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143 Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 143-154, 2009. Reconstituição paleoclimática do vale do Rio Caí, nordeste do Rio Grande do Sul, com ênfase nas ocupações humanas Walter Mareschi Bissa* Adriana Schmidt Dias** Eduardo Luís Martins Catharino*** BISSA, W.M.; DIAS, A.S.; CATHARINO, E.L.M. Reconstituição paleoclimática do vale do Rio Caí, nordeste do Rio Grande do Sul, com ênfase nas ocupações humanas. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 143-154, 2009. Resumo: A análise palinológica do perfil sedimentar de uma várzea do vale do Rio Caí, nordeste do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), mostrou mudanças nas condições ambientais. As amostras foram tratadas com HCL, KOH, HF e acetólise. Para cada amostra foi contado um número mínimo de 300 grãos de pólen. Os resultados indicam que há ca. 1260 anos AP a região era ocupada por vegetação campestre e clima seco, havendo posteriormente um aumento de áreas florestais ( ~ 1000 a 600 anos AP), com queimadas provocadas, muito provavelmente, por ação antrópica. A partir de 600 anos AP até o presente ocorreu aumento de umidade e temperatura, com clima próximo ao atual. Os dados paleoambientais sugerem que tanto as áreas campestres como as áreas florestais adaptaram-se às demandas para a obtenção de recursos sazonais das populações pré-coloniais que ocuparam a região. Palavras-chave: Palinologia – Paleoambiente – Holoceno – Ocupação pré- colonial do vale do Rio Caí (RS). sul e sudeste do Brasil têm indicado que o início do processo de formação e expansão das florestas subtropicais teria se iniciado na transição Pleistoceno-Holoceno (Ledru et al. 1996, 1998; Behling 1997, 2002; Behling e Lichte 1997; Behling e Negrelle 2001; Behling et al. 2001, 2004; Grala & Lorsheitter 2001; Araujo et al. 2005; Bauermann 2003). De acordo com Araujo e colaboradores (2005), os estudos palinológicos desenvolvidos nos últimos anos para os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apontam uma melhora constante das condições climáticas ao (*) Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.< [email protected]> (**) Departamento de História e Programa em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq. <[email protected]> (***) Pesquisador Científico VI do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt). <[email protected]> Introdução studos paleoclimáticos e paleoambientais realizados recentemente nas regiões E

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Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 143-154, 2009.

Reconstituição paleoclimática do vale do Rio Caí,nordeste do Rio Grande do Sul, com ênfase nas ocupações humanas

Walter Mareschi Bissa*Adriana Schmidt Dias**

Eduardo Luís Martins Catharino***

BISSA, W.M.; DIAS, A.S.; CATHARINO, E.L.M. Reconstituição paleoclimática dovale do Rio Caí, nordeste do Rio Grande do Sul, com ênfase nas ocupaçõeshumanas. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 143-154, 2009.

Resumo: A análise palinológica do perfil sedimentar de uma várzea do valedo Rio Caí, nordeste do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), mostroumudanças nas condições ambientais. As amostras foram tratadas com HCL,KOH, HF e acetólise. Para cada amostra foi contado um número mínimo de300 grãos de pólen. Os resultados indicam que há ca. 1260 anos AP a regiãoera ocupada por vegetação campestre e clima seco, havendo posteriormente umaumento de áreas florestais (~1000 a 600 anos AP), com queimadas provocadas,muito provavelmente, por ação antrópica. A partir de 600 anos AP até opresente ocorreu aumento de umidade e temperatura, com clima próximo aoatual. Os dados paleoambientais sugerem que tanto as áreas campestres comoas áreas florestais adaptaram-se às demandas para a obtenção de recursossazonais das populações pré-coloniais que ocuparam a região.

