a graduação recebeu uma bolsa da Oresund Summer University para cursar o módulo "European Studies" na Malmö University (Suécia), no qual desenvolveu artigo sobre questões relacionadas às migrações. Recebeu bolsa de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para desenvolver seu mestrado em Antropologia Social, no qual abordou memória oral, identidade social e imaginário de migrantes a respeito de sua terra de origem. Desde 2002 é pesquisadora do Centro de Estudos de Migrações (CEMI) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP.

Raimundo Farias Ramos, o "Caboré", protagonista da história, guia e consultorRaimundo Farias Ramos não possui educação formal, contudo é escritor, poeta (ver anexo) e protagonista da história. Filho

de Dona Nazaré e irmão de Eliodoro, nasceu em 1950 na Vila Restauração, Alto Rio Tejo, Acre. Ainda jovem mudou-se com os pais para Seringueirinha (Rio Bagé), onde, desde cedo, exerceu a profissão de seringueiro e constituiu família. Em 2003 publicou o livro “Histórias de um matuto da Floresta”. Em colaboração com Augusto Postigo, desenvolveu pesquisa sobre os usos do território da bacia do rio Bagé por seus habitantes, a ser publicada em 2008. Referência: Histórias de um Matuto da Floresta / Raimundo Farias Ramos; Organização de Augusto de Arruda Postigo et al. Campinas, SP: UNICAMP/IFCH/CERES, 2004.

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http://www.vimeo.com/channels/anoya

Alexandre Barcelos de Aquino Ney, Edição e tratamento de imagensDesigner gráfico, fotógrafo, videomaker e músico. Atualmente desenvolve pesquisas sobre ótica

fotográfica e adaptadores de lentes 35mm para uso em filmadora digital na UFES – Universidade Federal do Espírito Santo. Desenvolveu projetos gráficos das bandas Antemic, Mukeka di Rato e Dead Fish. Direção de produção do livro “Tomos”, de Guilherme Aquino Ney. Dentre as produções de vídeo, estão “Paiol” selecionado no Festival Vitória Cine Video em 2008, “Mickey” da banda Mukeka di Rato, e Spectroman da Favela da banda Merda, exibidos na programação da MTV. Também possui conhecimento em sound design, gravação, mixagem e masterização de áudio.

Lorena Louzada Vervloet, ProduçãoProdutora cultural. Graduada em Publicidade e Propaganda com especialização em Comunicação

Empresarial e Eventos na UVV Universidade de Vila Velha. Organiza e coordena o SINERGIA - Festival Internacional de Cinema desde 2006 e atualmente também coordena o Festival de Artes Integradas Omelete Marginal desde 2008. Participou da produção de shows entre eles, Operadora OI, Tim, Curta Cinema _ Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro e de vídeos, entre eles videoclipe da banda Supercombo e vídeos institucionais da UVV – Universidade de Vila Velha. Atualmente produz a banda Fê Paschoal e outros projetos culturais.

Equipe de pós-produção - anoya vídeo independente

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Reinaldo Guedes, Edição e finalização.Designer Gráfico e Videomaker. Bacharel em design gráfico/programação visual pela UFES -

Universidade Federal do Espírito Santo, dirigiu vídeos como “Morfumo”, classificado para Mostra Desconstrução (ABD Capixaba/2008 e o Videoclipe “Passarim”, do músico Fê paschoal, exibido no 15º Vitória Cine Vídeo/2008. Atualmente trabalha com edição e pôs produção de documentários, curta e longa metragens.

Felipe Mattar, Edição e finalização.Designer Gráfico e vídeomaker. Bacharel em design gráfico/programação visual pela UFES

Universidade Federal do Espírito Santo, trabalha com produção independente de audiovisual há 3 anos, tendo desenvolvidos tanto projetos artísticos,como produtos comerciais. Organizador do DUCA - Design Universitário Capixaba Vitória/ES. Participou do 11º Festival Internacional de Cinema Universitário, com o vídeo “Vacina Contra o Mundo” Niterói/RJ em 2006, da II Mostra Produção Independente Transborda (ABD Capixaba), com os vídeos “TÔ” e “Procurando Juarez” Vitória/ES, da Mostra Desconstrução (ABD Capixaba), com o vídeo “EU MESMO” Vitória/ES e da 3º edição da Mostra Sinergia com o vídeo “Tv Expurga” uma coleânea de vídeos do Coletivo Expurgação. Foi oficineiro do 4º Rdesign - Encontro Regional de Estudantes de Design Vitória/ES, com a oficina “Vídeo, do roteiro à edição”, do 17º Ndesign - Encontro Nacional de Estudantes de Design Florianópolis/SC, com a oficina “Agitou, virou clipe” e em 2008 foi oficineiro do 6º Rdesign - Encontro Regional de Estudantes de Design Vila Velha/ES, com a oficina “Expurgando um cartaz”. Atualmente trabalha com efeitos visuais e trilha sonora para o curta metragem “O Milagre” de Luiza Lubiana.

