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CINTIA CARNEIRO PINHEIRO MARTINS RECONHECIMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DAS MALOCLUSÕES, GRAU DE SEVERIDADE E NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODÔNTICO POR ALUNOS DE GRADUAÇÃO ORIENTADORA: Professora Drª Mônica Almeida Tostes UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NITERÓI 2008

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  • CINTIA CARNEIRO PINHEIRO MARTINS

    RECONHECIMENTO DAS CARACTERSTICAS DAS MALOCLUSES, GRAU DE SEVERIDADE E NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODNTICO POR

    ALUNOS DE GRADUAO

    ORIENTADORA: Professora Dr Mnica Almeida Tostes

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    NITERI

    2008

  • 1

    CINTIA CARNEIRO PINHEIRO MARTINS

    RECONHECIMENTO DAS CARACTERSTICAS DAS MALOCLUSES, GRAU DE SEVERIDADE E NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODNTICO POR

    ALUNOS DE GRADUAO

    ORIENTADORA: Professora Dr Mnica Almeida Tostes

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    NITERI

    2008

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Odontologia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obteno do grau de Mestre. rea de concentrao: Clnica Odontolgica.

  • 2

    CINTIA CARNEIRO PINHEIRO MARTINS

    RECONHECIMENTO DAS CARACTERSTICAS DAS MALOCLUSES, GRAU DE SEVERIDADE E NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODNTICO POR ALUNOS DE GRADUAO

    ORIENTADORA: Professora Dr Mnica Almeida Tostes Aprovado em 19 de dezembro de 2008.

    BANCA EXAMINADORA

    ____________________________________ Prof. Dr. Sileno Brum

    Universidade Severino Sombra

    ___________________________________ Prof. Dr. Jos Nelson Mucha

    Universidade Federal Fluminense

    ___________________________________ Prof. Dr. Mnica Almeida Tostes Universidade Federal Fluminense

    Niteri 2008

  • 3

    Dedico este trabalho a meus pais,

    Aristides Pinheiro e Inairdes Pinheiro, e ao

    meu marido, Paulo Martins, pelo amor,

    incentivo, compreenso e apoio nesta

    importante etapa da minha vida.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, pela vida e por iluminar meu caminho durante todos estes

    anos.

    A Prof. Dr Mnica de Almeida Tostes pela orientao, competncia e

    dedicao na execuo deste estudo.

    Aos professores do Programa de Ps-Graduao em Odontologia da

    Universidade Federal Fluminense pelo empenho e dedicao ao magistrio.

    Ao Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal

    Fluminense, Prof. Dr. Cresus Vincius D. de Gouveia, ao Diretor da

    Faculdade de Odontologia da Universidade Salgado de Oliveira, Prof. Dr.

    Jos Mocarzel Filho e do Diretor da Faculdade de Odontologia da Pestalozzi,

    Prof. Nelson Graa pela autorizao da execuo deste estudo nas trs

    unidades de ensino.

    Aos professores de Clnica Integrada das Faculdades de Odontologia

    da Universidade Federal Fluminense, da Universidade Salgado de Oliveira e

    da Pestalozzi que me receberam e colaboraram na execuo deste estudo.

    Aos alunos de graduao das Faculdades de Odontologia da

    Universidade Federal Fluminense, da Universidade Salgado de Oliveira e da

    Pestalozzi, que participaram deste estudo, colaborando para o aumento do

    conhecimento.

    Aos colegas e amigos de curso pela coragem e momentos agradveis de

    convvio.

  • 5

    SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES 7

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS 9

    RESUMO 10

    ABSTRACT 11

    1.INTRODUO 12

    2. REVISO DE LITERATURA 17

    2.1 ndices Oclusais 18

    2.2 O ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico 36

    2.3 Avaliao dos Alunos de Graduao de Odontologia 50

    3. OBJETIVOS 53

    4. MATERIAL E MTODOS 54

    5. RESULTADOS 64

    6. DISCUSSO 77

  • 6

    7. CONCLUSO 87

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 88

    9. ANEXOS 93

  • 7

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1. Escala do componente esttico 42

    Figura 2. Foto intra-oral do caso clnico 1 57

    Figura 3. Vista frontal do caso clnico 1 58

    Figura 4. Vista lateral direita do caso clnico 1 58

    Figura 5. Vista lateral esquerda do caso clnico 1 58

    Figura 6. Vista oclusal do caso clnico 1 58

    Figura 7. Foto intra-oral do caso clnico 2 59

    Figura 8. Vista frontal do caso clnico 2 60

    Figura 9. Vista lateral direita do caso clnico 2 60

    Figura 10. Vista lateral esquerda do caso clnico 2 60

    Figura 11. Vista oclusal do caso clnico 2 60

    Figura 12. Foto intra-oral do caso clnico 3 61

    Figura 13. Vista frontal do caso clnico 3 62

    Figura 14. Vista lateral direita do caso clnico 3 62

    Figura 15. Vista lateral esquerda do caso clnico 3 62

    Figura 16. Vista oclusal do caso clnico 3 62

    Tabela 1. Avaliao dos 3 casos clnicos pelos alunos do

    ltimo perodo de graduao em Odontologia 64

    Grfico 1. Grau de necessidade de tratamento ortodntico

    (caso clnico 1) 68

    Grfico 2. Mordida cruzada posterior e anterior (caso clnico 1) 69

    Grfico 3. Grau de necessidade de tratamento ortodntico

    (caso clnico 2) 71

  • 8

    Grfico 4. Mordida cruzada posterior e anterior (caso clnico 2) 72

    Grfico 5. Grau de necessidade de tratamento ortodntico

    (caso clnico 3) 74

    Grfico 6. Mordida cruzada posterior e anterior (caso clnico 3) 75

  • 9

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    OMS Organizao Mundial da Sade

    SUS Sistema nico de Sade

    CEO Centro de Especialidades Odontolgicas

    PSF Programa de Sade da Famlia

    IOTN ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico

    DHC Componente de Sade Dental

    AC Componente Esttico

    OI ndice Oclusal

    TPI ndice de Prioridade de Tratamento

    HMAR Handcapping Maloccluion Assessment Record

    MSE Malloclusion Severity Estimate

    EEI ndice Esttico de Eastman

    DAI ndice de Esttica Dental

    PAR ndice de Avaliao entre Pares

    FOUFF Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense

    UNIVERSO Universidade Salgado de Oliveira

  • 10

    RESUMO

    A incluso da especialidade de Ortodontia no sistema pblico de sade se faz necessria em nosso pas. A necessidade de termos cirurgies-dentistas capacitados a diagnosticar e determinar o grau de severidade das malocluses iminente, tanto no servio pblico, elegendo as prioridades para tratamento ortodntico, como nos consultrios particulares. O presente estudo teve como objetivo analisar o grau de conhecimento dos alunos de graduao de Odontologia do ltimo perodo, acerca do diagnstico e grau de severidade das malocluses. Para tal, foram selecionados trs casos clnicos que atendessem as necessidades da pesquisa, com graus variados de malocluso e severidade. Os alunos responderam as perguntas sobre os trs casos clnicos, contendo modelos de gesso zocalados superior e inferior, mordida em cera e foto do sorriso do paciente, que foram apresentados juntamente com a escala do componente esttico do ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico (IOTN). As respostas obtidas pelos alunos foram comparadas com as anlises realizadas pela autora (padro ouro). Responderam a este questionrio, 47 alunos das trs Faculdades de Odontologia da cidade de Niteri RJ: Universidade Federal Fluminense (26 alunos - 55,32%), Universidade Salgado de Oliveira (16 alunos - 34,04%) e Pestalozzi (5 alunos - 10,64%). Cerca de 71,30% das questes sobre os trs casos clnicos estavam em concordncia com o padro ouro da amostra. Apresentaram alto ndice de concordncia na identificao da relao molar, de acordo com a classificao de Angle, com o menor valor encontrado de 74,47%. Os alunos demonstraram mais facilidade em diagnosticar os casos severos como portadores de grande necessidade de tratamento ortodntico (caso clnico 1 e 3), o que importante na questo da prioridade de tratamento no servio pblico. Palavras-chave: malocluso, ndice de gravidade de doena, ortodontia.

  • 11

    ABSTRACT It is necessary to include the Ortodontic in the public health care of our country. The public and the private systens need professionals with high level of skills to diagnose and to determine the harshness of malocclusion. The purpose of this study was the analysis of acquirable knowledge of the fourth-year dental students about diagnostic and identification of severe degree of the malocclusion. Three clinical cases, which are attentive to the request of this study, were selected. These cases, fully documented, were previously evaluated by the author (golden standard) and the data was compared to those acquired for the filled questionnaire forms that the students answered. The students answered to the questions formulated on the 3 records introduced with the aesthetic component scale of the Index of Orthodontic Treatment Need (IOTN). Answered to those questionnaires forms 47 students from the three Dental School of Niteri RJ: Universidade Federal Fluminense (26 students 55.32%), Universidade Salgado de Oliveira (16 sutdents 34.04%) and Pestalozzi (5 students 10.64 %). Approximately 71.30 % of the questions about 3 records were in according with golden standard model. It presented high level of concordance to identify malocclusion in according to Angle classification, with the minor value found of 74.47%. The students demonstrated to have capability to diagnostic the most severe clinical cases with treatment need, that are very important in the health public care. Key-Words: maloclusion, severity of illness index, orthodontic.

  • 12

    INTRODUO

    Nas ltimas dcadas, houve uma significativa reduo da crie

    dentria em crianas e adolescentes, fazendo com que mais ateno tenha

    sido direcionada a outros problemas bucais como as malocluses. Alm

    disso, de acordo com a Organizao Mundial da Sade (OMS), as

    malocluses encontram-se em terceiro lugar na escala de prioridades entre

    os problemas odontolgicos de sade pblica mundial, superado apenas

    pela doena crie e doena periodontal (PERES, TRAEBERT e MARCENES,

    2002).

    A malocluso tem chamado a ateno das autoridades sanitrias que

    tm procurado, em todas as partes do mundo, avaliar a severidade com que

    ocorre, seus caracteres, enfim, sua epidemiologia com o objetivo de

    estabelecer suas prioridades de acordo com o lugar e com as condies

    scio-econmico-culturais da regio em que se apresenta (MASCARENHAS,

    1977).

    O clnico geral e o odontopediatra so geralmente os primeiros a terem

    contato com o paciente numa fase precoce. O clnico que encaminha pode

    dar ao ortodontista muitas informaes valiosas. Estes profissionais devem

    ser aptos a diagnosticar as alteraes e distingu-las da normalidade, caso

    contrrio, a conseqncia poder ser o estabelecimento de tratamentos

    desnecessrios ou mesmo a indicao indevida para as especialidades ou a

    no indicao para tratamento na poca adequada (MIGUEL, BRUNHARO e

    ESPERO, 2005).

  • 13

    INTRODUO

    MOYERS (1991) afirma ser uma necessidade que todo odontlogo se

    conscientize de que a ortodontia uma parte da odontologia e como tal deve

    ser conhecida por todo odontlogo.

