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Page 1: Redalyc.A industrialização: emprego e processo de trabalho ... fileA industrialização: emprego e processo de trabalho no Brasil Revista Katálysis, vol. 6, núm. 1, enero-junio,

Revista Katálysis

ISSN: 1414-4980

[email protected]

Universidade Federal de Santa Catarina

Brasil

Chaves, Luiz Carlos

A industrialização: emprego e processo de trabalho no Brasil

Revista Katálysis, vol. 6, núm. 1, enero-junio, 2003, pp. 53-62

Universidade Federal de Santa Catarina

Santa Catarina, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=179618281006

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Assistente Social.

Mestre em Sociologia Política/UFSC.

Professor Substituto, Departamento deServiço Social/UFSC.

���������� �������������������������Este artigo aborda o processo de

industrialização no Brasil e busca resgataratravés da historicidade e da totalidadesocial, política e econômica nacional acentralidade da categoria trabalho e asnecessidades de inclusão social criadasnos diferentes momentos históricos damodernização industrial brasileira. Aoresgatar o princípio dos primeirosprogramas de política pública voltada aoemprego, trabalho e geração de renda,buscou-se vislumbrar o mercado, ascondições e as relações de trabalho noBrasil. Por fim, são apresentadas algumasalternativas, discutindo programas epolíticas públicas ativas e compen-satórias, que podem colaborar com oquadro atual do mundo do trabalho.

Palavras-chave: industrialização,emprego, relações de classes, inclusãosocial.

���������� ��������������������This article deals with the

industrialization process in Brazil and seeksto retrieve through historicity and thesocial, political and economical nationalcontext the centrality of the concept “work”as well as the need for social inclusioncreated at different historical moments ofBrazilian industrial modernization. Inretrieving the beginnings of the firstprograms of job-, work- and incomegeneration-oriented public policies, aneffort was made to look at the market, workconditions and work relations in Brazil.Finally, some alternative paths arepresented, through the discussion ofprograms and active and compensatorypublic policies, which can add to thepresent picture of the universe of work.

Key words: industrialization, job, classrelations, social inclusion.

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� industrialização brasi-leira teve seu primei-ro grande impulso no

final do século XIX. Nos últimos quin-ze anos desse século, alguns aconte-cimentos internos relativos à forçade trabalho, ao mercado e à acumu-lação de capital, outros externos quedizem respeito à substituição de im-portações, em conjunto, proporciona-ram um novo rumo ao processo deindustrialização do Brasil.

Em relação à força de trabalho po-dem ser observadas duas modificaçõesimportantes: em 1888 ocorre a aboli-ção da escravatura culminando na en-trada de grande número de trabalha-dores estrangeiros no mercado de tra-balho brasileiro. O fim do trabalho es-cravo faz surgir uma nova dinâmicapara as relações e condições de traba-lho rural e urbano. Sobre esse assuntoSodré (1964, p. 301) acrescenta que aabolição do trabalho escravo deman-dava um acréscimo da ordem de50.000 contos, num total de 200.000contos de circulação da época utiliza-do para remunerar a mão-de-obra.

A agricultura foi inicialmente oespaço encontrado com mais facili-dade pelos trabalhadores, sendo quenesse mercado a remuneração, ouseja, o assalariamento começou ain-da antes da abolição do trabalho es-cravo. Como lembra Cohn (1968, p.291), esses trabalhadores transmitiri-am, dentro da introdução do salário eatravés de suas motivações e de seushábitos, novos modelos que favorece-riam a diversificação da atividade eco-nômica e do consumo. Com essamodificação altera-se o mercado in-terno, pois o trabalhador de então pas-sou a ter a liberdade de consumidor, oque lhe era negado em virtude de suacondição de escravo.

Dessa forma as relações internasde mercado são alteradas e o traba-lhador passa a ser visto sob a ótica doconsumo. Paul Singer (1968, p. 43),em seu livro Desenvolvimento Eco-nômico e Evolução Urbana, observaque com essa mudança a escravidão

passou a consumir os bens produzi-dos fora do espaço da exploraçãoagrícola. Por outro lado, a nova forçade trabalho advinda da imigração exi-girá pelo menos uma parte de sua re-muneração em dinheiro, o que garan-tirá a esses trabalhadores tornarem-se consumidores autônomos.

A chegada dessa força de trabalhoe a inclusão de parte dos escravos nosistema de trabalho remunerado fun-cionou como um impulsionador da ur-banização e contribuiu em larga esca-la para a ampliação do mercado inter-no. Com o crescimento do setor deserviços nas cidades, sub-setores comotransporte, armazenamento, comércio,embarques e desembarques, aliados aogrande fluxo de trabalhadores que mi-graram para as cidades em função dacrise na agricultura de exportação,modificaram, a composição e a apli-cação de capital interno e externo, osquais passaram a se concentrar noscentros urbanos.

Para Pinheiro (1997, p.102.), esse

[...] capital industrial era ori-ginário do capital agrícola,mas a transferência destepara a indústria não se fazsempre diretamente, e sim pelarelação de investimentos rea-lizados no setor de serviços eno setor comercial.

