recurso especial - ação monitória finalizado

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. AUTOS Nº. 1.0600.13.003464-7/001. ELAYNE MARIA GOMES, já qualificada nos autos referentes a ação de Apelação Cível Nº. 1.0600.13.003464-7/001 ajuizada contra AMAPÁ EMPREENDIMENTOS LTDA, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência por seu advogado adiante assinado, tempestivamente, com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea “a” e “c”, da Constituição Federal, interpor RECURSO ESPECIAL CÍVEL requerendo desde já sua admissão e remessa ao Colendo STJ. Nestes termos, Pede e espera deferimento. Ubá, 08 de setembro de 2015. Botelho & Balzanello – Advogados Associados. OAB/MG – xxx.xx

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Page 1: Recurso Especial - Ação Monitória Finalizado

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTEDO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

AUTOS Nº. 1.0600.13.003464-7/001.

ELAYNE MARIA GOMES, já qualificada nos autosreferentes a ação de Apelação Cível Nº. 1.0600.13.003464-7/001 ajuizada contraAMAPÁ EMPREENDIMENTOS LTDA, vem, respeitosamente, perante VossaExcelência por seu advogado adiante assinado, tempestivamente, comfundamento no artigo 105, inciso III, alínea “a” e “c”, da Constituição Federal,interpor RECURSO ESPECIAL CÍVEL requerendo desde já sua admissão eremessa ao Colendo STJ.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Ubá, 08 de setembro de 2015.

Botelho & Balzanello – Advogados Associados.

OAB/MG – xxx.xx

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RAZÕES RECURSAIS

COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RECURSO ESPECIAL

AUTOS Nº. 1.0600.13.003464-7/001

RECORRENTE: ELAYNE MARIA GOMES;

RECORRIDO: AMAPÁ EMPREENDIMENTOS LTDA;

RELATOR: DES. ROBERTO SOARES DE VASCONCELLOS PAES;

18ª CÂMARA CÍVEL – TJMG

EMINENTES MINISTROS,

O acórdão proferido pela 18ª Câmara Cível doEgrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, em julgamento deapelação cível, decisão esta que reformou parcialmente sentença de primeirograu que julgara improcedente a proposta feita pela RECORRENTE, ao manterparte da decisão proferida pelo douto juiz de primeiro grau, data maxima venia,não encontrou guarida na ordem jurídica nacional, vez que violou a lei federal,conforme se demonstrará.

1. SÍNTESE DA DEMANDA:

Inicialmente foi proposta ação monitória com baseem cheque prescrito, para se executar dívida e estabelecer claramente ostermos iniciais para a contagem dos juros moratórios e correção monetária.

O Excelentíssimo juiz da 1ª Vara Cível da Comarcade Ubá, conforme pedido da ora Recorrente em face de AMAPÁEMPREENDIMENTOS LTDA, ora requerida, julgou procedente constituindo depleno direito o título executivo judicial no valor de R$ 68.271,00 (sessenta e oitomil e duzentos e setenta e um reais), acrescido de juros de mora de 1%, a partirda data da citação, e correção monetária, devida desde a data do ajuizamentoda ação, condenando a apelada ao pagamento das custas processuais ehonorários advocatícios, estes fixados em 5% (cinco por cento) sobre valor dacondenação.

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Com base nessa r. sentença, a ora Recorrenteingressou com recurso de Apelação perante o Egrégio Tribunal de Justiça deMinas Gerais, pretendendo que os juros de mora e a correção monetáriaincidissem desde o vencimento do título, arguindo aplicar-se ao caso o caput doart. 397 do CPC.

Em decisão à respectiva Apelação, o dd. Tribunalde Justiça concedeu provimento parcial ao recurso, fixando a verba honoráriaem 10% da condenação, nos termos do art. 20, § 3 do CPC, atendendo mínimoprevisto em lei, bem como para determinar que no título constituído na Sentençaincida correção monetária, desde o seu vencimento, e por fim, mantendo adecisão inicial de que os juros moratórios seriam fixados em 1% desde acitação.

