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REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA - RENASF UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI- URCA MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA ANAILZA DE SOUZA DUARTE COMPETÊNCIAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA PROPOSTA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA CRATO-CE 2016

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REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA - RENASF

UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI- URCA

MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

ANAILZA DE SOUZA DUARTE

COMPETÊNCIAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA PROPOSTA NA

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

CRATO-CE

2016

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ANAILZA DE SOUZA DUARTE

COMPETÊNCIAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA PROPOSTA NA

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado à banca de defesa do Mestrado Profissional em Saúde da Família, da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família, Universidade Regional do Cariri-URCA.

Orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima Antero Sousa Machado.

Coorientadora: Profa. Ms. Yana Paula Coêlho Correia Sampaio

Área de Concentração: Saúde da Família

Linha de pesquisa: Educação na Saúde

CRATO-CE

2016

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Duarte, Anailza de Souza. D812c Competências para promoção da saúde: uma

proposta na estratégia saúde da família/ Anailza de Souza Duarte. – Crato-CE, 2016

117p. Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado à

banca de defesa do Mestrado Profissional em Saúde da Família, da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família da Universidade Regional do Cariri-URCA. Área de concentração: saúde da família; Linha de pesquisa: educação na saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima Antero Sousa Machado.

Coorientadora: Profa. Ms. Yana Paula Coêlho Correia Sampaio

1. Promoção da saúde; 2. Educação em saúde; 3.

Adolescente; 4. Saúde da família; I. Título.

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DEDICATÓRIA

Aqui está um trabalho fruto de determinação e

perseverança. Contudo, só foi possível

porque comigo estavam pessoas como minha

mãe Generosa, meu namorado Heyder e o

meu sobrinho Simão Pedro. A vocês, eu

dedico esta conquista.

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AGRADECIMENTOS

À DEUS,

Pelo dom da vida e por todas as oportunidades a mim concedidas;

À Nossa Senhora de Fátima,

A Ela toda a honra e glória desta conquista;

À minha mãe e ao meu pai (in memoriam)

Obrigada por dedicarem tempo, amor e dedicação a mim. Pela torcida

incondicional. Obrigada pela presença em todos os momentos.

À Heyder,

Sua confiança e apoio me incentivaram a tomar uma decisão como esta – fazer

um mestrado. Obrigada pelo companheirismo de sempre.

Ao meu sobrinho Simão Pedro,

O carinho, respeito e confiança que deposita em mim, ajudaram-me a realizar

mais esse sonho.

Aos amigos, em especial Vivianne Noronha,

Agradeço pela amizade verdadeira, por estar ao meu lado nessa caminhada e

me ajudar a acreditar que tudo daria certo. Foram momentos ímpares e que

serviram, acima de tudo, para fortalecer a nossa amizade.

Aos participantes do estudo e à Secretaria Municipal de Saúde de Petrolina-

PE,

Sou grata pela oportunidade que me deram de construir o conhecimento junto a

vocês. Agradeço a atenção de todos.

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À orientadora Prof. Dra. Fátima Antero e à coorientadora Yana Paula,

Hoje meu crescimento profissional é dedicado a vocês, por acreditarem, por

confiarem; por me darem oportunidades de amadurecer, de saber lidar com

problemas e crescer com eles; de entender que existem os momentos certos.

Agradeço por estarem ao meu lado e por tanto contribuírem com esta conquista.

A melhor turma do Mestrado Profissional em Saúde da Família da RENASF,

Obrigada pela amizade e carinho de todos, por sempre se mostrarem solícitos,

disponíveis a contribuir com o aprendizado conjunto, e por serem e amigos tão

especiais.

Aos professores da RENASF nucleadora Universidade Regional do Cariri,

Obrigada pelo aprendizado, pelas oportunidades de troca de saberes e de

conhecimento.

À Emanuela Freire e Evilene Vasconcelos,

Agradeço as competentes funcionárias Manu e Vivi por sempre terem estado à

disposição e apoiarem o meu crescimento profissional.

Foram muitas as pessoas que acompanharam, contribuíram e torceram por esta

conquista, a elas rendo os meus sinceros agradecimentos.

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É fundamental diminuir a distância entre o

que se diz e o que se faz, de tal forma

que, num dado momento, a tua fala seja a

tua prática.

Paulo Freire

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RESUMO

INTRODUÇÃO: A promoção da saúde (PS) com ênfase na educação em saúde é uma prática de grande relevância para implementar a atenção integral à saúde do adolescente. Para um cuidar direcionado à PS de adolescentes é necessário que os profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) desenvolvam competências como as definidas no documento Competências Principais em Promoção da Saúde (CompHP). OBJETIVO: Elaborar uma proposta de formação para os profissionais da ESF voltada para práticas educativas com adolescentes, orientada pelos domínios de competências do CompHP. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo intervencionista com abordagem qualitativa, realizado no município de Petrolina-Pernambuco-Brasil no período de dezembro de 2015 a julho de 2016. Utilizou-se como referencial teórico o documento do CompHP que define os domínios de Competências de Promoção da Saúde. Participaram do estudo dezenove profissionais de saúde da ESF. O estudo ocorreu em três momentos. O primeiro foi o da escuta qualificada, seguido da devolutiva dessa escuta aos participantes e o terceiro momento se deu por meio do delineamento de uma proposta de formação. A organização das informações obtidas se deu com base na proposta de Minayo e a análise a partir do referencial teórico e da literatura revisada para o estudo. RESULTADOS: Com a escuta qualificada foram desvelados os domínios de competências do CompHP presentes nas ações de educação em saúde realizadas pelos profissionais da ESF. Foram identificadas as necessidades de aprendizagem para a realização de processos educativos com os adolescentes. Identificou-se que apenas os domínios Implementação, Diagnóstico e Parceria estão presentes nas ações de educação em saúde realizadas pelos participantes, sendo que o domínio Implementação foi o mais fortemente expresso através da necessidade de apropriação da estratégia grupo. Ficou evidenciado, ainda, que os profissionais carecem de uma formação para a implementação de grupos com adolescentes. A devolutiva oportunizou o compartilhamento das evidências do estudo com os participantes e a confirmação do domínio Implementação como o mais evidente, conduzindo a coerência e a adequação do delineamento da proposta de formação com as necessidades de aprendizagem dos participantes. Por fim, se deu a elaboração de uma proposta de formação voltada para a implementação de grupo com adolescentes na ESF. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este estudo possibilitou o reconhecimento dos domínios do CompHP presentes nas práticas de educação em saúde realizadas pelos profissionais da ESF para o público adolescente. Permitiu o delineamento de um processo de formação para atender as necessidades dos profissionais da ESF voltada para práticas educativas com adolescentes, orientada pelo domínio de competência Implementação com ênfase na estratégia grupo. Acredita-se que uma formação neste âmbito contribui para a realização de ações de educação em saúde mais eficazes e transformadoras com reflexos positivos a curto, médio e longo prazo na dinâmica de saúde da comunidade. Ademais, espera-se que o processo vivenciado junto aos participantes contribua para uma reflexão acerca das suas práticas educativas no âmbito da saúde do adolescente e que forneça subsídios para os profissionais que desejarem realizar ações de educação em saúde em outras dimensões da ESF.

Palavras-chave: Promoção da Saúde; Educação em Saúde; Adolescente; Saúde da Família.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Health promotion (HP) with emphasis on health education is a great and relevant practice for implementation of integral attention to adolescent health. For a care directed to HP of adolescents is necessary that the professionals of Family Health Strategy (FHS) develop competencies as defined in the core competencies framework for Health promotion (CompHP). OBJECTIVE: Draw up a proposal for training of FHS professionals focused on educational practices with adolescents, guided by the competency domains of CompHP. METHODOLOGY: This is an interventional study with a qualitative approach, held in the city of Petrolina-Pernambuco-Brazil in the period from December 2015 to July 2016. It was used as theoretical framework the document of CompHP that defines the competency domains of Health Promotion. Nineteen FHS professionals participated in the study. It took place in three moments. The first was the qualified listening, followed by the feedback of that listening for the participants and the third moment was the design of a training proposal. The Organization of the information obtained was given on the basis of the proposal by Minayo and the analysis from the theoretical framework and the literature reviewed for the study. RESULTS: With the qualified listening, it was unveiled the competency domains of CompHP present in the actions of Health Education carried out by professionals of the FHS. It was found the needs of learning for the realization of educational processes with the adolescents. It was identified that only Implementation, Diagnosis and Partnership domains are present in the actions of health education carried out by the participants, being that the domain implementation was the most strongly expressed through the need for ownership strategy of the group. It became evident that the professionals still need training for the implementation of groups with adolescents. The feedback provided sharing of the evidence of the study with the participants the confirmation of the implementation domain as the most evident, driving to coherence and adequacy of the design of the training proposal with the learning needs of the participants. Finally, it was elaborated a training proposal focused on the implementation of group with teenagers in the FHS. FINAL CONSIDERATIONS: This study enabled the recognition of domains of CompHP present in the practices of health education carried out by professionals of the FHS for the adolescent group. It allowed the design of a training process to cover the needs of FHS professionals focused on educational practices with adolescents, guided by competency Implementation with an emphasis on group strategy. It is believed that this training contributes to the achievement of more effective and transformative health education actions with positive impact in the short, medium and long term community health dynamics. Furthermore, it is expected that the process experienced along the participants contribute to a reflection on educational practices in the field of adolescent health and to provide subsidies for professionals who wish to perform actions of health education in other dimensions of the FHS.

Keywords: Health promotion; Health education; Adolescent; Family health.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Abrasco- Associação Brasileira de Saúde Coletiva

ACS- Agentes Comunitários de Saúde

ABS- Atenção Básica de Saúde

AS- Aprendizagem significativa

CEP- Comitê de Ética em Pesquisa

CHA- conhecimentos, habilidades e atitudes

CPS-Competências de Promoção da Saúde

CompHP- Desenvolvendo competências e padrões profissionais para a construção

da capacidade em promoção da saúde na Europa

DeCS- descritor em Ciências da Saúde

DCN- Diretrizes Curriculares Nacionais

DST- Doenças Sexualmente Transmissíveis

ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente

ESF- Estratégia Saúde da Família

ESB- Equipe de Saúde Bucal

IES- Instituições de Ensino Superior

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IUHPE- International Union Health Promotion and Education

LDB- Lei de Diretrizes e Bases

MS- Ministério da Saúde

OMS- Organização Mundial da Saúde

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ONG's- Organizações não governamentais

PNAB- Política Nacional de Atenção Básica

PROSAD- Política Nacional de Atenção à Saúde dos Adolescentes

PS- Promoção da Saúde

PSE- Programa Saúde na Escola

PSNC N10- projeto de irrigação Senador Nilo Coelho núcleo 10

RENASF- Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família

SUS- Sistema Único de Saúde

TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS- Unidades de Saúde da Família

UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância-

URCA- Universidade Regional do Cariri

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Domínio de Competência Parceria nas ações de educação em saúde dos profissionais da ESF com adolescentes. Crato - CE, 2016............................................................................................................................52 Quadro 2- Domínio de Competência Diagnóstico nas ações de educação em saúde dos profissionais da ESF com adolescentes. Crato- CE, 2016..................................55 Quadro 3- Domínio de Competência Implementação nas ações de educação em saúde de profissionais da ESF com adolescentes. Crato- CE, 2016............................................................................................................................58

Quadro 4- Favorecimento de Mudanças como domínio necessário às atividades educativas com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016............................................63 Quadro 5- Advocacia em saúde como domínio necessário às atividades educativas com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016...............................................................65 Quadro 6- Comunicação como domínio necessário às atividades educativas com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016......................................................................68 Quadro 7- Liderança como domínio necessário às atividades educativas com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016......................................................................71 Quadro 8- Planejamento como domínio necessário às atividades educativas com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016......................................................................73

Quadro 9- Avaliação e pesquisa como domínio necessário às atividades educativas com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016...............................................................75 Quadro 10- Relatos dos profissionais da ESF acerca do momento da devolutiva da escuta qualificada. Crato-CE, 2016............................................................................80

Quadro 11- Oficina 1: Trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016............................................................................................................................86 Quadro 12- Oficina 2: Temática para o trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016..................................................................................................87 Quadro 13- Oficina 3: Estratégias educativas para o trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016......................................................................88

Quadro 14- Oficina 4: Construção do plano de trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.............................................................................................89 Quadro 15- Descrição do Modelo de Kirkpatrick para avaliação de oficinas............90

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................,.................................... 13

2. OBJETIVOS....................................................................................................... 24

3. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................. 25

3.1. Educação em Saúde: desafio para a prática dos profissionais da Estratégia Saúde da Família .................................................................................25

3.2 Formação para os processos educativos a partir de competências......... 29

4. METODOLOGIA .................................................................................................35

4.1. Referencial teórico..........................................................................................35 4.2. Natureza e Tipo do Estudo.............................................................................41 4.3. Cenário e Período da Intervenção................................................................43 4.4. Participantes da Intervenção..........................................................................45 4.5. Procedimentos da Intervenção......................................................................46 4.6. Resultados Esperados................................................................................... 47 4.7. Avaliação da Intervenção...............................................................................48 4.8. Relatório da Intervenção: organização e análise do material....................48 4.9. Aspectos Éticos e Legais do Estudo............................................................ 49 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................50

5.1 Perfil dos Participantes....................................................................................50 5.2 Descrição da intervenção............................................................................... 51 5.3Escuta qualificada: apontando caminhos para a formação dos profissionais da ESF por meio do domínio de Implementação........................ 77 5.4 Encontro com os profissionais: a devolutiva da escuta qualificada......... 78 5.5 Proposta de formação: trabalho com grupo de adolescentes.................... 81

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................92

7 PERSPECTIVAS FUTURAS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE E

CONTRIBUIÇÕES AO CAMPO DA SAÚDE COLETIVA.......................................94

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

APENDICE A- ROTEIRO DA ESCUTA QUALIFICADA

APENDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

APENDICE C- PRÉ-TESTE- PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

APENDICE D- PÓS-TESTE- PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

ANEXO

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1. INTRODUÇÃO

Entende-se a adolescência como o período de crescimento e

desenvolvimento do ser humano situado entre a infância e a idade adulta, delimitado

cronologicamente pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995) como a faixa

dos 10 aos 19 anos de idade, concepção também adotada no Brasil, pelo Ministério

da Saúde (MS). Entretanto, para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) essa

fase vai dos 12 aos 18 anos de idade (BRASIL, 1990).

A adolescência é uma fase caracterizada por grandes descobertas e

instabilidade emocional, período no qual é consubstanciada a personalidade, de

modo que, esta fase não pode ser reduzida a uma simples faixa etária, pois se trata

da transformação para a vida adulta e, portanto, é uma fase de decisões biológicas,

sociais e, principalmente, psicológicas para toda a vida (CAVALCANTE; ALVES;

BARROSO, 2008).

Silva et al (2014) destacam que a concepção sobre o adolescente deve estar

sustentada em uma visão sistêmica e construtivista do processo de adolescer em

que o sujeito desse processo deve ser visto no contexto das suas singularidades,

bem como, em suas relações com o seu contexto familiar e social, em um dado

momento histórico e cultural.

Essa fase é considerada como um momento marcado pela vulnerabilidade,

sendo esta entendida como a capacidade do indivíduo de decidir sobre sua situação

de risco, tendo relação direta com fatores individuais, familiares, culturais, sociais,

políticos, econômicos e biológicos. Alguns destes fatores podem elevar o grau de

vulnerabilidade dos adolescentes frente às diferentes situações e problemas

vivenciados na adolescência (BRASIL, 2005).

A vulnerabilidade é uma questão que faz com que o público adolescente

necessite de um cuidado ainda mais amplo e sensível. A maior vulnerabilidade aos

agravos, determinada pelo processo de crescimento e desenvolvimento, pelas

características psicológicas peculiares dessa fase da vida e pelo contexto social em

que está inserido, coloca o adolescente na condição de maior suscetibilidade às

mais diferentes situações de risco, como gravidez precoce, doenças sexualmente

transmissíveis (DST), acidentes, diversos tipos de violência, maus tratos, uso de

drogas, evasão escolar, e outros (BRASIL, 2008).

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Acrescenta-se que as principais causas de morbimortalidade dos

adolescentes estão diretamente relacionadas a problemas que poderiam ser

prevenidos em nível primário. Havendo a necessidade do desenvolvimento de

estratégias que atendam às necessidades desse público, que melhorem a qualidade

da assistência prestada e reduzam o número de óbitos e agravos evitáveis

(HENRIQUES; ROCHA; MADEIRA, 2010).

Nessa perspectiva, a utilização de estratégias que visem à saúde do

adolescente é essencial para que os profissionais de saúde identifiquem

características e/ou condições para potencializar os recursos disponíveis no

enfrentamento das situações vulnerabilizantes.

Vieira et al (2011) ressaltam a complexidade da atenção ao adolescente, no

que diz respeito às suas vivências e manifestações, diante de situações

vulnerabilizantes, em especial aquelas relacionadas à sua saúde, e destaca que a

Estratégia Saúde da Família (ESF) se configura como um modelo de atenção à

saúde que pode favorecer a mudança da saúde do adolescente, por meio da

capacidade de promover assistência integral continuada, amparada nos princípios

do Sistema Único de Saúde (SUS).

Isso significa que não se pode mais pensar as ações de atenção ao

adolescente a partir de um ponto de vista único, visto que, deve-se levar em

consideração que são sujeitos diferentes, em constante mudança, que exigem

práticas em saúde integrais, contextualizadas e dialógicas.

Torna-se pertinente a construção de estratégias efetivas na ESF para redução

dos agravos evitáveis e a promoção da saúde dos adolescentes. No entanto,

observa-se que, apesar de a atenção à saúde do adolescente constituir uma política

específica, a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Adolescentes (PROSAD), a

atenção dispensada a este grupo etário continua desarticulada, apresentando fortes

evidências de práticas médico-curativas, que se opõem às concepções promotoras

de saúde (BRASIL, 1996).

Vieira et al (2011) acrescentam que a busca dos adolescentes pelo serviço de

saúde ainda tem sido movida pela doença e seus fatores associados, fato que

denota a persistência de um modelo médico assistencialista que ainda se encontra

como obstáculo à consolidação da atenção integral proposta pela ESF.

No âmbito da atenção à saúde do adolescente, há fragilidades na

instrumentalização técnica dos profissionais para lidar com as necessidades e as

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demandas deste público. A indisponibilidade de recursos humanos habilitados para

atuar na perspectiva da atenção integral e as ausências de planejamento para suprir

tais necessidades apontam para causas básicas que dificultam o acesso dos

adolescentes aos serviços de saúde (COSTA, 2011).

Para Higarashi et al (2011) há uma lacuna no processo de atenção da ESF

voltada para adolescentes relacionada a percepção da adolescência como uma faixa

etária pouco associada a problemas de saúde. Os autores ressaltam que não parece

haver uma preocupação com a realização de ações sistematizadas junto a tal

público, e as ações geralmente realizadas se vinculam ao atendimento à livre

demanda, assistindo-o apenas na queixa, sem um olhar diferenciado para as

peculiaridades desta fase.

Diante do exposto, há a sinalização de que os profissionais ainda apresentam

fragilidades na organização dos serviços para trabalhar ações voltadas para a saúde

do adolescente.

Neste contexto, Henriques, Rocha e Madeira (2010) destacam a adequada

formação profissional, a atenção integral, a adequação dos serviços de saúde, a

criação de vínculos e a inserção dos adolescentes nas atividades realizadas pela

ESF como elementos essenciais para a melhoria da qualidade na assistência a este

público.

A organização dos serviços de saúde é fator de grande relevância para

garantir o acesso dos adolescentes às ações de promoção à saúde, de prevenção

de agravos e doenças, bem como, de reabilitação. Para que ocorra essa

organização, alguns elementos importantes devem ser considerados, como a

formação e a educação permanente dos recursos humanos, a estrutura física, os

equipamentos e materiais que devem ser fornecidos de acordo com a realidade e a

necessidade de cada serviço (BRASIL, 2005).

Nesse âmbito, o MS reforça a importância da realização do atendimento aos

adolescentes, respeitando os princípios e as doutrinas do SUS, e estabelece a

necessidade de organizar os serviços para garantir o acesso de adolescentes e

jovens (BRASIL, 2005).

Assim, é fundamental que os profissionais de saúde se envolvam na

assistência ao adolescente, com a implementação de ações relacionadas tanto a

programas já existentes quanto a criação e busca de novas estratégias que venham

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melhorar o atendimento, valorizando características individuais e coletivas

(HENRIQUES, ROCHA E MADEIRA, 2010).

A atenção em saúde voltada para o público adolescente não deve restringir-

se à mera existência ou formulação de um programa específico de atendimento a

estes na Unidade Básica de Saúde (UBS). Faz-se mister que esta atenção se

consolide por meio de ações que levem em conta as reais necessidades

assistenciais e educacionais em saúde, o que torna imprescindível que os

profissionais que venham a desenvolvê-las estejam aptos a lidar com as questões

que envolvem tal faixa etária, a fim de garantir a eficácia das mesmas (HIGARASHI

et al, 2011).

No entanto, a literatura revela que, mesmo havendo esforços para melhorar a

qualidade da assistência ofertada aos adolescentes, poucos profissionais possuem

capacidade ou se sentem motivados para trabalhar com esse público, e mais, as

ações que são desenvolvidas por esses profissionais ainda são fragmentadas,

desconsiderando o contexto dos problemas que ameaçam os adolescentes

(FERRARI; THOMSON; MELCHIOR, 2008; OLIVEIRA et. al., 2009).

Estudos envolvendo profissionais de saúde que atuam na ESF evidenciaram

que as dificuldades dos profissionais no trabalho com adolescentes são atribuídas,

em grande parte, as deficiências na graduação, posto que a formação inicial do

profissional de saúde não contempla de modo adequado, o tema da adolescência.

Ressaltam que na matriz curricular dos cursos superiores, quando tal temática é

contemplada, se restringe apenas à abordagem técnica do processo

reprodutivo/sexualidade (SANTOS et al, 2012; HIGARASHI et al, 2011; FONSECA e

OZELLA, 2010).

Na literatura há ainda evidências de que os profissionais no movimento de

construção de suas consciências e pensamentos percebem o “não lugar” do

adolescente nos serviços de saúde e na formação profissional, apontando as

instituições formadoras como responsáveis pela deficiência na formação e pela

exclusão do adolescente nos serviços de saúde. Em estudos realizados com

profissionais da ESF foi constatado que a formação dos profissionais de saúde é

uma das problemáticas centrais, nos contextos investigados, para se trabalhar a

educação em saúde com adolescentes na lógica da promoção da saúde requerida

pelo SUS (FONSECA e OZELLA, 2010; BENSEN et al, 2007).

