recuperaçãorecuperação e falência.pdf e falência

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1 Recuperação e Falência www.direitomackenzie.com.br 1 RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA Anotações de sala de aula de Ronaldo Medeiros A leitura das anotações de sala de aula NÃO deve substituir o estudo dos livros constantes na bibliografia indicada pelos professores. Prof. Manoel Justino Bezerra Filho Começa a aula exatamente às 21h40min. Deixa entrar a qualquer momento, pois considera que é muito importante o aluno assistir a aula. Lei 11.101/2005 Múltipla Escolha: 2 (duas) questões de múltipla escolha valendo 0,1 cada. Serão mais ou menos 6 ou 7 vezes. Acrescentará os pontos à nota da primeira prova, até o limite de nota 8,0. Consulta livre na prova. Bibliografia: livros 6 (Fabio Ulhoa Coelho), 24 e 25. Também o livro 3 (do próprio professor). 10/02/2009 Ubi societas, ibi jus Com a sociedade, surge a propriedade. O homem começa a trocar o excedente, troca o que tem em excesso por aquilo que precisa. Com as trocas surge a moeda. Com o esquema de trocas um homem acaba devendo ao outro (débito e crédito). Surgem os sistemas de cobrança. Com o Código de Hamurábi, o devedor responde com o seu corpo. E se o devedor não tivesse mais aquela parte do corpo? Seria uma situação semelhante à falência. Na lei das XII tábuas, temos uma situação que se assemelha à falência. Depois do terceiro dia de feira, se não conseguisse vender o devedor, dividia-se o corpo do devedor em tantos pedaços quanto fossem os credores. Em comum entre o Código de Hamurábi e a Lei das XII tábuas temos a cobrança da dívida através do corpo do devedor. Surge, então, a Lex Poetelia Papiria. Deixou-se de executar a cobrança pelo corpo do devedor e passou-se a executar a cobrança sob o patrimônio do devedor. Foi um salto qualitativo no pensamento da humanidade. O Direito Romano não se preocupou com o Direito Comercial. Para os romanos, importava apenas o Direito Civil. Até que cai o Império Romano. Na Europa surge o feudalismo. Dentro do sistema feudal começa a surgir a necessidade de troca dos excedentes. Embora o feudo seja fechado, surge a necessidade de troca de produção. Começam as feiras medievais, e daí, as grandes cidades comerciais. Passo a ter uma sociedade que não havia antes, uma sociedade que requer regras de direito comercial. O formalismo do direito romano não prestava para o direito comercial, ele precisava ser mais rápido, dinâmico, menos formal. Nas feiras existiam bancas. Surge a letra de câmbio. Se o banqueiro ficasse sem dinheiro para pagar, quebravam sua banca (banca rota). Dessa idéia é que começa a idéia de bancarrota, de falência do direito brasileiro. Em 1805 temos o Código Civil Francês. Napoleão dizia que todo falido devia ser morto. No Brasil, surge em 1850 o Código Comercial, e ele não vê a falência como um crime. O decreto- lei 7.661, de 21.06.1945, foi revogado pela lei 11.101/2005. A realidade de 1945 era bem diversa da realidade atual. A lei de 1945 via a falência como um remédio ao empresário que não se deu bem. Se a empresa estava em crise, decretava-se logo a falência, juntava o que ainda tinha e pagava os credores. Já a lei de 2005 pensa que, se a sociedade está em crise, dê uma chance de recuperação, pois ela tem um

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Resumo de Recuperação e Falência

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    Recuperao e Falncia

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    RECUPERAO E FALNCIA Anotaes de sala de aula de Ronaldo Medeiros A leitura das anotaes de sala de aula NO deve substituir o estudo dos livros constantes na bibliografia indicada pelos professores. Prof. Manoel Justino Bezerra Filho

    Comea a aula exatamente s 21h40min. Deixa entrar a qualquer momento, pois considera que muito importante o aluno assistir a aula. Lei 11.101/2005 Mltipla Escolha: 2 (duas) questes de mltipla escolha valendo 0,1 cada. Sero mais ou menos 6 ou 7 vezes. Acrescentar os pontos nota da primeira prova, at o limite de nota 8,0. Consulta livre na prova. Bibliografia: livros 6 (Fabio Ulhoa Coelho), 24 e 25. Tambm o livro 3 (do prprio professor). 10/02/2009

    Ubi societas, ibi jus Com a sociedade, surge a propriedade. O homem comea a trocar o excedente, troca o que tem

    em excesso por aquilo que precisa. Com as trocas surge a moeda. Com o esquema de trocas um homem acaba devendo ao outro (dbito e crdito). Surgem os sistemas de cobrana.

    Com o Cdigo de Hamurbi, o devedor responde com o seu corpo. E se o devedor no tivesse mais aquela parte do corpo? Seria uma situao semelhante falncia.

    Na lei das XII tbuas, temos uma situao que se assemelha falncia. Depois do terceiro dia de feira, se no conseguisse vender o devedor, dividia-se o corpo do devedor em tantos pedaos quanto fossem os credores.

    Em comum entre o Cdigo de Hamurbi e a Lei das XII tbuas temos a cobrana da dvida atravs do corpo do devedor. Surge, ento, a Lex Poetelia Papiria. Deixou-se de executar a cobrana pelo corpo do devedor e passou-se a executar a cobrana sob o patrimnio do devedor. Foi um salto qualitativo no pensamento da humanidade.

    O Direito Romano no se preocupou com o Direito Comercial. Para os romanos, importava apenas o Direito Civil. At que cai o Imprio Romano. Na Europa surge o feudalismo. Dentro do sistema feudal comea a surgir a necessidade de troca dos excedentes. Embora o feudo seja fechado, surge a necessidade de troca de produo. Comeam as feiras medievais, e da, as grandes cidades comerciais.

    Passo a ter uma sociedade que no havia antes, uma sociedade que requer regras de direito comercial. O formalismo do direito romano no prestava para o direito comercial, ele precisava ser mais rpido, dinmico, menos formal.

    Nas feiras existiam bancas. Surge a letra de cmbio. Se o banqueiro ficasse sem dinheiro para pagar, quebravam sua banca (banca rota). Dessa idia que comea a idia de bancarrota, de falncia do direito brasileiro.

    Em 1805 temos o Cdigo Civil Francs. Napoleo dizia que todo falido devia ser morto. No Brasil, surge em 1850 o Cdigo Comercial, e ele no v a falncia como um crime. O decreto-

    lei 7.661, de 21.06.1945, foi revogado pela lei 11.101/2005. A realidade de 1945 era bem diversa da realidade atual. A lei de 1945 via a falncia como um remdio ao empresrio que no se deu bem. Se a empresa estava em crise, decretava-se logo a falncia, juntava o que ainda tinha e pagava os credores. J a lei de 2005 pensa que, se a sociedade est em crise, d uma chance de recuperao, pois ela tem um

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    papel social importante. A idia manter a empresa funcionando, mantendo os empregos e pagando os credores.

    A lei de 2005 sofreu uma srie de influncias. Quem conseguiu influenciar mais diretamente foi o sistema bancrio. H diversos artigos que favorecem o capital financeiro e prejudicam os demais setores.

    12/02/2009 Decreto-Lei 7.661, de 21/06/1945 Lei 11.101, de 09/02/2005

    Falncia Falncia Concordata Preventiva Recuperao Judicial Concordata Suspensiva ?????

    ????? Recuperao Extrajudicial

    A falncia ocorre em juzo. Vejamos em termos gerais a falncia. A falncia um procedimento complexo, pois envolve diversos interesses. 3 Rios. So as 3 linhas do esquema de falncia. Rio Principal: sociedade empresria ABC deve para determinada pessoa R$100 mil. O credor

    leva o ttulo a protesto. Este credor leva a juzo uma petio inicial de decretao de falncia da sociedade ABC. O juiz manda citar o devedor. O devedor se defende. O juiz, ento, decreta a falncia da sociedade ABC. Ele ir, primeiro, mandar lacrar a empresa. Ir arrecadar os bens da sociedade empresria. Arrecadado os bens, temos o que se chama massa falida - reunio de todos os bens, que sero avaliados e transformados em dinheiro. Distribui-se aos credores o valor arrecadado. O juiz d a sentena de encerramento, Depois, a sentena de extino das obrigaes. Com a sentena de extino das obrigaes termina o procedimento de falncia.

    Rio das Habilitaes. H um momento no processo que o juiz manda comunicar que est aberto o

    prazo para habilitao dos credores. Cada credor vai l e se habilita. Jos vai l e diz que tem R$20 mil a receber. A lei diz para autuar aquela habilitao. As habilitaes dos credores foram o Rio das Habilitaes. Ser julgado se o credor tem direito mesmo quela quantia. Pode verificar que no tinha direito, ou que o valor que tinha direito era inferior, por exemplo.

    H um momento em que o juiz manda fazer o Quadro Geral de Credores. Feito o quadro geral de credores, voc paga aquilo que for possvel com o dinheiro arrecadado. O crdito pago por ordem de classificao por rateio (trabalhista credor com garantia real fisco).

    Rio Criminal. Em determinado momento o juiz tira cpia do processo, manda para o MP, que

    instaura um inqurito. H um promotor do MP que atua junto com a vara de falncias. Se o promotor entender que no existe crime, pede o arquivamento ou o apensamento (apensamento fsico dos autos do inqurito aos autos principais). Se entender que existe crime, apresenta a denncia e o que era inqurito se transforma em processo crime ou ao penal.

    17/02/2009 Anlise do esquema da falncia, com seus 3 rios.

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    Relatrio do art. 22, III, e): quando o juiz decreta a falncia, nomeia o administrador judicial, que

    em determinados momentos faz relatrio (resumo do que aconteceu at o momento). Arrecadao (art. 108), restituies (art. 85), soluo de contratos (art. 117), compensaes (art.

    122), revocatria (art. 129) so incidentes que ocorrem no decorrer do processo, que no tem momento exato para acontecer.

    O quadro-geral de credores o resultado do rio das habilitaes. A prestao de contas mais ou menos como o relatrio. Se a prestao de contas indicar que

    houve desvio de dinheiro, o juiz ir destituir o administrador, process-lo criminalmente, e constituir outro administrador.

    O juiz examina o relatrio final, todos os credores examinam o relatrio final e, estando tudo certo,

    chega-se sentena de encerramento da falncia. uma sentena de natureza exclusivamente processual, ela extremamente simples. Embora se chame sentena de encerramento, ela no pe fim falncia.

    Suponha que, aps a sentena de encerramento, descobrem um bem fraudulentamente desviado. Entra com ao revocatria para trazer novamente este bem para a massa falida, efetua a arrecadao dele, vende, transforma em dinheiro, paga os credores, e assim segue o rio principal novamente, at chegar na sentena de encerramento, onde ser emitida nova sentena.

    No momento em que transita em julgado a sentena de encerramento, cinco caminhos se abrem

    para chegar sentena de extino. Questo possvel para a prova (mais ou menos assim): Um cliente entra no seu escritrio e pede para voc dar um jeito de pegar um bem que ele

    descobriu, para arrecadar e ele receber sua parte. A sentena de extino j foi declarada. Qual medida voc, como advogado, tomar para satisfazer seu cliente da melhor forma?