Pode-se identificar três fatoresque motivaram esses investimentos:o dinamismo econômico do setor deprodução de café, que favorecerá acaracterização e afirmação social doplantador como verdadeiramente co-merciante e banqueiro e, em conse-qüência, mais urbano que rural; a pou-pança realizada pelos assalariadosagrícolas, especialmente os trabalha-dores imigrantes, que com o tempoforam capazes de perceber que asaspirações sociais que eles pretendi-am conseguir nos seus países de ori-gem poderiam conseguir no Brasil edesse modo, passaram a aplicar suasreservas econômicas no mercado

interno; o investimento estrangeiro,que já era vinculado ao capital agrí-cola; a força de trabalho barata; oscustos reduzidos das matérias primase as possibilidades de lucros elevadosno mercado de consumo que se en-contrava em constante expansão. Aose falar de acumulação de capital nes-sa fase da industrialização brasileira(período pré-Primeira Guerra Mundi-al), destaca-se o papel desempenha-do pelo fenômeno conhecido como“encilhamento” – proposta de políti-ca pública governamental, cujo obje-tivo era viabilizar uma política de cré-dito mais flexível. Essa política foiposta em prática logo após a Procla-mação da República (1889) e possi-bilitou a intensificação da implantaçãode empresas industriais. No final dosanos 1920, houve uma profunda alte-ração no parâmetro de análise e in-tervenção no que diz respeito à ques-tão social. A posição liberal começaa dar lugar à intervencionista, susten-tada com grande ênfase pela políticaGetulista, iniciada com o governo pro-visório de Getúlio Vargas, quando fo-ram efetivadas importantes leis deproteção ao trabalho e ao trabalhadorcomo: jornada de trabalho de oito ho-ras, organização do sistemaprevidenciário e a lei de proteção aotrabalho do menor, expressando asconflitualidades dessa época.

Contudo, somente na segunda me-tade dos anos de 1930 chegar-se-á acompreender o verdadeiro conteúdo doencilhamento. Simonsen (1973) ressal-ta que pela primeira vez na história bra-sileira, se estabelece uma política pú-blica governamental com condiçõesfavoráveis à industrialização.

Singer (1968) destaca a grandemobilização de recursos que nesseperíodo foram aplicados no mercadointerno, gerando trabalho e aquecen-do a economia, ao invés de seremgastos com consumo de produtos im-portados. A liberação de créditos pro-piciada pela política de“encilhamento” provocou um movi-mento de especulação de créditos

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que ao seu final abriu caminho a umaconcentração de capital através detransferência de uma empresa paraoutra e do desaparecimento das em-presas mais fracas, consolidando al-guns setores industriais como a fia-ção e a tecelagem. Entretanto, como fim da Primeira Guerra Mundialsurgirão condições favoráveis à ex-pansão da indústria dentre estas sepode considerar:

A consolidação da prática industri-al alterou a vida dos trabalhadores na-cionais, dando uma nova dinâmica aclasse de prestadores de serviços emodificou o tratamento dispensado aotrabalho assalariado o qual passou aser considerado como categoria cen-tral para a firmação e consolidação doprocesso de industrialização no Brasil.

O emprego a partir de então pas-sou a ser categoria importante paraas análises sobre o crescimento ecomportamento da indústria e do mer-cado de trabalho interno.

Segundo Pinheiro (1997, p. 83,

Essa nova industrialização(nova em relação à industri-alização européia e america-na do século XIX1 ) provoca-rá a constituição de um pro-letariado diferente daqueleque se formou na Europa. Atecnologia não será a con-seqüência de propostas da-das às exigências específicasde cada etapa: ela será im-portada. Além do mais, essatecnologia não será labor –intensiva, capaz de gerar em-pregos para largos contin-gentes de força de trabalho,mas capital intensivo, exigin-do grandes investimentos eminovações técnicas que redu-zem as necessidades em mão-de-obra.

O cenário inicial do mercado detrabalho brasileiro, em especial noperíodo de 1920 a 1930, pode ser re-

tratado como um espaço compostopor imigrantes europeus com experi-ências de trabalho industrial, consci-ência de classe e brasileiros não qua-lificados, sem tradição em organiza-ção por setor de trabalho.

No entanto, muito embora existis-se um parque produtivo de grandesproporções, o funcionamento dos sis-temas de proteção social em relaçãoao mundo do trabalho permanecia ain-da limitado e com baixa eficácia, de-ficiências também observadas em re-lação à garantia de renda, melhoriadas condições de trabalho e principal-mente a consciência de classe.

Há pouco mais de um século tra-balhar no Brasil foi, por um lamentá-vel longo período, considerado ativi-dade para escravo. Tal concepçãotem estreita ligação com o fato de oBrasil ter sido colonizado por um paísque viveu intensamente o processo derevolução mercantil. Com suas ines-gotáveis riquezas o Brasil tornou-separa Portugal uma lucrativa fonte derecursos naturais comercializados in-ternacionalmente, além de serem uti-lizados como matéria-prima na con-fecção de objetos produzidos com for-ça de trabalho escrava.

