redirecionamento da execução fiscal

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Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 1.104.064 - RS (2008/0246946-0) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : BERMATEX COMÉRCIO E IMPORTAÇÃO TEXTIL LTDA ADVOGADO : PAULO LEOPOLDO DAHMER E OUTRO(S) ADVOGADA : ANDRÉIA MINUZZI FACCIN RECORRIDO : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADOR : OLGA ALINE ORLANDINI CAVALCANTE E OUTRO(S) EMENTA TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO PARA O SÓCIO-GERENTE. DISSOLUÇÃO IRREGULAR. MATÉRIA OBJETO DE RECURSO REPETITIVO. CERTIDÃO DE OFICIAL DE JUSTIÇA ATESTANDO A INEXISTÊNCIA DE FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE EXECUTADA NOS ENDEREÇOS INDICADOS. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO SÓCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA PATRIMONIAL DA SOCIEDADE. INOCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. A responsabilidade pessoal do sócio funda-se na regra de que o redirecionamento da execução fiscal e seus consectários legais, para o sócio-gerente da empresa, somente é cabível quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes, infração à lei ou contra o estatuto, ou na hipótese de dissolução irregular da empresa . (Resp 1101728/SP, sujeito ao regime previsto no art. 543-C do CPC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 23/03/2009) 2. "A certidão emitida pelo Oficial de Justiça atestando que a empresa devedora não mais funciona no endereço constante dos assentamentos da junta comercial é indício de dissolução irregular, apto a ensejar o redirecionamento da execução para o sócio-gerente, a este competindo, se for de sua vontade, comprovar não ter agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder, ou ainda, não ter havido a dissolução irregular da empresa ." (Precedentes: REsp 1144607/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/04/2010, DJe 29/04/2010; AgRg no Ag 1113154/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe 05/05/2010; AgRg no Ag 1229438/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 20/04/2010; REsp n.º 513.912/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de 01/08/2005) 3. In casu, nos autos, robustos indícios da ocorrência de dissolução irregular da empresa, consoante dessume-se das certidões do Oficial de Justiça, às fls. e-STJ 101 e 123, que diligenciou duas vezes, com o objetivo de localizar a empresa recorrente, verbis: Documento: 1026331 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 14/12/2010 Página 1 de 28

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Redirecionamento da Execução Fiscal

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  • Superior Tribunal de Justia

    RECURSO ESPECIAL N 1.104.064 - RS (2008/0246946-0) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUXRECORRENTE : BERMATEX COMRCIO E IMPORTAO TEXTIL LTDA ADVOGADO : PAULO LEOPOLDO DAHMER E OUTRO(S)ADVOGADA : ANDRIA MINUZZI FACCIN RECORRIDO : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADOR : OLGA ALINE ORLANDINI CAVALCANTE E OUTRO(S)

    EMENTA

    TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. REDIRECIONAMENTO PARA O SCIO-GERENTE. DISSOLUO IRREGULAR. MATRIA OBJETO DE RECURSO REPETITIVO. CERTIDO DE OFICIAL DE JUSTIA ATESTANDO A INEXISTNCIA DE FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE EXECUTADA NOS ENDEREOS INDICADOS. RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA DO SCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAO DA INSUFICINCIA PATRIMONIAL DA SOCIEDADE. INOCORRNCIA. VIOLAO DO ART. 535 DO CPC NO CONFIGURADA. 1. A responsabilidade pessoal do scio funda-se na regra de que o redirecionamento da execuo fiscal e seus consectrios legais, para o scio-gerente da empresa, somente cabvel quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes, infrao lei ou contra o estatuto, ou na hiptese de dissoluo irregular da empresa. (Resp 1101728/SP, sujeito ao regime previsto no art. 543-C do CPC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEO, DJe 23/03/2009)2. "A certido emitida pelo Oficial de Justia atestando que a empresa devedora no mais funciona no endereo constante dos assentamentos da junta comercial indcio de dissoluo irregular, apto a ensejar o redirecionamento da execuo para o scio-gerente, a este competindo, se for de sua vontade, comprovar no ter agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder, ou ainda, no ter havido a dissoluo irregular da empresa ." (Precedentes: REsp 1144607/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/04/2010, DJe 29/04/2010; AgRg no Ag 1113154/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe 05/05/2010; AgRg no Ag 1229438/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 20/04/2010; REsp n. 513.912/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Peanha Martins, DJ de 01/08/2005) 3. In casu, h nos autos, robustos indcios da ocorrncia de dissoluo irregular da empresa, consoante dessume-se das certides do Oficial de Justia, s fls. e-STJ 101 e 123, que diligenciou duas vezes, com o objetivo de localizar a empresa recorrente, verbis:

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    "Certifico e dou f, em resposta ao despacho de fls. , o endereo pertencente a Bermatex Com. Imp. Txtil Ltda., era Rua Martins Bastos, 284, cujo local est fechado, no funcionando a referida empresa na Avenida Assis Brasil, 6203, sala 504; aps fechada a executada era o local onde o representante da executada era encontrado (escritrio). Atualmente, onde foi encontrado o representante da empresa e efetivada a citao foi na Rua Correa Mello, 320 - empresa funcionando a Supertxtil, onde o representante Mario Cesino de Medeiros encontrado."

    "Certifico e dou f que, em cumprimento ao presente, diligenciei na Rua Xavier de Carvalho, 11 e verifiquei que inicia a rua no nmero 6, 12, 14, 18, e, no lado mpar, em um shopping com o nmero 9, sendo encontrada ali a Casa Paroquial, tica Sarandi e Loja Vitria, aps os nmeros 54 e 66. Nos arredores a executada desconhecida."

    4. Doutrina abalizada situa a dissoluo irregular como hiptese de infrao lei, contida no caput do art. 135 do CTN, que prescreve as condutas dolosas ensejadoras da responsabilidade pessoal do agente, litteris:

    "A lei referida no artigo 135 do Cdigo Tributrio Nacional a lei que rege as aes da pessoa referida. Assim, como o inciso I do artigo em evidncia traz para sua guarda todos os sujeitos referidos no artigo anterior, teremos que a lei ser a do ptrio poder para para os pais, a da tutela e curatela para os tutores e curadores, a da administrao civil de bens de terceiros para os administradores civis, a do inventrio para os inventariantes, a da falncia e da concordata para sndicos e comissrios, a dos registros pblicos para os tabelies, escrives e demais serventurios de cartrios, a comercial para dissoluo de pessoas jurdicas e para os scios no caso de liquidao de sociedade de pessoas.

    Para os demais, aqueles arrolados nos outros incisos do artigo 135, ser tambm sua lei de regncia. Assim, para os administradores de empresas (gerentes, diretores etc), ser a lei comercial.

    (...)E infrao de lei? qualquer conduta contrria a

    qualquer norma? Queremos crer que no. infrao legislao societria, na mesma linha dos outros elementos do artigo. Um caso sempre lembrado de infrao de lei o da dissoluo irregular da sociedade , ou o funcionamento de sociedade de fato (no registrada nos rgos competentes)." (Renato Lopes Becho, in Sujeio Passiva e Responsabilidade Tributria, Ed. Dialtica, SP, 2000, p. 176/178)

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    5. Destarte, a liquidao irregular da sociedade gera a presuno da prtica de atos abusivos ou ilegais, uma vez que o administrador que assim procede age em infrao lei comercial, incorrendo no item III, do art. 135, do CTN, ressoando inequvoca a possibilidade de redirecionamento da execuo para o scio-gerente, com a inverso do nus da prova. (Precedente: AgRg no REsp 1085943/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2009, DJe 18/09/2009)6. No obstante, e aqui reside o cerne da presente controvrsia, verifica-se que o Juzo singular, deferindo o pedido de redirecionamento da execuo por dissoluo irregular da empresa executada, no se manifestou acerca da recusa, pela Fazenda Estadual, do bem imvel nomeado penhora pela sociedade executada, o que deu ensejo insurgncia dos recorrentes, no sentido da inocorrncia da necessria comprovao, pela exequente, da insuficincia dos bens da empresa para garantir a execuo, o que, a priori , impediria a deflagrao da responsabilidade do ex-scio, porquanto milita a seu favor a regra de que os bens da sociedade executada ho que ser excutidos em primeiro lugar, haja vista tratar-se de responsabilidade subsidiria; por isso que a referida deciso seria nula, bem como todos os atos subsequentes.7. A dico do caput do art. 135 do CTN deixa entrever que a responsabilidade do diretor, gerente ou representante de pessoa jurdica de direito privado, pela prtica de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos, de natureza pessoal, verbis:

    "Art. 135 . So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos :

    I - as pessoas referidas no artigo anterior;II - os mandatrios, prepostos e empregados;III - os diretores, gerentes ou representantes de

    pessoas jurdicas de direito privado. "

    8. Precedentes: AgRg no Ag 1261429/BA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe 23/04/2010; AgRg no REsp 1160981/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/03/2010, DJe 22/03/2010; EDcl no REsp 888.239/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009; AgRg no REsp 570.096/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/12/2003, DJ 10/05/2004; AgRg no REsp 175.426/SC, Rel. Ministro FRANCISCO FALCO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/05/2001, DJ 24/09/2001; REsp 121.021/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2000,

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    DJ 11/09/2000; REsp 9.245/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/09/1995, DJ 16/10/1995; REsp 7.704/SP, Rel. MIN. JOS DE JESUS FILHO, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/10/1992, DJ 09/11/1992.9. A inaplicao do art. 135, III, do CTN, implica violao de clusula de reserva de plenrio e enseja reclamao por infringncia da Smula Vinculante n 10, verbis: "Viola a clusula de reserva de plenrio (cf, artigo 97) a deciso de rgo fracionrio de tribunal que, embora no declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder pblico, afasta sua incidncia, no todo ou em parte."10. Deveras, o efeito gerado pela responsabilidade pessoal reside na excluso do sujeito passivo da obrigao tributria (in casu, a empresa executada), que no mais ser levado a responder pelo crdito tributrio, to logo seja comprovada qualquer das condutas dolosas previstas no art. 135 do CTN. 11. Doutrina abalizada diferencia a responsabilidade pessoal da subsidiria, no sentido de que:

    "Efeitos da responsabilidade tributria: Quanto aos efeitos podemos ter:

    (...)- pessoalidade. b) responsabilidade pessoal, quando

    exclusiva, sendo determinada pela referncia expressa ao carter pessoal ou revelada pelo desaparecimento do contribuinte originrio, pela referncia sub-rogao ou pela referncia responsabilidade integral do terceiro em contraposio sua responsabilizao ao lado do contribuinte (art. 130, 131, 132, 133, I e 135);

    - subsidiariedade. c) responsabilidade subsidiria, quando se tenha de exigir primeiramente do contribuinte e, apenas no caso de frustrao, do responsvel (art. 133, II, 134);"

    (Leandro Paulsen, in Direito Tributrio, Constituio e Cdigo Tributrio Luz da Doutrina e da Jurisprudncia, Livraria do Advogado, 10 ed., p. 922)

    "Lembremo-nos de que a dissoluo irregular de uma empresa infrao lei comercial, o que corrobora nosso entendimento de que a lei prevista no artigo 135 do CTN a lei que rege a conduta do responsabilizado (no caso da lei comercial).

    (...)Observe-se, inclusive, que a tipificao de conduta do

    administrador ou scio-gerente no artigo 135 afasta, necessariamente, a pessoa jurdica do plo passivo da relao processual de cobrana tributria.

    "Em suma, o art. 135 retira a "solidariedade" do art. 134. Aqui a responsabilidade se transfere inteiramente para os

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    terceiros, liberando os seus dependentes e representados. A responsabilidade passa a ser pessoal, plena e exclusiva desses terceiros. Isto ocorrer quando eles procederem com manifesta malcia (mala fides) contra aqueles que representam, toda vez que for constatada a prtica de ato ou fato eivado de excesso de poderes ou com infrao de lei, contrato social ou estatuto." (Sacha Calmon Navarro Colho, "Obrigao Tributria", Comentrios ao Cdigo Tributrio Nacional, cit., p. 319)."

    (Renato Lopes Becho, in Sujeio Passiva e Responsabilidade Tributria, Ed. Dialtica, SP, 2000, p. 184/185)

    12. A responsabilidade por subsidiariedade resta conjurada e, por conseguinte, o benefcio de ordem que lhe caracterstico (artigo 4, 3, da Lei 6.830/80), o qual inextensvel s hipteses em que o Cdigo Tributrio Nacional ou o legislador ordinrio estabelece responsabilidade pessoal do terceiro (consectariamente, excluindo a do prprio contribuinte), em razo do princpio da especialidade (lex specialis derrogat generalis), mxime luz da Lei de Execuo Fiscal encarta normas aplicveis tambm cobrana de dvidas no-tributrias.13. Com efeito, restando caracterizada, in casu , a responsabilidade pessoal do scio-gerente, ora recorrente, ressoa evidente a prescindibilidade de anulao da deciso que deferiu o redirecionamento da execuo em virtude da comprovao da dissoluo irregular da empresa, em virtude da inocorrncia de prejuzo, que existiria to-somente na hiptese de responsabilidade subsidiria, situao que obstaria o redirecionamento, ante a subjacncia da verificao da suficincia patrimonial da executada. Por isso que no merece reparo o acrdo recorrido, neste particular, ao desprezar a omisso do decisum do Juzo singular quanto apreciao do pedido de recusa do bem nomeado penhora pela empresa recorrente, concluindo que, litteris:

    "No caso, ante o teor da certido de fls. 101 do oficial de justia, era cabvel o redirecionamento. A alegao de que h bens da sociedade suficientes para garantir a execuo, por ora, no est comprovada . certo que a Agravante BERMATEX COM IMP TXTIL LTDA nomeou penhora uma frao de 1.760,3697 ha, correspondente a R$ 3.200.000,00 (trs milhes e duzentos mil reais), do imvel registrado no Livro n 02, Matrcula sob o n 7.893, ficha 01, do Registro de Imveis Circunscrio da Comarca de Canarana Mato Grosso. Todavia, houve recusa do Agravado que no foi ainda apreciada em primeiro grau (fls. 37/38). Ausente, portanto, prova inequvoca da suficincia de bens para a satisfao da dvida, mostra-se precipitada sua excluso da execuo."

    14. O art. 535 do CPC resta inclume se o Tribunal de origem, embora Documento: 1026331 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 14/12/2010 Pgina 5 de 28

  • Superior Tribunal de Justia

    sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questo posta nos autos. Ademais, o magistrado no est obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a deciso. 15. Recurso especial desprovido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justia acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigrficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Benedito Gonalves (Presidente) e Hamilton Carvalhido votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Teori Albino Zavascki.

    Braslia (DF), 02 de dezembro de 2010(Data do Julgamento)

    MINISTRO LUIZ FUX Relator

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    RECURSO ESPECIAL N 1.104.064 - RS (2008/0246946-0)

    RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Trata-se de recurso especial interposto por BERMATEX COMRCIO E IMPORTAO TEXTIL LTDA e

    Mario Cesino de Medeiros, com fulcro nas alneas "a" e "c" do permissivo constitucional,

    contra acrdo prolatado pelo Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul, assim

    ementado:

    EXECUO FISCAL. DISSOLUO IRREGULAR DE SOCIEDADE. RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA. SCIO-GERENTE. NOMEAO PENHORA. RECUSA. 1. A sociedade devedora no tem legitimidade para pedir a excluso do scio da execuo. 2. Dissolvida irregularmente a sociedade comercial sem que tenham sido pagos os tributos, responde o scio-gerente pela dvida tributria. Jurisprudncia do STJ. Certido de oficial de justia dando conta que a empresa no mais se encontra em atividade no domiclio fiscal suficiente para amparar pedido de redirecionamento da execuo. Hiptese em que no h prova segura da suficincia de bens da sociedade dissolvida para satisfao do dbito. Recurso de BERMATEX COM IMP TXTIL LTDA. conhecido, em parte, e, na parte conhecida, provido, em parte. Recurso de MRIO CESINO DE MEDEIROS desprovido.