    Voc informa que nenhuma ao pode ser ajuizada tendo em vista que no h mais credores,e, no havendo mais credores, todas as obrigaes esto extintas.

    Tempus omnia soluit : o tempo tudo resolve Rio das habilitaes O juiz abre o prazo para homologaes. Ao fim do prazo, no havendo impugnao, o juiz

    homologa o quadro geral de credores. Normalmente no o que ocorre. Havendo impugnao, h o procedimento, o juiz julga e homologa, ento, o quadro geral de credores.

    Rio Penal O arquivamento chamado de apensamento. Os 3 rios correm simultaneamente. Falncia : comea e termina em juzo; juiz no pede colaborao do devedor Recuperao Judicial: comea e termina em juzo; devedor vai a juzo, expe situao de crise

    econmico-financeira recupervel, e prope a oportunidade de apresentar um plano de recuperao judicial a seus credores; o juiz dar prazo de 60 dias; o plano de recuperao exclui bancos com garantia e credores fiscais, e inclui todos os outros credores; na assemblia de credores, se a maioria dos credores discordar, o juiz decreta a falncia; se a maioria dos credores concordar, o plano de recuperao judicial aceito.

    Recuperao Extrajudicial: comea necessariamente fora de juzo, e pode terminar fora de juzo ou em juzo; aqueles credores que a lei exclui da recuperao judicial tambm no podem ser includos na

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    recuperao extrajudicial. Tambm no podem ser includos na recuperao extrajudicial credores trabalhistas. Dos credores que sobraram, eu proponho a recuperao a quem eu quiser. Se eles aceitarem, posso prosseguir com o plano extrajudicialmente ou levar a juzo para homologao.

    19/02/2009 Esquema da Recuperao Judicial Quem pede recuperao judicial o devedor. Quadro 4: Suponha que o advogado esqueceu de juntar a procurao no pedido inicial. Juiz dar

    prazo para regularizar. Se no regularizar, o pedido ser indeferido. A falncia no pode ser decretada nessa hiptese.

    Quadro 2: O pedido est em condies de ser deferido. O juiz defere o processamento. Ainda no

    foi analisado o plano de recuperao. Quadro 3: Depois do juiz deferir o processamento (quadro 2), o devedor s poder desistir se

    houver a concordncia de todos os credores. Se no houver concordncia de todos, o devedor dever prosseguir com o pedido de recuperao, pois, se no prosseguir, o juiz decretar a falncia.

    Quadro 8: O juiz no avalia o plano, no diz se o plano bom ou se ruim. Se no houver

    objeo, vai para o quadro 14. Quadro 9: A assemblia pode tomar 4 (quatro) decises: a) Acata as objees e rejeita o plano, encaminha a ata para o juiz, no que o juiz ir decretar a

    falncia; b) Assemblia rejeita as objees e acata o plano, encaminha a ata para o juiz, no que o juiz ir

    conceder a recuperao; c) Credores decidem modificar o plano, e o devedor concorda com a alterao. Apresentam o

    novo plano ao juiz, que concede a recuperao. d) Em princpio o juiz est vinculado deciso da assemblia de credores. Mas, se a rejeio do

    plano for por uma diferena muito pequena, o juiz pode ignorar a rejeio e conceder a recuperao.

    Quadro 16: processo fica sob fiscalizao do juiz por 2 (dois) anos. Se durante esse tempo houver

    descumprimento, o juiz decreta a falncia. Se cumprir tudo, o juiz encerra o processo. Se houver prestaes vincendas, so ttulos lquidos e certos. Se no forem pagos, o credor poder requerer a falncia numa outra ao.

    Quadros mais importantes do esquema de recuperao judicial: Quadro 2: juiz defere o processamento; Quadro 8: juiz manda publicar edital para objees; Quadro 14: juiz concede a recuperao.

    26/02/2009 Anlise da Lei 11.101/05 Lei de Recuperao e Falncia

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    Art. 1 j est estabelecendo que essa lei se destina ao empresrio e sociedade empresria.

    Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperao judicial, a recuperao extrajudicial e a falncia do empresrio e da sociedade

    empresria, doravante referidos simplesmente como devedor.

    Analisando a contrrio senso, quem no for empresrio nem sociedade empresria, a lei no se aplica. Ou seja, no se aplica a fundao, partido poltico, sociedade simples etc.

    A pessoa natural no pode ter a falncia decretada. O empresrio individual uma pessoa natural, mas a lei se aplica a ele no por ser pessoa natural, mas por ser empresrio.

    Definio de empresrio: art. 966 CC Definio de Sociedade empresria: art. 982 CC. O art. 2 exclui especificamente determinado tipo de pessoa.

    Art. 2o Esta Lei no se aplica a:

    I empresa pblica e sociedade de economia mista; II instituio financeira pblica ou privada, cooperativa de crdito, consrcio, entidade de previdncia complementar, sociedade operadora de plano de assistncia sade, sociedade seguradora, sociedade de capitalizao e outras entidades

    legalmente equiparadas s anteriores.

    Para empresa pblica (ex: CDHU, Correios) e sociedade de economia mista (ex: Petrobrs e Banco do Brasil) a lei no se aplica. Empresa pblica e sociedade de economia mista no pode pedir recuperao e no pode ter falncia decretada (em tese).

    O inciso II contm uma relao de quem no pode pedir recuperao judicial e que no pode ter a falncia decretada em tese. Instituies financeiras, por exemplo.

    No caso das instituies financeiras, a Lei 6.024/74 diz que o Banco Central pode nomear interventor para tentar sanear a instituio financeira. No conseguindo sanear, ser decretada a liquidao extrajudicial. O Banco Central pode autorizar o interventor a pedir a falncia. Se a falncia for decretada, a partir do momento da decretao da falncia seguir a lei 11.101/05. Portanto, o caminho seguido para a falncia de uma instituio financeira diferente do estabelecido na Lei 11.101/05.

    O art. 3 traz o problema da competncia. No caso da falncia, competente o juzo do local do

    principal estabelecimento. Art. 3o competente para homologar o plano de recuperao extrajudicial, deferir a recuperao judicial ou decretar a

    falncia o juzo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

    Se a pessoa possui apenas um estabelecimento, fcil, pois ser competente o juzo da localidade onde fica o estabelecimento. E se ele possuir vrios estabelecimentos, um em cada cidade? Para saber onde iremos requerer a falncia, devemos determinar qual o principal estabelecimento do devedor. um conceito mais econmico do que jurdico. O principal estabelecimento aquele em que o comerciante exerce mais atividade mercantil e, portanto, mais expressivo em termos comerciais.

    E se eu quiser pedir a falncia das Casas Pernambucanas, como saber qual o principal estabelecimento? No tenho como saber qual a loja que vende mais. No contrato social das Casas Pernambucanas est escrito que a matriz fica em Paulista-PE. Neste caso, irei requerer l. Neste caso, o conceito jurdico prevalece sobre o conceito econmico.

    Competncia territorial normalmente relativa. No entanto, aqui temos uma exceo. Embora a competncia para o decreto de falncia se fixe em razo do territrio, aqui ela uma competncia absoluta.

    Fixei o primeiro aspecto de competncia.O 8 do artigo 6 diz que ser prevento para qualquer

    outro pedido de falncia daquele mesmo devedor o juzo que recebeu a distribuio do primeiro pedido. 8o A distribuio do pedido de falncia ou de recuperao judicial previne a jurisdio para qualquer outro pedido de

    recuperao judicial ou de falncia, relativo ao mesmo devedor.

    Em So Paulo temos duas varas de falncia. O primeiro pedido de falncia ser distribudo eletronicamente para uma das duas varas. A partir do segundo pedido, ele obrigatoriamente dever ser distribudo para esta mesma vara, pois o juiz se tornou prevento devido ao Art. 6, 8.

    Juzo universal da falncia: no h juzo universal da recuperao. A falncia, sim.

    Art. 76. O juzo da falncia indivisvel e competente para conhecer todas as aes sobre bens, interesses e negcios do falido,

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    ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas no reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte

    ativo.

    H um princpio de competncia universal no juzo da falncia. O juzo da falncia competente para tudo, desde que no seja exceo.

    03/03/2009 O art. 76 fala da competncia universal do juzo da falncia. O juzo da falncia competente

    para tudo, exceto para as excees. O juzo na falncia no competente para as causas trabalhistas. Se o juiz da falncia no

    competente para causa trabalhista, a ao trabalhista continua tramitando normalmente at transitar em julgado. Transitado em julgado, o autor da ao trabalhista ser credor na falncia na quantia que a deciso da sentena trabalhista determinou. O credor trabalhista ser habilitado na falncia para tentar receber aquela quantia.

    Par conditio creditorum: princpio que deve ser seguido na falncia em que os credores dever ser

    tratados de forma igual. Se uma pessoa tinha ao transitada em julgado para receber 20 milhes (ttulo lquido e certo), dever levar a sentena ao juzo da falncia para ser habilitado. Estar em igualdade de condies com os demais credores. A execuo fica suspensa.

    E se enquanto Joo da Silva est tocando o processo trabalhista, que leva uns sete anos, o juzo da falncia efetuar a distribuio do que foi arrecadado? Para isso existe o princpio da reserva. Joo da Silva leva ao juzo da falncia sua ao trabalhista mostrando quanto ter a receber caso vena a ao, e o juiz reservar aquela quantia dentre os crditos trabalhistas.

    O juiz da falncia tambm no competente para as causas fiscais. O credor fiscal dever

    suspender a execuo e se habilitar para receber na falncia. O juiz da falncia tambm no competente para as causas no reguladas na lei de falncias

    em que o falido for autor. Ex: Sujeito bate o caminho no veculo do falido. O falido entra com uma ao contra o dono do caminho. O juiz da falncia no ser competente para esta ao, pois acidentes de automveis no esto previstos na lei de falncias. Numa hiptese contrria, em que o falido bate, comete um acidente de trnsito em que culpado, a pessoa que sofreu o acidente pode entrar com uma ao contra o falido, e o far na vara de falncias porque o falido ru neste caso.

    Ao revocatria a ao que o falido entra contra terceiro para trazer de volta algum bem

    desviado fraudulentamente. Ao revocatria est prevista na lei de falncias. O juiz da falncia competente para esta ao pois, embora o falido seja o autor, uma ao regulada na lei de falncias.

    Art. 76. Pargrafo nico. Todas as aes, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, tero prosseguimento com o

    administrador judicial, que dever ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo.

    Todas as aes, sem exceo, tero prosseguimento com o administrador judicial. O administrador deve ser intimado para a ao para defender os interesses da massa falida, sob pena de nulidade do processo.

    Art. 6. 1o Ter prosseguimento no juzo no qual estiver se processando a ao que demandar quantia ilquida.

    2o permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitao, excluso ou modificao de crditos derivados da

    relao de trabalho, mas as aes de natureza trabalhista, inclusive as impugnaes a que se refere o art. 8o desta Lei, sero

    processadas perante a justia especializada at a apurao do respectivo crdito, que ser inscrito no quadro-geral de credores

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    pelo valor determinado em sentena.

