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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 1042 CONTRIBUIÇÃO QUANTITATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS DO CÓRREGO CANTAGALO PARA O RIBEIRÃO CANDIDÓPOLIS, ITABIRA – MG Gregory Oliveira Miranda ¹; James Lacerda Maia²; João Carlos Costa Guimarães³; Leandro Marcial Luiz¹ 1. Graduando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Itajubá, Itabira - MG, Brasil ([email protected]). 2. Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá. 3. Professor Mestre da Universidade Federal de Itajubá. Recebido em: 12/04/2014 – Aprovado em: 27/05/2014 – Publicado em: 01/07/2014 RESUMO O Brasil possui uma das maiores redes fluviais do mundo, tornando-se importante para o desenvolvimento do país quando relacionada aos seus múltiplos usos. Para obtenção de dados seguros a fim de se estabelecer um controle das redes fluviais, que são compostas por bacias com diferentes características, torna-se necessária à adoção de práticas, onde o objetivo é encontrar dados confiáveis para a determinação da vazão. Para isso, avaliou-se a contribuição quantitativa dos recursos hídricos do Córrego Cantagalo com o Ribeirão Candidópolis (principal manancial de abastecimento de água do município de Itabira-MG) por meio da determinação de vazões de ambos os cursos d’ água, utilizando o método do flutuador. Foram realizadas oito medições de vazões em cada curso d’ água, em período de seca e de chuva. Visto que a bacia do Ribeirão Candidópolis é influenciada por cinco sub-bacias, nota-se que o Córrego do Cantagalo contribui de forma significativa com essa, sendo a contribuição média igual a 23,37%. PALAVRAS-CHAVE: bacia hidrográfica; medição de vazão, manejo de bacias. CONTRIBUTION OF HIDRAULIC RESOURCES OF THE CANTAGALO STREAM TO THE RIBEIRÃO CANDIDÓPOLIS, ITABIRA – MG ABSTRACT Brazil possess one of world’s largest river networks, making it important for the country's development when considered its multiple uses. To obtain reliable data, in order to establish control of river networks, which are composed of numerous basins with different characteristics, it becomes necessary the utilization of standardized methods to measure the available hydric resource. To this end the quantitative hydraulic flow contribution of the Cantagalo stream towards the Candidópolis river (main water supply to Itabira city) was evaluated by comparison of both water resources, using the floating method to measure it. Eight runoff measurements were performed on each watercourse, both in the dry and wet seasons. The average contribution of the Cantagalo stream to the Candidópolis river was of 23.37%, considering that the Candidópolis basin has 5 sub-basins, it can be said that the

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA , Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014

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CONTRIBUIÇÃO QUANTITATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS DO CÓRREGO CANTAGALO PARA O RIBEIRÃO CANDIDÓPOLIS, ITABIRA – M G

Gregory Oliveira Miranda¹; James Lacerda Maia²; João Carlos Costa Guimarães³;

Leandro Marcial Luiz¹

1. Graduando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Itajubá, Itabira - MG, Brasil ([email protected]).

2. Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá. 3. Professor Mestre da Universidade Federal de Itajubá.

Recebido em: 12/04/2014 – Aprovado em: 27/05/2014 – Publicado em: 01/07/2014

RESUMO

O Brasil possui uma das maiores redes fluviais do mundo, tornando-se importante para o desenvolvimento do país quando relacionada aos seus múltiplos usos. Para obtenção de dados seguros a fim de se estabelecer um controle das redes fluviais, que são compostas por bacias com diferentes características, torna-se necessária à adoção de práticas, onde o objetivo é encontrar dados confiáveis para a determinação da vazão. Para isso, avaliou-se a contribuição quantitativa dos recursos hídricos do Córrego Cantagalo com o Ribeirão Candidópolis (principal manancial de abastecimento de água do município de Itabira-MG) por meio da determinação de vazões de ambos os cursos d’ água, utilizando o método do flutuador. Foram realizadas oito medições de vazões em cada curso d’ água, em período de seca e de chuva. Visto que a bacia do Ribeirão Candidópolis é influenciada por cinco sub-bacias, nota-se que o Córrego do Cantagalo contribui de forma significativa com essa, sendo a contribuição média igual a 23,37%. PALAVRAS-CHAVE: bacia hidrográfica; medição de vazão, manejo de bacias.