    Noticiam os autos que o ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ajuizou, em

    05 de maio de 2005, ao de execuo fiscal contra BERMATEX COM IMP TEXTIL

    LTDA., ora recorrente, que, em 03 de junho de 2005, nomeou penhora uma frao de

    1.760,3697 ha de imvel situado em Mato Grosso. Intimado, o Estado do Rio Grande do Sul

    recusou a nomeao, porquanto: (I) o bem se situa no Estado do Mato Grosso, o que dificulta

    a sua avaliao e o acompanhamento dos atos processuais l realizados; (II) foi registrada

    promessa de compra e venda do bem, em 07 de maio de 2001, pelo valor de R$ 90.000,00,

    causando estranheza sua venda, em 01 de agosto de 2002, pelo valor de R$ 14.000.000,00; e

    (III) existem indcios de dissoluo irregular da devedora, vez que: (a) as GIAs da devedora

    esto zeradas desde janeiro de 2005; (b) h informao de baixa geral no demonstrativo de

    dbito da Secretaria da Fazenda; (c) o cumprimento do mandado de citao e penhora deu-se

    em endereo diverso do indicado na inicial. Requereu, ainda: (I) a expedio de mandado

    para verificar se a Agravada continua em funcionamento; e (II) a expedio de ofcio

    Delegacia da Receita Federal. Novamente intimado da nomeao penhora, o Estado reiterou Documento: 1026331 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 14/12/2010 Pgina 7 de 28

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    a recusa do bem e o pedido de realizao de diligncias, dentre eles a quebra do sigilo fiscal

    da empresa recorrente.

    Sobreveio deciso, em 15 de agosto de 2005, em que restou deferida a

    expedio de mandado para verificar se a executada estava em atividade e de ofcio

    Delegacia da Receita Federal, no tendo havido aluso sobre a recusa do imvel nomeado

    penhora.

    Deciso posterior que deferiu o redirecionamento da execuo contra o scio

    MRIO CESINO DE MEDEIROS.

    Foi interposto o presente agravo de instrumento, que restou parcialmente

    conhecido e parcialmente provido, nos termos da ementa retrotranscrita, para determinar a

    manifestao do Juzo a quo acerca da questo relativa nomeao penhora. Restou desprovido o recurso do scio gerente (segundo recorrente especial).

    Foram opostos embargos de declarao, alegando que o acrdo deixara de

    examinar o ponto relativo nulidade dos atos subsequentes omisso do Juzo singular, bem

    como omisso quanto responsabilidade subsidiria do ex-scio. O recurso restou rejeitado.

    Nas razes do recurso especial, os recorrentes alegam, alm do dissdio

    jurisprudencial, violao aos arts. 248, 333, I, 535, II, e 620, do CPC; 135, III, e 134, VII, do

    CTN; 11 da LEF; e 10 do Decreto 3.708/19. Em sntese, sustentaram a ocorrncia de

    inmeras nulidades no curso do processo, tais como: a ausncia de deciso judicial quanto

    recusa do bem nomeado penhora pela recorrente, com o subsequente deferimento do pedido

    de redirecionamento da execuo para o ex-scio, com base na dissoluo irregular da

    empresa, sem que sequer fosse levado em considerao que o patrimnio da empresa

    responde pelo dbito exequendo e, apenas subsidiariamente, o patrimnio do scio, se

    comprovado pelo Fisco a confuso/desvio de patrimnio. Por isso foi requerida a declarao

    de nulidade dos atos posteriores deciso que no se manifestou acerca do bem nomeado

    penhora e determinou as diligncias, sem cientificar a recorrente. Outrossim, apontaram

    violao ao art. 535 do CPC, uma vez que no houve anlise das referidas questes pelo

    Tribunal. Defenderam, os recorrentes, a impossibilidade de redirecionamento, ante a

    ausncia de comprovao de desvio do patrimnio a indicar a dissoluo irregular da

    sociedade, bem como a ausncia de qualquer dos requisitos do art. 135 do CTN. Destacaram

    a evidncia dos prejuzos causados aos recorrentes, viabilizando a anulao dos atos

    processuais posteriores referida deciso de primeiro grau que, implicitamente, parece ter

    acolhido a recusa fazendria do bem nomeado penhora pela executada. Ademais, a recusa

    do bem imvel representa afronta ao princpio da menor onerosidade ao devedor (art. 620 do

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    CPC) e 11 da LEF, mxime diante da ausncia de motivao da deciso da qual se depreende

    seu deferimento, e da qual no foi intimada a empresa executada. Salientaram o nus

    probatrio da Fazenda Estadual quanto ao esgotamento dos meios disposio para

    localizao do patrimnio da empresa antes de requerer o redirecionamento.

    Foram apresentadas contra-razes ao apelo, que restou admitido na instncia

    de origem.

    o relatrio.

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    RECURSO ESPECIAL N 1.104.064 - RS (2008/0246946-0)

    EMENTA

    TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. REDIRECIONAMENTO PARA O SCIO-GERENTE. DISSOLUO IRREGULAR. MATRIA OBJETO DE RECURSO REPETITIVO. CERTIDO DE OFICIAL DE JUSTIA ATESTANDO A INEXISTNCIA DE FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE EXECUTADA NOS ENDEREOS INDICADOS. RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA DO SCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAO DA INSUFICINCIA PATRIMONIAL DA SOCIEDADE. INOCORRNCIA. VIOLAO DO ART. 535 DO CPC NO CONFIGURADA. 1. A responsabilidade pessoal do scio funda-se na regra de que o redirecionamento da execuo fiscal e seus consectrios legais, para o scio-gerente da empresa, somente cabvel quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes, infrao lei ou contra o estatuto, ou na hiptese de dissoluo irregular da empresa. (Resp 1101728/SP, sujeito ao regime previsto no art. 543-C do CPC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEO, DJe 23/03/2009)2. "A certido emitida pelo Oficial de Justia atestando que a empresa devedora no mais funciona no endereo constante dos assentamentos da junta comercial indcio de dissoluo irregular, apto a ensejar o redirecionamento da execuo para o scio-gerente, a este competindo, se for de sua vontade, comprovar no ter agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder, ou ainda, no ter havido a dissoluo irregular da empresa ." (Precedentes: REsp 1144607/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/04/2010, DJe 29/04/2010; AgRg no Ag 1113154/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe 05/05/2010; AgRg no Ag 1229438/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 20/04/2010; REsp n. 513.912/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Peanha Martins, DJ de 01/08/2005) 3. In casu, h nos autos, robustos indcios da ocorrncia de dissoluo irregular da empresa, consoante dessume-se das certides do Oficial de Justia, s fls. e-STJ 101 e 123, que diligenciou duas vezes, com o objetivo de localizar a empresa recorrente, verbis:

    "Certifico e dou f, em resposta ao despacho de fls. , o endereo pertencente a Bermatex Com. Imp. Txtil Ltda., era Rua Martins Bastos, 284, cujo local est fechado, no funcionando a referida empresa na Avenida Assis Brasil, 6203, sala 504; aps fechada a executada era o local onde o representante da executada era encontrado (escritrio). Atualmente, onde foi encontrado o

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    representante da empresa e efetivada a citao foi na Rua Correa Mello, 320 - empresa funcionando a Supertxtil, onde o representante Mario Cesino de Medeiros encontrado."

    "Certifico e dou f que, em cumprimento ao presente, diligenciei na Rua Xavier de Carvalho, 11 e verifiquei que inicia a rua no nmero 6, 12, 14, 18, e, no lado mpar, em um shopping com o nmero 9, sendo encontrada ali a Casa Paroquial, tica Sarandi e Loja Vitria, aps os nmeros 54 e 66. Nos arredores a executada desconhecida."