    O 2 do art. 6 traz uma certa competncia para o juiz de falncia em matria trabalhista. O credor trabalhista pode habilitar diretamente com o juiz de falncia. Trata-se de uma exceo da exceo. Outra exceo da exceo est no 1, que diz que ter prosseguimento no juzo no qual estiver se processando a ao que demandar quantia ilquida.

    Art. 6o Caput. A decretao da falncia ou o deferimento do processamento da recuperao judicial suspende o curso da

    prescrio e de todas as aes e execues em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do scio solidrio.

    A decretao da falncia suspende o curso de todas as aes e execues e suspende a

    prescrio. Ou seja, decretada a falncia, suspendem-se todas as aes e execues. Embora haja uma regra geral de suspenso, em caso de falncia continuam as aes de quantia ilquida, conforme o 1 do art. 6.

    Art. 6. 4o Na recuperao judicial, a suspenso de que trata o caput deste artigo em hiptese nenhuma exceder o prazo

    improrrogvel de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperao, restabelecendo-se, aps

    o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas aes e execues, independentemente de

    pronunciamento judicial.

    5o Aplica-se o disposto no 2o deste artigo recuperao judicial durante o perodo de suspenso de que trata o 4o

    deste artigo, mas, aps o fim da suspenso, as execues trabalhistas podero ser normalmente concludas, ainda que o crdito

    j esteja inscrito no quadro-geral de credores.

    Art. 6 1,4 e 5. Foi deferido o processamento, suspendem-se todas as aes e execues contra o recuperando por 180 dias. Isso ocorre porque a lei quer que a recuperao se resolva em 180 dias. Veremos isso mais adiante.

    05/03/2009 Art. 5: No so exigveis do devedor, na recuperao judicial ou na falncia as obrigaes a ttulo

    gratuito. Ex: sociedade empresria se compromete a doar todo ano R$100 mil Santa Casa. Se a sociedade empresria falir, a Santa Casa no poder se habilitar como credora.

    O que no pode ser exigido na falncia no legitima o pedido de falncia. Portanto, se a Santa Casa tiver uma nota promissria de R$100 mil referente a essa doao, ela no pode utilizar para pedir a falncia da sociedade empresria. Art. 5o No so exigveis do devedor, na recuperao judicial ou na falncia:

    I as obrigaes a ttulo gratuito; II as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperao judicial ou na falncia, salvo as custas judiciais decorrentes de litgio com o devedor.

    Art. 94, 2o Ainda que lquidos, no legitimam o pedido de falncia os crditos que nela no se possam reclamar.

    Quadro 8 art. 7 ao art. 20 Verificao e Habilitao de Crditos No importa se na falncia ou na recuperao judicial, h necessidade de saber quem so os

    credores. Tentativa de desjudicializao: no levar a juzo aquilo que no sofre pretenso resistida. Se Joo

    diz para Pedro que ele deve R$10 mil e Pedro concorda e diz que vai pagar, no h pretenso resistida. Mas se Joo diz que Pedro deve R$10 mil e Pedro diz que s deve R$5 mil e s ir pagar esta quantia, a h pretenso resistida e pode ir a juzo.

    Art. 7, 1 - 1 lista habilitao ou divergncia 15 dias Art. 7, 2 - 2 lista 45 dias 60 dias

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    Art. 8 - 10 dias impugnao 10 dias 70 dias -> Quadro Geral de Credores Art. 10 - habilitao retardatria

    O art. 7 consagra a desjudicializao. Diz que o administrador judicial quem vai verificar os

    crditos. O art. 7, 1 fala o que se chama de 1 lista. A lei estabeleceu um prazo de 15 (quinze) dias para

    apresentar ao administrador judicial suas habilitaes ou divergncias aps a 1 lista. De forma absolutamente informal eu junto os documentos e apresento ao administrador judicial. Se no o fizer no prazo de 15 (quinze) dias, terei que fazer habilitao retardatria (art. 10).

    O art. 7 2 estabelece o que se chama de 2 lista. A 2 lista ser tudo que sobrou sem impugnaes da 1 lista, mais as novas habilitaes, mais as divergncias. Apresenta a 2 lista para o juiz. O administrador tem prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a partir do final do prazo do pargrafo anterior para publicar edital com a 2 lista.

    Art. 8. Prazo de 10 (dez) dias para apresentarem impugnao contra a relao de credores da 2 lista.

    Art. 10 d as desvantagens do credor retardatrio. Dentre elas, o credor retardatrio no tem direito a voto na assemblia geral de credores, perder o direito a rateios eventualmente realizados e ficar sujeito ao pagamento de custas.

    Depois da homologao do quadro geral de credores, o credor retardatrio dever entrar com uma ao ordinria pedindo que o quadro geral de credores seja alterado para incluir seu crdito (6).

    Posso entrar com a ao ordinria para a alterao do quadro geral de credores at o final da falncia.

    Art. 18. O administrador judicial ser responsvel pela consolidao do quadro-geral de credores.

    Ir consolidar com base na relao dos credores a que se refere o art. 7o, 2o, desta Lei e nas decises proferidas nas impugnaes oferecidas. Ele vai pegar os crditos da 2 lista que no sofreram impugnao e formar o quadro geral de credores, mais as impugnaes que j estiverem resolvidas. Portanto, no 70 dia ele far o quadro geral de credores, colocando observao de que os demais credores que vierem a ser includos posteriormente (habilitaes retardatrias e impugnaes que vierem a ser resolvidas) sero includos no quadro geral de credores sem necessidade de nova homologao.

    Art. 11 a 15 contem o procedimento das impugnaes. Art. 17: da impugnao caber agravo.

    10/03/2009 Quadro 9 ao quadro 13 artigos 21 a 46 Administrador Judicial art. 21 a Comit de Credores art. 34 Assemblia Geral de Credores art. 35 a art. 46 Lembrando que estamos tratando da recuperao judicial e da falncia. No estamos tratando da

    recuperao extrajudicial neste momento. Tanto a recuperao judicial quanto a falncia, nenhum deles um processo comum. Temos um

    processo extremamente complexo porque de um lado temos o devedor, e do outro lado temos a universalidade de credores. Por isso a administrao cria algumas figuras, que podemos chamar de auxiliares do juiz. So auxiliares do juiz no andamento do processo ou na fiscalizao do processo.

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    O administrador judicial uma figura obrigatria. No vemos uma falncia ou uma recuperao judicial sem a figura do administrador judicial. uma figura imprescind~ivel. Se no meio do processo ele morre, o juiz suspende o processo e nomeia outro.

    O comit de credores e a assemblia geral de credores so opcionais. Pode haver uma recuperao judicial ou uma falncia sem o comit de credores e sem a assemblia geral de credores.

    Todas as trs figuras esto ligadas ao bom andamento do processo. Todos eles esto limitados a atuar de acordo com a lei.

    O administrador judicial est no processo para fazer com que o processo ande da melhor forma

    possvel, sem favorecer ou prejudicar ningum. Est vinculado ao bom andamento do processo como o juiz tambm est. O administrador judicial est vinculado ao juiz.

    O representante dos trabalhadores no comit de credores est vinculado ao interesse dos trabalhadores. Ele est interessado no bom andamento do processo, mas parcial. O mesmo ocorre com o representante dos bancos, por exemplo. Portanto, o representante no comit de credores est vinculado a quem o indicou.

    O participante da assemblia geral de credores est vinculado a seus prprios interesses. Quem paga o administrador judicial na recuperao judicial a prpria empresa que est em

    dificuldades financeiras. Quem paga o administrador judicial na falncia a massa falida. Quem paga o representante do comit de credores so os representados. Ningum paga o credor que vai na assemblia geral de credores, pois ele vai para defender seus

    prprios interesses. Quem nomeia o administrador judicial o prprio juiz. O juiz o nomeia, o substitui e o destitui. Quem nomeia o representante do comit dos credores a prpria classe de credores. Administrador Judicial Ao mesmo tempo em que o administrador judicial tem poderes, ele tem obrigaes, e essas

    obrigaes so pesadas. Pode haver crime de desobedincia, mas no priso administrativa, que agora est restrita ao no pagamento de penso alimentcia.

    Art. 21. Diz quem ser administrador judicial. Pode ser pessoa jurdica especializada, um

    escritrio especializado na recuperao e falncia. O art. 22 diz quais so as atribuies do administrador judicial. O inciso III, j) diz que compete ao administrador judicial requerer ao juiz a venda antecipada de

    bens perecveis. Suponha que tenha um determinado lote de remdios que vale 2 (dois) milhes e ir vencer em 3 (trs) meses. O administrador dever vender aquele medicamento para no perder aquele dinheiro. Caso no o venda, ele responder pelo prejuzo causado massa falida por culpa, conforme o art. 32.

    O juiz nomeia o administrador judicial de sua confiana ou de sua convenincia. O juiz que

    nomeia tambm o juiz que o destitui. O juiz destitui quando o administrador judicial faz coisa errada. E o juiz substitui o administrador judicial quando ele fica sem condies de exercer suas atribuies (ex: doena, morte).

    O art. 24 diz que o juiz determinar a remunerao do administrador judicial. O 1 traz um

    parmetro objetivo: o valor no poder ultrapassar 5% do valor devido aos credores na recuperao judicial e 5% do valor de venda dos bens na falncia.

    O 2 reserva 40% da remunerao do administrador judicial para pagamento no fim. A lei permite pagamento parcelado ao administrador. Comit de Credores

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    Os trabalhadores, reunidos na assemblia geral, elegem algum para represent-los no comit de credores. O juiz s ir recusar a nomeao se houver relevante motivo, caso contrrio, dever acatar a escolha.

    O art. 26 d a composio do comit de credores. As classes I, II e III do art. 41 (assemblia geral de credores) so diferentes das classes do art. 26 (comit de credores). O relator do projeto alterou o art. 41 e se esqueceu de alterar o art. 26. Por outro lado, comparando o art. 41 com o art. 26, vemos que o art. 41 abrange todos os credores, enquanto que o art. 26 deixa uma srie de credores de lado. Os doutrinadores recomendam que aguardem a alterao do art. 26 e, enquanto isso no ocorre, utilize a classe de credores do art. 41.

    12/03/2009 Prova ser dia 28/04. O art. 27 diz quais so as atribuies do comit. As atribuies so quase todas no sentido de

    fiscalizao. O membro do comit exercer suas atribuies voltado ao interesse daqueles cuja classe ele representa.

    O art. 28 confirma que o comit de credores no obrigatrio. Na sua ausncia, o administrador

    judicial ou at mesmo o prprio juiz exercer suas atribuies. O membro do comit de credores funciona quase como um advogado contratado por aquela

    classe. O que vai ser pago a ele problema de quem o indicou. Segundo o art. 29, nem o devedor na recuperao, nem a massa falida na falncia, ir remunerar o membro do comit de credores.

    O art. 30 diz quem no poder integrar o comit. No poder integrar o comit aquele que j foi

    destitudo em outra recuperao ou falncia como membro de comit (durante 5 anos ele no pode ser indicado). Tambm no podem os parentes prximos dos titulares da empresa.