Palavras-chave: Palinologia – Paleoambiente – Holoceno – Ocupação pré-colonial do vale do Rio Caí (RS).

sul e sudeste do Brasil têm indicado que oinício do processo de formação e expansão dasflorestas subtropicais teria se iniciado natransição Pleistoceno-Holoceno (Ledru et al.1996, 1998; Behling 1997, 2002; Behling eLichte 1997; Behling e Negrelle 2001; Behlinget al. 2001, 2004; Grala & Lorsheitter 2001;Araujo et al. 2005; Bauermann 2003). Deacordo com Araujo e colaboradores (2005), osestudos palinológicos desenvolvidos nosúltimos anos para os Estados do Paraná, SantaCatarina e Rio Grande do Sul apontam umamelhora constante das condições climáticas ao

(*) Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade deSão Paulo.< [email protected]>(**) Departamento de História e Programa em História doInstituto de Filosofia e Ciências Humanas da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul. Bolsista Produtividade emPesquisa CNPq. <[email protected]>(***) Pesquisador Científico VI do Instituto de Botânica deSão Paulo (IBt). <[email protected]>

Introdução

studos paleoclimáticos e paleoambientaisrealizados recentemente nas regiõesE

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longo do Holoceno. Embora o último MáximoGlacial e o Último Glacial tenham apresentadoum clima extremamente seco e frio, comexpansão de pradarias onde hoje ocorre umavariedade de ecossistemas florestais, durante oHoloceno houve uma tendência bastanterecuada para o aumento da pluviosidade naárea costeira. Isto ocorreu, provavelmente, emfunção de fatores orográficos, havendo indíciosda presença de uma incipiente floresta chuvosajá ao redor de 12300 anos AP. Com base nestesdados, os autores sugerem que a ocupaçãohumana do sul do Brasil parece não ter sofridorestrições em função da umidade, temperaturae sazonalidade de recursos, apresentando-seestável frente a um clima mais moderado secomparado com o Brasil Central (em relação àdisponibilidade de água – Salgado-Labouriau,2001) e com o Pampa Argentino (em relação àsbaixas temperaturas e disponibilidade de água)(Araujo et al. 2005).

Esta tendência ambiental ao longo doHoloceno ofereceu condições favoráveis àatração e fixação populacional antiga no sul doBrasil, sugerindo os dados arqueológicos que asrotas iniciais de povoamento da região porcaçadores coletores acompanharam o processode evolução da paisagem florestal (Dias eJacobus 2001; Dias 2003, 2004). Estas caracte-rísticas ambientais também teriam desempe-nhado um papel central para a colonizaçãoGuarani da região sul brasileira, cujas dataçõesmais antigas no estado do Rio Grande do Sulse dão por volta de 1800 anos AP para o valedo rio Jacuí (Dias 2009; Noelli 1999/2000).

No sentido de contribuir para o melhorentendimento destes processos, o presentetrabalho enquadra-se no âmbito do projetoReflexos da Dinâmica Ambiental Holocênica nasEstratégias de Adaptação de Caçadores Coletores daRegião Nordeste do Rio Grande do Sul (10000 a400 anos AP), implementado em 2005, sobcoordenação de Adriana Schmidt Dias. Con-tando com apoio financeiro do CNPq (nºprocesso 474630/04-8) e apoio institucional daUFRGS, seus objetivos visam obter dados arespeito dos paleoclimas e das variaçõesambientais ocorridas durante o Holoceno novale do rio Caí, nordeste do Rio Grande do

Sul, para uma melhor avaliação da dinâmica deinteração dos cenários paleoambientais com osprocessos de ocupação humana. A escolhadesta região deve-se ao fato de se tratar de umaárea na qual estudos arqueológicos sistemáticosvêm se desenvolvendo nos últimos 40 anos,evidenciando uma sequência de ocupaçõeshumanas ao longo de todo o Holoceno. Por suavez, o processo de expansão da Floresta Estacionalnesta região é atestado em 9800 anos APapenas por um estudo palinológico preliminarde uma turfeira no município de Montenegro(Grala e Lorscheitter 2001) o que torna perti-nente a análise aqui apresentada.