Apesar de o argumento contrariar a regra deaplicação do artigo 397, caput, do Código Civil de 2002, o colegiado do Tribunalde Minas Gerais acolheu os argumentos e manteve a sentença quanto aos jurosmoratórios.

Desta forma, a Recorrente se socorre desta altacorte, apontando a contrariedade a Lei Federal 10.406 de 2002 (Código Civil),consubstanciado no artigo 105, III, “a” e “c”, da CRFB.

2. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE:

A Colenda 18ª Câmara Cível do Tribunal “a quo”concedeu provimento parcial ao referido recurso de Apelação, decidindo que emrelação aos honorários advocatícios impugnados pela Requerente, a reforma sedeu no sentido de fixar no montante de 10% sobre o valor da condenação,conforme dispõe o art. 20, § 3 do CPC, atendendo assim, ao mínimo previsto emlei. Já com relação a Correção Monetária requerida pela ora Recorrente, o MM.Desembargador entendeu de forma correta o proposto, assim sendo de que otermo inicial deste instituto, vigorará da data do vencimento inserta no título queembasa a dívida, o que se faz justo e de acordo com entendimento destamesma Câmara, já proferido em outros casos. Em contrapartida, com relaçãoaos Juros Moratórios, fixou-se em 1% a partir da citação. Com efeito, ao analisarsobre o termo inicial dos juros de mora na cobrança de cheque prescrito poração monitória, entendeu que os juros devem ser contados da data da citação,afastando a aplicação do art. 397 do CC, por entender que uma vez prescrito otítulo perde a sua exigibilidade inicial, in verbis:

“(...) os juros de mora devem incidir a partir da citação,já que somente com este ato o devedor é constituídoem mora, em razão do disposto no artigo 405 do CC,em consonância com o art. 219 do CPC. (...) Prescrito otítulo que serve de base para a ação monitória perdeele a exigibilidade inicial e a cobrança passa a

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depender da citação válida, por isso, não é de se aplicara regra do 397 do CC, aplicável às obrigações nãoprescritas”.

Entende, contudo, a Recorrente que o v. acórdãoalém de violar o disposto no artigo 397 do CC, diverge das decisões de outrostribunais, como por exemplo, deste Colendo Superior Tribunal de Justiça, que jáse manifestou nesse sentido, proferindo o entendimento de que, havendo termocerto para o pagamento de obrigação líquida, trata-se de mora ex re e incide oart. 397 do CC, segundo o qual “o inadimplemento da obrigação, positiva elíquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor”, portanto, osjuros moratórios correm a partir da data do vencimento da dívida, e não a partirda citação como se refere o MM. Desembargador de Minas Gerais,preenchendo, portanto, os pressupostos previstos no inc. III, nas alíneas “a” e“c” do artigo, 105, da Constituição Federal Brasileira.

O cheque, apesar de prescrito, continua válido porvia de conhecimento, apenas perde-se a exigibilidade por via executiva, masnão se furta a Recorrente, do seu direito de cobrar a respectiva dívida.

Houve, assim, o devido questionamento no tocanteà correta aplicação do artigo 397 do CC, exaustivamente na apelação retro,onde se repisou que a letra da lei prevalece em face de deturpadosentendimentos, data maxima venia.

Portanto, presentes estão os requisitos deadmissibilidade do Recurso Especial, devendo ser recebido, conhecido e nomérito provido, conforme será demonstrado nas linhas a seguir.

3. DA VIOLAÇÃO DE LEI INFRACONSTITUCIONAL:

Em um simples compulsar dos autos verifica-se oerro cometido na aplicação da norma infraconstitucional ao caso concreto e daomissão na douta decisão do Egrégio Tribunal a quo. Vale frisar que não énecessária a revisão de prova, posto que as datas que constituem o marcoinicial e o final da prescrição são incontestes e não são objeto de discussãodeste recurso especial a seguir transcrita.