    O juiz nomeia tanto o administrador judicial quanto o membro do comit. O juiz nomeia o

    administrador, e o prprio juiz quem o escolheu, e o destitui ou o substitui. J o membro do comit, a classe dos credores quem o indica para o juiz nomear. O juiz pode destituir, mas s ir nomear outro se houver indicao.

    Art 32. O administrador e os membros do comit respondero pelos prejuzos causados massa

    falida e ao devedor, tanto por culpa quanto por dolo. Art. 33. Ningum ser obrigado a aceitar ser administrador ou membro do comit. Quando

    nomeados, tem 48 horas para comparecer em juzo e assinar o termo de compromisso. Aps as 48 horas, o juiz o destituir e nomear outro (art. 34).

    Assemblia Geral de Credores Art. 35 a art. 46. O art. 35 diz quais so as deliberaes da assemblia geral de credores. Tanto na recuperao

    judicial quanto na falncia, atribuio da assemblia deliberar sobre qualquer outra matria que possa afetar os interesses dos credores. Ou seja, alm das matrias elencadas no artigo, ela pode deliberar sobre tudo o que a lei no probe se aquilo puder afetar os interesses dos credores.

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    Os art. 36 e 37 tratam da convocao da assemblia, de quem a presidir, a elaborao da ata, o envio da ata para o juiz tomar conhecimento da deliberao.

    Um caso obrigatrio de convocao de assemblia quando ocorre divergncia ou objeo ao

    plano de recuperao. Alm dela, temos outras situaes em que o juiz convoca a assemblia. A assemblia ser convocada quando a lei prev: art. 22,I,g; art. 362; art. 52 2 e 4; art. 56; art. 65; art. 72; art. 73, I; art. 99, XII; art. 145.

    A regra geral na votao que o voto ser proporcional a seus crditos. Mas h diversas

    excees, que sero examinadas na prxima aula. Art. 39. Quem tem direito a voto: 1) Quadro geral de credores 2) Art. 7, 2 - 2 lista 3) Pelo prprio devedor 1 lista Podem votar os arrolados no quadro geral de credores. Mas pode haver a convocao da

    assemblia quando ainda no temos o quadro geral de credores. No havendo quadro geral de credores, utiliza-se a relao de credores apresentada pelo administrador judicial conforme o art. 7, 2 (2 lista). No havendo a 2 lista, ser utilizada a relao apresentada pelo prprio devedor (1 lista).

    O devedor quem faz a 1 lista. Isso d margem a fraudes. Se ainda no tenho a 2 lista nem o quadro geral de credores, os credores da 1 lista quem iro votar na assemblia geral de credores. O devedor pode incluir credores fictcios na 1 lista para controlar a assemblia. Se eu sou um credor real e honesto, eu devo impedir a realizao da assemblia antes que ela ocorre, pois o art. 39 2 diz que as deliberaes da assemblia-geral no sero invalidadas em razo de posterior deciso judicial acerca da existncia, quantificao ou classificao de crditos. Eu deveria entrar com um pedido de tutela antecipada para impedir a realizao da assemblia. Mas o art. 40 diz que no ser deferido provimento liminar, de carter cautelar ou antecipatrio dos efeitos da tutela, para a suspenso ou adiamento da assemblia-geral de credores em razo de pendncia de discusso acerca da existncia, da quantificao ou da classificao de crditos. Portanto, o juiz no pode conceder liminar para impedir a realizao da assemblia, e depois de realizada, ela no pode ser invalidada. Entretanto, o juiz pode interpretar o princpio geral de direito de que o judicirio no pode convalidar atos fraudulentos. Adequando a lei ao princpio, ele ir impedir a assemblia, ou ir invalid-la caso ela seja realizada.

    A idia do legislador era de impedir que o juiz atrapalhasse a lei, e no corroborar com a fraude. Ele quis garantir a celeridade do processo.

    17/03/2009 Quadro 13. Onde est escrito nico, leia-se caput. Forma de Votao Regra Art. 38. Voto conta pelo dinheiro Geral Art. 42. Maioria 50% + 1 dos presentes Excees: 1) deliberaes sobre o plano de recuperao judicial art. 45

    2) comit de credores art. 44 3) alternativa de realizao do ativo art. 46

    Pela regra geral, conta-se os votos pelo valor dos crditos e considera-se aprovado se obtiver

    maioria simples entre os presentes. Art. 38. O voto do credor ser proporcional ao valor do seu crdito. Trata-se de uma regra geral.

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    Art. 41 Classes I trabalhistas II garantia real (normalmente bancos) III resto Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comit de Credores, somente os

    respectivos membros podero votar. Ex: na escolha do representante da classe trabalhista, somente os credores trabalhistas podem votar. O voto ser proporcional ao dinheiro, e no por cabea.

    Art. 46. A aprovao de forma alternativa de realizao do ativo na falncia, prevista no art. 145

    desta Lei, depender do voto favorvel de credores que representem 2/3 (dois teros) dos crditos presentes assemblia. Realizao do ativo vender o bem e transformar em dinheiro. O art. 145 diz que h 3 (trs) formas de realizao do ativo previstas na lei. Qualquer outra forma de realizao do ativo dever ser submetida ao voto dos credores. Sero necessrios, neste caso, 2/3 (dois teros) dos crditos que estiverem presentes na assemblia.

    Art. 45. Convoquei uma assemblia para deliberar se aceita o plano de recuperao judicial.

    Quando for examinar a proposta, ela dever ser aprovada separadamente por cada uma das classes. No caso das classes II (bancos) e III (resto), alm da maioria dos crditos, preciso tambm que haja a maioria dos votos por cabea dos credores presentes (para contrabalanar o poderio econmico). No caso da classe I (trabalhistas), a maioria simples ser por cabea (voto por cabea), independente do valor dos crditos (pois o salrio igualmente importante ao trabalhador, independente do valor).

    O 3 diz que o credor no ter direito a voto e no ser considerado para fins de verificao de quorum de deliberao se o plano de recuperao judicial no alterar o valor ou as condies originais de pagamento de seu crdito.

    Art. 43. Os scios do devedor com participao de 10% podem participar da assemblia, e no

    tem direito a voto.

    19/03/2009 Falncia Quadro 14 a quadro 17 J estudamos o art. 1, que estabelece que a falncia serve apenas para o empresrio individual

    e para a sociedade empresria. O art. 2 exclui da lei de falncias uma srie de tipos de sociedades empresrias, como os

    bancos. O art. 97, II diz que o cnjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante pode

    pedir a falncia do esplio do empresrio individual. Se for requerida a falncia do esplio e ela for decretada, os bens do esplio sero arrecadados.

    O art. 192, 4 tem uma regra de transio. Ele diz que em tal dia entrou em vigor a nova lei.

    Todos os processos que forem ajuizados daquele dia em diante estaro de acordo com a nova lei. No dia em que entrou em vigor a nova lei, havia processos de falncia em andamento. As falncias decretadas at ento seguiro at o fim a lei antiga.

    Nos requerimentos de falncia ajuizados anteriormente lei nova, que correm pela lei antiga, se vier a ser decretada a falncia, ela correr com a nova lei. O mesmo se aplica s concordatas em andamento.

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    O art. 97 diz quem pode requerer a falncia. Um dos legitimados o prprio devedor (autofalncia inciso I). A autofalncia no era muito comum, mas tende a se popularizar, segundo o professor, por estar se tornando comum a desconsiderao da personalidade jurdica.

    Acabamos de ver tambm que o cnjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante pode pedir a falncia do esplio do empresrio individual (inciso II).

    A situao mais comum o credor pedir a falncia do devedor (inciso IV). O cotista (sociedade limitada) e o acionista (sociedade annima) do devedor tambm podem pedir

    a falncia do devedor (inciso III). O cotista e o acionista precisam ser credor? No, porque se ele for credor ele se encaixa no inciso IV. O cotista pode ter interesse na decretao da falncia da sociedade empresria por ter descoberto que a administrao estava fraudulenta, e correria o risco de ser desconsiderada a personalidade jurdica da empresa, podendo atingir seus bens pessoais.

    Uma sociedade empresria que requerer a falncia de outra precisa juntar a prova de que est regularmente registrada na junta comercial (1). A lei pretende que toda sociedade empresria esteja em situao regular, e a sociedade empresria que est irregular sofre uma srie de limitaes, e uma delas no poder requerer a falncia de outra sociedade empresria.

    Um credor estrangeiro que no tiver domiclio no Brasil pode pedir a falncia do devedor, mas ele dever depositar cauo para pagamento de custas e honorrios para o caso de ser considerada improcedente a ao (2). Geralmente a cauo fixada em 20% do valor do requerimento.

    Competncia (estudada no comeo do curso) competente para decretar a falncia o juzo do principal estabelecimento do devedor (art. 3). Universalidade do juzo da falncia, fora atrativa do juiz da falncia sobre todos os processos. A preveno do juzo da falncia se verifica pela distribuio do primeiro pedido de falncia (art.

    6, 8). O primeiro artigo do captulo V (Da Falncia) o art. 75. A recuperao destina-se a preservar a

    sociedade empresria. A falncia o contrrio, o desaparecimento da sociedade empresria. Ainda assim, o art. 75 diz que a falncia, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilizao produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangveis, da empresa. Aqui se fala em preservao no da empresa, mas da atividade empresarial. A lei de recuperao e falncia visa vender tudo o que foi arrecadado de porteira fechada para um grupo financeiro, que ir pegar tudo aquilo e tentar montar o negcio novamente, contratando funcionrios e pondo a atividade em produo.

    Pargrafo nico fala da celeridade e economia processual do processo de falncia. Art. 79: o processo de falncia e os seus incidentes preferem a todos os outros.

    24/03/2009 Na pasta no centro acadmico tem a petio de falncia da VarigLog e a deciso do juiz. Quadros 18 a 22 Requerimento Inicial da Falncia A falncia comea com um pedido inicial em juzo. O art. 94 prev petio inicial de requerimento de falncia. Possui 3 (trs) tipos de petio inicial

    de requerimento de falncia. H um outro momento da lei que tambm pode conduzir ao processo de falncia, que o art. 73.

    Durante o processo de recuperao judicial, se o devedor no cumprir o plano de recuperao o juiz decretar a falncia. Convolao de falncia uma recuperao judicial que estava em andamento e, nos prprios autos da recuperao judicial, o juiz decretou a falncia (convolou a falncia).

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    O art. 105 fala da autofalncia, que o fato do prprio devedor ir a juzo e pedir a decretao de sua falncia.

    Iremos examinar as trs formas clssicas de petio inicial de requerimento de falncia. Apresentado o requerimento de falncia, comea uma fase denominada pelos autores de pr-

    falimentar. Imaginemos que o juiz decretou a falncia, ento comea a fase falimentar, ou processo de falncia propriamente dito. At a decretao de falncia pode ter variao nos procedimentos, mas aps sua decretao, o procedimento o mesmo.