Área de estudo

A bacia hidrográfica do rio Caílocaliza-se no Rio Grande do Sul,integrando a bacia do Lago Guaíba.Abrangendo uma área de 5.057,25 km2,limita-se a sul e a leste com a baciahidrográfica do rio dos Sinos e a nortecom a bacia hidrográfica dos riosTaquari e Antas (Diesel 2005). O rioCaí, principal afluente desde suasnascentes mais altas, a 1000 m dealtitude, até sua foz, no delta do Jacuí,percorre 257,6 km. Sua origem éconsiderada a nascente do arroio SãoJorge que deságua no rio Santa Cruz(FEPAM-GTZ, apud Diesel 2005).

A área de estudo aqui analisada localiza-se naregião de Serra Velha, município de Tabaí, entreas coordenadas 51º39’17" W e 29º38’32" S,próxima à localidade do Morro dos Rodrigues(Fig. 1). Compreende o alto curso dos vales dosarroios Maratá e Brochier, afluentes da margemdireita do rio Caí, abrangendo os territóriosmunicipais de Brochier e Maratá.

A geomorfologia da região é caracterizadapelos Patamares da Serra Geral, sendo aírepresentados por terminais rebaixados queavançam sobre a planície costeira, a leste, esobre a Depressão Central Gaúcha, ao sul. NaUnidade Serra Geral, seu compartimentoAparados da Serra ocorre no sentido norte-sul,desde Santa Catarina (na altura de Criciúma)

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até a lagoa das Malvas, quando se direcionabruscamente para o oeste. A Área Serrana daUnidade Serra Geral inicia-se na altura daLagoa das Malvas e tem um sentido leste-oeste.Nela ocorrem os altos vales dos rios Antas,Taquari, Caí e dos Sinos. Nas bacias dos riosCaí e Taquari ocorre o recuo das vertentes deseus vales, apresentando-se encaixados em meioa amplas áreas planas e entrando em contatocom a Região da Depressão Central Gaúchaatravés de relevos abruptos (IBGE 1986).

O segmento inferior do rio Caí, em direçãoà foz, faz parte da Unidade GeomorfológicaPlanície Lagunar e da Unidade GeomorfológicaPlanície Aluvio-Coluvionar que constitui aRegião Geomorfológica Planície CosteiraInterna. O extremo inferior do rio Caí estáincluído no delta do rio Jacuí, em contato coma Unidade Geomorfológica da Planície Lagunar(SEPLAN/IBGE 1986, apud Diesel 2005).

A região nordeste do Rio Grande do Sul écaracterizada por duas unidades geológicasdistintas, quais sejam, a Formação Botucatu e a

Formação Serra Geral. A Formação Botucatu éconstituída por arenitos eólicos, de granulaçãomédia à fina e estratificação cruzada, situadosabaixo dos derrames basálticos da FormaçãoSerra Geral. Os basaltos da Formação SerraGeral apresentam uma baixa cristalização,possuindo zonas de fratura ou diaclasamentodescontínuo, em função da velocidade em queocorreu seu resfriamento. As formações dearenito e basalto da borda do planalto meridionalestão sujeitas à erosão devido à alta pluviosidadeda região, facilitando seu arraste por açãofluvial (IBGE 1986; Grehs 1976; Rambo 1994).

Apresentando um clima subtropical sempreúmido, segundo a classificação de Köppen, estaárea apresenta verões quentes (com média emtorno de 20ºC) e invernos brandos (commáxima em torno de 15ºC). A média de precipi-tações anuais gira em torno de 1.500 mm,distribuídos regularmente, estando a umidaderelativa em torno de 75 a 85 % e a insolação nacasa dos 54%. Em termos gerais, a regiãoencontra-se na área de abrangência das Florestas

Fig. 1. Relevo do Rio Grande do Sul com a localização da área de estudo (Município de Tabaí).