Os embargos de declaração e a ação de ApelaçãoCível interpostos pela Recorrente tinham como objetivo o reconhecimento damatéria apontada supra, bem como trouxe o prequestionamento quanto acorreta aplicação do artigo 397 do CC.

Portanto, não se aplica o impedimento da súmula 7deste Tribunal Superior de Justiça, qual seja: “A pretensão de simples reexamede prova não enseja recurso especial”.

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Ainda, pelo fato de já ter sido abordada a matériado presente recurso especial pelo Egrégio Tribunal do Estado de Minas Gerais,também se aplica aqui, a súmula 211 deste colendo STJ, senão vejamos:“inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição deembargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo”. No mesmosentido, aduz a súmula 282 do STF que: “é inadmissível o recursoextraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federalsuscitada”.

Outrossim, pelo que dispõe a v. súmula 356 doSTF, qual seja: “o ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostosembargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltaro requisito do prequestionamento”.

O Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais nojulgamento da apelação cível nº 1.0000.00.341823-3/001(1), da lavra doEminente Desembargador Brandão Teixeira, deixou, assim, consignado:

EMENTA: EMBARGOS DECLARATÓRIOS. AUSÊNCIADE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE.PRETENSÃO DE ATENDIMENTO DO REQUISITO DO"PREQUESTIONAMENTO". Diz-se que determinadamatéria foi "prequestionada" quando o Órgão julgadoradotou entendimento explícito a respeito dedeterminado tema, sobre o qual se limitará oconhecimento dos recursos às instâncias superiores.Por isto, se a parte argúi determinado tema em seuapelo e o acórdão sobre ele se omite, incumbe à parteprotocolar embargos declaratórios, o que passa aconstituir verdadeiro ônus processual, sob pena de nãoconhecimento do recurso, a teor das Súmulas n. 282 e356, do Excelso STF e, mais recentemente, da Súmula211, do Eg. STJ. – Grifo nosso.

No entanto, os embargos de declaração opostospela Recorrente em face do Acórdão preferido pelo colegiado Tribunal, não foienfrentado o artigo prequestionado de forma correta e límpida, cuja afronta aodispositivo de lei restou omissa, uma vez que já se tem entendimento basilarsobre o assunto em julgados deste nobre Superior Tribunal de Justiça,resultando assim, em notório prejuízo a ora Recorrente.

O Supremo Tribunal Federal, guardião da ordemconstitucional (Constituição, art. 102, caput) há muito interpretou o alcance dagarantia da defesa plena, nela incluído o direito assegurado à parte de ver seusargumentos considerados. É ver o voto paradigma do Min. Gilmar Mendes noMandado de Segurança nº 24.268-MG: “Tenho enfatizado, relativamente aodireito de defesa, que a Constituição de 1988 (art. 5º, LV) ampliou o direito dedefesa, assegurando aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aosacusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos aela inerentes. E prossegue: Assinale-se, por outro lado, que há muito vem a

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doutrina constitucional enfatizando que o direito de defesa não se resume a umsimples direito de manifestação no processo. Efetivamente, o que o constituintepretende assegurar – como bem anota Pontes de Miranda – é uma pretensão àtutela jurídica (Comentários à Constituição de 1967/69, tomo V, p. 234).

Nestes termos, se tem por afrontado o artigo 535, Ido CPC e o artigo 397 do CC, devendo ser, outrossim, cassado o acórdão dotribunal a quo para que outro seja proferido em seu lugar com base tão somenteno julgamento juntado oportuna e tempestivamente.

Desta feita, faz-se claramente presente oprequestionamento já realizado da matéria federal suscitada, onde podemosvislumbrar a necessidade deste Recurso Especial, a fim de que tal omissão edivergência nos entendimentos jurisprudenciais possam ser devidamentesolucionados e que a justiça seja aplicada visando o melhor para a práticaforense brasileira.

