rede de hidrantes urbanos

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  • REDE DE HIDRANTES URBANOS PARA PROTEO CONTRA INCNDIO EMREAS URBANAS A SITUAO ATUAL E SEU APRIMORAMENTO

    ONO, Rosaria

    Doutora e Pesquisadora do Agrupamento de Instalaes Prediais, Saneamento Ambiental e Segurana ao Fogoda Diviso de Engenharia Civil do IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo - e-mail:

    [email protected] - Cidade Universitria Armando de Salles Oliveira- Caixa Postal 0141 CEP 01064-970 SoPaulo SP - Telefone +55(11) 3767-4672 / Facsimile +55(11) 3767-4681

    RESUMO

    O trabalho analisa a importncia da rede de hidrantes urbanos para a proteo das cidades, dando nfase situao atual, tendo como exemplo, a cidade de So Paulo. Propostas so apresentadas para viabilizar arecuperao da rede existente, hoje deficiente, e a instalao de novas redes.

    Os seguintes tpicos so analisados com maior nfase:

    hidrante urbano como equipamento urbano, seu uso e manuteno;

    critrios para definio da rede de hidrantes urbanos e a distribuio dos pontos;

    alternativas econmicas para suprimento de gua;

    experincias recentes.

    A importncia da instalao desta infra-estrutura urbana de forma efetiva, assim como suas implicaes e seusbenefcios para a populao so enfatizados e comentados.

    ABSTRACT

    This paper discuss the importance of fire hydrants for the protection of urban areas and gives emphasis totodays situation in the city of So Paulo. Some alternatives are proposed to make feasible the recuperation of thefire hydrant lines and the installation of new ones.

    The following topics are analyzed:

    the fire hydrant as an urban facility, its use and maintenance;

    the criteria for the distribution of fire hydrants in urban areas;

    the water source alternatives;

    recent experiences.

    The importance of fire hydrants for the effective protection of urban areas and the benefits for the population arealso emphasized.

    1. INTRODUO

    Uma vez acionado, o Corpo de Bombeiros deve enfrentar um percurso e cumprir vrios procedimentos at poderrealizar o seu trabalho de combate ao incndio no local do sinistro. Atualmente, em qualquer situao deincndio, o Corpo de Bombeiros parte de seu posto para o atendimento ocorrncia de incndio com unidadesmveis munidas de homens, equipamentos e de gua para o combate. A sua principal fonte de suprimento degua ainda so os seus prprios auto-tanques, que por mais capacidade que tenham, constituem uma fontelimitada de suprimento.

    Em cidades como So Paulo, a situao torna-se crtica, em funo de duas realidades: o trnsito (trfego)catico e as dimenses que um incndio pode atingir, devido escala dos edifcios e ao adensamentopopulacional.

    O tempo-resposta (perodo de tempo contado a partir do aviso/ chamada da ocorrncia at a chegada dobombeiro ao local do acidente/ sinistro) em So Paulo tem aumentado significativamente nos ltimos anos,devido ao excesso de veculos que transitam em suas vias. A agilidade no atendimento do Corpo de Bombeiroshoje, que precisa enfrentar este problema, fica ainda mais comprometida pela questo da necessidade de

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    transportar gua para o combate. Os auto-tanques e os caminhes pipas so viaturas de grande porte, pesados ede difcil manobra nas vias urbanas.

    Analisando-se pela faceta econmica, pode-se afirmar, ainda, que alm das desvantagens apontadas, as viaturasque transportam gua se tornam um grande investimento com pouco retorno, canalizando verbas, j limitadas, nasua compra e manuteno.

    Assim, entre as solues para uma melhoria no atendimento s ocorrncias do incndio, vislumbra-se a questoda garantia de suprimento de gua no local do incndio (instalao de pontos de hidrantes urbanos), alm daracionalizao das viaturas de bombeiros (carros mais compactos e geis), e da instalao de novos postos debombeiros na Capital.

    O presente trabalho d nfase questo do hidrante urbano, que um importante equipamento urbano que todasas cidades deveriam possuir e que, no entanto, no tem recebido o devido tratamento em cidades como SoPaulo.

    Os sistemas de distribuio de gua tm sido desenvolvidos e operados por uma variedade de razes. Nopassado, muitas comunidades reconheceram a necessidade de se obter gua potvel para beber e cozinhar. Asorganizaes governamentais e privadas se encarregaram de fornecer gua com uma qualidade que atendesse snecessidades humanas.