    O inciso I prev o requerimento de falncia com fundamento em ttulo lquido e certo. O inciso II prev o requerimento de falncia com fundamento na execuo frustrada. O inciso III prev o requerimento de falncia com fundamento em ato de falncia. Requerimento de falncia com fundamento em ttulo lquido e certo

    Art. 94. Ser decretada a falncia do devedor que:

    I sem relevante razo de direito, no paga, no vencimento, obrigao lquida materializada em ttulo ou ttulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salrios-mnimos na data do pedido de falncia;

    Se ele deixar de pagar, h necessidade de ser por relevante razo de direito. Por exemplo, o ttulo lquido e certo era falso, por isso ele no pagou. Se no havia relevante razo de direito para ele deixar de pagar o ttulo, pode-se requerer a falncia.

    Se eu sou credor de trs ttulos, precisaria protestar os trs para requerer a falncia, ou bastaria protestar um deles? Segundo o professor, deverei protestar todos os ttulos que quiser utilizar na fundamentao do requerimento de falncia. Se no protestar um daqueles ttulos, no poderei utilizar este ttulo especfico no requerimento de falncia.

    A soma dos ttulos executivos dever ultrapassar 40 (quarenta) salrios mnimos na data do pedido da falncia. Seria o equivalente hoje a R$18.600,00. O valor do ttulo o valor de face (no inclui qualquer correo, juros ou custas). O valor do salrio mnimo o valor no dia em que entrou com o pedido de falncia.

    O art. 94, I corresponde a mais de 99% dos requerimentos de falncia. Requerimento de falncia com fundamento na execuo frustrada

    Art. 94. Ser decretada a falncia do devedor que:

    II executado por qualquer quantia lquida, no paga, no deposita e no nomeia penhora bens suficientes dentro do prazo legal;

    No momento em que o devedor citado, dever pagar, depositar ou nomear penhora bens suficientes para pagar. Se no o fizer, peo suspenso da execuo, tiro uma certido e vou requerer a falncia com fundamento no art. 94, II. No preciso protestar e no tem valor mnimo.

    Requerimento de falncia com fundamento em ato de falncia

    Art. 94. Ser decretada a falncia do devedor que:

    III pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperao judicial: a) procede liquidao precipitada de seus ativos ou lana mo de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;

    b) realiza ou, por atos inequvocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negcio

    simulado ou alienao de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou no;

    c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou no, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens

    suficientes para solver seu passivo;

    d) simula a transferncia de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislao ou a fiscalizao ou para

    prejudicar credor;

    e) d ou refora garantia a credor por dvida contrada anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraados

    suficientes para saldar seu passivo;

    f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona

    estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domiclio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;

    g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigao assumida no plano de recuperao judicial.

    Suponha que um revendedor FIAT est vendendo um carro 0km que custa R$50.000,00 por R$10.000,00. Trata-se de liquidao precipitada de ativos, certamente est vendendo seus bens para

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    desaparecer. Trata-se de ato de falncia e, quem provar possuir interesse processual e interesse econmico (credor que tiver ttulo vincendo dele), poder requerer a falncia.

    Enquanto nos incisos I e II eu no precisei provar que sou credor, aqui eu devo provar ao juiz que sou credor.

    O 1 do art. 94 diz que os credores podem reunir-se em litisconsrcio a fim de perfazer o limite

    mnimo para o pedido de falncia exigido pelo inciso I. Art. 96, 2. Com relao ao art. 94,I, se alguns ttulos forem desconsiderados, o juiz poder

    ainda assim decretar a falncia se a soma dos demais ttulos estiver acima do valor exigido pela lei. Ex: Sou credor da empresa X por trs cheques. Protesto os trs cheques e entro com pedido de

    falncia. Se for desconsiderado um dos cheques (por ser falso, por exemplo) e o valor ficar abaixo do mnimo exigido pela lei, a falncia no ser decretada. Mas, se mesmo desconsiderando o cheque o valor ficar acima do exigido pela lei, a falncia ser decretada.

    O devedor poder pleitear sua recuperao judicial desde que seja com relao aos incisos I e II do art. 94. O inciso III no permite, pois se trata de ato fraudulento.

    Art. 95. Dentro do prazo de contestao, o devedor poder pleitear sua recuperao judicial. O

    prazo de contestao no requerimento de falncia de 10 (dez) dias (art. 98). O pedido de recuperao judicial do devedor no poder ser alternativo, ou seja, ele no pode

    pedir a recuperao judicial e, ao mesmo tempo, tentar provar que o ttulo protestado que levou ao pedido de falncia falso. Ou ele pede a recuperao judicial, ou ele contesta.

    O art. 96 contm 8 (oito) incisos. Ele diz que, se ocorrer algum dos incisos (ex: pagamento da

    dvida), no ser decretada a falncia. Embora o artigo diga que se refere apenas ao art. 94,I, alguns de seus incisos se aplicam tambm aos incisos II e III. Sua relao exemplificativa, e no exaustiva.

    26/03/2009 Quadros 22 e 23 O pargrafo nico do art. 98 fala dos tipos de defesa que podem ocorrer. O devedor pode tomar 4

    (quatro) atitudes: 1) No apresenta defesa e tem a falncia decretada. 2) Recebendo a citao, o devedor vai ao frum, calcula quanto deve, deposita o valor (valor do

    dbito + juros + correo + honorrios de advogado). No apresenta defesa. A guia juntada aos autos, vai ao juiz. O juiz extingue o processo devido ao pagamento e manda levantar o crdito em favor dos credores.

    3) O devedor vem a juzo dentro do prazo da contestao, deposita o valor dentro do prazo de 10 (dez) dias e, no mesmo ato, apresenta contestao. Esse depsito no para o pagamento, o chamado depsito elisivo. O depsito elisivo afasta (elide) a possibilidade de decretar a falncia. Ex: devedor deposita e apresenta defesa dizendo que o cheque de 50 mil que instrui o pedido falsificado, e vai provar que falsificado. O juiz abre a dilao probatria, faz-se uma percia. Se a percia provar que o cheque falsificado, julga improcedente o pedido, condena o requerente em custas e honorrios, e manda levantar o valor depositado em favor do devedor. Se a percia mostrar que o cheque no falso, julga procedente o pedido, julga elidida a falncia, e manda levantar o valor em favor do credor, extinguindo a falncia.

    4) O devedor se defende sem fazer o depsito. No exemplo anterior, se provar que o cheque falsificado, no ser decretada a falncia e o requerente ser condenado em custas e honorrios. Mas, se no provar que o cheque falsificado, o juiz no dar oportunidade para pagar a dvida, ir decretar a falncia.

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    Est pacificado que o depsito elisivo tem de ser feito em dinheiro. O depsito elisivo s tem fundamento nos incisos I e II do art. 94. Como o ato de falncia (inciso

    III) um ato fraudulento, o legislador entendeu que aqui no cabe permitir o depsito elisivo. Sentena Art. 99. Sentena. Vejamos os artigos mais importantes: Inciso V. Quando decretada a falncia, o art. 6 diz que suspendem as execues contra o

    falido. Os 1 e 2 so excees. A rigor, ficaro suspensas indefinidamente. A primeira exceo que no se suspendem e continuam no juzo no qual j esto as aes que discutem valor ilquido. A segunda exceo so as aes trabalhistas, que continuam com o juiz trabalhista at o fim.

    Inciso VII. Quem decreta priso preventiva o juiz criminal. Esta a nica exceo em que o juiz cvel pode decretar a priso preventiva. Quando o juiz decreta a falncia ainda no existe o processo por crime falimentar. uma priso preventiva estranha, pois sequer h inqurito policial.

    Inciso XI. Quando se decreta a falncia, normalmente se lacra o estabelecimento empresarial. Este inciso prev a possibilidade da continuao provisria dos negcios. Ex: Carrocerias Caio, que teve a falncia decretada 20 anos atrs e continua funcionando.

    Inciso II. Termo legal: o juiz decretou a falncia dia 15/03/2009 e determina que o termo legal retroage em 1 (um) ano. O termo legal volta a 15/03/2008. Significa que durante este ano os negcios, em princpio, so suspeitos, e devem ser examinados com extremo cuidado, podendo haver ao revocatria destes atos. Estudaremos mais adiante.

    Art. 100. Recursos. Da deciso que decreta a falncia cabe agravo, e da sentena que julga a

    improcedncia do pedido cabe apelao. Art. 101. Este credor requereu a falncia deste devedor dolosamente. Se ele requereu

    dolosamente, o juiz, na sentena em que julgar improcedente o pedido, nesta mesma sentena condenar o requerente a indenizao por danos causados. Se for culposo, no haver indenizao na mesma sentena. 31/03/2009

    Quadro 24 Efeitos da declarao da falncia sobre as obrigaes do devedor Art. 115 e art. 116 dizem que todos aqueles que tiverem contratos com o falido e tiverem direitos

    decorrentes daquele contrato devem discutir os direitos de acordo com a lei. Tambm diz que a falncia suspende o direito de retirada e o direito de recebimento em favor dos scios.

    O decreto de falncia suspende o direito de retirada do scio e suspende o direito do scio receber os valores da empresa.

    Art. 117 e art. 118 falam dos contratos bilaterais e dos contratos unilaterais. Ambos os contratos

    no se resolvem com a falncia e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se isto for de convenincia para a massa. Ex: empresa comprou mquina de 1 milho de reais para pagar em 10 prestaes de 100 mil reais. Quando a falncia foi decretada faltava pagar 3 prestaes, e a mquina estava valendo 600 mil reais naquele momento. Vale a pena para o administrador pagar as prestaes que faltam e ficar com a mquina, pois ser um bem de 600 mil reais para compor a massa falida.

    Art. 119. Prev 9 (nove) tipos de contratos que a lei prev especificamente o que vai ocorrer. O inciso I o right of stoppage in transitu, ou o direito de deter o transporte em determinado

    momento. Ex: uma empresa de So Paulo vendeu 2 milhes em mercadorias para uma empresa de Manaus. Quando as mercadorias estavam a caminho de Manaus, j em Braslia, fica sabendo que a empresa de Manaus faliu. Esta empresa pode valer-se do right stoppage in transitu e trazer de volta a

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    mercadoria somente se a empresa falida no vendeu para terceiros sem fraude a mercadoria. Se tiver vendido sem fraude ela no poder impedir a entrega, pois deve-se proteger terceiros de boa f.

    Inciso II: se o falido vendeu coisas compostas e no entregou tudo, aquele que comprou poder devolver o que j recebeu e pedir perdas e danos.

    Inciso III: se o falido vendeu, voc pagou e no recebeu, nada mais voc poder fazer a no ser habilitar-se na falncia.

    Inciso IV: compra e venda com reserva de domnio. O vendedor vai receber as mensalidades do comprador e, se o comprador no pagar, o vendedor protesta o ttulo para caracterizar o no pagamento e, ao invs de entrar com ao de cobrana, ele entra com ao de reintegrao do bem.

    Inciso V: vendas a termo. Se o falido fez negcio a termo, tem de esperar o prazo. E quando chegar o momento do vencimento, se o falido teve lucro, aquela empresa tem de depositar na massa falida aquele valor. Se ao contrrio, houve prejuzo para o falido, aquela empresa vai se habilitar para receber.

    Inciso VI: na promessa de compra e venda de imveis aplica-se a legislao respectiva. Inciso VII: decretada a falncia, o falido era dono de um imvel alugado para terceiro. A falncia

    no rescinde o contrato, aquele que ocupava o imvel tem direito de continuar no imvel, passando a pagar o aluguel para a massa falida. Outro exemplo se o falido estava em um imvel alugado. O administrador pode continuar pagando o aluguel para o proprietrio, mas pode tambm rescindir o contrato a qualquer momento.