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Onde vai a nossa féTudo será resolvidoDeus obrará milagresOuvirá nossos pedidos

Minha mãe fez uma promessaEla fez com muita féEm Deus e todos os santosE fez uma penitência aSão Francisco das Chagas,padroeiro em Canindé

O motivo da promessaFoi um filho que nasceuE com três meses de idadePor uma infelicidade ofilhinho adoeceu

Era na década de 50Morava no seringalLá sem nada de saúdeDeus e os santos nos ajudeAlguém que adoecesseFicando passando mal

Minha mãe ficou aflitaVendo seu filho doenteTodo remédio caseiroFoi feito rapidamente

O menino em pouco tempoFicou muito desnutridoParou até de mamarFicando baixo o gemidoMãe diz: não perco a féDe ver meu ente querido

Foram a vários curandeirosDos melhor da regiãoMas nada de encontrarUm remédio de sararDo corpo suas lesão

Nem curador, nem remédioLhe fazia melhorarO casal se conversavaQue jeito nós vamos darO pai logo entristecia

A mãe diz: não perdo a féDe ver meu filho escaparDias que até a mãequeria entristecerEste menino antes comiaAgora não quer mais comerSeja o que Deus quiserNão vou perder minha féE sempre lutar por você

Chegava até os compadresPara visitar o meninoDa comadre NazaréE do compadre Adelino

Benta e Milton PereiraMorava perto uma horaDizia: o filho da comadreterá alguma melhoraTerá alguma melhoraMílton, sábado vamos láDistrair mais a comadre,a noite nós conversar

Nazaré diz: comadre BentaNão sei mais o que fazerAnteontem eu vi a horaDesse menino morrer

Modo uma falta de fogoFicou meio aperreadoCom aquele choro curtoComo quem estivesse entaladoMesmo na hora da jantaSó comia uns dois bocadosSei que eu e o AntônioPassamos a noite acordado

Queria desse meninoSaber que doença é essaTudo que pude já fizVou fazer uma promessa

Me peguei com São FranciscoPara ele me ajudarSe meu filho ficar bomUma promessa pagarEu pedi a São Francisco

AnexoRaimundo Farias Ramos (Caboré) escreveu um cordel nordestino para contar a história da promessa de sua mãe e justificar este projeto:

“A cura pela fé”

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Se o meu filho escaparAssim que estiver adultoEle vai ao CearáNos pés de São FranciscoUma promessa pagar

Em poucos diasO menino começou a melhorarAbriu mais o apetiteComeçou a andarE com uma garrafada,feita pelo velho CrispimAcabou de se curar

Foi um ano de lutaCom este filho doenteE São Francisco me fezUm milagre de repenteFestejei no dia quatroMatei galinha e matei patoConvidei meus parente

Todo 4 de outubroEu teho que festejarRezo terço e dou almoçoPara todos que chegarAté quando o EliodoroPossa ir ao CanindéSua promessa pagar

E assim continueiTodos os anos rezandoFoi naquela redondezaA notícia se espalhandoEm cada ano mais genteA festa foi aumentando

Quando vai chagando a dataJá vou logo arrumandoPreparo muita comidaPara todos que vão chegandoÉ uma felicidadeTodo quatro de outubroEu estar comemorandoÉ dia de São FranciscoSanto muito poderosoNunca nego minha féA este santo milagrosoCom ele já fiz promessaCom ele já fui validoSão Francisco é generosoAtende os nossos pedidos

Tem gente que vem de longePara a minha casa rezarEu faço tudo que possoPara todo mundo agradarA todos vou convidandoE já vão me prometendoNo outro ano voltar

Aumenta mais minha féVer tanta gente chegandoUm altar improvisadoJá com devotos rezandoE assim nós passa o diaComemorando esta dataCom reza e comedoria

Até já me acostumeiPara mim não é sacrifícioFaço todas as homenagem e rezo para São FranciscoE assim todos igualRezam terço acende velaCom uma queima de fogosNeste dia especial

Obrigado São FranciscoMe proteja todos os diasEm todas as minhas oraçõesRezo por toda a famíliaE nas atribulações se tu tiver em perigoCom os poder de JesusE os milagres de São FranciscoVocê será socorrido

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