    O fornecimento de gua tambm necessrio para o combate a incndios; gua esta que no precisa sernecessariamente potvel. No entanto, os sistemas que fornecem gua para combate a incndios geralmente estoincorporados aos sistemas de abastecimento de gua potvel.

    Quando uma comunidade decide se prover de gua para proteo contra incndio, esta deve estar de acordo comum plano elaborado para fornecer gua de modo adequado para o propsito especfico, pois, possuir um sistemainadequado de proteo contra incndio pode dar uma falsa sensao de segurana e potencialmente maisperigoso do que no possuir nenhum sistema.

    A importncia da gua em quantidade e vazo adequadas pode ser melhor compreendida quando se entendecomo a gua utilizada para combater o incndio. A gua aplicada sobre um fogo tem duas funes bsicas.Primeiro, remover o calor produzido pela combusto, assim evitando a ignio dos materiais devido elevaoda temperatura; a gua absorve o calor do fogo quando se altera do estado lquido para o gasoso e o calor dispersado na forma de vapor. Segundo, a gua que no convertida em vapor pelo calor do incndio ficadisponvel para resfriar o material que no sofreu ignio. A gua tambm abafa materiais no ignizados,excluindo o oxignio necessrio para iniciar e manter a combusto.

    2. O HIDRANTE URBANO

    A nica norma brasileira que trata da especificao dos componentes do hidrante urbano a NBR 5667, que trataexclusivamente sobre especificao do hidrante de coluna.

    A norma citada extremamente superficial em seu contedo, estabelecendo somente as dimenses do corpo dohidrante do tipo coluna e dos seus dois tipos de tampo e bujo (de 100mm e 60mm), sem apresentar ouespecificar caractersticas adicionais sobre os demais componentes do hidrante, como aqueles necessrios paraconexo rede pblica; ou mesmo permitir a incluso de geometria ou detalhes personalizados aos fabricantesque no comprometeriam o seu desempenho.

    O hidrante do tipo subterrneo, largamente instalado no Municpio de So Paulo, no especificado em normabrasileira, apenas sendo citado como alternativa para o hidrante do tipo coluna na norma NBR 12218 para redesde reas de menor risco e com orifcio de entrada de 75mm. Esta norma d abertura para a utilizao deste tipode hidrante que, no entanto, necessitaria de uma norma de especificao para garantia da qualidade do produto.

    A nica norma brasileira de especificao de hidrantes muito superficial e limitante, como j comentado acima.Em estudo realizado sobre as especificaes e os modelos de hidrantes existentes em alguns pases, foi possvelverificar algumas lacunas, como, por exemplo, a falta de:

    vlvula primria e secundria para efeito de estanqueidade e manuteno do hidrante;

    definio de mecanismo para drenagem da gua acumulada no interior dos hidrantes aps sua utilizao;

    definio de mecanismo de rompimento da coluna do hidrante em caso de choque de veculos;

    procedimentos bsicos para testes de desempenho mecnico do hidrante na produo;

    procedimentos para aceitao do produto;

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    procedimentos para verificao do desempenho do hidrante quando instalado na rede;

    procedimentos de manuteno de hidrantes e seus componentes instalados; etc.

    importante destacar que nos levantamentos realizados no foi possvel encontrar nenhum hidrante de colunasemelhante ao especificado na norma NBR 5667, a qual demonstrou conter especificaes extremamenteinsuficientes para garantir um equipamento urbano de boa qualidade e apropriado desempenho.

    3. A REDE DE HIDRANTES URBANOS

    O fornecimento de gua na Capital atualmente realizado pela Companhia de Saneamento Bsico do Estado deSo Paulo (SABESP), a qual possui uma rede de distribuio de gua potvel na qual est incorporada a rede dehidrantes.

    Atravs de dados fornecidos pelo Corpo de Bombeiros e pela SABESP, realizou-se uma anlise da distribuiodos hidrantes urbanos implantados na cidade de So Paulo. Informaes detalhadas sobre a situao doshidrantes da Capital podem ser encontradas na pesquisa realizada por ALMEIDA (1996).

    Tabela 1 Hidrantes urbanos na Capital e no Estado

    rea Hidrantes de ColunaHidrantes Subterrneos Total de Hidrantes

    Capital 863 (11,4%) 6.728 (88,6%) 7.591 (100%)

    Interior 3.197 (26,3%) 8.966 (73,7%) 12.163 (100%)

    Estado 4.060 (20,.5%) 15.694 (79,5%) 19.754 (100%)

    importante ressaltar que a mdia apenas uma referncia, pois existem, hoje, grandes reas totalmentedescobertas e algumas reas com grande adensamento de pontos de hidrantes na Capital. ALMEIDA (1996)demonstrou, em seu trabalho, que 54% dos 2.570 bairros da Capital no apresentada rede de hidrantes.