    Inciso VIII: se houver negcios em andamento em cmara de compensao de banco, esses negcios vo at o final e no so afetados pela decretao da falncia. uma forma de tirar da falncia os negcios bancrios em geral.

    Inciso IX: patrimnios de afetao. Art. 120. Se o falido tinha procurao de outras empresas para fazer negcio, essa procurao

    fica anulada, rescindida, sem efeitos com a decretao da falncia. Da mesma forma, se essa empresa que falir deu procuraes para outras empresas fazerem negcios, essa procurao fica anulada no momento da decretao da falncia. H uma exceo: as procuraes que a empresa falida deu para advogados cuidarem do processo continuam vlidas, e s perdem a validade quando o administrador judicial disser que no precisa mais desses advogados.

    Art. 121 e art. 122. O falido tinha conta em determinado banco. Esse banco toma conhecimento

    da falncia e encerra a conta, apurando saldo de 100 mil. O banco chega concluso que tem 300 mil reais a receber do falido. Ele aplica o art. 122 e compensa o que tem a receber do saldo da conta, emite o extrato e se habilita na falncia por 200 mil. O professor diz que est errado, porque a compensao deve ser feita entre crdito e dbito, e o saldo na conta no crdito. O Resp 89.381-SP confirma o entendimento do professor.

    02/04/2009 Art. 123. O 2 determina que, caso haja condomnio indivisvel, arrecadado esse bem na massa

    falida, ele ser vendido e ser deduzido a parte que couber aos demais condminos (ao condomnio). questo de dvida propter rem, ela est vinculada ao bem, e no pessoa.

    Ex: apartamento vale 20 mil, vende em leilo por 15 mil. O condomnio fica com os 15 mil. No sobra nada para a massa falida. Ao condomnio cabe habilitar-se pelos 5 mil que faltaram.

    O 2 ainda diz que o condomnio pode comprar preferencialmente pelos termos da melhor proposta obtida.

    Art. 124. Se o dinheiro apurado bastar para o pagamento de todos os credores, so devidos juros

    contra a massa falida. O art. 9, II diz que a habilitao do crdito realizada pelo credor dever conter o valor do crdito,

    atualizado at a data da decretao da falncia ou do pedido de recuperao judicial.

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    O art. 153 diz que se houver saldo aps pagar todos os credores, este saldo ser entregue ao falido.

    Art. 125. Na falncia do esplio fica suspenso o processo do inventrio. Arts. 127 e 128. Se voc for credor pelo mesmo ttulo de 3 (trs) falidos, voc pode se habilitar

    nas trs falncias tomando o cuidado de, se receber em uma, avisar nas outras. Art. 126. Contm uma clusula aberta, pois o juiz decidir as relaes patrimoniais no reguladas

    por essa lei atendendo unidade, universalidade do concurso e igualdade de tratamento dos credores, mas no define o que isso significa.

    07/04/2009 Quadros 26 e 27 Arrecadao e avaliao dos bens A determinao no sentido de que, decretada a falncia, imediatamente expedido o auto de

    arrecadao, que pode ser tambm auto de lacrao. No momento em que decretada a falncia, o juiz expede imediatamente um auto de

    arrecadao e avaliao, que entregue ao oficial de justia, que teoricamente iria imediatamente ao estabelecimento do falido lacrar os bens e arrecadar os bens. No mesmo momento expedida a intimao do administrador judicial. Ento ser expedido, juntamente com o administrador, o auto de avaliao e arrecadao. A finalidade transformar esses bens em dinheiro para pagamento dos credores habilitados.

    Massa falida objetiva so aqueles bens que sero transformados em dinheiro para satisfao da massa falida subjetiva, que so os credores.

    A lei determina que no so arrecadados os bens impenhorveis (art. 649 CPC). Tambm no sero arrecadados os bens de famlia.

    Quando o oficial de justia vai fazer a arrecadao, ele obrigado a arrecadar todos os bens que esto l. Ainda que aparea no local algum que diga ser proprietrio de um carro que est l, por exemplo, apresenta a documentao provando que o proprietrio, ainda assim o oficial de justia far a arrecadao, constando que apareceu o sujeito se dizendo proprietrio daquele bem (art. 110, 2, IV). Cabe ao suposto proprietrio entrar com pedido de restituio.

    Quanto aos bens perecveis (ex: remdios que esto para vencer em pouco tempo), o art. 113 prev a possibilidade de venda destes bens mediante autorizao judicial, ouvidos o comit de credores e o falido no prazo de 48h.

    O art. 114 diz que o administrador pode alugar os bens para trazer dinheiro para a massa. O 2 atrapalha, ao dizer que o bem poder ser alienado a qualquer momento, antes mesmo do prazo previsto no contrato, sem direito a multa.

    Venda dos bens Logo aps a arrecadao ser iniciada a realizao do ativo. Esta determinao do art. 139 tem

    razo de ser porque na lei anterior havia uma impossibilidade de venda que acabava levando deteriorao dos bens.

    O art. 140 determina como a venda pode ser feita e d 4 (quatro) opes em ordem de preferncia:

    I venda de seus estabelecimentos em bloco; II venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; III venda em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; IV venda dos bens individualmente considerados.

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    A venda em bloco a preferencial, pois a lei pretende que um grupo financeiro interessado adquira, porteira fechada, tudo o que faa parte da falida para continuar as atividades.

    No conseguindo vender em bloco, tem interesse em vender uma filial inteira para outra empresa. Se tambm no conseguir, tentar vender os bens de cada estabelecimento em bloco e, no conseguindo, a s resta tentar vender os bens de maneira isolada.

    O art. 141 o corao da nova falncia. Ele tenta criar estmulos para vender para um grupo

    financeiro interessado. O grande temor que um grupo financeiro tem quando vai comprar uma sociedade empresria a sucesso nos dbitos, em especial, quanto aos dbitos trabalhistas e aos dbitos tributrios.

    O inciso I determina que os credores sub-rogam-se no produto da realizao do ativo. Ou seja, o valor da venda do ativo ir para a massa falida, e os credores iro concorrer a esse valor, observada a ordem de preferncia.

    O inciso II diz que aqueles bens que o comprador adquirir estaro livres de nus, e no haver sucesso nas obrigaes do devedor, inclusive as tributrias e trabalhistas.

    Tudo isto visa deixar claro que eventual comprador dos bens no assumiro as obrigaes do falido, a lei quer que o comprador retome as atividades da empresa. Se ele contratar algum que trabalhava para o falido, ser uma nova relao de trabalho, sem qualquer vnculo com a relao anterior entre este empregado e o falido.

    O estmulo para esta venda seja feita encontrado tambm no art. 140, 4. Se voc comprou um

    bem na falncia, o nico documento necessrio para registr-lo a autorizao judicial. O art. 146 diz que em qualquer modalidade de venda dos bens, a massa falida fica dispensada da

    apresentao de quaisquer certides negativas. O art. 142 prev 3 (trs) formas de venda: leilo, proposta fechada e prego. Leilo todos sabem como funciona. Os juzes da falncia tm preferido a proposta fechada. O juiz avisa por edital que em

    determinado dia receber as propostas para a compra daquele bem. Quem estiver interessado leva no dia o envelope com a proposta. Quem tiver feito a proposta maior leva o bem.

    A venda por prego uma forma hbrida. O juiz marca o dia do prego e, no dia, todos os interessados levam suas propostas. Com base na proposta maior, seleciona todas as propostas que tenham atingido 90% daquele preo. A partir da comea um leilo entre esses.

    Art. 145 prev que o juiz aceitar qualquer outra forma de venda que tenha sido aprovada na

    assemblia geral de credores.

    14/04/2009 Quadros 28 e 29 Pagamento aos credores Arts. 149 a 153 Realizadas as restituies, pagos os crditos extraconcursais e consolidado o quadro geral de

    credores, as importncias recebidas sero pagas atendendo a classificao prevista no art. 83 (quadro geral de credores). O art. 83 prev a classificao dos crditos em 8 (oito) classificaes.

    Antes das restituies, temos o art. 151. Ele prev o pagamento do crdito trabalhista, que ser feito to logo haja disponibilidade em caixa. Suponha que a falncia foi decretada em 15/07/2009. Os crditos vencidos nos 3 meses anteriores so os vencidos entre 15/04/2009 e 15/07/2009, e devem valer at 5xR$465,00 (cinco salrios mnimos)=R$2.325,00 por trabalhador.

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    Outro crdito que ser pago to logo haja dinheiro em caixa so as despesas cujo pagamento antecipado seja indispensvel administrao da falncia (art. 150). Ex: quebrou o telhado onde esto armazenados R$5 milhes em soja, Se no consertar, estraga a soja, causando prejuzo massa falida.

    Classificao dos crditos na falncia Arts. 83 e 84 Pagas as despesas cujo pagamento antecipado seja indispensvel administrao da falncia,

    os crditos trabalhistas vencidos nos 3 meses anteriores falncia at 5 salrios mnimos por trabalhador, e as restituies, chegamos ao art. 83.

    O art. 83 d a ordem de classificao dos crditos na falncia. Mas antes de pagar esses crditos, sero pagos os crditos extraconcursais (art. 84).

    O primeiro crdito extraconcursal (inciso I) o salrio do administrador judicial (se fixado pelo juiz). Na mesma ordem est previsto o pagamento de crdito trabalhista decorrente de servios prestados aps a decretao da falncia.

    O inciso II fala das quantias fornecidas massa pelos credores. Suponha que o credor adiantou dinheiro massa falida para consertar o telhado onde estava armazenada a soja, esse o momento em que ele ir receber de volta o dinheiro gasto no reparo.

    A massa falida paga custas ou no? O inciso III mostra que sim. As custas da falncia sero pagas se chegar at esse momento e se houver dinheiro.

    Inciso IV. As custas judiciais de aes e execues em que a massa falida tiver sido vencida sero pagas nesse momento.

    A segunda parte do inciso V fala dos tributos relativos a fatos geradores ocorridos aps a decretao da falncia. Suponha que a falncia foi decretada em 15/07/2009, e havia na ocasio R$4 mil em IPTU no pago. Em 2010 aumentou em mais R$2 mil o IPTU devido. Esses R$2 mil que sero pagos nesse momento.

    A primeira parte do inciso V diz respeito a obrigaes resultantes de atos jurdicos vlidos praticados durante a recuperao judicial. Suponha que numa recuperao judicial eu sou credor quirografrio de R$200 mil. Eu forneo mais R$150 mil em matria prima para a empresa continuar produzindo. Os R$150 mil entram como crdito extraconcursal e, quanto aos R$200 mil, a mesma importncia que forneci para a empresa em recuperao judicial (ou seja, R$150 mil) sobem uma categoria, se encaixando no privilgio geral, e o restante (R$50 mil) entram na categoria de quirografrio.

    Art. 83. Classificao dos crditos. Imagine que tenho trs crditos trabalhistas, um de R$2 mil, outro de R$3 mil e outro de R$5 mil.

