(re)composição musical e processos de subjetivação...

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Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 60, n. 2, 2008. Retirado do World Wide Web http://www.psicologia.ufrj.br/abp/ 187 ARTIGO (Re)composição musical e processos de subjetivação entre jovens de periferia 1 Musical composition and processes of subjectivities among suburban young people Kátia Maheirie I ; André Luiz Strapazzon I ; Fábio Ramos Barreto II ; Gladis Tiburski Lazzarotto; Graziele Aline Zonta I ; Lucila Sant' Ana Soares I ; Paulo Fabrício Ulguim Rodrigues I ; Simone Rockenbach Duarte I ; Solange Aparecida Shoeffel I I Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil II Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis, SC, Brasil

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Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 60, n. 2, 2008.

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ARTIGO

(Re)composição musical e processos de subjetivação entre jovens de periferia1

Musical composition and processes of subjectivities among suburban young people

Kátia MaheirieI; André Luiz StrapazzonI; Fábio Ramos BarretoII; Gladis Tiburski Lazzarotto; Graziele Aline ZontaI ; Lucila Sant' Ana SoaresI; Paulo Fabrício Ulguim RodriguesI; Simone Rockenbach DuarteI; Solange Aparecida ShoeffelI

IUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil

IIUniversidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis, SC, Brasil

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RESUMO

Neste trabalho, partindo de um projeto de pesquisa-intervenção, buscamos as produções musicais que jovens moradores de uma localidade de baixa renda do município de Florianópolis realizam a partir de oficinas artísticas, caracterizando os processos de criação presentes neste contexto. Nosso propósito foi construir um trabalho de extensão comunitária, no qual buscávamos incentivar a potência de ação destes jovens, no que se refere à construção de suas possibilidades, visando uma ampliação de seu futuro. As oficinas tiveram a participação de dez jovens, cujo horizonte era compreender os sentidos que eles atribuem às práticas de criação artística, na construção de seus projetos de ser. Por meio do ensino de música e da montagem de um espetáculo contendo diversas linguagens artísticas, foi possível oferecer um conhecimento musical, produzir situações nas quais eles se objetivaram criativamente, ao mesmo tempo que se fortaleceram singularmente, em meio à unificação coletiva engendrada pelas oficinas.

Palavras-chave: Processos de criação; Música; Oficinas estéticas.

ABSTRACT

As part of this research-intervention project, we focused on the music performance of young people living in a poor suburb of Florianopolis, in the course of an arts workshop. We could then state some characteristics from these young people’s creation process. Our purpose was to run a community extension project in order to increase people’s power of action in a greater process of finding out new possibilities and future perspectives. The workshop was attended by ten young individuals and the aim here was to understand the meaning they associated into artistic creation, as part of the existential project designed by each of them. By teaching music and managing a variety of artistic expressions in the performances, we dealt with musical knowledge, situations of creative objectiveness, cohesion in the group as well as self-confidence in this workshop.

Keywords: Creation processes; Music; Aesthetic workshops.

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INTRODUÇÃO

A partir de dois projetos mais amplos, buscamos investigar, por meio de uma pesquisa que envolve a intervenção (MARASCHIN, 2004), as produções musicais que jovens moradores de uma localidade de baixa renda do município de Florianópolis realizaram em oficinas de percussão, caracterizando os processos de criação presentes neste contexto. Além disso, o nosso propósito foi incentivar a potência de ação destes jovens, no que se refere à construção de suas possibilidades, visando a uma ampliação do futuro profissional e existencial dos mesmos.

Na primeira parte do trabalho foi formado um grupo de jovens para dar início às oficinas de música, nas quais foi possível conhecer a realidade dos sujeitos e suas preferências musicais para, a partir de então, oferecer uma instrumentalização musical por um período de seis meses objetivando a elaboração de produtos que fossem, ao mesmo tempo, objeto de trabalho e produto cultural para os sujeitos.

O segundo momento, que contemplou os seis últimos meses do período de um ano, refere-se à aliança entre a percussão e outras linguagens artísticas, como forma de enriquecer o trabalho e torná-lo mais atrativo, prazeroso e motivador para os participantes e também proporcionar novas linguagens de objetivação para a música percussiva. A partir deste momento, buscou-se não só investigar, por meio de uma oficina de construção de um espetáculo musical, mesclada com as oficinas de percussão, as produções artísticas, especialmente as musicais, e os processos psicológicos envolvidos em sua criação, bem como instrumentalizar os sujeitos para que novas formas de objetivação dos conhecimentos da música percussiva fossem possíveis.