    As malocluses podem se manifestar nas denties decdua e mista e a

    interveno precoce e/ou tratamento na poca oportuna podem evitar

    problemas maiores e minimizar, de algum modo, o tratamento ortodntico

    no futuro. MOURA, SIMPLCIO, MOURA e MOURA (1994) afirmaram que o

    conhecimento dos eventos que caracterizam as transies entre as

    dentaduras decdua, mista e permanente indispensvel, no s para o

    ortodontista e odontopediatra, bem como para o clnico geral. Tal

    conhecimento permite o diagnstico das malocluses e a determinao da

    fase ideal de interveno ortodntica, para que este processo ocorra de forma

    satisfatria.

    A poca ideal para a interveno ortodntica poder variar de acordo

    com a malocluso, mas, se o aconselhamento de um especialista

    necessrio, melhor que seja mais cedo do que mais tarde. A maioria dos

    tratamentos ortodnticos realizada no final da dentio mista ou no incio

    da dentio permanente, mas algumas condies podem ser tratadas mais

    precocemente e alguns tratamentos, tais como com aparelhos funcionais,

    dependem da fase ativa do crescimento facial e devem ser iniciados

    imediatamente aps o reconhecimento do problema (WELBURY, DUGGAL e

    HOSEY, 2007).

  • 14

    INTRODUO

    Na prtica clnica, muitas vezes presenciamos os clnicos gerais

    encaminhando pacientes para o especialista diagnosticar a presena da

    malocluso e, conseqentemente, determinar a poca oportuna para o

    tratamento. Porm, o encaminhamento pode ser tardio, dificultando a

    correo da malocluso, que pode levar mais tempo ou demandar uma

    aparatologia e procedimentos que no seriam necessrios (por exemplo,

    cirurgia ortogntica) se tratado na poca oportuna ou, at mesmo, passar a

    ter um prognstico desfavorvel.

    Em relao aos pacientes atendidos em consultrio particular, os

    problemas se restringem a estas dificuldades, porm em se tratando de

    sade pblica temos outro agravante que a no filtragem de

    encaminhamento dos casos mais graves ou prioritrios para tratamento

    ortodntico, j que geralmente no h condies de absorver toda a

    demanda. Alm disso, temos o fato de que um tratamento precoce

    geralmente tem um custo e um tempo de tratamento menor do que um

    tratamento aps a poca adequada, sobrecarregando assim o sistema

    pblico financeiramente e ocupando o profissional por um tempo maior que

    o necessrio. No servio pblico, este diagnstico por parte do clnico e a

    correta indicao para o tratamento ortodntico na fase oportuna e de

    acordo com o grau de severidade (determinado as prioridades) otimiza a

    procura por atendimento.

  • 15

    INTRODUO

    Freqentemente, tanto nos consultrios de Ortodontia como no servio

    pblico, encontramos pacientes indicados para tratamento ortodntico na

    fase da dentio mista para corrigir caractersticas que so normais nesta

    fase ou que podero apresentar melhora ou at correo espontnea ao

    final das trocas dentrias. Assim como pacientes que j passaram da fase

    ideal para tratamento de determinada malocluso. Neste sentido, verifica-se

    a necessidade de cirurgies-dentistas capacitados para o diagnstico das

    malocluses, afim de que esta situao se reverta e o prognstico dos

    tratamentos ortodnticos no seja prejudicado por um tratamento indevido

    ou um encaminhamento tardio.

    Em 1980 a Associao Americana de Escolas de Odontologia

    desenvolveu um guia curricular de Ortodontia que afirma que o seu objetivo

    educacional prover aos alunos de Odontologia dos Estados Unidos e

    Canad instruo suficiente para capacitar os estudantes a reconhecer e

    estabelecer a malocluso, selecionar e tratar problemas menos complicados

    e indicar apropriadamente os pacientes para o ortodontista (BRIGHTMAN,

    HANS, WOLF e BERNARD, 1999).

    No Brasil a Ortodontia no faz parte do Sistema nico de Sade (SUS).

    oferecida em alguns servios pblicos como nas Foras Armadas (Marinha,

    Exrcito e Aeronutica), Foras Auxiliares Estaduais (Polcia Militar e Corpo

    de Bombeiros) e nas Faculdades pblicas de Odontologia que oferecem

    tratamento ortodntico, atravs dos seus cursos de graduao e ps-

  • 16

    INTRODUO

    graduao. Como a malocluso tem obtido uma importncia maior a nvel de

    sade pblica, se faz necessrio no futuro termos polticas pblicas voltadas

    tambm para o oferecimento do tratamento ortodntico. Isto demonstra a

    importncia de termos clnicos gerais capacitados para diagnosticar a

    malocluso, identificar os graus de severidade e as prioridades de

    tratamento para o servio pblico.

    Desta forma, o presente estudo buscou analisar o conhecimento dos

    estudantes de graduao de Odontologia do ltimo ano de Faculdade, da

    cidade de Niteri, acerca do diagnstico das malocluses.

  • 17

    2. Reviso de literatura

    WELBURY, DUGGAL e HOSEY (2007) afirmaram que todas as crianas

    devem ser avaliadas quanto presena de malocluso durante um exame

    clnico rotineiro. Embora o tratamento ortodntico seja usualmente realizado

    na fase da dentio mista tardia e na dentio permanente precoce, em

    algumas condies obtm-se melhores resultados com o tratamento em um

    estgio mais precoce. Fundamentalmente, os seguintes dados compem esta

    avaliao:

    1. Percepo do paciente sobre sua malocluso (a queixa, se houver);

    2. seu nvel geral de percepo dos seus dentes;

    3. um exame extra-bucal do padro facial (padro esqueltico e tecidos

    moles);

    4. condio de sade bucal higiene bucal e qualidade do dente;

    5. a presena ou ausncia de todos os dentes;

    6. o alinhamento e a forma de cada arco dentrio;

    7. os dentes em ocluso.

    As autoridades sanitrias Norte Americana estimaram que 54-78,8%

    das crianas americanas tm necessidade de tratamento ortodntico ativo e

    que, aproximadamente, 10% de todos os casos, so os que se constituem em

    problema de sade pblica, pois sua gravidade impede que o paciente leve

    uma vida normal (MASCARENHAS, 1977).

  • 18

    REVISO DE LITERATURA

    2.1 ndices Oclusais

    Em pases onde o tratamento ortodntico total ou parcialmente

    includo no sistema pblico de sade, a determinao da necessidade de

    tratamento e proviso de tratamento diferem. Na Sucia, o ndice de

    malocluso utilizado para determinar que criana tem autorizao para

    cuidados ortodnticos no servio pblico dental. Na Noruega e na Holanda

    ndices so usados para determinar a severidade da malocluso e a sua

    extenso, que qualificam o paciente para um subsdio financeiro pelo fundo

    pblico. No Reino Unido ndices de necessidade de tratamento no so

    rotineiramente utilizados e toda malocluso em criana qualifica para

    tratamento gratuito. Isto aumenta a possibilidade das recomendaes de

    tratamento serem feitas de uma maneira no uniforme (RICHMOND, SHAW,

    O'BRIEN, BUCHANAN, STEPHENS, ANDREWS et al., 1995).

    Nos Estados Unidos da Amrica, alguns estados oferecem tratamento

    ortodntico a crianas com malocluso e usam alguns ndices ortodnticos

    para qualificar o paciente para o tratamento (JENNY e NAHAM, 1996).

    No Brasil, a Ortodontia ainda no foi includa nas Diretrizes da Poltica

    Nacional de Sade Bucal, apesar da criao dos Centros de Especialidades

    Odontolgicas (CEO), que j possuem diversos servios especializados como

    Endodontia, Periodontia, Prtese e Cirurgia dando atendimento secundrio e

    tercirio complementar ateno bsica j oferecida pelo SUS

    (bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_brasil_sorridente.p

    df).

  • 19

    REVISO DE LITERATURA

    MACIEL e KORNIS (2006) sugerem o ingresso da Ortodontia no

    Sistema Pblico de Sade a partir do Programa de Sade da Famlia (PSF).

    Os pacientes examinados pela equipe de sade bucal do PSF com

    necessidade de tratamento corretivo podem ser encaminhados unidade de

    sade mais prxima, onde passariam por um processo de triagem com a

    aplicao do ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico (Index of

    Orthodontic Treatment Need IOTN) pelos clnicos gerais, supervisionados

    por um especialista e por um exame psicossocial. Seriam tratados somente

    os pacientes com baixo poder aquisitivo, apresentando casos de grande

    gravidade que ofereceriam agravos srios sociabilidade do indivduo. O

    tratamento preventivo e interceptativo ficariam a cargo da prpria equipe de

    sade bucal do PSF e o tratamento curativo seria realizado por especialistas.

    Nos pases onde o tratamento ortodntico oferecido atravs do

    servio pblico de sade, o diagnstico e encaminhamento para o

    especialista so feitos pelo clnico geral que dever ter conhecimento para

    faz-lo corretamente. Discusses a respeito da ateno aos pacientes

    portadores de malocluses pelo Sistema nico de Sade, no Brasil, atravs

    dos Centros de Especialidades Odontolgicas, tambm tm recomendado

    que o diagnstico e o encaminhamento sejam feitos pelos clnicos gerais

    (MACIEL e KORNIS, 2006 e HEBLING, PEREIRA, HEBLING e MENEGHIM,

    2007).

    ALLEN (1970) enfatizou que, segundo as previses da demanda para

    tratamento ortodntico, os recursos pblicos no seriam suficientes para

  • 20

    REVISO DE LITERATURA

    atender a todos, e um sistema de priorizao seria necessrio. A tarefa de

    determinar prioridades para tratamento ortodntico requereria um sistema

    de medio que, para uso em larga escala, fosse o mais objetivo possvel e

    com regras bem definidas. Tambm chamou ateno para a necessidade de

    um mtodo que tivesse o menor erro possvel entre operadores e que, de

    preferncia, no necessitasse de documentao, que fosse feito na boca do

    paciente e no fosse utilizado apenas por ortodontistas, mas tambm por

    auxiliares.

    CHAVES (1986) ponderou que em relao ao problema de malocluso

    em sade pblica, existiam poucos mtodos disponveis apropriados para

    medio. S recentemente o problema ortodntico vinha constituindo

    preocupao dos programas de odontologia social e, assim mesmo, s em

    pases de amplos recursos. Poder-se-iam encarar os ndices de malocluso

    sob dois aspectos: o do ortodontista e o do sanitarista. O primeiro trataria de

    medir todos os desvios da normalidade, isto , verificar em uma populao o

    nmero total de indivduos cujas relaes dentomaxilares se apresentavam

    em desacordo com o conceito um tanto vago e abstrato de ocluso normal.

    Os que apresentassem esses desvios poderiam ser divididos, do ponto de

    vista ortodntico, de acordo com a classificao de malocluses de

    preferncia de cada ortodontista. Do ponto de vista do sanitarista, os ndices

    de malocluso baseados em critrios puramente clnicos no satisfaziam.

    Fazia falta ao sanitarista um critrio importante, que deveria estar

    compreendido no ndice: o de necessidade de tratamento sob o ponto de

  • 21

    REVISO DE LITERATURA

    vista do ajustamento do indivduo vida em sociedade. Constituiria a

    malocluso um inconveniente esttico ou funcional grave, ou se trataria,

    apenas, de uma desarmonia oclusal, sem maiores conseqncias fsicas,

    psquicas ou sociais. Neste ltimo caso, ela no seria um problema de sade

    pblica; no caso anterior, sim.