    De acordo com os dados apresentados, possvel afirmar que a implantao de hidrantes no tem atendido scondies mnimas determinadas pela norma NBR 12.218 - Projeto de rede de distribuio de gua paraabastecimento pblico em So Paulo. Incluem-se nesta situao, por exemplo, o espaamento mximo de 600metros entre hidrantes e a instalao de hidrantes em tubulaes de, no mnimo, 150mm.

    Tm-se instalado, freqentemente, hidrantes em ramais de 75mm e 100mm, que formam extenses de redes dedistribuio de gua para atender demanda do crescimento urbano sem planejamento. Tal situao prejudica odesempenho do sistema de hidrantes e leva larga utilizao de hidrantes do tipo subterrneo, que tem entradade 75 mm.

    O acoplamento do bocal do hidrante aos autos-bomba do Corpo de Bombeiros, que pressurizam a gua para ocombate , normalmente, realizado atravs de mangotes de 4 (100,6mm) ou 6 (152,4mm). Nos hidrantes dotipo subterrneo, de bocal de 60 mm, o acoplamento rpido e direto do Corpo de Bombeiros fica comprometidodevido ao dimetro inferior ao necessrio para a conexo. Isto obriga o bombeiro a realizar uma operao a maispara o acoplamento, introduzindo um dispositivo de adaptao, com uma entrada de dimetro de 60 mm e duassadas de 2,5 (63,5mm) que vai acoplada ao auto-bomba. Alm desta questo, ressalta-se que a vazo mnimarequerida para operao de um auto-bomba de 500 gpm (31,5 L/s), que tambm deve ser atendida em redes de75 mm de dimetro.

    As questes acima levantadas, somadas a outras como a facilidade de localizao, inspeo, manuteno e ascondies sanitrias dos hidrantes do tipo subterrneo tem levado grande preferncia, por parte do Corpo deBombeiros, por hidrantes do tipo coluna. Vale lembrar que, na Capital, apenas 11% dos hidrantes instalados sodo tipo coluna.

    Quanto ao atendimento s vazes e presses necessrias, foi possvel observar que as vazes mnimas parahidrantes, estabelecidas pela norma (10 L/s em reas de risco baixo e 20 L/s em reas de risco alto) so inferioress necessrias para operao de autos-bomba (31,5 a 126 L/s).

    Os critrios bsicos para implantao de hidrantes vigentes e que constam na norma NBR12218, se apresentamde uma forma extremamente sucinta. Atravs da anlise das normas de outros pases possvel afirmar que necessria a elaborao de um documento especfico, que trate do assunto com maior profundidade, de formaque se garanta um bom desempenho dos hidrantes urbanos e da rede a que estes esto interligados.

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    Deve-se considerar, tambm, as condies bsicas a serem atendidas para a operacionalidade dos equipamentosdo Corpo de Bombeiros - que o usurio da rede de hidrantes - na sua atividade de combate ao fogo. Nestesentido, tm-se, por exemplo:

    Vazo mnima de 500 gpm (31,5 L/s) para situaes de menor risco;

    Vazo de at 2.000 gpm (126 L/s) para situaes de maior risco;

    Tubulao de dimetro mnimo de 150 mm;

    Presso mnima de 138 kPa.

    Os valores acima deveriam ser atendidos para que se permita a pressurizao da gua junto s bombas dosveculos de combate a incndio, que tem uma faixa de trabalho de 500 a 2.000 gpm (31,5 L/s a 125 L/s), sendoque com 500 gpm possvel obter a vazo e presso mnima para trabalho de duas linhas de mangueira.

    4. CONDIES PARA IMPLANTAO DE HIDRANTES

    4.1 Espaamentos entre hidrantes

    Segunda a AWWA M-31, existem dois mtodos conhecidos para determinao da localizao e espaamentodos hidrantes urbanos utilizados nos EUA, que so o Water Supply for Public Fire Protection - A Guide toRecommended Practice, utilizado no Canad, e a Seo 614 do Fire Suppression Rating Schedule da ISO(Insurance Services Office ).