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Estacionais Deciduais, cujo extrato emergenteperde suas folhas no inverno. Esta formaçãovegetal localiza-se no Rio Grande do Sul namaior parte da Serra Geral e patamares, notrecho que se situa desde sua extrema ocorrên-cia a oeste, até o vale do rio Caí a leste.Recobre a Depressão Central gaúcha, logo aosul da Serra Geral, estendendo-se pelasplanícies e terraços aluviais do rio Jacuí eafluentes. No vale do rio Caí, encontramosuma divisão fito-fisionômica desta formaçãovegetal, denominada submontana, cujo limitena cota altimétrica encontra-se entre 300 e400 metros, sendo nela encontradas 209espécies arbóreas além de várias espécies deleguminosas e cactáceas, entre outras (IBGE1986; Noelli 1993; Rambo 1994).

O contexto arqueológico

Pesquisas arqueológicas foram realizadas novale do rio Caí e principais afluentes entre1965 e 1989, através de trabalhos de campocoordenados pelos arqueólogos Pedro IgnácioSchmitz, Eurico Miller e Pedro Augusto MentzRibeiro. Estas atividades permitiram o registrode 111 sítios arqueológicos, encontrando-se oacervo derivado destas pesquisas sob a guardado Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul(MARSUL), do Centro de Ensino e PesquisasArqueológicas da Universidade de Santa Cruzdo Sul (CEPA/UNISC) e do Instituto Anchietanode Pesquisas da Universidade do Vale do Riodos Sinos (IAP/UNISINOS).

O levantamento realizado junto ao acervodessas instituições e das publicações derivadasdessas pesquisas indica a presença ao longo docurso do rio Cai de 35 sítios em abrigo sobrocha. Quanto aos sítios a céu aberto, 46 sãosítios cerâmicos ou lito-cerâmicos associados àTradição Guarani e 17 estão relacionados àTradição Taquara, dos quais 12 apresentamestruturas subterrâneas localizadas no altocurso do rio. Destaca-se ainda entre os sítios acéu aberto a ocorrência de 11 sítios líticos, dosquais seis estão associados à Tradição Umbuem função da presença de pontas de projétil.Nestas pesquisas foram ainda registrados dois

sítios históricos relacionados à Tradiçãoneobrasileira, sendo um destes em abrigo sobrocha (Dias 1994; Ribeiro 1972, 1974; Ribei-ro et al. 1989; Ribeiro & Ribeiro 1999;Schmitz 1985).

Em relação à ocupação caçadora-coletora,as pesquisas arqueológicas permitiram alocalização de 37 sítios associados à TradiçãoUmbu, principalmente relacionados ao médiocurso do rio. As 10 datações atualmentedisponíveis para o vale do rio Caí apontampara uma sequência de ocupação contínua aolongo do Holoceno para grupos de caçadorescoletores, sendo o mesmo padrão observado novale do rio dos Sinos, distante aproximada-mente 150 km e com 15 datações entre 8800 e440 anos AP para contextos similares (Dias2003). As datações para sítios da TradiçãoUmbu no vale do rio Caí distribuem-se entre9430 e 630 anos AP, estando relacionadas aosseguintes sítios:

a) RS-C-14: Bom Jardim Velho que apresen-tou duas datações de 5655±140 AP (SI-1199) e745±115 AP (SI-1198);

b) RS-C-12: Virador, com uma datação de630±205 AP (SI-1201);

c) RS-TQ-58: Garivaldino Rodrigues, comquatro datações de 9430±360 AP (BA 44739),8290±130 AP (BA 32183), 8020±150 AP (BA33458), 7250±350 AP (BA 44740).

d) RS-C-61: Adelar Pilger, com três dataçõesde 8010±50 AP (Beta 229583), 6150±50 AP(Beta 227856) e 3000± 40 AP (UGA 02017).