    4. Doutrina abalizada situa a dissoluo irregular como hiptese de infrao lei, contida no caput do art. 135 do CTN, que prescreve as condutas dolosas ensejadoras da responsabilidade pessoal do agente, litteris:

    "A lei referida no artigo 135 do Cdigo Tributrio Nacional a lei que rege as aes da pessoa referida. Assim, como o inciso I do artigo em evidncia traz para sua guarda todos os sujeitos referidos no artigo anterior, teremos que a lei ser a do ptrio poder para para os pais, a da tutela e curatela para os tutores e curadores, a da administrao civil de bens de terceiros para os administradores civis, a do inventrio para os inventariantes, a da falncia e da concordata para sndicos e comissrios, a dos registros pblicos para os tabelies, escrives e demais serventurios de cartrios, a comercial para dissoluo de pessoas jurdicas e para os scios no caso de liquidao de sociedade de pessoas.

    Para os demais, aqueles arrolados nos outros incisos do artigo 135, ser tambm sua lei de regncia. Assim, para os administradores de empresas (gerentes, diretores etc), ser a lei comercial.

    (...)E infrao de lei? qualquer conduta contrria a

    qualquer norma? Queremos crer que no. infrao legislao societria, na mesma linha dos outros elementos do artigo. Um caso sempre lembrado de infrao de lei o da dissoluo irregular da sociedade , ou o funcionamento de sociedade de fato (no registrada nos rgos competentes)." (Renato Lopes Becho, in Sujeio Passiva e Responsabilidade Tributria, Ed. Dialtica, SP, 2000, p. 176/178)

    5. Destarte, a liquidao irregular da sociedade gera a presuno da prtica de atos abusivos ou ilegais, uma vez que o administrador que assim procede age em infrao lei comercial, incorrendo no item III, do art. 135, do CTN, ressoando inequvoca a possibilidade de redirecionamento da execuo para o scio-gerente, com a inverso do nus da prova. (Precedente: AgRg no REsp 1085943/PR, Rel.

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    Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2009, DJe 18/09/2009)6. No obstante, e aqui reside o cerne da presente controvrsia, verifica-se que o Juzo singular, deferindo o pedido de redirecionamento da execuo por dissoluo irregular da empresa executada, no se manifestou acerca da recusa, pela Fazenda Estadual, do bem imvel nomeado penhora pela sociedade executada, o que deu ensejo insurgncia dos recorrentes, no sentido da inocorrncia da necessria comprovao, pela exequente, da insuficincia dos bens da empresa para garantir a execuo, o que, a priori , impediria a deflagrao da responsabilidade do ex-scio, porquanto milita a seu favor a regra de que os bens da sociedade executada ho que ser excutidos em primeiro lugar, haja vista tratar-se de responsabilidade subsidiria; por isso que a referida deciso seria nula, bem como todos os atos subsequentes.7. A dico do caput do art. 135 do CTN deixa entrever que a responsabilidade do diretor, gerente ou representante de pessoa jurdica de direito privado, pela prtica de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos, de natureza pessoal, verbis:

    "Art. 135 . So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos :

    I - as pessoas referidas no artigo anterior;II - os mandatrios, prepostos e empregados;III - os diretores, gerentes ou representantes de

    pessoas jurdicas de direito privado. "

    8. Precedentes: AgRg no Ag 1261429/BA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe 23/04/2010; AgRg no REsp 1160981/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/03/2010, DJe 22/03/2010; EDcl no REsp 888.239/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009; AgRg no REsp 570.096/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/12/2003, DJ 10/05/2004; AgRg no REsp 175.426/SC, Rel. Ministro FRANCISCO FALCO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/05/2001, DJ 24/09/2001; REsp 121.021/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2000, DJ 11/09/2000; REsp 9.245/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/09/1995, DJ 16/10/1995; REsp 7.704/SP, Rel. MIN. JOS DE JESUS FILHO, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/10/1992, DJ 09/11/1992.9. A inaplicao do art. 135, III, do CTN, implica violao de clusula de reserva de plenrio e enseja reclamao por infringncia da Smula

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    Vinculante n 10, verbis: "Viola a clusula de reserva de plenrio (cf, artigo 97) a deciso de rgo fracionrio de tribunal que, embora no declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder pblico, afasta sua incidncia, no todo ou em parte."10. Deveras, o efeito gerado pela responsabilidade pessoal reside na excluso do sujeito passivo da obrigao tributria (in casu, a empresa executada), que no mais ser levado a responder pelo crdito tributrio, to logo seja comprovada qualquer das condutas dolosas previstas no art. 135 do CTN. 11. Doutrina abalizada diferencia a responsabilidade pessoal da subsidiria, no sentido de que:

    "Efeitos da responsabilidade tributria: Quanto aos efeitos podemos ter:

    (...)- pessoalidade. b) responsabilidade pessoal, quando

    exclusiva, sendo determinada pela referncia expressa ao carter pessoal ou revelada pelo desaparecimento do contribuinte originrio, pela referncia sub-rogao ou pela referncia responsabilidade integral do terceiro em contraposio sua responsabilizao ao lado do contribuinte (art. 130, 131, 132, 133, I e 135);

    - subsidiariedade. c) responsabilidade subsidiria, quando se tenha de exigir primeiramente do contribuinte e, apenas no caso de frustrao, do responsvel (art. 133, II, 134);"

    (Leandro Paulsen, in Direito Tributrio, Constituio e Cdigo Tributrio Luz da Doutrina e da Jurisprudncia, Livraria do Advogado, 10 ed., p. 922)

    "Lembremo-nos de que a dissoluo irregular de uma empresa infrao lei comercial, o que corrobora nosso entendimento de que a lei prevista no artigo 135 do CTN a lei que rege a conduta do responsabilizado (no caso da lei comercial).

    (...)Observe-se, inclusive, que a tipificao de conduta do

    administrador ou scio-gerente no artigo 135 afasta, necessariamente, a pessoa jurdica do plo passivo da relao processual de cobrana tributria.

    "Em suma, o art. 135 retira a "solidariedade" do art. 134. Aqui a responsabilidade se transfere inteiramente para os terceiros, liberando os seus dependentes e representados. A responsabilidade passa a ser pessoal, plena e exclusiva desses terceiros. Isto ocorrer quando eles procederem com manifesta malcia (mala fides) contra aqueles que representam, toda vez que for constatada a prtica de ato ou fato eivado de excesso de poderes ou com infrao de lei, contrato social ou estatuto."

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    (Sacha Calmon Navarro Colho, "Obrigao Tributria", Comentrios ao Cdigo Tributrio Nacional, cit., p. 319)."

    (Renato Lopes Becho, in Sujeio Passiva e Responsabilidade Tributria, Ed. Dialtica, SP, 2000, p. 184/185)

    12. A responsabilidade por subsidiariedade resta conjurada e, por conseguinte, o benefcio de ordem que lhe caracterstico (artigo 4, 3, da Lei 6.830/80), o qual inextensvel s hipteses em que o Cdigo Tributrio Nacional ou o legislador ordinrio estabelece responsabilidade pessoal do terceiro (consectariamente, excluindo a do prprio contribuinte), em razo do princpio da especialidade (lex specialis derrogat generalis), mxime luz da Lei de Execuo Fiscal encarta normas aplicveis tambm cobrana de dvidas no-tributrias.13. Com efeito, restando caracterizada, in casu , a responsabilidade pessoal do scio-gerente, ora recorrente, ressoa evidente a prescindibilidade de anulao da deciso que deferiu o redirecionamento da execuo em virtude da comprovao da dissoluo irregular da empresa, em virtude da inocorrncia de prejuzo, que existiria to-somente na hiptese de responsabilidade subsidiria, situao que obstaria o redirecionamento, ante a subjacncia da verificao da suficincia patrimonial da executada. Por isso que no merece reparo o acrdo recorrido, neste particular, ao desprezar a omisso do decisum do Juzo singular quanto apreciao do pedido de recusa do bem nomeado penhora pela empresa recorrente, concluindo que, litteris:

    "No caso, ante o teor da certido de fls. 101 do oficial de justia, era cabvel o redirecionamento. A alegao de que h bens da sociedade suficientes para garantir a execuo, por ora, no est comprovada . certo que a Agravante BERMATEX COM IMP TXTIL LTDA nomeou penhora uma frao de 1.760,3697 ha, correspondente a R$ 3.200.000,00 (trs milhes e duzentos mil reais), do imvel registrado no Livro n 02, Matrcula sob o n 7.893, ficha 01, do Registro de Imveis Circunscrio da Comarca de Canarana Mato Grosso. Todavia, houve recusa do Agravado que no foi ainda apreciada em primeiro grau (fls. 37/38). Ausente, portanto, prova inequvoca da suficincia de bens para a satisfao da dvida, mostra-se precipitada sua excluso da execuo."