    O primeiro baseado no mtodo de distribuio do nmero de hidrantes em funo da rea e o segundo define,previamente, um local / edifcio representativo da rea e, dada a vazo necessria para proteger este local,determina-se que os hidrantes num raio de 1000 ps (aproximadamente 300 metros) devem fornecer a vazorequerida a uma presso residual de 20 psi.

    Alm destes critrios, existe o dos corpos de bombeiros do E.U.A. que determina que a distncia linear mximaentre hidrantes ao longo das vias pblicas em reas densas deve ser de 300 ps (91,5 m) e, em distritosresidenciais de baixa densidade, de 600 ps (183 m). Uma boa prtica recomendada a implantao de pontos dehidrante nas intersees das quadras, no meio das quadras de grande extenso, particularmente quando se requervazo superior a 1300 gpm (82 L/s), e prximo aos extremos de vias pblicas longas sem sada.

    J no Japo, os critrios para espaamento so aqueles apresentados na Notificao No 07 do Fire DefenseAgency, indicados na Tabela a seguir:

    Tabela 2- Critrios para espaamento de hidrantes urbanos no Japo

    Velocidade mdia do vento at 4m/s (mdiaanual)mais de 4m/s(mdia anual)

    Zona mista comercial; zona comercial, zona industrial ezona estritamente industrial 100 metros 80 metros

    Outras zonas 120 metros 100 metrosObs.: O zoneamento determinado pela Lei de Zoneamento.

    Apresenta-se, a seguir, alguns dados comparativos disponveis sobre hidrantes urbanos em duas metrpoles doJapo, apenas para efeito ilustrativo, pois uma anlise mais profunda s seria possvel atravs de uma melhorcontextualizao das diferentes realidades enfrentadas nas respectivas metrpoles.

    Tabela 3 Dados comparativos sobre a rede de hidrantes urbanos

    Hidrantes Hidrante/habitante Hidrante/km2

    Tquio 119.794 1/ 96 68,6

    Nagia 33.646 1/68 103

    So Paulo 7.591 1/1320 5

    Na Alemanha, uma rea de proteo deve conter todas as possibilidades de suprimento de gua para combatenum raio de 300 metros do objeto a ser protegido, segundo a Norma W 405/78.

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    Resumidamente, a condio ideal de implantao, ditada pelas normas e regulamentaes analisadas de umhidrante a cada 100 a 200 metros, nas bifurcaes e encontros de esquinas de quarteires, com vlvulas quepossibilitem a manobra da gua para diferentes direes, em funo do nmero de hidrantes que podem serabertos simultaneamente.

    Esta configurao pode ser estabelecida como padro para implantao de hidrantes em reas de maior risco,sendo que espaamentos maiores podem ser admitidos para as demais classes de risco, tendo sempre comoespaamento mximo entre hidrantes, a distncia de 600 metros para o menor risco.

    Citou-se, at aqui, vazes sempre superiores a 31,5 L/s para atender aos auto-bombas, no entanto, em reas demaior risco, necessrio lembrar que h a necessidade de dimensionar a rede para o fornecimento de vazesmaiores, a fim de atender demanda provocada por um grande incndio. Por outro lado, deve-se considerar apossibilidade de se admitir vazes inferiores em locais de menor risco.

    4.2 Classificao dos riscos

    Para o incio de qualquer plano de implantao de hidrantes, seja em rede nova ou existente, necessriodeterminar o nvel do risco da rea a ser protegida, a fim de estabelecer, primeiramente, a vazo mnimarequerida para as atividades dos bombeiros e o nmero de linhas de ataque (mangueiras) necessrio para ocombate efetivo. Este ltimo determina o nmero de hidrantes necessrios nas proximidades do local doincndio.

    Neste sentido, existe a necessidade de classificar claramente as reas de risco j que a norma NBR 12218 apenasfaz referncia a duas categorias: reas residenciais e de menor risco de incndio e reas comerciais,industriais, com edifcios pblicos e de uso pblico, e com edifcios cuja preservao de interesse dacomunidade.

    Uma das referncias para classificao do risco aquela utilizada na Tarifa de Seguro Incndio do Brasil (TSIB)do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), na qual as inmeras classes de ocupao so agrupadas nas classesde risco A, B C, sendo a classe A de menor risco e a C de maior risco. Tal classificao poderia ser utilizadatambm em funo do zoneamento urbano da cidade, avaliando-se as reas a serem protegidas quanto suaclasse predominante ou quanto ao maior risco existente na rea.