O presente artigo trata dos resultados parciais das pesquisas em questão, apontando para as objetivações possíveis dos sujeitos da investigação, no que tange ao fortalecimento do Eu e do aumento da potência de ação que, conseqüentemente, fez-se possível por meio de tais resultados.

A música aliada a outras manifestações artísticas permaneceu como foco central neste trabalho. O fazer musical, fonte de produção de novas reflexões afetivas (MAHEIRIE, 2003) e também uma alternativa possível à inclusão profissional, pode ser útil na busca da construção de lugares de identificações em prol do aumento da potência das ações individuais e coletivas com vistas ao bem comum e à felicidade pessoal.

Em ambas as etapas do processo, nosso interesse foi contribuir, por meio da Psicologia sócio-histórica, para que os sujeitos em situação de exclusão social encontrassem, nas objetivações musicais, alternativas que pudessem preencher seus projetos de vida. Segundo Maheirie (2003), a música é uma forma de linguagem reflexivo-afetiva que possui função simbólica, posto que revela e traduz uma época, um fato, ou outro objeto qualquer, de tal modo que o processo de criação musical se configura sempre em um produto histórico-social, produzindo elementos novos no cotidiano dos sujeitos.

A idéia de “projeto de ser” vem denotar a totalidade histórica do sujeito, desde suas determinações passadas até suas perspectivas de futuro (SARTRE, 1960-1984; MAHEIRIE; FRANÇA, 2007). A partir de uma visão de sujeito como produto da relação entre subjetividade e objetividade, a característica do humano, ou seja, sua possibilidade de subjetivação, traz como conseqüência um movimento de ir além de..., como processo constante de devir, tendo como base aquilo que objetivamente já viveu e que seu contexto específico lhe impõe. Todo processo humano é socialmente construído, portanto é histórico-cultural, engendrado e gerador de relações entre múltiplas subjetividades que se objetivam constantemente rumo ao futuro que, por expectativas, desejos e/ou medos, já surge no presente.

As objetivações musicais são entendidas, então, como um sistema simbólico elaborado pelos sujeitos em relação, cujo produto pode possibilitar naquele que as realiza e naquele que com elas se relaciona um tipo específico de reação, a reação estética. Esta, de acordo com Molon (2006), pode estar presente em toda e qualquer relação do ser humano com seu meio.

A experiência estética, entendendo-a como uma forma específica de relação entre sujeito e objeto produzindo uma nova significação, permite que os sujeitos se descolem da vivência imediata, reinventando/ressignificando as relações estabelecidas com os outros e consigo mesmos, daí a importância de ela ser incentivada e compartilhada pelos sujeitos, fazendo-se uma alternativa aos processos de exclusão. A relação estética, de acordo com Vázquez (1999), implica que o sensível e o significativo são próprios de um objeto que se mostra a um determinado sujeito de uma forma estética. Esta relação implica proximidade, uma vez que depende de um sujeito que seja capaz de perceber significativamente aquele objeto e, distanciamento, na medida em que a função e o sentido cristalizado do objeto devem perder seu valor original. Isto é, ela possibilita desconstruir os significados fossilizados dos objetos, rumo à abertura de novos sentidos que se pautam na superação de sua característica

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funcional. Vygotski (1925-1998) ressalta que o ser humano, pela própria condição, contempla necessidades estéticas que lhe possibilitam ter idéias, gostos e sensações.

Para Vázquez (1999), nas várias relações possíveis entre o sujeito e o objeto, a relação estética se mostra uma alternativa aos processos prático-utilitários. É possível experienciar relações estéticas com objetos da natureza, da vida produtiva, do cotidiano e, também, das objetivações artísticas. Dentre as várias possibilidades de se estabelecer uma relação estética com o objeto, a que promove uma abertura aos processos de criação artística se apresenta, nesta investigação, muito promissora.

Todo e qualquer processo artístico é produto de uma questão social, pois realiza juntamente com a política um vínculo que questiona os valores sociais e as significações dos sujeitos. A música, enquanto atividade que localiza os indivíduos em um cenário cultural e político, também pode apontar discussões sobre a mudança das estruturas sociais. Sustentando esta perspectiva, cita-se Sawaia (2006) que reconhece a arte como um recurso para atingir a liberdade e para possibilitar transformações pessoais e sociais, uma vez que a experiência estética aponta para a reorganização de sentimentos e vontades.