    14. O art. 535 do CPC resta inclume se o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questo posta nos autos. Ademais, o magistrado no est obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a deciso. 15. Recurso especial desprovido.

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    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Preliminarmente, impe-se o conhecimento do presente apelo, porquanto prequestionada a matria federal

    suscitada.

    No tocante violao do art. 535 do CPC, no assiste razo recorrente. Isto

    porque dita violao ocorre quando h omisso, obscuridade ou contrariedade no acrdo

    recorrido, no estando o magistrado obrigado a tecer comentrios exaustivos sobre todos os

    pontos alegados pela parte, mas antes, a analisar as questes relevantes para o deslinde da

    controvrsia.

    Destarte, no merece acolhida a alegao de que o julgado do Tribunal

    Regional, a despeito da oposio de embargos, no tenha se pronunciado acerca de todas as

    questes relevantes da demanda, e que, em conseqncia, tenha violado o art. 535, II, do

    CPC, porquanto o referido decisum mostra-se devidamente fundamentado.A controvrsia a ser dirimida nos presentes autos cinge-se definio de

    ocorrncia ou no de nulidade de deciso deferitria do redirecionamento da execuo ao

    scio-gerente (e atos subsequentes), sem que houvesse a homologao judicial da recusa, pela

    Fazenda Estadual, do bem imvel nomeado penhora pela empresa, tendo em vista a

    possibilidade de subjacncia da suficincia patrimonial da executada, apta, por si s, a obstar

    o referido redirecionamento.

    Deveras, a responsabilidade pessoal do scio funda-se na regra de que o

    redirecionamento da execuo fiscal e seus consectrios legais, para o scio-gerente da

    empresa, somente cabvel quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes,

    infrao lei ou contra o estatuto, ou na hiptese de dissoluo irregular da empresa. (Resp

    1101728/SP, sujeito ao regime previsto no art. 543-C do CPC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEO, DJe 23/03/2009)

    Quanto dissoluo irregular, pronunciou-se o eminente tributarista Hugo de

    Brito Machado:

    "Com acerto decidiu o Tribunal Federal de Recursos que, deixando a sociedade de operar, sem ter havido sua regular liquidao, os scios-gerentes, diretores e administradores respondem pelas dvidas tributrias desta. H, nesses casos, uma presuno de que tais pessoas se apropriaram dos bens pertencentes sociedade.

    Em concluso, a questo em exame pode ser assim

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    resumida: (a) os scios-gerentes, diretores e administradores de sociedades por quotas de responsabilidade limitada, ou annimas, em princpio no so pessoalmente responsveis pelas dvidas tributrias destas; b) em se tratando de IPI, ou de imposto de renda retido na fonte, haver tal responsabilidade, por fora da disposio expressa do Decreto-lei n. 1736/79; (c) relativamente aos demais tributos, a responsabilidade em questo s existiria quando a pessoa jurdica tenha ficado sem condies econmicas para responder pela dvida em decorrncia de atos praticados com excesso de poderes ou violao da lei, do contrato ou do estatuto; (d) a liquidao irregular da sociedade gera a presuno da prtica desses atos abusivos ou ilegais." (in "Curso de Direito Tributrio". So Paulo: Malheiros, 2002, p. 138)

    No mesmo sentido tem se firmado a jurisprudncia desta Corte Superior,

    consoante se extrai dos recentes julgados, que restaram assim ementados:

    TRIBUTRIO E EXECUO FISCAL. ART. 535 DO CPC. OMISSO NO CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE DO SCIO INDICADO NA CDA. PRESUNO DE LEGITIMIDADE. ORIENTAO CONSOLIDADA PELA EG. PRIMEIRA SEO NO JULGAMENTO DO RECURSO REPETITIVO 1.104.900/ES. DISSOLUO IRREGULAR DA EMPRESA. CERTIDO DO OFICIAL DE JUSTIA.1. No h ofensa ao art. 535 do CPC na hiptese em que a Corte de origem manifesta-se explicitamente sobre as questes embargadas.2. O mero inadimplemento tributrio no configura violao de lei apta a ensejar a responsabilizao do scio pelas dvidas da empresa.3. Diante da presuno de certeza e liquidez da Certido de Dvida Ativa, seria gravame incabvel a exigncia de que o Fisco fizesse prova das hipteses previstas no art. 135, III, do CTN.4. Posicionamento consagrado no REsp 1.104.900/ES, Rel. Min. Denise Arruda, DJe de 1.04.09, submetido ao Colegiado pelo regime da Lei n 11.672/08 (Lei dos Recursos Repetitivos).5. A existncia de indcios que atestem o provvel encerramento irregular das atividades da empresa autoriza o redirecionamento do executivo fiscal contra os scios-gerentes.6. Se consta dos autos certido de oficial de justia atestando que a empresa no mais funciona no endereo consignado no contrato social sem indicar nova localizao, pode-se presumir que ela foi irregularmente dissolvida. Precedentes.7. Recurso especial conhecido em parte e provido.(REsp 1144607/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/04/2010, DJe 29/04/2010)

    TRIBUTRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. RESPONSABILIDADE DO

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    SCIO-GERENTE. DISSOLUO IRREGULAR. CERTIDO DO OFICIAL DE JUSTIA.1. A certido do oficial de justia que atesta que a empresa no mais funciona no local indicado pressupe o encerramento irregular da executada, tornando possvel o redirecionamento contra o scio-gerente, que dever provar que no agiu com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder. Precedentes: EDcl nos EDcl no REsp 1089399/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe de 23.10.2009; AgRg no REsp 1127936/PA, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe de 5.10.2009; AgRg no REsp 1085943/PR, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe de 18.9.2009.2. Agravo regimental no provido.(AgRg no Ag 1113154/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe 05/05/2010)

    PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 544 E 545 DO CPC. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. DISSOLUO IRREGULAR. REDIRECIONAMENTO DA EXECUO PARA SCIO-GERENTE.POSSIBILIDADE. SMULA 7/STJ. PENHORA. VAGA DE GARAGEM EM IMVEL RESIDENCIAL. PENHORABILIDADE.1. O redirecionamento da execuo fiscal, e seus consectrios legais, para o scio-gerente da empresa, somente cabvel quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes, infrao lei ou contra o estatuto, ou na hiptese de dissoluo irregular da empresa (Precedentes: REsp 738.513/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, DJ 18.10.2005; REsp 513.912/MG, DJ 01.08.2005; REsp 704.502/RS, DJ 02.05.2005; EREsp 422.732/RS, DJ 09.05.2005; e AgRg nos EREsp 471.107/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, DJ 25.10.2004).2. O Tribunal de origem assentou que: [...] Conforme a certido do Oficial de Justia nos autos da execuo fiscal em apenso, fl. 18, verso, datada de 24/1/2005, a scia embargante Bernardete afirmou que "a executada Novicar Veculos Ltda. est inativa desde dezembro de 2004 e no possuiu bens que possam garantir a execuo. Realizei pesquisa junto Base Estadual do DETRAN, bem como junto aos Cartrios de Registro de Imveis desta cidade, e no encontrei bens em nome da executada." A Unio postulou fosse o feito redirecionado contra os scios Valmir Luiz Concer e Bernardete Maria Ferraro Concer, na medida em que eram os scios-gerentes quando houve a dissoluo irregular da empresa. A cpia da Quarta Alterao de Contrato Social da Novicar Veculos Ltda, datada de 2 de janeiro de 2003, demonstra o exerccio da gerncia da sociedade pelos scios embargantes, no havendo indcios da retirada destes da empresa (fls.54/64 da execuo fiscal em apenso).Demonstrada a dissoluo irregular da sociedade e o exerccio da