    Uma variedade de ndices oclusais tem sido descrita na literatura

    ortodntica norte americana e alguns deles so atualmente usados para

    determinar o acesso aos servios pblicos ortodnticos em pelo menos 19

    estados. Porm, a Associao Americana de Ortodontia tem tomado a

    deciso de no reconhecer nenhum ndice, classificao ou sistema como

    medidas cientificamente vlidas para a necessidade de tratamento

    ortodntico (SHAW, RICHMOND e OBRIEN, 1995).

    Por outro lado, o uso dos ndices oclusais tem se tornado um fato na

    vida de ortodontistas Europeus no somente em determinar o acesso a

    servio de ortodontia pblica, mas mais recentemente, em qualidade de

    confiana e pesquisa (SHAW, RICHMOND e OBRIEN, 1995).

    Os ndices podem ser divididos em 5 tipos, cada um para um propsito

    distinto: classificao diagnstica, ndices epidemiolgicos, ndices de

    necessidade de tratamento (ou prioridade de tratamento), ndice de resultado

    de tratamento e ndices de complexidade de tratamento (SHAW, RICHMOND

    e OBRIEN, 1995).

  • 22

    REVISO DE LITERATURA

    A classificao de Angle o tipo mais conhecido de ndice de

    classificao diagnstica, sendo de fcil comunicao entre os ortodontistas.

    Os ndices epidemiolgicos so utilizados para estimar a prevalncia de

    malocluso em uma determinada populao (SHAW, RICHMOND e OBRIEN,

    1995).

    Os ndices de necessidade de tratamento ortodntico so usados

    extensivamente na Europa do norte, especialmente na seleo de pacientes

    para tratamento nos servios de sade pblica de ortodontia (JARRVINEN,

    2001).

    O principal propsito dos ndices de necessidade de tratamento

    ortodntico determinar a prioridade para tratamento, para selecionar quais

    pacientes tratar. Os ndices de tratamento ortodntico tm sido usados para

    planejar a proviso do tratamento ortodntico em pases nos quais os

    servios de sade dental so subsidiados pelo governo como parte de um

    servio nacional de sade ou sistema de seguro de sade nacional, como nos

    casos da Inglaterra, Nova Zelndia, Holanda, Dinamarca, Finlndia, Gr-

    Bretanha, Noruega e Sucia. Devido esta conexo com programas de sade

    pblica, o uso dos ndices tem sido limitado em pases onde servios de

    sade dental pblico no so geralmente disponveis. Entretanto, ndices de

    necessidade de tratamento so tambm importantes ferramentas para

    determinar a prevalncia e severidade da malocluso em estudos

    epidemiolgicos (JARVINEN, 2001).

  • 23

    REVISO DE LITERATURA

    Vrios ndices de necessidade de tratamento tm sido desenvolvidos

    para categorizar as malocluses de acordo com o nvel de necessidade de

    tratamento (SHAW, RICHMOND e OBRIEN, 1995).

    um requerimento bsico de qualquer ndice ou sistema de

    mensurao que ele possa ser vlido e reproduzvel. Validade constitui a

    habilidade de um ndice de medir aquilo a que se prope, enquanto

    reprodutibilidade a capacidade de reproduzir as avaliaes originais

    quando o indivduo reexaminado pelo mesmo ou por outro examinador. O

    ndice deve ser fcil de ser aprendido, permitindo idealmente rpida tomada

    de dados, tanto por dentistas como por pessoal no treinado em Odontologia

    (SHAW, RICHMOND, O'BRIEN KD e BROOK, 1991).

    Os requisitos dos ndices de ocluso so similares aos requisitos de

    qualquer ndice dental e foram resumidos em um documento da Organizao

    Mundial da Sade (TANG e WEI 1993). So eles:

    1. a situao no grupo expressa por um nmero simples,

    correspondendo a sua posio relativa em uma escala finita, com limites

    superior e inferior definidos, em uma graduao progressiva do zero, por

    exemplo, ausncia de doena, ao ltimo grau, por exemplo, doena em

    ltimo estgio;

    2. o ndice deve ser igualmente sensvel em todas as partes da escala;

    3. o valor do ndice deve corresponder importncia clnica do estgio

    da doena representada;

  • 24

    REVISO DE LITERATURA

    4. a importncia do ndice deve ser demonstrada por anlise

    estatstica;

    5. um ndice deve ser reproduzvel;

    6. equipamentos e instrumentos requisitados devem ser praticveis na

    situao real de campo;

    7. o procedimento de exame deve requerer o mnimo de julgamento

    subjetivo;

    8. o ndice deve ser fcil o suficiente para permitir o estudo de grandes

    populaes sem custo ou esforos maiores que os necessrios;

    9. o ndice deve permitir a pronta deteco da mudana das condies

    do grupo, para melhor ou para pior;

    10. o ndice deve ser vlido durante o tempo.

    Conferncias nos Estados Unidos e em outros pases tm "clamado"

    por um novo ndice que inclua o fator esttico to bem quanto os fatores

    anatmicos. A importncia da esttica dental em determinar a necessidade

    de tratamento ortodntico suportada pela alta correlao que tem sido

    relatada entre a esttica dental, necessidade de tratamento e severidade da

    malocluso na classificao clnica. As conseqncias psicolgicas quanto a

    uma esttica dental inaceitvel pode ser to sria, ou talvez mais sria, que

    os problemas biolgicos (JENNY e NAHAM, 1996).

  • 25

    REVISO DE LITERATURA

    Um grande nmero de ndices tem sido desenvolvido desde 1950

    quando Massler e Frankel propuseram um mtodo quantitativo de

    classificar a malocluso. Os mais populares dos velhos ndices, o ndice

    Oclusal (OI) desenvolvido por Summers, o ndice de Prioridade de

    Tratamento (TPI) desenvolvido por Grainger e Handcapping Maloccluion

    Assessment Record (HMAR) desenvolvido por Salzmann foram introduzidos

    na dcada de 60. Outro novo ndice foi introduzido aproximadamente 10

    anos depois, o ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico IOTN

    (JARVINEN, 2001).

    2.1.1 Classificao de Angle

    A mais comum e usada forma de avaliar quantitativamente a

    malocluso a Classificao de Angle (ANGLE, 1899, apud MIGUEL, 1998),

    que a julga tomando como base a relao ntero-posterior dos segmentos

    vestibulares superiores e inferiores. Angle ressaltou j naquela poca, a

    importncia de organizar em classes bem definidas as malocluses. Para

    diagnosticar casos de malocluses, o autor recomendou primeiro a relao

    msio-distal dos arcos dentais. Em seguida, as posies individuais dos

    dentes. As trs classes elaboradas pelo autor eram:

    a) Classe I posio relativa dos arcos dentais normal no sentido

    msio-distal, com os primeiros molares em ocluso normal, tendo contudo

    algum dente vestibularizado ou lingualizado (69,2% dos casos).

  • 26

    REVISO DE LITERATURA

    b) Classe II retruso da mandbula, com ocluso distal dos dentes

    inferiores, dividida em duas subclasses: diviso 1 e 2. a primeira delas foi

    descrita como tendo arco superior estreito, com incisivos superiores

    projetados e proeminentes, alm da ausncia de funo nasal e labial

    (respiradores bucais). A diviso 2 foi descrita como possuindo leve

    estreitamento do arco superior, incisivos superiores apinhados, com

    inclinaes linguais e protruso. Ambas as subclasses poderiam ter

    subdivises, se apenas um dos lados apresentasse essa alterao mesio-

    distal.

    c) Classe III protruso da mandbula, com ocluso mesial dos dentes

    inferiores, incisivos e caninos inferiores inclinados. Tambm poderia

    apresentar uma subdiviso, caso essa caracterstica s fosse observada em

    um lado do arco. A classe III foi apontada por Angle como a menos freqente

    de sua classificao, com aproximadamente 4% dos casos.

    A classificao de Angle foi aceita pelos profissionais, uma vez que

    trouxe ordem aos mtodos utilizados para descrever as relaes oclusais.

    Contudo foi reconhecido que existiam deficincias no mtodo criado por

    Angle, principalmente o fato de no levar em conta o relacionamento dos

    dentes com a face (o perfil facial), tanto na classificao como no plano de

    tratamento. Outra questo que Angle tinha como referencia o plano ntero-

    posterior, enquanto a malocluso um problema tridimensional

    (ACKERMAN e PROFFIT, 1969).

  • 27

    REVISO DE LITERATURA

    Com o passar do tempo, o sistema de Angle mostrou-se inadequado

    para o contexto de sade pblica, apesar de eficiente para o uso descritivo e

    para aplicao em antropologia (SCIVIER, MENEZES e PARKER, 1974).

    Em 1977, MASCARENHAS avaliou a freqncia de malocluso em

    escolares de Palhoa (Brasil) utilizando a classificao de Angle, onde

    encontrou 46,13% das 414 crianas entre 11 e 12 anos de idade

    apresentando alguma forma de malocluso, sendo que 30,05% da amostra

    era portadora de Classe I.

    2.1.2. ndice de Moore e de Massler e Frankel

    Em 1948, MOORE desenvolveu uma classificao subjetiva da ocluso

    com fins epidemiolgicos, incluindo uma abordagem da necessidade de

    tratamento, e, em 1951, MASSLER e FRANKEL desenvolveram um mtodo

    tambm subjetivo para avaliar a malocluso e necessidade de tratamento em

    grandes grupos populacionais com fins epidemiolgicos. Devido

    subjetividade destes ndices e conseqente impossibilidade de

    reprodutibilidade, eles foram abandonados.

    2.1.3 ndice Oclusal (Oclusal Index - OI)

    O ndice Oclusal (OI) foi desenvolvido por SUMMERS em 1966 e foi

    baseado na estimativa da severidade da malocluso (MSE). O primeiro

  • 28

    REVISO DE LITERATURA

    defeito do MSE pde ser remediado em parte pela definio de normalidade

    todo o tempo, em particular igualando a anlise da dentio mista com a

    atual mudana de dentes, e em parte por dar diferentes pesos a certos itens

    em diferentes idades dentrias. Um escore para as diferentes idades

    dentrias (decdua, mista e permanente) foi desenvolvido. O segundo defeito

    do MSE foi acertado no OI considerando os escores de todas as sndromes

    (apud TANG E WEI, 1993).

    SUMMERS cunhou o termo desordem oclusal em vez de malocluso e

    a definiu como qualquer variao inaceitvel esttica e funcionalmente, quer

    para a pessoa dela portadora, quer para o dentista que realiza o exame. O OI

    foi baseado nas seguintes caractersticas: idade dental, relao molar,

    sobremordida, sobressalincia, linha mdia e ausncia de incisivos

    superiores permanentes. A incluso da idade dentria no ndice permitiu

    levar em considerao o desenvolvimento da ocluso durante a anlise, o

    que importante para o ndice ser vlido com o passar do tempo. Testes

    para validar o OI com o passar do tempo e reprodutibilidade intra-operador

    indicaram alta validade: o OI possua alta correlao com a avaliao clnica.

