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Redes de Indignação e Esperança Movimentos sociais na era da internet Manuel Castells 1

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Redes de Indignação e Esperança

Movimentos sociais na era da internet

Manuel Castells

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Foto da capa do livro – protesto passe livre junho/2013 – RJ

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Introdução

“Nos dias de hoje, tais manifestações baseiam-se em redes dinâmicas

autônomas, com o decisivo apoio da internet e das redes sociais”.

Análise de Castells sobre alguns movimentos sociais recentes –

Primavera Árabe, Occupy, Passe Livre, Indignados na Espanha e

outros.

Manuel Castells sociólogo espanhol (1942)

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Algumas questões fundamentais que são levantadas por Castells:

Qual a natureza desses movimentos?

Como se formam?

Quais seus valores?

O que têm em comum?

Qual sua capacidade de produzir mudanças políticas e influenciar a

mentalidade social?

E por último (e muito importante) o que detonou as mobilizações de

massa a partir de 2010 pelo mundo?

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Quais seus valores?

Os valores para os diversos movimentos analisados por

Castells estão bastante pautados pelo direito a dignidade e a

uma condição social mais justa para os que são oprimidos.

Esses valores pouco ou nada mudam quando se referem as

diferenças culturais, econômicas, religiosas ou geográficas dos

diversos países em que ocorreram.

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O que têm em comum?

Existem diversos pontos em comum nos diversos movimentos

analisados por Castells, muito embora fossem bastante distintos em

termos culturais e econômicos, por exemplo. Os pontos comuns eram

justamente ter conseguido perceber o quão desprezados e oprimidos

eram pelos seus governantes, que as políticas públicas em pouco ou

nada favoreciam-nos. A opressão constantemente sofrida e em muitos

destes movimentos, opressão violenta e sanguinária como é o caso de

governos ditatoriais. Dessa constatação de descaso total, brotou a

sensação de poder de comunidade, poder de união, a qual Castells

nomeia de ‘sensação de empoderamento’. Esse empoderamento é

provocado pela união das pessoas, no sentido de resgatar o senso de

comunidade.

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Como se formam?

Tal proximidade ficou mais fortalecida e evidente com o auxílio

do ciberespaço.

As articulações desses movimentos e as estratégias de suas

lutas se disseminam de maneira extremamente rápida, o que

consegue aglutinar muito mais pessoas em torno de suas

causas.

Contudo, os movimentos sociais não ficam apenas no âmbito

do ciberespaço.

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Qual a natureza desses movimentos? Primavera Árabe: onda de protestos nos países árabes a partir do

final do ano de 2010 – luta por melhores condições de vida e contra

os regimes ditatoriais

Início – Tunísia/ 2010 – Mohamed Bouazizi – ateou fogo ao próprio

corpo diante de um prédio do governo deflagrando uma onda de

protestos no mundo árabe que perduram até hoje.

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Primavera Árabe

O ditador Ben Ali deixa o país em 14 janeiro de 2011

Manifestantes sentem-se encorajados a novas reivindicações

(liberdade politica e de imprensa, assim como a retirada do comando

de todo o pessoal do ex-presidente Bem Ali)

A violência sofrida pelos manifestantes ganha espaço na internet.

Vídeos são compartilhados em sites e redes sociais e juntamente com

os vídeos, a convocação para que as pessoas aderissem a essas

manifestações no espaço público.

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Primavera Árabe

Em pouco tempo, diversas cidades do País estavam participando da

manifestação. Formavam-se comboios que rumavam para a capital.

Comboio da solidariedade em 22 de janeiro de 2011 – contra o

governo provisório de Mohamed ghanouchi. Manifestantes acampam

em Kasbah, local onde fica a maioria dos ministérios e da inicio a um

fórum permanente onde se discutiam por horas e até dias a fio. Tudo

era filmado e divulgado na internet.

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Primavera Árabe

Além de as discussões irem para a internet, os manifestantes

cobriram os muros ao redor do local do acampamento com diversos

slogans em inglês, francês e árabe.