Nesta perspectiva, a música, como objetivação da subjetividade, é racionalidade e emoção, expressão de toda uma época e de suas determinações e possibilidades. Ao entender a música como uma forma de linguagem é preciso ter claro que, segundo Vygotski (1934-1992), a linguagem é constitutiva/constituidora do sujeito, de modo que o pensamento e a linguagem refletem a realidade de uma forma diferente e se constituem na chave para compreender a consciência humana. As palavras desempenham um papel central no desenvolvimento do pensamento e também na evolução histórica da consciência, de forma tal que “uma palavra é um microcosmo da consciência humana” (VYGOTSKI, 1934-1992, p. 190).

A música traz e cria novos elementos cognitivos, expressando e produzindo uma determinada racionalidade, ao mesmo tempo que objetiva, transforma e cria sentimentos e emoções. A música pode, ainda, favorecer a sensibilidade coletiva na medida em que é compartilhada (SAWAIA, 2003).

A partir desta perspectiva, este trabalho, por meio da música, contempla o cotidiano e o cultural na produção e na compreensão do psicológico, com vistas a analisar os elementos que se constituem como determinações do humano, sem isolar os processos psicológicos no interior do indivíduo, como algo natural, universal e dotado de força própria.

Ao criar objetivações artísticas, os sujeitos têm a possibilidade de produzir elementos novos em seu cotidiano. Acolhendo os estudos de Bakhtin e Voloshinov (1926-1976), pode-se afirmar que o artista recolhe no discurso da vida, que é o discurso cotidiano, os diferentes elementos que dão origem ao discurso da arte, discurso este que é criado pela reorganização daqueles elementos em função de algo novo e mediado pela forma artística. Deste modo, cada manifestação, cada elemento que contribui para a criação artística faz parte do cotidiano dos sujeitos. Ao criar e participar dos processos artísticos, o sujeito subjetiva as suas formas de ser (modos de sentir, pensar e agir) e as objetiva de volta, demonstrando novas maneiras de perceber o mundo no qual está inserido.

O sujeito constitui-se e é constituído por meio da experiência social, estabelece relações com a experiência do outro e apropria-se destas, transformando-as. Molon (2006) diz que a Psicologia Social compreende a experiência humana vivida no movimento e na vida cotidiana em transformação, e diz também que ao aliar a Psicologia Social e a estética tem-se uma forma de analisar e significar os processos de subjetivação e as possibilidades de configuração de novos fazeres e saberes que contemplam a diversidade e a pluralidade de conhecimentos, bem como a constituição de sujeitos criativos ética e esteticamente.

Desta forma, por meio das oficinas que abarcam diferentes expressões e possibilidades artísticas, em especial a música percussiva, buscou-se, como objetivo geral, compreender os processos de criação e interpretação musical de jovens na construção coletiva de um espetáculo, visando incentivar e possibilitar a produção de um trabalho aliando diversas linguagens artísticas para compor uma (re)criação musical, além de compreender os sentidos que os jovens atribuem a tais práticas na construção de seus projetos de ser.

Como objetivos específicos, propusemo-nos a acompanhar as oficinas de música, visando instrumentalizar os alunos técnica e experiencialmente em outras práticas artísticas que pudessem dialogar com a música na construção de um (re)fazer musical; viabilizar a confecção de instrumentos musicais, a partir de sucata; investigar a atividade criadora, identificando os sentidos que eles atribuem a tais objetivações.

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METODOLOGIA

O propósito do projeto mais amplo, o qual envolve uma investigação qualitativa caracterizada pela intervenção, foi marcar um compromisso da Psicologia com a sociedade, um compromisso pela melhoria da qualidade de vida, buscando contribuir na superação das desigualdades sociais que levam a processos perversos de exclusão social.

O projeto foi composto por duas etapas. Na primeira etapa do processo, visando atingir parte dos objetivos já mencionados, foi criada a “Oficina de Bateria e Percussão”. Esta oficina foi oferecida dentro de uma Organização Não Governamental (ONG) de arte-educação, e objetivou qualificar técnica e experiencialmente, na área musical, sujeitos pertencentes à comunidade Mangue Limpo. Os sujeitos participantes foram jovens, entre 9 e 14 anos, moradores de uma localidade de baixa renda, no município de Florianópolis, onde a ONG oferece uma diversidade de atividades ligadas à arte-educação. Foi formado um grupo com dez participantes, número considerado adequado pela equipe no trabalho com as oficinas e, também, para a intervenção proposta.