    O escore do grupo no diminuiu com o tempo, indicando a validade do

    mtodo com o passar do tempo e a concordncia entre operadores foi alta

    (apud TANG E WEI, 1993).

    GRAY e DEMIRIJIAN (1977) avaliaram o OI como sendo altamente

    reproduzvel, contudo, foi considerado ligeiramente mais complicado de

  • 29

    REVISO DE LITERATURA

    se operar, requerendo mais tempo na calibragem e medio. SCIVIER,

    MENEZES e PARKER (1974), apesar de reconhecerem o OI como um mtodo

    altamente objetivo, tambm consideraram-no demasiadamente complexo

    para o uso em epidemiologia.

    Este ndice tem sido utilizado para avaliar o sucesso do tratamento

    (SHAW, RICHMOND, O'BRIEN e BROOK, 1991).

    2.1.4 ndice de Prioridade de Tratamento (Treatament

    Priority Index - TPI)

    GRAINGER em 1967 modificou o Malloclusion Severity Estimate (MSE)

    para desenvolver o ndice de Prioridade de Tratamento (TPI). Grainger

    descreveu o ndice como um mtodo de estabelecer a severidade da

    malocluso e, a partir da, prover meios de classificar os pacientes de acordo

    com a severidade da malocluso e a prioridade de tratamento.

    O TPI uma ferramenta epidemiolgica usada para classificar

    malocluso e taxar a necessidade de tratamento ortodntico (GHAFARI,

    LOCKE e BENTLEY, 1989).

    Para o desenvolvimento do TPI foram utilizados dados oriundos do

    Centro de Pesquisa de Ortodontia Burlington, situado em Toronto (Canad).

    O indivduo para ser considerado portador de uma anomalia mutilante

    deveria apresentar um dos seguintes fatores (GRAINGER, 1967):

    a) esttica inaceitvel;

    b) significativa reduo da eficincia mastigatria;

  • 30

    REVISO DE LITERATURA

    c) condio traumtica predispondo a uma destruio tecidual sob a

    forma de cries ou doena periodontal;

    d) dificuldade de fala;

    e) falta de estabilidade de forma que a ocluso presente no seria

    mantida em um perodo de tempo razovel;

    f) defeitos traumticos, fissura labial e/ou palatal, injrias

    patolgicas ou cirrgicas.

    O ndice foi baseado em onze caractersticas oclusais e dentofaciais

    selecionadas pela sua relevncia em relao aos itens acima listados:

    sobressalincia positiva e negativa, sobremordida, mordida aberta anterior,

    ausncia congnita de incisivos, mesio-ocluso, mordida cruzada vestibular,

    mordida cruzada lingual, m posio dentria individual, fissura palatal e

    outras anomalias dentofaciais graves.

    SCIVIER, MENEZES e PARKER (1974) fizeram um estudo piloto para

    abordar a validade do TPI em 235 estudantes ingleses de 11 e 12 anos de

    idade. O ndice foi avaliado como sendo objetivo e simples de usar,

    permitindo razovel correlao entre ele e os escores da abordagem clnica e

    uma boa concordncia interexaminador. Em poucos casos, contudo, o

    escore de TPI e a abordagem clnica eram consideravelmente diferentes. Alm

    da possibilidade de um erro de leitura ou uma grande variao de acordo

    com o julgamento clnico, os casos de sobremordida exagerada so as causas

    mais provveis de discrepncia, especialmente onde a esttica no foi

    afetada, levando a uma sub-estimativa na abordagem clnica.

  • 31

    REVISO DE LITERATURA

    KATZ (1978) considerou o TPI como sendo o mais fraco de oito ndices

    estudados para o reconhecimento do padro de respostas para quatro

    perguntas em um questionrio sobre auto-imagem oral. O TPI, junto com

    outros ndices avaliados, falhou em medir, adequadamente, o componente

    psicossocial da m ocluso de um indivduo.

    SLAKTER, ALBINO E GREEN (1980) consideraram a prpria percepo

    da criana da sua malocluso como uma varivel psicolgica e a percepo

    de outras pessoas da ocluso da criana como varivel social. A amostra foi

    composta por 52 crianas que planejavam obter tratamento ortodntico e

    102 no, estudantes do oitavo e nono ano de uma rea metropolitana no

    oeste do estado de New York. Os dados foram ento obtidos, quando

    possvel, de ambos os pais e de irmos, regulando na idade da criana.

    Dados foram coletados em uma sesso por um entrevistado treinado

    (questionrio estruturado). Foi utilizado tambm uma foto do sorriso das

    crianas que foram submetidas a avaliao do TPI por um dentista. Em

    adio ao TPI, escores obtidos incluam 3 medidas psicolgicas e tambm

    medidas sociais. As variveis psicolgicas e sociais tiveram significante

    correlao com o TPI no nvel de 0,05. Foram apresentadas evidncias para

    validar o TPI quando medindo necessidade de tratamento.

    A partir do fato de que a procura por tratamento ortodntico

    freqentemente resultado da preocupao com a aparncia, a classificao

    da necessidade de tratamento deveria incluir, segundo TEDESCO, ALBINO,

    CUNAT, GREEN, LEWIS e MALCOM (1983) uma avaliao imparcial da

  • 32

    REVISO DE LITERATURA

    aparncia dento-facial. Desta forma, procuraram desenvolver um ndice

    vlido e seguro que proporciona julgamentos relativamente objetivos da

    atratividade dento-facial. A amostra deste estudo foram crianas americanas

    que procuravam por tratamento ortodntico, e seus irmos, e que no

    procuravam por tratamento ortodntico e seus irmos. Fotografias das

    crianas foram classificadas de acordo com a atratividade dento-facial por

    leigos e dentistas. As crianas foram tambm classificadas quanto a

    severidade de malocluso pelo TPI. As crianas que procuravam por

    tratamento foram classificadas como significativamente menos atraente do

    que as crianas que no procuravam por tratamento. Os dentistas

    classificaram as crianas que procuravam por tratamento como mais

    atraente do que os leigos.

    GHAFARI, LOCKE e BENTLEY (1989) avaliaram a predictabilidade do

    TPI como um indicador de severidade de malocluso, o efeito do tratamento

    ortodntico nos valores do TPI e compararam os resultados com um estudo

    nacional de crianas americanas entre 6 e 11 anos de idade e de 12 a 17

    anos conduzidos pelo Servio de Sade Pblico dos EUA. Os principais

    valores do TPI no refletiram a extenso da severidade na populao.

    Concluram que o TPI um indicador epidemiolgico de malocluso vlido,

    mas no prediz a severidade da malocluso individual na dentio

    permanente. O TPI foi considerado deficiente na qualificao de fatores

    estticos que so intrnsecos na avaliao clnica da malocluso.

  • 33

    REVISO DE LITERATURA

    2.1.5 ndice Esttico de Eastman (Eastman Esthetic Index-

    EEI)

    O primeiro ndice a se propor a medir o grau de mutilao esttica

    produzido por uma malocluso foi desenvolvido por HOWITT, STRICKER e

    HENDERSON em 1967 e ficou conhecido como o ndice Esttico de

    Eastman (EEI). Ele foi baseado em dez caractersticas da ocluso:

    sobressalincia positiva e negativa, sobremordida exagerada e mordida

    aberta, a maior m posio no sentido vestbulo lingual de qualquer dente,

    nmero e severidade de rotaes, mal alinhamento de incisivo inferior,

    incisivo central com diastema ou no restaurado, fratura de incisivos. As

    caractersticas dos dentes mais visveis, considerados como tendo o maior

    efeito sobre a esttica, receberam um peso de forma arbitrria. A soma dos

    escores das caractersticas encontradas era o escore de EEI.

    2.1.6 Registro da Avaliao da Malocluso Incapacitante

    (Handicapping Malocclusion Assesment Record)

    Em 1968, SALZMANN desenvolveu o Registro da Avaliao da

    Malocluso Incapacitante, um ndice, julgado subjetivamente, tendo como

    objetivo de decidir se a malocluso encontrada seria incapacitante e avaliar a

    severidade baseando-se no efeito da malocluso na sade dental, funo e

    esttica. O ndice tem como objetivo ser, apenas, um mtodo para

  • 34

    REVISO DE LITERATURA

    estabelecer a prioridade de tratamento ortodntico, e no para o uso em

    diagnostico clnico e planejamento.

    O ndice se constitua na determinao por parte do examinador de

    nota para cada dente afetado. Cada incisivo superior afetado recebia nota

    dois e qualquer outro dente comprometido recebia nota um. O exame era

    dividido em desvios inter e intra-arcos e as suas medies no estavam

    envolvidas nessas avaliaes. Dentes ausentes, apinhamentos, rotaes ou

    espaamento eram registrados, junto com a presena da sobressalincia, da

    sobremordida, da mordida aberta, da mordida cruzada e das discrepncias

    de uma cspide no sentido ntero-posterior, de acordo com as definies do

    autor. Na avaliao clnica, um Registro de Avaliao Oral era feito, onde

    desvios dentofacial presentes eram relacionados. Neste grupo estavam

    includas a fissura palatina e/ou labial, a interposio do lbio inferior entre

    os incisivos, a assimetria facial (incluindo prognatismo mandibular e

    retrognatismo), as limitaes funcionais da mandbula e as interferncias

    oclusais. Defeitos na fala poderiam ser includos se houvesse assessoria de

    uma pessoa com treinamento em Fonoaudiologia. A opinio da criana e de

    seus pais sobre a necessidade e o desejo do tratamento ortodntico tambm

    eram obtidas (SALZMANN, 1968).

    Ao comparar este ndice com outros trs, GRAY E DEMIRIJAN (1977)

    encontraram que o tempo gasto na avaliao foi considerado pequeno e a

    reprodutibilidade, boa.

  • 35

    REVISO DE LITERATURA

    2.1.7 ndice de Esttica Dental (Dental Aesthetic Index DAI)

    O ndice de esttica dental (DAI) formulado em 1986 na Universidade

    de Iowa sob a coordenao do Prof. Naham C. Cons, um ndice de

    necessidade de tratamento ortodntico, que avalia dez caractersticas

    das malocluses com pesos variveis as quais foram selecionadas atravs

    da percepo esttica de leigos. O DAI composto de dois componentes: o

    componente clnico e o esttico. O DAI une os componentes estticos e

    clnico matematicamente para produzir um simples escore que combina os

    aspectos fsicos e estticos da ocluso. Os dez componentes estticos do DAI

    so dentes ausentes visveis, apinhamento, espaos, diastema,

    desalinhamentos maxilar e mandibular, sobressalincia positiva e negativa,

    mordida aberta anterior e relacionamento ntero-posterior do molar. Os

    quais so avaliados com o uso de uma sonda periodontal da OMS (CUNHA,

    MIGUEL e LIMA, 2003).

    Os escores do DAI so significativamente associados com a percepo

    da necessidade de tratamento por estudantes e seus pais e so bons

    predictores da receita de futura determinao de tratamento ortodntico

    (JENNY e NAHAM, 1996).