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Henriques, Rocha e Madeira (2010) corroboram que alguns obstáculos na

atenção ao adolescente estão relacionados à formação dos profissionais, bem

como, a disponibilização de suporte bibliográfico por parte do MS sobre a temática,

enfatizando a necessidade de capacitação profissional para que se tenha

atendimento de qualidade, uma vez que, os profissionais se sentem despreparados

para lidar com esse público.

Diante do exposto, pode-se inferir que existem fragilidades dos serviços de

saúde, em particular dos profissionais de saúde, para o trabalho com adolescentes,

para a atenção às peculiaridades e complexidade das suas necessidades.

Nessa direção, é necessário investimentos na formação dos profissionais da

saúde que trabalham com adolescentes no intuito de fortalecer o acolhimento a este

público e do fortalecimento de práticas assistenciais e educativas adequadas ao seu

contexto (BRASIL, 2008).

Para Higarashi et al (2011) um maior preparo dos profissionais traz

contribuições para o estabelecimento de abordagens apropriadas, que levam em

conta, além das características específicas e das transformações biopsicossociais

da adolescência, outros aspectos relacionados à diversidade de contextos sociais de

onde advêm estes indivíduos.

Ao analisar o processo de trabalho do profissional da ESF com relação ao

adolescente, dentro de um enfoque de ações de promoção e educação em saúde,

coloca-se em questão a formação profissional com base nas Diretrizes Curriculares

Nacionais (DCN), tendo em vista que, alguns aspectos da formação podem ser

reproduzidos na prática profissional e ter repercussões na atenção ao adolescente.

Chiesa et al (2007) destacam que a formação do profissional generalista

almejado pelo SUS atualmente é regida pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que

propõe, dentre outras medidas, a substituição dos currículos mínimos pelas DCN

para os cursos de graduação em saúde. As DCN reafirmam a necessidade e o dever

das Instituições de Ensino Superior (IES) em formar profissionais de saúde voltados

para o SUS.

As políticas nacionais de saúde e de educação sinalizam a necessidade de

mudanças nos processos de formação profissional e têm incentivado iniciativas para

a ampliação da responsabilidade social e da pactuação para a definição de

competências, bem como, para o desenvolvimento das DCN. Assim, há

competências que precisam ser desenvolvidas pelos profissionais de saúde para

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que se constituam como sujeitos comprometidos com a busca de equidade do

cuidado, do acesso e da cidadania (CHIESA et al, 2007; LIMA, 2005).

O esforço atual deve se dar na relação horizontal entre profissionais de saúde e

adolescentes, relação esta que vai permitir uma nova forma de abordagem com

respeito à atenção à saúde do adolescente. Para que isto ocorra, é necessário que

haja um despojamento dos saberes pré-estabelecidos, uma vez que, o autoritarismo

que vem direcionando a ciência impede que o sujeito produza sua verdade, pois não

lhe dá acesso ao conhecimento e a autonomia (BRASIL, 2008).

Um caminho a ser seguido para impactar esta realidade pode ser o da

realização de processos educativos acolhedores direcionados para os adolescentes

que levem em consideração e respeitem suas vivências, saberes e necessidades de

saúde.

Vieira et al (2011) ressalta que a promoção da saúde com ênfase na

educação em saúde é uma ferramenta de fundamental relevância para se trabalhar

a atenção integral à saúde do adolescente. A educação em saúde busca conferir

aos sujeitos conhecimentos e habilidades para que estes sejam capazes de fazer

escolhas sobre sua saúde, despertando a consciência crítica, reconhecendo os

fatores que influenciam a saúde e encorajando-as a fazer algo para mudar sua

situação de saúde.

Nesse processo, os adolescentes, quando bem conduzidos e apropriados da

importância do seu protagonismo, podem agir no processo de consolidação das

ações da ESF através de sua participação ativa e mudança consciente de hábitos de

vida culminando com a vivência da promoção da saúde.

No entanto, estudos apontam que ainda há profissionais que não realizam

nenhum tipo de atividade de educação em saúde envolvendo adolescentes e

quando existem ações educativas ainda ocorrem discursos permeados por uma

educação voltada para a prevenção de doenças e para a tentativa de mudanças

comportamentais dos indivíduos, sendo normativas e verticalizadas (SAMPAIO et al,

2010).

Os profissionais da saúde ainda não encaram como sua a responsabilidade

de participar na condução e orientação dos adolescentes, restringindo o seu

atendimento à sua área de competência técnica e, na maioria das vezes, não estão

capacitados para prestar uma abordagem integral na atenção ao adolescente

(MACHADO; ARAÚJO, 2013).

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19

A prática educativa exige conhecimentos da realidade dos usuários, além de

uma visão crítica e participativa dos profissionais que desejam abordar temáticas

significativas para os adolescentes. Nesse sentido, a ações de educação em saúde

devem estar baseadas em uma reflexão crítica sobre as necessidades e ações para

a melhoria qualidade de vida dos adolescentes.

Persiste a necessidade de organização do processo de trabalho das equipes

da ESF, voltada à captação, estimulo e fortalecimento do vínculo entre equipe e os

usuários. Também há a necessidade de consolidação da política voltada à saúde

dos adolescentes, centrada em atividades de promoção à saúde que propiciem o

protagonismo juvenil (VIEIRA et al., 2011).

Higarashi et al (2011) ressaltam que não são todas as pessoas que têm

habilidade para trabalhar com a adolescência, e, nesse sentido, é preciso que o

profissional tenha afinidade e seja capaz de consolidar habilidades para lidar com os

adolescentes, que incluem entre outros aspectos, criatividade, capacidade

comunicativa e disposição/iniciativa para cativar os jovens.

Nesse contexto, é necessária a reflexão sobre uma formação profissional,

bem como, acerca da educação permanente que objetive integrar conhecimentos,

habilidades e atitudes na construção de competências necessárias ao processo de

trabalho com adolescentes com ênfase em ações de educação em saúde.

O desenvolvimento de competências apresenta-se como uma perspectiva

para a formação dos profissionais de saúde, não só por incentivar a reflexão crítica,

mas por ser capaz de responder às exigências do atual cenário de mudanças de

práticas almejado pelo SUS (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

Perrenoud (1999) define competência como a capacidade de agir eficazmente

em determinada situação, apoiada em conhecimentos, mas sem se limitar a eles.

Para o autor, a competência tem como propósito responder às necessidades do

mundo contemporâneo; constrói-se na formação, e também nas diferentes situações

do trabalho.

Para Saupe et al (2007) ser competente é deter um conjunto de

conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) obrigatórias à atuação dos recursos

humanos em saúde que lhes deem condições para desenvolver seu trabalho.

Banov (2010) descreve as características das três pilares do CHA: 1)

conhecimento, definido como domínio da área de atuação da informação,

possibilitando o entendimento de forma clara e correta, 2) habilidade ou a

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capacidade de saber fazer, da aplicação de uma técnica de experiência e, 3)

atitudes: capacidade de agir, de saber fazer, de aplicar decisões adequadas as

exigências do momento.

Formar ou mobilizar competências pressupõe um trabalho diferenciado no

interior das organizações que devem buscar meios ou estratégias para desenvolvê-

las, auxiliando os profissionais nas suas necessidades (CAMELO; ANGERAMI,

2013).

Assim, a concepção de competência adotada neste estudo se aproxima do

entendimento de que competência é uma capacidade que pode ser mobilizada a

partir da formação de profissionais nas dimensões do CHA para atuar diante de uma

realidade.

Em estudo realizado por Fragelli e Shimizu (2012) foi evidenciada uma

pluralidade de abordagens para a compreensão do termo competência, refletindo

como este conceito evoluiu nos campos metodológicos e analíticos da área tendo

como ponto culminante, no campo da saúde pública, a Conferência de Galway.

A Conferência de Galway aconteceu na Irlanda em 2008 e um dos pontos

destacados foi a importância da qualificação dos profissionais de saúde para

enfrentar os problemas de saúde agudos e crônicos, destacando o desenvolvimento

de competências (HOWZE et al, 2009).

Esta conferência resultou na elaboração de Consenso de Galway e

posteriormente, no documento Desenvolvendo competências e padrões profissionais

para a construção da capacidade em promoção da saúde na Europa (CompHP) que

aponta valores, princípios e domínios de competências fundamentais para saúde

pública. Os domínios de competências definidos foram: favorecimento de mudança,

advocacia em saúde, parceria, comunicação, liderança, diagnóstico, planejamento,

implementação e avaliação e pesquisa (ALLEGRANTE et al ,2009; DEMPSEY;

BATTEL-KIRK;BARR, 2011).

Com base no exposto, para um cuidar direcionado à promoção da saúde do

adolescente, com vistas à realização de práticas educativas eficazes é necessário

que o profissional de saúde se aproprie de competências específicas. Entende-se

que essa apropriação pode ocorrer por meio da realização de processos formativos.

Frente a este cenário, foi realizado um estudo de intervenção com foco na

elaboração de uma proposta de formação para os profissionais da ESF, voltada para

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práticas educativas com adolescentes, orientada pelos domínios de competências

do CompHP.

Diante do exposto, o referido estudo se justifica pela necessidade de

contribuir para a realização de ações educativas voltadas para os adolescentes, as

quais, muitas vezes, se apresentam ausentes ou limitadas a práticas tradicionais

devido a necessidade de aquisição de suporte técnico-pedagógico pelos

profissionais, realidade evidenciada em estudo realizado por Sampaio et al (2010)

na região do Vale do São Francisco, cenário da realização desta intervenção.

Acredita-se que a realização deste estudo pode possibilitar aos profissionais

da ESF mediar aprendizagens por meio da utilização de metodologias próprias para

adolescentes e conduzir com maior propriedade processos educativos junto a este

público.

Para uma compreensão e aproximação do fenômeno, realizou-se uma busca

nas bases de dados Medline, Lilacs e a Scientific Eletronic Library – Scielo,

considerando o período de 2010 a 2015. A busca foi realizada por meio do método

integrado, utilizando-se o descritor em Ciências da Saúde (DeCS): educação em

saúde e a palavra-chave competência.

Dos 123 artigos encontrados, considerando que o objeto da busca foi

identificar artigos que abordassem o desenvolvimento de competências para

processos educativos na ESF, apenas 10 artigos foram selecionados, entre

nacionais e internacionais.

Foi evidenciado que o desenvolvimento de competências permeia a formação

de profissionais de saúde (JUNQUEIRA; COTTA, 2014; SIQUEIRA-BATISTA et al,

2013; BENITO et al, 2012; MOURÃO et al, 2011; GONTIJO et al, 2013; SANTOS,

2011). Os artigos abordam competências nas diversas áreas de saúde (MEDEIROS

et al, 2013; GONZAGA et al, 2014). No entanto, apenas dois artigos abordaram

competências relacionadas a práticas educativas na ESF (SANTOS; TORRES,

2012; GIRÃO et al, 2014).

Percebeu-se que embora as competências sejam para o processo de trabalho

e formação em saúde um tema bastante discutido nos periódicos nacionais e

internacionais, uma aproximação dessas competências no sentido de abordá-las nos

processos educativos se encontra um pouco limitada, conforme o resultado do

levantamento descrito.

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Ao refinar a busca cruzando a palavra-chave competências com os

descritores 'educação em saúde' e 'adolescente' não foram encontrados estudos que

tratassem de competências para realização de processos educativos junto a

adolescentes na ESF justificando a realização deste estudo

Deste modo, com base na problemática apresentada e considerando a

relevância da temática em questão, como campo a ser enfrentado, destaca-se que a

ampliação de investigações, bem como, a realização de intervenção sobre o mesmo

possibilita uma melhor compreensão e visibilidade do problema.

Além disso, contribuirá com subsídios para que tomadas de decisão em

saúde possam ser desenvolvidas no âmbito da Saúde Coletiva, com vistas a

promover a melhoria da qualidade das práticas adotadas, fundamentando os

profissionais da ESF na realização do seu trabalho no tocante a processos

educativos.

Este cenário aliado à vivência profissional da autora, enquanto enfermeira da

ESF, onde foram observadas fragilidades na assistência aos adolescentes

evidenciadas pela ausência de uma demanda espontânea deste público nas ações

educativas, bem como, pela necessidade de aquisição de competências para mediar

processos educativos com utilização de estratégias adequadas justificaram a

realização deste estudo.

Ademais, o desenvolvimento deste estudo centrou-se na ocasião em que a

autora, enfermeira da ESF e discente do programa de Mestrado Profissional em

Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família-RENASF,

inserida na linha de pesquisa Educação na Saúde teve uma aproximação com os

saberes relacionados à promoção da saúde e educação em saúde com incentivo ao

uso do método científico e de evidências para a tomada de decisão e, consequente,

ressignificação das práticas adotadas.

Além disso, as reflexões sobre a prática profissional, bem como, o

entendimento das práticas de educação em saúde como meio de mobilizar

aprendizagem junto aos usuários do SUS, em particular, aos adolescentes na

transformação dos seus modos de vida com ênfase na promoção da saúde fazem

acreditar ser oportuna à produção de um conhecimento que traduza em reflexões e

ações para avançar na construção de saberes sobre a temática aqui concernente.

Quanto à relevância, este estudo de intervenção tem mérito ao abordar uma

temática necessária aos profissionais da ESF no âmbito da saúde do adolescente,

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ao elaborar uma proposta de formação observando as necessidades de

aprendizagem desses profissionais.

Outro ponto de importância se deve ao fato de que a elaboração de uma

proposta de formação contribui para a realização de ações de educação em saúde

mais eficazes e transformadoras com reflexos positivos a curto, médio e longo prazo

na dinâmica de saúde da comunidade.

Por fim, este estudo também se faz relevante por ser uma temática atual, que

necessita de maiores aprofundamentos, tendo em vista que há estudos, como os de

Santos et al (2012), Higarashi et al (2011) e Fonseca e Ozella (2010), para citar

alguns, que apontam as dificuldades dos profissionais em trabalhar com

adolescentes sinalizando a necessidade de outros que venham suprir a lacuna de

como minimizar fragilidades nesse aspecto.

Assim, acredita-se que este estudo servirá de subsídio para profissionais que

almejam trabalhar com a temática de saúde do adolescente, partindo do

pressuposto que irá promover discussões sobre as práticas de educação em saúde

e competências profissionais para sua realização. Além disso, servirá como

contribuição para o universo acadêmico, ao ser útil à fundamentação das discussões

acerca da temática.

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2. OBJETIVOS

GERAL:

Elaborar uma proposta de formação para os profissionais da Estratégia

Saúde da Família voltada para práticas educativas com adolescentes,

orientada pelos domínios de competências do CompHP.

ESPECÍFICOS:

Reconhecer os domínios de competências do CompHP presentes nas

ações de educação em saúde realizadas pelos profissionais da ESF;

Identificar necessidades de aprendizagem dos profissionais da ESF

relacionadas aos domínios do CompHP na realização de processos

educativos com adolescente.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Educação em Saúde: desafio para a prática dos profissionais da

Estratégia Saúde da Família

A compreensão da saúde como um processo, no qual se prioriza a qualidade

de vida ao invés da ausência de doença, situa a promoção da saúde como uma das

estratégias de organização da gestão e das práticas em saúde, a qual não deve ser

compreendida apenas como um conjunto de procedimentos que informam e

capacitam indivíduos e organizações, ou que buscam controlar determinantes das

condições de saúde em grupos populacionais específicos (MALTA et al, 2009).

Para Barroso, Vieira e Varela (2006) a promoção da saúde supera a história

natural das doenças numa compreensão causal, unidirecional, acrítica e

descontextualizada, e exige uma visão estendida do processo saúde-doença

ampliando a capacidade de autonomia dos indivíduos e grupos para o alcance dos

seus objetivos pessoais e sociais.

A promoção da saúde, na prática das ações de educação, pressupõe que os

indivíduos aumentem o controle sobre suas vidas visando transformar a realidade

social e política. Nessa perspectiva, a educação em saúde possibilita circunstâncias

de reflexões sobre saúde, cuidados e mudanças de hábitos, constituindo-se um dos

pilares da promoção da saúde (BARROSO; VIEIRA; VARELA, 2006; VALLA, 2000).

Tendo em vista as ações desenvolvidas pela Estratégia Saúde da Família

(ESF) onde as práticas de promoção da saúde devem se destacar frente às práticas

curativas, entende-se que as ações da equipe de saúde estão ou deveriam estar

articuladas aos processos educativos.

Pelicioni e Pelicioni (2007) ressaltam que educação em saúde é uma

ferramenta inegável para a promoção da saúde, tendo sido reconhecida como fator

imprescindível para a melhoria da qualidade de vida, já que as práticas de saúde,

adequadas ou não, decorrem de experiências contínuas de ensino-aprendizagem e

influenciam as decisões ao longo da existência dos indivíduos.

Nesse contexto a educação em saúde é considerada como artefato capaz de

produzir ação, é um processo de trabalho dirigido para atuar sobre o conhecimento

das pessoas, para que ocorra desenvolvimento de juízo crítico e capacidade de

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intervenção sobre suas próprias vidas, ou seja, apropriação da existência como ser

humano (RODRIGUES; SANTOS, 2010).

As atividades de educação em saúde potencializam o alcance da melhoria

qualitativa dos serviços ofertados, a democratização do conhecimento, a utilização

de tecnologia simplificada e a participação da população na definição dos problemas

de saúde e das prioridades e estratégias a serem implementadas, sendo

considerada, ainda, como um dos mais importantes elos entre as perspectivas dos

indivíduos, os projetos governamentais e as práticas de saúde (MARTINS et al,

2007).

Buss (2000) afirma que ao articular Promoção da Saúde e Educação em

Saúde, não se deve perder de vista os seguintes aspectos que envolvem a relação

entre sujeito e estrutura numa relação dinâmica e interdependente: articulação de

saberes técnicos e populares; mobilização de recursos institucionais, comunitários,

públicos e privados.

Em 1984, documentos do Ministério da Saúde (MS) incluíram a Educação em

Saúde como componente da Atenção Básica de Saúde (ABS) sendo de

responsabilidade de todos os profissionais de saúde e apontaram para um aspecto

positivo que é a intencionalidade da prática educativa, que direciona as estratégias

utilizadas, abandonando-se o espontaneísmo e a improvisação. Destacaram dentre

as diferentes estratégias de realização do trabalho educativo, as discussões em

grupo, as dramatizações entre outras dinâmicas que facilitam a fala e a troca entre

os componentes do grupo (BARROSO; VIEIRA; VARELA, 2006).

Obter profissionais aptos a trabalhar no modelo dialógico e repensar as

práticas educativas dentro da visão de promoção da saúde não se constitui uma

tarefa fácil (GIL, 2005; BRASIL, 2005a).

Cutolo (2003) explica que essa dificuldade acontece como reflexo do modelo

de formação dos profissionais: hospitalocêntrico, biologicista e fragmentado. Essas

características, do chamado modelo flexneriano, utilizam metodologia de ensino

verticalizada e não problematizadora.

Em um estudo realizado por Oliveira e Wendhausen (2014) obteve-se que no

entender dos trabalhadores, a formação acadêmica que receberam é insuficiente

para trabalhar com a comunidade, sendo esta uma realidade enfrentada por muitos

profissionais que atuam na ESF, situação que, indubitavelmente, é um obstáculo a

ser superado.

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Nesse sentido, os autores supracitados corroboram que o descompasso na

educação em saúde decorrente das experiências e do conhecimento que constituem

o aporte teórico durante a formação dos profissionais de saúde somado a falta de

estímulo em adotar a educação em saúde como estratégias para a promoção da

saúde resultam no despreparo destes profissionais na realização das ações

educativas.

Em consonância Munguba (2010) enfatiza que exercer a função de ensinar,

no contexto da saúde, tem sido um desafio, em especial devido à tendência de

reproduzir estratégias de ensino vivenciadas pelo profissional na sua formação, uma

vez que, acolher as ideias dos usuários, conhecer sua história de vida e as funções

que exercem nos diversos contextos, compreender a cultura, tradições e visão de

mundo é algo complexo. Nesse sentido, a práxis ao desenvolver a dinâmica de

aprender e ensinar requer a oportunidade e o incentivo ao exercício da liberdade de

expressão, de ação e do diálogo para todos os envolvidos.

Cabe ressaltar que a prática de educação em saúde ainda se encontra em um

estado de tensão entre dois modelos educativos: o tradicional e o dialógico, os quais

parecem co-existir no cenário da ESF.

O modelo tradicional de educação em saúde traz seu projeto na mudança de

comportamento individual e na crença de que saúde resulta de escolhas que o

indivíduo faz, não se importando com suas condições de vida que estão ligadas

literalmente às suas escolhas. Já com enfoque em atender às complexidades da

nova saúde pública, surgiu um modelo de educação em saúde dialógico, cujo

objetivo é a reflexão e a conscientização crítica sobre os aspectos da realidade

pessoal e coletiva, estimulando a identificação coletiva das origens dessa realidade,

pretendendo, junto com os sujeitos, desenvolver planos de ação para a sua

modificação (BRACCIALLI; VIEIRA, 2012).

Diante da co-existência desses dois modelos, uma das dificuldades para os

profissionais de saúde consiste em aprender a superar as concepções tradicionais

em suas práticas e constituir uma cultura crítica e reflexiva entre si e a comunidade

na qual trabalham. Essa superação poderá ocorrer quando o trabalhador assumir

uma postura de parceria no processo de aprendizagem, trabalhando com indivíduos

os quais devem ser considerar sujeitos de suas vidas (OLIVEIRA; WENDHAUSEN,

2014).

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No que se refere, especificamente, a ações de educação em saúde com

adolescentes no âmbito da ESF também são observadas algumas fragilidades na

realização destas práticas.

O direcionamento de ações ainda com características de modelos anteriores

aos da ESF, decorrentes da incompetência ou da falta de habilidade profissional,

somado a falta de reorientação dos programas voltados para os adolescentes que

ainda não estão sendo implementados de forma efetiva pela política pública acaba

limitando as ações a situações de riscos, não considerando as particularidades e

necessidades dos adolescentes (VIEIRA et al, 2011).

Conforme os autores supracitados a formação inadequada dos profissionais

de saúde é uma das problemáticas centrais, que fragiliza a eficácia de se trabalhar a

educação em saúde na lógica da promoção requerida pela ESF com o público

adolescente. Havendo ainda discursos permeados por uma educação voltada para

as doenças e para a tentativa de mudança de comportamento dos indivíduos, com

relação vertical e impositiva.