Não havia liderança no movimento e sim, uma organização informal

para cuidar de assuntos relacionados a logística e a organização da

participação nos debates.

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Primavera Árabe

Quem eram os manifestantes? Jovens desempregados com formação

superior compunham boa parte da massa de manifestantes.

Um dos fortes fatores motivadores das revoluções no mundo árabe

foi justamente a falta de oportunidade de emprego para estes jovens

universitários.

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Os protestos ganharam força e visibilidade por meio das redes sociais,

tanto das que são off-line e, principalmente, das que são online.

Há de se pontuar uma espécie de parceria que fora feita entre a Al

Jazeera e os manifestantes. Jornalistas e cidadãos uniram-se para

divulgar a ‘cobertura’ dos protestos. Uns carregavam seus vídeos no

youtube e outros transmitiam os protestos por intermédio de seu

satélite que foge ao controle governamental. A participação da

emissora de tv foi crucial durante as semanas de revolta. Chegou-se a

criar um programa exclusivo de comunicação para permitir que

celulares de manifestantes fossem diretamente conectados a seu

satélite sem necessidade de equipamentos específicos ou sofisticados.

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O twitter também teve participação importante. Manifestantes

utilizaram a hashtag #sidibouzid para promover debates e ampliar a

comunicação na internet

Blogueiros também tiveram papel de fundamental importância visto

que tinham grande poder de convencimento de seu público.

Castells aponta dados relevantes sobre a utilização da internet na

Tunísia:

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Em 2010, 67% da população urbana tinha acesso a celular e

37% estavam conectadas a internet.

No inicio de 2011, 20% dos usuários estavam no Facebook.

A utilização da internet e de suas redes sociais na Tunísia são

bem maiores quando comparadas a outros países árabes,

como por exemplo, Egito, Argélia, Iêmen e outros.

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Jovens instruídos, com acesso a internet e desempregados

eram os principais atores desse movimento. A divulgação dos

protestos ocorreu muito por meio da internet. Muitos destes

jovens eram usuários sofisticados dela e com isso,

transformaram o potencial de comunicação da rede em prol do

movimento.

A internet é um espaço onde há autonomia, ainda que não

seja total. Existiu a ampla divulgação de vídeos, fotos, canções

e convocações pelos manifestantes.

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Castells aponta para três características

distintas na Tunísia:

Participantes dos protestos – jovens com

ensino superior que ignoravam lideranças e

formalidades do tipo;

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Qual sua capacidade de produzir mudanças políticas e influenciar a mentalidade social?

Taxa relativamente alta de difusão do uso da

internet, incluindo conexões entre

residências, escolas e cibercafés.

Forte cultura de ciberativismo na década

anterior, fortalecendo as críticas ao regime

ditatorial.

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Qual sua capacidade de produzir mudanças políticas e influenciar a mentalidade social?

Os manifestantes conseguiram manter suas

demandas de plena democratização do pais

durante o ano de 2011, mesmo com a

repressão policial.

Havia também a presença de políticos do

antigo regime no governo provisório.

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Qual sua capacidade de produzir mudanças políticas e influenciar a mentalidade social?

Em contrapartida, o Exercito recusou-se a participar

de uma repressão sangrenta, apoiando o processo

de redemocratização.

A imprensa escrita adquirira sua independência e

apoio todo o movimento democrático.

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Qual sua capacidade de produzir mudanças políticas e influenciar a mentalidade social?

Em 21 de outubro de 2011 aconteceu afinal as tão aguardadas

eleições abertas

Embora se tenha conseguido com os protestos alguns avanços rumo

a redemocratização do país, a situação continua tensa. O governo

atual não tem politicas publicas eficazes, capaz de diminuir a

pobreza, ofertar empregos e diminuir a desigualdade social. Por estes

e outros motivos políticos, os protestos continuam e atualmente, tem

se agravado.

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Qual sua capacidade de produzir mudanças políticas e influenciar a mentalidade social?

As pessoas estão muito mais conscientes e ativas, fazendo pleno uso do ciberespaço e do próprio espaço publico quando se faz necessário.