    Suponha tambm que s tenha nesse momento R$5 mil para pagar. Farei um rateio dentro da classe, e pagarei proporcionalmente ao crdito de cada um desses credores trabalhistas (R$1 mil, R$1,5 mil e R$2,5 mil).

    Os credores trabalhistas que recebero esto sujeitos ao limite de 150 salrios mnimos cada. O que ultrapassar 150 salrios mnimos ser crdito quirografrio.

    O crdito fiscal no ser pago por rateio. Seguir a ordem do art. 186 CTN, ou seja, Unio,

    estados e municpios. Crdito subordinado so os assim definidos em lei ou contrato, e os crditos dos scios e dos

    administradores sem vnculo empregatcio. Art. 83 Quadro Geral de Credores I- Trabalhista II- Crditos com garantia real at o limite do valor do bem gravado III- Fiscal IV- Privilegiado especial V- Privilegiado geral VI- Quirografrio

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    VII- Multas VIII- Crditos subordinados 16/04/2009 Prova: cai do quadro 01 ao quadro 30, com exceo dos quadros 13 e 25 Consulta livre Quadro 30 Restituio arts. 85/93 Quando existe o decreto de falncia, imediatamente expedido o mandado de arrecadao. O oficial de

    justia tem a obrigao de arrecadar tudo que est l dentro. Forma-se a chamada massa falida objetiva (bens arrecadados) que sero vendidos para satisfazer a chamada massa falida subjetiva (credores).

    Suponha que voc vai numa loja, estaciona o carro l, mas o carro quebra e deixa l. No dia seguinte a falncia decretada e o seu carro arrecadado. Voc dever entrar com um pedido de restituio para recuperar o carro.

    A restituio um processo parte. O art. 85 prev a restituio do bem arrecadado ao proprietrio. O pargrafo nico do art. 85 o seguinte: a empresa Alfa teve a falncia requerida em 18/10/2008. Em

    03/10/2008 a empresa Beta vendeu a crdito para Alfa mercadorias no valor de R$500 mil. O devedor (Alfa), em tese, agiu de m-f, pois sabia ou deveria saber que a falncia poderia ser decretada. O credor (Beta) pode pedir a restituio das mercadorias, pois a venda se deu dentro dos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento da falncia.

    O advogado de Beta entra com pedido de restituio em 21/10/2008. Qual ser o despacho do juiz? Note que, nesse momento, a falncia ainda no foi decretada, ela foi apenas requerida. A falncia, se vier a ser decretada, ser apenas mais para frente. Beta no pode pedir a restituio neste momento. O juiz ir indeferir a petio inicial porque o pedido de restituio s pode ser feito aps a decretao da falncia.

    No devemos confundir o caput do art. 85 com o pargrafo nico. Art. 86. Restituio em dinheiro. Posso pedir a situao em 3 (trs) situaes: I) Coisa no existe mais. Ex: meu carro estava na empresa falida e foi arrecadado. Posso pedir a

    restituio. No entanto, quando vou pedir a restituio, o carro foi furtado. A coisa (o carro) no existe mais. Nesse caso, eu entro com o pedido de restituio e, no momento de receber o bem, ser feita a avaliao do bem e recebei o valor atualizado dele.

    II) ACC (Adiantamento de Contrato de Cmbio). III) Veremos adiante este inciso Essas restituies em dinheiro s podero ser feitas aps o pagamento previsto no art. 151.

    23/04/2009 Quadro 30 Restituio Arts. 85/93 Aquele que pede a restituio o autor da ao. O ru da ao ser sempre a massa falida. A ao ser

    distribuda por preveno.

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    Pelo art. 88, se a sentena reconhecer o direito do requerente, a coisa dever ser devolvida em 48h. O pargrafo nico do art. 90 parece meio contraditrio. Embora o art. 88 reconhea meu direito de receber

    o bem em 48h, o pargrafo nico do art. 90 estabelece que devo prestar cauo. Art. 89. Se for negada a restituio, na prpria sentena que for julgada improcedente a restituio o juiz

    ir incluir meu crdito no quadro-geral de credores. Art. 91. Pargrafo nico. Se houver vrias restituies em dinheiro e no houver dinheiro suficiente, ser

    feito um rateio entre os requerentes do dinheiro que tiver disponvel. Art. 92. Peo o objeto de volta. Pode ser que a manuteno dessas coisas d despesa para o falido. O

    requerente que receber o bem de volta ressarcir essas despesas. Art. 93. Se no couber pedido de restituio, entra com embargos de terceiros (previsto nos arts. 1046 ss

    CPC). No cabe pedido de restituio se eu tenho a posse. Mas cabe embargos de terceiros se eu tenho a posse e

    estou ameaado de ser esbulhado. Quando eu entro com embargos de terceiros eu peo a aplicao do art. 1051 CPC, que diz que, se estiver

    devidamente provada minha posse, o juiz me conceder liminar de manuteno de posse. Voc pode pedir a restituio do art. 85 combinado com a tutela antecipada do art. 273 CPC. Se provar

    devidamente, o juiz ir conceder a tutela antecipada enquanto se discute o pedido de restituio. Prova: quadro 1 a 30, menos quadro 13 (contagem de votos da assemblia de credores) e quadro 25

    (inabilitao empresarial). 30/04/2009 Quadro 31 Ao Revocatria arts. 129/138 Art. 129 Ineficcia, sem fraude (I a VII) I a III dentro do termo legal IV a VII dentro ou fora do termo legal Pargrafo nico declarada de ofcio Art. 130 Revogvel, com fraude (todos menos os sete do art. 129)

    art. 132 ao revocatria Ao revocatria mais ou menos o contrrio do pedido de restituio. Ser ajuizada pela massa falida, representado pelo seu administrador, contra esta pessoa para que devolva

    para a massa falida o bem que recebeu. Tem por objetivo revocar (chamar de volta) para a massa falida bens que foram desviados com fraude ou sem.

    Termo Legal: um perodo dentro do qual, em princpio, os negcios do falido so tidos como suspeitos.

    Est previsto no art. 129. Ex: dia 17/10/2006 houve um requerimento de falncia. O juiz mandou citar, houve defesa e provas. O juiz

    decretou a falncia no dia 05/01/2007. O juiz observa o art. 99, II. Este requerimento de falncia (94, I), tinha ttulo protestado. A empresa que est nessa situao, normalmente tem uma serie de protestos j feitos. O 1 protesto foi feito no dia 22/12/2005. Quando o juiz diz que decreta a falncia e fixa o termo legal em 90 dias, vejo o primeiro protesto, volto em 90 dias e chego no dia 22/09/2005. Portanto, vi que o termo legal da falncia de 22/09/2005 e vai at 05/01/2007. A partir desse momento passa a existir a massa falida.

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    22/09/2005 22/12/2005 17/10/2006 05/01/2007 (termo legal) (1 protesto) (req. Falncia) (dec. falncia) Art. 129. So ineficazes com relao massa falida por que? Rodrigues e Pereira Ltda. vendeu imvel para

    essa pessoa. Esse negcio ineficaz com relao massa falida. Portanto, a massa falida vai pegar o imvel, como se no tivesse havido o negcio com a massa falida.

    O art. 129 fala de ineficaz, sem fraude, ou seja, independentemente de fraude. O art. 130 se refere a ato revogado com fraude. Quais atos que no valem independentemente de fraude? So os atos previstos nos incisos de I a VII do art.

    129. Quais atos que no valem praticados com fraude? Todos aqueles praticados com fraude, menos os sete

    atos do art. 129. Os atos de I a III do art. 129 no valem se praticados dentro do termo legal. Os atos de IV a VII no valem dentro ou fora do termo legal. Se examinarmos o pargrafo nico do art. 129, veremos que a ineficcia pode ser declarada de ofcio. Se o

    juiz percebe, por exemplo, que ocorreu o ato I, ele tornar ineficaz o ato independentemente de provocao e mandar arrecadar o bem.

    O art. 132 diz que, no caso do art. 130, precisa de ao revocatria. Vejamos os incisos do art. 129. I) ineficaz o pagamento de dvidas no vencidas realizadas pelo devedor dentro do termo legal. O credor

    tinha a receber 500 mil da massa falida. A massa falida paga o ttulo antes do vencimento, dentro do termo legal. Essa pessoa (credor) estava de absoluta boa-f, mas ter de devolver o dinheiro, pois o pagamento de dvida no vencida realizada dentro do termo legal no vale. A lei parte da presuno absoluta (juris et de jure) de que todo mundo sabia de qual era o termo legal e que o devedor s pagou adiantado ao credor para favorecer o credor, pois ambos estavam com medo que viesse o decreto de falncia e ningum pudesse receber nada. No precisa ter havido fraude.

    II) ineficaz o pagamento de dvida vencida e exigvel dentro do termo legal por qualquer forma no

    prevista no contrato. A empresa tinha que pagar 500 mil, e oferece quatro mquinas no lugar do pagamento em dinheiro. Isso no vale, quando for decretada a falncia o credor ter de devolver as quatro mquinas porque foi paga dvida vencida e exigvel dentro do termo legal numa forma no prevista no contrato. No precisa ter havido fraude.

    III) ineficaz a constituio de direito real de garantia, inclusive a reteno, dentro do termo legal, tratando-se de dvida contrada anteriormente. Foi constituda uma garantia real. A lei diz que no vale a constituio de direito real de garantia dentro do termo legal tratando-se de dvida contrada anteriormente. Ex: algum emprestou para o falido 100 mil antes do termo legal. Dentro do termo legal, o falido deu uma hipoteca do imvel. Ela no vale. Se constituda uma dvida dentro do termo legal, e constituda ao mesmo tempo garantia real, vale, pois a dvida foi constituda dentro do termo legal. Para este inciso, tambm no precisa ter havido fraude.

    IV) ineficaz a prtica de atos a ttulo gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretao da falncia. Com base no esquema de data do incio da aula, vamos chegar na data de 05/01/2005. Se fez uma doao para a Santa Cada a partir desta data, ela no valer. Esta doao foi feita s custas dos demais credores, ele deveria primeiro

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    pagar quem devia. No precisa estar dentro do termo legal, basta estar dentro do prazo de 2 (dois) anos antes da falncia.

    V) ineficaz a renncia herana ou a legado, at 2 (dois) anos antes da decretao da falncia. Estamos falando de empresrio individual neste inciso. Para o empresrio individual no h separao do patrimnio empresarial do patrimnio pessoal. Joo da Silva renunciou herana um ano e meio antes da decretao de sua falncia, essa renncia no vale. No precisa estar dentro do termo legal, basta estar dentro do prazo de 2 (dois) anos antes da falncia.

    VI) ineficaz a venda ou transferncia de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, no tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, no houver oposio dos credores, aps serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de ttulos e documentos. Seja uma sociedade empresria de dois portugueses para abrir uma padaria perto do Mackenzie. O negcio cresce e abrem uma outra padaria no Campo Belo. So dois estabelecimentos, ambos de propriedade da mesma sociedade empresria. Continuam crescendo e abrem uma padaria no Brs. Se for decretada a falncia da sociedade empresria, os trs estabelecimentos sero arrecadados. Ocorre que quando foi decretada a falncia, a sociedade empresria j tinha vendido o estabelecimento do Mackenzie. Esse estabelecimento ser arrecadado se, no momento em que foi decretada a falncia, ainda houver credores que j eram credores da sociedade empresria na ocasio da venda do estabelecimento, e o devedor no tiver como pagar esses credores. No precisa a venda do estabelecimento ter sido feita dentro do termo legal.