Para a ocupação de horticultores no valedo rio Caí, possuímos apenas uma dataçãoradiocarbônica para o sítio da Tradição GuaraniRS-C-63: Adolfo Schenkel, com valores de190±85 AP (SI-1197). Os sítios de horticultoresda Tradição Taquara apresentam dataçõesrelacionadas somente ao sítio RS-127: AntônioVergani (sinonímia RS-37), situado no municí-pio de Caxias do Sul, alto vale do rio Caí. Estesítio apresenta um conjunto de 36 casassubterrâneas, tendo sido realizadas cincodatações radiocarbônicas com os seguintesvalores: 1480±70 AP (SI-603), 1330±100 AP(SI-605), 1140±40 AP (SI-602), 840±60 AP (SI-606), 630±70 AP (SI-604).

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Material e métodos

Foram coletadas quatro amostras desedimento da superfície dos solos periféricos aoredor da várzea selecionada, que tem porfinalidade fornecer os padrões atuais nadeposição dos palinomorfos para auxiliarem nainterpretação dos diagramas polínicosquaternários (Ybert et al. 1992).

O testemunho foi coletado na localidadede Serra Velha município de Tabaí entre ascoordenadas 51º39’17" W e 29º38’32" S (Fig.1)em uma várzea com um amostrador do tipoHiller, que alcançou 120 cm de profundidade eé constituído por uma sequência de argila cinzaescura. A superfície do sedimento foi limpacom uma espátula e seccionada em intervalosde 10 cm ao longo da sequência sedimentarque em seguida foram acondicionados em sacosplásticos etiquetados com os dados de profundi-dade.

O tratamento químico para a extração dospalinomorfos seguiu a técnica de Faegri &Iversen (1989). A preparação do sedimentoconsiste das seguintes etapas:

1 - adição de duas pastilhas deLycopodium clavatum em cada amostra;

2 - eliminação dos carbonatos comácido clorídrico (HCl) a 10%. Lavagemcom água destilada;

3 - eliminação do sedimento de maiorgranulometria por peneiração em malhade 250 µm. Lavagem com água destilada;

4 - eliminação dos ácidos húmicos comhidróxido de potássio (KOH) a 10%;

5 - eliminação de uma parte damatéria orgânica numa mistura deanidrido acético com ácido sulfúrico 9/1;

6- separação dos minerais pesados eda matéria orgânica (pólen e esporos)com HF a 40%. Lavagem com águadestilada;

7- recuperação do resíduo palinológicoem pequenos tubos de plástico comalgumas gotas de glicerina;

8- adição de uma pequena alíquotado resíduo polínico na lâmina comglicerina; lutagem com parafina.

Em cada amostra selecionada tanto dasuperfície, quanto dos sedimentos quaternários,foram identificados e contados no mínimo 300grãos de pólen e esporos de pteridófitas ebriófitas. Foram obtidas as concentrações dospalinomorfos baseando-se na contagem donúmero absoluto de grãos de pólen e esporospor unidade de volume analisada (Stockmarr1971). Utilizando-se o software Tília e TiliaGraph (Grimm 1987) foram construídosdiagramas palinológicos, estabelecendo-se asassociações de palinomorfos importantes e aszonas bioestratigráficas. Estes diagramasmostram as variações das associações depalinomorfos nos diversos níveis estratigráficos.As variações na composição esporo-polínica decada uma dessas zonas avaliaram as mudançaspaleoambientais que ocorreram através dotempo representado pelos depósitos de sedi-mentação.

Uma amostra da camada basal (120 cm)com posicionamento estratigráfico controladofoi enviada para o Laboratório de Isotopos daUniversity of Georgia, para fins de dataçãoradiométrica. Esta amostra foi datada em1260±40 anos AP. A outra datação de 110 anosAP (10 cm) foi estimada baseando-se em Grala& Lorscheitter (2007).

Resultados

Análises Palinológicas

Os estudos palinológicos da sequênciasedimentar da área de estudo contendo 120 cmde sedimentos, com idade basal de 1260±40anos AP, evidenciam mudanças climáticas evegetacionais na área de estudo. Os diagramaspalinológicos de porcentagem e concentraçãopermitiram observar sete ecozonas, descritas aseguir.

