receitas despesas perdas e ganhos

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TEORIA DA CONTABILIDADE 2010 Pag. 1 Prof. Paulo Cesar da Silva Ementa: PL, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos 1. PATRIMONIO LIQUIDO 1.1. INTRODUÇÃO Estaticamente considerado, o patrimônio liquido pode ser simplesmente definido como a diferença, em determinado momento, entre o valor do ativo e do passivo, atribuindo-se a este ultimo a conotação restritiva de dívidas e obrigações (capitais de terceiros). O montante do Patrimônio Líquido que aparece nas Demonstrações Contábeis depende da avaliação e mensuração de ativos e passivos (exigibilidades). 1.2. DISTINÇÃO ENTRE PATRIMONIO LIQUIDO E EXIGIBILIDADES Quanto à distinção entre exigibilidades e patrimônio liquido, são apresentados três elementos que distinguem: ITEM DIFERENÇAS ENTRE CREDORES (Exigibilidades) ACIONISTAS (Patrimônio Líquido) a) Os graus de prioridade atribuídos aos vários participantes 1 no fornecimento de recursos à empresa (próprios e terceiros) Normalmente os credores têm prioridade sobre os acionistas para o recebimento de juros e amortizações do principal. Os preferenciais podem ter preferência sobre os ordinários, mas ambos serão residuais com relação aos credores. b) O grau de certeza na determinação dos montantes a serem recebidos pelos participantes Os valores são determináveis objetiva e antecipadamente, sendo usualmente expressos em quantidade fixa de reais. Os pagamentos de dividendos, geralmente dependem da existência de lucros, das disponibilidades financeiras e a declaração formal quanto a distribuição. c) Datas de vencimento dos pagamentos dos direitos finais. Data geralmente e fixa ou determinável. Os dividendos tornam-se exigibilidades apenas após serem declarados como devidos. 1 Por participante entende-se tanto o acionista ordinário quanto o preferencial e o emprestador de dinheiro ou debenturista.

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Page 1: Receitas Despesas Perdas e Ganhos

TEORIA DA CONTABILIDADE 2010

Pag. 1 Prof. Paulo Cesar da Silva Ementa: PL, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

1. PATRIMONIO LIQUIDO

1.1. INTRODUÇÃO

Estaticamente considerado, o patrimônio liquido pode ser simplesmente

definido como a diferença, em determinado momento, entre o valor do ativo e do

passivo, atribuindo-se a este ultimo a conotação restritiva de dívidas e obrigações

(capitais de terceiros).

O montante do Patrimônio Líquido que aparece nas Demonstrações

Contábeis depende da avaliação e mensuração de ativos e passivos (exigibilidades).

1.2. DISTINÇÃO ENTRE PATRIMONIO LIQUIDO E EXIGIBIL IDADES

Quanto à distinção entre exigibilidades e patrimônio liquido, são apresentados

três elementos que distinguem:

ITEM

DIFERENÇAS ENTRE

CREDORES

(Exigibilidades)

ACIONISTAS

(Patrimônio Líquido)

a) Os graus de prioridade atribuídos aos vários participantes1 no fornecimento de recursos à empresa (próprios e terceiros)

� Normalmente os credores têm prioridade sobre os acionistas para o recebimento de juros e amortizações do principal.

� Os preferenciais podem ter preferência sobre os ordinários, mas ambos serão residuais com relação aos credores.

b) O grau de certeza na determinação dos montantes a serem recebidos pelos participantes

� Os valores são determináveis objetiva e antecipadamente, sendo usualmente expressos em quantidade fixa de reais.

� Os pagamentos de dividendos, geralmente dependem da existência de lucros, das disponibilidades financeiras e a declaração formal quanto a distribuição.

c) Datas de vencimento dos pagamentos dos direitos finais.

� Data geralmente e fixa ou determinável.

� Os dividendos tornam-se exigibilidades apenas após serem declarados como devidos.

1 Por participante entende-se tanto o acionista ordinário quanto o preferencial e o emprestador de dinheiro ou

debenturista.