Segundo Tauile (1998, p 56), oBrasil da época era “um paraíso depilhagem e de espoliação”. Para ele,as poucas e esparsas tentativas deindustrialização devem ser tomadascomo exceções, pois não representama regra geral da forma predominantede produzir excedente econômico noBrasil. Essas experiências não se en-quadravam a favor do “estado de coi-sas local”, por isso acabaram sucum-bindo. Foi assim no caso dos tearesfechados pela imperatriz Maria I nofinal do século XVIII, das iniciativasdo Barão de Mauá e das experiênci-as de Belmiro Gouvêa com a indús-tria têxtil do nordeste no século XIX.

Na primeira metade do século XX,principalmente a partir de 1930, o Bra-sil entra em um acelerado movimentode transformação econômico-produ-tiva, que o colocou definitivamente na

rota da industrialização. Para muitos,esse movimento é considerado o iní-cio do processo da modernização daeconomia brasileira, isto é, foi nessemomento em que se iniciou o rompi-mento com as raízes oligárquicas ins-taladas no Brasil, principalmente comaquelas ligadas à agropecuária. Im-portantes mudanças no rumo de umanova industrialização se deram a par-tir do governo de Juscelino Kubitschek(1956-1960) com a internacio-nalização da indústria brasileira, até omomento marcado pelo nacionalismo.Getúlio Vargas, conforme Tauile(1998), como um visionário do proces-so de industrialização que se aproxi-mava, havia promulgado as leis tra-balhistas na segunda metade da dé-cada de 1930 porém, como ditador, ohavia feito deslocado dos anseios di-retos das classes empresariais e dasclasses trabalhadoras também crioue fomentou o chamado peleguismo,por isso tais leis entraram para o roldaquelas que “não pegam”.

A implantação com sucesso daindústria automobilística, no final dadécada de 1950, tornou inexorável atensão social e a criação de uma for-ça de trabalho proletária com carac-terísticas urbanas e novas condiçõesde trabalho. Considerada como o car-ro chefe da nova era da industrializa-ção brasileira, a indústria automobi-lística movimentou a classe operária.

Foi nas décadas de 1930 e 1940que o sistema de proteção social e ga-rantia de renda passou a assumir al-gumas características do WelfareState. Contudo, a legislação trabalhistabrasileira continuou apresentandomecanismos de proteção social muitofrágeis, principalmente se compara-dos com os países europeus, ondeexistem diversas formas de garantiassociais e elevadas taxas de coberturapopulacional. Ressalta-se nesse as-pecto que, desde o início da industria-lização brasileira, tanto o governocomo as elites dominantes locais nãoderam a devida importância a pata-mares de acesso à cidadania universal.

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A partir da década de 1950 até1964, segundo Pochmann (1995), ointervencionismo “progressista” foiresponsável pelo processo de incor-poração social de parcelas da forçade trabalho urbana, principalmente emrelação a três variáveis importantespara o desenvolvimento das políticaspúblicas destinadas ao mundo do tra-balho: a legislação trabalhista, a legis-lação previdenciária e a política dosalário mínimo de suficiência.

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No entendimento de Vianna, O.(1951), a fixação do salário mínimotinha por objetivo promover a corre-ção das injustiças sociais promovidaspelo desenvolvimento industrial.

O Serviço de Estatística da Previ-dência e Trabalho-SEPT, órgão res-ponsável pela produção de estudostécnicos para o Ministério do Traba-lho, Indústria e Comércio, destacavaa importância do mínimo como umelemento de imposição da justiça so-cial, que somente seria mantido coma manutenção do Estado no mercadode trabalho.

Para Ianni (1986), o valor mínimotem como fio condutor a sua funçãoprotetora para uma massa de assala-riados que vivem no limite dapauperização. Mesmo sem a presen-

ça de uma política de pleno emprego,observa-se que o nível de ocupaçãoapresenta um crescimento excepcio-nal desde 1945 (POCHMANN,1995). As taxas de crescimento, po-rém, mesmo tendo um bom desenvol-vimento não foram suficientes para aincorporação da totalidade da forçade trabalho disponível, caracterizada,em sua formação, por um grande nú-mero de cidadãos que por necessida-de candidatam-se a uma vaga nomercado de trabalho. Esse dilema sepropaga com muita intensidade entreos trabalhadores do campo (homens,mulheres, jovens e adultos) que ao seapanharem sem trabalho e na maisprofunda miséria, migram para a ci-dade em busca de emprego.

Após 1964, com o golpe militar,surge o intervencionismo conservador,que passou a impulsionar à sua ma-neira as políticas públicas voltadas aomundo do trabalho. Tal conserva-dorismo, porém, não foi capaz de re-alizar reformas econômicas e sociaisque promovessem o rompimento de-finitivo com o sistema anterior de “ci-dadania regulada” e incorporaçãocontrolada.

Na década de 1980, com o pro-cesso de democratização do país, éque vieram a ocorrer ações mais con-cretas no sentido de romper com olaço pretérito de restrições à incorpo-ração social. Entretanto, as tentativasde modificação do perfil do sistemade proteção social e de garantia derenda foram limitados.