Ecozona 1 (120-110 cm - 1260±40AP): poucos pólens e esporos, predomí-nio de campo de gramíneas (Fig. 2).Clima é relativamente seco e maiscontinental.

Ecozona 2 (110-90 cm): aumento deáreas de floresta, aumento da quantida-

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de de matéria orgânica (concentraçãototal de palinomorfos - Fig. 3), vegetaçãomais diversificada. Aumento de precipi-tações pluviais e temperatura. Concen-trações bastante altas de partículas decarvão (Fig. 3 ± 1000 anos AP – idadeinterpolada) sugerem queimadas muitoprovavelmente por ação antrópica.

Ecozona 3 (90-70 cm): diminuiçãodas concentrações de pólens e esporos,decréscimo de árvores e arbustos,poucas pteridófitas (Fig. 3). Climamais seco e bem estacional (chuvanum período e seca em outro) e umpouco mais quente, provavelmente abacia de sedimentação secou muito eocorreu redeposição dos sedimentosna superfície.

Ecozona 4 (70-50 cm): aumento deumidade marcado por um pico decyperaceas que inundou a várzea (afloresta quase que desaparece – Fig. 2).Baixa concentração de elementosarbóreos, sugerindo clima úmido etemperaturas mais baixas. Um pico deconcentrações de partículas de carvões(± 600 anos AP – idade interpolada)indica frequentes queimadas que muitoprovavelmente ocorreram devido à açãoantrópica (Fig. 3).

Ecozona 5 (50-30 cm): aumento detemperatura e clima mais próximo doatual (menor pluviosidade), a florestavolta a se estabelecer com expansão deáreas florestadas de mirtáceas (o quepode indicar a colonização da várzea porárvores/arbustos) (Fig. 2).

Ecozona 6 (30-10 cm): ligeiroaumento de gramíneas/compositae,áreas f lorestadas (Fig. 3) sendosubstituídas por campos ou vegetaçãomais aberta e com predomínio deMyrtaceae (Fig. 2). Aumento deEuphorbiaceae (indicativo de altera-ção ambiental). Concentraçõeselevadas de todos os palinomorfos(Fig. 3) podem indicar aumento deprecipitações pluviométricas (entradade influxos de água doce).

Ecozona 7 (10-0 cm - 110±60 AP):decréscimo de áreas florestadas, cobertu-ra herbácea e diminuição notável depteridófitas (várzea mais seca – Fig. 3).Provavelmente ocorreu o desenvolvi-mento de pastagem devido à açãoantrópica.

Discussão

Os dados paleoambientais disponíveispara a região sul brasileira apontam para umatendência à estabilização de um clima maisúmido e quente a partir de 12300 anos AP,associado à expansão da floresta subtropical.Por sua vez, estudos palinológicos realizados nonordeste do estado do Rio Grande do Sulindicam uma tendência ao desenvolvimentoinicial da floresta estacional subtropical porvolta de 9800 anos AP, apresentandocontemporaneidade com o início da ocupaçãocaçadora coletora na área (Araujo et al. 2005;Behling & Negrelle 2001; Dias 2003; Grala &Lorscheitter 2001; Stevaux 2000).

Os dados paleovegetacionais das ecozonas1 e 2 (Fig. 3) sugerem que os ambientes decampo aberto (ecozona 1) e de áreas florestadas(ecozona 2) se adaptam perfeitamente àsnecessidades de mobilidade dos caçadorescoletores da Tradição Umbu para obtenção derecursos sazonais nas diversas épocas do ano.Tomando por referência os estudos aquiapresentados, podemos sugerir que o sistemade mobilidade destes caçadores coletores seriainfluenciado pela presença concentrada derecursos sazonais, variando o número dedeslocamentos e o tamanho dos territórios deforragem de acordo com as estações. Nosperíodos de maior produtividade da flora(verão e primavera), os movimentos residenciaisseriam mais restritos, havendo uma maiorproximidade entre os acampamentos residenciaise uma maior permanência nos assentamentos.Durante o inverno, a diminuição na produtivi-dade da flora determinaria uma maior distânciaentre as bases residenciais, uma menor perma-nência nos acampamentos e áreas de forragemmais extensas (Dias 1994, 2003, 2004, 2009).