Page 2: Receitas Despesas Perdas e Ganhos

Pag. 2 Prof. Paulo Cesar da Silva

1.3. CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS SOBRE O PATRIMONIO LIQUID O

As teorias existentes sobre o patrimônio líquido são:

1.3.1. TEORIA DO PROPRIETÁRIO

Aplica-se principalmente nas

seja, empresas de menor vulto em que há um quotista absolutamente predominante

(teoria do controle predominante). Nesse caso o

diferença entre ativo e passivo, pertence ao proprie

1.3.2. TEORIA DA ENTIDADE

Por essa teoria, o patrimônio dos acionistas ou quotistas, tanto pessoas

físicas como jurídicas, não se confunde com o patrimônio líquido da entidade. Por

esse motivo, o lucro líquido apurado no final do exercício não pode s

sumariamente distribuído aos acionistas, cabendo decisão da assembléia.

A entidade tem personalidade própria, esta teoria é baseada na equação:

1.3.3. TEORIA DO COMANDO

De acordo com esta teoria, os administradores podem comandar somente

aquela parcela do patrimônio que pode ser movimentada mediante uma simples

orientação da administração profissional, que não necessite autorização expressa de

acionistas ou conselho de administração.

Por esta teoria o Balanço Patrimonial representa um relatório de desem

sobre os recursos afiançados aos gerentes e a DRE

do Exercício expressa aos resultados das atividades do “comandante” e a forma de

mobilização de recursos para atingi

TEORIA DA CONTABILIDADE

Prof. Paulo Cesar da Silva Ementa: PL, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS SOBRE O PATRIMONIO LIQUID O

As teorias existentes sobre o patrimônio líquido são:

TEORIA DO PROPRIETÁRIO

se principalmente nas formas organizacionais de mais simples, ou

empresas de menor vulto em que há um quotista absolutamente predominante

(teoria do controle predominante). Nesse caso o Patrimônio Líquido

diferença entre ativo e passivo, pertence ao proprietário.

TEORIA DA ENTIDADE

Por essa teoria, o patrimônio dos acionistas ou quotistas, tanto pessoas

físicas como jurídicas, não se confunde com o patrimônio líquido da entidade. Por

esse motivo, o lucro líquido apurado no final do exercício não pode s

sumariamente distribuído aos acionistas, cabendo decisão da assembléia.

A entidade tem personalidade própria, esta teoria é baseada na equação:

TEORIA DO COMANDO

De acordo com esta teoria, os administradores podem comandar somente

do patrimônio que pode ser movimentada mediante uma simples

orientação da administração profissional, que não necessite autorização expressa de

acionistas ou conselho de administração.

Por esta teoria o Balanço Patrimonial representa um relatório de desem

sobre os recursos afiançados aos gerentes e a DRE – Demonstração de Resultado

expressa aos resultados das atividades do “comandante” e a forma de

mobilização de recursos para atingi-los.

ONTABILIDADE 2010

Ementa: PL, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS SOBRE O PATRIMONIO LIQUID O

formas organizacionais de mais simples, ou

empresas de menor vulto em que há um quotista absolutamente predominante

atrimônio Líquido que resulta da

Por essa teoria, o patrimônio dos acionistas ou quotistas, tanto pessoas

físicas como jurídicas, não se confunde com o patrimônio líquido da entidade. Por

esse motivo, o lucro líquido apurado no final do exercício não pode ser

sumariamente distribuído aos acionistas, cabendo decisão da assembléia.

A entidade tem personalidade própria, esta teoria é baseada na equação:

De acordo com esta teoria, os administradores podem comandar somente

do patrimônio que pode ser movimentada mediante uma simples

orientação da administração profissional, que não necessite autorização expressa de

Por esta teoria o Balanço Patrimonial representa um relatório de desempenho

Demonstração de Resultado

expressa aos resultados das atividades do “comandante” e a forma de

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TEORIA DA CONTABILIDADE 2010

Pag. 3 Prof. Paulo Cesar da Silva Ementa: PL, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

1.4. CLASSIFICAÇÕES PRINCIPAIS NO PATRIMÔNIO LIQUI DO

Basicamente, as fontes principais de patrimônio líquido são derivantes de:

a) Valores líquidos pagos por acionistas;

b) Excesso de lucro líquido sobre dividendos pagos (Lucros retidos);

c) Valores resultantes de correções (ajustes patrimoniais) de ativos, por

exemplo: valor justo (fair value);

d) Vários tipos de reservas de capital (Legal).