Feitas tais considerações, passo a analisar asdivergências existentes nos Tribunais nacionais quanto a matéria que trata esteRecurso:

Como se disse acima, no julgamento de ApelaçãoCível, o eminente Relator assim deixou consignado:

“O termo inicial dos juros de mora deve incidir apartir da citação, já que somente com este ato o devedor é constituído em mora,em razão do disposto no artigo 405 do Código Civil de 2002, em consonânciacom o art. 219, do CPC. A respeito dos efeitos da citação: 1. Efeitos materiais dacitação – A citação válida produz os seguintes efeitos de direito material:constitui em mora o e devedor, interrompe a prescrição e obsta a decadência(CPC 220).”

“Prescrito o título que serve de base para a açãomonitória perde ele a exigibilidade inicial e a cobrança passa a depender dacitação válida, por isso, não é de se aplicar a regra do art. 397, do CCB,aplicável às obrigações não prescritas. Em caso análogo, a câmara assimdecidiu:”

“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA.CHEQUES PRESCRITOS. INTERESSE DE AGIRCONFIGURADO. JUROS ABUSIVOS. AUSÊNCIA DEPROVA. ÔNUS DO RÉU. JUROS E CORREÇÃOMONETÁRIA. TERMO INICIAL. 1 – Á luz dos arts.1.102-A e 1.102-B do CPC, impõe-se ao Autor da açãomonitória a apresentação de documento escrito semeficácia de título executivo, apto s formar oconvencimento do juiz acerca da probabilidade dodireito alegado, a fim de que se determine a expediçãode mandado de pagamento ou entrega da coisa, noprazo de 15 dias. 2 – O cheque constitui título de créditodotado de autonomia e abstração, não se exigindo

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demonstração de sua origem para sua cobrança, sendocerto que, se a discussão da origem do crédito veio àbaila com as alegações do réu caberia a ele acomprovação do negócio jurídico que deu causa aostítulos de crédito cobrados e de sua ilicitude ouabusividade. 3 – Em se tratando de ação monitória paracobrança de cheques prescritos, a correção monetáriadeve incidir a partir da data de vencimento dos títulos, eos juros de mora a partir da citação. (TJMG – ApelaçãoCível 1.0155.07.014114-0/001, Relator(a): Des. JoãoCancio, 18ª Câmara Cível, julgamento em 09.07.2013,publicação da súmula em 15.07.2013).”

“Assim, não merece reparo o comando sentencialque determinou a incidência dos juros de mora de 1% somente a partir dacitação. Contudo, no que se refere a correção monetária, será devida desde ovencimento do título. (...)”.

Calha destacar que o entendimento do TJ de MGestá equivocado, pois quando a obrigação tem vencimento certo a mora dodevedor se inicia imediatamente no vencimento do título, assim como dispostono "caput" do art. 397, o fato de ter prescrito a ação de execução é matéria deordem processual e não interfere no direito material. Diante disto, é oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, que trouxe também oExcelentíssimo Desembargador Relator Roberto Soares de Vasconcellos Paes:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL, COMERCIAL EPROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUESPRESCRITOS. TERMO INICIAL DOS JUROS DEMORA. 1. Ação monitória ajuizada para cobrança decheques prescritos, ensejando controvérsia acerca dotermo inicial dos juros de mora. 2. Recenteenfrentamento da questão pela Corte Especial do STJ,em sede de embargos de divergência, com oreconhecimento da contagem a partir do vencimento,em se tratando de dívida líquida e positiva. 3. "Emborajuros contratuais em regra corram a partir da data dacitação, no caso, contudo, de obrigação contratadacomo positiva e líquida, com vencimento certo, os jurosmoratórios correm a partir da data do vencimento dadívida. O fato de a dívida líquida e com vencimentocerto haver sido cobrada por meio de ação monitórianão interfere na data de início da fluência dos juros demora, a qual recai no dia do vencimento, conformeestabelecido pela relação de direito material." (EREsp1.250.382/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, CORTEESPECIAL, julgado em 02/04/2014, DJe 08/04/2014) 4.Pequena alteração na conclusão alcançada pela CorteEspecial por se estar diante de dívida representada emcheques, atraindo a incidência do art. 903 do CCB c/c52, II, da Lei 7357/85, que disciplinam o 'dies a quo'