O tempo de duração das oficinas desta etapa inicial foi de seis meses. As aulas aconteceram duas vezes por semana, em dias preestabelecidos, e cada encontro teve uma hora e meia de duração. Os instrumentos musicais utilizados para as aulas foram bumbo, surdo, baquetas, pandeiro, caxixi, além dos instrumentos confeccionados pelos próprios participantes. A proposta pedagógico-musical versou sobre conhecimento dos instrumentos de percussão (suas nuanças de timbre, possibilidades de intensidade sonora e possibilidades de execução), sobre percepção rítmica (percepção do tempo, do pulso, do andamento, da unidade de tempo e suas divisões, e de seus agrupamentos em fórmulas de compassos), sobre notação musical, células ou padrões rítmicos (grupos, porções rítmicas, fraseado e discurso rítmico), e sobre ritmos da cultura musical brasileira – e aqueles já apropriados pelos sujeitos participantes em seus contextos de vida. Além do aprendizado musical dos instrumentos de bateria e percussão, foi proposta a atividade de confecção de instrumentos musicais, a partir de sucata.

Estas oficinas foram registradas por meio de videogravação (com uma filmadora digital) e de fotografias (com uso de câmera digital), para apreensão da linguagem verbal, não verbal, imagens e material sonoro-musical, tendo assim uma maior riqueza de informações.

Paralelamente às oficinas foram realizadas entrevistas abertas (individuais e em grupo), elaboradas a partir de questões norteadoras sobre os sentidos da objetivação musical, com foco no histórico dos participantes, buscando encontrar seus mediadores na escolha musical, na tentativa de identificar perspectivas de seu projeto de ser. As entrevistas ocorreram no próprio local de desenvolvimento da oficina e foram gravadas com auxílio de microgravador e filmadora digital e, posteriormente, transcritas e/ou decupadas.

Finalizadas as duas etapas de intervenção deste projeto, procederemos à análise das informações coletadas, estruturada a partir da análise de conteúdo (NAVARRO; DIAZ, 1994). A etapa de análise e tratamento das informações foi iniciada com a transcrição detalhada e de alta fidelidade do discurso dos sujeitos e das imagens. As filmagens foram assistidas e elaborou-se um inventário destas imagens para seleção e análise de episódios significativos. Para tanto, editamos as fitas, decupando o material, transformando-o para DVD e, assim, digitalizando-o para que pudesse ser mais bem analisado.

Os elementos da música, tais como, intensidade, timbre, altura, duração, ritmo e melodia, foram explorados em atividades que se relacionam com a realidade das crianças e adolescentes. Dentre as atividades, podemos destacar o conhecimento e confecção de instrumentos de percussão e articulação de sons e ritmos como forma de expressão, por meio do trabalho com os estilos musicais escolhidos pelos próprios participantes.

Na segunda etapa do processo, além do aprendizado musical dos instrumentos de bateria e percussão, foi proposta a atividade de criação de um espetáculo para apresentar a percussão. Para isso, foi desenvolvida, com as oficinas de percussão, a produção de história, performance, teatro, figurino, máscaras e pintura de rosto.

Entendendo que a mistura de diferentes linguagens artísticas amplia as possibilidades de produção de uma objetivação no campo da música, acredita-se que estas diferentes possibilidades possam ampliar a atividade criadora em cada um dos integrantes da oficina. Deste modo, ao vivenciarem esse processo de produção artística por meio de diferentes formas de fazer arte, podem mudar sua forma de pensar e criar novas possibilidades de ser. Assim, tendo a linguagem percussiva como foco principal do projeto,

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as demais linguagens artísticas, como o teatro, foram intercaladas no contexto da oficina e mediadas pela equipe para que, a partir da criação do espetáculo, fossem objetivadas criativamente, ressignificando os conteúdos já apreendidos do saber musical.

As oficinas desta segunda etapa também foram registradas por meio de videogravação, e as imagens coletadas estão sendo decupadas para análise das informações e para a criação de um vídeo que objetivará registrar e expor os processos de criação do trabalho como um todo. O espetáculo foi apresentado na ONG para seus freqüentadores e para os moradores daquele contexto comunitário e no teatro da Universidade Federal de Santa Catarina, em um festival aberto ao público em geral.