Em convergência, um estudo realizado por Higarashi et al (2011) menciona a

falta de capacitação dos profissionais para a abordagem e atuação junto aos

adolescentes como dificuldade para a assistência a este público. Além disso,

destacam a falta de recursos em geral, considerando que para se trabalhar com os

adolescentes seria indicada a disponibilização de um local adequado, com materiais

capazes de atrair sua atenção, mobilizando seu interesse, além da disponibilidade

de profissionais de diferentes áreas.

Compreendendo a adolescência como uma construção social, que pode ser

experienciada e significada de maneiras diferentes, como o momento em que

ocorrem mudanças revolucionárias nos interesses e o desenvolvimento da

autoconsciência, os processos educativos tem papel fundamental nas ações em

saúde, podendo de fato ser pensados na perspectiva da integralidade e do cuidado,

como proposto por Ayres (2007).

Nesse contexto, promover a saúde de adolescentes exige o desafio da

adoção de estratégias e metodologias mais adequadas à participação. Vieira et al

(2014) consideram o adolescente um grupo-chave para qualquer processo de

transformação social e ressaltam que os profissionais da ESF devem reconhecer o

nível de participação dos adolescentes nos serviços de saúde, a influência do

processo de participação na promoção da saúde dos mesmos, refletir sobre a

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relevância de suas ações educativas e utilizar tais achados no redirecionamento das

práticas assistenciais.

Nessa perspectiva, com o processo de consolidação da ESF e de mudanças

na formação dos profissionais de saúde com ênfase nos requisitos necessários para

o fortalecimento do SUS, espera-se um movimento ascendente na realização de

práticas educativas dialógicas as quais também devem estar direcionadas as

necessidades dos adolescentes, e, consequentemente, melhor preparo e maior

envolvimento dos profissionais no desenvolvimento de ações voltadas para este

público.

Deve-se ter em mente que pensar a saúde do adolescente implica pensar nos

diversos modos de viver a adolescência. Por sua vez, implica em um movimento de

repensar as práticas de saúde e de educação em saúde que se voltam para esta

parcela significativa da sociedade, os adolescentes (FERREIRA et al, 2007).

Assim um caminho a ser seguido para a promoção à saúde dos adolescentes

consiste na realização de processos educativos com metodologias direcionadas para

os adolescentes que levem em consideração e respeitem suas vivências, saberes e

necessidades de saúde.

Sabe-se que os adolescentes, quando bem conduzidos podem agir como

protagonistas no processo de consolidação das ações de educação em saúde

através de sua participação ativa e mudança consciente de hábitos de vida

culminando com a vivência da promoção da saúde.

3.2 Formação para os processos educativos a partir de competências

A Estratégia Saúde da Família (ESF) veio para romper com o modelo

assistencial clínico, centrado na consulta médica, na supervalorização da rede

hospitalar, na cultura da medicalização, na pré-consulta e na pós-consulta e,

sobretudo no descompromisso e na falta de humanização nas ações de promoção,

prevenção, recuperação e reabilitação da saúde dos indivíduos em determinadas

áreas de abrangência (BRASIL, 2008).

Nesse contexto, concepção filosófica da ESF busca a reorganização de

práticas assistências em novas bases e critérios, tendo como objetivo a atenção ao

indivíduo no seu contexto familiar. A nova política exige profissionais

comprometidos, capazes de superar o paradigma dominante no campo da saúde.

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Assim, a formação dos profissionais de saúde esta sendo repensada, já que o

modelo implantado inclui a quebra de paradigmas e a formação de novos conceitos

(BRASIL, 2008).

Prado et al (2012) ressaltam que as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN),

a partir do ano 2000, tem incentivado mudanças no ensino no Brasil nas instituições

formadoras da área da saúde através da implementação de práticas pedagógicas na

tentativa de uma aproximação com a realidade social.

Com isso, estratégias foram desenvolvidas dentre elas o Programa Aprender

SUS e a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como medidas de

fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Diante da complexidade do

processo saúde-doença, ressalta-se a necessidade de uma reflexão permanente

acerca da formação em saúde (PRADO et al, 2012).

A formação em saúde é compreendida como uma das questões centrais

referentes à transformação das práticas profissionais, pois proporciona intervenções

capazes de aproximar-se das necessidades da população e da realidade sanitária

na qual o profissional está inserido. Nessa direção, é necessária busca por novos

cenários de formação profissional, os quais permitam o desenvolvimento de uma

proposta em rede articulando o ensino, a gestão do SUS, os serviços de saúde e a

comunidade (BISCARDE; PEREIRA-SANTOS; SILVA, 2014).

Assim, conforme os autores anteriormente mencionados, a ênfase não deve

ser numa educação voltada apenas para a transmissão de informações, mas para as

relações sociais, para a problematização e transformação da realidade, integrando

docentes, discentes, usuários, gestores, trabalhadores e profissionais de saúde no

cotidiano dos serviços e da realidade sanitária, para a consolidação do SUS.

Diante do exposto, a formação em saúde deve contemplar além das

habilidades técnicas, necessárias para a prática profissional em saúde, no entanto,

insuficientes para promover mudanças consistentes nos fatores condicionantes e

determinantes da saúde, bem como para sustentação dos preceitos do SUS

(BISCARDE; PEREIRA-SANTOS; SILVA, 2014).

No entanto, a formação dos profissionais da saúde embasada no modelo

biomédico, fragmentado e especializado dificulta a compreensão dos determinantes

do processo saúde-doença e a, consequente, intervenção sobre seus

condicionantes (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

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Segundo os autores supracitados as mudanças na formação e nas práticas é

um desafio a ser enfrentado em várias instâncias, pois implica modificações dos

paradigmas já estruturados nos serviços, nas instituições de ensino e nas relações

interpessoais. Desta forma, o descompasso entre a formação e a realidade concreta

dos serviços poderá ser superado com o diálogo e a aproximação entre as práticas e

as concepções vigentes de atenção à saúde.

O desenvolvimento de competências apresenta-se como uma nova

perspectiva para a formação dos profissionais de saúde, não só por incentivar a

reflexão crítica, mas por ser capaz de responder às exigências impostas pelo atual

cenário de mudanças sociais (OLIVEIRA, 2004).

Os documentos do Ministério da Saúde (MS) trazem uma noção de

competência que aproxima-se da perspectiva crítico-emancipatória, levando em

conta a diversidade de aspectos relacionados à prática profissional dos

trabalhadores, considerando suas especificidades quanto às diferentes unidades de

produção do cuidado em saúde, às formas de inserção e organização do trabalho e

o atendimento das demandas individuais, grupais e coletivas (MARQUES; ENGRY,

2011).

A defesa da importância de se definir competências deve-se ao fato da

potência que estas têm para clarear expectativas sobre a prática profissional e

definir futuras necessidades dessa mesma prática, além de prover pontos de

enfoque para o desenvolvimento de currículos e para (re) desenhos de cursos de

graduação e pós-graduação (PINHEIRO et al, 2015).

A noção de competência designa uma capacidade de mobilizar recursos

cognitivos por meio de esquemas e em situações-problema, salientando quatro

aspectos: as competências não são recursos cognitivos, mas os mobilizam, integram

e orquestram; a mobilização dos recursos cognitivos só ocorre em situações, e cada

situação é singular; o exercício das competências passa por operações mentais

complexas; as competências profissionais são construídas durante o processo de

formação, por isso a atividade docente é fundamental (PERRENOUD, 1999).

Segundo Ruthes e Cunha (2008) o conceito de competência relaciona-se com

a capacidade e habilidade em desempenhar, com exatidão, um determinado ofício.

Ao aprofundar teoricamente esse conceito, evidencia-se que competência não se

vincula, somente, ao saber-fazer, mas se relaciona, também, ao saber e ao saber-

agir, ou seja, engloba a formação educacional (esfera cognitiva), as respectivas

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experiências profissionais (esfera profissional) e as características comportamentais

humanas (esfera individual).

Segundo Feldman, Cunha e Ruthes (2008) a competência esta fundamentada

em três dimensões distintas – os conhecimentos, as habilidades e as atitudes –

CHA. A primeira refere-se às informações apreendidas pelo sujeito, que subsidiam a

compreensão de realidades e contextos; a segunda corresponde à

operacionalização adequada do conhecimento, seja por talento ou por meio de

treinamento de uma determinada ação; e, por fim, as atitudes relacionam-se aos

aspectos sociais e afetivos vinculados ao trabalho, ações que apontam o grau de

comprometimento e desenvoltura do profissional no local de trabalho.

Boterf (2003), em consonância, afirma que competência pode ser entendida,

em sentido amplo, como um saber em ação. Competência esta realacionada,

portanto, a uma junção de conhecimentos (saber o quê fazer), habilidades (saber

como fazer, ter a capacidade de) e atitudes (estar motivado para fazer, interagindo

com o meio de modo apropriado a fim de atingir o objetivo).

Oliveira (2004) enfatiza que o desenvolvimento de competências sugere

encontrar, identificar e mobilizar conhecimentos que darão subsídios para resolução

dos problemas.

Nessa direção, o conceito de competência evidencia a importância do seu

caráter processual, ou seja, uma perspectiva de desenvolvimento e aprimoramento

ininterruptos durante a graduação e a atuação/experiência profissional. Dessa forma,

competência é entendida como um processo de aprendizagem desenvolvido por

meio de teorias, aulas e relacionamento interpessoal, isto é, são capacidades que se

adquirem ao longo da vida pessoal e profissional (SPAGNOL; SOARES; SILVEIRA,

2012).

Competência, no campo da Promoção da Saúde, é definida como a

combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes, que permite ao indivíduo o

desempenho de tarefas de acordo com um padrão (DEMPSEY; BATTEL-KIRK;

BARRY, 2011).

Esses domínios centrais são essenciais para o trabalho de promover a saúde,

pois ampliam a visão dos valores e compromissos da promoção da saúde global. É

necessário que haja conhecimento técnico para articular a participação de vários

setores, em parceria de trabalhos e implementação de estratégias (MARIANO et al,

2013).

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33

Conforme estudo realizado por Tusset (2012), a importância da utilização de

competências para a promoção da saúde está relacionada na potencialidade das

mesmas servirem como uma referência no estabelecimento de padrões profissionais

e na criação de mecanismos que assegurem a qualidade de trabalho.

As competências para promoção da saúde podem ser compreendidas como

uma combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores

necessários para o engajamento eficaz nas práticas de promoção da saúde, além de

estarem em consonância com os princípios da promoção da saúde (DEMPSEY;

BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

A aquisição de competências para promoção da saúde pode ser oportunizada

através da formação, das práticas profissionais cotidianas e de treinamentos que

visam contribuir para a formação de equipes capazes de transformar políticas,

teorias e pesquisas em ações efetivas de promoção da saúde (BATTEL-KIRK et al.,

2009).

Assim, o desenvolvimento de competências apresenta-se como uma

perspectiva para a formação dos profissionais de saúde, não só por incentivar a

reflexão crítica, mas por ser capaz de responder às exigências requeridas pelo SUS.

Para Oliveira (2004), a formação dos profissionais deve ter como base a

reflexão e a criação de tecnologias de cuidado à saúde, incorporando a escuta aos

processos singulares e subjetivos, o estabelecimento de relações de confiança e

vínculo entre profissionais e usuários e o compromisso com a solução dos

problemas do território. Há a necessidade de pensar a formação a partir de uma

perspectiva ampliada do processo saúde-doença, assim como reconhecer as

competências desejáveis para os profissionais envolvidos no âmbito do SUS.

No âmbito da ESF, Leonello e Oliveira (2010) considera a ação educativa

como uma prática dialogada e participativa que tem como objetivo a transformação

da realidade de saúde dos sujeitos e grupos sociais assistidos. Nesta perspectiva,

entende que a formação dos profissionais de saúde tem um papel essencial no

desenvolvimento de competências para ação educativa.

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) trazem a necessidade e o dever

das Instituições de Ensino Superior de formar profissionais de saúde voltados para

as necessidades do SUS, com a finalidade de adequar a formação em saúde às

necessidades de saúde da população brasileira (OLIVEIRA, 2004).

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34

Leonello e Oliveira (2010) construíram um perfil de competências para ação

educativa da enfermeira. Este expressa em grande medida a necessidade de

ressignificar a ação educativa no cuidado à saúde, ressignificação que pressupõe

não só a contextualização das práticas educativas na história da saúde brasileira,

mas também a observação e a avaliação de tais práticas, na procura de identificar

suas possibilidades e limites, pontos de convergência, ou dissonância, com o

propósito de aproximá-las da perspectiva da Educação Popular em Saúde. Tal

superação leva a considerar a ação educativa não só como uma atividade a mais

realizada nos serviços de saúde, mas como prática que alicerça e reorienta toda a

atenção à saúde.

Para as autoras a construção de um perfil de competências, por si só, não

garante a renovação das práticas educativas em saúde. É necessário investir

também na discussão e reflexão sobre a forma como essas competências serão

operacionalizadas no cotidiano dos serviços e no ensino dos profissionais de saúde.

Nesse sentido, é importante avaliar e desenvolver competências a partir de

uma abordagem crítico-emancipatória para evitar possíveis negligências, limitações

e subvalorizações das capacidades dos profissionais (TUSSET, 2012).

Nessa perspectiva, a realização de processos formativos baseados em

competências para a realização de ações educativas por profissionais de saúde da

ESF configura-se uma das tarefas que se coloca para a formação na interface entre

o ensino e o processo de trabalho na ESF. Este estudo tem o propósito de contribuir

nessa direção.

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35

4. METODOLOGIA

4.1. Referencial teórico

No sentido de nortear a análise e a produção do conhecimento, considera-se

a importância do uso de referenciais teóricos. Deste modo, neste estudo optou-se

por utilizar como referencial o documento intitulado Competências Principais em

Promoção da Saúde - CompHP que define nove domínios de Competências de

Promoção da Saúde (CPS), elaborado a partir do projeto Desenvolvendo

competências e padrões profissionais para a construção da capacidade em

promoção da saúde na Europa (CompHP) advindo do Consenso de Galway

(DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

Dempsey, Battel-Kirk, Barry (2011, p. 03) apresentam neste documento a

definição de competência como "uma combinação de conhecimento, habilidades e

valores essenciais necessários para a prática da promoção da saúde [...] conjunto

mínimo de competências que constituem uma base comum para todos os

promotores de saúde".

Em 2008, realizou-se na Irlanda, a Conferência de Galway, organizada pela

International Union Health Promotion and Education (UIPES), Society for Public

Health Education e pelo Centers for Disease Control and Prevention nos Estados

Unidos, com a participação de especialistas em Promoção da Saúde (PS) da

Universidade Nacional da Irlanda, e teve como objetivo iniciar o debate internacional

para construção de diretrizes para competências em promoção e educação em

saúde. Ao final da Conferência, foi criado o Consenso de Galway, que apresenta

domínios de competências em promoção da saúde (ALLEGRANTE et al., 2009;

BARRY et al., 2009).

Esse Consenso estabeleceu valores e princípios fundamentais, definição e

domínios das competências essenciais que são requeridas para exercer a prática

efetiva da PS (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

Além do Consenso de Galway, se destaca como referencial em CPS, o

documento Desenvolvendo competências e padrões profissionais para a construção

da capacidade em promoção da saúde na Europa (CompHP). Este documento

começou a ser desenvolvido em 2009 tendo como objetivo a formação de um

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consenso que visa o estabelecimento de métodos para implementação de padrões

em PS, por meio do aperfeiçoamento das práticas em saúde na Europa (DEMPSEY;

BATTEL-KIRK; BARRY, 2011; PINHEIRO et al, 2015).

Para a construção das listas de CPS do CompHP, o grupo da oficina européia

baseou-se nos princípios conceituais presentes no Consenso de Galway

(DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011). Foram realizadas pesquisas por meio

de revisão de literatura, consultoria com diversos especialistas e pesquisadores da

área, além da aplicação da Técnica Delphi e grupos focais (PINHEIRO et al, 2015).

Destaca-se que as competências CompHP foram criadas, inicialmente, para a

utilização dos promotores de saúde, cuja função é a promoção da saúde, e que

possuem graduação ou pós graduação em promoção da saúde ou alguma

disciplina/curso relacionada. No entanto, salienta-se que o Consenso de Galway e o

CompHP podem ser utilizados internacionalmente por ter considerado os conjuntos

já delineados em outros países, tendo em vista que, o conjunto de CPS do

Consenso foi construído desde o início numa perspectiva de abrangência global

(BARRY et al., 2009; ALLEGRANTE et al., 2009).

Cabe apontar que as competências do CompHP vêm sendo tema de

discussões no Brasil, principalmente pelos grupos vinculados à Abrasco (Associação

Brasileira de Saúde Coletiva) e a The Latin American Office/IUHPE. A definição de

competências para o ensino e a prática em promoção da saúde é um avanço no

sentido de fortalecer e circunscrever as possibilidades e limites desse campo de

conhecimento, principalmente no Brasil (PINHEIRO et al, 2015).

A partir da análise das diretrizes do CompHP, Pinheiro et al (2015),

consideram que elas foram criadas para se pensar a formação e a prática em PS no

contexto europeu e acrescentam que as características do modelo de formação

profissional praticados no Brasil podem se beneficiar muito com a proposta de

competências trazida pelo CompHP.

Dentre as aplicabilidades do CompHP e os benefícios que este pode implicar

às equipes de trabalho e à área da PS, destaca-se o seu potencial para uma prática

responsável, com a identificação das necessidades de treinamento, (re)estruturação

e desenvolvimento de treinamento e qualificação profissional (DEMPSEY et al.,

2011).

No CompHP, o conjunto de competências necessárias para desenvolver

ações eficazes em PS abrange valores (equidade, justiça social, ética, respeito à

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autonomia e à escolha individual e coletiva a partir de um trabalho participativo e

colaborativo) e conhecimentos (princípios, conceitos e teorias da PS, noção de

pesquisa e de aplicação prática), que são listados em 47 competências e 9

domínios. Estes valores e conhecimentos necessários para uma prática efetiva em

PS são considerados os pilares de todas as ações promotoras da saúde e permeiam

os nove domínios (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

Cada domínio em uma dada área da prática da promoção da saúde com seus

níveis de competências associadas articula as habilidades necessárias para uma

prática competente, pois especifica os conhecimentos, habilidades e critérios de

desempenho exigidos para demonstrar a aquisição das competências essenciais no

referido domínio (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

Os domínios contidos no CompHP são: (1) Favorecimento de mudanças, (2)

Advocacia em saúde, (3) Parceria, (4) Comunicação, (5) Liderança, (6) Diagnóstico,

(7) Planejamento, (8) Implementação e (9) Avaliação e Pesquisa. Estes, em

conjunto, fornecem um guia para o desenvolvimento de habilidades e competências

em PS (DEMPSEY; BARRY; BATTEL-KIRK, 2011), e estão descritos a seguir:

1. Favorecimento de mudanças: Possibilitar que indivíduos, grupos,

comunidades ou organizações construam capacidade para a ação em promoção da

saúde, e assim, melhorar a saúde e reduzir as iniquidades em saúde.

O promotor da saúde deve ser capaz de:

1.1 Trabalhar em colaboração com outros setores para influenciar o

desenvolvimento de políticas públicas que impactem positivamente na saúde e

reduzam as iniquidades em saúde;

1.2 Utilizar abordagens de promoção da saúde que apoiem o

empoderamento, a participação, a liderança e a equidade para criar ambientes e

cenários que promovam a saúde;

1.3 Utilizar abordagens de desenvolvimento comunitário para fortalecer a

participação da comunidade e a construção de capacidades para a ação em

promoção da saúde;

1.4 Facilitar o desenvolvimento de habilidades pessoais que irão manter e

melhorar a saúde;

1.5 Trabalhar em colaboração com os atores sociais (pessoas chave) na

reorientação dos serviços de saúde, e outros, para promover a saúde e reduzir as

iniquidades em saúde.

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2. Advocacia em saúde: Reivindicar com e a favor de indivíduos,

comunidades e organizações para melhorar a saúde, o bem-estar e a capacitação

para ação em promoção da saúde.

O promotor de saúde deve ser capaz de:

2.1 Utilizar estratégias e técnicas de reivindicação/advocacia em saúde que

reflitam os princípios da promoção da saúde;

2.2 Engajar-se com as pessoas chave e influenciá-las para que possam

desenvolver e manter ações de promoção da saúde;

2.3 Sensibilizar e influenciar a opinião pública em relação a assuntos de

saúde;

2.4 Reivindicar junto aos setores pelo desenvolvimento de políticas, diretrizes

e procedimentos que impactem positivamente a saúde e reduzam as iniquidades em

saúde;

2.5 Estimular as comunidades e os grupos a articularem suas necessidades

e reivindicarem por recursos e capacidades exigidas para a ação em promoção da

saúde.

3. Parceria: Trabalhar em colaboração com áreas de

conhecimento/disciplinas setores e parceiros para aumentar o impacto e a

sustentabilidade das ações de promoção da saúde.

O promotor da saúde deve ser capaz de:

3.1 Envolver parceiros de diferentes setores que contribuam ativamente nas

ações de promoção da saúde;

3.2 Facilitar o trabalho efetivo dos parceiros, o qual reflita os valores e

princípios da promoção da saúde;

3.3 Construir parcerias de sucesso através do trabalho colaborativo e da

mediação de interesses dos diversos setores;

3.4 Facilitar o desenvolvimento e a sustentabilidade de coalizões e redes de

trabalho para a ação em promoção da saúde.

4. Comunicação: Comunicar ações de promoção da saúde efetivamente,

utilizando técnicas e tecnologias apropriadas para diversos públicos.

O promotor da saúde deve ser capaz de:

4.1 Utilizar habilidades de comunicação efetivas, incluindo comunicação

escrita, verbal, não verbal e as habilidades de escuta;

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4.2 Utilizar tecnologia de informações e outras mídias para receber e

disseminar informações sobre a promoção da saúde;

4.3 Utilizar técnicas e meios de comunicação culturalmente adequados para

grupos e contextos específicos;

4.4 Utilizar habilidades de comunicação interpessoal e do grupo de trabalho

para promover a melhora da saúde de indivíduos, grupos, comunidades e

organizações e reduzir as iniquidades em saúde.

5. Liderança: Contribuir para o desenvolvimento de uma visão compartilhada

e direções estratégicas para a ação em promoção da saúde.

O promotor da saúde deve ser capaz de:

5.1 Trabalhar com os atores/parceiros sociais para atingir uma visão

compartilhada e direções estratégicas para a ação em promoção da saúde;

5.2 Utilizar habilidades de liderança para promover empoderamento e

participação (incluindo o trabalho em equipe, negociação, motivação, resolução de

conflitos, tomadas de decisões, facilitação e resolução de problemas);

5.3 Formar redes com as pessoas chave e motivá-las a promover mudanças

que melhorem a saúde e reduzam iniquidades;

5.4 Incorporar novas ideias e conhecimentos para melhorar a prática e

responder aos desafios emergentes em promoção da saúde;

5.5 Contribuir para a mobilização e gestão/gerenciamento de recursos para a

ação em PS;

5.6 Contribuir para o aprendizado da equipe e da organização para avançar

nas ações de promoção da saúde.