Conforme o entendimento dePochmann (1995), isso ocorreu pordois motivos: de um lado está a or-dem política e o histórico descaso dopoder público em relação aos proble-mas sociais como a miséria, a saúde,assistência social, trabalho e geraçãode renda à população; por outro ladoexiste o condicionamento de ordemeconômica, o qual é evidenciado pelaexpressiva crise da economia nacio-nal e pelo progresso hiper-inflacioná-rio, em especial a dita “crise fiscal” e“financeira” , onde parte significativa

dos recursos fiscais passou a seracompanhada por subsídios interno eexterno, o que levou o gasto social auma subordinação constante em re-lação ao capital internacional, diminu-indo sensivelmente a aplicação de re-cursos em políticas de garantia derenda e de proteção social

Carregando todos os reflexos des-sas crises, os anos 1990 foram mar-cados pelo alto índice de desempre-go. O emprego formal, nessa década,perdeu não só a participação relativano total da população ocupada, mastambém a absoluta, com a eliminaçãode 3,2 milhões de empregos. Em 1989o Brasil contava com 25,5 milhões deempregados formais enquanto que em1998 esse número caiu para 22,3 mi-lhões (RAIS/96 – Relação Anual deInformações Sociais, atualizada pelomodo I do CAGED/MTB). Ocorreutambém nesse período a implemen-tação do processo de “modernização”no campo brasileiro, que começouprincipalmente a partir da década de1970 e trouxe graves conseqüênciaspara o mundo do trabalho através daconcentração de terra e renda, doêxodo e da pauperização do meio ru-ral. Dados do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística-IBGE de 1995mostram que 54,6% da área dos es-tabelecimentos agrícolas pertenciama propriedades com mais de 500 hec-tares e 2,6% eram de propriedadesde até 10 hectares.

Em 1996 esse percentual subiupara 56,5% e diminuiu para 2,2%, res-pectivamente. Esses dados demons-tram o caráter conservador daglobalização econômica que através dafalácia da “modernização” consegueinverter, em favor de uma minoria, asrelações sociais e de trabalho no cam-po, provocando inchamento dos cen-tros urbanos e, conseqüentemente,contribuindo em larga escala para oagravamento do desemprego no cam-po e principalmente nas cidades.

A desestruturação do mercado detrabalho teve seu ápice com o colap-so do padrão de financiamento da

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economia brasileira no início dos anos1980. Por conta da crise da dívidaexterna, um conjunto de programas deajustes macroeconômicos foramadotados tendo como conseqüênciauma ampla inicialização a retomadaao crescimento sustentável. Este pro-cesso levou o mercado a um cenáriode estagnação, onde imperaram asfortes e rápidas oscilações econômi-cas. Convivendo com um contextohiper-inflacionário o País terminourompendo com a tendência deestruturação do mercado de trabalhoiniciada em 1930.

Com o limiar dos anos 1980 ob-servou-se uma desaceleração na que-da do número de ocupações no setorprimário da economia, enquanto queo setor secundário deixou de apresen-tar maior contribuição relativa no to-tal das ocupações; por outro lado, hou-ve um inchamento do setor terciário.Ao mesmo tempo em que o desem-prego aumentou, maior e mais precá-rias eram as ocupações geradas.

Atualmente, de cada dez ocupa-ções existentes, seis são de respon-sabilidade do setor secundário, duasdo terciário e duas do setor primário.Se comparado com 1980, teríamosquatro do setor terciário, três do se-cundário e três do setor primário(POCHMANN,1999).

Nos anos 1990, os sinais dedesestruturação no mercado de tra-balho se mostram mais marcantes. Noperíodo de 1990 a 1995, em cada dezocupações geradas apenas duas eramassalariadas, sendo que cinco de contaprópria e três de ocupações sem re-muneração estabelecida. Essa déca-da foi marcada por um processo dedesassalariamento provocado funda-mentalmente pela eliminação dosempregos com registro. Em 1989, ototal dos assalariados representava64%da PEA, e em 1995, havia pas-sado para 58,2%. Os empregadosassalariados sem registro represen-tam uma taxa de crescimento médioanual de 3,12%, com isso, de 1989 a1995, ocorreu uma geração média

anual de 541,5 mil empregos assalari-ados sem registro.

Para Mattoso (1999) e Pochmann(1999), além do movimento dedesassalariamento, um fenômenonovo surgiu no mercado de trabalhobrasileiro durante as últimas duas dé-cadas, onde se observou o crescimen-to da subutilização da força de traba-lho que em 1989 representava 32%da PEA e em 1995 passou para 38%.No entendimento dos autores, essasubutilização generalizada da força detrabalho está intrinsecamente ligadaao alto índice de desemprego provo-cado por um movimento de ordemmundial em processo ativo desde adécada de 1980.

A globalização de modo geralapresentou-se inicialmente como des-crição de um fenômeno limitado defuncionamento das demandas sociais,porém terminou por ser identificadacomo uma nova fase da economiamundial . Nessa nova era as econo-mias nacionais decompor-se-iam paramais tarde se rearticularem em umnovo sistema internacional em que osestados nacionais perderiam significa-do e os governos tornar-se-iam impo-tentes no sentido de influenciar e pla-nejar a evolução econômica nacional,o que levaria o mundo a um processode sincronização e homogeneização.Portanto, desapareceriam os compro-missos políticos nacionais, os projetose as especificidades regionais, crian-do a ideologia do pensamento único.