CONTRIBUTION OF HIDRAULIC RESOURCES OF THE CANTAGAL O STREAM TO THE RIBEIRÃO CANDIDÓPOLIS, ITABIRA – MG

ABSTRACT

Brazil possess one of world’s largest river networks, making it important for the country's development when considered its multiple uses. To obtain reliable data, in order to establish control of river networks, which are composed of numerous basins with different characteristics, it becomes necessary the utilization of standardized methods to measure the available hydric resource. To this end the quantitative hydraulic flow contribution of the Cantagalo stream towards the Candidópolis river (main water supply to Itabira city) was evaluated by comparison of both water resources, using the floating method to measure it. Eight runoff measurements were performed on each watercourse, both in the dry and wet seasons. The average contribution of the Cantagalo stream to the Candidópolis river was of 23.37%, considering that the Candidópolis basin has 5 sub-basins, it can be said that the

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water resource evaluated, the Cantagalo stream, has a significant contribution to the same. KEYWORDS: basin management; basin hydrografic; flow measurement.

INTRODUÇÃO Essencial à vida, a água é um recurso natural limitado que ocupa papel

importante no desenvolvimento econômico regional. Configura-se como elemento necessário para as atividades humanas, sendo ainda, componente fundamental da paisagem e do meio ambiente. Apesar de renováveis, os recursos hídricos são limitados e nem sempre suficientes para atender todos os usuários simultaneamente, ocasionando conflitos pelo uso da água (MAIA et al., 2012).

O crescimento populacional resulta em aumento da demanda, gerando conflitos entre usos e usuários de água. Quando os efluentes domésticos ou industriais são despejados nos cursos d’água sem nenhum tratamento prévio, geram perda da qualidade da água, contribuindo para a escassez deste recurso. Dessa forma, a tarefa de gerenciar as águas em regiões, onde se verificam conflitos de uso, constitui um grande problema para quem tem esta atribuição (SILVA, 2010).

O Brasil possui uma das maiores redes fluviais do mundo, sendo que se destacam para o desenvolvimento do país usos tais como irrigação, abastecimento público, geração de energia e industrial. Para a obtenção de dados seguros a fim de se estabelecer um controle das redes fluviais, que são compostas por bacias com diferentes características, torna-se necessário à realização de práticas com o objetivo de se encontrar dados satisfatórios que possam determinar a quantidade de água existente (CARVALHO et al., 2000).

As sub-bacias hidrográficas constituem elemento fundamental para a análise da infiltração e do escoamento superficial no ciclo hidrológico. Cada sub-bacia pode ser definida como área limitada por divisor de águas, funcionando como local de captação natural da água oriunda da precipitação, sendo formada por uma rede de drenagem composta por cursos d’água, convergindo a um único ponto, denominado exutório. A sub-bacia hidrográfica é considerada também como resultado da interação da água e de outros recursos naturais como: rocha, solo, vegetação e clima. Assim, um curso d’água, independentemente de seu tamanho, é o resultado da contribuição de determinada área topográfica e do tipo de uso que se faz dela (ARAÚJO et al., 2009). Indo de encontro, RITELA; CABRAL & SOUZA (2013), afirmam que a bacia hidrográfica forma um sistema aberto, com fluxos energéticos, permitindo a análise integrada dos seus elementos.