6. Diagnóstico: Diagnosticar as necessidades e potencialidades de parceria

com os atores/parceiros sociais, no contexto dos determinantes políticos,

econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos que

promovem ou comprometem a saúde.

O promotor da saúde deve ser capaz de:

6.1 Utilizar métodos participativos para envolver os atores/parceiros sociais no

diagnóstico;

6.2 Utilizar vários métodos de diagnóstico, incluindo quantitativos e

qualitativos;

6.3 Coletar, revisar, e avaliar os dados relevantes, as informações, e a

literatura para embasar as ações de promoção da saúde;

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6.4 Identificar os determinantes de saúde que impactam as ações de

promoção da saúde;

6.5 identificar as necessidades em saúde, as potencialidades e os recursos

relevantes para a ação em promoção da saúde;

6.6 Utilizar abordagens de diagnóstico que sejam éticas e culturalmente

adequadas;

6.7 Identificar as prioridades para a ação em promoção da saúde em parceria

com os atores/ parceiros sociais, baseados na melhor evidência existente e nos

valores éticos.

7. Planejamento: Desenvolver metas e objetivos de promoção da saúde que

podem ser medidos, baseados no diagnóstico das necessidades e potencialidades

em parceria com os atores/parceiros sociais.

O promotor de saúde deve ser capaz de:

7.1 Mobilizar, apoiar e envolver a participação dos atores/parceiros sociais no

planejamento das ações de promoção da saúde;

7.2 Utilizar modelos atuais e abordagens sistemáticas no planejamento de

ações de promoção de saúde;

7.3 Desenvolver um plano de ação que possa ser executado segundo os

recursos, as necessidades e as potencialidades disponíveis;

7.4 Desenvolver e informar metas e objetivos realísticos e mensuráveis para

ações de promoção da saúde;

7.5 Identificar estratégias de promoção da saúde apropriadas para o alcance

das metas e objetivos fixados/acordados.

8. Implementação: Implementar ações de promoção da saúde efetivas,

eficientes, culturalmente sensíveis e éticas, em parceria com os atores/parceiros

sociais.

O promotor de saúde deve ser capaz de:

8.1 Utilizar processos que sejam éticos, culturalmente apropriados e

participativos e que promovam o empoderamento na implementação de ações de

promoção da saúde;

8.2 Desenvolver, conduzir e utilizar recursos e materiais apropriados;

8.3 Gerenciar os recursos necessários para a implementação efetiva das

ações planejadas;

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8.4 Facilitar a sustentabilidade do programa e a responsabilização dos

atores/parceiros sociais através de consulta e colaboração permanentes;

8.5 Monitorar a qualidade do processo de implementação em relação às

metas e aos objetivos acordados.

9. Avaliação e pesquisa: Utilizar métodos de avaliação e pesquisa

apropriados, em parceria com os atores/parceiros sociais, para determinar o

alcance, o impacto e a efetividade das ações de promoção da saúde.

O promotor da saúde deve ser capaz de:

9.1 Identificar e utilizar ferramentas de avaliação e métodos de pesquisas

apropriados;

9.2 Integrar a avaliação no planejamento e na implementação de todas as

ações de promoção da saúde;

9.3 Utilizar os resultados da avaliação para redefinir e melhorar as ações de

promoção da saúde;

9.4 Utilizar pesquisas e estratégias baseadas em evidências para apoiar a

prática e;

9.5 Contribuir para o desenvolvimento e a disseminação da avaliação da

promoção da saúde e do processo de pesquisa.

Com base no exposto, os domínios de competências do CompHp orientaram

a sistematização e organização das informações coletadas junto aos participantes e

se constituíram em categorias analíticas deste estudo.

4.2. Natureza e Tipo do Estudo

Este estudo se insere na modalidade de estudos de intervenção, pois almejou

uma ação e consequente reflexão do processo realizado.

O termo intervenção significa o ato de exercer influência em determinada

situação na tentativa de alterar o seu resultado, ou seja, uma interferência sobre

algo (DICIONARIO PORTUGUES, 2015).

Na produção cientifica o estudo de intervenção parte do pressuposto que há

um problema que precisa de solução (intervenção positiva), seja em nível individual

ou coletivo. Nesse sentido, falar e prever a necessidade de fazer intervenção

convoca a sair do lugar comum de acomodação à situação cotidiana vivenciada no

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espaço de trabalho. Além disso, convoca a refletir acerca de propostas efetivas que

deem conta de resolver o “problema” detectado (CORREA, ARAÚJO; CADETE,

2014).

Conforme Paz et al., (2013, p. 4), o estudo de intervenção é “uma ação

organizada que deve responder a uma ou mais necessidades implícitas na causa

sobre a qual incidirá a intervenção, ou seja, trata-se de uma proposta objetiva e

focalizada, para resolver problemas da realidade”.

As intervenções nascem do desejo de mudança, ou seja, são as pontes entre

o desejo e a realidade. Partem, por conseguinte, de um diagnóstico situacional sobre

determinada problemática e buscam contribuir para resolver, minimizar e propor

mudanças nessa realidade. As ações podem ser individuais, do ponto de vista

profissional, ou multiprofissional, quando o problema selecionado assim o exigir

(PAZ et al, 2013).

Bauer e Gaskell (2002) acrescentam que no estudo de intervenção há a

intenção de descrever detalhadamente os procedimentos realizados, avaliando-os e

produzindo explicações sobre seus efeitos, fundamentadas em teorias pertinentes.

Assim, o cruzamento de dados coletados por meio de diferentes instrumentos, a

reflexividade e a validação comunicativa são aspectos que conferem boa qualidade

a estes estudos.

Os autores corroboram que no estudo de intervenção existe uma realidade

que está posta e que necessita de uma intervenção para sua transformação com o

intuito de solucionar um "problema" identificado.

Assim, a concepção de intervenção adotada neste estudo se aproxima do

entendimento de que há um problema identificado na realidade da Estratégia Saúde

da Família (ESF) que necessita de uma ação interventiva para a sua resolução e de

uma reflexão acerca do processo realizado.

Nos processos investigativos, Thiollent (2008) faz uma estreita aproximação

entre estudo de intervenção e a pesquisa-ação. Acrescenta que o estudo de

intervenção tem como base a ideia de uma relação dialética entre pesquisa e ação

mencionando que a pesquisa deve ter como função a transformação da realidade.

Com base nesta concepção é possível compreender que no estudo de

intervenção e na pesquisa-ação existe uma relação próxima da pesquisa com a ação

onde os sujeitos estão envolvidos de modo participativo na busca da transformação

de uma realidade ou da resolução de um problema.

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Nesse contexto, o estudo de intervenção se aproxima da pesquisa-ação no

momento em que se propõe a transformar uma realidade e se distancia na medida

em que, na pesquisa-ação, há a proposição de um eixo investigativo o que não

ocorre nos estudos de intervenção.

A pesquisa-ação tem o intuito de investigar uma realidade, aumentar o

conhecimento do pesquisador sobre a mesma e transformá-la ao passo que, no

estudo de intervenção há uma ação sobre o cotidiano, em uma realidade que está

posta, ocorrendo, portanto, uma ação que produzirá uma reflexão acerca do

processo realizado (THIOLLENT, 2008; PAZ et al, 2013).

Diante do exposto, reforça-se o caráter intervencionista deste estudo, na

medida em que, não há a proposição de uma investigação, mas de uma ação sobre

uma realidade, neste caso, a elaboração de uma proposta formativa para os

profissionais da ESF a partir de suas necessidades de aprendizagem. Acrescenta-se

que será utilizada a abordagem qualitativa para conduzir a análise do material

advindo dos momentos vivenciados na ação.

A abordagem qualitativa de acordo com Minayo (2014) se aplica ao estudo da

história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das

opiniões, produtos das interpretações humanas sobre como vivem, sentem e

pensam. Entre outras coisas, permite o desvelamento dos processos sociais ainda

pouco conhecidos referentes a grupos particulares.

Como a abordagem qualitativa concentra-se na experiência humana e nos

significados atribuídos a ela, permite uma maior compreensão acerca dos

comportamentos humanos tendo grande relevância por se mover sob a superfície de

resultados para desvelar processos de vida (LOBIONDO-WOOD; HABER, 2001).

Nessa perspectiva, considerando que o estudo exigiu uma aproximação com

a realidade dos participantes na busca das suas vivências na realização de práticas

educativas com adolescentes, acredita-se que a intervenção foi coerente com o tipo

de estudo e de abordagem elencados.

4.3. Cenário e Período da Intervenção

O estudo de intervenção foi desenvolvido no município de Petrolina localizado

no interior do estado de Pernambuco, Região Nordeste do Brasil. Este município

situa-se na Microrregião de Petrolina e na Mesorregião do São Francisco

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Pernambucano, distante 712 km a oeste de Recife, capital estadual. Possui uma

extensão territorial de 4.561,872 km², estando 244,8 km² em perímetro urbano e

os 4.317,072 km² restantes integrando a zona rural. É considerado o quinto maior

município de Pernambuco e o segundo do interior pernambucano sendo integrante

da Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Pólo Petrolina e Juazeiro

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA-IBGE, 2010).

Sua população em 2010 era de 293.962 habitantes com estimativa para o ano

de 2014 de 326.017 habitantes, desta população 150. 710 habitantes pertencem ao

sexo feminino (51,27 %) e 143.252 são do sexo masculino (48,73 %), sendo que

219.215 habitantes viviam na zona urbana (74,57 %) e 74.747 na zona rural

(25,43 %). O município tem como atividades econômicas a fruticultura, a criação de

bovinos e caprinos e a produção de vinhos (IBGE, 2010).

No âmbito da saúde, Petrolina dispõe de dois hospitais pertencentes à rede

pública de saúde e que oferecem assistência de alta complexidade: o Hospital Dom

Malan, referência para a saúde materno-infantil para a região, incluindo o norte da

Bahia; e o Hospital Universitário referência regional nas áreas de clínicas médica,

cirúrgica, ortopedia e neurologia. Há quarenta e três centros de saúde/ unidades

básicas, treze policlínicas, oitenta clinicas/ centro de especialidades, um centro de

hemoterapia, três centros de atenção psicossocial entre outros serviços de saúde

(PETROLINA, 2015).

No que se refere à Atenção Básica, 74, 57% do município tem cobertura de

equipes da ESF, está dividido em cinco Distritos Sanitários que tem como objetivo

organizar a rede de cuidado progressivo de saúde, capitaneada pelas trinta e quatro

Unidades de Saúde da Família (UBS) e nove Unidades de Atendimento

Multiprofissional Especializado (AME Saúde da Família), organizadas para prestar a

atenção primária em saúde, articulada com a rede de serviços especializados e a

rede hospitalar (PETROLINA, 2015).

Neste estudo, foi considerado como cenário de intervenção uma UBS situada

no projeto de irrigação Senador Nilo Coelho núcleo 10 (PSNC N10) pertencente à

zona rural do município.

Minayo (2004) define que o cenário de pesquisa é o recorte espacial que o

pesquisador faz para representar uma realidade empírica a ser estudada a partir das

concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação. Assim, considerou-

se esta concepção para o cenário proposto nesta intervenção.

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Conforme a Portaria 2.488/11 do MS que dispõe sobre a Política Nacional de

Atenção Básica (PNAB), a ESF é composta por equipe multiprofissional que possui,

no mínimo, médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de

família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família,

auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). A esta

composição, pode-se acrescentar como parte da equipe multiprofissional, os

profissionais de saúde bucal (ou equipe de Saúde Bucal-ESB): cirurgião-dentista

generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em Saúde

Bucal (BRASIL, 2011).

Na UBS, cenário do estudo, há duas equipes da ESF e cada uma delas é

composta pelos seguintes profissionais: um enfermeiro, um médico, duas técnicas

de enfermagem e seis ACS. As equipes não dispõem do cirurgião-dentista e nem

com o técnico em saúde bucal por não possuírem ESB. Há três profissionais que

não pertencem à área de saúde: duas auxiliares administrativas e uma auxiliar de

serviços gerais.

Juntas as equipes são responsáveis por uma população adscrita de,

aproximadamente, 10. 500 pessoas distribuídas em 3.400 famílias, conforme

levantamento realizado pelas equipes em março de 2015 (PETROLINA, 2015).

A escolha do município, bem como, a opção pela UBS supracitada se justifica

pelo fato de a autora do estudo ser profissional integrante de uma das equipes de

ESF mencionadas, atuando como enfermeira nesta realidade.

Quanto ao período de desenvolvimento do estudo de intervenção, foi

realizado entre os meses de dezembro de 2015 a julho de 2016.

4.4. Participantes da Intervenção

Os participantes da intervenção foram os profissionais de saúde que

compõem a equipe mínima das ESF selecionadas para o estudo, totalizando

dezenove profissionais, sendo: dois médicos, um enfermeiro, quatro técnicas de

enfermagem e doze ACS. Houve a participação de apenas um dos enfermeiros da

UBS, tendo em vista que, o outro é a autora do estudo.

Assim, foram incluídos todos os profissionais de saúde atuantes na UBS, pois

se entende que as ações de educação em saúde na ESF devem acontecer de

maneira integrada, valorizando a participação de todos os membros da equipe

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46

enquanto "organizadores" da vivência dos usuários, neste caso em particular os

adolescentes, bem como, e facilitadores de processos educativos.

O estudo teve como critério de inclusão: ser profissional de saúde em atuação

na UBS, cenário do estudo, durante o período de realização da intervenção.

4.5. Procedimentos da Intervenção

O presente estudo ocorreu em três momentos. O primeiro foi o da escuta

qualificada, seguido da devolutiva dessa escuta aos participantes e o terceiro

momento se deu por meio do delineamento de uma proposta de formação.

O conceito de escuta qualificada deriva do conceito de escuta ativa, que é

vista como um processo mental mais sofisticado que o ouvir, visto que, demanda

mais energia e disciplina (BURLEY-ALLEN, 1995). Em consonância, Leitão (1995)

afirma que para escutar é preciso estar atento aos sinais, muitas vezes não

verbalizados, ou ainda, traduzidos no próprio silêncio do indivíduo. Assim, não basta

apenas ouvir, é preciso escutar, pois sem isso, podem-se comprometer os

resultados e a qualidade das ações de saúde.

A escuta, denominada qualificada, deve constituir-se em uma escuta

ampliada, no sentido de recomplexificar a experiência dos sujeitos e de conferir

espaço para as diferenças emergirem. Isto pressupõe um novo olhar, uma postura

ou tomada de decisão diferenciada diante do fenômeno estudado (SILVEIRA;

VIEIRA, 2005).

Nesse sentido, a realização da escuta qualificada sobre as necessidades dos

participantes permitiu a ampliação do universo de informações adquiridas. A partir

destas informações, foi possível ter uma visão mais abrangente da situação vivida

pelos profissionais, identificar demandas ocultas e, assim, embasar o delineamento

da proposta de formação.

Com base na concepção da escuta qualificada que considera os aspectos do

contexto dos participantes, buscou-se o alinhamento dos diferentes saberes,

deslocando o protagonismo para todos os envolvidos na intervenção.

O momento da escuta qualificada se deu individualmente com a utilização de

um roteiro semiestruturado contendo perguntas referentes à realização dos

processos educativos com adolescentes e necessidades de aprendizagem dos

profissionais (APENDICE A). Para a sua realização junto aos participantes, contatos

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47

prévios foram feitos e/ou visitas para agendamento. A escuta qualificada aconteceu

após o horário de funcionamento da UBS, cada escuta durou em média 20 minutos,

as falas foram gravadas e, posteriormente, foram transcritas pela autora.

Os registros das informações provenientes da escuta qualificada foram

sistematizados e organizados com base nos domínios do CompHP, a saber: (1)

Favorecimento de mudanças, (2) Advocacia em saúde, (3) Parceria, (4)

Comunicação, (5) Liderança, (6) Diagnóstico, (7) Planejamento, (8) Implementação e

(9) Avaliação e Pesquisa (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011) e, em seguida,

o material foi analisado e discutido à luz do Referencial teórico adotado e da

literatura revisada para o estudo.

No segundo momento, se deu a devolutiva da escuta qualificada aos

profissionais através da realização de uma roda de conversa. A partir daí, o domínio

de competência com maior evidencia na escuta qualificada orientou a construção da

proposta de formação.

O terceiro momento da intervenção se constituiu na elaboração da proposta

de formação para os profissionais da ESF, voltada para práticas educativas com

adolescentes, orientada pelo domínio do CompHP que mais se destacou nas falas

dos profissionais.

4.6. Resultados Esperados

Como resultados esperados para este estudo definiu-se: identificar, por meio da

escuta qualificada, como as práticas de educação em saúde para o público

adolescentes são realizadas pelos profissionais da ESF e delinear um processo de

formação a partir das necessidades dos profissionais da ESF voltada para práticas

educativas com adolescentes, orientada pelos domínios de competências do

CompHP.

Vislumbra-se que a proposta de formação elaborada atenda as necessidades

de aprendizagem dos profissionais da ESF referentes às práticas educativas com

adolescentes.

Espera-se que os profissionais possam promover processos educativos que

resultem em ações efetivas por mediarem saberes significativos para os

adolescentes a partir da utilização e da apropriação de metodologias adequadas.

Acredita-se que uma formação neste âmbito contribui para a realização de ações de

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48

educação em saúde mais eficazes e transformadoras com reflexos positivos a curto,

médio e longo prazo na dinâmica de saúde da comunidade.

Ademais, espera-se que o processo vivenciado junto aos participantes

contribua para uma reflexão acerca das suas práticas educativas no âmbito da

saúde do adolescente e que forneça subsídios para os profissionais que desejarem

realizar ações de educação em saúde em outras dimensões da ESF.

4.7. Avaliação da Intervenção

A avaliação deste estudo ocorreu de modo processual permeando os

momentos vivenciados com os profissionais.

Desse modo, a avaliação se deu no momento da escuta qualificada quando

foram avaliados a disponibilidade, a prontidão, a participação e o interesse dos

profissionais no resgate das práticas educativas realizadas com os adolescentes e

durante a devolutiva aos participantes onde foi oportunizado um momento de

reflexão no que se refere tanto ao próprio momento da devolutiva quanto a

confirmação dos achados da escuta qualificada.

4.8. Relatório da Intervenção: organização e análise do material

Para elaboração do relatório da intervenção foi utilizada a seguinte estrutura:

apresentação do perfil dos participantes e em seguida, a descrição da intervenção

realizada.

O material proveniente da escuta qualificada, da devolutiva e da proposta de

formação se constituíram em material de análise deste estudo.

Foi utilizada a análise temática de Minayo (2014) para a apreensão dos

significados latentes e manifestos trazidos pelos participantes.

Segundo Minayo (2014) a análise de conteúdo temática é o método que

possibilita a análise qualitativa de material referente à saúde. Este processo de

análise envolve algumas etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento

dos resultados, inferência e interpretação.

Para a construção do relatório foi adotada a concepção descrita pela autora

supracitada na qual as categorias constituem termos carregados de significação que

buscam encontrar unidade na diversidade, sendo capazes de produzir explicações.

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49

Neste entendimento, as categorias do presente estudo foram analisadas de

acordo com os domínios de competência do CompHP e com a literatura revisada.

4.9. Aspectos Éticos e Legais do Estudo

O estudo de intervenção foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da Universidade Regional do Cariri- URCA através da Plataforma Brasil para

apreciação sendo aprovado mediante o parecer número 1.340.133 de 26 de

novembro de 2015 (ANEXO), por cumprir as exigências formais dispostas na

Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde/MS que dispõe sobre pesquisas

envolvendo seres humanos (BRASIL, 2013).

Para a execução da intervenção foram observados os quatro referenciais

básicos da Bioética - autonomia, não maleficência, beneficência e justiça - contidos

na mencionada Resolução.

No respeito ao princípio da autonomia, a Secretaria de Saúde do Município e a

Coordenação da Atenção Básica autorizaram a realização do estudo. Em seguida,

foram fornecidos todos os esclarecimentos aos participantes sobre o estudo quanto

à possibilidade de desistência de participar do estudo quando assim o quiser,

conforme previsto no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(APENDICE B).

Para atender ao princípio da não maleficência, as ações inerentes à

intervenção foram explicadas previamente e as dúvidas dos participantes sobre o

estudo foram sanadas a contento.

Quanto aos benefícios obtidos com a realização do estudo, teve-se a vivência

do delineamento do processo de formação baseado nas necessidades dos

participantes oportunizando a elaboração de uma proposta de formação mais

próxima à realidade e sob a ótica dos profissionais da ESF.

O princípio da justiça foi contemplado na garantia do anonimato dos

participantes, já que estes não estão identificados no estudo. Foram estabelecidas

denominações para os participantes, a saber: P1, P2, P3,... Assim, suas identidades

foram resguardadas.

No curso de todo o estudo foi mantido o respeito às normas previstas e

estabelecidas pela Resolução nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde/MS.

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50

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados neste estudo estão organizados da seguinte

forma: perfil dos participantes e descrição da intervenção a partir da sistematização

da escuta qualificada conforme os domínios de competência do CompHP, da

devolutiva aos participantes e da proposta de formação para os profissionais da

ESF.

5.1 Perfil dos Participantes

Participaram deste estudo uma enfermeira, dois médicos, três técnicas de

enfermagem e treze Agentes comunitários de Saúde (ACS), do total, de

participantes dezessete eram do sexo feminino e dois do sexo masculino, na faixa

etária de 32 a 42 anos, com tempo de atuação na ESF entre 4 e 21 anos, tempo de

serviço na atual equipe entre 4 e 8 anos. Em relação à formação, seis profissionais

possuem nível superior completo, três tem nível superior incompleto e os demais,

dez participantes possuem nível médio completo.

Acerca de possuírem alguma capacitação para a realização de processos

educativos na ESF, dois profissionais informaram não ter realizado nenhum tipo

enquanto dezessete disseram que já realizaram.

Dezessete participantes informaram capacitação para realização de

processos educativos na ESF, porém apenas três referiram ter formação específica

na área da saúde do adolescente.