Paralelamente à apresentação do espetáculo, foram realizadas entrevistas individuais e coletivas com os sujeitos participantes, a fim de eles apreenderem os sentidos da objetivação musical tendo como foco a construção e a apresentação do espetáculo. As entrevistas foram gravadas no próprio local de desenvolvimento da oficina e, posteriormente, transcritas na íntegra, para análise de seu conteúdo com o objetivo de identificar as características psicológicas que participam dos processos que envolvem o fazer musical. No conteúdo das falas, buscamos analisar os sentidos produzidos pelos sujeitos acerca de suas objetivações musicais, em uma perspectiva sócio-histórica, a partir de um movimento que se faz progressivo-regressivo (SARTRE, 1960-1984; MAHEIRIE; FRANÇA, 2007), o qual contempla a intersecção do singular e do coletivo, no mesmo movimento em que busca capturar o processo histórico-dialético da temporalidade, resgatando o passado e as perspectivas de futuro dos sujeitos.

RESULTADOS

Para compreendermos os processos de subjetivação e objetivação que são possíveis aos sujeitos por meio da música, no primeiro momento do projeto foram passadas noções de teoria musical, fabricação de instrumentos a partir de sucata, e aulas de percussão. Em acompanhamento a esse processo, constatatou-se que os sujeitos se utilizaram da música como meio de expressão de si, comunicando reflexivo-afetivamente objetivações de sua subjetividade, como ficou claro nas oficinas em que eram trabalhados os sentimentos por meio do toque dos instrumentos.

Focalizando a consigna que fora transmitida pela equipe, os sujeitos eram capazes de experimentar nos instrumentos sons de alegria, tristeza, braveza, tranqüilidade, nervosismo. Nestas oficinas se estabeleceu um exercício de diálogo sonoro: os sujeitos utilizavam a linguagem sonora como objetivação da subjetividade. Por meio desta atividade, as crianças comunicavam-se, entre elas e com a equipe, objetivando um discurso sonoro produzido na intersecção das relações entre sujeitos participantes, equipe de trabalho, cenário e contexto histórico-social que os envolvia.

Outra atividade semelhante a esta era utilizada para falar sobre o pensar e o sentir da própria criança. Com todos sentados em círculo, cada qual fazia, com instrumentos musicais, o som que representasse como se estava sentindo naquele momento. Em seguida, o grupo comentava o que havia interpretado. Essa atividade se fez uma forma visível de objetivação da subjetividade dos jovens, apontando possíveis transformações nos sentimentos que aparecem antes e depois de tocar.

Muitas oficinas foram destinadas ao ensaio da música para apresentação na festa de encerramento do ano, promovida pela própria ONG. Nestes encontros, os jovens ensaiaram uma música do grupo Palavra Cantada e a reproduziam com suas particularidades. Para a apresentação, os sujeitos, com a mediação da equipe, escolheram os instrumentos de maior interesse e facilidade e se dividiram em três grupos, o da caixa, o do bumbo e o do caxixi. Cada grupo ficou responsável em objetivar uma linguagem sonora. Mesmo com cada sujeito sendo responsável por uma faceta da música, no coletivo, os sujeitos conseguiram se articular como um grupo para a concretização da tarefa, norteados por um projeto em comum, na direção da re(composição) daquela música.

Uma das propostas da oficina era confeccionar instrumentos a partir de sucata. De acordo com regras instituídas pela ONG, as crianças não podiam manejar alguns materiais, como martelo e pregos. Na confecção de instrumentos com materiais de manejo considerados seguros, as crianças criaram chocalhos usando potes recicláveis e pedrinhas. Também adotaram vasilhames de plástico (recipiente de água vazio e balde) para fazer o som do bumbo, (re)significando criativamente a função destes objetos.

