reconciliaÇÃo nacion al em angola
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Breve historial sobre a reconciliação nacional em angola.TRANSCRIPT
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INTRODUÇÃO
A Guerra Civil Angolana foi um conflito armado que teve início em 1975 e
continuou, com alguns intervalos, até 2002. A guerra começou imediatamente após
Angola se tornar independente do domínio de Portugal, em novembro de 1975. Antes
disso, um conflito de descolonização, a Guerra de Independência de Angola (1961-
1974), tinha ocorrido. A guerra civil angolana foi essencialmente uma luta pelo poder
entre dois antigos movimentos de libertação, o Movimento Popular de Libertação de
Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
A guerra civil gerou uma crise humanitária desastrosa em Angola, ao forçar o
deslocamento interno de 4,28 milhões de pessoas — um terço da população total do
país. A Organização das Nações Unidas (ONU) estimou em 2003 que 80% dos
angolanos não têm acesso a assistência médica básica, 60% não tinham acesso à água
potável e 30% das crianças angolanas morriam antes dos cinco anos de idade, com uma
expectativa de vida total nacional de menos de 40 anos de idade.
O abraço solidário entre irmãos desavindos foi há 12 anos. A assinatura do
Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka selou o
compromisso de todos os angolanos com a Paz e a Reconciliação Nacional. O acto
realizado no Palácio dos Congressos mudou o curso da História de Angola.
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A RECONCILIAÇÃO NACIONAL EM ANGOLA
A guerra civil gerou uma crise humanitária desastrosa em Angola, ao forçar o
deslocamento interno de 4,28 milhões de pessoas — um terço da população total do
país. A Organização das Nações Unidas (ONU) estimou em 2003 que 80% dos
angolanos não têm acesso a assistência médica básica, 60% não tinham acesso à água
potável e 30% das crianças angolanas morriam antes dos cinco anos de idade, com uma
expectativa de vida total nacional de menos de 40 anos de idade.
Angola viveu durante muitos anos uma guerra fratricida que assolou grande
parte da população, causou graves problemas sociais e familiares deixando muitas
sequelas na vida dos angolanos. Daí a necessidade da responsabilidade de assumir o
compromisso na altura da assinatura dos Acordos de paz, uma vez que todos os outros
acordos assinados anteriormente fracassaram.
Muitos homens e mulheres deste país ergueram o olhar para o horizonte em
busca de esperanças que os ajudassem a viver, o sofrimento foi tão grande que o que se
procurava no momento era apenas esquecer, para de alguma forma dedicar-se a
construir o futuro.
O documento, assinado pelo então chefe do Estado-Maior General das Forças
Armadas Angolanas (FAA), general Armando da Cruz Neto, e pelo então chefe do Alto
Comando das Forças Militares da UNITA, general Geraldo Abreu Muendo
"Kamorteiro", mudou o curso da História da República de Angola.
A cerimónia, que marcou o fim da guerra em Angola, que provocou milhares de
deslocados, mutilados e órfãos, foi assistida pelo Chefe de Estado, José Eduardo dos
Santos, por representantes da comunidade internacional e entidades nacionais e
estrangeiras.
A partir daí, as chefias militares das FAA e da UNITA começaram a dar os
primeiros passos para a validação do cessar-fogo assinado e marcação da cerimónia
formal da incorporação dos oficiais e militares nas forças armadas nacionais.
Esta data, 4 de Abril de 2002, constitui uma das maiores conquistas do povo
angolano após a Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975, por marcar uma
viragem decisiva no processo político e desenvolvimento de Angola.
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Pelo facto, o 4 de Abril foi instituído como feriado nacional e passou a ser uma
referência histórica importante na luta do povo angolano pela sua dignificação e
construção de uma sociedade próspera.
Actualmente, o país vive um ambiente de Paz justa e definitiva, um momento
particularmente importante da sua história, nunca antes experimentado pelo povo
angolano, mesmo num passado longínquo e desde o nascimento de Angola como um
Estado independente e soberano.
A Paz justa foi alcançada sem imposição de forças externas e resultou,
sobretudo, dos esforços dos angolanos, que entenderam que havia a necessidade de
cessação da guerra e das hostilidades e de encetar o processo de conclusão das tarefas
remanescentes do Protocolo de Lusaka, tendo em vista o estabelecimento da Paz e a
consequente reconciliação e reconstrução do país. Pela primeira vez, um protocolo
visando a paz foi assinado, em território nacional, sem qualquer mediação externa.