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    gerncia pelos embargantes poca da ocorrncia da dissoluo, cabvel o redirecionamento da execuo.[...] (fls. 210, e-STJ) 3. Infirmar as concluses assentadas no aresto recorrido, acerca da dissoluo irregular da empresa, demanda o revolvimento do contexto ftico-probatrio dos autos, insindicvel em sede de recurso especial por fora do bice contido na Smula 7/STJ.4. As vagas de garagem de apartamento residencial, individualizadas como unidades autnomas, com registros individuais e matrculas prprias, podem ser penhoradas, no se enquadrando na hiptese prevista no art. 1 da Lei n. 8.009/90. Precedentes do STJ: REsp 1057511/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 23/06/2009, DJe 04/08/2009; AgRg no Ag 1058070/RS, Rel. Ministro Fernando Gonalves, Quarta Turma, julgado em 16/12/2008, DJe 02/02/2009; REsp 869.497/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 18/09/2007, DJ 18/10/2007 p. 294; Resp n 400.371/SP, Rel. Ministro Antnio de Pdua Ribeiro, DJ de 22.11.2002; REsp n. 182.451-SP, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ de 14.12.1998; REsp n. 205.898-SP, Rel. Min. Flix Fischer, DJ de 1.7.1999.5. Agravo regimental desprovido.(AgRg no Ag 1229438/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 20/04/2010)

    "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. SCIO-GERENTE. REDIRECIONAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 135 DO CTN. VIOLAO AOS ARTIGOS 591, 592, II, E 596 DO CPC, 350 DO CDIGO COMERCIAL, 2 DO DECRETO 3.708/19 NO CONFIGURADA. PREQUESTIONAMENTO AUSENTE. SMULA 282 STF. PRECEDENTES.1. O redirecionamento da execuo fiscal para o scio-gerente da empresa somente cabvel quando comprovado que ele agiu com excesso de poderes, infrao lei ou contra estatuto, ou na hiptese de dissoluo irregular da empresa. O simples inadimplemento de obrigaes tributrias no caracteriza infrao legal.2. A configurao do prequestionamento envolve a emisso de juzo decisrio sobre a questo jurdica controvertida.3. Recurso especial conhecido e parcialmente provido." (REsp n. 513.912/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Peanha Martins, DJ de 01/08/2005)

    In casu , h nos autos, robustos indcios da ocorrncia de dissoluo irregular da empresa, consoante dessume-se das certides do Oficial de Justia, s fls. e-STJ 101 e 123,

    que diligenciou duas vezes, com o objetivo de localizar a empresa recorrente, verbis:

    "Certifico e dou f, em resposta ao despacho de fls. , o endereo pertencente a Bermatex Com. Imp. Txtil Ltda., era Rua

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    Martins Bastos, 284, cujo local est fechado, no funcionando a referida empresa na Avenida Assis Brasil, 6203, sala 504; aps fechada a executada era o local onde o representante da executada era encontrado (escritrio). Atualmente, onde foi encontrado o representante da empresa e efetivada a citao foi na Rua Correa Mello, 320 - empresa funcionando a Supertxtil, onde o representante Mario Cesino de Medeiros encontrado."

    "Certifico e dou f que, em cumprimento ao presente, diligenciei na Rua Xavier de Carvalho, 11 e verifiquei que inicia a rua no nmero 6, 12, 14, 18, e, no lado mpar, em um shopping com o nmero 9, sendo encontrada ali a Casa Paroquial, tica Sarandi e Loja Vitria, aps os nmeros 54 e 66. Nos arredores a executada desconhecida."

    Destarte, gerando a liquidao irregular da sociedade a presuno da prtica de

    atos abusivos ou ilegais, uma vez que o administrador que assim procede age em infrao

    lei comercial, incorrendo no item III, do art. 135, do CTN, ressoa inequvoca a possibilidade

    de redirecionamento da execuo para o scio-gerente, com a inverso do nus da prova.

    No obstante, e aqui reside o cerne da presente controvrsia, verifica-se que a deciso proferida pelo Juzo singular, deferindo o pedido de redirecionamento da execuo

    por dissoluo irregular da empresa executada, no se manifestou acerca da recusa, pela

    Fazenda Estadual, do bem imvel nomeado penhora pela sociedade, ocasionando a

    insurgncia dos recorrentes, que alegam a inocorrncia da necessria comprovao, a cargo da

    exequente, da insuficincia dos bens da empresa para garantir a execuo, o que, a priori , impediria a deflagrao da responsabilidade do ex-scio, porquanto milita a seu favor a regra

    de que os bens da sociedade executada ho que ser excutidos em primeiro lugar, haja vista

    tratar-se de responsabilidade subsidiria; por isso que a referida deciso seria nula, bem como

    todos os atos subsequentes.

    Com efeito, da dico do caput do art. 135 do CTN, dessume-se que a responsabilidade do diretor, gerente ou representante de pessoa jurdica de direito privado,

    pela prtica de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou

    estatutos, de natureza pessoal, verbis:

    "Art. 135 . So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos :

    I - as pessoas referidas no artigo anterior;II - os mandatrios, prepostos e empregados;III - os diretores, gerentes ou representantes de

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    pessoas jurdicas de direito privado. "

    Insta salientar que a inaplicao do referido dispositivo do Codex Tributrio implica violao de clusula de reserva de plenrio e enseja reclamao por infringncia da

    Smula Vinculante n 10, verbis: "Viola a clusula de reserva de plenrio (cf, artigo 97) a deciso de rgo fracionrio de tribunal que, embora no declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder pblico, afasta sua incidncia, no todo ou em parte."

    Deveras, o efeito gerado pela responsabilidade pessoal reside na excluso do

    sujeito passivo da obrigao tributria (in casu, a empresa executada), que no mais ser levado a responder pelo crdito tributrio, to logo seja comprovada qualquer das condutas

    dolosas previstas no art. 135 do CTN.

    De modo a elucidar a controvertida questo acerca dos diferentes efeitos

    oriundos da responsabilidade tributria, traz-se colao sucinta lio de doutrinador de

    escol, in verbis:"Efeitos da responsabilidade tributria: Quanto aos

    efeitos podemos ter:- solidariedade. a) responsabilidade solidria, quando

    tanto o contribuinte quanto o responsvel respondem, sem benefcio de ordem (art. 124, I, e nico); ademais, quando h solidariedade, "o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais", a "a iseno ou remisso de crdito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo" e "a interrupo da prescrio, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais", tudo nos termos do art. 125, incisos I, II, e III, do CTN;

    - pessoalidade. b) responsabilidade pessoal, quando exclusiva, sendo determinada pela referncia expressa ao carter pessoal ou revelada pelo desaparecimento do contribuinte originrio, pela referncia sub-rogao ou pela referncia responsabilidade integral do terceiro em contraposio sua responsabilizao ao lado do contribuinte (art. 130, 131, 132, 133, I e 135);"

    - subsidiariedade. c) responsabilidade subsidiria, quando se tenha de exigir primeiramente do contribuinte e, apenas no caso de frustrao, do responsvel (art. 133, II, 134);

    - substituio. d) responsabilidade por substituio, quando a obrigao surge diretamente para o responsvel, a quem cabe recolher o tributo devido pelo contribuinte, substituindo-o na apurao e no cumprimento da obrigao, mas com recursos alcanados pelo prprio contribuinte ou dele retidos (art. 150,

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    7, da CF, art. 45, nico do CTN e diversas leis ordinrias); a figura da substituio tributria existe para atender a princpios de racionalizao e efetividade da tributao, ora diminuindo as possibilidades de inadimplemento ou ampliando as garantias de recebimento do crdito."

    (Leandro Paulsen, in Direito Tributrio, Constituio e Cdigo Tributrio Luz da Doutrina e da Jurisprudncia, Livraria do Advogado, 10 ed., p. 922)

    Corroborando esse posicionamento, doutrina abalizada, litteris:

    "Lembremo-nos de que a dissoluo irregular de uma empresa infrao lei comercial, o que corrobora nosso entendimento de que a lei prevista no artigo 135 do CTN a lei que rege a conduta do responsabilizado (no caso da lei comercial).

    (...)Observe-se, inclusive, que a tipificao de conduta do

    administrador ou scio-gerente no artigo 135 afasta, necessariamente, a pessoa jurdica do plo passivo da relao processual de cobrana tributria.