    2.1.8. ndice de Avaliao entre Pares (Peer Assessment

    Rating PAR)

    O Peer Assessment Rating (PAR) um ndice oclusal britnico que

    mede a severidade da malocluso e tem sido usado em vrias investigaes

  • 36

    REVISO DE LITERATURA

    que tem avaliado a efetividade da proviso do tratamento ortodntico na

    Europa (DEGUZMAN, BAHIRAEI, VIG, VIG, WEYANT e OBRIEN, 1995).

    O PAR foi desenvolvido por RICHMOND, SHAW e O'BRIEN (1992) com

    o objetivo de possibilitar um escore nico e resumido para todas as

    anomalias oclusais que compe uma malocluso. A diferena entre os

    escores inicial e final (ps-tratamento) reflete o grau da melhora obtida, ou

    em outras palavras, o sucesso do tratamento.

    DEGUZMAN, BAHIRAEI, VIG, VIG, WEYANT e OBRIEN (1995), em seu

    estudo, se ocuparam em validar o ndice PAR utilizando a opinio de um

    grupo de ortodontistas americanos. Onze ortodontistas examinaram uma

    amostra de 200 casos agrupados pela severidade de malocluso e percepo

    da dificuldade de tratamento. Um dos maiores achados desta investigao foi

    de que houve uma associao bastante prxima entre a percepo do

    ortodontista da severidade da malocluso e a percepo da dificuldade de

    tratamento. Esta investigao resultou no desenvolvimento de uma medida

    que reflete a severidade da malocluso e dificuldade do tratamento.

    2.2 O ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico

    O ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico (Index of

    Orthodontic Treatment Need - IOTN) classifica a malocluso em termos de

    significncia de varias caractersticas oclusais e a percepo esttica, com a

    inteno de identificar quais pessoas poderiam ser mais beneficiadas atravs

    do tratamento ortodntico. (SHAW, RICHMOND e OBRIEN, 1995).

  • 37

    REVISO DE LITERATURA

    A necessidade do tratamento ortodntico pde ser medida de forma

    clara utilizando-se o IOTN desenvolvido na Inglaterra por BROOK e SHAW

    em 1989. O componente clnico do IOTN uma modificao do ndice

    utilizado pelo Conselho Sueco de Sade e Previdncia. O ndice Sueco foi

    expandido para incluir cinco, em vez dos originais quatro graus de

    necessidade de tratamento, e a avaliao subjetiva da deficincia esttica foi

    excluda. Uma escala ilustrativa com dez fotos utilizada para avaliar de

    forma independente, a necessidade esttica desses mesmos pacientes, que

    se chamou de Componente Esttico (AC).

    O IOTN baseado na severidade de malocluso e foi desenvolvido para

    tentar estabelecer um consenso dentro da profisso sobre os casos em que

    os benefcios de um tratamento ortodntico so compensatrios. A

    complexidade e a dificuldade do tratamento ortodntico no so

    necessariamente dependentes da severidade da malocluso; por exemplo, as

    malocluses moderadas muitas vezes necessitam de tratamento sofisticado e

    extensivo, se nenhuma melhora tiver sido alcanada anteriormente. O IOTN

    tem dois componentes: Componente de Sade Dental (DHC) e o Componente

    Esttico (WELBURY, DUGGAL e HOSEY 2007).

    O DHC registra as vrias caractersticas oclusais das malocluses nas

    quais podem aumentar a morbidade da dentio e estruturas adjacentes. e

    classifica a malocluso em cinco graus, de acordo com a severidade,

    baseados na evidencia atual dos efeitos prejudiciais das vrias

    caractersticas oclusais (RICHMOND, SHAW, O'BRIEN, BUCHANAN,

  • 38

    REVISO DE LITERATURA

    STEPHENS, ANDREWS et. al., 1995). A malocluso classificada de acordo

    com a pior caracterstica. Pacientes dos graus 1 e 2 tm pouca ou nenhuma

    indicao para tratamento da sade dentria, enquanto para os de graus 4 e

    5 a necessidade de tratamento indiscutvel. Os casos limtrofes, de grau 3,

    requerem julgamento quanto necessidade de tratamento, e a aparncia da

    dentio pode ser levada em considerao de acordo com o Componente

    Esttico do ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico. (WELBURY,

    DUGGAL e HOSEY, 2007).

    Componente de sade dental (DHC) do ndice de Necessidade de

    Tratamento Ortodntico:

    Grau 5 (grande necessidade de tratamento):

    5.i Dente impactado (exceto terceiros molares) devido a

    apinhamento, deslocamento, presena de dentes supranumerrios, reteno

    dos dentes decduos e alguma causa patolgica.

    5.h Hipodontia grave com comprometimento restaurador (mais do

    que um dente ausente em algum quadrante) necessitando de tratamento

    restaurador antes da ortodontia.

    5.a Overjet aumentado, maior que 9mm.

    5.m Overjet negativo, maior que 3,5mm com relato de dificuldade

    mastigatria e de fonao.

    5.p Fenda labial e palatina e outras anomalias craniofaciais.

    5.s Dentes decduos anquilosados (submersos)

  • 39

    REVISO DE LITERATURA

    Grau 4 (necessidade de tratamento)

    4.h Hipodontia menos grave necessitando de restauraes antes da

    ortodontia ou fechamento de espao para eliminar a necessidade de uma

    prtese.

    4.a Overjet aumentado, maior que 6mm, porm menor que ou igual

    a 9mm.

    4.b Overjet negativo, maior que 3,5mm com nenhuma dificuldade

    mastigatria ou de fonao.

    4.m overjet negativo, maior que 1mm, porm menor que 3,5 com

    relato de dificuldades mastigatria e de fonao.

    4.c Mordidas cruzadas anterior e posterior com mais de 2mm de

    discrepncia entre posio cntrica e mxima intercuspidao.

    4.l Mordida cruzada posterior lingual sem contato oclusal funcional

    em um ou em ambos os segmentos do arco.

    4.d Ponto de contato severo com desvio maior que 4mm.

    4.e Mordida aberta lateral ou anterior severa maior que 4mm.

    4.f Overbite exagerado e completo com trauma na mucosa palatina

    ou gengival.

    4.t Dentes parcialmente irrompidos, inclinados e impactados contra

    os dentes adjacentes.

    4.x Presena de dentes supranumerrios.

  • 40

    REVISO DE LITERATURA

    Grau 3 (necessidade limtrofe)

    3.a Overjet aumentado, maior que 3,5mm, porm menor que ou

    igual a 6mm com incompetncia labial.

    3.b Overjet negativo maior que 1mm, porm menor que ou igual a

    3,5mm

    3.c Mordida cruzada anterior e posterior maior que 1mm, porm

    menor que ou igual a 2mm de discrepncia entre a posio de contato

    cntrica e mxima intercuspidao.

    3.d Ponto de contato com desvio maior que 2mm, porm menor que

    ou igual a 4mm.

    3.e Mordida aberta lateral e anterior maior que 2mm, porm menor

    que ou igual a 4mm.

    3.f Overbite exagerado completo sem trauma nos tecidos palatino

    ou gengival.

    Grau 2 (pequena)

    2.a Overjet aumentado, maior que 3,5mm, porm menor que ou

    igual a 6mm com competncia labial

    2.b Overjet negativo, maior que 0mm, porm menor que ou igual a

    1mm.

    2.c Mordida cruzada anterior e posterior menor que ou igual a 1mm

    de discrepncia entre a posio cntrica e mxima intercuspidao.

  • 41

    REVISO DE LITERATURA

    2.d Ponto de contato com desvio maior que 1mm, porm menor que

    ou igual a 2mm.

    2.e Mordida aberta lateral ou anterior maior que 1mm, porm menor

    que ou igual a 2mm.

    2.f Overbite maior que ou igual a 3,5mm sem contato gengival.

    2.g Ocluso pr-normal ou ps-normal com nenhuma outra

    anormalidade (inclui at parte de uma discrepncia).

    Grau 1 (nenhum)

    1. Malocluso extremamente mnima incluindo contato prematuro

    com desvio menor que 1mm.

    O Componente Esttico do ndice de Necessidade de Tratamento

    Ortodntico usa uma escala de 10 fotografias mostrando diferentes nveis de

    relacionamento interdental. A fotografias so usadas como guias para

    classificar a aparncia da dentio. Os graus de 1 a 4 indicam pouca ou

    nenhuma necessidade de tratamento ortodntico, tendo como parmetro o

    componente esttico. Os graus 5 a 7 so limtrofes, e os pacientes de graus 8

    a 10 claramente se beneficiariam com o tratamento ortodntico. Entretanto,

    difcil ser verdadeiramente objetivo quando se faz julgamentos deste tipo

    sobre a aparncia individual, e o Componente Esttico no alcana uso

    universal em funo de sua natureza subjetiva (WELBURY, DUGGAL e

    HOSEY 2007).

  • 42

    REVISO DE LITERATURA

    Figura 1 - Escala do componente esttico.

    A opinio sobre a aparncia dentofacial geralmente o que motiva a

    procura por tratamento ortodntico. Os pacientes e seus pais tm

    expressado grande expectativa pelos resultados do tratamento ortodntico;

    70% ou mais dos que responderam um questionrio, consideraram o

    tratamento importante para o sucesso de seus filhos no futuro e acreditavam

    que depois do tratamento a criana deveria ser mais atrativa e mais bonita

    (HOWELLS e SHAW 1985).

  • 43

    REVISO DE LITERATURA

    De fato, a melhora da funo fsica no a primeira motivao para

    muitas pessoas que recebem tratamento ortodntico (JENNY 1975).

    A demanda do tratamento ortodntico afetada por diversos fatores.

    Os pacientes so diferentes com relao percepo de sua aparncia,

    alguns aparentemente no percebem o seu problema, enquanto outros ficam

    insatisfeitos com a menor irregularidade. A demanda de tratamento

    depende, portanto, de como a severidade da malocluso percebida pelo

    paciente e seus familiares, e no pela percepo dos cirurgies-dentistas

    (WELBURY, DUGGAL e HOSEY, 2007).

    De acordo com BROOK E SHAW (1989), geralmente, a

    reprodutibilidade do DHC do IOTN boa em condies clnicas ideais. Em

    condies menos ideais, como em escolas, o resultado um pouco pobre em

    reprodutibilidade. Quanto ao componente esttico, eles reportaram boa

    reprodutibilidade intra e inter-examinador. Entretanto, a auto-avaliao da

    esttica dental pela criana encontrou uma pequena concordncia com o

    julgamento esttico dos examinadores. Existe uma tendncia das crianas

    aumentarem seu nvel de atratividade comparada com a classificao

    profissional.

    BROOK E SHAW (1989) analisaram 222 pacientes indicados para

    avaliao para tratamento ortodntico e mostraram que, como esperado,

    69,4% da amostra era de Grau 4 ou 5, enquanto somente 6% apresentavam

    pouca necessidade de tratamento, isto , Grau 1 ou 2.