    Como j citado anteriormente, a vazo mnima atualmente requerida pela norma brasileira de 10 L/s em reasde baixo risco e de 20 L/s nas demais reas. Porm, tais valores no atendem s condies bsicas defuncionamento das bombas de incndio do Corpo de Bombeiros. Alm disso, a norma prev a utilizao deapenas um hidrante por vez - o que nem sempre atende s necessidades de operao do Corpo de Bombeiros -principalmente em incndios mais severos.

    reas de maior densidade populacional ou com grande concentrao de edifcios altos, por exemplo, podemexigir maior nvel de proteo, portanto, maior vazo e mais pontos de hidrantes.

    Aqui foi proposta uma classificao de reas de risco em trs nveis, hipoteticamente, havendo-se a necessidadede um estudo mais aprofundado para a definio mais adequada de cada classe.

    Em reas de risco alto, deve-se considerar necessria a disponibilidade de hidrantes prximos ao local doincndio para conexo direta aos autos-bomba e pressurizao das linhas de ataque (mangueiras) dos bombeiros.Nesta situao, o espaamento entre hidrantes deve ser o mnimo e a vazo, a mxima, garantindo a proximidadedo hidrante ao local do incndio e o seu melhor desempenho no combate, com atuao de vrias linhas deataque. Isto permitiria a eliminao de alguns dos veculos de bombeiros denominados jamantas, que cumpremhoje, parcialmente, a funo dos hidrantes, carregando de 18 mil a 20 mil litros de gua para atender ocorrnciasde incndios mais graves. Estes veculos so pesados, de pouca agilidade e, apesar da grande capacidade dearmazenamento de gua, consistem de uma fonte esgotvel.

    Em reas consideradas de risco mdio, a condio poderia tambm ser intermediria, ou seja, vazes menores eespaamentos maiores entre hidrantes, em relao s reas de risco elevado. Estes devem permitir a conexodireta de pelo menos um hidrante e a disponibilidade de outro hidrante nas proximidades para o rpidoabastecimento de autos-tanque (veculo de apoio ao combate), quando necessrio.

    Para o atendimento de casos de incndio em reas de baixo risco, o despacho-padro do corpo de bombeirostem hoje, em sua formao, um auto-tanque (mdia de 3,500 litros) e um auto-bomba (com tanque de 1.500litros) abastecidos, normalmente com gua suficiente para combater o incndio de pequeno porte. Assim, possvel afirmar que para reas de baixo risco, a questo da implantao de hidrantes est relacionadadiretamente preocupao da existncia de pontos de suprimento de gua nas proximidades do incndio, paraque um eventual reabastecimento de autos-tanque seja realizado com rapidez. Para tanto, o espaamento entre

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    hidrantes pode ser aquele adotado at aqui, de at 600 metros, desde que atenda vazo de, pelo menos, 31,5 L/s- o que significa encher um auto-tanque atravs de sua bomba que trabalha com vazo mnima de 31,5 L/s emxima de 63 L/s.

    5. CRITRIOS PARA APRIMORAMENTO DA INSTALAO DE HIDRANTES EM REDESEXISTENTES

    Os critrios para novas instalaes em redes de distribuio de gua existentes, assim como para oaprimoramento do desempenho dos hidrantes j instalados, devem ser estabelecidos aps uma avaliao extensadas condies atuais da rede de distribuio de gua em relao aos critrios de desempenho definidos peloCorpo de Bombeiros.

    Deste modo ser possvel obter um mapeamento das condies atuais de funcionamento dos hidrantes com afinalidade de definir prioridades para execuo de melhorias no sistema existente em conjunto com o Corpo deBombeiros, em funo das reas de risco, da localizao e infra-estrutura dos postos de bombeiros e daviabilidade tcnica de execuo das adaptaes e melhorias.

    5.1 Metodologia para anlise da rede de hidrantes urbanos existentes

    Problemas como a vazo de gua insuficiente para o combate a incndio, muitas vezes devido aos dimetrosreduzidos das tubulaes, identificados principalmente em dias teis; a impossibilidade de operao de dois oumais hidrantes prximos, simultaneamente, na ocorrncia de um incndio; a ineficincia de manobras na rederealizadas na tentativa de direcionar o fluxo de gua para uma determinada regio a fim de aumentar a vazo,entre outros, so apontados em estudo de ALMEIDA(1996)

    Tais questes devem ser averiguadas atravs de registros de presso e vazo da rede de distribuio existentespara a identificao dos pontos crticos; da execuo de medies em campo, quando necessrio, e do estudo depossveis solues tcnicas.