1.5. APRESENTAÇÃO DO PATRIMONIO LIQUIDO EM CONSOLID AÇÕES

Usualmente, em balanços consolidados, o capital conferido pelos acionistas

majoritários é representado pelo capital e pelas reservas de capital da empresa-

mãe. Todavia, a participação minoritária é incluído como exigibilidade, ou como

grupo separado entre as exigibilidades e o patrimônio liquido.

2. RECEITAS, DESPESAS, PERDAS E GANHOS

2.1. RECEITAS

2.1.1. NATUREZA E DEFINIÇÃO

As definições de Receita tem se fixado, via de regra, mais nos aspectos de

quando reconhecer a receita e em que montante do que na sua caracterização de

sua natureza.

Segundo IUDICIBUS e outros2 (1979), entende-se por receita:

A entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos e de outros ganhos eventuais.

A definição supra mencionada é mista e abrangente; revela o aspecto do

acréscimo do ativo e as principais operações que podem dar origem à receita. Não

2 EQUIPE DE PROFESSORES DA USP. Contabilidade Introdutória. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1979, p. 73

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TEORIA DA CONTABILIDADE 2010

Pag. 4 Prof. Paulo Cesar da Silva Ementa: PL, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

se fixa, todavia, a parte operacional, contemplando também receitas não

operacionais e ganhos eventuais.

Segundo IUDICIBUS (2009) receita é:

A expressão monetária, validada pelo mercado, do agregado de bens e serviços da entidade, em sentido amplo (em determinado período de tempo), e que provoca um acréscimo concomitante no ativo e no patrimônio liquido, considerado separadamente da diminuição do ativo (ou do acréscimo do passivo) e do patrimônio liquido provocados pelo esforço em produzir tal receita.

Nesta definição ficam perfeitamente caracterizadas as dimensões básicas da

receita, a saber:

a) Está ligada à produção de bens e serviços em sentido amplo;

b) Embora possa ser estimada pelo mercado, seu valor final deverá ser

validado pelo mercado;

A melhor forma de clarificar os vários eventos que provocam efeitos positivos

é tomando o cuidado, na demonstração de resultados, de caracterizá-los bem, por

meio de denominações esclarecedoras, mesmo que longas, por exemplo:

RECEITAS COMENTÁRIOS

Operacionais Deve englobar apenas a parcela proveniente do produto principal da empresa.

Não Operacionais Deve incluir todos os acréscimos de ativo e patrimônio líquido derivantes de rendimentos de aplicações financeiras (na pratica internacional), rendas patrimoniais (alugueis), etc.

2.1.2. MENSURAÇÃO DA RECEITA

Uma boa mensuração da receita exige que se determine o valor de troca do

produto ou serviço prestado pela empresa. Em outros termos, este valor de troca

nada mais é do que o valor atual dos fluxos de dinheiro que serão recebidos,

derivantes de uma transação que produza receita.

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TEORIA DA CONTABILIDADE 2010

Pag. 5 Prof. Paulo Cesar da Silva Ementa: PL, Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

2.2. DESPESAS

Em sentido restrito, representa a utilização ou o consumo de bens e serviços

no processo de produzir receitas.

Note-se que a despesa pode referir-se a gastos efetuados no passado, no

presente ou que serão realizados no futuro. De forma geral podemos dizer que o

grande fato gerador de despesa é o esforço continuado para produzir receita.

Ressalte-se, todavia, que quando bens ou serviços são consumidos na

produção de bens que ainda não deixaram a empresa, incorporam-se ao custo do

produto, não se caracterizando, ainda, a despesa ou o custo do período.

2.2.1. GRAU DE ASSOCIAÇÃO DAS DESPESAS COM AS RECEI TAS

O grau de relacionamento da despesa com a receita reconhecida em um

período pode ser estreito, como no caso do material consumido na prestação de um

serviço de conserto de televisores que provocou uma receita. O mesmo pode-se

dizer em relação aos salários do pessoal diretamente relacionado aos serviços de

conserto.