  • 44

    REVISO DE LITERATURA

    Em Sheffield, cidade Inglesa, HOLMES (1992) mediu a prevalncia da

    necessidade de tratamento ortodntico 95 escolares de 12 anos de idade,

    utilizando o IOTN. Em relao ao DHC, 34,8% das crianas foram

    classificadas como Grau 1 ou 2, 33,2% das crianas com Grau 3 e 32%

    foram categorizadas nos Graus 4 e 5. Foi detectada uma diferena

    significativa dos escores 1 e 2 de DHC entre os sexos (38,5% nas meninas

    em comparao com 31,4% nos meninos). Em compensao, o sexo feminino

    apresentou-se em menor quantidade (27,7%) do que o masculino (36%) nos

    escores de maior necessidade de tratamento (grau 4 e 5). Quanto ao

    componente esttico, o operador avaliou que 50,7% das crianas estavam

    situadas na extremidade mais atraente da escala (Grau 1, 2, e 3), proporo

    bem menor da auto-avaliao, que foi de 70,8%. A comparao entre as

    opinies do operador e as resultantes das auto-avaliaes indicou somente

    uma leve concordncia estatstica.

    O IOTN e o ndice PAR foram utilizados por OBRIEN, SHAW e

    ROBERTS (1993) em um estudo onde avaliaram a severidade da malocluso

    e os resultados dos tratamentos de pacientes de 17 hospitais da Inglaterra e

    Pas de Gales. Os autores relatam que foi possvel aplic-los em uma

    amostra de casos de maneira eficiente e reproduzvel, mostrando-se eles um

    importante instrumento de avaliao dos resultados e da efetividade do

    tratamento ortodntico.

    Em 1993, uma grande mudana no IOTN foi sugerida por LUNN,

    RICHMOND e MITROPOULOS, pois concluram que o IOTN poderia ter

  • 45

    REVISO DE LITERATURA

    melhor confiana se o DHC e o AC fossem reduzidos em trs graus. Para o

    AC, as fotografias um a quatro deveriam representar "sem necessidade",

    fotografias cinco a sete deveriam representar uma necessidade limtrofe e as

    fotografias 8 a 10 "necessidade" de tratamento. Para o DHC, os graus 1 e 2

    deveriam indicar "sem necessidade" de tratamento, o grau 3, "border line" e

    os graus 4 e 5, "necessidade" de tratamento. Essa sugesto foi aceita pelo

    time de especialistas em IOTN de Manchester e tem sido utilizado na

    Inglaterra. Com este novo ponto de vista, aproximadamente um tero dos

    escolares britnicos se tornaram elegveis para o tratamento ortodntico em

    programas pblicos.

    Para avaliar a quantidade de demanda no atendida dos pacientes

    ingleses, BURDEN, MITROPOULOS e SHAW (1994) examinaram um total de

    506 jovens ente 15 e 16 anos utilizando o IOTN, com o objetivo de

    determinar a proporo de jovens que ainda tinham necessidade de

    tratamento, j que haviam passado da idade em que normalmente o

    tratamento ortodntico oferecido no servio pblico. Do total da amostra,

    30% foram considerados com necessidade de tratamento, sendo que 16%

    dessas amostras no havia recebido nenhuma indicao para tratamento.

    Os jovens que apresentavam malocluso severa sem orientao para

    tratamento eram geralmente de uma faixa socioeconmica mais

    desfavorecida e do sexo masculino.

  • 46

    REVISO DE LITERATURA

    BURDEN e HOLMES (1994) compararam a necessidade de tratamento

    ortodntico em crianas de 11 e 12 anos das cidades de Sheffield e

    Manchester no Reino Unido, utilizando o IOTN. A proporo de crianas com

    grande necessidade de tratamento ortodntico (Grau 4 e 5) foi semelhante

    nas duas cidades, com 33% de necessidade em Manchester e 32,5% em

    Sheffield.

    Procurando avaliar se existia diferena no uso do IOTN em modelos de

    estudo, fotografias e exame clnico, BUCHANAN, DOWNING e STIRRUPS

    (1994) compararam os resultados de dois examinadores nessas trs

    situaes utilizando os mesmos casos. A anlise estatstica revelou que a

    confiabilidade do examinador e a coincidncia entre as informaes obtidas

    clinicamente e a partir de modelos de estudo foi alta. No entanto houve uma

    pobre concordncia dos escores de AC avaliadas por fotografias, quando

    comparados com os escores obtidos clinicamente ou de modelos.

    RICHMOND, SHAW, O'BRIEN, BUCHANAN, STEPHENS, ANDREWS et

    al (1995) avaliaram a relao entre o IOTN e o consenso de opinies sobre a

    necessidade de tratamento em um grupo de 74 dentistas entre

    ortodontistas e clnicos gerais, onde o IOTN obteve boa correlao com a

    principal opinio subjetiva da lista de 74 dentistas. Eles eram mais

    favorveis em considerar a esttica como maior causador da necessidade de

    tratamento quando comparado com a sade dental. Os resultados obtidos

    levaram os autores a propor trs categorias para ambos os componentes de

    IOTN: DHC 1 a 2 e AC 1 a 4 sem ou pequena necessidade; DHC 3 e AC 4 a

  • 47

    REVISO DE LITERATURA

    7 necessidade moderada e DHC 4 a 5 e AC 8 a 10 grande necessidade de

    tratamento. Tinham como objetivo determinar a variao na percepo da

    necessidade de tratamento em 320 modelos de estudo, avaliados por este

    grupo de 74 dentistas. Os resultados mostraram no haver unanimidade do

    grupo no que constitua uma necessidade de tratamento. Ao avaliar a

    necessidade de tratamento por deficincia esttica, os ortodontistas

    mostraram um grau de concordncia substancial, enquanto os clnicos

    gerais apresentam concordncia apenas razovel. Os autores concluram que

    o IOTN correlacionou bem com a principal opinio subjetiva do grupo de 74

    dentistas.

    BIRKELAND, BOE e WISTH (1996) compararam a opinio de crianas

    em escolas de Bergen (Noruega) e seus pais com uma taxao por

    ortodontistas de necessidade de tratamento para investigar a auto-estima

    das crianas e opinio dos pais sobre resultado de tratamento. O grupo de

    359 crianas e seus pais foram perguntados sobre suas opinies em

    questionrios separados. A auto-estima das crianas foi avaliada atravs da

    Escala Global de Auto-Avaliao Negativa (GSE). Um ortodontista avaliou as

    crianas dentro do IOTN. De acordo com o componente de sade dental

    (DHC), 53,2% das crianas tinham de muito grande a moderada necessidade

    e 46,8% tinham pequena necessidade. A taxao da prpria criana sobre o

    AC do IOTN foi mais perto do atraente do que a do ortodontista. O operador

    avaliou que 50,7% delas estavam situadas na extremidade mais atraente da

    escala (Graus 1, 2 e 3 de AC), proporo bem menor da auto-avaliao, que

  • 48

    REVISO DE LITERATURA

    foi de 70,8%. O escore do GSE feito pelas crianas no teve correlao com

    os componentes do IOTN. Os resultados indicam uma significante

    associao entre o interesse ortodntico e a necessidade de tratamento

    ortodntico avaliado pelo IOTN. Entretanto, alguns pacientes (e seus

    responsveis) com grande necessidade no expressam interesse ortodntico,

    enquanto outros com ocluso prxima ao ideal expressam interesse.

    STENVIK, ESPELAND, LINGE e LINGE (1997) examinaram a

    aplicabilidade da escala do AC do IOTN como ferramenta na informao do

    paciente. Uma amostra de 137 crianas, 126 pais e 98 jovens foi

    questionada para correlacionar as fotografias pela falta de atrativo esttico e

    necessidade de tratamento. Os resultados indicaram que, em geral, as

    fotografias de maior pontuao na escala foram apontadas como as mais

    desagradveis. A maioria dos pais e jovens relacionaram as cinco ltimas

    fotos da escala (grau 6 a 10) com necessidade de tratamento. As crianas

    foram significativamente menos crticas em seu julgamento esttico.

    Para comparar as opinies de 96 ortodontistas de nove pases acerca

    da sade dentria e esttica facial aos resultados do IOTN, RICHMOND e

    DANIEL (1998) utilizaram 240 modelos de estudo e observaram que somente

    67% dos casos examinados obtiveram um consenso. A indicao para

    tratamento variou em funo do pas de origem e as normas adotadas por

    cada governo. Alm disso, foi observada diferena entre operadores, o que

    reforou a indicao de um sistema que no fosse baseado nas opinies

    subjetivas e individuais.

  • 49

    REVISO DE LITERATURA

    Estudos prvios utilizando o IOTN tm reportado que o componente

    esttico (AC) tem uso limitado em escolares. GRZYWACZ (2003) estimou se a

    opinio expressa pelos graus do AC escolhidos pela amostra confivel. Esta

    correlao poderia indicar se o AC do IOTN pode ajudar a identificar

    indivduos interessados no tratamento ortodntico que poderia cooperar bem

    e conseqentemente gerar grandes benefcios. O estudo foi realizado com 84

    escolares do noroeste da Polnia de 12 anos de idade. Os resultados

    mostraram que o AC refletiu moderadamente a percepo subjetiva da

    esttica dental e necessidade de tratamento. Os resultados indicaram que o

    uso da escala do AC por profissionais no pareceu ser mais precisa que a

    auto-avaliao. O AC pode ajudar a identificar pacientes interessados em

    tratamento que poderiam ser potencialmente cooperadores.

    A presena de malocluso, o prejuzo esttico e o grau de necessidade

    de tratamento ortodntico foram analisados por CUNHA, MIGUEL e LIMA

    (2003) atravs da utilizao dos ndices DA (ndice de Esttica Dental) e

    IOTN, em uma amostra de 120 modelos de estudo. Os ndices que,

    inicialmente foram designados para propsitos epidemiolgicos, esto sendo

    usados para determinar a prioridade de tratamento em locais onde os

    servios so limitados. Os resultados mostraram que mais de 70% dos casos

    tinham uma severa necessidade de tratamento ortodntico de acordo com

    ambos os ndices. As caractersticas oclusais mais freqentes nestes casos

    foram: overjet maxilar superior acima de 3,5mm, apinhamento e ausncia

    dentria.

  • 50

    REVISO DE LITERATURA

    2.3 Avaliao dos Alunos de Graduao de Odontologia

    BRIGHTMAN, HANS, WOLF e BERNARD (1999) procuraram

    estabelecer o resultado da educao ortodntica na Escola Americana de

    Odontologia. Foi utilizado um teste para medir a habilidade clnica dos

    estudantes de Odontologia em diagnosticar a malocluso em crianas, assim

    como suas habilidades didticas em responder questes selecionadas do

    recente board ortodntico nacional. Os registros de sete crianas com

    diferentes tipos de malocluso foram selecionados e apresentados a

    estudantes de Odontologia da Universidade de Case Western Reserve

    (CWRU), em Cleveland, Ohio, que foram orientados a fazer o diagnstico e

    recomendaes para tratamento. Os conhecimentos didticos foram

    aumentando ao longo dos quatro anos da Faculdade de Odontologia. Os

    alunos do primeiro ano responderam corretamente 30% do questionrio,

    enquanto os alunos do quarto ano responderam 59%. A relao entre a

    habilidade de diagnostico clinico e a educao em Odontologia no foi to

    forte. Os estudantes do quarto ano responderam 70% das questes acerca

    dos sete casos corretamente. Os resultados demonstraram que as

    habilidades clnicas em diagnstico ortodntico e conseqentemente a

    habilidade de indicar apropriadamente para tratamento ortodntico no

    aumentou significativamente ao longo dos quatro anos, j que os alunos do

    quarto ano apresentaram somente pequeno aumento comparado com os

    alunos do primeiro ano, que responderam 65% das questes corretamente.