    5.2 Identificao de reas crticas

    Por outro lado, interessante verificar os dados de ocorrncia de incndios, a fim de identificar reas onde aexistncia de hidrantes pode, efetivamente, reduzir as perdas por incndio.

    Por exemplo, uma anlise da freqncia dos incndios nos ltimos cinco anos na Capital, atravs dos dados quepodem ser obtidos junto ao Corpo de Bombeiros, abordando os seguintes dados pode ser considerada:

    Mapeamento dos incndios ocorridos no perodo, classificados por tipo de ocupao;

    rea atingida em cada incndio, classificados por tipo de ocupao;

    Quantidade de gua consumida no combate de cada incndio;

    Quantidade e tipos de veculos de bombeiros que carregam gua, utilizados em cada ocorrncia;

    Informaes sobre a utilizao ou no de hidrantes urbanos no combate direto ou no reabastecimento deveculos de bombeiros.

    Desta forma, seria possvel identificar reas de maior freqncia de incndio e verificar a disponibilidade dehidrantes nestas reas, a fim de determinar uma priorizao das melhorias, caso seja reconhecida essanecessidade. Esta mesma anlise pode ser aplicada em qualquer localidade que se pretenda avaliar.

    Como uma primeira abordagem, tentou-se, atravs dos dados disponveis no Anurio Estatstico 1997 do Corpode Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo, fazer um reconhecimento da situao.

    O referido Anurio apresenta os dados em termos gerais, no sendo possvel uma anlise mais aprofundada dosmesmos, no entanto, foi possvel determinar a seguinte situao para o ano de 1997, por Grupamento deIncndio (GI) e Grupamento de Busca e Salvamento (GBS).

    Tabela 4 - Dados sobre incndio e hidrantes na Capital, por Grupamento1

    Grupamentos - Zonas Populao (habitantes) Incndio/ 1000 hab Hidrante/ 1000 hab

    1 Grupamentos: Unidades do Corpo de Bombeiros sob os quais so organizados os postos de atendimento semergncias. Na Capital, os 5 Grupamentos possuem, no total, 31 postos.

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    1o GBS - Centro 786.119 1,2 x 10 -3 1,5 x 10-3

    2 o GBS - Oeste e Sul 1.991.635 0,60 x 10-3 0,69 x 10-3

    2 o GI - Norte 2.411.474 0,9 x 10-3 0,8 x 10-3

    3 o GI - Leste 3.410.562 0,5 x 10-3 0,55 x 10-3

    4 o GI - Sul 1.321.395 0,6 x 10-3 0,82 x 10-3

    Atravs destes dados possvel notar que existem, proporcionalmente, mais hidrantes por habitante ondetambm h mais incndio por habitante na Capital. No entanto, uma anlise mais apurada deve ser realizada paraavaliar a rea atingida por esses incndios, a quantidade de gua utilizada, o mapeamento da localizao dessasocorrncias e as caractersticas de ocupao dos locais atingidos, para tirar qualquer concluso adicional.

    5.2.1 Fontes alternativas de gua para o combate ao fogo

    Nos estudos realizados sobre a questo dos critrios para implantao de hidrantes, verificou-se que os requisitosbsicos so bastante comuns entre as documentaes analisadas, em relao a espaamentos, vazes e pressesnecessrios para o seu bom desempenho numa situao de incndio nos vrios pases.

    Entretanto, a situao da rede existente em So Paulo pouco conhecida em relao aos pontos de fornecimentode gua para combate a incndios, tornando-se indispensvel a ao conjunta da SABESP e do Corpo deBombeiros para o aprimoramento do conhecimento sobre o sistema, conforme proposies discutidas at aqui.

    Destas decises e aes tomadas em conjunto devem surgir critrios e planos concretos para aprimoramento darede de distribuio existente e a garantia de que as novas redes vo atender s necessidades do Corpo deBombeiros para ampliar a segurana da vida humana e do patrimnio pblico.

    No entanto, necessrio ressaltar que nenhuma das entidades preocupadas com o abastecimento de gua paracombate nos pases considerados nos estudos deixou de contemplar fontes alternativas de abastecimento para oCorpo de Bombeiros (lagoas, diques, poos, piscinas, etc). Tais fontes, na sua maioria, ficam fora da jurisdiodas companhias de abastecimento, no entanto, podem ser cadastradas pelo Corpo de Bombeiros como fontesalternativas desde que atendam a alguns requisitos como volume mnimo, facilidade de acesso, garantia demanuteno, etc. Isto pode ser viabilizado atravs de incentivos criados pelo Corpo de Bombeiros e/ ou pelaPrefeitura para o proprietrio.