    05/05/2009 VII) So ineficazes os registros de direitos reais realizados aps a decretao da falncia, salvo se tiver

    havido prenotao anterior. uma questo de Direito Imobilirio. A prenotao vale por 30 (trinta) dias, durante esse perodo ningum consegue registrar aquele imvel, salvo aquele que prenotou. Se eu comprei um imvel de uma empresa e fico sabendo que ela faliu, eu corro at o registro de imveis para registr-lo. Se eu no tinha feito a prenotao antes da decretao da falncia, eu perdi o imvel. Mas se eu fiz a prenotao antes de ser decretada a falncia, o negcio ser vlido e poderei registrar o imvel.

    O art. 132 estabelece que, nos casos do art. 130, os atos podero ser revogados por ao revogatria. A

    ao pode ser ajuizada pela massa falida representada pelo administrador judicial, por qualquer dos credores ou pelo Ministrio Pblico. O prazo de 3 (trs) anos.

    O art. 133 diz que a ao revocatria pode ser promovida contra aqueles que agiram fraudulentamente ou

    contra terceiros adquirentes. O art. 134 diz que a ao revocatria correr ante o prprio juiz falncia por rito ordinrio. Enquanto a

    ao revocatria corre a falncia continuar correndo normalmente. O juiz da falncia dar a sentena da ao revocatria. Se for procedente a ao revocatria, aqueles bens sero arrecadados para a massa falida.

    Art. 135. No momento em que a ao for julgada procedente, o juiz da falncia vai mandar arrecadar o

    bem e juntar massa falida. E se o bem no existir mais? Ento a pessoa que adquiriu o bem ter de devolver o valor equivalente massa falida.

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    Art. 136. Situao do terceiro. O terceiro pode ser pessoa de boa-f ou de m-f. Se a pessoa era de boa-f (art. 129), apesar de ter de devolver o bem ou a coisa, ela credora da massa falida e pode entrar com pedido de restituio. Se no for pessoa de boa-f, ter de habilitar o seu crdito.

    Ex: pessoa adquire imvel de R$1 milho por R$100 mil, ou seja, foi de forma fraudulenta. Ela consegue provar que pagou os R$100 mil. Sendo terceiro de m-f, ela pode se habilitar na falncia pelos R$100 mil pagos.

    Art. 137. O juiz poder determinar o sequestro do bem quando houver o ajuizamento da ao revocatria.

    Ex: comprou helicptero da empresa falida, com o ajuizamento da ao revocatria o juiz manda seqestrar o helicptero at a deciso da ao revocatria.

    Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base em deciso judicial.

    Ex: empresa, para transferir o imvel da Av. Paulista, manda criar um crdito em favor de terceiro. O credor entra com execuo contra a empresa, a empresa se defende mal, o bem penhorado, ningum se interessa pelo bem. O juiz d uma sentena adjudicando o bem para o credor. Tudo isso uma fraude e, se for ajuizada uma ao revocatria, o juiz da falncia pode decretar a volta do bem massa falida mesmo que o bem tenha ido para o credor por uma sentena transitada em julgado. No necessria uma ao rescisria, a ao revocatria basta para isso.

    O inciso IX do art. 119 fala de patrimnio de afetao. Patrimnio de afetao tem a ver com securitizao,

    que tem a ver com ao revocatria. Segundo o professor, a securitizao uma criao de fortuna a partir do nada. A lei 4.591/64 (Lei dos Condomnios), mais a lei 9.514/97 (Lei da Alienao Fiduciria de Imveis) e a lei

    10.931/04 (trata de patrimnio de afetao), tratam do esquema da securitizao. Temos a Cyrela Construtora Ltda. Ela no tem nenhum tosto, mas tem um nome slido. Ela chega para

    algumas pessoas e as convence a vender os imveis, que formam um quarteiro, entregando um apartamento que vale o dobro do valor dos imveis mais uma quantia em dinheiro. A Cyrela derruba tudo e vende um imvel na planta. A Cyrela Construtora Ltda. No tem nenhum tosto, mas j tem o terreno onde vai construir e os valores a receber. A Cyrela Construtora Ltda. chega para a Cyrela Securitizadora S/A e vende os valores recebveis e mais um patrimnio de afetao. Ou seja, ela vende os valores recebveis e d como garantia o prprio imvel que ela vai construir. A securitizadora emite ttulos no valor de R$30 milhes. Ela vende os ttulos e repassa o que receber para a construtora como pagamento dos valores recebveis. A grande garantia que a construtora ou a securitizadora tem a alienao fiduciria do imvel.

    Quando a lei de falncias ainda era um projeto de lei houve a quebra da Encol. Tentaram, ento, segurar as construes imobilirias caso a construtora viesse a falir. No exemplo acima, a Cyrela Construtora cedeu crdito para a Cyrela Securitizadora. O perigo era que, havendo quebra da Cyrela Construtora, o juiz desse procedncia a uma ao revocatria dos imveis transferidos para a securitizadora. isso que o 1 do art. 136 tenta evitar, dizendo que, no caso da Cyrela Construtora falir, no cabe ao revocatria para trazer de volta os imveis que foram repassados para a Cyrela Securitizadora.

    O professor avisou que no pede securitizao na prova.

    07/05/2009 Quadro 32 Arts. 154/160 Encerramento da Falncia Extino das Obrigaes Em determinado momento, se eu no tiver mais nenhum bem a ser arrecadado, estou caminhando para o

    final da falncia. O art. 154 diz que, nesta situao, o administrador far prestao de contas. Esta prestao de contas feita em autos apartados segundo o art. 157. uma prestao de contas com relao ao aspecto financeiro,

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    cabe ao administrador judicial apresentar ao juiz uma relao do que foi arrecadado, do que foi pago, do que est sobrando, e dos credores que ainda no receberam.

    Apresentadas estas contas, abre-se vistas para as pessoas se manifestarem. Terminado o procedimento de prestao de contas, o juiz aceita ou rejeita a prestao de contas. Ir rejeitar se faltou dinheiro, caso em que o administrador cuidou mal do dinheiro, e ser destitudo e nomeado outro em seu lugar. O mais comum o juiz julgar boa as contas. Se ningum apelar, transita em julgado a fase de prestao de contas.

    O art. 155 fala do relatrio final, que uma forma que o administrador tem de relatar ao juiz tudo o que

    aconteceu de interesse no andamento do processo. Terminada a fase do relatrio final, chegamos ao art. 156 que diz que, apresentado o relatrio final, o juiz

    encerrar a falncia por sentena. A sentena de encerramento da falncia tem natureza exclusivamente processual. O juiz conclui que no h nada mais a fazer naqueles autos.

    A sentena de encerramento da falncia nada encerra na verdade. O que vai encerrar o trnsito em julgado da sentena de extino das obrigaes.

    A conseqncia processual da sentena de encerramento da falncia abrir 4 (quatro) caminhos processuais que podem conduzir sentena de extino de obrigaes.

    O art. 157 diz que o prazo prescricional relativo s obrigaes do falido volta a correr a partir do dia em que

    transitar em julgado a sentena de encerramento da falncia. A decretao da falncia, segundo o art. 6, havia suspendido a prescrio. Com o trnsito em julgado da sentena de encerramento da falncia, tal prazo volta a correr.

    Ex: decretao da falncia em 28/05/2005. Sentena de encerramento da falncia em 10/05/2006. Nota promissria vencida em 28/05/2004. Nota promissria prescreve em 3 (trs) anos. Portanto, no dia em que foi decretada a falncia havia passado um ano do prazo prescricional, restando ainda dois anos. A prescrio desta nota promissria ir ocorrer em 10/05/2008, ou seja, dois anos aps a sentena de encerramento da falncia.

    Art. 158. Caminho da sentena de encerramento da falncia para a sentena de extino das obrigaes.

    Extingue as obrigaes do falido: I) o pagamento de todos os crditos. O pagamento extingue qualquer obrigao. No significa que h aqui

    uma sentena de extino das obrigaes, e sim que este um fato que caracteriza a extino das obrigaes de forma que, se quiser, poder pedir a sentena de extino das obrigaes.

    II) o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqenta por cento) dos crditos quirografrios, sendo facultado ao falido o depsito da quantia necessria para atingir essa porcentagem se para tanto no bastou a integral liquidao do ativo. Ou seja, tambm extingue as obrigaes o pagamento de mais de 50% dos credores quirografrios, podendo o devedor completar esse dinheiro. Ex: tem R$ 200 mil de crdito quirografrio, se pagar R$100 mil e um centavo destes crditos extingue as obrigaes. O pagamento dos credores obedece a ordem prevista em lei. O art. 158, II supe que pagou todos os credores anteriores quando chegou a esse ponto.

    III) o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falncia, se o falido no tiver sido condenado por prtica de crime previsto na lei de falncia. Ex: a falncia encerrou em 10/05/2006. Ocorrer a extino das obrigaes, se o falido NO FOI CONDENADO por crime previsto na lei de falncia, em 10/05/2011.

    IV) o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falncia, se o falido tiver sido condenado por prtica de crime previsto na lei de falncia. Ex: a falncia encerrou em 10/05/2006. Ocorrer a extino das obrigaes, se o falido FOI CONDENADO por crime previsto na lei de falncia, em 10/05/2016.

    O art. 158 no corresponde sentena se extino. O que o art. 158 significa que, ocorrendo um dos 4

    (quatro) fatos do artigo, o devedor poder solicitar a sentena de extino das obrigaes (art. 159). Transitando em julgado a sentena de extino das obrigaes, estar terminada a falncia.

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    Art. 160. Verificada a prescrio ou extintas as obrigaes nos termos desta Lei, o scio de responsabilidade ilimitada tambm poder requerer que seja declarada por sentena a extino de suas obrigaes na falncia. Ora, ocorrida a prescrio, no s o scio de responsabilidade ilimitada, como qualquer pessoa que tenha interesse, pode requerer que seja declarada por sentena a extino das obrigaes.

    Suponha que tenha um nico credor na falncia, o credor do exemplo com uma nota promissria. A

    extino das obrigaes se dar no dia em que prescrever a nota promissria (10/05/2008), mesmo que o devedor tenha sido condenado por crime previsto na lei de falncia.

    O CC2002 prev como prazo mximo prescricional 10 (dez) anos. Suponha que eu seja o nico credor de

    uma falncia. A obrigao vence em 28/05/2005. A partir deste dia comearia a contar a prescrio, mas no comea a contar porque neste exato dia foi decretada a falncia. O prazo prescricional comea a correr no dia do encerramento da falncia. O prazo mximo para a extino dessa obrigao ser de 10 anos, seja pelo prazo mximo do CC2002 seja pelos 10 anos de crime cometido previsto na lei de falncia. Ou seja, na falncia, o prazo mximo de extino das obrigaes de 10 anos.

    REABILITAO Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da dec