Por esta razão a Paz conseguida no Luena corresponde aos interesses mais
legítimos do povo angolano. Ela é definitiva porque a Paz conquistada está a ser
consolidada no dia-a-dia dos angolanos, através de acções e atitudes práticas e é dever
de todos contribuir para que este processo seja irreversível. É vontade dos angolanos
que sejam removidos todos os factores do passado, de modo a se construir uma pátria
unida, solidária e madura, orientada pelos valores da unidade nacional, da democracia,
liberdade, justiça social e pelo respeito dos direitos humanos.
Conquistada a Paz, novos desafios se colocam ao povo angolano. Torna-se
necessário continuar a envidar esforços para a sua consolidação, através do
desenvolvimento de um conjunto de acções, que visem combater à fome e à pobreza.
Até 2002, em Angola, mais de quatro milhões de cidadãos eram deslocados, havia 170
mil portadores de deficiência e a taxa de desemprego atingia 43 por cento da população.
Depois de várias décadas de conflito, regista-se nos últimos onze anos um dos
períodos de maior crescimento económico, com sinais concretos de estabilização da
infracção, suportada por uma política macroeconómica reconhecida pelas principais
instituições internacionais.
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Angola assume-se como país do futuro, onde o Governo tem os seus programas
e metas orientados para a reconstrução e com um forte investimento no sector social. O
Orçamento Geral do Estado (OGE) passou a ter como uma das maiores preocupações o
sector social, que inscreve o desenvolvimento de vários programas para o reforço de
uma economia equilibrada.
Com a Paz, os angolanos devem também promover a tolerância e o respeito pela
diferença de opiniões e filiação partidária, incentivar o sentimento patriótico da
população, sobretudo nas crianças e jovens, e fortalecer as instituições do Estado
Democrático de Direito como premissa indispensável para encetar, com firmeza, novos
passos rumo ao crescimento harmonioso do país.
Citando o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, "quem ama
verdadeiramente a Paz tem de saber perdoar, reconciliar-se com o seu próximo,
contribuindo assim para uma união verdadeira e sólida dos angolanos, sem prejuízo para
as divergências que uns e outros possam expressar".
As acções de paz e de reconciliação nacional em angola
Parafraseamos as palavras de Agostinho Neto: «A Paz não se constrói do nada,
ela não é, pois, passividade nem conformismo, também não é algo que se adquira de
uma vez para sempre, antes é o resultado de um continuo esforço de adaptação às novas
circunstancias do tempo e do lugar, as exigências e desafios da mesma poderão mudar a
página da historia. Uma paz estática e aparente pode alcançar-se com o emprego da
força, uma paz autêntica implica luta, capacidade inventiva e conquista permanente de
todos os cidadãos do país»
Como podemos ver, reflectindo sobre as ultimas décadas, uma sólida construção
da paz em Angola apenas se tornou possível tendo como base acções concretas,
democráticas, com a participação de todos. Só é possível, como já vimos, alcançar a paz
verdadeira e democrática, se de facto as leis, os direitos e deveres estabelecidos na
constituição de um país forem conhecidos e reconhecidos por todos os cidadãos,
traduzindo-se na pratica numa «linguagem» construtiva, através da qual todos cidadãos
possam compreender o valor do outro como ser humano igual a ele, compreender as
instituições democraticamente reconhecidas.
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Com todos os esforços que foram empreendidos para a paz, pode-se afirmar que
a paz em Angola já é uma evidência, embora, tal como a paz no mundo, careca de
manutenção contante. É neste sentido que surge a expressão «construção da paz», já que
tem, efectivamente, de ser construída, tijolo a tijolo, sobre alicerces seguros; alias,
mesmo depois de construído o edifício, tem de se zelar pela sua manutenção.
Em suma, antes de ser alcançada a paz em Angola derramou-se muito sangue, e
este derramamento deixou sequelas, a vários níveis e como não poderia deixar de ser. É
por isso imperativo que, seja leccionado aos alunos desde cedo este período histórico do
país, contextualizando-o, em termos de consciencialização, de modo a salientar o valor
das acções (pacíficas) para uma construção da paz onde reina a harmonia, tolerância,
respeito pelos princípios éticos, etc.