    A questo da disponibilizao de gua no-potvel para combate a incndio tambm deve ser considerada, poisj est se estudando a viabilizao do re-uso da gua como uma alternativa para o abastecimento de gua no-potvel para fins industriais no Estado de So Paulo. No planejamento da rede de gua de re-uso, imprescindvel a incluso de um plano de implantao de hidrantes urbanos, que pode trazer economia de guapotvel, alm de inibir o seu furto atravs de hidrantes urbanos ligados a esta rede.

    Os sistemas duplos de distribuio (que fornece gua potvel e no potvel) podem se tornar uma prtica muitocomum no prximo sculo. A razo est na possibilidade de reduo do suprimento de gua de alta qualidade eno alto e crescente custo do tratamento de gua potvel e do esgoto. Este sistema de distribuio pode fornecergua para uma comunidade de forma parcial, em reas previamente selecionadas, ou de forma total, atravs deredes prprias e paralelas.

    Assim que os sistemas duplos se tornem mais populares, a parte no potvel dever ser aproveitadaextensivamente como fonte para extino de incndio.

    5.3 Sinalizao de hidrantes

    Um levantamento de sistemas de sinalizao forneceu subsdios para uma proposta de sistema de sinalizao /identificao dos hidrantes tanto quanto a sua capacidade de trabalho como a sua localizao na malha urbana.

    Hoje h a obrigatoriedade de identificao dos hidrantes de coluna com a cor vermelha na norma brasileiravigente (NBR 5667), que se torna insuficiente, caso se considere a questo da necessidade do conhecimentorpido da real capacidade / desempenho dos hidrantes instalados.

    Por outro lado, 90% dos hidrantes na cidade de So Paulo so do tipo subterrneo. No havendo, hoje, nenhumtipo claro de identificao por cores na tampa ou placas nas proximidades, sua localizao e o conhecimento desua capacidade dificultada.

    Existe, alm da definio em norma, tambm a Resoluo No 31/98 da CONTRAN que dispe sobre aidentificao de hidrantes, que devem ser sinalizadas atravs de pintura de cor amarela, com linhas de indicaode proibio de estacionamento e/ou parada.

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    Assim, prope-se a sinalizao dos hidrantes atravs da adoo dos seguintes requisitos:

    Indicar a capacidade de vazo do hidrante atravs do sistema de cores padro mostrado na tabela a seguir. Deacordo com este sistema, o topo e os bocais dos hidrantes devem ser pintados para identificar a vazoestimada dos mesmos. (As cores so compatveis com aquelas determinadas na norma NFPA 291)

    Adicionalmente, os hidrantes devem estar constantemente visveis e desobstrudos. Assim, os hidrantesdevem ser pintados com cores que sejam de fcil visualizao tanto de dia como de noite. Algumas cidadesbrasileiras j tm adotado, inclusive, a cor amarela ao invs da vermelha, para sinalizao do corpo dohidrante de coluna.

    Tabela 5 - Identificao da vazo dos hidrantes pela cor

    Vazo em:(gpm a 20 psig) (L/s a 140 kPa)

    Cor

    maior que 1000 maior que 60 verdede 500 a 1000 de 30 a 60 alaranjadomenor que 500 menor que 30 vermelho

    6. PROPOSTAS E EXPERINCIAS RECENTES

    Entre as atividades recentes, concludas ou em andamento, em relao questo da rede de hidrantes possveldestacar vrias importantes iniciativas:

    O trabalho aqui apresentado, que parte de uma pesquisa extensa realizada para a Companhia deSaneamento Bsico do Estado de So Paulo SABESP, no perodo de 1997 a 1998, sobre o sistema e a redede hidrantes urbanos;

    O empenho do Corpo de Bombeiros em destacar a importncia da questo, diante das dificuldades crescentesenfrentadas para o atendimento s ocorrncias de incndio, que esto refletidas nos trabalhos mais recentesde ALMEIDA (1996) e PRADO (1998);

    O trabalho de conscientizao e cooperao do Corpo de Bombeiros junto s Prefeituras de vrias regies doEstado de So Paulo, na insero de medidas legais para aquisio e instalao de hidrantes urbanos;