Mudanças significativas vêm ocor-rendo desde os anos 1970, visandoultrapassar as fronteiras e acentuar oprocesso de internacionalização, alte-rando profundamente o funcionamen-to das grandes empresas e do siste-ma financeiro. Diante desse contextoas grandes empresas implementaramalterações em suas estratégias paraobtenção de lucro. O mercado mun-dial passou a ser tomado como cam-po de ação para essas grandes em-presas e órgãos do sistema financei-ro, os quais passaram a fazer partede uma dura concorrência de merca-

do sem maiores preocupações comcomponentes éticos e humanos. Nes-se sentido, todas as ações da econo-mia nacional são orientadas pelo ex-traordinário poder do sistema finan-ceiro internacional.

Com a formação do mercado úni-co do dinheiro em escala planetária, aresponsabilidade da operacionalizaçãonão permanece somente com os ban-cos e as empresas. Entram em cenaos investidores institucionais (fundosde pensão e de investimentos). Nes-se sentido parece que ao contrário doque nos tentam fazer crer, os espa-ços nacionais estão longe de se fun-direm em um conjunto completamen-te globalizado e dessa forma, se porum lado uma nova ortodoxia da esta-bilidade monetária e da competiti-vidade exterior parecem dominantes,de outro os sistemas nacionais conti-nuam apresentando acentuadas dife-renças. As distinções entre os esta-dos nacionais se expressam pela in-tensa fragmentação de seus interes-ses, na preferência pela inovação ecompetitividade a curto e em longoprazo, pela maior ou menor indepen-dência do Banco Central, pela natu-reza e amplitude da intervenção pú-blica, na maior ou menor qualidade dasrelações de trabalho, no grau de utili-zação de políticas setoriais e tambémpela qualidade da especialização in-dustrial adotada.

A realidade das últimas décadasrevela a polarização de espaços naci-onais e macro-regionais no plano in-ternacional, com altas concentraçõesde investimentos, domínios detecnologia e especialização. Da mes-ma forma, têm-se polarizado os espa-ços microrregionais com a formaçãode megarregiões e uma intensa desor-ganização do trabalho, com ampliaçãodas desigualdades sociais nos planosregional, nacional e internacional.

Com o domínio da esfera financei-ra, o capital tornou-se ainda mais vo-látil e internacionalizado. Contudo, osproblemas relacionados ao mundo dotrabalho continuam se expressando

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como grandes questões sociais emesferas regionais e nacionais.

Na última metade da década de1990, em pleno limiar do século XXI,ainda se convive com um contínuoagravamento das condições e das re-lações de trabalho. Além disso, as su-cessivas reuniões dos países mais ri-cos do mundo, componentes do G-82 ,ao mesmo tempo em que apontamconstantemente para a gravidade doproblema, mostram-se incapazes deunificar diagnósticos e alinhavar a buscade soluções conjuntas. Por isso, acen-tuam-se as preocupações dos cidadãose o sentimento de impotência frente auma situação que aparentemente semostra sem solução, ao menos nos ter-mos que define a lógica do mercadoauto regulável, transformada em “evan-gelho no final do século XX”.

Diante de todas as adversidadescriadas pelo sistema político-econômi-co neoliberal que norteia as questõesmais amplas da sociedade atual, tra-tando-as como iguais independente desuas especificidades culturais, políti-cas e regionais, novas alternativaspodem ser vislumbradas. As organi-zações locais com o envolvimentocomunitário ativo, mesmo contrarian-do a lógica do sistema vigente, indodo particular ao geral, ou seja, domicro (partindo das especificidadesregionais) ao macro (considerando osaspectos mundiais) da economia e dapolítica, podem ser instrumentos deresistência ao sistema neoliberalglobalizante, demonstrando através daluta comunitária organizada ainoperância prática da idéia de quesomente o mercado livre poderá cor-rigir as desigualdades e promover ainclusão social. Com essas ações, omito do pensamento único efetiva-mente poderá ter suas bases questio-nadas a partir da proposição de umanova forma de abordar e conduzir asquestões sociais, através de elemen-tos nacionais, regionais e do envol-vimento popular3 .

Nesse sentido, é preciso buscaralternativas, ainda que num primeiro

momento sejam parciais, e para issoo entendimento de quais são os pro-blemas centrais torna-se imprescindí-vel. Mattoso (1999) diz que muitasvezes tem-se desviado dos problemascentrais, tomando-se a aparência pelaessência.

Existem aqueles que entendem adinâmica do emprego como não sendomais uma variável subordinada ao cres-cimento ou às decisões de investimen-tos. Para essa corrente o desprezo àsquestões do crescimento e da deman-da agregada favorece a prioridade paraos ajustes internos ao mercado de tra-balho. Na contrapartida, estão aquelesque responsabilizam a tecnologia pe-los problemas do mercado de traba-lho. Aos adeptos desse pensamento, ainovação tecnológica tem sido consi-derada uma crescente ameaça aosempregados, da mesma forma que osludistas do início da Primeira Revolu-ção Industrial relacionavam os proble-mas do mundo do trabalho (mercado,condições e relação de trabalho) àreestruturação produtiva, às novas for-mas de organização do trabalho, à maiorutilização da inovação tecnológica naindústria, no comércio e nos serviços.