Na verdade, desde 1975, as acções de paz e de reconciliação, apesar das
dificuldades foram adquirindo contornos passiveis de cimentar uma paz verdadeira. Esta
paz, obviamente constitui um profundo anseio e também um desafio para todos os
cidadãos, mas não pode ser consolidada, como já vimos, a não ser no pleno respeito da
ordem instituída com regras democráticas e o assegurar da justiça, em termos
individuais e colectivos.
Por outro lado, esta paz, tao preciosa, está sempre em riso, dada a manifestação
de características dos deres humanos que não se alteraram ao longo da sua evolução,
como o desejo de posse, a cobiça e a tendência para o domínio sobre os outros. É o que
podemos concluir quando olhamos para o passado e para o presente, e nunca será
demais que os angolanos recordem a dimensão e as dificuldades envolvendo as acções
que descrevemos.
Na sequência desta acções foram definidas as balizas que permitiram delimitar
critérios para a realização das primeiras eleições em Angola, um pilar na formação de
uma sociedade democrática com organismos com a Assembleia Nacional e a
Presidência da República, que zelam pelo cumprimento da Constituição e pela
elaboração de leis pertinentes e funcionais para o País.
Gradualmente, as acções de paz foram contribuindo para a reconciliação
nacional, foram permitindo que as populações recuperassem dos efeitos dos conflitos
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armados e pudessem coabitar e deslocar-se pelo território angolano, já que as estradas
foram sendo abertas, reatando-se o direito de circulação.
Um importante aspecto é o de a paz ter sido conquistada não por imposição
externa, mas pelos esforços dos próprios angolanos, que, entendendo-se como cidadãos
da mesma pátria, promoveram a tolerância e o respeito, apesar da divergência de
opiniões. Está comprovado que só com paz definitiva se pode reconstruir o país. Com
efeito, é essa tolerância que, em qualquer país, permite o respectivo desenvolvimento
material e dos diversos níveis da qualidade de vida dos seus habitantes.
Por outro lado, a participação de todos os angolanos é fundamental na promoção
de um clima social de fraternidade e confiança reciproca. A adesão de todos os
angolanos às acções de paz e reconciliação nacional, independentemente das suas
filiações partidárias ou religiosas, diferenças raciais ou étnicas será essencial, já que
permitirá a paz verdadeira. Para manter este espirito de tolerância e fraternidade, é
necessário continuar a respeitar princípios importantes, consignados nas diversas acções
de paz ao longo de décadas, sendo os nucleares os seguintes:
A reitera condenação da utilização da violência como meio de resolução de
diferendos ou de conflitos entre as diversas forças que compõem a sociedade
angolana, os quais deverão ser solucionados por meios pacíficos;
O uso dos meios de comunicação social de forma a contribuir para a pacificação
dos espíritos no apoio ao processo democrático, nos termos do artigo 35 da lei
constitucional, respeitando as disposições pertinentes dos acordos de paz.
Portanto, é necessário que os valores culturais, tradicionais e modernos sejam
valores que regulam o comportamento de todos os cidadãos. Mais de que nunca,
está comprovado que a paz é fruto das boas acções praticadas por cidadãos
conscientes e responsáveis.
Para bem dizer, havendo estas formas de mudança, certamente o País não terá
dificuldade em seguir um caminho certo da Reconciliação Nacional. De facto, é bom
que tenhamos sempre como preocupação a maior divulgação possível dos valores
certos, através do ensino e até de uma certa atenção quotidiana.
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CONCLUSÃO
Concluímos que no dia 4 de Abril, celebra-se em Angola o Dia Nacional da Paz
e Reconciliação, recordando o acordo de paz assinado em 2002 entre os dois maiores
partidos políticos do país, MPLA e a UNITA
Doze anos se passaram desde a assinatura do Acordo de paz, doze anos em que
muitas coisas mudaram no país. Acreditamos que recordar este dia, faz com que cada
um se comprometa, a partir do âmbito que lhe corresponde a fazer o possível e credível
para que a paz e reconciliação sejam os caminhos adequados para avaliar e procurar o
desenvolvimento do nosso país
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BIBLIOGRAFIA
Angola Press disponível em www. portal angop.co.ao
WIKIPEDIA, a enciclopédia Livre, Guerra Civil Angolana, disponível em
https://pt.wikipedia.org/Wiki/Guerra_Civil_Angolana
Jornal de Angola online em www.jornaldeangola.com
LOPITO FEIJÓ, "Marcas da Guerra, Percepção Íntima e outros Fonemas
Doutrinários", Lisboa