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para a contagem dos juros legais. 5. Termo inicial dosjuros de mora fixado na data da primeira apresentaçãodos títulos para pagamento. 6. RECURSO ESPECIALPARCIALMENTE PROVIDO. (REsp 1357857/MS, Rel.Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,TERCEIRA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe04/11/2014).

Isto posto, verifica-se a incongruência do colendoTribunal de Justiça de Minas Gerais, ao decidir pelo termo inicial dos juros demora a partir da citação, e contrário ao entendimento do STJ, conforme jádemonstrado.

O presente recurso não requer o reexame deprova, repita-se, mas tão somente que seja verificada a correta aplicação dodispositivo 397 do Código Civil, consubstanciado no artigo 105, III, “a” e “c”, daCRFB, conforme será exaustivamente explicado.

Diante dessas considerações, entende aRecorrente que o e. Tribunal “a quo” ao decidir pela incidência dos jurosmoratórios a partir da citação, violou o disposto no art. 397 do CC.

Por todo o exposto, requer a reforma do acórdãoexarado pelo Tribunal de Minas Gerais, para que seja aplicada corretamente anorma e reformado o r. Acórdão no sentido de considerar o termo inicial dosjuros de mora da data do vencimento do título, conforme didaticamentedemonstrado.

4. DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL:

Os arestos apontados como paradigmas nesterecurso foram retirados do repositório oficial:

http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=recurso+especial+1357857+ministro+paulo+sanseverino&&b=ACOR&p=false&l=10&i=2

4.1- ARESTO PARADIGMA:

Na cobrança judicial de cheque, o termo inicial daincidência de juros seria do vencimento do título. Nesse sentido, a propósito, háfarta jurisprudência, como entende o STJ:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL, COMERCIAL EPROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUESPRESCRITOS. TERMO INICIAL DOS JUROS DE

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MORA. 1. Ação monitória ajuizada para cobrança decheques prescritos, ensejando controvérsia acerca dotermo inicial dos juros de mora. 2. Recenteenfrentamento da questão pela Corte Especial doSTJ, em sede de embargos de divergência, com oreconhecimento da contagem a partir dovencimento, em se tratando de dívida líquida epositiva. 3. "Embora juros contratuais em regracorram a partir da data da citação, no caso,contudo, de obrigação contratada como positiva elíquida, com vencimento certo, os juros moratórioscorrem a partir da data do vencimento da dívida. Ofato de a dívida líquida e com vencimento certohaver sido cobrada por meio de ação monitória nãointerfere na data de início da fluência dos juros demora, a qual recai no dia do vencimento, conformeestabelecido pela relação de direito material."(EREsp 1.250.382/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,CORTE ESPECIAL, julgado em 02/04/2014, DJe08/04/2014) 4. Pequena alteração na conclusãoalcançada pela Corte Especial por se estar diante dedívida representada em cheques, atraindo a incidênciado art. 903 do CCB c/c 52, II, da Lei 7357/85, quedisciplinam o 'dies a quo' para a contagem dos juroslegais. 5. Termo inicial dos juros de mora fixado na datada primeira apresentação dos títulos para pagamento.6. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.(STJ - REsp: 1357857 MS 2012/0260824-6, Relator:Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data deJulgamento: 23/10/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Datade Publicação: DJe 04/11/2014). – Grifo nosso.