A infra-estrutura material que nospaíses de capitalismo avançado temtido um papel fundamental na conten-ção do desemprego e geração de pos-tos de trabalho para a força de traba-lho excedente e de baixa escolaridade,ainda está por ser construída. Nessesentido, o Brasil tem necessidade deimplantar a construção de portos, ha-bitação, saneamento, melhoramento dotransporte e implementar outras medi-das que podem amortecer o impactoda recessão no mundo do trabalho. Aimplementação de um atendimentopúblico universal e adequado nas áre-as de saúde e educação, também po-derão contribuir para a elevação daoferta de emprego, pois, a efetivaçãodesses serviços demandaria um con-tingente considerável da força de tra-balho excluída da relação de produção.

A economia brasileira convive ain-da com um sistema de relações de

trabalho com características autoritá-rias, com ausência de confiança etransparência entre os atores, semorganização por local de trabalho epredomínio do contrato individual, nes-se sentido pode-se observar a exis-tência de grandes diferenças regio-nais no mercado de trabalho, e essasdistinções podem explicar o fenôme-no da subutilização da força de traba-lho que é completamente distinta en-tre os vários Estados brasileiros.

Em relação às estratégias para ocrescimento do nível de emprego, oBrasil se distingue significativamentedas economias avançadas, onde asatuais experiências concentram-se emdois tipos básicos de políticas de em-prego: ativas e compensatórias.

Mesmo não possuindo um sistemapúblico de emprego nos moldes daseconomias avançadas, com capacida-de de assumir um conjunto articuladode atividades voltadas para o comba-te ao desemprego, o Brasil possui al-guns programas de políticas públicasem andamento, tais como:intermediação da mão-de-obra, edu-cação profissional, seguro desempre-go e geração de emprego e renda4 .

A forma prática adotada para oenfrentamento dessas questões sãodelineadas a partir dos serviços públi-cos oferecidos para os sujeitos soci-ais que não têm emprego.

O serviço de intermediação demão-de-obra tem como órgão respon-sável o Sistema Nacional de Empre-go (SINE, criado em 1975), instaladoem todos os Estados da federaçãovem desenvolvendo atividades volta-das à alocação de mão-de-obra.

No entanto o mercado de trabalhobrasileiro é marcado também por umacultura patrimonialista, pela procura in-dividual por emprego através de ami-gos, parentes e meios de comunicação.Em relação aos programas de forma-ção profissional, as transformações re-centes no mercado de trabalho, a re-dução da demanda e da educação pro-fissional, a qualificação e a

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requalificação profissional passaram aganhar maior importância nas decisõesgovernamentais no que diz respeito aofuncionamento das políticas compen-satórias de emprego. Nos países decapitalismo avançado são ainda asagências públicas de emprego as prin-cipais responsáveis pela oferta de ser-viços de qualificação e treinamento pro-fissional.

A experiência da formação pro-fissional no Brasil está sendo acom-panhada e articulada desde seu iníciopela ideologia empresarial. Desdeprincipio do século XX, com a forma-ção das escolas de aprendizes e artí-fices até a montagem do sistema “S”(SENAI, SENAC, SENAT eSENAR) 5 , constituindo-se a partir deentão uma forte ligação entre educa-ção geral e educação profissional.

O forte apelo à formação profissi-onal ocorrida no Brasil na década de1990 trouxe ao mundo do trabalho na-cional uma nova experiência de qua-lificação dos trabalhadores. O PlanoNacional de Educação Profissional-PLANFOR, que se constitui atual-mente em uma estratégia oficial dequalificação profissional no Brasil, foidesenvolvido de forma descentraliza-da e em parcerias com diversas insti-tuições que possuem apoio financeirodo Fundo de Amparo ao Trabalhador-FAT. Com a operacionalização doreestruturou-se a Secretaria de For-mação e Desenvolvimento Profissio-nal-SEFOR ligada ao Ministério doTrabalho. Para a efetivação dessamudança, houve ações articuladasentre o Conselho Deliberativo doFAT-CODEFAT e os Conselhos deTrabalho e Emprego, estaduais e mu-nicipais. 6 .

A partir da interferência doCODEFAT e dos Conselhos de Tra-balho e Emprego (estaduais e muni-cipais), em articulação com as secre-tarias do trabalho de Estados e Muni-cípios, vem sendo desenvolvido des-de 1994 um significativo esforço deenvolvimento de atores institucionaisno tema da educação profissional.

No ano de 1996 quase 1,2 milhõesde trabalhadores receberam algumcurso de formação profissional, sen-do que 24% dos cursos foi destinadoao setor primário da economia, 10%às atividades do setor secundário e66% ao setor terciário. Para o ano de1999, foi meta da PLANFOR qualifi-car cerca de três milhões de novostrabalhadores; se considerada a tota-lidade das pessoas assistidas pelo sis-tema “S”, Escola Técnica, o ano de1996 alcançou 6,4% da PEA, isto sig-nifica 4,9 milhões de pessoas que re-ceberam algum tipo de educação pro-fissional (POCHMANN,1999).