Percebe-se pelo perfil apresentado que se trata de um grupo de adultos

jovens. Todos compõem o quadro de concursados para atender na atenção básica

do município de Petrolina-PE, com jornada de trabalho de 40 horas semanais. Este

perfil aproxima-se dos estudos envolvendo profissionais de saúde da atenção básica

(SANTOS et al, 2012; SENA, 2014) que confere uma equipe de adulto jovem, cuja

tendência da feminilização desta força de trabalho e a predominância de um longo

período de experiência profissional tem sido evidenciadas.

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5.2 Descrição da intervenção

5.2.1 Escuta Qualificada: identificando os domínios das competências do

CompHP

O material advindo da escuta qualificada realizada com os participantes está

apresentado em dois tópicos, a saber:

5.2.1.1 Ações de educação em saúde com adolescentes: reconhecendo os

domínios do CompHP e,

5.2.1.2 Domínios de competências do CompHP nas ações de educação em

saúde com adolescentes: as necessidades dos profissionais.

O primeiro tópico traz os domínios do CompHP evidenciados por meio das

falas dos profissionais como presentes nas ações educativas realizadas com o

público adolescente enquanto o segundo revela os domínios ausentes nessas

ações.

Em ambos os tópicos foram utilizadas as falas dos profissionais como suporte

para a identificação dos domínios de Competências de Promoção da Saúde (CPS) a

partir do referencial do CompHP adotado neste estudo.

Evidenciou-se como presentes nas ações educativas os seguintes domínios do

CompHP: Parceria, Diagnóstico e Implementação, sendo este último o mais

expressivo.

Em contraponto não foi identificada a presença dos domínios Advocacia em

saúde, Favorecimento de mudanças, Comunicação Liderança, Planejamento e

Avaliação e pesquisa nas práticas educativas realizadas, configurando-se em

necessidades dos profissionais.

5.2.1.1 Ações de educação em saúde com adolescentes: reconhecendo os

domínios do CompHP

Categoria 1- Domínio Parceria: evidências nas ações de educação em saúde

dos profissionais da ESF com adolescentes.

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Nas falas dos profissionais identificou-se a presença do domínio Parceria nas

ações educativas realizadas com os adolescentes, o quadro a seguir (Quadro 1)

apresenta esta evidência.

Quadro 1- Domínio de Competência Parceria nas ações de educação em saúde dos

profissionais da ESF com adolescentes. Crato- CE, 2016.

O domínio de competência Parceria é descrito no CompHP como a

capacidade de trabalhar em colaboração com áreas de conhecimento/disciplinas

setores e parceiros para aumentar o impacto e a sustentabilidade de ações de

promoção da saúde. Necessita do envolvimento de parceiros de diferentes setores

que contribuam ativamente nas ações de promoção da saúde (DEMPSEY; BATTEL-

KIRK; BARRY, 2011).

A ESF está estruturada com ênfase na atenção básica à saúde, tendo por

objetivo aumentar o acesso da população aos serviços de saúde com base na

garantia da longitudinalidade e integralidade da atenção prestada aos indivíduos e

grupos populacionais. Além disso, pretende trabalhar com o modelo da vigilância da

saúde, com a responsabilização da equipe de saúde pela população adscrita em seu

território, incentivando a participação popular e a criação de parcerias intersetoriais

(ALVES; AERTS, 2011).

A realização de parcerias entre serviços de saúde e demais setores da

comunidade é vital para as práticas educativas. Para isso, Cruz e Ferreira (2007)

apontam que é fundamental que haja comprometimento de todas as organizações

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA DO

DOMINIO PARCERIA

DOMINIO PARCERIA NAS AÇÕES

EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES

PARCERIA

Trabalho colaborativo; Parceria com diferentes setores.

"[...] através de palestra, na escola e na unidade" (P2). "As atividades ocorrem na escola [...]" (P3). "Realização de palestras [...] nas escolas" (P4). "[...] através da parceria com outros profissionais" (P7). "[...] tem a parceria com os ACS [...]" (P8). "Ocorre nas escolas, igrejas [...]" (P11).

"Ocorre por meio [...] da realização de parcerias e participação da família [...]" (P12). "[...] acontecem, principalmente, nas escolas" (P13).

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sanitárias e priorizadas as conexões com outras políticas públicas e com os recursos

da comunidade, tendo em vista que, o trabalho em rede supõe que nenhum serviço

pode resolver sozinho todas as necessidades de cuidado das pessoas de um

determinado território.

Em relação ao domínio Parceria ficou evidente a importância da escola

como parceira da equipe da ESF para a realização de atividades educativas junto

aos adolescentes.

Há, portanto, o reconhecimento da importância de se conhecer os

dispositivos sociais que contribuam para a promoção da saúde e que possam

efetivamente atender às necessidades de saúde dos indivíduos. Nesse contexto, a

escola se surge como uma importante aliada para o fortalecimento da atenção

primária de saúde. A escola é formadora de opiniões de crianças, adolescentes e de

suas famílias, sendo um dispositivo social a ser utilizado como cenário e ferramenta

da educação em saúde, buscando formar cidadãos conscientes e responsáveis por

suas escolhas e comportamentos (BRASIL, 2009).

Além disso, a escola se destaca como ambiente privilegiado para ações junto

ao público adolescente. A partir desta premissa, o MS regulamentou as atividades

para a saúde no âmbito escolar através do Decreto nº 6.286 de 05 de dezembro de

2007 que instituiu o Programa Saúde na Escola (PSE) e suas finalidades (BRASIL,

2007) e a Portaria nº 1.861, de 04 de setembro de 2008 que regulamentou a

responsabilidade orçamentária do MS com os municípios que aderem ao PSE

(BRASIL, 2008a).

Neste sentido Santiago et al (2012) destacam que o PSE constitui uma

possibilidade de suprimento de uma necessidade há tempos discutida: o

fortalecimento da integração entre os setores educação e saúde, promovendo a

intersetorialidade almejada pelo SUS e a corresponsabilização entre estes setores,

habituados a trabalhar isoladamente.

Além da escola, os participantes destacaram o papel dos ACS e a

importância destes profissionais para fazer o elo entre o adolescente e a equipe de

ESF.

Em relação à atuação do ACS junto à população adolescente, o MS ressalta

que esse profissional deve identificar os adolescentes de sua microárea de

abrangência e planejar suas atividades, considerando que é necessário orientá-los

quanto ao esquema vacinal, à sexualidade (doenças sexualmente transmissíveis –

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DST/HIV/AIDS, anticoncepção, gravidez), ao uso de álcool e outras drogas, à

importância da educação, à violência e acidentes, aos riscos no trânsito, à atividade

física e saúde, aos hábitos saudáveis, à saúde bucal entre outros (BRASIL, 2009).

O ACS é o profissional que possui grande conhecimento acerca das situações

de vida dos adolescentes, desempenha suas funções de maneira modo mais

próximo à realidade vivenciada na comunidade onde atua, bem como se constitui

como referência em cuidado e saúde mediante a relação de confiança e vínculo com

adolescentes e familiares. Esta relação entre adolescentes e ACS aponta para um

importante caminho a ser fortalecido na prática do cotidiano, uma vez que facilita o

cuidado a esse público e, favorece a adesão deste às orientações em saúde

(BRASIL; AMORIM; QUEIROZ, 2013).

Além desses, a família foi sinalizada como uma parceira de excelência para o

trabalho com a equipe da ESF, tendo em vista que, quando esta relação é

estabelecida garante-se a continuidade do aprendizado no contexto para além da

UBS.

Construir espaços de diálogo entre adolescentes, professores, profissionais

de saúde e as famílias é um importante dispositivo para construir uma resposta

social com vistas à superação das relações de vulnerabilidade às DST, à infecção

pelo HIV, à AIDS e à gravidez precoce. Para tanto, as ações desenvolvidas devem ir

para além da dimensão cognitiva, levando em consideração aspectos subjetivos,

questões relativas às identidades e às práticas afetivas e sexuais no contexto das

relações humanas, da cultura e dos direitos humanos (BRASIL, 2006).

A referência feita pelos profissionais à escola acredita-se que se dá em

função deste contexto ser apontado como local privilegiado pelas políticas públicas

de saúde. No contexto do adolescente este cenário tem sido muito valorizado pelo

setor saúde.

Entendendo-se que esta relação é fortalecida a partir das políticas públicas

de saúde e do modelo de saúde adotado no país que busca a intersetorialidade das

ações da ESF, pode-se afirmar que a relação setor saúde e escola vêm sendo

assegurada há algum tempo.

Sobre a referência ao ACS, é reconhecido o papel articulador deste

profissional entre a ESF e a comunidade e, por conseguinte com o público

adolescente.

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Outro aspecto é a valorização da família, acredita-se que esta vertente

anunciada nas falas também dar-se em função do próprio cenário atual da ESF, que

traz a família como centro do cuidado.

A concepção de parceria está bem estabelecida nas falas dos participantes

deste estudo, convém destacar que alguns aspectos ainda precisam ser fortalecidos

no sentido de identificar outros parceiros para a educação em saúde com

adolescentes como, por exemplo, Organizações não governamentais (ONG's),

membros da sociedade civil, instituições de ensino superior (IES) por meio de

projetos de extensão, entre outros.

A parceria entre ensino, pesquisa e extensão e a aproximação da academia

com os serviços de saúde legitimam as unidades básicas da ESF como espaço de

produção de conhecimento científico para repensar as práticas de saúde, aberto à

incorporação de propostas inovadoras (COELHO et al, 2012).

No sentido de síntese desta categoria salienta-se que o domínio Parceria

esta evidente como domínio de competência mobilizado. Os participantes

reconhecem os diversos seguimentos sociais com os quais podem estabelecer

parcerias, no entanto, estas precisam ser fortalecidas a exemplo do que ocorre entre

ESF e escolas.

Categoria 2- Domínio Diagnóstico: evidências nas ações de educação em

saúde dos profissionais da ESF com adolescentes

O domínio Diagnóstico foi evidenciado nas falas dos participantes por meio do

conhecimento da realidade e da identificação das necessidades dos adolescentes

para a realização das práticas educativas. O quadro 2 traz esta evidencia.

Quadro 2- Domínio de Competência Diagnóstico nas ações de educação em saúde

dos profissionais da ESF com adolescentes. Crato- CE, 2016.

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA DO

DOMINIO DIAGNÓSTICO

DOMINIO DIAGNÓSTICO NAS AÇÕES

EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES

DIAGNÓSTICO

Avaliação das necessidades; Conhecer o contexto político, econômico, social, cultural, ambiental, comportamental e biológico.

"[...] ouvir o que eles (adolescentes) querem porque a gente vai tentar trabalhar em cima daquilo que eles falaram [...]" (P1). "[...] conhecer a realidade e se colocar no

lugar deles [...]" (P8).

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O domínio de CPS Diagnóstico é descrito no CompHP como o conhecimento

sistemático e análise de dados, a fim de fornecer uma base para a tomada de

decisão. Está relacionado à avaliação das necessidades e do contexto dos

determinantes políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais

e biológicos que promovem ou comprometem a saúde (DEMPSEY; BATTEL-KIRK;

BARRY, 2011).

O domínio de competência Diagnóstico foi evidenciado nas falas dos

participantes como componente presente nas práticas de educação em saúde sendo

realizado através da escuta e do conhecimento da realidade dos adolescentes.

Para Ribeiro et al (2012) o diagnóstico é o fundamento para o planejamento

das ações, pois através dele é possível identificar as ferramentas gerenciais e

estratégicas utilizadas para subsidiar a construção do planejamento local, no âmbito

da ESF.

Parte-se, portanto, do pressuposto que o diagnóstico comunitário representa

a tecnologia necessária para organizar o processo de trabalho de equipes

multiprofissionais, que enfrentam problemas mal estruturados, complexos,

heterogêneos, com necessidades diferentes e perfis de extrema vulnerabilidade

social (RIBEIRO et al, 2012).

Conforme os participantes o reconhecimento da realidade e a identificação

dos desejos dos adolescentes são realizados para que ocorram as ações

educativas.

O diagnóstico tem se apresentado como uma potencialidade na realização de

práticas educativas, pois é necessário que estas tenham origem nas necessidades

dos indivíduos/ coletividades para que os seus objetivos sejam atingidos.

Entende-se que as atividades de promoção de saúde voltadas para os

adolescentes são mais eficazes quando desenvolvidas na perspectiva da saúde

coletiva, considerando o indivíduo no seu contexto. Este enfoque facilita a

abordagem de diversos problemas inerentes à vida do adolescente, como atividade

sexual precoce, pressão do grupo, uso de drogas, prevenção de acidentes, violência

urbana, escolha profissional, entre outros (BRASIL, 2009).

Desta forma, quando são identificadas as necessidades dos adolescentes a

partir do diagnóstico este pode contribuir para uma aumentar a motivação e o

interesse destes adolescentes na participação dos processos educativos na ESF.

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57

É necessário construir laços de solidariedade através de uma relação de

respeito às singularidades, com base na percepção do adolescente como sujeito de

direitos, na possibilidade de ações de enfoque emancipatório, no movimento de

trocas que visam transformações e escolhas compartilhadas, livres e responsáveis,

na vivência de práticas de criatividade. É preciso, ainda, considerar o adolescente

como um ser de relação, um ser no mundo com os outros, que possui histórias a

serem ouvidas, necessidades a serem atendidas, potencialidades a serem

reconhecidas e incentivadas, diferenças a serem respeitadas e inúmeras

possibilidades a serem alcançadas (PAULA et al, 2013).

Em qualquer campo de atuação, deve-se observar que, no desenvolvimento

de ações junto aos adolescentes, há que serem respeitados princípios

fundamentais, tais como a ética, a privacidade, a confidencialidade e o sigilo. A

observância de tais princípios contribui para o estabelecimento de uma melhor

relação usuário/profissional, favorecendo ainda um diagnóstico mais preciso das

necessidades desta população, pela descrição das condições de vida dos mesmos,

evidenciando problemas e dúvidas. Esses mesmos princípios também ampliam a

capacidade do profissional para o encaminhamento das ações necessárias,

favorecendo o vínculo dessa clientela com os serviços de saúde (BRASIL, 2009).

Nessa direção, Higarashi et al (2011) destacam que o diagnóstico de uma

realidade assistencial possibilita vislumbrar caminhos e estratégias de solução.

As falas dos participantes expressam evidências do domínio Diagnóstico, o

que pode potencializar as ações de educação em saúde realizadas com

adolescentes.

Há uma compreensão de que nem tudo que é planejado no interior das UBS,

apenas com a participação dos profissionais, contempla o que é necessário e

almejado pelos adolescentes. Assim, o domínio Diagnóstico se faz necessário ao

planejamento das práticas educativas em saúde, pois de outro modo seria ir na

contramão do que é preconizado pelo SUS na reorientação dos serviços de saúde.

Conduzindo ao fechamento desta categoria têm-se evidências da importância

da realização do diagnóstico como meio de subsidiar as práticas educativas junto

aos adolescentes. Para tanto destaca-se a participação dos adolescentes para a

realização de um diagnóstico condizente com o seu contexto.

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Categoria 3- Domínio Implementação: evidências nas ações de educação em

saúde dos profissionais da ESF com adolescentes

Esta categoria traz evidências da presença do domínio de competência

Implementação nas ações educativas realizadas pelos participantes do estudo junto

aos adolescentes, conforme apresentado a seguir (quadro 3):

Quadro 3- Domínio de Competência Implementação nas ações de educação em

saúde dos profissionais da ESF com adolescentes. Crato- CE, 2016.

O domínio Implementação é descrito no CompHP como a capacidade de

implementar ações de promoção da saúde efetivas, eficientes, culturalmente

sensíveis e éticas, em parceria com os atores/parceiros sociais (DEMPSEY; BATTEL-

KIRK; BARRY, 2011).

Refere-se, ainda, à realização eficaz e eficiente de ações de promoção da

saúde utilizando estratégias culturalmente aceitáveis e éticas incluindo a gestão dos

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA

DO DOMINIO IMPLEMENTAÇÃO

DOMINIO IMPLEMENTAÇÃO NAS AÇÕES EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES

IMPLEMENTAÇÃO

Realizar ações de promoção da saúde; Utilizar estratégias culturalmente sensíveis e éticas.

"A gente faz uma conversa com eles e também em grupos [...]. Fazendo grupos, oficinas [...]" (P1). "[...] acontece através da conversa, de porta em porta na visita domiciliar, através de palestra, na escola e na unidade. Tentar formar grupo na unidade [...]" (P2). "Realização de palestras [...] com oficinas voltadas

para os adolescentes, palestras com temas da atualidade deles" (P4). "Ocorre, principalmente, em eventos com a realização de dinâmicas, através da formação de grupos com

eles" (P5). "[...] a educação em saúde é feita durante as consultas" (P6). "Ocorre através [...] da escuta e orientação individual, realização de dinâmicas de grupos voltadas para a realidade dos adolescentes " (P7).

"Dentro do ambiente mesmo de trabalho é mais a escuta do adolescente [...] é muito importante formar um grupo [...]" (P8). "Ocorre durante as orientações individuais, trazer os adolescentes para um grupo [...]" (P10). "[...] através da orientação para práticas saudáveis"

(P11). "Ocorre por meio da transmissão de informações [...]"

(P12).

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recursos humanos e materiais para garantir melhorias possíveis na saúde (BARRY

et al, 2009).

Este domínio diz respeito à ação em ato, ou seja, à concretização de uma

atividade realizada. Obteve-se nas falas dos participantes evidencias de que estas

ações existem no contexto das práticas educativas com os adolescentes.

As ações apontadas foram diversificadas e se referem à realização de

grupos, conversas, visita domiciliar, atividades na escola e/ou na unidade, palestras,

eventos, dinâmicas e também durante a realização das consultas por meio de

orientações individuais.

Merece destaque a concepção da realização da educação em saúde por

meio da transmissão de informações, tendo em vista que, as práticas de educação

em saúde como atividade meio para a promoção da saúde requerem a utilização de

estratégias dialógicas que valorizem o protagonismo juvenil.

Tendo em vista a importância da promoção da saúde no contexto da saúde

coletiva, faz-se necessário que as práticas de educação em saúde sejam

viabilizadas e direcionadas as ações ESF que ultrapassem os ideais e valores do

modelo hegemônico privatista e campanhista, ainda presentes nos serviços de

saúde (VIEIRA et al, 2011).

Tais modelos ainda repercutem no cotidiano das equipes de ESF por meio de

práticas meramente informacionais que não incentivam a participação dos

adolescentes, uma vez que, a informação por informação não resulta em mudanças

significativas.

Entretanto, para superação desses modelos hegemônicos e implementação

da promoção da saúde, a educação em saúde torna-se uma ferramenta de grande

relevância por trabalhar a atenção integral à saúde do adolescente (MACHADO,

2007).

Nessa perspectiva, com intuito de buscar melhorias no atendimento, no

acolhimento e nas respostas às demandas dos adolescentes é necessário que os

profissionais da equipe da ESF realizem seu processo de trabalho voltado para a

prática do cuidado familiar ampliado, desenvolvendo atividades grupais de educação

em saúde; implementando estratégias integradas, setoriais e intersetoriais de

produção de saúde; valorizando a participação e o desenvolvimento da autonomia

dos adolescentes (BRASIL, 2010).

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60

Em relação ao domínio Implementação ficou evidente a importância da

estratégia de formação de grupo com adolescentes na ESF na realização de

atividades educativas junto este público.

O emprego de grupos de cultura e idades no SUS, em especial na ESF,

como uma estratégia humanizada de promover educação em saúde, adequada ao

modelo participativo. A atividade em grupo é elemento importante para melhoria da

qualidade da assistência e troca de experiência entre os participantes (BRASIL,

2009; HENRIQUES; ROCHA; MADEIRA, 2010).

Nesse contexto, é necessário que as políticas visem a valorização dos

adolescentes por meio da formação de grupos, viabilizando ações que estimulem os

profissionais de saúde a implementar estratégias no sentido de favorecer o

desenvolvimento pessoal e social deste público, contribuindo para o empoderamento

dos adolescentes e para o estabelecimento do vínculo profissional de

saúde/adolescentes (VIEIRA et al, 2011).

Promover grupos de adolescentes é um caminho para o desenvolvimento de

atitudes e habilidades, por constituir um espaço acolhedor, uma forma privilegiada

de convivência com outros adolescentes; por propiciar o desenvolvimento de

atitudes de respeito, solidariedade, desinibição; além de favorecer maior reflexão

sobre os assuntos discutidos, facilitando o entendimento, as trocas de experiências,

mudanças comportamentais, comunicação, negociação e promoção de saúde

(GURGEL et al., 2010).

No contexto da atenção básica e da ESF, torna-se fundamental atuar no

sentido da promoção da saúde, reconhecendo a importância das mudanças de

hábitos e comportamento e da busca pela melhoria das condições materiais de vida,

através do fortalecimento da autonomia das pessoas. Nessa perspectiva, a

intervenção grupal favorece o desenvolvimento de potencialidades, a ampliação das

redes de apoio formal e informal e o estímulo à participação comunitária (CHAVES

et al, 2009).

Entende-se o espaço do grupo como possibilidade de desenvolvimento de

autonomia, empoderamento e cidadania dos adolescentes, principalmente voltando-

se a dar visibilidade às demandas deste público que necessita de atenção especial

(ALMEIDA et al, 2014).

Para Gurgel et al (2010) o trabalho grupal deve ser a modalidade de escolha

na promoção da saúde, por se tratar de uma importante estratégia para trabalhar

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61

com adolescentes, podendo torná-los mais reflexivos, competentes e confiantes em

sua capacidade de gestão do seu processo de saúde/doença.

A realização de grupos é uma estratégia importante, pois permite o

fortalecimento de vínculos, compartilhamento de saberes, vivências e experiências o

que repercute em um maior aprendizado entres os pares.

Chaves et al (2009) acrescentam que o trabalho com grupos favorece o

estabelecimento de vínculos entre os adolescentes e os profissionais de saúde da

ESF e facilita o envolvimento destes adolescentes com os processos grupais

promovidos no território, assim como tem impulsionado a participação de forma

propositiva nos espaços informais e/ou institucionalizados de participação social da

comunidade, proporcionando o fortalecimento de uma nova identidade em

construção, a de adolescente como sujeito de direito.

Dentre as técnicas de trabalhos em grupos destaca-se a realização de oficina

que se caracteriza por ser um trabalho organizado com grupos, independentemente

do número de encontros, realizado em torno de uma questão central que se busca

elaborar através da atividade grupal cujo objetivo é construir coletivamente o

conhecimento (JEOULAS; FERRARI, 2003; ALMEIDA et al, 2011).

As oficinas se constituem em um espaço no qual, facilitadores e

adolescentes participam de uma relação de troca e de aprendizagem mútua, em

uma relação de confiança e respeito aos valores e conhecimentos do grupo, fatores

importantes para a construção de uma rede interativa de educação em saúde entre

adolescentes e profissionais de saúde (ALMEIDA et al, 2011).