Apoiando-se nesta prática, podemos trazer aqui o referencial teórico de Vygotsky (1930-1990), segundo o qual, a criação, enquanto expressão simbólica, é um processo histórico e social, fruto da percepção, conhecimento, imaginação e objetivação (MAHEIRIE, 2003). Por meio da percepção, o sujeito apreende elementos da realidade que o circunda para, a partir deles, elaborar conexões, agrupamentos,

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caracterizando a reflexão como fundamental neste processo de produção. A imaginação é a degradação do saber constituído e reorganizado em uma nova composição. Assim, de acordo com Vygotski (1930-1990), a riqueza e variedade de experiências vivenciadas no mundo real são as bases da atividade criadora, uma vez que são elas que dão suporte à imaginação. As crianças em contato com elementos do próprio cotidiano, por meio da imaginação, mudam as suas funções, ressignificando-as e transformando o discurso da vida cotidiana em um discurso mediado por elementos da forma artística (BAKHTIN, 1926-1976). Sob esta ótica, no contexto das oficinas, um simples balde foi ressignificado como bumbo e as pedras dentro de potes foram ressignificadas para “fazer um som”.

Também os instrumentos e suas possibilidades sonoras foram (re)configurados e personificados por meio de histórias, nas quais o bumbo aparecia como um ser “do mal” pelo seu peso sonoro, e o surdo era o instrumento “do bem”. Este processo, no primeiro momento do trabalho, com as noções e conhecimentos de percussão adquiridos pelas crianças, deu base para o que pretendíamos em um segundo momento: a montagem do espetáculo. Esta etapa inicial do processo foi encerrada com a apresentação musical anteriormente descrita, na qual as crianças formaram uma banda de percussão e se apresentaram para seus familiares, amigos, conhecidos e colegas, no encerramento do ano letivo da ONG. Ao se assumir uma forma material no contexto sócio-histórico, fechou-se, assim, o círculo da atividade criadora (VYGOTSKI, 1930-1990).

Por meio de depoimentos expressos em entrevista coletiva após a apresentação pública, percebemos que a mesma teve uma grande importância no sentido de aumentar a auto-estima dos sujeitos participantes, uma vez que mediante uma apresentação para seus amigos e familiares, eles puderam ser vistos e ouvidos em suas objetivações corpóreo-musicais, expressando um produto que revela e traduz suas subjetividades. Esta experiência foi qualificada de maneira positiva por eles, e com ela pudemos observar processos de fortalecimento do EU, por meio do reconhecimento, tanto por parte da instituição quanto dos familiares, da capacidade das crianças de concretizarem um trabalho musical em curto espaço de tempo.

No segundo momento da oficina, no período do primeiro semestre de 2007, os participantes pareciam desmotivados para o trabalho de percussão, uma vez que não vislumbravam perspectivas futuras mais imediatas para a objetivação dos processos que contemplam a apropriação de conhecimentos e técnicas que envolvem a música percussiva. Uma vez que o sujeito se constrói estruturado em um passado, mas motivado e em função de um devir (SARTRE, 1960-1984; MAHEIRIE; FRANÇA, 2007), compreendemos naquele momento que era preciso construir coletivamente a motivação propulsora que se tornasse a base afetivo-volitiva (VYGOTSKI, 1934-1992) para novas escolhas que orientariam as oficinas. Neste sentido, decidimos levar a eles uma proposta que envolvesse um espetáculo musical para que a percussão reencontrasse o seu lugar no contexto dos desejos singulares e coletivos daqueles sujeitos.

Acompanhar e dar outras possibilidades técnicas para que o conhecimento musical encontrasse caminho de objetivação se fazia possível por meio da disponibilização, dentro das oficinas, de outros tipos de linguagem artística, tais como o teatro, a pintura e a construção de cenários. No decorrer das oficinas, deixamos os jovens livres para que, junto com a percussão, e por meio da construção de personagens e do roteiro, desaguássemos na formação de um espetáculo musical, cujo enredo se revelasse como uma nova produção criativa daqueles sujeitos.

Pouco a pouco, com a base do espetáculo em processo de conclusão, emergiram dos jovens suas primeiras tentativas de incluir a percussão como linguagem teatral. Seus conhecimentos prévios a respeito dos instrumentos e suas possibilidades sonoras se concretizavam nos conhecimentos técnicos dos quais fala Vygotski (1930-1990), para que, uma vez apropriados, eles pudessem desconstruí-los em novas combinações imaginárias. Necessariamente transformados, tais conhecimentos emergiram na história criada para o roteiro, inicialmente como uma trilha sonora para a peça. Em seguida, pela confirmação cognitivo-afetiva da equipe, eles já estavam apresentando aspectos musicais como composição do roteiro, atribuindo características musicais aos personagens e ao elo entre as cenas, culminando como base para toda a história do espetáculo teatral: “O mágico contra o som”.