De todo modo, é mister conside-rar o seguro desemprego designado acompensar temporariamente os tra-balhadores assalariados que já tive-ram registro em carteira, isso traz àuma importante parcela dos brasilei-ros desempregados a impossibilida-de de receber qualquer benefício fi-nanceiro público. Nos países de eco-nomia avançada existem os progra-mas de pré-aposentadoria que propi-ciam às pessoas com idade próximaaos 60 anos o acesso antecipado aosbenefícios de pensão, sem que aindatenham completado os requisitos exi-gidos pelos programas de aposenta-dorias tradicionais.

Embora não se tenha uma pesqui-sa de longa abrangência, dados par-ciais, fornecidos pelo IBGE, pelo De-partamento Sindical de Estatística eEstudos Sócio-Econômicos-DIEESEe pelas Centrais Sindicais, demons-tram que no Brasil alguns casos deaposentadorias precoces são acom-panhados da permanência do aposen-tado no posto de trabalho, ocupandoassim uma vaga no mercado.

A política de emprego e renda noBrasil, nas duas últimas décadas,apresentou profundas alterações emseus objetivos e conteúdos. Adescen-tralização de suas ações erecursos direcionou-a cada vez maispara parcelas específicas da popu-lação desempregada, com isso aspolíticas de emprego assumem um

papel mais passivo na geração deocupações.

Se no pós-guerra as políticas deemprego foram concebidas de manei-ra sistêmica, sendo viabilizadas a par-tir do conjunto da política macro– eco-nômica comprometida com o plenoemprego, atualmente a política deemprego e renda está limitada aações pontuais em relação ao mundodo trabalho.

A análise dos indicadores sociaissobre o mundo do trabalho no Brasil,em geral, aponta para a urgência emse buscar alternativas para oenfrentamento dos desafios e limitesdas políticas de emprego, no sentidode buscar caminhos para a geraçãode emprego e renda.

Algumas alternativas de políticasativas e compensatórias poderiam serimplementadas com grande ganho doponto de vista da ocupação, gerandoemprego formal, trabalho e renda.

O Brasil pode assumir um projetonacional, capaz de definir as linhas ge-rais de crescimento econômico susten-tável com justiça e inclusão social, ondea questão do emprego receba um tra-tamento especial na agenda nacionalsem comprometer-se com o atual“distributivismo” mantido pelo capitalinternacional . Porém, sob uma óticado Estado Social como distributivo defato, alguns pontos podem ser consi-derados: a reforma agrária, se efetiva-da, poderá difundir efeitos extrema-mente positivos na geração de empre-go e renda no meio rural. Apesar doinchamento demográ-fico das cidades,o País ainda conta com grande parce-la de uma força de trabalho vivendono campo. Diante desse quadro sociala reestruturação fundiária contribuirápara a manutenção do homem na agri-cultura, evitando a migração para ascidades. Contudo, poderá fomentar osetor primário e de agroindústria emvárias regiões aumentando as oportu-nidades de emprego.

A desconcentração de renda pode-rá estimular a geração de mais empre-

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gos nos setores secundários e terciáriosda economia brasileira, além de ampli-ar o rol de consumidores. Uma distri-buição de renda influenciaria tambémna melhoria de emprego e geração derenda para uma quantidade expressivade trabalhadores, principalmente nosserviços pessoais, e de pequenos negó-cios, como barbeiro, pedreiro, eletricis-ta, encanador, entre outros.

Os investimentos em infra-estrutu-ra também poderão colaborar paraaumentar o nível de emprego e rendano Brasil. Portanto, no caso brasileiro,a retomada dos investimentos nessaárea beneficiará significativamente aspolíticas de combate ao desemprego,através do imediato aumento do nívelde atividades em vários setores eco-nômicos, como por exemplo: constru-ção de estradas, saneamento básico,habitações populares, hospitais, esco-las, creches, portos, viadutos, aeropor-tos, energia e telecomunicações. Sãocomponentes que, se retomados deforma generalizada, trarão impactospositivos direta e indiretamente para aclasse trabalhadora brasileira.

Em tese, os serviços sociais tam-bém se constituem em uma alternati-va para o melhoramento das políticasativas de trabalho.Tais atividades, seimplementadas e renovadas, seriammuito úteis para o combate ao desem-prego e às precariedades do mundo dotrabalho nacional. Algumas atividadespoderão de início ser desenvolvidascom a retomada e o incentivo aos pro-gramas de trabalho no âmbito da açãocoletiva (frentes de trabalho urbano erural); através da melhoria na quali-dade e eficiência nos serviços públi-cos; ampliação das atividades de par-ceria, assistência motivação e presta-ção de serviços entre as comunidadescarentes. Os programas de estágio,guardada suas especificidades, tambémpoderiam contribuir.

Sobre esse assunto é necessárioobservar que a efetiva melhoria dosserviços sociais envolveria uma am-pliação dos recursos, implicando emuma ampla reforma tributária, que

abrirá caminho para o combate aquestões polêmicas como a evasãofiscal, a racionalização e amoralização dos gastos públicos, ocombate direto à corrupção, ao des-potismo. O resultado traria auniversalização das atividades e ser-viços de boa qualidade na educação,na saúde e na assistência social.