Outras despesas estão menos diretamente relacionadas com a receita ou,

pelo menos, é mais difícil avaliar em quanto a incorrência de tais despesas provoca

receita, dentro do mesmo período. Sabe-se que as referidas despesas tendem a

provocar o aparecimento de receitas, mas não se sabe muito bem quanto, quando

estas irão ocorrer. Por exemplo, certas despesas de vendas propiciam, mais cedo

ou mais tarde, a melhoria nas vendas.

2.2.2. PRINCÍPIO DO CONFRONTO DAS DESPESAS COM AS R ECEITAS

Toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em

determinado período, com as mesmas deverá ser confrontada; os consumos

ou sacrifícios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado período

e que não puderam ser associados à receita do período nem às dos períodos

futuros, deverão ser descarregados como despesa do período em que

ocorrerem.

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TEORIA DA CONTABILIDADE 2010

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2.3. PERDAS

2.3.1. DEFINIÇÃO

Segundo IUDICIBUS (2004, P. 176), “trata-se do efeito líquido desfavorável

que não surge das operações normais do empreendimento”.

As perdas incluem itens como desastres, inundações, fogo, etc., ou

desincorporação de ativos imobilizados. As perdas também podem incluir as não

realizadas como, por exemplo, um acréscimo anormal na taxa de câmbio de uma

moeda estrangeira quando a empresa tem empréstimo naquela moeda, mercadorias

sinistradas, obsoletas, valores incobráveis (PDD).

2.3.2. RECONHECIMENTO DAS PERDAS

Segundo HENDRIKSEN, “os critérios de reconhecimento de perdas são

semelhantes aos critérios de reconhecimento de despesas do exercício. As perdas

não podem ser vinculadas a receitas, devendo ser registradas no exercício em que

se torna evidente o fato de que um ativo proporcionará menos benefícios à empresa

do que se esperava na avaliação registrada”.

2.4. GANHOS

2.4.1. DEFINIÇÃO

De acordo com IUDÍCIBUS (2009), “um ganho representa um resultado

líquido favorável resultante de transações ou eventos não relacionados às

operações normais do empreendimento”.

É útil reconhecer-se na Demonstração de Resultados os ganhos em forma

separada, pois este conhecimento pode ser interessante para decisões econômicas.

Às vezes os ganhos são apresentados líquidos de suas despesas relacionadas.

Por exemplo:

� Recebimento de doações, Ganho no percentual de participação em função

de dividendos desproporcionais.

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2.4.2. RECONHECIMENTO DE GANHOS

Segundo HENDRIKSEN, “o momento em que os ganhos são reconhecidos,

especificamente ganhos resultantes de aumentos do valor de ativos, deve ser

idêntico ao do reconhecimento de receitas. Entretanto, os contadores têm obedecido

mais ao conceito de realização, ou seja, normalmente não têm reconhecido ganhos

até que uma troca ou venda tenha ocorrido”.

2.5. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

A DRE segue a ordem de apresentação das receitas, custos e despesas

estabelecida pelo artigo 187 da Lei 6.404/76 - Lei das sociedades por ações - e

obedece aos princípios contábeis da realização da receita e do confronto das

despesas, traduzidos como princípio da competência, estabelecidos no parágrafo 1º

do art. 187 da mesma lei.

A ordem das contas na DRE é feita seguindo o grau de importância das

receitas e despesas para a empresa, de forma dedutiva, partindo-se da receita bruta

de vendas e serviços, até atingir o lucro líquido do exercício.

ATIVIDADES PRÁTICAS PARA REVISÃO

1) O que são receitas?

2) Qual a diferença entre custos e despesas?

3) Definir perdas e ganhos.

4) O que é lucro?

5) O que é o Patrimônio Líquido da entidade?

6) Definir Capital, Reservas e Lucros Retidos?

7) O que é a Teoria da Entidade?

8) O que são dividendos?

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TEORIA DA CONTABILIDADE 2010

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1997.

IUDÍCIBUS, Sérgio de e MARION, José Carlos. Introdução à Teoria da Contabilidade . São Paulo: Atlas, 1999.

HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade , 5ºed.- São Paulo: Atlas,1999.