Nessa direção, a realização do trabalho com grupos apresenta-se como uma

estratégia de grande importância para a realização de ações educativas com

adolescentes, pois é uma estratégia que faz com que o adolescente se sinta autor,

reconhecendo e estimulando o seu protagonismo.

Entende-se que para a formação e condução de grupos com adolescentes é

necessário que os profissionais de saúde tenham formação na utilização desta

estratégia.

Nesse contexto, investimentos na educação permanente em saúde que

contribuam para transformação das práticas profissionais, pedagógicas e de saúde e

para a organização dos serviços poderão se constituir como estratégias essenciais

de aprimoramento das ações da ESF, consideradas fundamentais para a

reorganização da Atenção Básica e do SUS (BRASIL, 2009). Uma formação

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62

especifica pode auxiliar na condução de práticas de educação em saúde junto a

adolescentes, uma vez que com o desenvolvimento de competências para o

trabalho com este público, as ações se tornarão significativas, esclarecedoras e

possibilitarão maior autonomia e protagonismo dos adolescentes.

No sentido de análise desta categoria, destaca-se a importância de uma

apropriação por parte dos profissionais acerca das estratégias para o trabalho com

adolescentes, de modo que, sua implementação se faça pertinente e eficaz no

contexto deste público.

Salienta-se que o domínio Implementação dentre os demais domínios do

CompHP foi o que mais fortemente se manifestou nas práticas educativas com os

adolescentes conforme evidenciado na escuta qualificada, no entanto, este domínio

é realizado ainda sem que haja uma formação específica dos participantes do

estudo.

Existe, portanto, a necessidade de formações no sentido de suprir fragilidades

dos profissionais, aperfeiçoar as ações educativas já implementadas e contribuir

para a realização de ações exitosas direcionadas aos adolescentes.

5.2.1.2 Domínios de competências do CompHP nas ações de educação em

saúde com adolescentes: as necessidades dos profissionais

Este tópico desvela os domínios do CompHP que não foram evidenciados nas

falas dos participantes sendo considerados ausentes das práticas educativas com os

adolescentes e configurando-se em necessidades de aprendizagem dos

profissionais.

Categoria 1- Necessidades de aprendizagem dos profissionais da ESF para

processos educativos com adolescente: o Domínio Favorecimento de Mudanças.

Na escuta qualificada as falas dos profissionais não revelaram a presença do

domínio Favorecimento de mudanças nas ações educativas com adolescentes,

conforme apresentado no quadro a seguir (Quadro 4):

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63

Quadro 4- Favorecimento de Mudanças como domínio necessário às atividades

educativas com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

O domínio de CPS de favorecimento de mudanças é descrito no CompHP

como a capacidade de indivíduos, grupos, comunidades e organizações para

construir ações de promoção da saúde afim de melhorar a saúde e reduzir as

desigualdades neste âmbito. Diz respeito ao uso de abordagens de promoção da

saúde que apoiam a emancipação, a participação, parceria e equidade para criar

ambientes e configurações que promovam desenvolvimento da saúde em

colaboração com as principais partes interessadas para reorientar a saúde e reduzir

as desigualdades na saúde (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

Os participantes do estudo não sinalizaram nas suas falas a presença deste

domínio nas práticas educativas realizadas. Deste modo, não foram encontrados

indícios na escuta qualificada de que os profissionais realizem práticas educativas

que favoreçam a mudança de comportamentos dos adolescentes, ou seja, não há

evidencias de que haja alguma ação realizada junto aos adolescentes com vistas à

emancipação dos mesmos.

Segundo Russo, Ruiz e Cunha (2005) favorecer mudanças se refere ao

reconhecimento da necessidade de transformação, ao desafio do status quo, implica

gerência e liderança em uma nova direção. Relaciona-se a busca para encontrar

maneiras práticas de superar os obstáculos à mudança.

Tem-se a compreensão de que a adolescência é o período onde vários hábitos

e comportamentos são construídos, incorporados e possivelmente, perpetuados para

a fase adulta, tornando-se mais difíceis de serem alterados. Nesse sentido, é

importante incentivar o adolescente a se tornar sujeito ativo do seu cuidado, utilizando

para isso estratégias de educação em saúde que visem à promoção da saúde, a

prevenção de agravos e o autocuidado (SOUSA, SILVA, FERREIRA, 2014).

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA DO

DOMINIO FAVORECIMENTO DE MUDANÇAS

DOMINIO FAVORECIMENTO

DE MUDANÇAS NAS AÇÕES EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES

FAVORECIMENTO DE MUDANÇAS

Construção de ações de PS; Emancipação do indivíduo e coletividades; Adoção de comportamentos saudáveis.

Não encontrado.

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64

Entender como as pessoas se comportam em situações de saúde-doença e

estimulá-las para a mudança, sempre que necessário e possível, contribui para a

promoção da saúde e para o empoderamento dos sujeitos (OLIVEIRA;

WENDHAUSEN, 2014).

O processo educativo na promoção da saúde do adolescente deve ser

sistemático e contribuir para a tomada de decisão, tanto individual quanto

coletivamente, na perspectiva de uma vida saudável (URSI, 2005 apud GURGEL et

al., 2011).

O enfoque de desenvolvimento do adolescente deve ser encarado como

promoção do desenvolvimento de atitudes e habilidades por meio do protagonismo

juvenil e empoderamento. Quando as potencialidades dos adolescentes são

estimuladas, há um fortalecimento da autoestima, da assertividade e da construção

do projeto de vida, possibilitando escolhas e decisões de forma consciente (GURGEL

et al., 2010).

O trabalho educativo é uma tarefa complexa, principalmente, no âmbito da

saúde, pois o processo de educação em saúde não se limita apenas em transmitir

informações ao indivíduo sobre o cuidado de sua saúde e/ou da saúde de terceiros.

Para tanto, é necessário que o profissional de saúde tenha sensibilidade para lidar

com as características de cada indivíduo, conhecendo suas crenças, mitos e tabus

(OLIVEIRA; WENDHAUSEN, 2014).

Nesse contexto, as ações de educação em saúde devem ser pensadas e

organizadas para que se constituam numa relação de aprendizagem em que os

adolescentes se descubram como protagonistas não apenas no processo educativo,

mas no processo de vida e optem por escolhas de vida mais saudáveis.

Nessa perspectiva, promover a saúde dos adolescentes exige a adoção de

estratégias que possibilitem a autonomia, a emancipação e o protagonismo juvenil.

Meirelles e Ruzany (2008) e Santos et al (2012) destacam que os adolescentes

são um grupo-chave para o processo de transformação social, tendo em vista que, o

seu potencial crítico, criativo, inovador e participativo quando, adequadamente,

canalizado pode ser o propulsor de mudanças positivas.

Com base nessas características os adolescentes são reconhecidamente

sujeitos capazes de tomarem decisões de forma responsável. Portanto, o atendimento

a este público deve fortalecer sua autonomia, oferecendo apoio e atenção respeitosa,

e evitando a emissão de juízos de valor e imposições (BRASIL, 2009).

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65

No sentido de síntese desta categoria, cabe fazer referência à relevância do

domínio Favorecimento de mudanças nas ações de educação em saúde junto aos

adolescentes, com vistas à promoção da saúde na ESF e para a efetivação do SUS.

Este domínio embora não evidenciado nas falas dos profissionais tem

aproximação com o conceito de promoção da saúde enquanto um processo de

capacitação da comunidade para mudança com vistas à adoção de comportamentos

saudáveis sinalizando a sua importância no contexto das práticas educativas no

âmbito da ESF.

Categoria 2- Necessidades de aprendizagem dos profissionais da ESF para

processos educativos com adolescente: o Domínio Advocacia em saúde.

As falas dos profissionais não evidenciaram o domínio Advocacia em saúde

nas ações educativas com os adolescentes, o quadro a seguir (Quadro 5) apresenta

esta evidência.

Quadro 5- Advocacia em saúde como domínio necessário às atividades educativas

com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

O domínio de CPS Advocacia em saúde é descrito no CompHP como a

capacidade de advogar junto, e em nome de indivíduos, comunidades e organizações

para melhorar a saúde e bem-estar e aumentar a capacidade de ação de promoção

de saúde. Refere-se ao uso de estratégias de defesa e técnicas que refletem os

princípios de promoção da saúde no empoderamento de comunidades e grupos para

articular as suas necessidades e defender os recursos e as capacidades necessárias

para a efetivação de ações de promoção da saúde (DEMPSEY; BATTEL-KIRK;

BARRY, 2011).

Em consonância Germani e Aith (2013, p. 35) relatam que:

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA DO

DOMINIO ADVOCACIA EM SAÚDE

DOMINIO ADVOCACIA EM SAÚDE NAS

AÇÕES EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES

ADVOCACIA EM

SAÚDE

Capacidade de ação para promoção de saúde; Reivindicação por melhorias na saúde; Defesa de recursos para PS.

Não encontrado.

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66

A advocacia em promoção da saúde representa um exercício de cidadania essencial para o desenvolvimento social da nação, tendo como objetivos a equidade em saúde e a garantia do bem-estar físico, mental e social das pessoas. Trata-se de uma atividade que democratiza e difunde conhecimentos e evidências científicas sobre as melhores formas de se promover a saúde em uma determinada sociedade, em conformidade com o conceito de saúde vigente nesta mesma sociedade.

Os autores supracitados acrescentam que a advocacia em promoção da saúde

como o conjunto coordenado e articulado de ações de cidadãos e/ou grupos sociais,

em busca de influenciar sobre as autoridades estatais e sobre a sociedade em geral

para promoção do bem-estar físico, mental e social dos indivíduos e da comunidade,

para a garantia da equidade em saúde.

Com base no exposto, advocacia em saúde é um domínio de competência de

PS que os profissionais de saúde precisam trabalhar na comunidade em que atuam a

fim de possibilitar aos indivíduos a participação e o protagonismo nos processos de

saúde.

Para Ursi (2005 apud GURGEL et al., 2011) a promoção da advocacia é papel

dos profissionais e estes devem incentivar os adolescentes a agirem em nome de sua

saúde e bem-estar, na garantia dos seus direitos, no acesso aos serviços de saúde

por meio da atenção integral e ações que promovam o empoderamento, a autonomia

e o autocuidado.

A advocacia em saúde foi evidenciada como uma necessidade para a

realização das práticas de educação em saúde junto aos adolescentes, tendo em

vista que, não foi referida nas falas dos participantes no seu sentido pleno.

Cabe ressaltar que houve um participante que mencionou a participação dos

adolescentes nas ações educativas. Esta relação entre os conceitos é importante,

pois a participação comunitária é um caminho para a efetivação da advocacia em

saúde.

Acredita-se que essa menção seja advinda da compreensão acerca do

conceito ampliado de saúde defendido pelas políticas públicas de saúde no âmbito do

SUS.

A participação é entendida como uma socialização consciente e propositiva

mediante a qual valores são aprendidos e práticas democráticas são assimiladas

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67

facultando a atuação na esfera pública. Enquanto domínio de autopromoção, a

participação permite ao adolescente à autogestão da vida a partir da constituição do

projeto existencial, da oportunidade para definição do seu modo de ser como

estratégia de autocuidado, ou seja, funciona mediadora da autonomia e da autoria

do adolescente (GUIMARÃES; OLIVEIRA; LIMA, 2011).

A participação é definida, ainda, como o processo de partilha de decisões que

afetam o indivíduo e a comunidade onde ele vive. Expressa o sentido em que a

democracia é realizada, e deve ser a medida a partir da qual toda democracia deve

ser avaliada (Fundo das Nações Unidas para a Infância-UNICEF, 2006).

Nessa direção, as ações de educação em saúde, numa concepção ampliada

de cuidado de saúde, requerem a participação do usuário na mobilização,

capacitação e desenvolvimento de aprendizagem de habilidades individuais e sociais

para lidar com os processos de saúde-doença, estendendo-se à concretização de

políticas públicas saudáveis (MACHADO; VIEIRA, 2009).

Desse modo, a participação comunitária é fundamental e os profissionais de

saúde devem assumir a tarefa de estimular e fortalecer a atuação da população

neste âmbito, instrumentalizando os cidadãos (indivíduos, grupos) para que seja

exercido o direito à saúde (CANEL; CASTRO, 2008).

A participação possibilita ao indivíduo a formação de uma consciência crítica

sobre sua realidade e é a partir disso esse ele pode se tornar um ser autônomo e

emancipado. Esse tipo de participação é denominado de participação habilitadora e

tem como objetivo a realização de um processo participativo no qual é papel dos

profissionais de saúde buscar desenvolver e valorizar a ação participativa e as

habilidades dos indivíduos, para que esses possam exercer uma força social e agir

em prol da coletividade (MACHADO; VIEIRA; SILVA, 2010). Nessa perspectiva, a

participação se aproxima do conceito de advocacia em saúde como um meio para

viabilizar a sua concretização no âmbito do SUS.

Oliveira et al (2008) ressalta que a criação de vínculo é fundamental para se

desenvolver uma relação de confiança que leve o usuário a aderir às ações de

saúde propostas, e, mais que isso, para envolvê-lo de maneira ativa em seu próprio

cuidado e do seu entorno.

Desta forma, para facilitar a participação dos adolescentes, a equipe da ESF

deve desenvolver atividades de educação em saúde utilizando estratégias lúdicas e

dialógicas para a interação com esses sujeitos (LACERDA et al., 2013).

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Nesse contexto, a educação em saúde deve, além de buscar a prevenção de

doenças e agravos, ser promotora da saúde dos adolescentes, incentivando e

fomentando o empoderamento e o protagonismo juvenil (SANTOS et al., 2014).

Embora tenha sido percebida a ausência do domínio Advocacia em saúde na

fala dos profissionais, a alusão à participação dos adolescentes aconteceu em um

dado momento do processo educativo. Diante do exposto, pode-se inferir que a

existência da participação nesse contexto configura-se como um passo em direção à

advocacia.

No sentido de análise desta categoria, ressalta-se a que a participação é

manifestada como elemento de forte significância para a advocacia em saúde

configurando um domínio que merece ser potencializado nas ações educativas com

os adolescentes.

No sentido de análise desta categoria, pode-se inferir que o domínio Advocacia

em saúde se configura como necessidade dos profissionais nos processos educativos

com os adolescentes. Merece destaque questões referentes à operacionalização e a

garantia desta participação nas práticas educativas e como esta poderá viabilizar a

advocacia em saúde.

Categoria 3- Necessidades de aprendizagem dos profissionais da ESF para

processos educativos com adolescente: o Domínio Comunicação.

Nas falas dos profissionais não foi identificada a presença do domínio

Comunicação na realização das ações educativas, o quadro a seguir (Quadro 6) traz

esta evidência.

Quadro 6- Comunicação como domínio necessário às atividades educativas com

adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA DO

DOMINIO COMUNICAÇÃO

DOMINIO COMUNICAÇÃO NAS AÇÕES EDUCATIVAS COM

ADOLESCENTES

COMUNICAÇÃO

Comunicar ações de promoção da saúde; Disseminação de informações.

Não encontrado

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O domínio de CPS Comunicação é conceituado no CompHP como a

capacidade de comunicar ações de promoção da saúde efetivamente, utilizando

técnicas e tecnologias apropriadas para diversos públicos. Nesse sentido, prevê a

utilização de habilidades de comunicação efetivas, incluindo comunicação escrita,

verbal, não verbal e as habilidades de escuta. Destaca o uso de tecnologia de

informações e outras mídias para receber e disseminar informações sobre a

promoção da saúde, bem como, a utilização de técnicas e meios de comunicação,

culturalmente, adequadas para grupos e contextos para promover a melhora da

saúde de indivíduos, grupos, comunidades e organizações e reduzir as iniquidades

em saúde (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

A comunicação em saúde refere-se a uma relação de troca de ideias ou de

mensagens que, quando bem sucedida, promove um contato entre o pensamento

sanitário e o pensamento do senso comum, afetando ambos e fazendo avançar a

consciência coletiva sobre as questões de saúde e doença em uma dada realidade

sociocultural (LEFEVRE; LEFEVRE; FIGUEIREDO, 2010).

Além disso, a comunicação é essencial para a obtenção de informações e

para a condução terapêutica, embora, no cotidiano, muitas pessoas tenham

dificuldade de se expressar ou de interpretar a linguagem. É importante que a

equipe de saúde realize uma comunicação eficaz, estando atenta à interpretação

das linguagens verbal e não verbal. Ressalta-se que quando a linguagem não

verbal é eficaz, torna-se ferramenta válida para a busca do atendimento integral das

necessidades de saúde dos indivíduos e da comunidade (ALMEIDA; CIOSAK,

2013).

O uso da comunicação na educação em saúde tem como objetivo

proporcionar às pessoas conhecimentos e habilidades para que estas possam fazer

escolhas sobre sua saúde, despertando a consciência crítica, reconhecendo os

fatores que influenciam a saúde e encorajando-as a fazer algo para mudar o status

quo (MACHADO, 2007).

Entende-se que a comunicação permite o desenvolvimento das formas de

interação, de maneira efetiva e eficaz, levando em consideração os aspectos

biopsicossociais relacionados a cada grupo populacional pode-se concluir que o

desenvolvimento da habilidade de comunicação torna-se uma necessidade para a

realização do trabalho em saúde, porque os problemas “de saúde” são abrangentes,

envolvendo questões psicológicas e sociais e exigem um esforço e mobilização de

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saberes e técnicas das várias categorias profissionais (BORGES; D’OLIVEIRA,

2011; ALMEIDA; CIOSAK, 2013).

Nesse sentido, uma comunicação eficaz e efetiva possibilita que o individuo

exponha seus problemas e enfrente-os na perspectiva da sua participação na busca

de alternativas de solução com a colaboração dos profissionais da ESF.

Estudo realizado por Vieira et al (2011) aponta que os adolescentes

manifestam suas necessidades para a promoção da saúde por meio do desejo de

participar de atividades inerentes à adolescência e de informação, ações que

poderiam ser implementadas a partir de um bom acolhimento por parte dos

profissionais, uma comunicação eficaz e interação com este público.

Embora os participantes do estudo não tenham sinalizado nas suas falas a

presença do domínio Comunicação nas práticas educativas entende-se que esta é

uma habilidade de grande relevância para o sucesso destas ações. Acrescenta-se

que as ações educativas quando direcionadas ao público adolescente precisam

utilizar a comunicação de forma atraente e de fácil entendimento.

A comunicação nas ações de educação em saúde é uma tecnologia que

embora percebida como importante para a prática da educação em saúde, ainda

requer um maior envolvimento dos atores envolvidos para tornar esse processo

comunicativo eficaz (BEZERRA et al, 2014).

Merece ressaltar que sob ótica da Política de Humanização da Saúde, da

reorganização dos serviços de saúde e do desenvolvimento de novas competências

profissionais a comunicação é uma ferramenta de grande valia no cuidado integral

ao indivíduo, já que a (re)organização do trabalho e a utilização de novas

habilidades favorecem a construção de vínculo com os usuários (STEFANELLI;

CARVALHO; ARANTES, 2005).

Assim, o uso da comunicação eficaz na ESF, especialmente na saúde do

adolescente, corresponde à utilização de uma tecnologia essencial no

reconhecimento e na efetivação do profissional e do usuário como protagonistas no

processo de produção de saúde.

No sentido de fechamento desta categoria tem-se que o domínio de

Comunicação embora difundido como elemento essencial para a efetivação da

educação em saúde, ainda, merece ser aprimorado na prática dos profissionais, com

vistas, a realização de uma comunicação eficaz e apropriada ao contexto do público

adolescente.

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Categoria 4- Necessidades de aprendizagem dos profissionais da ESF para

processos educativos com adolescente: o Domínio Liderança.

No tocante as práticas educativas com adolescentes, o domínio Liderança

não se manifestou nas falas dos participantes.

Quadro 7- Liderança como domínio necessário às atividades educativas com

adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

O domínio de competência Liderança é descrito no CompHP como a

capacidade de contribuir para o desenvolvimento de uma visão partilhada e com

direção estratégica para a ação de promoção da saúde. O uso de habilidades de

liderança facilita a capacitação e participação (incluindo o trabalho em equipe,

negociação, motivação, resolução de conflitos, tomada de decisão, facilitação e

resolução de problemas) (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

Conforme os autores supracitados este domínio permite o desenvolvimento

de uma rede capaz de motivar as partes interessadas em mudanças para melhorar a

saúde e reduzir as desigualdades e a incorporação de novos conhecimentos para

melhorar a prática e responder aos desafios emergentes na promoção da saúde.

Além de contribuir para a mobilização e gestão de recursos para ações de promoção

da saúde

O domínio Liderança não foi evidenciado nas falas dos participantes nas ações

educativas com adolescentes. Acredita-se que esta ausência se dê, provavelmente,

por este domínio não ter sido desenvolvido durante a formação destes profissionais.

Neste contexto, alguns aspectos merecem ser considerados para

compreender a ausência deste domínio nas falas dos profissionais referentes às suas

práticas de educação em saúde.

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA DO DOMINIO

LIDERANÇA

DOMINIO LIDERANÇA NAS AÇÕES EDUCATIVAS COM

ADOLESCENTES

LIDERANÇA

Visão partilhada; Mobilização e gestão de recursos; Direção estratégica.

Não encontrado.

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A liderança é uma competência desejada por todos os gestores em saúde, pois

por meio dela é possível influenciar o comportamento da equipe, fazendo com que os

objetivos sejam alcançados com o máximo de esforço e comprometimento. Nessa

direção, a liderança é imprescindível para o alcance do sucesso das organizações

(ROQUETE et al, 2015).

No trabalho multiprofissional os profissionais devem estar aptos a assumir o

papel de líderes com vistas ao bem-estar da comunidade. A liderança é uma

competência, que pode ser ensinada e aprendida, envolvendo fatores cognitivos

durante a formação dos profissionais (BLUMENTHAL et al, 2012).

O desenvolvimento do domínio Liderança nas práticas dos profissionais se faz

necessário, tendo em vista a importância desta competência para o trabalho com

adolescentes. Acredita-se que este desenvolvimento pode ocorrer por meio da

formação e da capacitação dos profissionais de saúde. Esta capacitação pode ser

entendida como educação permanente dos profissionais.

Corroborando com este entendimento um estudo realizado por Oliveira et al

(2013) revela que para haver êxito sobre as ações de promoção da saúde na

adolescência, é necessário que ocorra uma reestruturação dos serviços de saúde,

com ênfase na formação e na educação permanente dos profissionais de saúde

engajados no atendimento do público adolescente.