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Os cursos de formação e qualifi-cação profissional e as agências pú-blicas de intermediação de “mão-de-obra” são elementos que favorecema manutenção do nível de emprego,beneficiando, ainda que de modoincipiente, a distribuição da riquezasocialmente produzida.

A implementação de programasdestinados à diminuição do contingen-te de desempregados, requer açõesconcretas e sistemáticas, voltadas àampliação da idade mínima para o tra-balho, ao combate ao trabalho infantil,à diminuição dos limites de aposenta-doria e criação de mecanismo legal quedificulte o rompimento do contrato detrabalho, aliado à democratização dasrelações. São estratégias que podemcontribuir para o aquecimento e a ma-nutenção do nível de emprego e dascondições de trabalho.

Sobre isso, Pochmann (1999) ob-serva que o Brasil reúne condiçõestécnicas apropriadas para melhor en-frentar a situação de ampliação da in-segurança no trabalho. Para ele, noentanto, o entrave parece residir na faltade opções políticas necessárias e sufi-cientes para a superação dos limites edos desafios das políticas de emprego.

Se olharmos para a distribuição dosrecursos públicos gastos com o social,parece que Pochmann (1995) tem ra-zão, pois, até o final do mês de agostode 2000, conforme dados publicadosna folha de São Paulo, o Governo Fe-deral utilizou apenas 10% do recursoque estava previsto no Orçamento daUnião para este fim. Dos R$ 12 bi-lhões que o Governo dispunha parainvestimento no social , apenas 1,2 bi-lhões foram gastos. Os menores inves-timentos ocorreram justamente em áre-as sociais críticas, como saúde (4,97%do previsto), assistência social (6,48%),reforma agrária (6,62%) e habitação(0,35%). Por outro lado, o Ministérioda Defesa, recebeu até agosto R$ 250milhões, o que corresponde a 19,34%da previsão de investimento em seu or-çamento, sendo que uma parte consi-derável desses recursos foram aplica-dos no polêmico projeto SIVAM– Sis-tema de Vigilância da Amazônia(CABRAL, 2000, p. A 4)

Por outro lado, a análise dessesdados revela que nos oito primeirosmeses do ano 2000, foram gastos 146milhões em publicidade. Além deexorbitante, esse valor corresponde àsoma dos investimentos feitos no mes-mo período em saúde (R$ 69 milhões),educação (R$ 55 milhões) ciência etecnologia (R$ 22 milhões), sendo quesomente os gastos com diárias defuncionários públicos consumiram nomesmo período R$ 237 milhões, ouseja, cinco vezes mais do que o in-vestimento em agricultura.

O curioso é que os gastos do go-verno nesse mesmo período com pas-sagens aéreas, festividades e homena-gens chegaram ao montante de R$ 2,3milhões e foram oito vezes superiores

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à verba destinada ao desporto e aolazer. Entretanto as opções sociais,políticas e socioeconômicas, defendi-das pelos políticos brasileiros, lideradospor Fernando Henrique Cardoso, mos-traram estar distantes dos anseios edas necessidades de inclusão social dosmarginalizados, em especial, daquelesafetados pelo desemprego e falta derenda. Isso revela que, como outrora,as ações e opções políticas e econô-micas no Brasil a respeito da áreasocial continuam sendo moldadas pelavisão tradicional, conservadora e pro-tecionista de capital alheio.

Finalmente, considera-se a situa-ção apresentada e a conexão destacom o fazer profissional do assistentesocial. Partimos do pressuposto queo Serviço Social deve ter como fiocondutor de sua prática cotidiana ocombate à injustiça e a luta pela in-clusão social. Nesse sentido, a práti-ca profissional é duramente afetadapela lógica distributivista conservado-ra que norteia as relações sociais,políticas e econômicas brasileiras,moldando-as a partir dos pressupos-tos da dominação e exclusão social.Desse modo, a inversão da realidadede exclusão social, que paira sobre asrelações sócio-comunitárias se cons-titui, na atualidade, em um grande de-safio prático, teórico e metodológicopara o fazer em Serviço Social.

Recebido em 10/12/2002. Aprova-do em 26/03/2003.

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2 EUA, Inglaterra, Alemanha,Japão, França, Canadá, Itália eRússia.

3 Mesmo acreditando nasorganizações políticas e sociaislocais como condição sine quanon para as mudanças societárias,entendemos que tais ações fazemparte de um primeiro momentodaquilo que imaginamos sernecessário para uma transfor-mação social ampliada dentro dosistema capitalista atual.

4 É necessário que estes programasde políticas públicas implementemum sistema de avaliação, quepermita a visualização do alcancee a avaliação estrutural de suasações.

5 SENAI – Serviço Nacional deAprendizagem Industrial

SENAC – Serviço Nacional deAprendizagem Comercial

SENAT – Serviço Nacional deAprendizagem do Transporte

SENAR – Serviço Nacional deaprendizagem Rural

6 Os Conselhos de Trabalho eRenda Estaduais – CETEs e os

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Municipais – CMTEs sãoinstâncias formadas pelotripartismo (trabalhadoressindicalizados, empregadores ecentrais sindicais).

Luiz Carlos [email protected]

Rua Antônio Schoeroeder, 300

São José – SC

CEP: 88110-050

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