    "Em suma, o art. 135 retira a "solidariedade" do art. 134. Aqui a responsabilidade se transfere inteiramente para os terceiros, liberando os seus dependentes e representados. A responsabilidade passa a ser pessoal, plena e exclusiva desses terceiros. Isto ocorrer quando eles procederem com manifesta malcia (mala fides) contra aqueles que representam, toda vez que for constatada a prtica de ato ou fato eivado de excesso de poderes ou com infrao de lei, contrato social ou estatuto." (Sacha Calmon Navarro Colho, "Obrigao Tributria", Comentrios ao Cdigo Tributrio Nacional, cit., p. 319)."

    (Renato Lopes Becho, in Sujeio Passiva e Responsabilidade Tributria, Ed. Dialtica, SP, 2000, p. 184/185)

    Esposando o mesmo entendimento, confiram-se os seguintes precedentes:

    TRIBUTRIO . ALEGADA VIOLAO DO ART. 4, 2, DA LEF NO CONFIGURADA . DVIDA NO TRIBUTRIA . INAPLICABILIDADE DO ART. 135 DO CTN AO CASO CONCRETO . ALEGADA VIOLAO DO ART. 97 DA CARTA MAGNA . INCOMPETNCIA DO STJ PARA JULGAR MATRIA CONSTITUCIONAL.1. O art. 135, III, do CTN responsabiliza pessoalmente os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurdicas de direito privado apenas pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias, no sendo aplicvel, portanto, no caso de cobrana de multa por infrao CLT.

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    2. A apreciao de suposta violao de preceitos constitucionais no possvel na via especial, nem guisa de prequestionamento, porquanto matria reservada, pela Carta Magna, ao Supremo Tribunal Federal.Agravo regimental improvido.(AgRg no Ag 1261429/BA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe 23/04/2010)

    AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. MASSA FALIDA. REDIRECIONAMENTO PARA O SCIO-GERENTE. ART. 135 DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. SMULA 07. ENCERRAMENTO DA FALNCIA. SUSPENSO DA EXECUO. ART. 40 DA LEI 6.830/80. IMPOSSIBILIDADE.1. O redirecionamento da execuo fiscal, e seus consectrios legais, para o scio-gerente da empresa, somente cabvel quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes, infrao lei ou contra o estatuto, ou na hiptese de dissoluo irregular da empresa, no se incluindo o simples inadimplemento de obrigaes tributrias.2. Precedentes da Corte: ERESP 174.532/PR, DJ 20/08/2001; REsp 513.555/PR, DJ 06/10/2003; AgRg no Ag 613.619/MG, DJ 20.06.2005; REsp 228.030/PR, DJ 13.06.2005.3. O patrimnio da sociedade deve responder integralmente pelas dvidas fiscais por ela assumidas.4. Os diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurdica so pessoalmente responsveis pelos crditos relativos a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatuto (art. 135, inc. III, do CTN).5. O no recolhimento de tributos no configura infrao legal que possibilite o enquadramento nos termos do art. 135, inc. III, do CTN.(...)10. Agravo regimental desprovido.(AgRg no REsp 1160981/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/03/2010, DJe 22/03/2010)

    TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. EMPRESA NO LOCALIZADA. DISSOLUO IRREGULAR COM ESTRIBO NA CERTIDO DE OFICIAL DE JUSTIA. REDIRECIONAMENTO. RESPONSABILIDADE. SCIO-GERENTE. ART. 135, III, DO CTN.1. Esta Corte preconiza que o mero inadimplemento da obrigao tributria no caracteriza infrao lei.2. Cabe ao scio indicado na certido de dvida ativa comprovar que no agiu dolosamente, com fraude ou excesso de poderes, violando a lei (contrato social ou estatuto), a fim de elidir sua responsabilizao pessoal pelas dvidas da empresa. Precedentes.3. Quando a sociedade se extingue irregularmente, como no caso, cabe responsabilizar o scio-gerente, permitindo-se o

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    redirecionamento. Assim, nus dele provar no ter agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder.4. Se consta dos autos certido de oficial de justia atestando que a empresa no mais funciona no endereo consignado no contrato social sem indicar nova localizao, pode-se presumir que ela foi irregularmente dissolvida. Precedentes.5. Agravo regimental provido.(AgRg no REsp 1085943/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2009, DJe 18/09/2009)

    PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTRIO. EMBARGOS DE DECLARAO. ACRDO QUE DECIDE A DEMANDA EMBASADO EM PREMISSA EQUIVOCADA. ATRIBUIO DE EFEITOS INFRINGENTES. EXCEPCIONALIDADE CONFIGURADA. AFASTAMENTO DA INCIDNCIA DA SMULA N. 283 DO STF. INAPLICABILIDADE DO ART. 135, III, DO CTN NO CASO DE COBRANA DE MULTA POR INFRAO CLT.PRECEDENTES.1. O julgado embargado decidiu o recurso especial entendendo que o fundamento do acrdo recorrido consubstanciado na inaplicabilidade do art. 135 do CTN quando o dbito origina-se de multa de natureza administrativa em face de infrao legislao trabalhista no foi impugnado nas razes do recurso especial, o que ensejou a aplicao, por analogia, da Smula n. 283 do STF hiptese.2. cedio que, excepcionalmente, emprestam-se efeitos infringentes aos embargos de declarao para correo de premissa equivocada sobre a qual se funda o julgado impugnado, quando tal efeito for relevante para o deslinde da controvrsia.3. No caso em anlise, de se afastar a aplicao da Smula n. 283 do STF, tendo em vista que a afirmao do recorrente fl. 49 no sentido de que "a extenso da responsabilidade ao scio no se d apenas em relao aos dbitos tributrios, mas tambm em relao a qualquer outro, desde que haja excesso de mandato, infrao lei ou ao contrato social" capaz de impugnar o fundamento do acrdo recorrido que entendeu pela inaplicabilidade do art. 135, III, do CTN quando se tratar de cobrana de multa por infrao CLT.4. No que tange questo de fundo, o acrdo proferido pelo Tribunal de origem orientou-se de acordo com o entendimento desta Corte no sentido de que "o art. 135, III do CTN responsabiliza pessoalmente os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurdicas de direito privado apenas pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias, no sendo aplicvel, portanto, no caso de cobrana de multa por infrao CLT". (REsp 1.038.922/GO, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 4.11.2008). Incidncia da Smula n. 83/STJ.5. Embargos de declarao acolhidos para conhecer do recurso especial e negar-lhe provimento.

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    (EDcl no REsp 888.239/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009)

    PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTRIO EXECUO FISCAL - REDIRECIONAMENTO - CITAO NA PESSOA DO SCIO-GERENTE - RESPONSABILIDADE PESSOAL PELO INADIMPLEMENTO DA OBRIGAO TRIBUTRIA DA SOCIEDADE - ART. 135, III DO CTN.1. Em matria de responsabilidade dos scios de sociedade limitada, necessrio fazer a distino entre empresa que se dissolve irregularmente daquela que continua a funcionar.2. Em se tratando de sociedade que se extingue irregularmente, cabe a responsabilidade dos scios, os quais podem provar no terem agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder.3. No demonstrada a dissoluo irregular da sociedade, a prova em desfavor do scio passa a ser do exeqente (inmeros precedentes).4. Nesse caso, pacfica a jurisprudncia desta Corte no sentido de que o scio somente pode ser pessoalmente responsabilizado pelo inadimplemento da obrigao tributria da sociedade se agiu dolosamente, com fraude ou excesso de poderes.5. A comprovao da responsabilidade do scio imprescindvel para que a execuo fiscal seja redirecionada, mediante citao do mesmo.6. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 570.096/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/12/2003, DJ 10/05/2004, p. 251)

    TRIBUTRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. SCIO-GERENTE. RESPONSABILIDADE PESSOAL PELO NO PAGAMENTO DE TRIBUTO. AUSNCIA DE PROVA DE INFRAO LEI OU ESTATUTO.Nega-se provimento ao agravo regimental, em face das razes que sustentam a deciso recorrida, sendo certo que a jurisprudncia desta Corte no sentido de que o scio-gerente de sociedade s pode ser responsabilizado pelo no pagamento de tributo, respondendo com o seu patrimnio, se comprovado, pelo Fisco, ter aquele agido com dolo ou culpa, com infrao lei, do contrato social ou estatuto e que redunde na dissoluo irregular da sociedade. Ademais, o no pagamento de tributo, de per si, no caracteriza violao lei, mormente quando verificado que a sociedade continua em pleno funcionamento, como na hiptese vertente.(AgRg no REsp 175.426/SC, Rel. Ministro FRANCISCO FALCO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/05/2001, DJ 24/09/2001, p. 238)

    TRIBUTRIO E PROCESSUAL CIVIL - ICMS - EXECUO FISCAL - REDIRECIONAMENTO - SCIOS DE SOCIEDADE POR QUOTAS - RESPONSABILIDADE SOCIETRIA - ART. 135, III,

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    CTN.I - A responsabilidade tributria prevista no art. 135, III, do CTN, imposta ao scio-gerente, ao administrador ou ao diretor de empresa comercial s se caracteriza quando h dissoluo irregular da sociedade ou se comprova a prtica de atos de abuso de gesto ou de violao da lei ou do contrato.II - Os scios da sociedade de responsabilidade por cotas no respondem objetivamente pela dvida fiscal apurada em perodo contemporneo a sua gesto, pelo simples fato da sociedade no recolher a contento o tributo devido, visto que, o no cumprimento da obrigao principal, sem dolo ou fraude, apenas representa mora da empresa contribuinte e no "infrao legal" deflagradora da responsabilidade pessoal e direta do scio da empresa.III - No comprovado os pressupostos para a responsabilidade solidria do scio da sociedade de responsabilidade limitada h que se primeiro verificar a capacidade societria para solver o dbito fiscal, para s ento, supletivamente, alcanar seus bens.IV - Recurso Especial a que se d provimento.(REsp 121.021/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2000, DJ 11/09/2000, p. 235)

    TRIBUTARIO. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO SOCIO-GERENTE. DISSOLUO IRREGULAR DA SOCIEDADE. A JURISPRUDENCIA TEM IDENTIFICADO COMO ATO CONTRARIO A LEI, CARACTERIZADOR DA RESPONSABILIDADE PESSOAL DO SOCIO-GERENTE, A DISSOLUO IRREGULAR DA SOCIEDADE, AQUELA EM QUE, NO OBSTANTE OS DEBITOS TRIBUTARIOS, OS RESPECTIVOS BENS SO LIQUIDADOS SEM O PROCESSO PROPRIO; A PRESUNO AI E A DE QUE OS BENS FORAM DISTRAIDOS EM BENEFICIO DOS SOCIOS OU DOS CREDORES PRIVADOS, NUMA OU NOUTRA HIPOTESE COM DETRIMENTO DA FAZENDA PUBLICA. RECURSO ESPECIAL NO CONHECIDO.(REsp 9.245/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/09/1995, DJ 16/10/1995, p. 34632)

    TRIBUTARIO. EXECUO FISCAL. EMBARGOS. SOCIO QUOTISTA. DISSOLUO IRREGULAR DA SOCIEDADE.- TENDO O ARESTO RECORRIDO RECONHECIDO A ATIVIDADE IRREGULAR DA SOCIEDADE EXECUTADA E SENDO O RECORRENTE SEU SOCIO-GERENTE, A SUA RESPONSABILIDADE PESSOAL RESSAI DO ART. 135, III, DO CTN.- APLICAO, AO CASO, DA SUMULA N. 184, DO EXTINTO TFR.(REsp 7.704/SP, Rel. MIN. JOS DE JESUS FILHO, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/10/1992, DJ 09/11/1992, p. 20352)

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    Com o escopo de evitar eventual questionamento, impende destacar que o

    benefcio de ordem, caracterstico da responsabilidade subsidiria, que se encontra prescrito

    no artigo 4, 3, da Lei 6.830/80, resta inaplicvel nas hipteses em que o Cdigo Tributrio

    Nacional ou o legislador ordinrio estabelece responsabilidade pessoal do terceiro

    (consectariamente, excluindo a do prprio contribuinte), em razo do princpio da

    especialidade (lex specialis derrogat generalis), mxime luz da Lei de Execuo Fiscal encarta normas aplicveis tambm cobrana de dvidas no-tributrias. Confira-se o teor do referido artigo:

    "Art. 4 - A execuo fiscal poder ser promovida contra:

    I - o devedor;II - o fiador;III - o esplio;IV - a massa;V - o responsvel, nos termos da lei, por dvidas,

    tributrias ou no, de pessoas fsicas ou pessoas jurdicas de direito privado; e

    VI - os sucessores a qualquer ttulo.(...) 3 - Os responsveis, inclusive as pessoas indicadas

    no 1 deste artigo, podero nomear bens livres e desembaraados do devedor, tantos quantos bastem para pagar a dvida. Os bens dos responsveis ficaro, porm, sujeitos execuo, se os do devedor forem insuficientes satisfao da dvida. "

    Destarte, restando caracterizada, in casu , a responsabilidade pessoal do scio-gerente, ora recorrente, ressoa evidente a desnecessidade de anulao da deciso que

    deferiu o redirecionamento da execuo posto comprovada a dissoluo irregular da empresa,

    sendo certo que a maior onerosidade s incidiria na hiptese de responsabilidade subsidiria,

    situao que obstaria o redirecionamento, ante a subjacncia da verificao da suficincia

    patrimonial da executada. Por isso que no merece reparo o acrdo recorrido, neste

    particular, ao desprezar a omisso do decisum do Juzo singular quanto apreciao do pedido de recusa do bem nomeado penhora pela empresa recorrente, concluindo que,

    litteris:"No caso, ante o teor da certido de fls. 101 do oficial

    de justia, era cabvel o redirecionamento. A alegao de que h bens da sociedade suficientes para garantir a execuo, por ora, no est comprovada . certo que a Agravante BERMATEX COM IMP TXTIL LTDA nomeou penhora uma frao de 1.760,3697 ha, correspondente a R$ 3.200.000,00 (trs milhes e duzentos mil

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    reais), do imvel registrado no Livro n 02, Matrcula sob o n 7.893, ficha 01, do Registro de Imveis Circunscrio da Comarca de Canarana Mato Grosso. Todavia, houve recusa do Agravado que no foi ainda apreciada em primeiro grau (fls. 37/38). Ausente, portanto, prova inequvoca da suficincia de bens para a satisfao da dvida, mostra-se precipitada sua excluso da execuo."

    Ex positis , NEGO PROVIMENTO ao recurso especial.

    o voto.

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    CERTIDO DE JULGAMENTOPRIMEIRA TURMA

    Nmero Registro: 2008/0246946-0 PROCESSO ELETRNICO REsp 1.104.064 / RS

    Nmeros Origem: 10522914830 70023750243 70025996497

    PAUTA: 02/12/2010 JULGADO: 02/12/2010

    RelatorExmo. Sr. Ministro LUIZ FUX

    Presidente da SessoExmo. Sr. Ministro BENEDITO GONALVES

    Subprocurador-Geral da RepblicaExmo. Sr. Dr. AURLIO VIRGLIO VEIGA RIOS

    SecretriaBela. BRBARA AMORIM SOUSA CAMUA

    AUTUAO

    RECORRENTE : BERMATEX COMRCIO E IMPORTAO TEXTIL LTDAADVOGADO : PAULO LEOPOLDO DAHMER E OUTRO(S)ADVOGADA : ANDRIA MINUZZI FACCINRECORRIDO : ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPROCURADOR : OLGA ALINE ORLANDINI CAVALCANTE E OUTRO(S)

    ASSUNTO: DIREITO TRIBUTRIO

    CERTIDO

    Certifico que a egrgia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:

    A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

    Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Benedito Gonalves (Presidente) e Hamilton Carvalhido votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Teori Albino Zavascki.

    Braslia, 02 de dezembro de 2010

    BRBARA AMORIM SOUSA CAMUASecretria

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