A análise desta categoria tende a apontar a necessidade de se refletir sobre a

importância de se enfatizar a liderança na formação dos profissionais para o SUS.

No entanto, mesmo sendo reconhecida a necessidade de se desenvolver esse

domínio de competência, por vezes, este tende a aparecer em disciplinas isoladas

como administração e gestão, não estando associada à prática profissional, não

possibilitando a sua apropriação por parte dos profissionais.

No sentido de fechamento desta categoria, aponta-se que há fragilidade deste

domínio nas práticas dos profissionais. Com base no exposto, infere-se que o domínio

de liderança ausente nas práticas dos participantes pode comprometer o

desenvolvimento de ações educativas junto ao adolescente quando se objetiva

estimular a liderança/ protagonismo juvenil. Destaca-se a necessidade dos

participantes acerca do domínio de Liderança na perspectiva de capacitação, ou seja,

da carência de educação permanente dos profissionais.

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Categoria 5- Necessidades de aprendizagem dos profissionais da ESF para

processos educativos com adolescente: o Domínio Planejamento

O quadro a seguir (quadro 8) apresenta a ausência do domínio Planejamento

na rotina das atividades educativas dos participantes do estudo.

Quadro 8- Planejamento como domínio necessário às atividades educativas com

adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

O domínio de CPS Planejamento é descrito no CompHP como o

desenvolvimento de metas e objetivos de promoção da saúde que podem ser

medidos, baseados no diagnóstico das necessidades e potencialidades em parceria

com os atores/parceiros sociais. Diz respeito ao desenvolvimento de metas e

objetivos realísticos e mensuráveis para ações de promoção da saúde e identificação

de estratégias em resposta à avaliação das necessidades e recursos, e identificação

de estratégias que são baseadas no conhecimento derivado da teoria, provas e

prática (DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

Para Vieira (2009), o planejamento assume papel vital para o direcionamento

de ações a fim de que se atinja ou alcance os resultados esperados. Daí a percepção

de que o planejamento não se resume a um conjunto de intenções ou à tomada de

decisão em si. O planejamento tem um papel importante no direcionamento de ações

e na obtenção de resultados. Diz respeito à elaboração de um plano de execução

com a definição das atribuições dos profissionais envolvidos.

O processo de planejamento tem como desfecho a elaboração de planos e

programas de saúde, que significam um consenso entre todos os envolvidos no

processo, respeitando o propósito das ações de saúde. Deve, portanto, ser visto

como um processo dinâmico e flexível. Além disso, o planejamento enquanto prática

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CARACTERÍSTICA DO

DOMINIO PLANEJAMENTO

DOMINIO PLANEJAMENTO NAS AÇÕES EDUCATIVAS COM

ADOLESCENTES

PLANEJAMENTO

Desenvolver metas e objetivos; Identificar estratégias;

Não encontrado.

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74

social visa superar a burocracia da mera aplicação de técnicas e planilhas, buscando

conferir uma nova dimensão ao ato de planejar (SANTOS et al, 2004).

Há uma relação entre planejamento e decisões, na qual o planejamento

constitui-se no mecanismo empregado para auxiliar a tomada decisão e para orientar

a implementação das decisões tomadas (VIEIRA, 2009).

Acerca deste domínio não se identificou evidencias da realização do

planejamento a partir das falas dos participantes como domínio de competência

mobilizado nas práticas educativas realizadas.

Ao planejar as intervenções relativas à realidade da população, os

profissionais de saúde têm oportunidades para propor a participação efetiva e a auto

percepção do indivíduo diante de seus comportamentos e sua ligação com a saúde,

podendo transformar a realidade de maneira positiva e edificar um pensamento

crítico de valorização dos adolescentes (MELO et al, 2014).

É necessário realizar ações de prevenção e promoção da saúde, com

participação dos adolescentes em seu planejamento. Os profissionais devem estar

disponíveis para ouvir e abertos para acolhê-los (HENRIQUES; ROCHA; MADEIRA,

2010).

Quando as ações são planejadas de acordo com a necessidade dos

adolescentes elas se tornam mais instigantes, motivadoras e atraentes ao passo de

que quando não há um planejamento prévio estas ações podem não obter os

resultados esperados e/ ou desejados.

Conduzindo ao fechamento desta categoria percebeu-se que o domínio

Planejamento não foi perceptível nas falas dos participantes no que diz respeito à

realização de ações educativas com adolescentes, no entanto, infere-se que este é

um domínio que necessita ser fortalecido para que haja organização e

implementação de práticas educativas eficientes.

Categoria 6- Necessidades de aprendizagem dos profissionais da ESF para

processos educativos com adolescente: o Domínio Avaliação e pesquisa

O domínio Avaliação e pesquisa não foi identificado nas falas dos

profissionais como elemento aplicado às práticas educativas.

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Quadro 9- Avaliação e pesquisa como domínio necessário às atividades educativas

com adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

O domínio de CPS Avaliação e pesquisa é descrito pelo CompHP como a

capacidade de utilizar métodos de avaliação e de investigação pertinentes, em

parceria com as partes interessadas, para determinar o alcance, o impacto e a

eficácia da ação de promoção da saúde. Refere-se à identificação e utilização de

ferramentas de avaliação e de métodos de pesquisa adequados e a integração entre

avaliação, planejamento e implementação das ações de promoção da saúde

(DEMPSEY; BATTEL-KIRK; BARRY, 2011).

De acordo com Pedrosa (2004, p. 623)

A avaliação como atividade resultante e propiciadora da construção de conhecimentos compreende desde posturas positivistas centradas na ideia de causalidade detectada em estudos de desenhos experimentais que sobrepõem a validade interna a posições construtivistas em que a validade do conhecimento produzido encontra-se no compartilhamento de saberes dos envolvidos, compreendendo ainda posições intermediárias que sugerem a adaptação do conhecimento produzido pela avaliação da natureza da questão que pretende responder.

Para avaliar as práticas de saúde é recomendado o uso de metodologias que

permitam avaliar não somente os resultados e impacto das intervenções, mas

também o processo político-social para alcançar os objetivos de forma sustentável

(KUSMA; MOYSES; MOYSES, 2012).

Bodstein (2009) acrescenta que a avaliação da efetividade das práticas de

saúde envolve modelos mais flexíveis e dialógicos e o questionamento de princípios,

DOMÍNIO DE

COMPETÊNCIA DO CompHP

CONCEITO DO DOMINIO

AVALIAÇÃO E PESQUISA

DOMINIO AVALIAÇÃO E PESQUISA

NAS AÇÕES EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES

AVALIAÇÃO E

PESQUISA

Utilizar métodos de avaliação e de investigação pertinentes, em parceria com as partes interessadas, para determinar o alcance, impacto e eficácia das ações de promoção da saúde.

Não encontrado.

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concepções e estratégias voltadas para mudanças sociais complexas na qualidade

de vida de indivíduos e comunidades

. Segundo a autora, no campo da PS, a literatura tem revelado a importância

de se investir em propostas multifocais, interdisciplinares e intersetoriais através do

fortalecimento das parcerias e da formação de redes. Em termos metodológicos e de

propostas avaliativas, trata-se da identificação do por que e de como as

intervenções apresentam os resultados esperados, isto é, como mobilizam e

agregam parceiros, formando redes capazes de sustentar mudanças e efeitos na

qualidade de vida.

O domínio Avaliação não foi mencionado pelos participantes do estudo na

quando se trata da realização de atividades de educação em saúde com

adolescentes.

Historicamente, a prática de avaliar as ações educativas em saúde apresenta-

se como uma fragilidade, tendo em vista, as dificuldades dos profissionais de

avaliarem suas práticas, bem como, de terem apropriação dos mecanismos de

avaliação.

Esta realidade pode ser resultante da própria formação destes profissionais

que pode não ter os instrumentalizado para o desenvolvimento de práticas

avaliativas.

De um modo geral, concorda-se em que há uma baixa cultura avaliativa em

saúde, e esta sinalização está presente na produção acadêmica e nos documentos

que orientam as políticas de avaliação há mais de duas décadas (FELISBERTO,

2006).

Outro fator relevante é que ainda persiste a associação da avaliação ao

fantasma da fiscalização contradizendo o potencial transformador dos processos

avaliativos para a prática. Todos estes aspectos fornecem subsídios para que se

possa buscar estratégias e aprofundar uma reflexão coletiva sobre o trabalho na

atenção básica e sobre o sentido da avaliação em saúde, como possibilidade de

qualificar as ações (DAVID; CAMARGO JUNIOR, 2013).

Segundo Santos et al (2012) persiste a existência de uma lacuna neste

contexto, no que se refere à realização da avaliação das práticas realizadas pelos

profissionais junto aos adolescentes. Embora haja a emergente compreensão de

que a avaliação se faz necessária em todos os processos de trabalho: primeiro, por

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possibilitar um monitoramento, e segundo, para sinalizar mudanças rumo às práticas

mais efetivas.

Pode-se inferir que os profissionais deste estudo apresentam fragilidades

referentes ao domínio Avaliação e pesquisa, uma vez que, não fazem menção a ele

nas suas práticas. Ressalta-se a importância de haver a avaliação dos processos de

trabalho no âmbito da ESF, em particular nas ações educativas com os

adolescentes, como estratégia para adequação, monitoramento e qualificação

destas ações, com vista, a aperfeiçoá-las e obter resultados satisfatórios.

Em síntese, destaca-se que os profissionais carecem de apropriação do

domínio Avaliação e pesquisa sinalizando para a importância da apropriação e

utilização de técnicas e metodologias avaliativas.

No sentido de síntese desta categoria, foi evidenciada a ausência do domínio

avaliação e pesquisa nas falas dos profissionais referentes às práticas educativas

acredita-se que esta ausência esta relacionada também à cultura da ESF de não

avaliar as práticas realizadas, bem como, à fragilidade destes profissionais no que

se refere aos mecanismos dos processos avaliativos.

5.3 Escuta qualificada: apontando caminhos para a formação dos

profissionais da ESF por meio do domínio de Implementação

Dentre os domínios de competências do CompHP identificados nas práticas

educativas realizadas pelos profissionais da ESF com os adolescentes, o domínio

com maior evidência foi o de Implementação, tendo em vista, que foi o domínio

evidenciado com maior expressividade nas falas dos participantes.

Percebeu-se que apenas os domínios de competências do CompHP

Parceria, Diagnóstico e Implementação estão presentes nas ações de educação em

saúde realizadas pelos participantes, no entanto, quando estes profissionais

manifestam os domínios nas suas práticas, o domínio de Implementação esteve

mais fortemente expresso através da necessidade de apropriação da estratégia

grupo. Esta evidencia reafirma o cotidiano da ESF por realizar ações de educação

em saúde, no entanto, aponta para a necessidade do aperfeiçoamento e da

ressignificação das práticas educativas realizadas.

Ficou evidenciado, ainda, que os profissionais carecem de uma formação

para a implementação de grupos com adolescentes.

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Partindo do pressuposto de que as ações de educação em saúde devem ser

atividades planejadas e estruturadas que permitam criar condições para produzir

mudanças de comportamento e autonomia dos adolescentes compreende-se que a

estratégia do trabalho com grupo é apropriada para este fim.

Após a análise e constatação de que o domínio Implementação se manifestou

com mais evidencia nas falas dos profissionais, definiu-se no estudo o momento da

devolutiva aos participantes.

5.4 Encontro com os profissionais: a devolutiva da escuta qualificada

Com a intenção de cumprir o percurso proposto pelo estudo e assegurar a

relação de parceria, confiança e respeito construída entre a autora e os

participantes, planejou-se um momento de retorno ao cenário do estudo para

compartilhar as análises e fechamento do momento da escuta qualificada. Este

momento configurou-se como a devolutiva da escuta qualificada aos participantes.

Por definição devolutiva é o feminino de devolutivo que significa devolver ou

devolução. Devolver significa entregar ao dono ou transferir ao outro o direito de

propriedade. Significa, também, entregar, dar, transferir, recusar (GARANHAN;

MANRIQUE, s/d).

Neste estudo, utilizou-se a concepção da devolutiva como um processo de

interação com os participantes e de compartilhamento das informações obtidas, bem

como, de retribuição ao contexto estudado.

Houve, portanto, a preocupação de preservar as expressões, evitando

distorções das falas. Tratou-se de uma etapa necessária ao desenvolvimento deste

estudo, pois a partir da devolutiva foi que se obteve a confirmação do domínio de

competência que norteou o momento seguinte do estudo, a elaboração da proposta

de formação.

A importância da realização de devolutivas de resultados de pesquisa aos

participantes envolvidos permite aos mesmos refletirem sobre a sua participação, ou

seja, os atores sociais tem a oportunidade de refletir sua prática, especialmente na

saúde, sendo um passo para construção da mudança necessária no atendimento às

necessidades de saúde da população e deles próprios (SVERZUT et al, 2014).

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Ressalta-se que a devolutiva em estudos científicos é importante pela

responsabilidade ética diante dos sujeitos e cenário de pesquisa, considerando que

a devolução dos resultados do estudo ao objeto pesquisado permite cumprir com a

Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, no que diz respeito, a orientação

de que o pesquisador deve assegurar aos sujeitos do estudo o retorno social,

acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa (BRASIL, 2013;

SVERZUT et al, 2014).

Diante do exposto, para o momento da devolutiva foram convidados todos os

profissionais participantes do estudo por meio de contatos prévios via telefone para

o agendamento do encontro, bem como, no dia anterior ao encontro foram enviadas

mensagens de texto a fim de que o maior número de profissionais estivesse

presente.

O momento foi realizado da seguinte forma: os profissionais foram

organizados em um círculo para que todos tivessem a mesma oportunidade de

participação e a autora apresentou o material proveniente da escuta por meio de

uma miniexposição com a projeção de slides que continham a sistematização da

escuta qualificada em quadros. A apresentação teve duração de trinta minutos.

Ao final da apresentação foi proposta aos participantes a formação de uma

roda de conversa e os mesmos tiveram vinte minutos para conversarem entre si e

discutirem sobre os aspectos apresentados na devolutiva da escuta qualificada.

A discussão ocorreu entre os pares sendo mediada pela autora do estudo e

em seguida os participantes confirmaram o domínio de competência com maior

evidência na escuta qualificada, ou seja, o domínio com maior expressividade nas

falas dos participantes como mobilizado nas práticas educativas com adolescentes.

A intenção deste momento foi de que os participantes pudessem apreciar e

confirmar ou não a respeito do domínio de competência que se manifestou com

maior intensidade a partir da sistematização da escuta qualificada e se este foi, de

fato, o domínio de Implementação com destaque para a estratégia de grupos para

adolescentes, ficando a critério dos profissionais a escolha por este ou por outro

domínio que considerassem ser mais evidente nas falas.

Desta forma, o domínio de CPS Implementação foi confirmado por consenso

dos participantes como o que se manifestou com maior ênfase nas suas falas

durante a escuta qualificada sendo eleito o domínio para nortear o delineamento e

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elaboração da proposta do processo formativo a partir da estratégia apontada com

maior destaque que foi a formação de grupos.

Em seguida foi realizada uma avaliação do momento da devolutiva onde cada

participante recebeu duas tarjetas com cores diferentes (uma verde e outra azul) nas

quais foram registradas, individualmente, suas impressões acerca da vivência da

devolutiva e o sentimento experimentado naquele momento.

O material advindo do momento da avaliação foi organizado conforme

apresentado no quadro a seguir:

Quadro 10- Relatos dos profissionais da ESF acerca do momento da devolutiva da

escuta qualificada. Crato-CE, 2016.

RELATOS DOS PROFISSIONAIS ACERCA DO MOMENTO DA DEVOLUTIVA DA ESCUTA QUALIFICADA

VALORIZAÇÃO

"Eu me senti muito importante por fazer parte desse trabalho que já

vem com algo positivo" [S2]. "É muito gratificante saber que a minha opinião, faz parte da

formação de um trabalho de construção que vai servir para ajudar os jovens em sua vida na comunidade" [S9]. "Senti feliz pelo fato de me sentir valorizada pelo modo da fala e da escuta (...)" [S15].

ESTRANHAMENTO

"Foi bastante proveitoso por saber que estão todos em sintonia sobre o assunto abordado (...) esse retorno nunca tinha acontecido" [S8].

"O nosso reencontro foi bem satisfatório, pois é bom ver que o que foi falado na escuta teve um bom resultado e tem possibilidade de ser posto em prática. Este retorno em pesquisa não é comum (...)" [S9]. "Foi um momento muito oportuno, pois a partir desse encontro tive uma resposta da minha participação (...) em outras pesquisas que participei não teve esse momento (...)" [S12].

O momento da devolutiva vivenciado no estudo possibilitou a aproximação

dos participantes com o fenômeno em estudo, neste caso os domínios de

competências do CompHP nas práticas educativas com adolescentes.

Nessa direção, a confirmação da devolutiva permitiu que os profissionais

respaldassem o domínio mais evidente, conduzindo a coerência e adequação do

delineamento da proposta de formação com as suas necessidades.

A avaliação do momento da devolutiva desvelou duas dimensões deste

processo a primeira referente ao aspecto da valorização dos participantes, pois se

sentiram importantes e contemplados dentro do estudo. A segunda trouxe o aspecto

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do estranhamento, pois apesar de se sentirem valorizados ao visualizarem as suas

contribuições para o estudo e poderem opinar sobre o mesmo, destacaram que

ainda são tímidos os retornos dos estudos acadêmicos para a realidade em que são

realizados. Daí o estranhamento destes profissionais quando tiveram a oportunidade

de vivenciar a devolutiva.

Acerca disto, Garanhan e Manrique (s/d) reforçam o quão importante é

compartilhar os resultados dos estudos com os participantes para que estes se

beneficiem do conhecimento produzido, além de configurar como um compromisso

de retribuição às participações.

Sá e Almeida (2004) acrescentam que o retorno das informações aos

participantes permite-lhes aprová-las ou alterá-las, aumentando o grau de

confiabilidade do estudo.

O momento da devolutiva contribuiu para a reflexão dos participantes acerca

das suas práticas educativas com adolescentes. Evidenciou-se a satisfação dos

profissionais da ESF de terem sido contatados a participarem deste momento

através da expressão do sentimento de valorização.

A devolutiva subsidiou a elaboração da proposta de formação para os

profissionais da ESF enquanto intervenção na realidade, assim como, proporcionou

o retorno social do estudo, pois substanciou o seu compromisso com o contexto

investigado.

5.5 Proposta de formação: trabalho com grupo de adolescentes

1. APRESENTAÇÃO

Trata-se de uma proposta de formação delineada a partir do domínio de

competência do CompHP Implementação. Para operacionalização deste domínio

optou-se pelo desenvolvimento da estratégia grupo com adolescentes. Deste modo,

buscou-se na literatura uma aproximação com a estratégia em evidência.

Queiroz et al (2010) destacam a realização de grupos de educação em saúde

como estratégia de intervenção recomendável em ações com adolescentes.

Entende-se que o adolescente é um público complexo para se trabalhar

devido à falta de interesse em assuntos voltados à saúde e a baixa adesão em

estratégias com esse cunho. Nessa direção, ações como grupos de educação em

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saúde para a orientação desse público devem trazer abordagens mais lúdicas, como

o uso do teatro, da música, da dança e de oficinas dentre outras, com o intuito de

criar e fortalecer o vínculo com a equipe da ESF, além de buscar à maior eficácia da

ação desenvolvida (SOUZA; PIMENTA, 2013; FREIRE, 2011).

Além disso, os grupos de educação em saúde com adolescentes devem

respeitar o perfil dos participantes, pois a padronização da implementação das

ações podem tornar os resultados ineficazes (SOUZA; PIMENTA, 2013).

Acrescenta-se que o trabalho com os adolescentes em grupos se pauta numa

característica própria da adolescência, na qual, este público tende a procurar em um

grupo de iguais, referenciais de identidade e respostas às ansiedades comuns desta

fase de sua vida. Desta forma, a estratégia grupal pode favorecer a expressão dos

sentimentos, a troca de informações e de experiências (HIGARASHI et al, 2011).

Além disso, o trabalho com grupo proporciona uma concepção integrada,

entre pessoa-pessoa, profissional-pessoa, como uma forma de inclusão, buscando a

mudança de paradigma, influenciando na qualidade de vida das pessoas e no seu

modo de viver, adoecer e morrer. Esta estratégia, na perspectiva da ESF, reúne

conhecimentos e elementos como acolhimento, autonomia, diálogo, escuta, vínculo,

integração, interesse, que possibilitam a interação entre os atores envolvidos no

processo, provocando uma reflexão sobre as crenças e os valores desses sujeitos

em relação aos seus modos de viver e cuidar (FERNANDES, 2007).

Existem diferentes grupos para se trabalhar com adolescentes, e para cada

um é preciso que o profissional desenvolva habilidades específicas, recomendando-

se os grupos educativos (HIGARASHI et al, 2011).

Para tanto, é necessário que os profissionais da ESF estejam apropriados de

aspectos referentes à implementação desta estratégia, com vistas ao

desenvolvimento de ações educativas eficazes que proporcionem a reflexão e o

protagonismo dos adolescentes. Assim, esta proposta de formação busca contribuir

nesta direção.

2. COMPETÊNCIA

- Capacidade de implementar o trabalho com grupo de adolescentes na

Estratégia Saúde da Família.

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3. OBJETIVO DA FORMAÇÃO

- Desenvolver nos profissionais habilidades para o trabalho de grupos junto ao

público adolescente.

4. PÚBLICO ALVO

Profissionais de saúde inseridos na Estratégia Saúde da Família.

5. PRESSUPOSTOS POLÍTCOS E TEÓRICOS

Esta proposta de formação esta pautada nas idéias do educador Paulo Freire

e nos pressupostos da PNAB.

Freire (2010) descreve a importância de não se estabelecer esquemas rígidos

com resolubilidades formadas, mas sim de conhecer a realidade dos participantes e

conjuntamente com eles visualizar possibilidades de transformações, criando ou

ampliando horizontes de trabalho.

A PNAB destaca que a ESF deve ampliar suas abordagens de saúde e se

tornarem colaboradoras e responsáveis na construção da cidadania por meio da

prática da educação em saúde preconizada pelo MS (FERNANDES; BACKES,

2010).

Para Freire (2010), educação é comunicação, é diálogo, na medida em que

não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que

buscam a significação dos significados.

A concepção dialógica de Freire pode ampliar as fronteiras de atuação da

ESF, com maior resolutividade das ações e melhor impacto dos indicadores de

saúde e de qualidade de vida da população (FERNANDES; BACKES, 2010).

Segundo os autores supracitados, a prática problematizadora promove o

diálogo entre profissionais e usuários, a autonomia cidadã, assim como estimula que

estes sujeitos adotem uma postura ativa em seus ambientes políticos e sociais.