  • 51

    REVISO DE LITERATURA

    BENTELE, VIG, SHANKER e BECK (2002) investigaram a eficcia do

    uso do ndice de Necessidade de Tratamento Ortodntico (IOTN) como uma

    ferramenta para melhorar a habilidade dos estudantes de Odontologia em

    determinar a necessidade de tratamento ortodntico. Acadmicos do quarto

    ano de Odontologia foram randomicamente divididos em grupo controle,

    sham control e experimental. Em duas ocasies, os acadmicos avaliaram 30

    modelos de estudo ortodnticos com uma estandardizao ouro previamente

    estabelecida por 15 ortodontistas experientes quanto necessidade de

    tratamento ortodntico. O grupo experimental reavaliou os modelos aps

    instrues sobre o IOTN. Concluram que o grupo experimental obteve um

    significante aumento na concordncia com os 15 ortodontistas experientes

    depois do treinamento com o IOTN comparado com o grupo controle. IOTN

    uma ajuda promissora de ensino para melhorar os resultados educacionais

    de ortodontia.

    MIGUEL, BRUNHARO e ESPERO (2005) avaliaram o grau de

    conhecimento dos alunos do ltimo perodo de graduao sobre o

    desenvolvimento normal da ocluso durante a fase da dentadura mista.

    Foram apresentados aos alunos fotografias e modelos de estudo de um

    paciente Classe I de Angle na fase do patinho feio (ocluso normal). Eles

    constataram que h certa facilidade por parte dos estudantes em

    diagnosticar a Classe I de Angle (87,6%), assim como a presena de

    trespasse horizontal aumentado (79,6%) e a existncia de diastemas (81,7%).

    Em relao a sobremordida, 28,9% dos alunos identificaram um aumento

  • 52

    REVISO DE LITERATURA

    da mesma, e apenas um nmero muito reduzido da amostra considerou

    estas caractersticas compatveis com a fase da dentadura mista. Apenas

    10,1% dos alunos entenderam que no havia necessidade de tratamento

    ortodntico, j que a ocluso era totalmente compatvel com a fase de

    desenvolvimento. Os resultados mostraram que uma grande parte dos

    alunos termina o curso de graduao com dificuldades em identificar as

    caractersticas normais do desenvolvimento, o que pode levar a tratamentos

    desnecessrios ou encaminhamentos tardios.

  • 53

    3. OBJETIVOS

    Analisar a capacidade dos alunos de graduao de Odontologia do ltimo

    perodo das Faculdades de Odontologia de Niteri em identificar:

    o paciente portador de malocluso e a necessidade de indicao para tratamento ortodntico.

    o grau de severidade das malocluses. as prioridades para a indicao de tratamento ortodntico das

    malocluses diante da severidade do caso.

  • 54

    4. MATERIAL E MTODOS

    O protocolo experimental para este estudo com alunos de graduao

    de Odontologia, que inclui, a utilizao de questionrio foi submetido ao

    Comit de tica em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade

    Federal Fluminense que, atravs do documento CEP CMM/HUAP n 204/07,

    datado de sete de dezembro de dois mil e sete, deu parecer favorvel a todos

    os procedimentos previstos no presente estudo (anexo 1).

    A amostra foi composta por 47 alunos do ltimo perodo de graduao

    de Odontologia da cidade de Niteri, que j cursaram a disciplina de

    ortodontia. A participao destes alunos na pesquisa foi feita de forma

    voluntria. Fizeram parte da amostra alunos das trs Faculdades de

    Odontologia da cidade de Niteri RJ: Faculdade de Odontologia da

    Universidade Federal Fluminense FOUFF (26 alunos), Faculdade de

    Odontologia da Universidade Salgado de Oliveira UNIVERSO (16 alunos) e

    Faculdade de Odontologia da Pestalozzi (5 alunos).

    Foi utilizada a tcnica padronizada de coleta de dados, atravs de

    questionrio fechado (anexo 2), ao qual estavam anexados cada par de

    modelos de gesso zocalados de trs casos clnicos selecionados, mordida em

    cera, foto do sorriso dos trs pacientes, a figura do componente esttico do

    IONT e uma rgua milimetrada flexvel prpria para obteno das medidas

    necessrias para respond-lo. O questionrio foi elaborado baseado nas

    caractersticas das malocluses presentes no ndice de Necessidades de

    Tratamento Ortodntico (IOTN) que estabelece os diferentes graus de

    severidade de malocluso.

  • 55

    MATERIAL E MTODOS

    Algumas modificaes foram feitas para adequao do IOTN s

    necessidades deste estudo e entendimento dos alunos. Os graus de

    severidade 1, 2, 3, 4 e 5 do IOTN foram agrupados em 3: grau 3 grande

    necessidade de tratamento ortodntico, grau 2 necessidade limtrofe de

    tratamento ortodntico e grau 1 pequena necessidade de tratamento

    ortodntico de acordo com o proposto por LUNN, RICHMOND e

    MITROPOULOS (1993) e RICHMOND, SHAW, O'BRIEN, BUCHANAN,

    STEPHENS, ANDREWS et al (1995).

    Fizeram parte do questionrio somente as caractersticas de

    malocluses do IOTN capazes de serem diagnosticadas atravs de modelos

    de gesso. Fez-se necessrio acrescentar algumas opes como resposta

    algumas questes, com o objetivo de facilitar o entendimento do aluno a

    respeito do que se queria avaliar, de acordo com o estudo piloto realizado

    com as monitoras da disciplina de odontopediatria da FOUFF.

    No estudo piloto foi elaborado um questionrio baseado no IOTN que

    foi apresentado s monitoras juntamente com outros trs casos clnicos

    selecionados (modelos de gesso superior e inferior, mordida em cera e foto do

    sorriso de cada caso). Aps a avaliao dos casos para preenchimento deste

    questionrio, foi relatado pelas participantes as dificuldades observadas

    quanto aos itens do questionrio relativos ao IOTN, j que os alunos de

    graduao geralmente no tem contato com este tipo de ndice na disciplina

    de ortodontia.

    Desta forma, alm das alteraes feitas tambm foi acrescentada ao

    questionrio a classificao de Angle, para determinar a classe de molar e de

  • 56

    MATERIAL E MTODOS

    canino, devido ao fato deste tipo de classificao de malocluso ser mais

    utilizada na graduao (anexo 2).

    Os questionrios elaborados para a realizao deste estudo,

    juntamente com os casos clnicos, foram apresentados a todos os alunos do

    ltimo perodo de graduao que aceitaram participar voluntariamente da

    pesquisa, individualmente e sem limitao de tempo para responder as

    questes.

    Os casos clnicos apresentados foram selecionados do acervo da

    pesquisadora e foi composto de modelos de gesso zoocalados das arcadas

    dentrias superior e inferior, mordida em cera e fotos do sorriso do paciente.

    Os casos clnicos foram selecionados obedecendo aos seguintes critrios:

    arcadas dentrias com dentio permanente completa, com todos os dentes

    j erupcionados sem ausncias dentrias com malocluses de classe I,

    II e III, de acordo com a classificao de Angle, com o grau de necessidade de

    tratamento ortodntico do IOTN variado.

    Os alunos foram questionados quanto presena ou no da

    malocluso em cada caso clnico e as caractersticas destas malocluses, a

    necessidade de indicao ou no para tratamento ortodntico e qual o grau

    de severidade/gravidade do caso clnico, pelas caractersticas

    morfofuncionais das malocluses e pela esttica do sorriso. As respostas do

    questionrio foram mantidas em sigilo para preservar a identidade dos

    alunos.

  • 57

    MATERIAL E MTODOS Os trs casos clnicos selecionados foram submetidos a duas

    avaliaes pela autora, em um intervalo de tempo, para determinao de

    suas caractersticas, configurando assim o padro ouro da amostra. Os

    resultados destas avaliaes foram submetidos ao teste Kappa, obtendo o

    valor de 0,96.

    O padro ouro dos casos clnicos selecionados foi:

    Caso clnico 1

    Paciente P. D. C., 15 anos, portadora de malocluso com grande

    necessidade de tratamento ortodntico. Possui mordida cruzada posterior

    bilateral e mordida cruzada anterior. A sua sobressalincia negativa, com

    valores variando entre -1 e -3,5mm de transpasse horizontal (2mm). No

    possui mordida aberta e sua sobremordida de 2mm. Deslocamento de

    pontos de contato maior do que 1mm e menor ou igual a 2mm.

    Com relao classificao de Angle, possui relao molar do lado

    direito e esquerdo de Classe III. A relao de canino do lado direito de

    Classe I e do lado esquerdo de Classe III.

    Fotos do Caso Clnico 1:

    Figura 2 Foto intra-oral do caso clnico 1.

  • 58

    MATERIAL E MTODOS

    Figura 3 Vista frontal do caso clnico 1.

    Figura 4 Vista lateral direita do caso clnico 1. Figura 5 Vista lateral esquerda do caso clnico 1.

    Figura 6 Vista oclusal do caso clnico 1.

  • 59

    MATERIAL E MTODOS

    Caso clnico 2

    Paciente M. S. S., 12 anos, portadora de malocluso com pequena

    necessidade de tratamento ortodntico. A sua sobressalincia e

    sobremordida considerada normal (2 a 3mm) e no possui mordida aberta.

    No possui mordida cruzada posterior e mordida cruzada anterior. Possui

    deslocamentos de pontos de contato maior do que 1mm e menor ou igual a

    2mm.

    Com relao classificao de Angle, possui relao de molar do lado

    direito e esquerdo de Classe I. A relao de canino do lado direito e do lado

    esquerdo de Classe I.

    Fotos do Caso Clnico 2:

    Figura 7 foto intra-oral do caso clnico 2.

  • 60

    MATERIAL E MTODOS

    Figura 8 Vista frontal do caso clnico 2.

    Figura 9 Vista lateral direita do caso clnico 2. Figura 10 Vista lateral esquerda do caso clnico 2.

    Figura 11 Vista oclusal do caso clnico 2.

  • 61

    MATERIAL E MTODOS

    Caso clnico 3

    Paciente S. L. C., 12 anos, portadora de malocluso com grande

    necessidade de tratamento ortodntico. A sua sobremordida (overbite)

    considerada total ou aumentada com trauma gengival ou profunda completa

    sobre tecidos gengivais ou palatais, mas sem trauma. A sobressalincia

    (overjet) superior a 6mm (7mm). No possui mordida aberta. Possui

    mordida cruzada posterior unilateral direita lingual do primeiro pr-molar e

    no possui mordida cruzada anterior. Possui deslocamentos de pontos de

    contato maior do que 2mm e menor ou igual a 4mm.

    Com relao classificao de Angle, possui relao de molar do lado

    direito e esquerdo de Classe II. A relao de canino do lado direito e esquerdo

    de Classe II.

    Fotos do Caso Clnico 3:

    Figura 12 Foto intra-oral do caso clnico 3.

  • 62

    Figura 13 Vista frontal do caso clnico 3.

    Figura 14 Vista lateral direita do caso clnico 3. Figura 15 Vista lateral esquerda do caso clnico 3.