Visto que a água interage com todo o meio, salienta-se a importância de se ter Áreas de Preservação Permanente (APPs) em bons estados dentro de uma bacia hidrográfica. De acordo com MOREIRA (2003), as APPs visam proteger o meio ambiente na sua forma natural, minimizando os efeitos da erosão, da lixiviação dos nutrientes no solo, além de contribuir para a regularização da vazão dos cursos d’água evitando o assoreamento dos cursos hídricos, melhorando as áreas de recargas das bacias.

Em uma bacia, a água precipitada posteriormente se transforma em vazão. Os dados de vazão são extremamente importantes para estimar, por exemplo, o volume de água para o abastecimento humano, previsão e prevenção de inundações e enchentes, ou até mesmo o volume mínimo de água sem prejuízo ecológico. A vazão nos cursos d’água pode sofrer influências pelo clima, sendo que em períodos chuvosos a vazão tende a aumentar, enquanto que durante os

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períodos de estiagem ocorre sua diminuição (BONIFÁCIO, 2013). Em função da importância deste recurso para a manutenção da qualidade de

vida humana, o presente trabalho teve por objetivo quantificar a contribuição em termos de vazão do Córrego do Cantagalo, o qual é afluente do Ribeirão Candidópolis, no município de Itabira – MG.

MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo

O estudo foi realizado no município de Itabira, MG, tendo sido selecionada a

sub-bacia do Córrego Cantagalo, a qual constitui parte da bacia do Ribeirão Candidópolis (Figura 1), o qual é responsável por 55% do abastecimento de água do município (PROJETO MÃE D’ÁGUA, 2010). A seção de realização das medições das vazões (figura 2) no Ribeirão Candidópolis está situado nas coordenadas 19°40’34.62” S e 43°12’18.27” O, sendo a seção do C órrego Cantagalo, o exutório, situado nas coordenadas 19°40’39.68” S e 43°12’15.0 5” O.

FIGURA 1 - Localização da bacia hidrográfica do Ribeirão

Candidópolis e da sub-bacia do córrego Cantagalo, bem como as seções de realizações das medições, no município de Itabira - MG.

FONTE - Adaptado de LIPRA et al. (2010).

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FIGURA 2 – Vista geral das seções de realizações das medições: A – Córrego

Cantagalo e B - Ribeirão Candidópolis. FONTE - Elaborado pelo autor.

De acordo com o IBGE (2010), Itabira localiza-se próximo a região

metropolitana de Belo Horizonte, possuindo uma população estimada para o ano de 2013 de 115.817 habitantes, constituída por uma área territorial de 1.253,704 km², situando-se em uma região de transição entre os biomas da Mata Atlântica e do Cerrado . A região é composta principalmente por Latossolos vermelhos e amarelos e Cambissolos, solos propícios à desagregação promovida pelas águas de precipitação (LIPRA et al., 2013). De acordo com a classificação de Köppen, o clima de Itabira é do tipo Cwa (ALVARES et al., 2013), caracterizado por invernos secos e verões chuvosos. Possui valores médios anuais de temperatura de 20,3ºC e 1407 mm de precipitação (ITABIRA, 2013).

Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) por meio do Projeto Mãe d’Água (2010), a bacia hidrográfica do Ribeirão Candidópolis sofre com a ocupação urbana e o uso irregular do solo rural, incluindo a sub-bacia do córrego Cantagalo, o qual se encontra com a maioria dos seus cursos d’água sem a proteção da vegetação ripária, estando esses assoreados em quase todo seu percurso, podendo ser visto na figura 3. O problema no abastecimento público no em Itabira é agravado devido à demanda de água muito superior à outorga de captação do SAAE, tendo sido estimado em 2010 uma demanda diária de 465 l s-1, enquanto que a outorga era de 248 l s-1 (PROJETO MÃE D’ÁGUA, 2010).

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FIGURA 2 – Vista de áreas degradadas e mau uso do solo na sub-bacia

do Córrego Cantagalo e bacia do Ribeirão Candidópolis: A – formação de banco de areia no Ribeirão Candidópolis; B – solapamento de margem no Ribeirão Candidópolis; C – área de pastagem a margem do Córrego Cantagalo; D – presença de banco de areia e margem degradada.