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Neste cenário de considerável estabilidadeambiental, podemos sugerir que as populaçõesde caçadores-coletores tenham tido uma longaconvivência com os ambientes florestais desdepelo menos o Holoceno Médio. Esta perspecti-va contraria, em parte, a visão tradicional deque estes grupos teriam preferência por ambi-entes mais abertos. De fato, tanto a cronologiacomo o repertório tecnológico destes gruposparecem indicar uma plena interação com osambientes florestados. Dentro deste contexto,seria adequado sugerir a possibilidade de que associedades de caçadores coletores tenhamexperimentado estratégias de manejo e manipu-lação de espécies vegetais que, mesmo semassumir o caráter de uma verdadeira horticultura,podem ter tido um impacto significativo naampliação dos recursos florestais, no períodoanterior à chegada dos horticultores de línguaJe e Tupi à região. Este padrão já foi sugeridopara outra região de Mata Atlântica (De Blasis1989), podendo mesmo se encontrar na basedo processo adaptativo destes grupos aosambientes densamente florestados da escarpaatlântica do Brasil Meridional.

A cronologia de 1260 anos AP obtida paraa região em estudo, encaixa-se também dentrodo horizonte de ocupação humana da TradiçãoGuarani na região, entre 745 e 190 anos AP, deacordo com Ribeiro (1974). Segundo Noelli(1999/2000) a adaptação dos Guarani aoambiente é autônoma em relação às ofertas derecursos, pois tinham a capacidade de transpor-tar e inserir um conjunto básico com suasplantas úteis na maioria das regiões queconquistaram.

O desenvolvimento das roças Guaranipossui características semelhantes às da vegeta-ção sucessional. O cultivo de vegetais baseava-seno princípio de consorciamento de diferentesespécies, resultando na competição diferencialdos nutrientes por metro quadrado, criandoresistência à disseminação de pragas e adiminuição dos impactos da erosão. A área deuma roça era utilizada por vários anos, namedida em que nela, além dos cultígenos deciclo fenológico, eram introduzidas da mesmaforma árvores frutíferas e plantas medicinais oufornecedoras de matérias primas. Portanto, a

evolução e distinção funcional das roças sealteravam de acordo com a sucessão secundária.Quando o número de plantas cultivadasdiminuía, novas roças eram abertas em outrospontos, passando as antigas a corresponder alocais onde predominam atividades de coleta(Noelli 1993).

Dentro do espaço do tekohá (espaço noqual se reproduzem as relações econômicas,sociais e político-religiosas essenciais a vidaGuarani) haveria florestas primárias, nãomanejadas, e áreas de florestas secundárias,antropogênicas, cujo manejo poderia iniciardentro da roça, com a preservação de árvoresúteis durante a derrubada ou com o transplantede espécies da floresta primária e secundáriapara os locais de cultivo. Com esta contínuaatividade, diversas áreas de cultivo em torno doraio de ação da aldeia eram criadas paraminimizar a procura de plantas úteis e maximizara oferta de alimentos durante todo o ano. Estaestratégia permitia a substituição da agriculturade plantas anuais por um espaço de plantasperenes, a serem utilizadas até que os processosde sucessão secundária fechassem as clareirasabertas na mata. A formação de pomares,hortas medicinais e o cultivo de plantasmanufatureiras também eram desenvolvidas emoutros lugares além da roça, podendo situar-sejunto às casas, no perímetro da aldeia, nastrilhas que ligam aldeias e roças entre si e emclareiras naturais ou artificiais associadas àderrubada de árvores para a coleta de madeira emel. Os Guarani também criavam e ampliavamcomunidades de uma espécie predominante,como a erva do mate (Ilex) e palmitais (Euterpe),entre outras (Noelli 1993, 1999/2000; Dias2009). Nas ecozonas 1, 2 e 3 da Figura 2 (1260a ~ 900 AP), observa-se a presença do Ilex (ervamate) que é uma planta natural da região,sugerindo que a presença desta planta nodiagrama possa ser motivada pelo manejoagroflorestal