    A revigorao das atividades tcnicas da Comisso de Estudos com as Concessionrias (CEC) da Secretariade Vias Pblicas da Prefeitura do Municpio de So Paulo, atravs de sua Subcomisso de Hidrantes, quehoje composta por representantes de entidades envolvidas na questo do hidrante como equipamentourbano, tais como Secretaria do Planejamento, Secretaria da Habitao, EMURB, Corpo de Bombeiros, IPT,SABESP, entre outras. Entre as atividades desenvolvidas pode-se destacar o Encontro Tcnico sobrehidrantes urbanos, realizado com sucesso em 1999, o desenvolvimento de propostas de convnios paraimplantao voluntria de hidrantes urbanos, a definio de critrios para implantao prioritria de hidrantese um estudo-piloto de aprimoramento da rede de hidrantes em uma micro-regio da cidade de So Paulo;

    A proposta de reviso das normas brasileiras relativas aos critrios para implantao de rede de hidrantes e sespecificaes para o equipamento hidrante urbano junto ABNT Associao Brasileira de NormasTcnicas.

    BIBLIOGRAFIA

    ALMEIDA, Nelson de. Hidrantes Urbanos - Critrios para Instalao na Cidade de So Paulo, Monografiaapresentada no Curso de Aperfeioamento de Oficiais do Centro de Aperfeioamento e Estudos Superioresda Polcia Militar do Estado de So Paulo, So Paulo, 1996.

    AMERICAN NATIONAL STANDARD INSTITUTE. ANSI/AWWA C 502-94 Standard for Dry-Barrel FireHydrants

    ____________________________________ ANSI/AWWA C 503-88 Standard for Wet-Barrel Fire Hydrants

    AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION. AWWA M-17 - Installation, Field Testing, and Maintenanceof Fire Hydrants - Manual of Water Supply Practices

    _________________________________________AWWA M31 - Distribution System Requirements for FireProtection - Manual of Water Supply Practices

    ANURIO ESTATSTICO 1997. Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo, So Paulo,

  • SEGURANA CONTRA INCNDIO 543

    1998.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 587 / 1989 - Estudos de concepo desistemas pblicos de abastecimento de gua

    __________________________________________. NBR 5667 / 1980 - Hidrantes Urbanos de Incndio

    __________________________________________. NBR 12218 / 1994 - Projeto de rede de distribuio degua para abastecimento pblico.

    ASSOCIATION FRANAISE DE NORMALIZATION. NF S 61-211 Matriel de secours et de lutte contrelincendie Bouche dincendie incongelable de 100 spcifications

    _________________________________________. NF S 61-213 Matriel de secours et de lutte contrelincendie Poteuax dincendie incongelables de 100 et 2x 100 Spcifications

    _________________________________________.NF S 61-214 Matriel de secours et de lutte contrelincendie Poteuax dincendie incongelables de 65 Spcifications

    _________________________________________.NF S 61-221 Matriel de lutte contre lincendie Plaquesde signalisation pour prises et points deau.

    BRITISH STANDARD INSTITUTE. BS 3251:1976 - Indicator plates for fire hydrants and emergency watersupplies.

    _______________________________BS 750: 1984 - British Standard Specification for Underground firehydrants and surface box frames and covers.

    DEUSTCHE INSTITUT FR NORMUNG. DIN 3221/1986 Unterflurhydrantesn PN16 (Hidrantessubterrneos).

    ______________________________. DIN 3222/1986 berflurhydranten PN16 (Hidrantes de coluna).

    ______________________________. DIN 4066 Hinweisschilder fr die Feuerwehr (Placas de informao parao corpo de bombeiros)

    INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL. Tarifa de Seguro Incndio do Brasil. Publicao No 49- 25a

    edio, Rio de Janeiro, Maro/1997.

    NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION. NFPA 291/1995 - Recommended Practice for Fire FlowTesting and Marking of Hydrants

    _____________________________. NFPA 1201/1994 - Developing Fire Protection Services for the Public

    PRADO, Celso Scheffer. Expanso da Rede de Hidrantes Urbanos da Cidade de Guarulhos, Monografiaapresentada no Curso de Aperfeioamento de Oficiais do Centro de Aperfeioamento e Estudos Superioresda Polcia Militar do Estado de So Paulo, So Paulo, 1998.

    TECHNISCHE REGEIN ARBEITSBLATT W 405/1978 - Bereitstellung von Lschwasser durch die ffentlicheTrinkwasserversorgung (Norma para suprimento de gua potvel para combate a incndio)