FONTE - Elaborado pelo autor. Medições

Primeiramente, com o auxilio do software ArcGis, foi delimitada a área da bacia do Ribeirão Candidópolis e da sub-bacia do Córrego do Cantagalo. A bacia do Ribeirão Candidópolis é constituída por cinco sub-bacias, possuindo uma área de cerca de 3.370 ha. Já a sub-bacia hidrográfica do córrego Cantagalo possui uma área de aproximadamente 652 hectares, o que representa 19,4% da área da bacia do Candidópolis.

Foram realizadas oito medições mensais de vazão de junho de 2013 a janeiro de 2014, durante os períodos seco e chuvoso, a fim de avaliar a contribuição quantitativa dos recursos hídricos do córrego Cantagalo para o Ribeirão Candidópolis. As medições foram realizadas sempre no mesmo período da medição anterior.

Para as medições de vazão adotou-se o método do flutuador, devido à pequena quantidade de água existente no período seco, impossibilitando o uso de outros métodos e equipamentos mais sofisticados e precisos. O método consiste em lançar um objeto flutuante e assim mensurar sua velocidade de deslocamento, conforme

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descrito abaixo e exemplificado pela Figura 4 (ALMEIDA JÚNIOR, 2010):

• Primeiramente, escolhe-se um trecho de medição que deve ser o mais linear possível, com pelo menos 10 metros de distância, e sem obstáculos ao escoamento;

• Posteriormente são demarcadas as seções inicial e final com cordas graduadas, anotando a distância entre as seções e da largura das seções. Após as seções demarcadas realiza-se a batimetria de cada uma delas para o cálculo da área.

• A batimetria foi realizada por meio de uma régua de madeira, na qual se verificava as profundidades em cada vertical existente na seção. O número de verticais foi estabelecido de acordo com a tabela do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE, 1997).

• Por fim, realiza-se a medição da velocidade de escoamento soltando o flutuador alguns metros antes da seção inicial, no centro do rio, cronometrando o tempo que este leva para percorrer a distância entre as duas seções. Este procedimento é repetido por no mínimo 3 vezes. Para os posteriores cálculos utiliza-se a média das áreas das duas seções, bem como a média dos três tempos cronometrados.

Para o cálculo da velocidade, utiliza-se:

Equação 1 . � = � * ∆�

Onde: � = velocidade do escoamento (m s-1); � = distância entre as seções inicial e final (m); ∆� = intervalo de tempo considerado (média dos tempos cronometrados) (s).

O cálculo da vazão é dado pela equação da continuidade:

Equação 2 . � = � * � Onde: Q = vazão (m³ s-1); � = velocidade média do escoamento na seção (m s-1); A = área da seção (m²).

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FIGURA 4 – Ilustração apresentando o detalhamento do

método do flutuador para a medição de vazão. FONTE - Adaptado de HARVEY et al. (1993).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o levantamento batimetrico, foi realizado o cálculo das médias das áreas

em cada seção. Com as médias dos tempos do flutuador chegou-se a velocidade média. Com a velocidade média do flutuador e com as médias das áreas chegou-se a vazão em cada seção obtendo as respectivas contribuições mensais, algo que pode ser observado no quadro 1 abaixo.

QUADRO 1 - Valores médios de área da seção, velocidade, vazão e contribuição do

córrego Cantagalo para o Ribeirão Candidópolis, no município de Itabira - MG.