Para atender as reais necessidades das populações e das equipes da ESF a

problematização surge como um elemento essencial na construção de um processo

educativo verdadeiro. A problematização vem sendo inserida no campo da saúde

comunitária, numa busca pela Educação Popular em Saúde, onde o diálogo, o

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envolvimento político, a reflexão crítica e a autonomia cidadã são promovidos. Estes

pressupostos se encontram em sintonia com o pensamento de Paulo Freire

(FERNANDES; BACKES, 2010).

Desta forma, o diálogo e a problematização foram escolhidos como

norteadores desta proposta por serem instigantes e convidarem os participantes a

uma reflexão crítica sobre as ações educativas com os adolescentes.

6. PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS E MÉTODOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A elaboração da proposta teve como pressupostos pedagógicos a

aprendizagem significativa e as metodologias ativas de ensino-aprendizagem para a

elaboração das oficinas, conforme exposto a seguir:

A aprendizagem significativa (AS) pressupõe que as experiências e os

conhecimentos prévios dos educandos devem ser considerados como partes que se

integram e se articulam aos conteúdos educacionais, tornando-os sujeitos

cognoscitivos, com a formação de uma estrutura cognitiva que permita descobrir e

redescobrir novos conhecimentos e significados pertinentes de uma aprendizagem

com qualidade e satisfatória (COSTA, 2011a).

A AS, segundo a teoria de David Ausubel, relaciona-se ao processo de

adquirir e ampliar conceitos de qualquer campo de conhecimento, por meio do

procedimento de correlacionar uma nova concepção à estrutura cognitiva do

aprendiz. As estruturas cognitivas preexistentes se configuram como subsunçores –

que se resumem a conhecimentos prévios adquiridos pelo sujeito, funcionando como

“âncoras” do conhecimento. Os preceitos da AS visam integrar novos conteúdos de

forma a ampliar e aprimorar o que já se conhece (MOREIRA, 2003).

As Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem são caracterizadas como

metodologias que possibilitam aos aprendizes o exercício da autonomia em seu

processo de educação – tornando-os aptos a “aprender a aprender” –, visto que a

formação profissional não tem fim com o término dos processos formais de ensino.

A utilização de estratégias como a problematização representa uma forma de

alcançar um objetivo, uma vez que o profissional passa a analisar, pensar e

correlacionar essa estratégia a situações da prática cotidiana tendo como referencial

teórico o esquema denominado Método do Arco por Charles Maguerez

(BORDENAVE; PEREIRA, 2005).

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Como estratégia para este estudo adotou-se a realização de oficinas. A opção

pela referida estratégia decorreu do entendimento de que a oficina é uma

oportunidade de vivenciar situações concretas e significativas, baseada no tripé:

sentir-pensar-agir. Nessa direção, a realização de oficinas muda o foco tradicional da

aprendizagem (cognição), passando a incorporar a ação e a reflexão. Em outras

palavras, numa oficina ocorrem apropriação, construção e produção de

conhecimentos teóricos e práticos, de forma ativa e reflexiva (PAVIANI; FONTANA,

2009).

Ainda segundo as autoras, a oficina atende, basicamente, a duas finalidades:

1) articulação de conceitos, pressupostos e noções com ações concretas,

vivenciadas pelos participantes; e 2) vivência e execução de tarefas em equipe, isto

é, apropriação ou construção coletiva de saberes.

Partindo do pressuposto de que a realização de oficinas enfatiza o respeito às

diferenças, articula saberes, privilegia o debate e o trabalho coletivo, funcionando

como meio para o desenvolvimento de competências, acredita-se que esta

estratégia esta adequada a proposta de formação que visa a implementação do

trabalho com grupo de adolescentes.

A formação tem uma carga horária total de dezesseis horas. Está organizada

em quatro encontros (oficinas) com atividades pedagógicas.

7. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Esta proposta de formação aborda conceitos, princípios e estratégias para o

trabalho com grupo de adolescentes na ESF, considerando os elementos

necessários, planejamento, organização e condução.

A proposta enfatiza as seguintes temáticas: trabalho com grupos, concepções

sobre o adolescente, temas inerentes à saúde do adolescente e metodologia de

ensino-aprendizagem com ênfase em estratégias para trabalhar como adolescente e

a construção de um plano para o trabalho com grupo de adolescente.

8. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

As oficinas foram elaboradas em concordância com os pressupostos de

trabalho com grupo de adolescentes e tem como referencial a estrutura proposta por

Honsberger e George (2002). Deverão ser ministradas em quatro momentos, de

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quatro horas cada, totalizando dezesseis horas de processo de formação, para até

12 participantes por oficina.

Paviani e Fontana (2009) definem oficina como forma de construir

conhecimento, com ênfase na ação, sem perder de vista a base teórica. Para Jeolas

e Ferrari (2003) a definição de uma oficina se dá a partir de sua proposta de

aprendizagem compartilhada, por meio de atividade grupal, com o objetivo de

construir coletivamente o conhecimento. Os coordenadores são facilitadores partindo

sempre de dúvidas, opiniões e valores dos próprios participantes.

Com base no exposto, a estrutura das oficinas de formação está apresentada

nos quadros a seguir.

Quadro 11- Oficina 1: Trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

OFICINAS 1- TRABALHO COM GRUPO DE ADOLESCENTES NA ESF

DURAÇÃO CONTEÚDO ATIVIDADES PROGRAMADAS

30 minutos Acolhida e apresentação da oficina

Dinâmica de apresentação

Contrato de convivência

Aplicação do pré-teste

1 hora Conceito, características e tipos de grupos.

Exposição dialogada

15 minutos Intervalo- Pausa para o café

2 horas Planejamento, organização e condução de grupo voltado para o público

adolescente.

Atividade vivencial

Problematização- Roda de conversa

15 minutos Avaliação da Oficina Dinâmica das três palavras

Encerramento

Na primeira oficina se dará a introdução das atividades com a apresentação

dos facilitadores, dos participantes e da proposta de formação. Nesse momento

deve ser realizada uma dinâmica de acolhimento e a construção do contrato de

convivência.

Este contrato versará sobre uso de celulares, saídas da sala, horário de

intervalo, e outros, e será escrito em papel madeira e para ficar exposto durante todo

o processo de formação.

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Em seguida será realizada a sondagem do conhecimento prévio dos

participantes sobre o trabalho com grupos de adolescentes através da aplicação do

pré-teste.

Na sequência se dará a exposição dialogada sobre conceito, características e

tipos de grupos na ESF.

Vivência e Problematização do tema - Essa atividade será realizada a partir

da troca de experiências entre os participantes, sobre o trabalho grupal.

Por fim, se dará o encerramento da oficina com a avaliação das atividades

desenvolvidas no período e a confraternização.

Em todos os encerramentos os participantes serão organizados em círculo e

será solicitado que todos os fiquem de mãos dadas e expressem, em três palavras,

suas impressões sobre o encontro. Será feito o lembrete acerca da data da próxima

oficina e ressaltando a importância do comparecimento de todos.

Quadro 12- Oficina 2: Temática para o trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

OFICINA 2- TEMÁTICAS PARA O TRABALHO COM GRUPOS DE ADOLESCENTES NA ESF

DURAÇÃO CONTEÚDO ATIVIDADES PROGRAMADAS

15 minutos Acolhida e apresentação da oficina

Dinâmica

1 hora Concepções sobre o adolescente.

Exposição dialogada

Roda de Conversa

Construção de conceitos

15 minutos Intervalo- Pausa para o café

2 horas O que abordar? Temáticas significativas para o público

adolescente

Troca de experiência

Linha do tempo- evolução das temáticas

ao longo do tempo

30 minutos Avaliação da Oficina Dinâmica das três palavras

Encerramento

No segundo momento, ocorrerá a preleção inicial sobre conceitos

fundamentais para o debate sobre as concepções do ser adolescente em forma de

uma breve exposição dialogada, tendo como objetivo fornecer referenciais teóricos

para potencializar o desenvolvimento da oficina.

Serão abordados sucintamente os conceitos referentes à adolescência,

vulnerabilidades e protagonismo juvenil assim como a relação desses

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conhecimentos entre si e com outros campos do saber por meio da realização de

uma roda de conversa e da construção de conceitos na técnica de sanfona.

Na sequência, haverá pausa de quinze minutos. E a oficina será retomada

trabalhando o seguinte tema: O que abordar? Temáticas significativas para o público

adolescente através da troca de experiências e da construção de uma linha do

tempo, apresentando como as temáticas/ interesses dos adolescentes mudaram ao

longo do tempo.

Após estas atividades, será realizada a problematização, trazendo à tona a

discussão sobre as temas relacionados aos adolescentes. Os participantes serão

divididos em dois grupos, tendo como objetivos: 1) levantar os principais temas

relacionados à adolescência na atualidade e 2) retirar questões-chave, sobre as

quais deverão pesquisar (em estudo individual, após o encerramento do primeiro

momento). Ao final, haverá a avaliação da oficina com a dinâmica das três palavras.

Quadro 13- Oficina 3: Estratégias educativas para o trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

OFICINA 3- ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS PARA O TRABALHO COM GRUPOS DE

ADOLESCENTES NAS ESF

DURAÇÃO CONTEÚDO ATIVIDADES PROGRAMADAS

15 minutos Acolhida e apresentação da oficina

Roda de Conversa

1 hora Metodologias de ensino-aprendizagem: Educação

entre Pares

Leitura apreciativa

15 minutos Intervalo - Pausa para o café

2 horas Como abordar? Apropriação de estratégias educativas participativas

Circuito

Treinamento de Habilidades (JOGOS,

TEATRO, DINÂMICAS)

30 minutos Avaliação da Oficina Dinâmica das três palavras

Pós-teste

Encerramento

O terceiro momento se iniciará com o fechamento da problematização, em

quinze minutos, no qual serão apresentados os resultados do estudo individual. Na

sequência, será trabalhado o uso de Metodologias de ensino-aprendizagem:

Educação entre Pares por meio da leitura apreciativa de textos sobre a temática. Na

sequência, pausa de quinze minutos para café.

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No retorno, será trabalhado: Como abordar? Apropriação de estratégias

educativas participativas por meio da elaboração de um circuito com a identificação

das características das principais estratégias. Em seguida, haverá o treinamento de

habilidades para a realização de jogos, dinâmicas e teatro com os adolescentes.

Ao final, haverá a avaliação da oficina com a dinâmica das três palavras a

aplicação do pós-teste.

Quadro 14- Oficina 4: Construção do plano de trabalho com grupos de adolescentes na ESF. Crato-CE, 2016.

OFICINA 4- CONSTRUÇÃO DO PLANO DE TRABALHO COM GRUPO DE

ADOLESCENTES NA ESF

DURAÇÃO CONTEÚDO ATIVIDADES PROGRAMADAS

15 minutos Acolhida e apresentação da oficina

1 hora Momento para tirar dúvidas e realização de esclarecimentos; Reunião de informações para a elaboração do plano de trabalho

Debate sobre o tema apresentado

Roda de conversa

15 minutos Intervalo - Pausa para o café

2 horas Planejamento da elaboração do trabalho com grupo-apresentação do grupo aos adolescentes; levantamento de parcerias e apoio e adesão pelo público beneficiado; Definição do papel de cada um no processo de implantação do grupo.

Treinamento de Habilidades

Painel integrado

30 minutos Quais as possibilidades da equipe de ESF fazer acontecer o grupo de adolescentes, sustentar a sua implantação e garantir sua continuidade?

Discussão sobre a questão apresentada

Confecção do painel com a resposta dos

participantes,

Encerramento- Entrega de Certificados

No quarto momento, se dará a acolhida e em seguida será realizada uma

roda de conversa com intuito de sanar dúvidas e promover esclarecimentos sobre a

temática. Nesse momento, os participantes devem reunir informações para a

elaboração do produto da Oficina que trata de um Plano de Trabalho para a

implementação do grupo com adolescentes no contexto da ESF de atuação.

Ao final, os participantes deverão apresentar o Plano de Trabalho apontando

limites e possibilidades do mesmo. Em seguida, os participantes serão convidados

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a refletir sobre o seguinte questionamento: Quais as possibilidades que a equipe da

ESF tem para implantar e manter grupos com adolescentes?

Ao final, será confeccionado um painel retratando a resposta dos

participantes.

9. AVALIAÇÃO

Com base no referencial de Honsberger e George (2002), as oficinas desta

proposta de formação serão avaliadas conforme o Modelo de Kirkpatrick (1975)

descrito no Quadro 24, apresentado a seguir:

Quadro 15 – Descrição do Modelo de Kirkpatrick para avaliação de oficinas.

Nível O que é medido Quando é medido Base da medição

1. Reação Sentimentos/ opiniões sobre o treinamento

Durante e ao final das oficinas

Princípios de aprendizagem; Relevância; Adequação

2. Aprendizado Novas habilidades e conhecimentos foram adquiridos ou não

Durante e ao final das oficinas

Aumento de conhecimento; Aquisição de habilidades; Mudança de atitude

3. Transferência/ Comportamento/ Desempenho

Transferência de aprendizado com o passar do tempo

De três a seis meses depois da oficina

Desempenho na realização da atividade; Grau de competência demonstrado

4. Resultados Impacto da mudança de comportamento; Dimensão da melhoria

Doze meses após a oficina

Metas da organização

Fonte: Honsberger e George (2002)

A avaliação das oficinas deverá ocorrer durante todo processo de sua

realização com a utilização dos dois primeiros níveis do modelo Kirkpatrick em que

no primeiro nível se determina a reação dos participantes ao processo formativo,

considerando que a reação destes pode levar ao sucesso ou ao fracasso do

processo; e no segundo nível, procura-se mensurar o aprendizado do indivíduo,

quando se pode notar uma alteração da forma de se perceber a realidade ou

observa-se um aumento dos conhecimentos ou ainda quando ocorre melhoria das

habilidades dos participantes (HONSBERGER E GEORGE, 2002).

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Para o primeiro nível de avaliação das oficinas será utilizado um roteiro de

observação e a utilização da dinâmica das três palavras e no segundo nível, o

conhecimento dos participantes será avaliado antes do início e após o término do

processo de formação por meio da aplicação do pré-teste e do pós-teste,

respectivamente.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo possibilitou o reconhecimento dos domínios de competências do

CompHP existentes nas práticas de promoção da saúde e de educação em saúde

dos profissionais da ESF com o público adolescente, bem como, evidenciou outros

que se apresentaram timidamente ou que não estavam expressos nas práticas

educativas, demonstrando fragilidades nesses domínios.

Dentre os domínios manifestados nas práticas dos participantes o que se

expressou mais fortemente foi o domínio de Implementação por meio de ações

diversificadas como a realização de grupos, conversas, visita domiciliar, atividades

na escola e/ou na unidade, palestras, eventos, dinâmicas e também durante a

realização das consultas por meio de orientações individuais.

Nesse contexto, acerca do domínio Implementação ficou expresso como

maior ênfase na necessidade do desenvolvimento da estratégia de grupo com

adolescentes. Ficou evidenciado, ainda, que os profissionais carecem de uma

formação para a implementação de grupos com este público.

O estudo permitiu o delineamento de um processo de formação para atender

as necessidades dos profissionais da ESF voltada para práticas educativas com

adolescentes, orientada pelo domínio de competência Implementação com ênfase

na estratégia grupo.

Acredita-se que uma formação neste âmbito contribui para a realização de

ações de educação em saúde mais eficazes e transformadoras com reflexos

positivos a curto, médio e longo prazo na dinâmica de saúde da comunidade.

Ademais, espera-se que o processo vivenciado junto aos participantes

contribua para uma reflexão acerca das suas práticas educativas no âmbito da

saúde do adolescente e que forneça subsídios para os profissionais que desejarem

realizar ações de educação em saúde em outras dimensões da ESF.

Evidenciou-se ainda a necessidade da existência da educação permanente

com foco nos outros domínios de competências do CompHP, a saber,

Favorecimento de mudanças, Advocacia em saúde, Parceria, Comunicação,

Liderança, Diagnóstico, Planejamento, e Avaliação e Pesquisa, bem como, nas

necessidades de aprendizagem dos profissionais.

Nessa perspectiva, a realização de processos formativos baseados em

competências para a realização de ações educativas para profissionais de saúde da

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ESF configura-se uma das tarefas que se coloca para a formação na interface entre

o ensino e o processo de trabalho na ESF. Este estudo teve o propósito de contribuir

nessa direção, ou seja, de produzir uma intervenção capaz de modificar uma

realidade/ problema.

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7 PERSPECTIVAS FUTURAS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE E

CONTRIBUIÇÕES AO CAMPO DA SAÚDE COLETIVA

.

Espera-se que a proposta de formação elaborada neste estudo contribua na

formação dos profissionais da ESF, no sentido de instrumentalizá-los para a

implementação de práticas educativas para o público adolescente, com ênfase no

trabalho com grupo. Vislumbra-se que esta proposta seja utilizada como estratégia

para educação permanente desses profissionais.

Para a gestão do município e profissionais da ESF lócus do estudo espera-se

que se percebam como protagonistas no processo de transformação, e que os

resultados ora apresentados nesse estudo, possam traduzir-se em inquietações

para uma prática de educação em saúde direcionada as necessidades do público

adolescente.

Por fim, que a comunidade acadêmica, possa expandir a investigação do

objeto de estudo, para que assim, possam contribuir cada vez mais com a

concretização de um modelo de saúde que almeja a promoção da saúde por meio

de ações educativas acolhedoras que permitam o protagonismo dos adolescentes.

Além de contribuir para ampliar as investigações, principalmente, no âmbito dos

domínios do CompHP que foram apontados neste estudos como necessidades dos

profissionais da ESF.

Faz-se necessário que momentos de educação permanente sejam

organizados de forma a dá lugar a espaços que propiciem o desenvolvimento dos

domínios de competências para promoção da saúde, a fim de construir

conhecimento, promover usuários/ profissionais ativos no processo de cuidar,

capazes de decidir sobre sua saúde.

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APÊNDICES

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APENDICE A - ROTEIRO DA ESCUTA QUALIFICADA

1. Idade: ___________________________________________________

2. Estado Civil: ( ) Casado ( ) Solteiro ( ) Separado ( ) Viúvo

3. Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino

4. Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental incompleto ( ) Ensino Fundamental

completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Superior

incompleto ( ) Superior completo

5. Ocupação (profissão): _______________________________________________

6. Há quanto tempo você trabalha na ESF? ________________________________

7. Há quanto tempo você trabalha nesta equipe da ESF?______________________

8. Possui alguma capacitação para a realização processos educativos? __________

9. Possui alguma capacitação para atendimento de adolescentes? ______________

10. Fale sobre como ocorre o desenvolvimento de processos educativos com

adolescentes

11. Como estes processos educativos poderiam ser potencializados?

12. Que competências você considera necessárias à realização de processos

educativos com adolescentes?

13. Que competências você gostaria de desenvolver?

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APENDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Sr (a):

Eu, Anailza de Souza Duarte, mestranda do Mestrado Profissional em Saúde da

Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família-MPSF/RENASF

nucleadora Universidade Regional do Cariri-URCA, estou desenvolvendo um estudo

de intervenção intitulado: "COMPETÊNCIAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA

PROPOSTA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA" e sua colaboração será da

maior importância para a realização do mesmo. Assim, você está sendo convidado a

participar deste estudo que tem como objetivo: Elaborar uma proposta de formação

para os profissionais da Estratégia Saúde da Família voltada para práticas

educativas com adolescentes, orientada pelos domínios de competências do

CompHP.

Sua colaboração consistirá em participar de um processo de formação para o

desenvolvimento de competências em processos educativos com adolescentes. Os

benefícios esperados com o estudo são no sentido de contribuir para que os

profissionais, a partir das competências desenvolvidas no processo formativo,

promovam processos educativos junto aos adolescentes, resultando em ações mais

efetivas por mediarem os saberes necessários para este público a partir da

utilização de metodologias adequadas.

Os riscos de participação neste estudo serão minimizados, no momento em que,

as informações obtidas serão confidenciais, seu nome será mantido em sigilo na

divulgação do estudo e serão evitados quaisquer constrangimentos, quer seja na

escuta qualificada ou nas oficinas ou na observação do processo educativo.

A sua participação no estudo é voluntária, tendo a liberdade de desistir em

qualquer fase do estudo caso venha a desejar, sem risco de qualquer penalização.

Caso o(a) Sr.(a) aceite participar, não receberá nenhuma compensação financeira.

Também não sofrerá qualquer prejuízo se não aceitar ou se desistir de participar do

estudo.

Se tiver alguma dúvida a respeito dos objetivos do estudo pode procurar a

autora responsável Anailza de Souza Duarte, residente na Rua Lucyanno

Patriota, 130, Bairro Vila Mocó, Petrolina -PE, CEP: 56360-000. CEL:87-

9 9936 3463.

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Saliento que este estudo será submetido a um Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP). O CEP é um órgão que tem por objetivo proteger o bem-estar dos indivíduos

pesquisados, é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos

de todas as intervenções/pesquisas envolvendo seres humanos, visando assegurar

a dignidade, os direitos, a segurança e o bem-estar do sujeito.

Assim, se houver dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como participante

deste estudo, ou se estiver insatisfeito com a maneira como o estudo está sendo

realizado, pode entrar em contato com CEP da Universidade Regional do Cariri-

URCA através do endereço: Rua Cel. Antônio Luís, 1161 - 63.100-000 - Pimenta -

Crato/CE, Fone: (88) 3102.1212 / 3102.1204 - E-mail: [email protected].

Ao final do estudo, se for do seu interesse, terá livre acesso ao conteúdo do

mesmo, podendo discutir junto à autora.

Ciente dessas informações concorda em participar do estudo.

Petrolina-PE, ________ de ____________________ de 2015.

______________________________

Assinatura do participante

Impressão dactiloscópica

_____________________________

Assinatura da Autora

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APENDICE C- PRÉ-TESTE - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Nome:

Função/cargo:

O que sei sobre a temática:

Educação em saúde:

Educação em saúde para adolescentes:

Metodologias utilizadas para trabalhar com adolescentes:

O que gostaria de saber sobre a temática:

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APENDICE D - PÓS-TESTE- PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Nome:

Função/cargo:

1) O que aprendi hoje na oficina ....

2) Como este aprendizado pode contribuir para minha prática profissional ..,

3) Que competência foi trabalhada ....

4) De que modo o desenvolvimento desta competência vai contribuir no meu

trabalho para o processos educativos com adolescentes ...

5) Alguns pontos que destaco como importantes para a minha prática junto a

adolescentes apreendidos na oficina ....

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ANEXO

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ANEXO - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

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