Os resultados palinológicos aqui apresen-tados indicam que a área de estudo duranteas ocupações dos caçadores coletores e doshorticultores da Tradições Guarani e Taquaraera constituída de ambiente aberto comvegetação diversificada (floresta e/ou campo),

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Reconstituição paleoclimática do vale do Rio Caí, nordeste do Rio Grande do Sul, com ênfase nas ocupações humanas.Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 143-154, 2009.

BISSA, W.M.; DIAS, A.S.; CATHARINO, E.L.M. Paleoclimatic reconstitution ofRiver Caí valley, northeastern Rio Grande do Sul, with emphasis on human

occupation. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 143-154, 2009.

Abstract: Palynological analysis of a core from Caí River Valley, northeasternRio Grande do Sul (Brazil) has shown the record of environmental changes.Samples were treated with HCL, KOH, HF and acetolysis. For each sample aminimum of 300 grains of pollen was counted. The results show at around1,260 years BP the region occupied by grassland under a dry climate, with alater increase in forest areas at around 1,000 to 600 years BP, when firesoccurred, probably originating from human activities. From 600 years BP tothe present humidity and temperature increased, and climate became similar totoday. Paleoenvironmental data suggest that both grassland and forest areashave been exploited by pre-colonial human population.

Keywords: Palynology – Paleoenvironment – Holocene – Pre-colonialhuman occupation of Caí River valley (RS).

e clima oscilando de úmido a mais seco ebem estacional (chuva em um período e secaem outro). As altas concentrações de partí-culas de carvão da ecozona 2 (~ 1000 a 900anos AP – Fig. 3) foram muito provavelmen-te motivadas pela abertura de clareiras paraa implantação de roças. O mesmo episódioocorre na ecozona 4 (~ 600 anos AP – Fig.3). A ecozona 2 (vide Fig. 3) apresenta umaumento de áreas f lorestadas, podendo tersido explorada através de atividades intensi-vas para obtenção de recursos (vegetais/animais), concentradas em um determinadoperíodo do ano, garantindo o abastecimentoanual através de técnicas de preservação dealimentos. Isso está de acordo com os dadospaleoambientais apresentados porLorscheitter (2003) e Grala & Lorscheitter(2007) para a região de Serra Velha (RS), queindicam para o período entre 6000 anos APao presente expansão da Floresta Atlântica eaumento de umidade com temperaturas maisaltas, e atual retirada da Floresta por açãoantrópica.

Extrapolando os resultados paleoclimáticos/paleoambientais da área em estudo para umhorizonte cronológico de ~ 3000 até 190 anos

AP, podemos sugerir que o clima registrado naregião do Vale do Rio Caí, permaneceu pratica-mente estável durante o período de tempo deocupações da área pelas populações caçadorascoletoras e horticultoras, sugerindo que os sítiosarqueológicos parecem ser bons marcadorespaleoambientais no que se refere às condições deumidade. De modo geral houve períodos deumidade e clima estacional, contribuindo para afixação destas populações e favorecendo oabastecimento anual de recursos vegetais eanimais variado, correspondendo bem ao perfildas ocupações arqueológicas na região do valedo Rio Caí.

Agradecimentos

Este trabalho foi desenvolvido no quadroda pesquisa de Pós-Doutoramento do primeiroautor. Os autores agradecem ao MAE/USPpelo apoio institucional. Ao Dr. Paulo Alves deSouza, coordenador do Laboratório dePalinologia do Instituto de Geociências daUFRGS. À Dra. Luciane Coelho pela confec-ção dos diagramas palinológicos e Denise DalPino pelas ilustrações.

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