reconduções

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Page 1: reconduções

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS

Grupo Parlamentar

Sobre a recondução de professores e contratação de escola ao abrigo do Decreto-Lei nº

132/2012 em Escolas TEIP e Escolas com contrato de Autonomia

1. O Grupo Parlamentar do PCP foi o único Grupo Parlamentar a apresentar uma

Apreciação Parlamentar sobre o Decreto-Lei nº 132/2012. Na sequência dessa

Apreciação Parlamentar, denunciámos as injustiças aí vertidas e resultado das opções

do Ministério da Educação e Ciência, nomeadamente quanto à indefinição de

“necessidades transitórias”, aos critérios utilizados para a contratação de escola e a

um conjunto de outras matérias contidas nesse documento.

2. Na sequência dessa Apreciação Parlamentar, o PCP propôs a revogação do Decreto-

Lei, tendo então sido acompanhado pelos Grupos Parlamentares do BE, do PEV e do

PS.

3. O PCP sempre criticou a banalização da precariedade entre os professores, a

generalização da contratação de escola para suprir o que na verdade são necessidades

permanentes do sistema educativo e que resulta do facto de não haver concurso

nacional por lista graduada com o devido número de vagas. Da mesma forma, sempre

denunciámos os efeitos perversos dessas opções, quer no que toca à celeridade, quer

no que toca à justeza e transparência dos processos.

4. Ora, tendo o sido o PCP o único partido a chamar a Apreciação Parlamentar o regime

de concursos para 2012 e a criticar abertamente as possibilidades de recondução de

contratados, não é justo afirmar que o PCP defende as reconduções de professores

contratados, nem nas escolas não-TEIP, nem nas escolas TEIP.

5. O PCP reitera a posição de que apenas a consagração das necessidades destas escolas

como necessidades permanentes do sistema educativo e a sua supressão por via de

um concurso nacional por lista graduada com base em critérios objetivos é capaz de se

constituir como solução para a latente injustiça que possa verificar-se nestes

procedimentos concursais.

6. O PCP não concorda com a legislação em vigor, e foi aliás o único partido a trazê-la a

discussão no parlamento. Todavia, isso não pode significar que se defendam práticas

que não se enquadram na legislação. Como tal, a verificarem-se essas práticas no

âmbito regular dos trabalhos da Inspeção Geral, devem ser tomadas as medidas

necessárias para a reposição da legalidade. A injustiça está na lei e a sua concretização

não poderia deixar de ser igualmente injusta.

Page 2: reconduções

7. O PCP, apesar de reconhecer a instabilidade que estas situações introduzem nas

escolas, não propõe que o problema seja resolvido por mecanismos de alargamento

da injustiça, mas sim de eliminação da mesma. Por isso mesmo, não defendemos o

alargamento da possibilidade de recondução às Escolas TEIP, porque na verdade, não

o entendemos como boa solução nas restantes.

8. A autonomia de uma escola não pode ser confundida com a autonomia do diretor ou

da direção da escola para escolher os professores. Autonomia é ter os recursos

materiais e humanos que lhe permitam executar com sucesso um projeto educativo

sem pôr em causa os princípios da contratação pública. Para uma real autonomia, as

escolas precisam de meios técnicos e humanos, com qualidade e em quantidade

suficientes para fazer frente aos contextos sócio económicos e culturais em que se

inserem e trabalham. Mas professores, mais psicólogos, mais auxiliares, mais técnicos

especializados, mais meios materiais, equipamentos e infraestruturas de qualidade e

não a possibilidade de decidir qual o professor que é “bom” ou o professor que é

“mau”.

9. A persistir o rumo que os sucessivos Governos têm vindo a aplicar, a generalização da

contratação por escola, com aplicação de critérios subjetivos gera uma desigualdade

sistémica na Escola Pública distribuindo os professores em função de um regime

concorrencial de colocação, agravando o fosso entre escolas de primeira e escolas de

segunda, como PS, PSD e CDS vêm querendo.

10. O PCP continuará a defender a justiça na colocação de professores, a integridade do

Sistema Público de Ensino e a igualdade, transparência e objetividade no

financiamento e afetação de meios a cada escola, contribuindo para elevar a qualidade

da Escola Pública como um todo e não promovendo “ilhas de sucesso” e “ilhas de

insucesso”. Para tal, é absolutamente fundamental que às escolas sejam afetados os

meios materiais e humanos necessários para a concretização dos objetivos que lhes

são exigidos, bem como a dignificação da carreira docente e a democratização da

gestão escolar.

Lisboa, 16 de novembro de 2012

Os Deputados,

Miguel Tiago Rita Rato