Do mesmo modo, o Tribunal de Justiça do RioGrande do Sul - TJ/RS asseverou, indicando que a correção monetária (simplesatualização da moeda aviltada pela inflação) e os juros (constituição da moradesde o inadimplemento, independentemente da interpelação judicial ouextrajudicial para dívidas decorrentes de títulos de crédito) devem fluir da datade vencimento dos cheques, sob pena de injustificável enriquecimento dodevedor.

Nestes termos deram provimento ao recurso, inverbis:

TJ-RS - Apelação Cível - 70027146133 - 18/06/2009Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul - TJ/RS -(Data da Decisão: 18/06/2009 Data dePublicação: 23/06/2009). Espécie: Apelação Cível.Relator(a):Marco Aurélio dos Santos Caminha.Ementa: AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE PRESCRITO.TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA DA CORREÇÃOMONETÁRIA E DOS JUROS DE MORA. A correçãomonetária incide a partir do vencimento da dívida e nãoda citação, já que é uma forma de atualização damoeda e não um "plus" que se agrega ao valor

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principal. Da mesma forma, os juros moratóriosincidem a contar do vencimento da dívida, eis quenas obrigações líquidas e positivas o simplesinadimplemento constitui o devedor em mora,independentemente da interpelação judicial ouextrajudicial (artigo 397 do Código Civil). Apelaçãoprovida. (Apelação Cível Nº 70027146133, DécimaSexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:Marco Aurélio dos Santos Caminha, Julgado em18/06/2009). – Grifo nosso.

4.2 – DECISÃO DO TRIBUNAL “A QUO”:

Há divergência jurisprudencial entre a decisão doacórdão paradigma e do acórdão recorrido, isto porque, o Tribunal a quo decidiudivergentemente, assinalando que os juros de mora com base em chequesprescritos, devem ser contados a partir da citação válida do devedor, afastandoa aplicação do art. 397 do CC, por entender que “uma vez prescrito o títuloperde a sua exigibilidade inicial”. Senão, vejamos:

“O termo inicial dos juros de mora deve incidir apartir da citação, já que somente com este ato odevedor é constituído em mora, em razão do dispostono artigo 405 do Código Civil de 2002, em consonânciacom o art. 219, do CPC. A respeito dos efeitos dacitação: 1. Efeitos materiais da citação – A citaçãoválida produz os seguintes efeitos de direito material:constitui em mora o e devedor, interrompe a prescriçãoe obsta a decadência (CPC 220). Prescrito o títuloque serve de base para a ação monitória perde ele aexigibilidade inicial e a cobrança passa a dependerda citação válida, por isso, não é de se aplicar aregra do art. 397, do CCB, aplicável às obrigaçõesnão prescritas”. – Grifo nosso.

Nobres Ministros, a divergência jurisprudencial éinconteste, principalmente no ponto que trata da aplicação do art. 397 do CC,referente ao termo inicial da contagem dos juros moratórios, que de acordo comos Arestos Paradigmas são da data do vencimento do título, e segundo oTribunal de Minas Gerais que aqui recorremos, entende pela data da citaçãoválida.

Em síntese, embora o tema não esteja próximo deum consenso, mostra-se mais coerente o entendimento firmado no sentido emque se posicionou o STJ, que é da data do vencimento do título.

Eis a divergência.

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5. DO PEDIDO RECURSAL:

Diante destas considerações, requer o recebimentoe admissão do presente recurso para declarar a violação do artigo 397 do CC eo art. 535, II do CPC, com a existência de divergência jurisprudencial,reformando o v. acórdão de origem para que se considere o termo inicial paracontagem dos juros de mora, a partir da data do vencimento do título.Fazendo isto esse c. Tribunal renovará seus propósitos de distribuir a tãoalmejada Justiça!

Requer a vossas excelências que reformem ovenerando acórdão, a fim de que os juros de mora sejam aplicados desde ovencimento do título.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Ubá, 08 de setembro de 2015.

Botelho & Balzanello – Advogados Associados

OAB/MG xxx.xx