    Figura 16 Vista oclusal do caso clnico 3.

  • 63

    MATERIAL E MTODOS

    Com todos os questionrios recolhidos, os dados foram transferidos

    para uma planilha (Microsoft Office Excel 2003). Cada caso clnico avaliado

    constituiu um grupo (caso clnico 1, grupo 1; caso clnico 2, grupo 2 e caso

    clnico 3, grupo 3) com dois subgrupos sendo um formado pela avaliao dos

    alunos e outro pelo padro ouro. Cada questo foi considerada como uma

    varivel categrica para possibilitar anlise dos dados. A estatstica

    descritiva dos grupos foi executada pelo software estatstico SPSS (SPSS

    13.0, Chicago, IL).

    Como o objetivo deste trabalho foi analisar o grau de conhecimento

    dos profissionais que esto se formando na cidade de Niteri e entrando no

    mercado de trabalho quanto ao diagnostico ortodntico, a anlise foi

    descritiva e comparativa, no especificando, no entanto, os resultados finais

    por Instituies.

  • 64

    5. RESULTADOS

    O valor do teste Kappa intra-examinador foi de 0,96, configurando

    assim o padro ouro da amostra. Os valores das variveis, ou seja, as

    respostas dos questionrios obtidas dos casos clnicos avaliados pelos

    alunos de graduao apresentaram grande variao (tabela 1). As respostas

    dadas pelos alunos em concordncia com o padro ouro da amostra

    encontram-se em negrito. Os avaliadores do grupo teste foram constitudos

    por 47 alunos do ltimo perodo do curso de graduao em Odontologia da

    Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (55,32%), da

    UNIVERSO (34,04%) e Pestalozzi (10,64%).

    Tabela 1 Avaliao dos 3 casos clnicos pelos alunos do ltimo perodo de graduao em Odontologia. Caso Clnico 1 Caso Clnico 2 Caso Clnico 3

    Alunos Alunos Alunos n % n % n %

    no informou 1 2,13 0,00 0,00

    total ou aumentada com trauma gengival ou palatal ou profunda completa sobre tecidos gengivais ou palatais, mas sem trauma 1 2,13 1 2,13 37 78,72

    aumento da sobremordida maior ou igual a 3,5mm sem contato gengival 4 8,51 7 14,89 10 21,28

    sobremordida normal (2 a 3mm) 7 14,89 23 48,94 0,00

    sobremordida de 0 a 1mm 2 4,26 8 17,02 0,00

    ausncia de sobremordida 32 68,09 8 17,02 0,00

    Sob

    rem

    ordi

    da

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00no informou 1 2,13 0,00 0,00 0,00

    lateral ou anterior maior que 4mm 2 4,26 7 14,89

    anterior ou posterior maior que 2mm, porm menor ou igual a 4mm 5 10,64 2 4,26 1 2,13

    anterior ou posterior maior do que 1mm, porm menor ou igual a 2 4 8,51 2 4,26 1 2,13

    no h mordida aberta 37 78,72 41 87,23 38 80,85

    Mor

    dida

    abe

    rta

    Total 47 100,00 47,00 100,00

    100,00 100,00

  • 65

    no informou 1 2,13 2 4,26 1 2,13superior a 6mm 0,00 0,00 20 42,55

    superior a 3,5mm, porm menor ou igual a 6mm 1 2,13 3 6,38 26 55,32

    sobressalincia normal (2 a 3mm) 2 4,26 40 85,11 0,00

    sobressalincia negativa 43 91,49 2 4,26 0 0,00Sobr

    essa

    linc

    ia

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00no informou 0,00 0,00 0 0

    no h 5 10,64 43 91,49 42 89,36

    valores < -3,5mm de transpasse horizontal 6 12,77 1 2,13 2 4,26

    valores < -1mm > -3,5mm de transpasse horizontal 30 63,83 1 2,13 2 4,26

    valores < 0mm e > -1mm 6 12,77 2 4,26 1 2,13

    Sob

    ress

    ale

    ncia

    Neg

    ativ

    a

    Total 47 100,00 47 100,00 47 10,64

    no informou 1 2,13 1 2,13 0,00unilateral direita 2 4,26 11 23,40unilateral esquerda 1 2,13 1 2,13bilateral 42 89,36 2 4,26 6 12,77no h mordida cruzada posterior 4 8,51 41 87,23 29 61,70

    Mor

    dida

    Cru

    zada

    Pos

    terio

    r

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

    Sim 38 80,85 3 6,38 7 14,89No 9 19,15 44 93,62 40 85,11

    Mor

    dida

    C

    ruza

    daA

    nter

    ior

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00no informou 5 10,64 2 4,26 2 4,26maior do que 4mm 5 10,64 1 2,13 6 12,77maior do que 2mm e menor ou igual a 4mm 7 14,89 9 19,15 13 27,66maior do que 1mm e menor ou igual a 2mm 10 21,28 20 42,55 9 19,15no h deslocamento de ponto de contato 20 42,55 15 31,91 17 36,17

    Des

    loca

    men

    to d

    e po

    ntos

    d

    e co

    ntat

    o in

    terp

    roxi

    mal

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

    Classe I 7 14,89 45 95,74 8 17,02

    Classe II 3 6,38 2 4,26 35 74,47

    Classe III 37 78,72 0,00 4 8,51

    Rel

    ao

    dos

    mol

    ares

    do

    lado

    di

    reito

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

    Classe I 3 6,38 43 91,49 8 17,02

    Classe II 2 4,26 3 6,38 35 74,47

    Classe III 42 89,36 1 2,13 4 8,51

    Rel

    ao

    dos

    mol

    ares

    do

    lado

    esq

    uerd

    o

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

  • 66

    No informou 1 2,13 1 2,13 2 4,26Classe I 10 21,28 34 72,34 7 14,89Classe II 7 14,89 9 19,15 32 68,09Classe III 29 61,70 3 6,38 6 12,77

    Rel

    ao

    Can

    ino

    do

    lado

    dire

    ito

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

    no informou 1 2,13 1 2,13 2 4,26Classe I 2 4,26 35 74,47 5 10,64Classe II 5 10,64 8 17,02 31 65,96Classe III 39 82,98 3 6,38 9 19,15

    Rel

    ao

    dos

    can

    inos

    do

    lado

    esq

    uerd

    o

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

    Sim 47 100,00 22 46,81 46 97,87

    No 0 0,00 25 53,19 1 2,13

    Por

    tado

    r de

    mal

    oclu

    so

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

    no informou 0,00 12 25,53 0,00

    grande necessidade de tratamento ortodntico 45 95,74 3 6,38 45 95,74

    necessidade limtrofe de tratamento ortodntico 1 2,13 8 17,02 2 4,26

    pequena necessidade de tratamento ortodntico 1 2,13 24 51,06 0,00

    Gra

    u de

    sev

    erid

    ade

    Total 47 100,00 47 74,47 47 100,00

    Sim 47 100,00 39 82,98 47 100,00

    No 0 0,00 8 17,02 0,00

    Indi

    ca

    o de

    trat

    amen

    to

    orto

    dnt

    ico

    Total 47 100,00 47 100,00 47 100,00

    No informou 2 4,26 0,00 0,00

    1 1 2,13 4 8,51 0,00

    2 1 2,13 13 27,66 0,00

    3 7 14,89 8 17,02 1 2,13

    4 6 12,77 15 31,91 2 4,26

    5 9 19,15 2 4,26 7 14,89

    6 8 17,02 3 6,38 1 2,13

    7 4 8,51 0,00 15 31,91

    8 1 2,13 2 4,26 15 31,91

    9 7 14,89 0,00 3 6,38

    10 1 2,13 0,00 3 6,38

    Sor

    riso

    do p

    acie

    nte

    Total 47 100,00 47,00 100,00 47 100,00

  • 67

    RESULTADOS

    Houve grande divergncia em relao sobremordida do caso clnico 1

    onde o padro ouro verificou sobremordida normal (entre 2 e 3 mm) e a

    maioria dos alunos (68,09%) marcou ausncia de sobremordida. Alm da

    diferena observada neste caso clnico, no caso clnico 2 e 3, 51,06% e

    21,28% dos alunos, respectivamente, marcaram valores diferentes dos

    observados pelo padro ouro.

    Na avaliao de mordida aberta, os ndices de concordncia foram de

    78,72% (caso clnico 1), 87,23% (caso clnico 2) e 80,85% (caso clnico 3). A

    sobressalincia observada pelos alunos coincidiu com a observada pelo

    padro ouro em 91,49% (caso clnico 1), 85,11% (caso clnico 2), 42,55%

    (caso clnico 3).

    O ndice de concordncia dos alunos foi baixo quando se avaliou o

    deslocamento dos pontos de contato, sendo observado 21,28% para o caso

    clnico 1, 42,55% para o caso clnico 2 e 27,66% para o caso clnico 3.

    Os alunos apresentaram baixo ndice de divergncia na identificao

    da relao de molar com o menor valor sendo encontrado tanto no lado

    esquerdo como no direito do caso clnico 3 (74,47%), e de canino, com

    exceo do caso clnico 1 onde somente 21,28% dos alunos indicaram

    corretamente a relao de classe I do canino do lado direito.

    No caso clnico 1, 100% dos alunos concordaram quanto a presena de

    malocluso e 97,87% para o caso clnico 3, entretanto, no caso clnico 2,

    53,19% discordaram do padro ouro. Houve grande variao tambm na

    avaliao do sorriso pelos alunos. Como se trata em parte de um critrio

  • 68

    RESULTADOS

    pessoal e subjetivo, no constitui em falha na capacidade de avaliao do

    aluno. No houve a formulao de padro ouro para este item devido ser a

    impresso pessoal de cada avaliador.

    Os alunos responderam a 71,30% das questes acerca dos trs casos

    clnicos em concordncia com o padro ouro.

    Os resultados obtidos sero explicitados para cada caso clnico

    avaliado.

    Caso clnico 1

    Todos os alunos questionados (100%) afirmaram que o caso clnico em

    questo portador de malocluso e indicariam este paciente para

    tratamento ortodntico. Destes, 45 alunos (95,74%) concluram ter o caso

    clnico grande necessidade de tratamento ortodntico (grau 3), 1 aluno

    (2,13%) considerou o caso com necessidade limtrofe de tratamento

    ortodntico (grau 2) e 1 aluno (2,13%) considerou com pequena necessidade

    de tratamento ortodntico (grau 1).

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    CASO CLNICO 1

    Grau 3Grau 2Grau 1

    Grfico 1 grau de necessidade de tratamento ortodntico (caso clnico 1).

  • 69

    RESULTADOS

    Com relao mordida cruzada, 42 alunos (89,36%) afirmaram o caso

    clnico ser portador de mordida cruzada posterior bilateral, 4 (8,51%)

    afirmaram que no havia mordida cruzada posterior e 1 (2,13%) no

    respondeu. Trinta e oito alunos (80,85%) reconheceram a mordida cruzada

    anterior presente no caso e 9 alunos ( 19,15%) no.

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    MCPB MCA

    SIM

    NO

    NORESPONDEU

    Grfico 2 mordida cruzada posterior e anterior (caso clnico 1).

    A sobressalinci