Mês Seção Área

média da seção (m²)

Velocidade média (m s -

1)

Vazão (m³ s-1)

Contribuição (%)

Cantagalo 0,28 0,27 0,08 Junho Candidópolis 0,85 0,4 0,34

22,13

Cantagalo 0,25 0,24 0,06 Julho Candidópolis 0,73 0,37 0,27

22,62

Cantagalo 0,22 0,19 0,04 Agosto Candidópolis 0,68 0,28 0,19

22,30

Cantagalo 0,24 0,22 0,05 Setembro Candidópolis 0,70 0,36 0,25

21,62

Cantagalo 0,16 0,33 0,05 Outubro Candidópolis 0,70 0,31 0,22

23,64

Cantagalo 0,29 0,24 0,07 Novembro Candidópolis 0,69 0,40 0,28

25,72

Cantagalo 0,31 0,46 0,14 Dezembro Candidópolis 1,31 0,43 0,56

25,63

Cantagalo 0,34 0,39 0,13 Janeiro Candidópolis 1,06 0,53 0,56

23,30

Velocidade

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A figura 5 apresenta a variação mensal da contribuição da vazão do córrego

Cantagalo para o Candidópolis durante o período do estudo.

FIGURA 5 - Contribuição de vazão do córrego Cantagalo para o Ribeirão

Candidópolis entre junho de 2013 e janerio de 2014. FONTE: Elaborado pelo autor.

A Figura 5 evidencia as diferenças entre o período seco e o chuvoso.

Percebe-se que a contribuição do córrego Cantagalo para o Ribeirão Candidópolis, no período de seca, se manteve constante em cerca de 22%, havendo um acréscimo de dois por cento na contribuição à medida que se inicia a estação chuvosa, provavelmente em função do aumento do volume precipitado, aliado ao estado de degradação das APPs da sub-bacia, que pode contribuir para aumento do escoamento superficial. LANZA et al.(2011) afirma que a retirada da vegetação das margens dos rios, contribui de forma significativa para o aumento da suscetibilidade do solo à erosão, ocasionando uma diminuição das taxas de infiltração, favorecendo o escoamento superficial e por consequência aumento da vazão.

No quadro 1 pode-se notar também que o mês de setembro não seguiu de forma continua a queda na vazão em ambos os cursos d’água. Esse aumento da vazão pode ser explicado pelo fato de que dois dias anteriores à medição houve a ocorrência de chuva na cidade. Ainda sim foi a menor contribuição obtida nos meses de medição, justificada por ser o mês que, segundo o ano hidrológico, finda o período de seca. Já a maior contribuição observada se deu no mês de novembro, estando este no meio do período chuvoso.

Visto que a bacia do Ribeirão Candidópolis é composta por cinco sub-bacias, e que apesar da área do Cantagalo representar cerca de 19,4% da área total, o mesmo apresentou contribuição média mensal de 23,37%, demonstrando ser importante para a bacia. Sua importância se torna mais explicita quando analisada sua contribuição no período seco. Nessa época, sem haver precipitação, sua contribuição é em torno de 22%, mantendo-se superior a parcela de sua área. Contudo, a falta de estudos com a finalidade de quantificar a situação em termos de conservação e manejo do solo em todas as cinco sub-bacias, impede precisar se a

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contribuição ocorre somente devido a sub-bacia apresentar um estado de conservação relativamente melhor do que as outras.

CONCLUSÕES

Nos oito meses de medição, a contribuição da vazão do Córrego Cantagalo para o Ribeirão Candidópolis ficou em torno de 23%, sendo este valor significativo considerando sua área de contribuição de 19,4%. A partir dos dados obtidos, espera-se colocar ainda mais em evidência a necessidade de realização de estudos visando quantificar a situação dos usos e ocupação do solo, a fim de verificar a real contribuição das sub-bacias.

Desta forma, espera-se poder contribuir de forma significativa para uma melhor gestão do uso do solo e da água, pois este trabalho poderá ser utilizado como ferramenta pelo SAAE e pela prefeitura de Itabira, servindo de direcionamento para futuras pesquisas e ações de manejo nas sub-bacias que compõe a bacia do Candidópolis. A partir deste princípio, a cidade de Itabira pode se desenvolver sem ser afetada por falta de água para o abastecimento público.

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Itajubá – Campus Itabira e à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG.

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