Na seqüência, a percussão apareceu no espetáculo não apenas como base e linguagem de encenação, mas também como músicas completas em dois momentos do roteiro, a partir de um gênero musical escolhido por eles: uma dança, que os personagens encenam no meio do espetáculo, acompanhada por um funk tocado pelos próprios participantes. Ao final do espetáculo, todos os personagens se reuniram formando uma banda e demonstrando os toques de tambores aprendidos durante as oficinas da primeira e da segunda etapas do processo.

Desta forma, a criatividade dos sujeitos apareceu por meio da (re)composição musical, possibilitada pela construção de conhecimentos que os instrumentalizaram para que pudessem objetivar a sua subjetividade na formação do espetáculo.

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No decorrer das oficinas de percussão e da criação do espetáculo, percebemos que os sujeitos construíram um vínculo formando uma coesão grupal mediada pela música e pelas demais linguagens artísticas. Observamos, nesta experiência, a música como uma possibilidade humanizadora de relações, à medida que uma criança ajudava a outra que se mostrava com dificuldades em aprender o toque de seu instrumento. Nesta perspectiva, esta objetivação artística se faz mediadora na construção de relações abertas à alteridade, fortalecendo laços solidários entre os sujeitos.

Durante a criação do espetáculo, nas negociações entre os sujeitos para construção do roteiro e composição dos personagens, ficou claro o avanço alcançado no que diz respeito à resolução de conflitos, negociação e busca de consensos para que todos os sujeitos se unificassem em função do enredo geral, de seu personagem, do momento de tocar algum instrumento durante o espetáculo e na formação da banda que o finaliza. Assim, a construção de um projeto em comum, dada à organização daquele coletivo em forma de grupo, torna-se uma perspectiva futura e uma realidade presente, impulsionando a reciprocidade de todos em um compromisso identitário unificado e aberto ao devir. Identidade deve ser compreendida aqui como um processo de construção do coletivo, pela unificação do igual e do diferente na construção de um projeto em comum (MAHEIRIE, 1997). Tal como Sousa Santos (1995, p. 136), compreendemos que toda forma de coletivo que se unifica em uma identidade deve ser caracterizada como “processos de identificação em curso”, ou seja, nunca acabados, nunca fechados em uma unidade.

Considerando a subjetividade própria de cada singularidade, nem todos os jovens encontraram a familiaridade com todos os instrumentos disponibilizados, mas na composição final da banda, mediados por seus colegas e pelo professor de percussão, todos os sujeitos estabeleceram uma relação de proximidade estética com algum instrumento. Muitos participantes, em momentos que apresentavam algum desânimo com relação à participação na oficina, eram incentivados por seus colegas para que continuassem a fazer parte do grupo, deixando clara a sua importância dentro deste e do espetáculo.

Em função da dificuldade que inicialmente encontramos para formar esta coesão grupal e também para encontrar coesão entre as linguagens artísticas que formam o espetáculo, levando ainda em consideração as diferentes funções que cada jovem exerceu nas cenas (seja representando seu personagem ou tocando algum instrumento), não logramos objetivar o espetáculo em forma de apresentações públicas, tal qual ocorreu ao fim da primeira e segunda etapas.

Nosso próximo objetivo será, junto com os sujeitos, compor um vídeo e investigar, por meio de entrevistas, qual a significação e os sentidos que a música possui em suas vidas, complementando com a análise das entrevistas colhidas durante todo o processo.

CONCLUSÕES

De acordo com a proposta deste trabalho, a música apareceu para os sujeitos como mediadora de possibilidades de humanização das relações e vivências variadas que possibilitaram a objetivação do reflexivo-afetivo, passíveis de nova subjetivação.

No que diz respeito à apresentação musical que fechou a primeira etapa do projeto, constatamos que, por meio do “retorno” que obtiveram do contexto comunitário diante da apresentação pública da música, os jovens puderam ampliar suas possibilidades de ser, superando a apatia e o desinteresse ante as atividades.

Nesta perspectiva, a música, entendida como um processo e uma linguagem, possibilitou objetivar a subjetividade e subjetivar a objetividade de seus criadores, permitindo que tais sujeitos se descolassem da condição de espontaneidade que experimentam em seu cotidiano, com vistas a uma ampliação de suas condições concretas e, também, de suas possibilidades de ser. A música, como linguagem reflexivo-afetiva, faz parte da construção da identidade dos participantes da oficina de percussão, e é uma alternativa na expressão do pensamento emocional, contextualizado culturalmente.

No segundo momento, os sujeitos foram capazes de apreender elementos da realidade que os circundam para, a partir deles, elaborar conexões, agrupamentos, caracterizando a reflexão como fundamental neste processo de produção.

A imaginação apareceu como degradação do saber constituído e reorganizado em uma nova composição, formando o espetáculo. Assim, de acordo com Vygotski (1930-1990), a riqueza e a variedade de experiências vivenciadas no mundo real formaram a base da atividade criadora, uma vez que são elas

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que dão suporte à imaginação. As crianças em contato com elementos do próprio cotidiano, por meio da imaginação, mudaram as suas funções, ressignificando-as sob a forma do espetáculo.

Concomitantemente, incentivamos a potência de ação e a reflexão dos jovens, moradores do Morro do Mangue Limpo, no que se refere à construção de suas possibilidades, utilizando a música como elemento de mediação para a ampliação do futuro profissional e existencial dos mesmos, criando novas significações, vivências, reflexões sobre a realidade social e sobre o cotidiano.

Observando esse processo a partir da perspectiva sócio-histórica, tomamos Vygotski (1930-1990) como referência, ao colocar que o círculo da atividade criadora apenas fechará quando assumir forma material e, existindo no mundo real, desencadeará novas necessidades, perpetuando o vínculo entre imaginação e realidade. Desta maneira, daremos seqüência ao projeto com o propósito de alcançar esta objetivação do espetáculo, para, por fim, investigar a partir da composição do vídeo e por meio de entrevistas, quais foram as significações e os sentidos que os sujeitos atribuíram à música e aos processos de criação que experienciaram.

Assim, dispomos de elementos observados e registrados durante as oficinas, indicando o esforço deste projeto para contribuir com o avanço científico à medida que registrou e analisou situações em que os processos psicológicos mais complexos puderam ser trabalhados na atividade criadora musical, reafirmando sua mediação pela afetividade na construção de uma unificação coletiva aberta à alteridade.

Ao elaborar uma história e representá-la, os jovens colocaram suas vidas em cena, experimentando movimentos de subjetivação e objetivação, baseados nas suas experiências, medos, lembranças, fantasias, sonhos. Sawaia (2006) afirma que a afetividade é constituída pela emoção e pelo sentimento, a partir de um universo de experiências vividas ao longo de nossas vidas e daquelas a viver (projetadas) no futuro como possibilidades. De acordo com a mesma autora, a afetividade, no momento em que é vivida, possui três temporalidades: passado, presente e futuro, o que demonstra que os afetos que nós vivemos em um instante são mediados pelas experiências que vivemos no passado e pelas experiências que planejamos/imaginamos para o futuro como esperança, possibilidade ou desamparo.

Para Maheirie (2006), muitas de nossas relações no mundo são orientadas pela afetividade, a qual envolve sentimentos e emoções, mostrando-se a postura unificadora do sujeito e indicando a possibilidade de imaginar, a partir do real, novas possibilidades de futuro. A afetividade, a partir da reflexão, permite ao sujeito trazer para o seu presente um passado prazeroso ou temido, e a imaginação possibilita ressignificar e transformar o existente.

Por tais considerações é possível afirmar, ao lado de Vygotski (1930-1990), que a criação não está apenas nos grandes acontecimentos históricos, mas sim em todo momento, em todo lugar onde o ser humano imagina, combina, modifica e cria algo novo.

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência

Kátia Maheirie E-mail:[email protected]

André Luiz Strapazzon E-mail:[email protected]

Fábio Ramos Barreto E-mail:[email protected]

Gladis Tiburski Lazzarotto E-mail:[email protected]

Graziela Zonta E-mail:[email protected]

Lucila Sant' Ana Soares E-mail:[email protected]

Paulo Fabrício Ulguim Rodrigues E-mail:[email protected]

Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 60, n. 2, 2008.

Retirado do World Wide Web http://www.psicologia.ufrj.br/abp/ 197

Simone Rockenbach Duarte E-mail:[email protected]

Solange Aparecida Shoeffel E-mail:[email protected]

Recebido em: 01/02/2008 Aprovado em: 20/07/2008 Revisado em: 20/09/2008